Semana 35 - Orientações à Igreja por Paulo (1)

Texto: ICoríntios 1-16

Estação 18

ICoríntios 1

Versículos 1 a 31

1. Paulo, chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes,

2. à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:

3. Graça seja convosco, e paz, da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

4. Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus;

5. porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda palavra e em todo o conhecimento,

6. assim como o testemunho de Cristo foi confirmado entre vós;

7. de maneira que nenhum dom vos falta, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo,

8. o qual também vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo.

9. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.

10. Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que sejais concordes no falar, e que não haja dissensões entre vós; antes sejais unidos no mesmo pensamento e no mesmo parecer.

11. Pois a respeito de vós, irmãos meus, fui informado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.

12. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo.

13. será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?

14. Dou graças a Deus que a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio;

15. para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome.

16. É verdade, batizei também a família de Estéfanas, além destes, não sei se batizei algum outro.

17. Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo.

18. Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.

19. porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei o entendimento dos entendidos.

20. Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?

21. Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem.

22. Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria,

23. nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,

24. mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.

25. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.

26. Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados.

27. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes;

28. e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são;

29. para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.

30. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;

31. para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

A Igreja de Corinto é tudo, menos um modelo a ser seguido. Havia muitos problemas e Paulo está começando a lidar com eles neste primeiro capítulo. A própria saudação dele, normalmente cheia de elogios, diz que eles são “separados (santificados) em Cristo Jesus e chamados para serem santos” (versículo 2). Infelizmente, contudo, estavam longe de cumprir o seu chamado, conforme veremos adiante. Nos versículos 3 a 9 Paulo fala a respeito do fato deles serem o resultado do ministério dele e de como ele agradece a Deus pela graça dada a eles em Cristo Jesus. Não obstante os problemas, que serão todos objeto de sua carta, ainda assim ele sabia que haviam sido enriquecidos tanto em palavra como em conhecimento e que o testemunho de Cristo havia sido confirmado entre eles pelo exercício dos dons. A intenção do Senhor era torná-los irrepreensíveis até o dia de Sua volta. Já a partir do versículo 10, ele começa a falar sobre as dissenções que vinham ocorrendo dentro da igreja, onde os irmãos estavam divididos em função do apoio àqueles que trabalharam entre eles (Apolo e ele mesmo, Paulo), ou cuja fama chegara até eles pela liderança entre os apóstolos (caso de Pedro). Supõe-se que seja este o caso de Pedro, porque não consta que ele tenha estado em Corinto. Paulo deixa claro que esse tipo de partidarismo não tem qualquer sentido na Igreja, pois o servo do Senhor nada mais é do que alguém alcançado pela graça de Cristo, da mesma forma que eles mesmos. Embora ele fale da Palavra da Cruz do versículo 18 até o 29 como a verdadeira sabedoria de Deus, ele não mudou de assunto, porque está apenas falando daquilo que Apolo e ele mesmo haviam pregado entre eles e que Pedro, sem dúvida, também pregava. Deus haveria de destruir a sabedoria dos sábios e aniquilar o entendimento dos entendidos, porque Ele escolhera as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios, as coisas fracas para confundir as fortes e as coisas insignificantes deste mundo para reduzir a nada aqueles aos quais se atribui valor. Paulo deixa claro, desta forma, que a escala de valores dos coríntios estava deturpada e que as coisas às quais Deus atribui valor são de outra natureza, pelo que havia sérias medidas corretivas a serem tomadas. No versículo 29 ele diz que não há porque qualquer um deles se gloriar senão em Jesus Cristo, ao qual pertence cada um deles por terem sido por Ele comprados. ICoríntios 2

Versículos 1 a 16

1. E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.

2. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.

3. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.

4. A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;

5. para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

6. Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada;

7. mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória;

8. a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.

9. Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.

10. Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus.

11. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus.

12. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus;

13. as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.

14. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

15. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido.

16. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

Paulo inicia este segundo capítulo de uma forma interessante. Ele era reconhecidamente uma pessoa muito culta e poderia demonstrar essa cultura por sua forma de falar. Ao invés disso, contudo, ele diz que não usou disso quando chegou a Corinto para pregar, porque isso de forma alguma o distinguiria dos sábios gregos que havia na cidade. Ele havia preferido, então, que Jesus Cristo crucificado fosse pregado através dos atos de poder do Espírito Santo, de modo que a fé dos convertidos se apoiasse, não na sabedoria humana, mas no poder do próprio Deus (versículos 1 a 5).

Nos versículos 6 a 16 Paulo discursa sobre a sabedoria de Deus e especificamente sobre a forma como ela é compreendida pelo homem de Deus. É com esta sabedoria divina que ele, Paulo, se dirige a estes que têm maturidade, pois eles a entendem, enquanto o mundo a despreza, motivo pelo qual vai gradualmente se deturpando.

Essa sabedoria de Deus estivera oculta por séculos, mas Ele a havia revelado naqueles dias através de Cristo. Nenhum dos poderosos daqueles dias a havia compreendido, porque do contrário não o teriam crucificado, mas Ele as revelou somente para aqueles que O amam: “coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem” (Isaías 64.4).

Essas coisas são reveladas ao homem através do Espírito Santo, que conhece a mente de Deus da mesma forma que o espírito do homem conhece a sua própria mente. Foi exatamente por isso que recebemos o Espírito Santo quando nos convertemos, para que pudéssemos compreender as coisas que nos foram dadas pela graça divina.

Paulo fecha o raciocínio dizendo, então, que não pode usar de sabedoria humana para ensinar coisas espirituais, porque as coisas espirituais se discernem espiritualmente. Assim, o homem espiritual discerne tudo muito bem, porque ele tem a mente de Cristo, que foi formada nele.

ICoríntios 3

Versículos 1 a 23

1. E eu, irmãos não vos pude falar como a espírituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo.

2. Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis;

3. porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens?

4. Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; não sois apenas homens?

5. Pois, que é Apolo, e que é Paulo, senão ministros pelos quais crestes, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um?

6. Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.

7. De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.

8. Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.

9. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

10. Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.

11. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

12. E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,

13. a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será reveldada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um.

14. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.

15. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.

16. Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?

17. Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.

18. Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio.

19. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia;

20. e outra vez: O Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs.

21. Portanto ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;

22. seja Paulo, ou Apolo, ou Cefas; seja o mundo, ou a vida, ou a morte; sejam as coisas presentes, ou as vindouras, tudo é vosso,

23. e vós de Cristo, e Cristo de Deus.

Neste capítulo Paulo segue dentro da mesma linha de raciocínio anterior, onde estipulara que o homem espiritual discerne tudo pelo Espírito de Deus. Infelizmente, continua ele, não fora possível falar aos os coríntios como se fossem espiritualmente maduros, porque eles eram ainda carnais. Eram semelhantes a crianças no tocante às coisas de Deus. Precisavam ser alimentados ainda à base de leite, porque não eram capazes de suportar alimento sólido. Isso se comprovava exatamente pela existência de dissensões e inveja entre eles. Ao formarem um partidarismo pró-Paulo ou pró-Apolo, que eram apenas ministros que Deus lhes enviara para que cressem, mostraram apenas o quanto a sua fé era infantil. Nos versículos 6 a 15 Paulo deixa claro que ele plantou e Apolo regou, mas o que importa é Deus que dá o crescimento. Os ministros como ele e Apolo recebem galardão ou não por fazerem adequadamente o trabalho para o qual foram constituídos. A fundação da obra é Jesus Cristo, não pode haver outra. Sobre ela todos os servos enviados por Deus passam a construir uma edificação que pode ou não ter valor espiritual. Se for bem avaliada, o servo receberá galardão, deixando de recebê-lo caso contrário. A partir do versículo 16 ele informa aos coríntios que eles são o santuário de Deus, que está sendo edificado como uma obra do Espírito Santo e que a destruição deste santuário implica na própria destruição deles (versículo 17). Sem dúvida esses dois versículos têm uma interpretação complicada. Será que Paulo está dizendo que nós, que somos o santuário de Deus, vamos ser destruídos se não atentarmos para a voz do Espírito Santo? De acordo com Morris (/35/, pág. 55-56), a referência feita ao santuário de Deus nestes versículos é diferente da que é feita em ICoríntios 6.19. Ali a referência é claramente ao Espírito Santo habitando no indivíduo, enquanto aqui Paulo está falando da Igreja, ou seja, da comunidade dos crentes em Corinto (notar a referência “que sois vós” ao final do versículo 17). Assim sendo, de acordo com Morris, Paulo está dizendo que, se um indivíduo da Igreja causar divisões na mesma, que este indivíduo será destruído por Deus. Também a palavra “destruído” nos deixa intrigados, porque não está claro em que sentido isso vai se dar. Mais uma vez Morris nos informa que o significado de “destruído” aqui equivale a ser punido e não morto ou algo do gênero. Já sabemos que o pecado de causar contendas entre irmãos é algo que Deus abomina (Provérbios 6.19) e que pune o filho que está sem disciplina (Hebreus 12.6); portanto, não devemos nos surpreender com uma punição mais grave para aquele que está sem disciplina.

Nos versículos 18 a 20 o apóstolo volta a diferenciar a sabedoria de Deus da sabedoria do mundo. Se um irmão da Igreja se acha sábio, então, deve adquirir a sabedoria de Deus, que é loucura para o mundo, pois a sabedoria do mundo é igualmente loucura para Deus e apanha os sábios do mundo em sua própria astúcia. Concluindo este capítulo, ele argumenta que é sem sentido eles se gabarem de serem discípulos de Paulo, Apolo ou mesmo Pedro, quando todos estes estão a serviço deles em Cristo. Ele estende o raciocínio dizendo que sua própria existência eles a têm em Cristo e em Deus, a quem eles mesmos pertencem. ICoríntios 4

Versículos 1 a 21

1. Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.

2. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel.

3. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.

4. Porque, embora em nada me sinta culpado, nem por isso sou justificado; pois quem me julga é o Senhor.

5. Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor.

6. Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, de modo que nenhum de vós se ensoberbeça a favor de um contra outro.

7. Pois, quem te diferença? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?

8. Já estais fartos! já estais ricos! sem nós já chegastes a reinar! e oxalá reinásseis de fato, para que também nós reinássemos convosco!

9. Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, tanto a anjos como a homens.

10. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós desprezíveis.

11. Até a presente hora padecemos fome, e sede; estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa,

12. e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e o suportamos;

13. somos difamados, e exortamos; até o presente somos considerados como o refugo do mundo, e como a escória de tudo.

14. Não escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar, como a filhos meus amados.

15. Porque ainda que tenhais dez mil aios em Cristo, não tendes contudo muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus.

16. Rogo-vos, portanto, que sejais meus imitadores.

17. Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda parte eu ensino em cada igreja.

18. Mas alguns andam inchados, como se eu não houvesse de ir ter convosco.

19. Em breve, porém, irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas o poder.

20. Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.

21. Que quereis? Irei a vós com vara, ou com amor e espírito de mansidão?

A simples tradução do texto para o português não nos fornece a riqueza do que Paulo está dizendo no versículo 1. A palavra usada para “ministro” (huperetes) não é a mesma que foi usada no capítulo anterior (ICorintios 3.5). Ali a palavra “diáconos” fala de um servo mais honrado que um “huperetes”. Por outro lado o dispenseiro é a pessoa contratada pelo dono para orientar todos os seus outros servos. Assim, Paulo primeiro se humilha para depois dizer que é ele que representa os interesses do Senhor da Igreja (Jesus Cristo). Por outro lado, o dispenseiro, que é responsável por todos os bens do seu senhor, tem que ser uma pessoa fiel, tamanha a sua responsabilidade (versículo 2). Com base no versículo 3, temos a impressão que a informação que chegou até Paulo não falava apenas das dissensões entre os coríntios, mas também das avaliações feitas por eles acerca cada um dos ministros mencionados. Ele retruca, todavia, que a ele pouco importa o que os coríntios ou qualquer outro tribunal humano tenha a dizer sobre ele, primeiro porque ele estava com a consciência tranquila, mas mesmo que isso não seja o suficiente para isentá-lo de culpa, quem o julga é o Senhor. Assim sendo, eles podem esperar pela volta

de Cristo, porque naquela ocasião ele receberá a devida aprovação ou reprovação, o que lhe for aplicável. Finalmente, Paulo parece querer concluir esse assunto, pelo que diz que fez essa aplicação a ele e Apolo para que saibam que não tem sentido eles contarem vantagem tomando partido de um ou outro. Além disso, é necessário considerar que ninguém tem coisa alguma que não tenha recebido. Como, então, eles podem se vangloriar de alguma coisa que receberam como se o não tivessem recebido. Essa lógica é perfeita e condena qualquer tipo de soberba decorrente de qualquer aptidão. No versículo 8 Paulo começa a falar de outro problema que encontrou na Igreja de Corinto. Trata-se do total descompromisso que eles tinham, como Igreja, para com o sustento do trabalho. Paulo parece criticá-los como se vivessem uma filosofia estoica de buscar conforto na vida, ao invés de buscar a sabedoria divina. Eles agiam como se já tivessem tudo que queriam, como se fossem ricos e como se reinassem soberanamente, mas no fundo não era nada disso. Paulo ainda ironiza, dizendo que gostaria que eles realmente tivessem tudo isso e que ele pudesse usufruir de tudo com eles. Fica implícito, contudo, que não tinham. Enquanto os coríntios viviam como se fossem reis, Paulo diz que parecia que a vontade de Deus era bem outra para com os apóstolos. Eles teriam sido colocados numa condição de total necessidade e convertidos em uma espécie de espetáculo público. Na avaliação dos coríntios, os apóstolos seriam loucos por amor a Cristo, enquanto eles mesmos eram sábios em Cristo. Os apóstolos seriam fracos, enquanto os coríntios fortes. Por isso os coríntios ocupavam uma posição de respeito, enquanto os apóstolos eram desprezados. Em função dessa avaliação negativa que os coríntios faziam dos apóstolos, eles eram literalmente desprezados, não obstante estarem ali para o benefício deles. Passavam fome, sede, andavam mal vestidos, eram tratados com violência e sequer tinham moradia fixa (versículo 11). Trabalhavam com as mãos (trabalho considerado pelos gregos como sendo de escravos), quando amaldiçoados respondiam abençoando, quando perseguidos suportavam sem reclamar e quando caluniados respondiam com amabilidade. Resumindo, os coríntios tratavam os apóstolos como se fossem o lixo do mundo. Obviamente Paulo não diria isso se não fosse verdade, mas, mesmo assim, ele afirma no versículo 14 que não o está dizendo para envergonhá-los e, sim, para adverti-los como a filhos amados. Na condição de pai na fé dos coríntios, ele gostaria que seguissem o seu exemplo. Isso não significa que Paulo queira ser um modelo para os coríntios, mas que ele se esforçava por viver nos moldes do Evangelho de Jesus Cristo, que ele pregava. Ele não poderia fazer isso pessoalmente no momento, mas enviaria Timóteo, que conhecia bem a maneira dele viver em Cristo Jesus.

Como se todo esse maltrato não fosse suficiente, Paulo ainda menciona, no versículo 18, o fato de alguns deles se tornarem tão arrogantes, que disseram ser desnecessário ter qualquer respeito por Paulo, porque ele não mais viria a Corinto. A esses Paulo respondeu que iria visitá-los em breve e que mostraria a eles que o poder no Reino de Deus vem, não da eloquência, mas do Espírito Santo. Finalmente, ele declara que preferia vir a Corinto com amor e espírito de mansidão, mas que poderia vir também com uma vara se necessário. ICoríntios 5

Versículos 1 a 13

1. Ouve-se por aí que entre vocês existe imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.

2. E vós estais inchados? e nem ao menos pranteastes para que fosse tirado do vosso meio quem praticou esse mal?

3. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já julguei, como se estivesse presente, aquele que cometeu este ultraje.

4. Em nome de nosso Senhor Jesus, congregados vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus,

5. seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.

6. Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?

7. Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado.

8. Pelo que celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.

9. Já por carta vos escrevi que não vos comunicásseis com os que se prostituem;

10. com isso não me referia à comunicação em geral com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.

11. Mas agora vos escrevo que não vos comuniqueis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem sequer comais.

12. Pois, que me importa julgar os que estão de fora? Não julgais vós os que estão de dentro?

13. Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai esse iníquo do meio de vós.

A Igreja de Corinto já foi recriminada por Paulo, ao longo dos 3 primeiros

capítulos, devido a suas dissensões internas por partidarismo associado às

lideranças apostólicas, e no capítulo 4 devido à sua total indiferença em relação

ao cuidado com seus ministros. Agora neste capítulo Paulo se mostra estarrecido

com a imoralidade que opera no seio da Igreja com o consentimento e o apoio

dos próprios coríntios.

Logo no primeiro versículo, ele fala a respeito de um membro que estava vivendo

com a esposa de seu pai. É pouco provável que esta seja sua mãe, mas a

madrasta em apreço pode ter ficado viúva ou simplesmente deixou o pai para

estar com ele. Seja como for, era uma situação incomum até no meio dos gregos,

que eram totalmente tolerantes com questões sexuais.

O versículo 2 nos mostra que esta situação não só foi tolerada pela Igreja, como

eles estavam orgulhosos pelo fato de terem mostrado tal tolerância.

Resguardadas as devidas diferenças, seria como se uma igreja evangélica

começasse a apoiar casamentos de mesmo sexo e os membros dessa igreja

sentissem orgulho de sua posição anti-homofóbica.

Paulo nem se dá ao trabalho de recomendar que se reúnam para tomar

providências, porque ele mesmo as toma. Nos versículos 3 a 5 ele determina

que aquele que cometeu tal ultraje seja entregue a Satanás, ou seja, que seja

excluído da Igreja e passe a militar no mundo, onde Satanás reina.

A destruição da carne e a salvação no dia do Senhor Jesus são a expectativa de

Paulo, no sentido de que a exclusão da Igreja cause despertamento no faltoso,

no sentido de destruir os seus desejos carnais, para que ele se arrependa e se

converta para a salvação no dia da volta de Jesus Cristo.

Paulo, no versículo 6, se preocupa também com o fato deles terem ficado

orgulhosos com relação à decisão tomada sobre o pecador. Ele fala que isso

não tem sentido porque um pouco de fermento, ou seja, a presença daquela

pessoa, ia acabar contaminando toda a Igreja. O fermento velho, ou seja, os

costumes pecaminosos de outrora, precisam ser todos abandonados, porque foi

para isso que Jesus foi sacrificado (versículo 7). Assim sendo, a nossa festa, ou

seja, o nosso culto, deve ser celebrado em santidade e não tentando impingir a

Deus os nossos pecados (versículo 8).

No versículo 9 Paulo faz referência a uma carta anterior aos coríntios, que nós

não temos, mas que aparentemente foi mal entendida por eles. Ele dissera que

não deveriam se relacionar com pessoas que se prostituem em seus atos, mas

aparentemente eles entenderam que isso seria uma proibição geral, enquanto

Paulo se referia apenas às pessoas da Igreja que se deixavam corromper dessa

forma (versículo 10). Por isso mesmo ele esclarece, no versículo 11, que é dos

“crentes” de mal comportamento que ele quer que se afastem. Aliás, ele sugere

que nem sequer comam com eles.

Quanto ao pessoal de fora da Igreja, quem lida com eles é o próprio Deus. Logo,

o iníquo ao qual se referiu no início do capítulo deve ser excluído, pois ele não

pertence à Igreja.

ICoríntios 6

Versículos 1 a 20

1. Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?

2. Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?

3. Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?

4. Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, constituís como juízes deles os que são de menos estima na igreja?

5. Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos?

6. Mas vai um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?

7. Na verdade já é uma completa derrota para vós o terdes demandadas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes a fraude?

8. Mas vós mesmos é que fazeis injustiça e defraudais; e isto a irmãos.

9. Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,

10. nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

11. E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.

12. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.

13. Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém aniquilará, tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.

14. Ora, Deus não somente ressuscitou ao Senhor, mas também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.

15. Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum.

16. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne.

17. Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.

18. Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.

19. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

20. Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.

Nos versículos 1 a 8 deste capítulo Paulo comenta a respeito de mais um

problema que estava ocorrendo na Igreja de Corinto. Aparentemente havia

disputas entre os irmãos da Igreja a respeito de bens materiais, em função dos

quais um irmão estava processando outro. Paulo começa, portanto, falando do

absurdo que é dois irmãos levarem o seu problema a um juiz ímpio, quando

poderiam simplesmente levá-lo a um irmão sábio da Igreja.

Paulo, então, pergunta se eles não sabem que o mundo e até os anjos vão ser

julgados por eles. Como, então, eles levam coisas de menor valor para serem

julgadas por ímpios. Na realidade, segundo Paulo, já é vergonhoso suficiente

que eles tenham disputas em relação a coisas do mundo. Será que, em prol da

harmonia do relacionamento, não seria preferível simplesmente sofrer o

prejuízo? Ao invés disso, vocês mesmos assumem o papel de fraudadores,

cometendo injustiças contra os próprios irmãos.

Nos versículos 9 e 10 ele aproveita o assunto para falar sobre pecados em geral na Igreja, lembrando que nem injustos, nem devassos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbedos, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Embora alguns deles tenham sido assim no passado, não o são mais depois que foram lavados no sangue de Jesus.

Embora, diz Paulo, todas estas coisas me sejam permitidas, a verdade é que nem todas me convêm. Além disso, não obstante permitidas, eu não vou me deixar dominar por nenhuma delas. O corpo do crente não é feito para a prostituição e, sim, para Cristo.

Nos versículos 14 a 20 Paulo faz um excelente arrazoado em prol da necessidade de santificação do corpo. Ele começa dizendo que nós seremos ressuscitados da mesmo forma que Jesus o foi e que nossos corpos são membros de Cristo. Como, portanto, os membros de Cristos podem se tornar membros de uma prostituta? Como podemos nos fazer um só corpo com ela, se somos um só espírito no Senhor?

Devemos fugir da prostituição porque nossos corpos são templo do Espírito Santo. Nós fomos comprados por um alto preço, pelo que devemos glorificar a Deus no nosso corpo.

ICoríntios 7

Versículos 1 a 40

1. Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;

2. mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.

3. O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido.

4. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.

5. Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.

6. Digo isto, porém, como que por concessão e não por mandamento.

7. Contudo queria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, e outro daquele.

8. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.

9. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.

10. Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido;

11. se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.

12. Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela.

13. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele.

14. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.

15. Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz.

16. Pois, como sabes tu, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, como sabes tu, ó marido, se salvarás tua mulher?

17. Somente ande cada um como o Senhor lhe repartiu, cada um como Deus o chamou. E é isso o que ordeno em todas as igrejas.

18. Foi chamado alguém, estando circuncidado? permaneça assim. Foi alguém chamado na incircuncisão? não se circuncide.

19. A circuncisão nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus.

20. Cada um fique no estado em que foi chamado.

21. Foste chamado sendo escravo? não te dê cuidado; mas se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade.

22. Pois aquele que foi chamado no Senhor, mesmo sendo escravo, é um liberto do Senhor; e assim também o que foi chamado sendo livre, escravo é de Cristo.

23. Por preço fostes comprados; mas vos façais escravos de homens.

24. Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado.

25. Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel.

26. Acho, pois, que é bom, por causa da instante necessidade, que a pessoa fique como está.

27. Estás ligado a mulher? não procures separação. Estás livre de mulher? não procures casamento.

28. Mas, se te casares, não pecaste; e, se a virgem se casar, não pecou. Todavia estes padecerão tribulação na carne e eu quisera poupar-vos.

29. Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; pelo que, doravante, os que têm mulher sejam como se não a tivessem;

30. os que choram, como se não chorassem; os que folgam, como se não folgassem; os que compram, como se não possuíssem;

31. e os que usam deste mundo, como se dele não usassem em absoluto, porque a aparência deste mundo passa.

32. Pois quero que estejais livres de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor,

33. mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar a sua mulher,

34. e está dividido. A mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor para serem santas, tanto no corpo como no espírito; a casada, porém, cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.

35. E digo isto para proveito vosso; não para vos enredar, mas para o que é decente, e a fim de poderdes dedicar-vos ao Senhor sem distração alguma.

36. Mas, se alguém julgar que lhe é desairoso conservar solteira a sua filha donzela, se ela estiver passando da idade de se casar, e se for necessário, faça o que quiser; não peca; casem-se.

37. Todavia aquele que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas tendo domínio sobre a sua própria vontade, se resolver no seu coração guardar virgem sua filha, fará bem.

38. De modo que aquele que dá em casamento a sua filha donzela, faz bem; mas o que não a der, fará melhor.

39. A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.

40. Será, porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso que também tenho o Espírito de Deus.

Já tínhamos visto no capítulo 5 que Paulo havia escrito uma carta anterior a essa

de ICoríntios. Agora vemos, no versículo 1, que esta carta foi respondida com

algumas perguntas, que Paulo procura esclarecer. O assunto principal parece

ser sobre casamentos, mas há outros assuntos, como veremos.

A primeira resposta de Paulo parece sugerir que alguém perguntou se era melhor

casar ou ficar solteiro. Devemos lembrar que Paulo era solteiro e tinha como

prioridade na vida servir a Deus. Assim, não surpreende que sua resposta que o

ideal seja não casar, mas ele é bastante razoável ao dizer que, se isso for

problema para alguém, então, essa pessoa deve casar, para evitar que seja

atraída pela prostituição.

Nos versículos 3 a 5 Paulo diz, então, que tanto o homem como a mulher

casados têm obrigações um para com o outro, que eles devem cumprir. O sexo

faz parte regular do casamento e deve ser praticado, exceto no caso de se

separarem, por mútuo consentimento, para se dedicarem à oração. Depois

disso, contudo, devem voltar ao convívio mútuo, para evitar a tentação.

Nos versículos 7 a 9, Paulo se dirige aos solteiros e às viúvas dizendo que o

ideal para eles é que não casem, mas, se não aguentarem, que casem.

Já aos casados, nos versículos 10 a 16, Paulo faz algumas recomendações que

resumimos a seguir:

- A esposa não deve se separar do marido, mas se o fizer que fique sem casar

ou que volte para o marido. É importante lembrar que Paulo está escrevendo

para os coríntios, onde a mulher podia se separar do marido e casamentos

desfeitos podiam ser reatados. Na legislação judaica nem a mulher podia pedir

divórcio, nem a mulher divorciada podia voltar a se casar com o mesmo cônjuge,

se tivesse tido outro marido depois do divórcio.

- O marido não deve se divorciar de sua esposa.

- Quando uma pessoa crente fosse casada com outra descrente e a descrente

quisesse continuar, a pessoa crente deveria manter o casamento. Os

comentários que Paulo faz a seguir, de que a pessoa crente santifica a descrente

e que os filhos são santos, devem ser interpretados à luz daquilo que outros

textos bíblicos nos ensinam. Os crentes são separados (santificados) para servir

a Deus e Este os abençoa por causa disso. Essas bênçãos certamente se

estendem, de alguma forma, tanto ao cônjuge descrente como aos filhos, mesmo

não convertidos, mas não é possível concluir que a salvação de um crente

implique na salvação de um cônjuge descrente ou de filhos que não tomaram

uma decisão própria nesse sentido.

- Se, contudo, a pessoa descrente quiser se separar, então, que assim seja.

Nesse caso Paulo diz que o crente não fica debaixo da servidão porque Deus

chamou aos crentes para viverem em paz (versículo 15). Esse versículo tem

dado margem a uma interpretação, segundo a qual a pessoa crente casada com

outra descrente pode se divorciar e casar novamente, justamente para não ficar

debaixo da servidão de uma pessoa descrente. O texto, contudo, não diz isso,

que é claramente uma extrapolação. O texto vai até a separação.

Nos versículos 17 a 24 Paulo fala de duas outras situações sobre as quais

possivelmente tenha sido, também, questionado.

- Se o crente era circuncidado ou não quando se converteu, não importa e nem

deve ser motivo para tentar mudar essa situação. Segundo Paulo, não há

qualquer importância em uma ou outra coisa. O importante é ser temente a Deus

e guardar seus mandamentos.

- Se o crente era escravo quando se converteu, a liberdade não deve ser para

essa pessoa uma obsessão, mas se surgir uma oportunidade de se tornar livre,

Paulo diz certamente ela deve ser aproveitada. O importante, contudo, para

Paulo, é que o escravo que se converteu foi liberto para servir o Senhor e o livre

que se converteu tornou-se escravo do Senhor.

Para completar o espectro do estado civil das pessoas, Paulo cobre mais

algumas situações entre os versículos 25 e 39. Para entendermos o pensamento

paulino é importante lembrarmos que para ele o viver é Cristo e o morrer é ganho,

ou seja, enquanto estiver entre nós, seu negócio é servir a Cristo e, se morrer,

ótimo, porque ele vai para casa para estar com Ele.

- Falando sobre homens e mulheres solteiros (os solteiros para ele são virgens;

portanto, os dois termos para ele são intercambiáveis), Paulo diz que o ideal é

permanecerem assim, porque desta forma serão poupados de uma série de

dificuldades. Ele acha que o tempo é escasso, pelo que aqueles que têm cônjuge

deveriam viver como se não o tivessem e todo o relacionamento com o mundo

deve ser tratado como se este não existisse. As pessoas solteiras podem se

preocupar apenas com as coisas do Senhor, enquanto aquelas que têm

compromisso matrimonial ficam divididas e precisam gastar parte do tempo se

preocupando em como agradar à pessoa com quem se comprometeu. Paulo

fecha esse assunto, dizendo que sua intenção é apenas fazer com que as

pessoas fiquem livres para viver em plena consagração ao Senhor.

- Nos versículos 36 a 38 Paulo fala a pais que têm filhas solteiras, quanto a dá-

las em casamento ou não. Novamente a sua recomendação é a mesma, ou seja,

se for absolutamente necessário, que casem, mas o ideal é que fiquem solteiras.

Paulo só pensa em termos de servir ao Senhor e qualquer tempo que seja

perdido com outra coisa é jogado fora.

- Encerrando o capítulo, Paulo fala de mulheres casadas e menciona o regime

judaico. Elas não poderiam pedir divórcio, de modo que estavam ligadas ao

marido enquanto este vivesse. Estariam livres do marido se este morresse e,

neste caso, poderiam csar-se novamente, mas a recomendação paulina é no

sentido de que fiquem solteiras, porque serão mais felizes servindo ao Senhor.

O versículo 39 traz um comentário interessante, qual seja, que mulheres crentes,

que ficaram livres do marido, podem casar novamente, desde que seja no

Senhor, ou seja, desde que casem com outro crente. Essa restrição foi

generalizada no meio evangélico, de modo que muitos pastores sequer

consentem em fazer casamentos de crentes com não crentes.

Pessoalmente, acho que Paulo está certo e que muitos problemas podem ser

evitados no casamento se ambos os cônjuges são do Senhor.

ICoríntios 8

Versículos 1 a 13

1. Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica.

2. Se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.

3. Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhececido dele.

4. Quanto, pois, ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.

5. Pois, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),

6. todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também.

7. Entretanto, nem em todos há esse conhecimento; pois alguns há que, acostumados até agora com o ídolo, comem como de coisas sacrificadas a um ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, contamina-se.

8. Não é, porém, a comida que nos há de recomendar a Deus; pois não somos piores se não comermos, nem melhores se comermos.

9. Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.

10. Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, reclinado à mesa em templo de ídolos, não será induzido, sendo a sua consciência fraca, a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?

11. Pela tua ciência, pois, perece aquele que é fraco, o teu irmão por quem Cristo morreu.

12. Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo-lhes a consciência quando fraca, pecais contra Cristo.

13. Pelo que, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para não servir de tropeço a meu irmão.

A frase “No tocante à carne sacrificada aos ídolos” sugere que a carta dos

coríntios a Paulo, citada anteriormente, também continha uma indagação a esse

respeito (/35/, pág. 99), na qual aparentemente os inquiridores estariam

argumentando que o ídolo nada era.

Para melhor compreensão, talvez seja interessante falarmos um pouco sobre as

refeições nos templos de Corinto. Os cultos aos ídolos, seguidos de refeições

públicas nos templos, era uma prática social comum, que fazia parte da etiqueta

formal da sociedade. Se um crente continuasse a tomar parte nessas refeições,

é bastante provável que isso fosse questionado na Igreja, principalmente pelos

irmãos mais fracos, que identificassem aquilo com um culto a outro deus.

Há um outro aspecto dessa questão, ainda, que diz respeito ao fato de que a

maior parte dessa carne, que não fosse consumida no templo, ia parar no

mercado da cidade, onde era vendida para a população. Talvez uns poucos

crentes ainda se atrevessem a participar das refeições no templo, mas a grande

maioria dos crentes esclarecidos dificilmente iriam se preocupar em saber se ela

fora ou não sacrificada a ídolos antes de ir para o mercado, pois o ídolo nada é.

Havia, contudo, um grupo menor, cuja consciência não permitia que comessem

da mesma, porque fora dedicada a ídolos.

Assim sendo, Paulo não está preocupado com o nível de conhecimento

intelectual dos coríntios e, sim, com o seu amor para com Deus e para com seus

irmãos fracos na fé. O importante não é ter conhecimento e, sim, ter intimidade

com Deus. Só quem ama a Deus, ama também o seu próximo e só quem ama a

Deus é conhecido dEle (versículo 3).

Nos versículos 4 a 6 Paulo deixa claro que há um só Deus e que os ídolos são

de nenhum valor, pelo que a carne não deixa de ser carne por ter sido ofertada

a um ídolo. No versículo 7, contudo, ele lembra que nem todos têm essa

convicção, porque alguns dos convertidos passaram a vida adorando um ídolo,

que era o seu deus. Se agora voltassem a fazê-lo, a sua consciência fraca se

sentiria culpada, como se estivessem traindo ao Senhor.

É importante, lembra Paulo, que Deus não nos avalia pelo que comemos e não

somos melhores por fazê-lo nem piores por nos abstermos, mas a nossa

liberdade de consciência não pode servir de tropeço para o nosso irmão que a

tem.

Se nós fossemos ao templo para comer, poderíamos fazê-lo de consciência

limpa, mas se nosso irmão fraco fizer o mesmo por nossa causa, mas no fundo

achando que aquilo é errado, então, seríamos nós os culpados do seu pecado.

Não se trata, portanto, de comer ou não comer e, sim, de amar ou não o meu

irmão, de modo que, sabendo que posso prejudicá-lo, eu jamais voltaria a comer

carne.

ICoríntios 9

Versículos 1 a 27

1. Não sou eu livre? Não sou apóstolo? Não vi eu a Jesus nosso Senhor? Não sois vós obra minha no Senhor?

2. Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos para vós o sou; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.

3. Esta é a minha defesa para com os que me acusam.

4. Não temos nós direito de comer e de beber?

5. Não temos nós direito de levar conosco esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?

6. Ou será que só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?

7. Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?

8. Porventura digo eu isto como homem? Ou não diz a lei também o mesmo?

9. Pois na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca do boi quando debulha. Porventura está Deus cuidando dos bois?

10. Ou não o diz certamente por nós? Com efeito, é por amor de nós que está escrito; porque o que lavra deve debulhar com esperança de participar do fruto.

11. Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materias?

12. Se outros participam deste direito sobre vós, por que não nós com mais justiça? Mas nós nunca usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.

13. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar?

14. Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

15. Mas eu de nenhuma destas coisas tenho usado. Nem escrevo isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória.

16. Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!

17. Se, pois, o faço de vontade própria, tenho recompensa; mas, se não é de vontade própria, estou apenas incumbido de uma mordomia.

18. Logo, qual é a minha recompensa? É que, pregando o evangelho, eu o faça gratuitamente, para não usar em absoluto do meu direito no evangelho.

19. Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível:

20. Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei;

21. para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.

22. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.

23. Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante.

24. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.

25. E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível.

26. Pois eu assim corro, não como indeciso; assim combato, não como batendo no ar.

27. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado.

Neste capítulo Paulo resolve se defender das acusações que foram feitas contra

ele e contra o seu ministério por algumas facções dos coríntios. Como sempre,

contudo, não é com sua própria honra que Paulo está preocupado, mas com os

próprios coríntios e sua falta de conhecimento do Senhor e da Sua Palavra em

relação às acusações que fazem.

O primeiro ponto que Paulo estabelece é o fato dele ser apóstolo de Jesus Cristo.

Ele viu o Senhor e foi comissionado por Ele, enquanto os coríntios foram sua

seara missionária, motivo pelo qual ele é apóstolo para eles mais do que

qualquer outro, porque foram evangelizados por ele.

Aparentemente um dos pontos chaves da acusação seria que Paulo era um

interesseiro e que estaria ali simplesmente para tirar dinheiro deles.

Nos versículos 4 a 15 Paulo discorre sobre os direitos daqueles que vivem para

pregar o evangelho, no tocante a receberem algum sustento daqueles a quem

pregam. Eles têm direito a comida e bebida, a ter uma família e repouso.

Como argumentos em favor desses direitos, Paulo pergunta se algum soldado

vai à guerra a suas próprias custas? Pergunta, ainda, se não é usual que beba

do leite aquele que apascenta o rebanho? Ele sustenta, ainda, que isso está

previsto na Lei de Moisés, pelo que cita Deuteronômio 25.4. Assim sendo, ele

pergunta se não é legítimo ele e Barnabé colherem deles bens materiais, em

troca do trabalho de semearem coisas espirituais? O pior, ainda, é que eles

estavam provendo esse sustento aos outros ministros que vinham a Corinto, por

que não, portanto, para eles também?

Embora a resposta a todas essas perguntas relativas ao direito de receber

sustento seja sim, Paulo tem o orgulho de dizer que ele e Barnabé nunca tinham

recebido um centavo deles, porque sabiam que isso poderia ser motivo de

tropeço ao Evangelho de Jesus Cristo.

Apesar disso, ele continua lembrando a eles que aqueles que trabalham no

templo (os levitas) têm direito de alimentar-se das coisas do templo e que

aqueles que servem ao altar (os sacerdotes) comem das ofertas trazidas ao altar

para sacrifício. Logo, é mais que justo que vivam do Evangelho aqueles que o

pregam.

Mais uma vez, contudo, desta vez em seu próprio nome, Paulo diz que nunca

usou deste direito e que tampouco estava escrevendo pensando em passar a

fazê-lo, e ele poderia até se orgulhar disso.

Nos versículos 16 a 23 ele passa a discorrer sobre a sua missão como

evangelista e o faz de maneira a mostrar o seu comprometimento de uma forma

fantástica. Ele começa dizendo que se ele pregasse o evangelho de livre e

espontânea vontade, que teria direito a recompensa, mas nem esse era o caso

dele. A obrigação de pregar o evangelho lhe havia sido imposta; portanto, era-

lhe necessário cumprir a sua incumbência. Além disso, sua única recompensa

seria o prazer de fazê-lo gratuitamente, ao invés de exercer os seus direitos de

remuneração pelo seu trabalho.

Nos versículos 19 a 23 Paulo fala de sua missão com um lindo jogo de palavras,

onde diz que se associou a diferentes grupos, agindo de forma diferente para

poder se aproximar deles e pregar livremente. Ele conclui dizendo que fizera-se

tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.

Nos versículos 24 a 27 Paulo faz um maravilhoso paralelo entre a vida cristã e

os jogos olímpicos, tão bem conhecidos dos gregos coríntios. Assim como a

vitória nos jogos exigia treino e dedicação, de igual modo havia um treinamento

rigoroso para vencer na vida cristã, com a vantagem de que a coroa neste caso

é eterna. Assim, Paulo, sabendo como é fácil dar lugar à ira e ao pecado em

geral, diz que esmurra o seu corpo para mantê-lo em sujeição ao evangelho.

Que nós façamos o mesmo!

ICoríntios 10

Versículos 1 a 33

1. Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar;

2. e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés,

3. e todos comeram do mesmo alimento espiritual;

4. e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo.

5. Mas Deus não se agradou da maior parte deles; pelo que foram prostrados no deserto.

6. Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.

7. Não vos torneis, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar.

8. Nem nos prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num só dia vinte e três mil.

9. E não tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram pelas serpentes.

10. E não murmureis, como alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor.

11. Ora, tudo isto lhes acontecia como exemplo, e foi escrito para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.

12. Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia.

13. Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.

14. Portanto, meus amados, fugi da idolatria.

15. Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo.

16. Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?

17. Pois nós, embora muitos, somos um só pão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão.

18. Vede a Israel segundo a carne; os que comem dos sacrifícios não são porventura participantes do altar?

19. Mas que digo? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o ídolo é alguma coisa?

20. Antes digo que as coisas que eles sacrificam, sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.

21. Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios.

22. Ou provocaremos a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes do que ele?

23. Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.

24. Ninguém busque o proveito próprio, antes cada um o de outrem.

25. Comei de tudo quanto se vende no mercado, nada perguntando por causa da consciência.

26. Pois do Senhor é a terra e a sua plenitude.

27. Se, portanto, algum dos incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, nada perguntando por causa da consciência.

28. Mas, se alguém vos disser: Isto foi oferecido em sacrifício; não comais por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência;

29. consciência, digo, não a tua, mas a do outro. Pois, por que há de ser julgada a minha liberdade pela consciência de outrem?

30. E, se eu com gratidão participo, por que sou vilipendiado por causa daquilo por que dou graças?

31. Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.

32. Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus;

33. assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos.

O capítulo 10 tem dois discursos distintos. No primeiro Paulo apresenta o

exemplo do fracasso de Israel no deserto devido à sua carnalidade (versículos 1

a 13) e o segundo sobre idolatria dos coríntios e a participação no seu culto

idólatra.

Nos versículos 1 a 4 Paulo fala dos israelitas que saíram do Egito como um povo

que formava uma espécie de Igreja. Todos foram batizados na nuvem que os

conduzia e passaram pela águas do Mar Vermelho. Todos comeram do mesmo

pão espiritual e todos beberam da mesma bebida espiritual, pois a sua bebida

vinha da rocha espiritual que os acompanhava, que era Cristo.

Não obstante esses fatos, Deus não Se agradou da maioria deles, pelo que

morreram no deserto. Tudo isso deve servir de exemplo para nós, pois o

problema deles foi a cobiça pela coisas más, cujos exemplos ele dá a seguir:

- Eles foram idólatras, como diz o texto bíblico: o povo se assentou para comer

e beber e se levantou para entregar-se à farra (Êxodo 32.6);

- Alguns deles se entregaram à imoralidade, pelo que morreram num só dia 23

mil deles (Números 25);

- Alguns puseram o Senhor à prova, pelo que muitos morreram picados por

serpentes (Números 21.4-9);

- Alguns se queixaram e foram mortos pelo anjo destruidor (Números 11.31-35).

Paulo repete, então, que essas coisas aconteceram a eles como um exemplo

para os coríntios, pelo que aqueles que acham que estão firmes devem ter o

cuidado de não cair. Por outro lado, o versículo 13, dito a eles, é uma

preciosidade para quem duvida da fidelidade de Deus: mas fiel é Deus, o qual

não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a

tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.

Nos versículos 14 a 22 Paulo estabelece um ensino adicional com relação ao

sacrifício a ídolos, como base num paralelo com o significado da Ceia do Senhor,

da qual ele fala detalhadamente no capítulo 11.

Aqui ele começa sugerindo que fujam da idolatria, tanto os irmãos entendidos,

quanto os menos esclarecidos. A necessidade disso ele tenta estabelecer

através de duas figuras: 1. a celebração da ceia no culto cristão (que deriva da

páscoa judaica); 2. a oferta de sacrifícios no judaísmo.

Na primeira figura ele visualiza a relação entre o cálice e a participação no

sangue de Cristo e entre o pão e a participação no Seu corpo. Como há um só

pão, resulta que, apesar da Igreja ser formada por muitas pessoas, ainda assim

é um só corpo. A outra figura é a do povo de Israel comendo dos sacrifícios e

participando do altar.

Essas duas figuras estabelecem ofertas equivalentes àquelas que os pagãos

oferecem aos ídolos. Embora já tenha sido estabelecido que estes nada são,

isso não significa que estas ofertas nada sejam, porque na realidade elas estão

sendo dedicadas a demônios e não a Deus, pelo que Paulo não deseja que seus

filhos tenham comunhão com os demônios. Não é possível participar da Ceia do

Senhor e da ceia dos demônios, nem comer da mesa do Senhor e comer da

mesa dos demônios.

Desta forma, ele estabelece um ensino adicional àquilo que já fora dito no

capítulo 8. Há aqui um motivo adicional sério para que os filhos de Deus não

participem das refeições oferecidas nos templos pagãos de Corinto.

Nos versículos 23 a 33 ele fala sobre a liberdade cristã, mas aplicando-a aos

irmãos fracos que fazem parte do mesmo corpo. Ele começa repetindo aquilo

que dissera em ICoríntios 6.12, modificando apenas o final. Tudo é permitido,

mas nem tudo edifica. É importante que nos permitamos apenas as coisas que

edificam o nosso irmão.

Em termos bem práticos, podemos comer de toda a carne que se vende no

mercado ou aceitar comer carne na casa dos outros até o momento em que isso

seja contestado por um irmão fraco. Quando isso ocorrer, devemos

simplesmente deixar de fazê-lo para não ferir a consciência desse irmão, porque

a minha liberdade em Cristo não deve ferir a consciência do meu irmão.

Ele, então, generaliza o ensino para os gregos e judeus fora da Igreja, dizendo

que tudo que nós fazemos deve ser feito, não para o nosso próprio bem, mas de

modo a estabelecer um bom relacionamento com eles, visando sempre a

possibilidade de salvação deles.

ICoríntios 11

Versículos 1 a 34

1. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.

2. Ora, eu vos louvo, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais os preceitos assim como vo-los entreguei.

3. Quero porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo.

4. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.

5. Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada.

6. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu.

7. Pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem.

8. Porque o homem não proveio da mulher, mas a mulher do homem;

9. nem foi o homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do homem.

10. Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos.

11. Todavia, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher.

12. pois, assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus.

13. julgai entre vós mesmos: é conveniente que uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus?

14. Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra;

15. mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois a cabeleira lhe foi dada em lugar de véu.

16. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus.

17. Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior.

18. Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio.

19. E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós.

20. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor;

21. porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se embriaga.

22. Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.

23. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão;

24. e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim.

25. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.

26. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha.

27. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.

28. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice.

29. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor.

30. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem.

31. Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados;

32. quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo.

33. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.

34. Se algum tiver fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais para condenação vossa. E as demais coisas eu as ordenarei quando for.

O primeiro versículo deste capítulo, onde Paulo pede aos coríntios que sigam o

seu exemplo, parece que deveria ter feito parte do capítulo anterior, onde ele

estabeleceu critérios de comportamento na Igreja, baseados no amor ao

próximo.

O texto que abrange os versículos 2 a 16 é extremamente difícil de defender,

principalmente pelo fato de não mais ser praticado em nossas igrejas nos dias

atuais. Trata-se do fato da mulher dever usar um véu enquanto cultua e ora,

enquanto o ensinamento para os homens era exatamente o oposto. O mais

curioso aqui é a diferença entre os ensinos correspondentes para os gregos e

para os judeus. Os gregos, tanto homens como mulheres, iam ao templo para

orar sem qualquer tipo de véu. Já os judeus tinham o hábito de cobrir sempre a

cabeça como sinal de que a autoridade divina estava sobre eles. Este hábito

entre eles é praticado até hoje.

Já os cristãos tinham estabelecido um critério diferente, segundo o qual os

homens não precisavam cobrir a cabeça para orar, porque não havia autoridade

humana superior a eles diante de Deus, enquanto as mulheres, que deveriam

ser submetidas a seus pais (as solteiras) ou seus maridos (as casadas) deveriam

cobrir a cabeça como sinal de reconhecimento desta autoridade.

Aparentemente algumas mulheres emancipadas da igreja de Corinto estavam

frequentando os cultos sem véu e alguém deve ter feito uma consulta a respeito

na carta que Paulo estaria respondendo.

Paulo começa de maneira bastante incisiva, dizendo que o cabeça de todo

homem é Cristo e que o cabeça de toda mulher é um homem. Assim sendo, é

desonroso para a mulher orar ou profetizar com a cabeça descoberta. Isso seria,

segundo ele (versículo 5), o mesmo que rapar a cabeça. Como rapar a cabeça

é vergonhoso, segue que toda mulher deve usar um véu.

Além disso, ele disse que o homem não deve cobrir a cabeça porque ele é a

imagem e a glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem, pelo que deve

usar um véu. A mulher foi criada por causa do homem e a partir dele, pelo que

o véu representa o fato de estar sob autoridade.

Encerrando, Paulo diz que, se alguém quiser polemizar a esse respeito, isso não

é um hábito dele ou das igrejas de Deus.

Creio que seja lícito dizer que esse tópico tem tudo a ver com conceitos sociais

do local e da época. Ainda hoje há lugares onde se considera desonroso para a

mulher não usar véu, enquanto em outros, notadamente no oeste, ninguém julga

a honra de uma mulher pelo fato de usar ou deixar de usar um véu.

Os versículos 17 a 34 contêm o texto bíblico mais completo sobre o significado

e a prática da Ceia do Senhor. O motivo para tanto é que a igreja de Corinto

havia deturpado completamente a realização desta ordenança, pelo que Paulo

se sentiu obrigado a escrever a respeito, denunciando mais este problema dessa

igreja problemática.

Os versículos 17 a 22 mostram que o problema residia no fato de que a Ceia,

celebrada em todos os cultos, se tornara uma simples refeição onde cada um

comia por si; os ricos com fartos alimentos e grande quantidade de vinho, a ponto

de ficarem embriagados, enquanto os pobre passavam fome e eram

envergonhados pela abastança dos irmãos ricos. No versículo Paulo diz, então,

que é impossível elogiar esse tipo de comportamento.

Em função disso, ele passa a descrever o real significado da Ceia, tal como lhe

foi revelado pelo Senhor. Trata-se, portanto, de uma Ceia Memorial, na qual

devemos celebrar a morte de Jesus Cristo, até que ele volte, lembrando que seu

corpo foi dado por nós e de igual forma, que seu sangue foi por nós derramado.

Por outro lado, ele diz que aqueles que comem o pão e bebem o cálice

indignamente, serão culpados de pecar contra o corpo e contra o sangue do

Senhor, porque quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, o faz para

a sua própria condenação.

Assim sendo, o homem deve examinar a si mesmo, para ver se o seu

comportamento é compatível com o sacrifício que está sendo rememorado. Por

não fazê-lo, diz Paulo, que há entre eles tantos fracos e doentes e até alguns

falecidos.

Resumindo, ele pede que eles esperem uns pelos outros no momento de tomar

a Ceia e que, se alguém tiver fome, que coma em casa antes do evento, para

que isso não acabe resultando em condenação.

ICoríntios 12

Versículos 1 a 31

1. Ora, a respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

2. Vós sabeis que, quando éreis gentios, vos desviáveis para os ídolos mudos, conforme éreis levados.

3. Portanto vos quero fazer compreender que ninguém, falando pelo Espírito de Deus, diz: Jesus é anátema! e ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo.

4. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum.

8. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9. a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10. a outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas.

11. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.

12. Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo.

13. Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.

14. Porque também o corpo não é um membro, mas muitos.

15. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo.

16. E se a orelha disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixará de ser do corpo.

17. Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?

18. Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.

19. E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?

20. Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo.

21. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós.

22. Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários;

23. e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro,

24. ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela,

25. para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros.

26. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.

27. Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros.

28. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.

29. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres?

30. Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?

31. Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente.

Este capítulo tem como tema principal o estudo dos dons espirituais, mas ele

fala especificamente a esse respeito nos primeiros 11 versículos, para depois

falar do corpo de Cristo até o versículo 27. Finalmente, do 28 a 31 Paulo volta a

falar sobre a distribuição dos dons.

Paulo começa falando sobre o Espírito Santo e a forma como ele influencia

aquele que O tem. Não seria possível, diz ele, alguém que tem o Espírito

amaldiçoar Jesus, da mesma forma como ninguém pode reconhecer o Seu

senhorio sem que seja pelo Espírito.

Ela fala que há muitos diferentes tipos de dons, mas o Espírito que os concede

é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo, assim

como há diferentes atuações, mas o Deus que os realiza é o mesmo. Apesar

disso, as manifestações do Espírito são sempre concedidos visando o bem

comum da igreja.

Paulo lista a seguir 9 dons que costumam ser agrupados 3 a 3, conforme

indicado a seguir:

a) Dons que concedem revelação ou conhecimento sobrenatural:

palavra ou mensagem de sabedoria;

palavra ou mensagem de conhecimento;

discernimento de espíritos.

b) Dons que concedem poder para agir sobrenaturalmente:

fé;

realização de milagres em geral;

cura.

c) Dons que concedem poder para falar sobrenaturalmente:

profecia;

línguas estranhas;

interpretação de línguas.

Não há espaço aqui para detalhá-los e obviamente há muitos outros tipos de

dons que não foram aqui mencionados.

Paulo encerra essa parte dizendo que todos esses dons são concedidos pelo

mesmo e único Espírito, que os distribui individualmente, a cada um, como quer.

A partir do versículo 12 Paulo passa a fazer um paralelo entre o corpo humano

e o corpo de Cristo, a Igreja. Assim como o corpo tem muitos membros, estes

formam um só corpo, o mesmo ocorre com a Igreja, o corpo de Cristo. Todos

foram batizados para dentro do corpo pelo mesmo Espírito e a todos foi dado

beber dEle.

Paulo fala de diferentes membros com diferentes funções, mas todos igualmente

importantes. Não há membros mais honrados e nem membros mais necessários.

Se um membro sofre, todos sofrem.

Paulo diz, então, que os coríntios são o corpo de Cristo e cada um deles

individualmente membro desse corpo. Neste corpo Deus estabeleceu apóstolos,

profetas, mestres e vários outros dons, mas nem todos têm o mesmo. Assim,

cada um tem sua função e todos devem buscar os melhores dons.

ICoríntios 13

Versículos 1 a 13

1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.

2. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,

5. não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6. não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;

7. tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

9. porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;

10. mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

11. Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

13. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

Neste capítulo Paulo interrompe o que estava falando sobre dons e muda de

assunto para falar sobre o amor. Obviamente isso não ocorre por acaso e, sim,

porque o sucesso da Igreja depende do amor que os irmãos demonstram uns

pelos outros, visto que os dons são distribuídos para a edificação da Igreja e não

própria, de modo que só pode haver sucesso se houver amor por parte de quem

exerce um dom.

Paulo começa dizendo que não adianta eu ter os dons espirituais mais

espetaculares, se eu não tiver amor.

O amor tem atributos fantásticos compatíveis com Aquele que é amor. Por isso

mesmo o amor vence todas as situações adversas. Assim, todos nós temos fé,

esperança e amor, mas o maior destes é o amor.

ICoríntios 14

Versículos 1 a 40

1. Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.

2. Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios.

3. Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.

4. O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.

5. Ora, quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que também intercede para que a igreja receba edificação.

6. E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, de que vos aproveitarei, se vos não falar ou por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina?

7. Ora, até as coisas inanimadas, que emitem som, seja flauta, seja cítara, se não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca na flauta ou na cítara?

8. Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?

9. Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar.

10. Há, por exemplo, tantas espécies de vozes no mundo, e nenhuma delas sem significação.

11. Se, pois, eu não souber o sentido da voz, serei estrangeiro para aquele que fala, e o que fala será estrangeiro para mim.

12. Assim também vós, já que estais desejosos de dons espirituais, procurai abundar neles para a edificação da igreja.

13. Por isso, o que fala em língua, ore para que a possa interpretar.

14. Porque se eu orar em língua, o meu espírito ora, sim, mas o meu entendimento fica infrutífero.

15. Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.

16. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o amém sobre a tua ação de graças aquele que ocupa o lugar de indouto, visto que não sabe o que dizes?

17. Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.

18. Dou graças a Deus, que falo em línguas mais do que vós todos.

19. Todavia na igreja eu antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua.

20. Irmãos, não sejais meninos no entendimento; na malícia, contudo, sede criancinhas, mas adultos no entendimento.

21. Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.

22. De modo que as línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos; a profecia, porém, não é sinal para os incrédulos, mas para os crentes.

23. Se, pois, toda a igreja se reunir num mesmo lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos?

24. Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado;

25. os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós.

26. Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27. Se alguém falar em língua, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e cada um por sua vez, e haja um que interprete.

28. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.

29. E falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem.

30. Mas se a outro, que estiver sentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31. Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez; para que todos aprendam e todos sejam cosolados;

32. pois os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas;

33. porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos,

34. as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei.

35. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.

36. Porventura foi de vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?

37. Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.

38. Mas, se alguém ignora isto, ele é ignorado.

39. Portanto, irmãos, procurai com zelo o profetizar, e não proibais o falar em línguas.

40. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.

Até agora Paulo falou sobre dons espirituais apenas em termos de sua função,

mas interrompeu o que estava falando para apresentar o seu lindo texto sobre o

valor do amor. Agora, então, no capítulo 14, Paulo volta a falar sobre dons

espirituais, deixando claro, todavia, que a igreja de Cortinto tinha um problema

nessa área.

Ele começa falando ainda sobre o amor, como mola mestre do sucesso dos

dons, mas menciona logo na primeira sentença, que a prioridade deles deve ser

para o dom de profecia e não para línguas. Fica patente, portanto, que o

problema da igreja de Corinto era o mesmo que ocorre com frequência em

muitas igrejas pentecostais, onde se dá um valor exacerbado ao dom de línguas

e aqueles que o têm se sentem superiores àqueles que não o tem.

Paulo fala sobre as limitações do dom de línguas pelo fato de edificar

basicamente aquele que o tem, enquanto o dom de profecia serve para a

edificação e encorajamento de toda a Igreja.

Não é que Paulo seja contra o dom de línguas, tanto que ele deseja, no versículo

5, que todos o tenham, mas ele diz que o dom de profecia é maior que o de

línguas, a não ser que a pessoa que o tem também possa interpretá-lo.

Paulo menciona a seguir a inutilidade de se falar em línguas que os outros não

entendem. Seus exemplos são tomados a partir dos diversos idiomas que há no

mundo, mas é óbvio que o problema de corinto era de línguas espirituais e não

de idiomas estrangeiros. O resultado, contudo, é exatamente o mesmo. Se

alguém fala em línguas e não há interpretação, tudo se passa para a Igreja como

se aquele irmão fosse um estrangeiro.

É importante que Paulo diga, no versículo 14, que aquele que ora em línguas,

tem o seu espírito orando bem, mas que o seu próprio intelecto fica sem proveito.

Assim, o dom de línguas é um dom com proveito pessoal, mas que para a Igreja

tem utilidade muito limitada.

No versículo 20 Paulo deixa claro que a forma de pensar em relação a dons é

infantil e que eles precisam ser mais maduros. Como exemplo ele cita Isaías

28.11-12, onde Israel teve que ouvir os vitoriosos assírios falando em língua

estrangeira, por terem deixado de ouvir o profeta. De igual forma a Igreja teria

que ouvir apenas seus membros falando em dons de línguas se não se

dispusessem a ouvir o que Paulo tinha a dizer.

Complementando os seus argumentos, Paulo diz que, se entrar um descrente e

ouvir todos falando em línguas, o máximo que vai dizer é que são todos loucos.

Se, contudo, o descrente ouvir uma profecia que revela todos os seus segredos,

então, ele será convencido de seus pecados e dirá que Deus realmente está no

meio da Igreja.

Nos versículos 26 a 40 Paulo fala sobre a necessidade de ordem no culto dos

coríntios. Fica claro que todos queriam falar em línguas e o culto era tumultuado

pelo excesso de participações, sem que houvesse qualquer edificação. Assim,

Paulo estabelece que devem falar uns poucos e em línguas apenas se houver

interpretação. Caso contrário aquele que tem o dom de línguas deve permanecer

calado.

Mais uma vez ele estimula que todos busquem o dom de profecia, mas que não

se proíba o dom de línguas.

ICoríntios 15

Versículos 1 a 58

1. Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais,

2. pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão.

3. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;

4. que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras;

5. que apareceu a Cefas, e depois aos doze;

6. depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram;

7. depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;

8. e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo.

9. Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus.

10. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo.

11. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.

12. Ora, se se prega que Cristo foi ressucitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos?

13. Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado.

14. E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.

15. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados.

16. Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado.

17. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados.

18. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos.

19. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.

20. Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.

21. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.

22. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados.

23. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.

24. Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder.

25. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés.

26. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.

27. Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.

28. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

29. De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?

30. E por que nos expomos também nós a perigos a toda hora?

31. Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de vós tenho em Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias.

32. Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.

33. Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.

34. Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.

35. Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm?

36. Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.

37. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente.

38. Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.

39. Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes.

40. Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres.

41. Uma é a glória do sol, outra a glória da lua e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.

42. Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção.

43. Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder.

44. Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.

45. Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.

46. Mas não é primeiro o espíritual, senão o animal; depois o espiritual.

47. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.

48. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais.

49. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial.

50. Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.

51. Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados,

52. num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.

53. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.

54. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória.

55. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

56. O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.

57. Mas graça a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.

58. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

O capítulo 15 nos fala a respeito da ressurreição dos mortos porque, mais uma

vez, havia gente em Corinto pregando contra aquilo que já fora ensinado pelos

apóstolos. Constatamos ao longo da leitura deste livro porque a igreja de Corinto

carrega a fama de ser a mais problemática das igrejas neotestamentárias.

Dificilmente podemos imaginar tanta falta de conhecimento das Escrituras e

tanta arrogância combinada em um único lugar. Por isso mesmo, deve ser a

carta que concentra os mais ricos ensinos para as igrejas dos nossos dias, pois

todos os problemas que podemos imaginar numa igreja são tratadas em detalhes

aqui.

Paulo começa este capítulo dizendo aos coríntios querer lembrar a eles os

princípios do Evangelho que lhes foi pregado, que eles receberam, no qual estão

firmados e pelo qual serão salvos, desde que a ele se apeguem.

O primeiro ponto é que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as

Escrituras e Ele também foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as

Escrituras. Depois disso ele apareceu a vários irmãos, incluindo ao próprio

Paulo, que sequer merecia ser chamado apóstolo, por ter perseguido a Igreja de

Cristo, mas que, pela graça de Deus, trabalhou muito mais que todos os outros,

tendo sido graças a ele que os coríntios tinham conhecido o Evangelho.

Pois bem, se foi pregado a eles que Jesus Cristo havia ressuscitado dentre os

mortos, como é possível eles agora dizerem que a ressurreição dos mortos não

existe? Se isso fosse verdade, tampouco Jesus teria ressuscitado e eles

estariam ainda mortos em seus pcados, bem como todos aqueles que morreram

confiando em Cristo.

Mas na realidade, diz o versículo 20, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo

Ele o primeiro a fazê-lo. Assim como a morte (espiritual e depois física) veio por

um homem, Adão, assim também a ressurreição dos mortos (espiritual e depois

física) também veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como

todos morrem em Adão, todos serão vivificados em Cristo.

Como foi que todos morreram em Adão? Isso se deu espiritualmente no dia em

que comeram do fruto proibido e quase 1.000 anos depois fisicamente. Como

todos serão ressuscitados em Cristo? Isso se dá primeiro espiritualmente, com

o novo nascimento e depois da volta de Cristo, fisicamente, quando a morte, o

último inimigo, for derrotado (versículo 26).

Ora, para que essas duas ressurreições pudessem ser conquistadas, foi

necessário que Jesus morresse duas vezes, primeiro espiritualmente e depois

fisicamente. A primeira morte efetivamente ocorreu quando Deus colocou sobre

Ele os nossos pecados (IICoríntios 5.21) e Ele Se queixou de ter sido

abandonado pelo Pai e a segunda logo a seguir, quando Ele expirou na cruz.

No versículo 29 Paulo nos confunde com uma pergunta sobre um batismo vicário

que aparentemente era praticado em Corinto. Aparentemente alguns coríntios

se deixavam batizar por amigos crentes que morreram sem serem batizados. A

intenção seria dar a eles, postumamente, o status de batizados. Paulo pergunta

porque eles fariam isso se não houvesse ressurreição? Usa isso como

argumento pró-ressurreição, sem, contudo, aprovar ou criticar a prática em si.

No versículo 30 o apóstolo diz que “as más companhias corrompem os bons

costumes”. Sua intenção aqui é chamar a atenção para estes que defendem a

inexistência da ressurreição, como pessoas que simplesmente não conhecem a

Deus e devem ser evitadas.

Nos versículos 35 a 56 Paulo passa a falar sobre a natureza do corpo ressurreto,

respondendo a perguntas de um questionador hipotético. A primeria pergunta é

que espécie de corpo o ressurreto vai ter? Basicamente Paulo responde que

Deus dará um corpo adequado e que este será espiritual. Este corpo será

imperecível e glorioso. Assim como todos os homens terrenos tiveram a mesma

imagem, de igual modo todos os homens ressurretos terão uma mesma imagem

celestial.

No versículo 50 Paulo declara que a carne e o sangue não herdarão o Reino de

Deus, mas todos seremos transformados e teremos corpos incorruptíveis. Isso

ocorrerá ao som da última trombeta quando da volta de Jesus. Nesta ocasião a

morte será derrotada e passaremos a ter vida eterna.

Em vista disso Paulo exorta os coríntios a se manterem firmes e dedicados à

obra do Senhor, pois o seu trabalho não será em vão.

ICoríntios 16

Versículos 1 a 24

1. Ora, quanto à coleta para os santos fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia.

2. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme tiver prosperado, guardando-o, para que se não façam coletas quando eu chegar.

3. E, quando tiver chegado, mandarei os que por carta aprovardes para levar a vossa dádiva a Jerusalém;

4. mas, se valer a pena que eu também vá, irão comigo.

5. Irei, porém, ter convosco depois de ter passado pela Macedônia, pois tenho de passar pela Macedônia;

6. e talvez demore convosco algum tempo, ou mesmo passe o inverno, para que me encaminheis para onde quer que eu for.

7. Pois não quero ver-vos desta vez apenas de passagem, antes espero ficar convosco algum tempo, se o Senhor o permitir.

8. Ficarei, porém, em Éfeso até o Pentecostes;

9. porque uma porta grande e eficaz se me abriu; e há muitos adversários.

10. Ora, se Timóteo for, vede que esteja sem temor entre vós; porque trabalha na obra do Senhor, como eu também,

11. Portanto ninguém o despreze; mas encaminhai-o em paz, para que venha ter comigo, pois o espero com os irmãos.

12. Quanto ao irmão Apolo, roguei-lhe muito que fosse com os irmãos ter convosco; mas de modo algum quis ir agora; irá porém, quando se lhe ofereça boa ocasião.

13. Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente, sede fortes.

14. Todas as vossas obras sejam feitas em amor.

15. Agora vos rogo, irmãos - pois sabeis que a família de Estéfanas é as primícias da Acaía, e que se tem dedicado ao ministério dos santos -

16. que também vos sujeiteis aos tais, e a todo aquele que auxilia na obra e trabalha.

17. Regozijo-me com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e de Acaico; porque estes supriram o que da vossa parte me faltava.

18. Porque recrearam o meu espírito assim como o vosso. Reconhecei, pois, aos tais.

19. As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Aqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa.

20. Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.

21. Esta saudação é de meu próprio punho, Paulo.

22. Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema! Maranata.

23. A graça do Senhor Jesus seja convosco.

24. O meu amor seja com todos vós em Cristo Jesus.

Sabemos que a igreja de Jerusalém passava por dificuldades financeiras, de

modo que Paulo tinha por hábito fazer coletas entre os gregos para prover para

as necessidades dos judeus. Aqui ele mesmo diz que fez isso nas igrejas da

Galácia.

As coletas em questão seriam feitas nos cultos realizados no primeiro dia da

semana, ou seja, no domingo. Essa é a primeira referência bíblica ao fato de que

os cultos estavam sendo realizados neste dia (/35/, pág. 191). Quando Paulo

chegasse a Corinto, ele esperava que já houvesse uma soma apreciável para

ser remetida a Jerusalém.

Eles deveriam escrever cartas de recomendação (isso era comum) para aqueles

que fossem levar o dinheiro, e se necessário ele se dispôs a acompanhá-los até

Jerusalém.

Nos versículos 5 a 12 Paulo fala de seus planos de viagem, principalmente em

relação à sua viagem a Corinto. Ele ainda não tem certeza de data, mas está

planejando passar algum tempo com eles, certamente tendo em vista a enorme

lista de problemas da igreja. Ele aventa a possibilidade de mandar Timóteo na

frente e menciona o fato de ter tentado que Apolo fosse lá antes dele, mas este

estava retido em outra localidade.

Nos versículos 13 a 18 ele recomenda que os coríntios sejam vigilantes e que

se mantenham firmes na fé. A seguir ele menciona a visita dos coríntios

Estéfanas, Fortunato e Acaico, ressaltando o serviço dedicado desses irmãos,

deixando claro que a visita deles trouxe a ele grande consolação.

Finalmente esta carta é encerrada com saudações nos versículos 19 a 24.