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A ESCOLA COMO MEIO DE CONSERVAÇÃO SOCIAL A ESCOLA COMO MEIO DE CONSERVAÇÃO SOCIAL Costa, Ailton Barcelos da¹ (IC); Villela, Denise Silva² (C) [email protected] 1 Departamento de Matemática, Universidade Federal de São Carlos; 2 Departamento de Metodologia de Ensino, Universidade Federal de São Carlos. Referências Bibliográficas A “cultura certificada” tornando-a o novo capital, possibilitando acesso à democratização social (BOURDIEU, 1996); A educação formal torna-se recurso de conservação social (BOURDIEU, 1996); Para Bourdieu, a dominação cultural se expressa pela posição na hierarquia social, ligada à cultura especifica; Cultura no processo de dominação: imposição de sua cultura às classes subalternas; Escola como reprodutora da dominação: a função do sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades sociais; Bourdieu (1999): o sistema escolar é muito eficaz na reprodução social, tornado legítima a reprodução dos valores que fundamentam a ordem social; Bourdieu (1999) diz que as desigualdades produzidas na escola determinam a eliminação contínua/branda das crianças oriundas das classes desfavorecidas; Dois modos diferentes que os indivíduos apresentam se relacionam com o mundo da cultura, de acordo com sua origem social: - Relação de tipo aristocrático, que próprio dos dominantes; - Tipo dos dominados, onde o aluno esforçado busca compensar sua distância em relação à cultura legitima, mediante uma grande dedicação; Para BOUDIEU, o mais importante é modo pelo qual a cultura foi adquirida: - Caso dos agentes privilegiados: no seio da família; - Caso dos agentes desfavorecidos: pela ação pedagógica; A escola reproduz a distinção entre os modos básicos de relacionamento com a cultura: - Primeiro, desvalorizando o aluno esforçado, pelo embaraço com a cultura privilegiada no ambiente escolar; - Segundo, valoriza o aluno brilhante, que atende às exigências da escola sem grande esforço; Experiências no Estágio Supervisionado em Matemática 4: - Professora valoriza alunos de cultura privilegiada, como alunos filhos de professores universitários, em relação à desvalorização dos esforçados; O saber escolar está associado à cultura dominante; Bourdieu traz a tese da estratificação dos saberes escolares, sobre as disciplinas: - Valorizadas: línguas clássicas, matemática e física; - Desvalorizadas: línguas modernas, ciências naturais, música e educação física; Valorização das habilidades “não escolares”, que só podem ser adquiridas fora da escola; Legado do trabalho de Bourdieu: a avaliação iria mais além do que verificar a aprendizagem, constituindo-se um verdadeiro julgamento social; Conclusão: os argumentos de Bourdieu são endossados por diversos autores, acabando por comprovar que a escola é poderoso meio de conservação social. BARRETO, Elba Siqueira de Sá; MITRULIS, Eleny. Trajetória e desafios dos ciclos escolares no país. Estudos Avançados,vol. 15, Nº 42, maio- agosto, São Paulo, 2001. BOURDIEU, Pierre. O novo capital. In: Razões práticas. Sobre a teoria da ação . São Paulo: Papirus Editora, 1996. BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: Escritos de Educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. HEY, A. P.; CATANI, A. M. Educação e Linguagem: Pierre Bourdieu, o fazer sociológico e a reflexão acadêmica. Universidade Metodista de São Paulo. São Paulo, 2007. LAGE, Gisele Carino. A mobilidade é possível num modelo de escola conservadora? Um estudo de caso etnográfico sobre o desempenho escolar e o acesso ao ensino superior. Revista Urutágua – acadêmica multidiciplinar – DCS – UEM: Nº 16, ago./set./out./nov., 2008. RIBEIRO, S. C. A Pedagogia da Repetência. Estudos Avançados, USP, v. 5, nº12, p. 7-18, 1991. NOGUEIRA, Maria Alice; NOGUEIRA, Cláudio. Bourdieu e a Educação. Editora Autentica. São Paulo, 2001. SFARD, A. On the dual nature of mathematical conceptions: reflections on processes and objects as different sides of the same coin. Educational Studies in Mathematics , 22 (1), p.1-36, 1991. VINNER, S. The role of definitions in the teaching and learning of mathematics. In: TALL, D. (ed.) Advanced Mathematical Thinking . Dordrecht: Kluwer, p.65-81, 1991. Corpo do trabalho

Semana ed. 2009

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A ESCOLA COMO MEIO DE CONSERVAÇÃO SOCIALA ESCOLA COMO MEIO DE CONSERVAÇÃO SOCIAL Costa, Ailton Barcelos da¹ (IC); Villela, Denise Silva² (C)

[email protected]

1Departamento de Matemática, Universidade Federal de São Carlos; 2Departamento de Metodologia de Ensino, Universidade Federal de São Carlos.

Referências Bibliográficas

A “cultura certificada” tornando-a o novo capital, possibilitando acesso à democratização social (BOURDIEU, 1996); A educação formal torna-se recurso de conservação social (BOURDIEU, 1996); Para Bourdieu, a dominação cultural se expressa pela posição na hierarquia social, ligada à cultura especifica; Cultura no processo de dominação: imposição de sua cultura às classes subalternas; Escola como reprodutora da dominação: a função do sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades sociais; Bourdieu (1999): o sistema escolar é muito eficaz na reprodução social, tornado legítima a reprodução dos valores que fundamentam a ordem social; Bourdieu (1999) diz que as desigualdades produzidas na escola determinam a eliminação contínua/branda das crianças oriundas das classes desfavorecidas; Dois modos diferentes que os indivíduos apresentam se relacionam com o mundo da cultura, de acordo com sua origem social:

- Relação de tipo aristocrático, que próprio dos dominantes;- Tipo dos dominados, onde o aluno esforçado busca compensar

sua distância em relação à cultura legitima, mediante uma grande dedicação;

Para BOUDIEU, o mais importante é modo pelo qual a cultura foi adquirida:

- Caso dos agentes privilegiados: no seio da família;

- Caso dos agentes desfavorecidos: pela ação pedagógica;

A escola reproduz a distinção entre os modos básicos de relacionamento com a cultura:

- Primeiro, desvalorizando o aluno esforçado, pelo embaraço com a cultura privilegiada no ambiente escolar;

- Segundo, valoriza o aluno brilhante, que atende às exigências da escola sem grande esforço; Experiências no Estágio Supervisionado em Matemática 4:

- Professora valoriza alunos de cultura privilegiada, como alunos filhos de professores universitários, em relação à desvalorização dos esforçados; O saber escolar está associado à cultura dominante; Bourdieu traz a tese da estratificação dos saberes escolares, sobre as disciplinas:

- Valorizadas: línguas clássicas, matemática e física;- Desvalorizadas: línguas modernas, ciências

naturais, música e educação física; Valorização das habilidades “não escolares”, que só podem ser adquiridas fora da escola; Legado do trabalho de Bourdieu: a avaliação iria mais além do que verificar a aprendizagem, constituindo-se um verdadeiro julgamento social; Conclusão: os argumentos de Bourdieu são endossados por diversos autores, acabando por comprovar que a escola é poderoso meio de conservação social.

BARRETO, Elba Siqueira de Sá; MITRULIS, Eleny. Trajetória e desafios dos ciclos escolares no país. Estudos Avançados,vol. 15, Nº 42, maio-agosto, São Paulo, 2001. BOURDIEU, Pierre. O novo capital. In: Razões práticas. Sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus Editora, 1996. BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: Escritos de Educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. HEY, A. P.; CATANI, A. M. Educação e Linguagem: Pierre Bourdieu, o fazer sociológico e a reflexão acadêmica. Universidade Metodista de São Paulo. São Paulo, 2007. LAGE, Gisele Carino. A mobilidade é possível num modelo de escola conservadora? Um estudo de caso etnográfico sobre o desempenho escolar e o acesso ao ensino superior. Revista Urutágua – acadêmica multidiciplinar – DCS – UEM: Nº 16, ago./set./out./nov., 2008. RIBEIRO, S. C. A Pedagogia da Repetência. Estudos Avançados, USP, v. 5, nº12, p. 7-18, 1991. NOGUEIRA, Maria Alice; NOGUEIRA, Cláudio. Bourdieu e a Educação. Editora Autentica. São Paulo, 2001. SFARD, A. On the dual nature of mathematical conceptions: reflections on processes and objects as different sides of the same coin. Educational Studies in Mathematics, 22 (1), p.1-36, 1991. VINNER, S. The role of definitions in the teaching and learning of mathematics. In: TALL, D. (ed.) Advanced Mathematical Thinking. Dordrecht: Kluwer, p.65-81, 1991.

Corpo do trabalho