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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia de Alimentos Diana Clara Nunes de Lima SEMENTES DE Moringa oleifera Lamark COMO AGENTE CLARIFICANTE EM SUCO DE MAÇÃ CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

Diana Clara Nunes de Lima

SEMENTES DE Moringa oleifera Lamark COMO AGENTE CLARIFICANTE

EM SUCO DE MAÇÃ

CAMPINAS

2017

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Diana Clara Nunes de Lima

SEMENTES DE Moringa oleifera Lamark COMO AGENTE

CLARIFICANTE EM SUCO DE MAÇÃ

Tese apresentada a Faculdade de Engenharia

de Alimentos da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Doutora em

Tecnologia de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Luís Schmidt

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA

DIANA CLARA NUNES DE LIMA, E

ORIENTADA PELO PROF. DR. FLÁVIO LUÍS

SCHMIDT.

CAMPINAS

2017

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Banca Examinadora

________________________________

Prof. Dr. Flávio Luís Schmidt

Orientador

Universidade Estadual de Campinas – FEA

________________________________

Prof. Dr. Pedro Esteves Duarte Augusto

Membro Titular

Universidade Estadual de São Paulo –

ESALQ

________________________________

Prof. Dr. Jorge Hermann Behrens

Membro Titular

Universidade Estadual de Campinas – FEA

________________________________

Dra. Alba Lúcia Andrade Coelho

Membro Suplente

Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL

________________________________

Prof. Dr. José Euclides Stipp Paterniani

Membro Titular

Universidade Estadual de Campinas –

FEAGRI

________________________________

Dra. Aline de Oliveira Garcia

Membro Suplente

Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL

________________________________

Dra. Maria Isabel Berto

Membro Titular

Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL

________________________________

Prof. Dr. Rafael Augustos de Oliveira

Membro Suplente

Universidade Estadual de Campinas –

FEAGRI

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de

vida acadêmica da aluna.

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Aos meus pais,

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento deste trabalho foi possível devido ao apoio de pessoas que

contribuíram direta ou indiretamente, na vida profissional e pessoal. Com carinho,

agradeço a todos.

Ao professor Flávio L. Schmidt pelo acolhimento, oportunidade, orientação e

compreensão.

A todos os membros da banca examinadora pelas valiosas contribuições.

Ao Departamento de Tecnologia de Alimentos pela oportunidade de realização do projeto

e à CAPES pela bolsa concedida.

Ao secretário da SPG/FEA, Cosme Perota, pela disponibilidade e auxílios diversos.

À querida Ana Koon pela amizade, pelo constante auxílio na realização de atividades

internas e externas ao laboratório. À Leila pelo carinho e disponibilidade e às demais

assistentes de laboratório.

À Kazumi, Simone, Sebastian, Miguel e Ludmilla pela amizade e companheirismo diário

nas atividades do laboratório e na vida. Fizeram e fazem os meus dias mais leves e

divertidos.

Às amigas de república, Ana, Fabiana e Daianne pelo apoio, incentivo e cafezinhos.

Ao meu pai (in memorian) por ter sonhado este sonho comigo. E a minha mãe pelo apoio,

força e pelas longas viagens que fez, para me visitar sempre que possível.

À professora Priscila Efraim pelos conselhos e instruções.

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À Carol e demais colegas de laboratório, que me receberam de braços abertos, agradeço

pela atenção e carinho.

À Adriana, Laura e Bruna pelo companheirismo naquele início, quando não conhecíamos a

instituição, a cidade e as pessoas. Saudade das risadas da Adriana, da discrição e

serenidade da Laura e do doce sotaque cearense da Bruna.

Aos alunos estagiários e de iniciação científica que passaram pelo laboratório neste período

e que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho. Em especial, à Glenda e à Bel,

alunas de iniciação científica, pelo trabalho, carinho e compreensão.

Aos amigos do laboratório de Tecnologias Emergentes (“os high pressure”) pelos

cafezinhos pós almoço e pelos momentos de descontração.

A Deus por permitir que tudo isso fosse possível.

Muito Obrigada.

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RESUMO GERAL

O suco de maçã é consumido clarificado, sendo comum o uso de tratamento enzimático e

de gelatina no processo de clarificação. O objetivo deste trabalho foi verificar o potencial

clarificante do extrato da semente de Moringa oleifera Lamark em suco de maçã. As

sementes foram beneficiadas e liofilizadas para maior conservação e extratos salinos e

aquosos foram elaborados e utilizados como agentes clarificantes em ensaios preliminares.

Além disso, realizou-se um DCCR, tendo como variáveis independentes, concentração de

enzima e de extrato de moringa, e como respostas a transmitância, pH, acidez total

titulável, sólidos solúveis totais, ratio e parâmetros de cor de suco. Um delineamento

também foi realizado para as variáveis concentração de enzima e de gelatina,

tradicionalmente utilizado nas indústrias. Verificou-se também o teor de polifenóis,

velocidade de sedimentação dos flocos, lodo formado, o fluxo permeado e fouling do suco

de maçã em filtração convencional. A partir dos resultados realizou-se estudo sensorial do

suco, aceitação sensorial, diferença do controle, ordenação e análise dos comentário com o

objetivo de verificar a aceitação, bem como a percepção dos consumidores para limpidez

das amostras. Utilizou-se amostras comerciais nos testes sensoriais para efeito

comparativo. O extrato de moringa mais eficaz foi o EXT. 0,1M, que promoveu maior

transmitância. Quando o EXT. 0,1M foi aplicado após o tratamento enzimático, também

promoveu melhoria da transmitância. Os resultados do DCCR mostraram que o extrato de

moringa foi eficaz, promoveu melhoria significativa no suco, alcançando transmitância de

até 79%, sem necessidade de tratamento enzimático prévio. Além disso, reduziu a

coloração avermelhada e não alterou os demais parâmetros de qualidade. Resultados

semelhantes foram obtidos para os testes com gelatina, excessão aos parâmetros

transmitância e cor. O extrato de moringa reduziução o teor de compostos fenólicos,

redução semelhante foi obtida com despectinização+gelatina. A velocidade de

sedimentação foi semelhante entre a clarificação com extrato e a tradicional. A % de lodo

formado pela clarificação com extrato de moringa foi a mesma que no processo

convencional, porém mais compacto. O fluxo permeado e o fouling foram os mesmos para

as três amostras, confirmando o potencial do extrato como agente clarificante. Em relação

ao estudo sensorial, o extrato de moringa utilizado como agente clarificante foi importante

para aceitação do produto e promoveu transmitância semelhante ás amostras clarificadas

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por métodos convencionais sem nenhuma referência a sabor estranho. De forma geral, os

atributos positivos mais citados pelos consumidores para descrever as amostras foram a

cor, a cristalinidade, a doçura, presença de partículas, a cor esverdeada, a turbidez e o

sabor. Os atributos negativos apontados pelos consumidores, podem ser corrigidos durante

o processo. Em relação ao limiar de percepção para limpidez, o consumidor percebeu

diferenças entre as amostras, quando a diferença de transmitâncias foi alta. Dessa forma, o

consumidor seria capaz de comparar diferentes marcas de suco de maçã e, dependendo da

diferença de transmitância entre elas, escolher qual a mais límpida. Diante disso,

concluímos que o extrato de moringa pode ser uma alternativa para clarificar suco de maçã

e ao mesmo tempo atender à tendências de mercado.

Palavras-chave: maçã, superfície de resposta, gelatina, sensorial, suco

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ABSTRACT

The apple juice is consumed clarified, being common the use of enzymatic treatment and

gelatine in the process of clarification. The aim of this work was to verify the clarifying

potential of the Moringa oleifera Lamark seeds extract in apple juice. The seeds were

beneficiated and lyophilized for further conservation and saline and aqueous extracts were

elaborated and used as clarifying agents in preliminary tests. In addition, a DCCR was

performed, having as independent variables, concentration of enzyme and moringa extract,

and as responses, transmittance, pH, total titratable acidity, total soluble solids, ratio and

juice color parameters. A DCCR was also performed for the variables enzyme

concentration and gelatin, traditionally used in industries. The content of polyphenols,

sedimentation velocity of flakes, slurry formed, permeate flow and fouling of apple juice

were also checked in conventional filtration. From the results, a sensory study of the juice,

sensory acceptance, control difference, ordering and analysis of the comments were carried

out with the purpose of verifying the acceptance, as well as the perception of the

consumers for the clarity of the samples. Commercial samples were used in the sensory

tests for comparative effect. The most effective moringa extract was the EXT. 0,1M, which

promoted greater transmittance. When the extract 0,1M was applied after the enzymatic

treatment, also promoted improved transmittance. The results of the DCCR showed that

the moringa extract was effective, promoted a significant improvement in the juice,

achieving transmittance of up to 79%, without previous enzymatic treatment. In addition, it

reduced the reddish color and did not change the other parameters of quality. Similar

results were obtained for the gelatin tests, except for transmittance and color parameters.

The moringa extract reduced the content of phenolic compounds, similar reduction was

obtained with depectinization + gelatin. Sedimentation velocity was similar between

extract and traditional clarification. The sludge formed by clarification with moringa

extract was the same as in the conventional process, but more compact. The permeate flow

and fouling were the same for the samples, confirming the potential of the extract as a

clarifying agent. Regarding the sensory study, the moringa extract used as clarifying agent

was important for product acceptance and promoted similar transmittance to clarified

samples by conventional methods with no reference to strange taste. In general, the

positive attributes most frequently cited by consumers to describe the samples were color,

crystallinity, sweetness, presence of particles, greenish color, turbidity and taste. Negative

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attributes pointed out by consumers can be corrected during the process. Regarding the

perception threshold for clarity, the consumer perceived differences between the samples,

when the differences in transmittance were high. In this way, the consumer would be able

to compare different brands of apple juice and, depending on the difference of

transmittance between them, choose which one is the most limpid. In light of this, we

conclude that moringa extract may be an alternative to clarify apple juice and at the same

time meet market trends.

Key words: apple, gelatin, response surface, sensory, juice.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Mapa da produção mundial de maçã. .................................................................. 25

Figura 1.2 - Modelo elétrico da camada dupla de uma superfície de partícula com

carga negativa. Fonte: CHAO (2006) citado por HAMERSKI (2009). ................................... 31

Figura 1.3 a) Suco de maçã sem tratamento enzimático. b) Suco de mação após

tratamento enzimático. Sendo p, fibras de pectina; e v, vesículas............................................ 35

Figura 1.4 - a) Sementes de Moringa oleifera Lamark com casca. b) Semente de

Moringa oleifera Lamark descascadas. .................................................................................... 38

Figura 2.1 - Processamento da semente de Moringa oleifera Lamarck para produção

de extratos clarificantes: a) Sementes com casca. b) Sementes descascadas. c) Torta

obtida após prensagem. d) Extrato bruto liofilizado................................................................. 62

Figura 2.2 - Tratamento enzimático seguido de acabamento do suco de maçã: a)

Extração do suco. b) Tratamento enzimático. c) Suco durante o tratamento

enzimático. d) Sedimentação dos flocos no suco. e) Sobrenadante do suco após

sedimentação completa. ............................................................................................................ 64

Figura 2.3 - Transmitância (T%, 456nm) do suco de maçã não clarificado e após

clarificação com extratos de semente de moringa. ................................................................... 67

Figura 2.4 - Transmitância do suco de maçã despectinizado, seguido de acabamento

com Ext. 0,1M .......................................................................................................................... 68

Figura 2.5 - Distribuição do tamanho de partículas de suco de maçã in natura e após

clarificação com extrato 0,1M. ................................................................................................. 69

Figura 2.6 - Microscopia óptica do suco de maçã: a) Suco in natura b) Suco

clarificado de maçã. .................................................................................................................. 70

Figura 3.1 - Valores experimentais da Transmitância em função dos valores previstos

pelo modelo ajustado (concentração de enzima x do extrato de moringa). .............................. 90

Figura 3.2 - Curvas de contorno e Superfície de Resposta para resposta Transmitância

(T%) em função da concentração de enzima x concentração do extrato de moringa. ............. 90

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Figura 3.3 - Valores experimentais da transmitância em função dos valores previstos

pelo modelo ajustado (concentração de enzima x gelatina). .................................................... 94

Figura 3.4 Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta transmitância

(T%) em função da concentração de enzima x concentração de gelatina. ............................... 96

Figura 3.5 - Valores experimentais da cor em função dos valores previstos pelo

modelo ajustado (concentração de enzima x extrato de moringa).......................................... 102

Figura 3.6 - Valores experimentais da cor em função dos valores previstos pelo

modelo ajustado (concentração de enzima x extrato de moringa).......................................... 103

Figura 3.7 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor a* em

função da concentração de enzima x concentração de extrato de moringa. ........................... 103

Figura 3.8 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor em

função da concentração de enzima x concentração de extrato de moringa. ........................... 104

Figura 3.7 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor a* em

função da concentração de enzima x concentração de gelatina.............................................. 106

Figura 4.1 - Esquema de leitura de espalhamento de luz (backscattering, BS%),

transmitância (T%) e altura total e altura de frente do lodo na amostra. ................................ 120

Figura 4.2 - Compostos fenólicos totais em suco de maçã clarificado e in natura. .............. 122

Figura 4.3 - Velocidade de sedimentação de partículas em suco de maçã. ........................... 127

Figura 4.4 - Fluxo permeado acumulado de suco de maçã. .................................................. 130

Figura 4.5 - Fouling do fluxo permeado de suco de maçã. ................................................... 132

Figura 5.1 - Processamento da semente de Moringa oleifera Lamarck para produção

de extratos clarificantes: a) Sementes com casca. b) Sementes descascadas. c) Torta

obtida após prensagem. d) Extrato bruto liofilizado............................................................... 144

Figura 5.2 - Amostras de suco de maçã submetidas ao teste de Aceitação e de Análise

dos comentários. ..................................................................................................................... 146

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Figura 5.3 - Aceitação sensorial do suco de maçã. Médias que não compartilham a

mesma letra são diferentes significativamente entre si (p<0,05), segundo teste de

Tukey. ..................................................................................................................................... 151

Figura 5.4 - Aceitação sensorial para cristalinidade de suco de maçã por grupos de

consumidores (Grupo a, b e c). Médias que não compartilham a mesma letra são

diferentes significativamente entre si (P<0,05), segundo teste de Tukey. ............................. 152

Figura 5.5 - Análise de Correspondência obtida a partir da tabela de contingência,

apresentando as amostras(Δ) e os principais atributos(●) citados pelos consumidores.

Os círculos representam as amostras que apresentam características similares com

base na análise de Hierarchical Cluster. ................................................................................. 156

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 - Relação entre estabilidade de suspensões coloidais e o potencial Zeta

(mV). ........................................................................................................................................ 32

Tabela 3.1 - Valores codificados e valores reais do DCCR 22 em função da

concentração de enzima e de extrato de moringa. .................................................................... 84

Tabela 3.2 - Valores codificados e valores reais do DCCR 22 em função da

concentração de enzima e de gelatina....................................................................................... 85

Tabela 3.3 - Planejamento fatorial e repostas para as variáveis enzima x ext. de

moringa. .................................................................................................................................... 87

Tabela 3.4 - Análise de Regressão para transmitância em função da concentração de

enzima x concentração de extrato de moringa para a transmitância de suco de maçã. ............ 88

Tabela 3.5 - Análise de variância em função da concentração de enzima x

concentração de extrato de moringa para a transmitância de suco de maçã. ............................ 89

Tabela 3.6 - Valores de transmitância experimentais, previstos pelo modelo e desvios

para o DCCR 22. ....................................................................................................................... 89

Tabela 3.7 - Planejamento fatorial e repostas para as variáveis Enzima x Gelatina. .............. 93

Tabela 3.8 - Análise de Regressão para transmitância em função da concentração de

Enzima e de Gelatina. ............................................................................................................... 93

Tabela 3.9 - Análise de variância em função da concentração de enzima x

concentração de gelatina para a transmitância de suco de maçã. ............................................. 94

Tabela 3.10 Valores de transmitância experimentais, previstos pelo modelo e desvios

para o DCCR2. .......................................................................................................................... 95

Tabela 3.11 Repostas experimentais para DCCR 22 em função da concentração de

enzima e ext. de moringa, para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total

titulável, ratio e cor. .................................................................................................................. 97

Tabela 3.12 - Repostas experimentais para DCCR 22 em função da concentração de

enzima e gelatina, para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio

e cor. ......................................................................................................................................... 98

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Table 3.13 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e ext. de

moringa, para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio........................ 99

Tabela 3.14 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e gelatina,

para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio. .................................... 100

Tabela 3.15 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e extrato de

moringa, para os parâmetro cor. ............................................................................................. 101

Tabela 3.16 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e gelatina,

para o parâmetro cor. .............................................................................................................. 105

Tabela 3.17 - Diferença de coloração do suco de maçã do DCCR2 (concentração de

enzima x concentração de ext. de moringa) e do DCCR2 (concentração de enzima x

concentração de Gelatina). ..................................................................................................... 107

Tabela 4.1 - Composição aminoacídica g.100g-1 do extrato bruto liofilizado de

sementes de moringa. ............................................................................................................. 124

Tabela 4.2 - Lodo formado e espalhamento de luz no lodo formado na clarificação de

suco de maçã. .......................................................................................................................... 128

Tabela 5.1 - Transmitância das amostras de suco utilizadas no teste de Ordenação e

no teste de Diferença do Controle. ......................................................................................... 147

Tabela 5.2 - Tabela de contingência apresentando as principais modalidades (P_ e

N_) citadas pelos consumidores e o número total de modalidades positivas e

negativas. Número de citações por amostra e resultados do Qui-quadrado por célula. ......... 154

Tabela 5.3 - Resultado para o teste de Ordenação com amostras de suco de maçã

clarificado. .............................................................................................................................. 158

Tabela 5.4 - Resultado para teste de Diferença do controle com amostras de suco de

maçã clarificado. ..................................................................................................................... 158

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 12

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 15

INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 21

CAPÍTULO 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E OBJETIVOS .............................................. 24

1.1 Maçã - Malus domestica ............................................................................ 25

1.2 Suco de maçã ............................................................................................. 27

1.3 Produção de suco clarificado de maçã: tecnologia e físico-química da

clarificação....................................................................................................................28

1.3.1 Despectinização ou Tratamento Enzimático ....................................... 33

1.3.2 Acabamento ........................................................................................ 35

1.3.3 Polimento ............................................................................................ 37

1.4 Sementes de Moringa oleifera Lamark ..................................................... 37

1.5 Moringa oleifera Lamark como agente clarificante de águas ................... 39

1.6 Sementes de Moringa oleifera Lamark como agente alternativo na

clarificação de suco de maçã ................................................................................................. 42

1.7 Objetivos .................................................................................................... 46

1.8 Referências bibliográficas ......................................................................... 47

CAPÍTULO 2 - ENSAIOS PRELIMINARES: DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL

CLARIFICANTE DE EXTRATO AQUOSO E SALINO DE SEMENTE DE

Moringa oleifera Lamark EM SUCO DE MAÇÃ ................................................................... 58

2.1 Introdução .................................................................................................. 60

2.2 Material e métodos .................................................................................... 61

2.2.1 Processamento e composição das sementes de Moringa oleifera

Lam..............................................................................................................61

2.2.2 Elaboração dos extratos clarificantes .................................................. 62

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2.2.3 Potencial dos extratos clarificantes como agente de clarificação no

suco de maçã.............................................................................................................63

2.2.4 Distribuição e tamanho de partícula no suco de maçã ........................ 64

2.2.5 Análise estatística ................................................................................ 65

2.3 Resultados e discussão .............................................................................. 65

2.3.1 Processamento e composição das sementes de Moringa oleifera

Lam...............................................................................................................................65

2.3.2 Potencial dos extratos clarificantes como agente de clarificação no

suco de maçã.............................................................................................................66

2.3.3 Potencial zeta dos extratos e do suco de maçã .................................... 68

2.3.4 Distribuição e tamanho de partículas do suco de maçã ...................... 69

2.3.5 Microscopia óptica .............................................................................. 70

2.4 Conclusões ................................................................................................. 71

2.5 Referências bibliográficas ......................................................................... 71

CAPÍTULO 3 - CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ: OTIMIZAÇÃO DAS

CONDIÇÕES PARA CLARIFICAÇÃO COM EXTRATO DE SEMENTES DE

MORINGA E IMPACTO DA CLARIFICAÇÃO NOS PARÂMETROS DE

QUALIDADE DO SUCO ........................................................................................................ 77

3.1 Introdução .................................................................................................. 80

3.2 Material e métodos .................................................................................... 82

3.2.1 Preparação dos coadjuvantes de clarificação ...................................... 82

3.2.2 Otimização das condições de processo para clarificação de suco de

maçã.............................................................................................................83

3.3 Resultados e discussão .............................................................................. 86

3.3.1 Transmitância do suco de maçã em função da concentração de

enzima e de extrato de moringa e em função da concentração de enzima e de gelatina ... 86

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3.3.2 Parâmetros de qualidade do suco de maçã em função da

concentração de enzima e de extrato de moringa e em função da concentração de

enzima e de gelatina ...........................................................................................................97

3.4 Conclusões ............................................................................................... 107

3.5 Referências bibliográficas ....................................................................... 108

CAPÍTULO 4. CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ COM EXTRATO DE

MORINGA: TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS, SEDIMENTAÇÃO E

FORMAÇÃO DE LODO, FLUXO PERMEADO , FOULING .............................. 112

4.1 Introdução ................................................................................................ 114

4.2 Material e métodos .................................................................................. 115

4.2.1 Preparo dos coadjuvantes de clarificação de suco de maçã .............. 116

4.2.2 Composição aminoacídica do extrato bruto de moringa liofilizado . 116

4.2.3 Preparo do suco de maçã ................................................................... 117

4.2.4 Teor de compostos fenólicos em suco de maçã ................................ 118

4.2.5 Velocidade de sedimentação e formação de lodo em suco de maçã . 119

4.2.6 Fluxo Permeado e fouling ................................................ 120

4.2.7 Análise estatística .............................................................................. 121

4.3 Resultados e discussão ............................................................................ 121

4.3.1 Compostos fenólicos totais em suco maçã ........................................ 121

4.3.2 Composição aminoacídica do extrato bruto de moringa ................... 123

4.3.3 Velocidade de sedimentação e formação de lodo ............................. 126

4.3.4 Fluxo Permeado e Fouling ............................................... 129

4.4 Conclusões ............................................................................................... 132

4.5 Referências Bibliográficas ....................................................................... 133

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CAPÍTULO 5. ESTUDO SENSORIAL DE SUCO DE MAÇÃ CLARIFICADO POR

MÉTODOS CONVENCIONAL E POR PROCESSO ALTERNATIVO ............................. 139

5.1 Introdução ................................................................................................ 141

5.2 Material e métodos .................................................................................. 142

5.2.1 Material ............................................................................................. 142

5.2.2 Métodos ............................................................................................. 143

5.3 Resultados e discussão ............................................................................ 150

5.3.1 Teste de Aceitação e teste de Análise dos comentários .................... 150

5.3.2 Teste de Ordenação e teste de Diferença do Controle ...................... 157

5.4 Conclusões ............................................................................................... 159

5.5 Referências bibliográficas ....................................................................... 160

DISCUSSÃO GERAL ............................................................................................................ 164

CONCLUSÃO GERAL ......................................................................................................... 178

SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ......................................................................... 182

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS .................................................................... 183

ANEXOS ................................................................................................................................ 199

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INTRODUÇÃO GERAL

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O suco de maçã é tipicamente consumido na sua forma clarificada,

principalmente em países como o Japão, Estados Unidos da América e vários países

europeus (TETIK et al., 2012). Logo, a presença de partículas dispersas no suco impacta

diretamente na aparência e na aceitação do produto, fazendo do processo de clarificação

uma etapa essencial para tecnologia de suco de maçã (GIRARD; FUKUMOTO, 1999).

No entanto, ao contrário do que muitos pensam, a clarificação do suco de maçã

não é apenas uma questão sensorial. Os dois maiores problemas de estabilidade do suco de

maçã são o escurecimento e a turbidez (GIRARD; FUKUMOTO, 1999) causados pela

oxidação dos compostos fenólicos e por partículas de pectina em suspensão no suco

(ALBERT et al., 2012). A pectina, presente naturalmente na maçã, tem como característica

a capacidade de formar gel, quando em meio ácido, presença de açúcar e temperatura. Essa

reação pode causar problemas durante os processos térmicos pelo qual a bebida passa,

pois, mesmo em baixas concentrações, a pectina já pode formar soluções altamente

viscosas (KILARA, 1982; BOBBIO; BOBBIO, 1992).

Sabendo que o suco de maçã é comercializado/exportado como suco

concentrado, a geleificação se torna um problema ainda maior, pois além de influenciar no

escoamento do produto, impede a concentração do suco até o Brix desejado (KILARA,

1982; BOBBIO; BOBBIO, 1992; BLUMENTHAL, 2000).

Para reduzir estes problemas, há várias alternativas utilizadas pelas indústrias,

tais como filtração por membranas (GIRARD; FUKUMOTO, 1999; MONDOR; GIRARD;

MORESOLI, 2000); tratamento enzimático (despectinização) (ALBERT et al., 2012);

aplicação de agentes de acabamento, tais como gelatina, bentonita, sílica sol,

polyvinylpyrrolidone (PVPP) ou a combinação destes (TAJCHAKAVIT; BOYE;

COUTURE, 2001; SINGH; GUPTA, 2004; ALBERT et al., 2012).

A gelatina é o principal agente de acabamento utilizado pelas indústrias de

suco e de bebidas fermentadas (CARVALHO et al., 2011), por sua capacidade de remover

os polifenóis reativos presentes no suco, enquanto os demais métodos podem eliminar

todos os polifenóis (KWANG-SUP et al., 2004), o que não é desejável nutricionalmente.

No entanto, o uso de um coadjuvante de origem animal, como a gelatina bovina, pode ser

uma barreira para um novo nicho do mercado, os consumidores vegetarianos e veganos.

Além das questões religiosas, tais como, budistas, judeus e mulçumanos, que consideram

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produtos de origem bovina e suína como originados de animais sagrados ou impuros

(PORTAL BRASIL, 2011). As alternativas à gelatina são métodos mais caros ou de difícil

recuperação (ALBERT et al., 2012). Outros, não removem os polifenóis reativos presentes

no suco (PETRUS, 1997), e, por essa razão, a busca por coadjuvantes de baixo custo,

naturais e de origem vegetal como alternativa vem crescendo.

Desde os anos 1970, sementes de Moringa oleifera Lamark vem sendo

estudadas no tratamento de água e apresentaram bom potencial clarificante (ARANTES;

RIBEIRO; PATERNIANI, 2012; KATAYON et al., 2006; MADRONA, 2010; JAHN;

DIRAR, 1979). Estas sementes promovem a redução da turbidez, de sais, micro-

organismos e cor de águas, sendo apontada como bom clarificante primário. A grande

vantagem da aplicação das sementes de moringa como clarificante é sua origem natural,

biodegradável, ou seja, não gera resíduos químicos (SILVA; MATOS, 2008; AMAGLOH;

BENANG, 2009). Além disso, segundo Madrona (2010), a clarificação de água com

semente de moringa também tem como principal vantagem a baixo volume de lodo

formado, se comparado aos agentes químicos comumente utilizados no tratamento de água.

Também não altera o pH e a condutividade da água, reduzindo custos com produto

químicos para ajuste de pH (KATAYON et al., 2006; BHATIA, et al., 2007).

Sabendo do grande potencial das sementes de moringa como agente

clarificante e considerando a necessidade de investigar o comportamento dessas sementes

como agente clarificante em outras matrizes, o objetivo deste trabalho foi verificar o

potencial clarificante de extrato de semente de Moringa oleifera Lamark como agente

clarificante em suco de maçã.

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CAPÍTULO 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E OBJETIVOS

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1.1 Maçã - Malus domestica

A maçã é o fruto de clima temperado mais importante comercializado como

fruta fresca (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). Sua produção está presente em diferentes

continentes, o que envolve um total de 93 países que juntos produziram mais de 75 milhões

de toneladas de maçã (FAOSTAT, 2011). No entanto, apenas 20 países respondem por

mais de 80% da produção anual da fruta (FAOSTAT, 2011). A China, os Estados Unidos,

a Polônia, o Irã, a Turquia e a Itália são referências importantes neste sentido. A China é a

grande produtora (Figura 1.1) devido às características geográficas do país, que possibilita

grandes áreas produtivas, e sobretudo, pela ação do governo, que oferece incentivos aos

produtores. Já a Polônia é a principal produtora de maçã na Europa, sendo também um

importante exportador (FAOSTAT, 2011).

Figura 1.1 - Mapa da produção mundial de maçã.

Fonte: FAOSTAT(2011).

Na América Latina, o Chile, a Argentina e o Brasil se destacam, sendo o Chile

o maior produtor latino-americano de maçãs (MAPA, 2013). O Brasil é o 9º produtor

mundial, com 1,8% da produção, sendo a variedade Gala, representada por 58% da

produção total e a Fuji por 37%. Do total de maçãs produzidas nacionalmente, 25% são

destinados para o mercado externo, grande parte em forma de suco de maçã e uma menor

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parcela em forma de maçãs frescas (1/5 do total exportado) (MAPA, 2013). A maçã

brasileira é bem apreciada pelo mercado europeu, atendendo durante-o sua entressafra

(JANZZANTI; FRANCO; WOSIACKI, 2003).

Apenas 5% das maçãs consumidas pelos brasileiros são importadas (MAPA,

2013), o que é um valor interessante, uma vez que, o cultivo da macieira no Brasil para

comercialização em larga escala ocorreu a partir da década de 1960. O crescimento veio

com os incentivos fiscais e apoio à pesquisa e extensão rural para plantação de pomares na

região Sul do Brasil. A princípio, o objetivo era apenas reduzir a importação de maçã, no

entanto, o investimento resultou no desenvolvimento da produção, tanto em número quanto

em qualidade (VALDEBENITO-SANHUEZ, 2005), o que foi um estímulo para a

exportação da fruta, que anos depois, teve seu início marcado por investimentos de grupos

econômicos, que já possuíam experiência neste mercado (Fisher Fraiburgo Agrícola). A

produção mais expressiva continua na região Sul do Brasil (Santa Catarina e Rio Grande

do Sul) (WOSIACKI, NOGUEIRA e SILVA, 2000; WOSIACKI, 2001; IBGE 2011).

De forma geral, as maçãs podem ser classificadas em comerciais ou industriais,

de acordo com a sua finalidade. As comerciais são consumidas frescas (in natura) e,

portanto, devem atender a padrões de qualidade, como a cor, o tamanho e formato e à

ausência de defeitos, além dos parâmetros de qualidade intrínsecos da fruta (THE WORLD

APPLE REPORT, 2008). Os Estados Unidos são um dos poucos países produtores de

maçã que possuem lavouras específicas para frutas industriais (THE WORLD APPLE

REPORT, 2008). No Brasil, a maioria dos pomares não produz frutas exclusivas para

diferentes classes de maçãs. Assim, as frutas chamadas industriais são resultantes de um

processo de seleção e classificação das comerciais. Esta seleção gera um descarte de 30%,

que são frutas que não alcançaram o padrão exigido para o consumo in natura

(NOGUEIRA et al., 2007). São estas as frutas direcionadas à industrialização e destas,

cerca de 20% são utilizadas na elaboração de sucos, grande parte destinado à exportação

(NOGUEIRA et al., 2007). Além do suco, as maçãs também são usadas na fabricação de

sidra, vinagre, purê, geleias, alimentos infantis e outros (SANTOS et al., 2005,

NOGUEIRA et al., 2004). Ainda assim, entre a fruta e o suco, a maçã agrega mais $30

milhões anuais à receita cambial brasileira (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

PRODUTORES DE MAÇÃ, 2011).

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1.2 Suco de maçã

Segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o

suco de maçã pode ser definido como a bebida não fermentada e não diluída, obtida da

parte comestível da fruta (Malus domestica), por meio de processo tecnológico adequado.

A bebida deve possuir cor branca a translúcida, sabor e aroma próprio e composição físico-

química, teor de sólidos solúveis (°Brix, 20°C) mínimo de 10,5°, acidez total expressa em

ácido málico mínima de 0,15g/100g, açúcares totais naturais da fruta de 13,5g/100g

(BRASIL, 2000).

Um suco de maçã de qualidade, é obtido por meio de frutas maduras, podendo

ser composto de diferentes variedades de maçãs, de forma que sejam utilizadas frutas

doces, ácidas e adstringentes, que produzam uma bebida equilibrada. Ou seja, o que define

a qualidade e o valor de um suco de maçã é, principalmente, o teor de sólidos solúveis e

sua acidez, sendo assim, quanto maior o ratio, maior a qualidade do produto (BRAUN,

2003).

Tradicionalmente, o suco de maçã é consumido na sua forma clarificada

(MARKOWSKI, BARON, LE QUÉRÉ, & PLOCHARSKI, 2015). Neste caso, a limpidez

é desejável para atender a padrões internacionais (SINGH; GUPTA, 2004), sendo a

limpidez e a cor, parâmetros de qualidade importantes (BEVERIDGE , 2002; BRAUN,

2003). Há também, mercado para o suco de maçã não clarificado (BRAUN 2003),

considerado por muitos, um alimento pouco processado ou mais próximo do natural (GUI

et al., 2006).

Os maiores consumidores do suco de maçã são Alemanha e os Estados Unidos

da América (EUA), com consumo estimado em 12 bilhões de litros por ano (BRAUN,

2003; WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

O Brasil não possui tradição no consumo de suco de maçã, não havendo esse

hábito entre os consumidores (ROSA et al., 2006), fato que pode estar relacionado a

diversidade frutífera do país e presença farta da laranja. A maior parte da produção

nacional de suco de maçã é concentrada e exportada, principalmente para os EUA, que o

destina a produção de suco ou de produtos infantis (NOGUEIRA et al., 2007).

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No entanto, o percentual da produção e do consumo do suco de maçã no Brasil

tende a aumentar, pois há uma crescente demanda pelo suco pronto para consumo no

mercado interno (SEBRAE, 2008), como também pelo consumo indireto, devido à

utilização do suco clarificado de maçã como ingrediente em geleias, alimentos infantis,

guloseimas (balas e chicles), etc. (VAILLANT et al., 2001).

Outro fator que vem impactando no consumo nacional de suco de maçã é a

Instrução Normativa N° 42 (BRASIL, 2013), que alterou a concentração mínima de suco

nos néctares de laranja e de uva. A partir de janeiro de 2016, os néctares de laranja e de

uva devem conter uma quantidade mínima de 50% do suco da respectiva fruta. Esta

alteração impactou muito no custo do produto para a indústria. Por outro lado, a mesma

instrução, estabelece que a quantidade mínima de suco/polpa para néctar tipo misto (de

duas ou mais frutas) é de 30% das respectivas frutas. Diante disso, para atender à

legislação e reduzir os custos de produção, a indústria vem optando por adicionar suco

clarificado de maçã ao néctar de uva e de laranja, reduzindo os custos do produto, uma vez

que o suco de maçã é mais barato em relação a outras frutas e, além disso, não altera as

características do néctar. Por essa razão, é cada vez mais comum encontrar diversas marcas

de néctares que utilizam o suco clarificado de maçã, o suco de uva claro ou tinta,

dependendo do produto, e até mesmo o suco concentrado de melão.

A utilização de suco clarificado de maçã como ingrediente e sua

comercialização na forma de suco ou suco concentrado são as duas frentes que estão

promovendo crescimento do setor. Sendo assim, novas tecnologias e coadjuvantes de

clarificação que auxiliem no processo, acelerando as etapas, possibilitando a obtenção de

sucos mais límpidos, atendendo a diferentes mercados ou mesmo reduzindo os custos, são

de interesse para a indústria.

1.3 Produção de suco clarificado de maçã: tecnologia e físico-química da

clarificação

Apesar de haver um mercado em crescimento para o suco natural turvo, o

consumidor de suco clarificado, que aprecia a bebida límpida e brilhante, não aceitará

sedimentos no fundo da garrafa, independentemente de sua natureza. A prevenção da

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turvação do suco de maçã inclui a qualidade da matéria prima, as condições higiênico

sanitárias, tratamento térmico e enzimático do suco, o acabamento e a filtração

(WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

A produção de um suco de maçã claro, límpido e estável é um assunto que

sempre está em pauta numa unidade industrial produtora do suco. Desde que iniciou-se a

transformação de sucos naturalmente turvos em produtos claros e brilhantes, as novas

questões relacionadas a processos e técnicas são da mais alta importância. Critérios como

estabilidade, com relação à intensidade da cor e claridade; ou estabilidade com relação à

turvação tardia, também apresentam uma influência marcante na comercialização do

produto final (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

Industrialmente, o suco de maçã é extraído por prensagem. As frutas passam

por moagem em moinho de facas ou martelos, com o objetivo de diminuir o tamanho para

que a etapa seguinte, prensagem, seja mais efetiva. Esta redução de tamanho, tem como

pressuposto fundamental a manutenção da estrutura tissular, a fim de que, quando o

material estiver sendo prensado, o suco possa percolar através do material ralado, que

passa a atuar também como filtro. Nesta etapa são criadas condições para o escurecimento

enzimático do produto. A prensagem é realizada em prensas horizontais e/ou de esteira,

muito usadas devido ao seu bom desempenho industrial (WOSIACKI; NOGUEIRA,

2010).

O suco obtido por prensagem contém polissacarídeos, substâncias pécticas e

amidos, macromoléculas solúveis em água, de comportamento reológico característico,

responsáveis pela redução do fluxo do suco, problemas na filtração e desenvolvimento de

incrustações nos equipamentos. Além disso, estes polissacarídeos podem causar problemas

durante a etapa de concentração do suco (BENITEZ; GENOVESE; LOZANO, 2007;

WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). A pectina, presente naturalmente na maçã, tem como

característica, a capacidade de formar gel, quando em meio ácido, presença de açúcar e

temperatura. O que pode causar problemas durante os processos térmicos pelo qual a

bebida passa pois, mesmo em baixas concentrações, a pectina já pode formar soluções

altamente viscosas (KILARA, 1982; BOBBIO; BOBBIO, 1992). O suco natural possui

cerca de 12° Brix a 20°C, a presença de substâncias pécticas dificulta a concentração até o

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Brix desejado, ou seja, até aproximadamente 70°Brix, pois ocorre geleificação da pectina

(BLUMENTHAL, 2000; ALKORTA et al. 1998 citados por SINGH; GUPTA, 2003)

A pectina e o amido também são os polissacarídeos responsáveis pela

ocorrência da turbidez, outra razão pela qual devem ser removidos para assegurar a

limpidez quando se deseja um suco cristalino. Além disso, as proteínas e os polifenóis

presentes no suco, isolados ou em associação, também estão relacionados a turvação, pois

promovem a produção de uma “névoa” no suco e formação de sedimentos pós-clarificação.

Essas proteínas tem pequena massa molecular, 16000-24000 Daltons e possuem alto ponto

isoelétrico (pH 5,2-8,0) (NAGE, 1993 citado por PETRUS, 1997).

Após extração, os sucos são constituídos por um sistema coloidal bastante

complexo, contendo moléculas em solução verdadeira e em suspensão com diferentes

tamanhos. As partículas menores permanecem na solução, graças a repulsão de suas cargas

e estabilização coloidal. Já as partículas maiores, sedimentam com o tempo (PETRUS,

1997). As partículas suspensas numa solução estão sujeitas a diferentes tipos de forças

(DOHERTY; RACKEMANN, 2009 citado por FERREIRA, 2012), as principais estão

descritas a seguir:

Repulsão eletrostática: ocorre entre as partículas de mesma carga, tendendo a

mantê-las afastadas. Situação comum entre as pequenas partículas dispersas no

suco de maçã.

Força da gravidade: separa as partículas de acordo com a densidade, com as

partículas mais densas se movendo em direção ao fundo dos decantadores. Ocorre

com as partículas maiores em suspensão na bebida.

Forças de van der Waals: tendem a atrair as partículas suspensas, uma em direção à

outra;

Forças Brownianas: são dependentes da temperatura, conferindo movimento às

partículas coloidais através da colisão entre as partículas em suspensão no meio.

Em volta das partículas em uma solução existe uma dupla camada elétrica. Na

primeira camada estão os íons fixos à superfície da partícula em suspensão e na segunda

camada, estão os contra-íons em solução. Quando as partículas de uma solução possuem a

mesma carga elétrica ocorre repulsão (CENTRO DE TECNOLOGIA COPERSUCAR,

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[s.d.] citado por FERREIRA, 2012) (Figura 1.2). Devido à adsorção de íons às suas

superfícies, as partículas dispersas no suco encontram-se carregadas negativamente

(YAMASAKI et al. 1964; ENDO 1965). Dessa forma, as partículas de pectina retardam a

agregação, impedindo a aproximação das partículas para a formação de ligações de

hidrogênio ou interações dipolares eficazes (VAN BUREN 1989 citado por LOZANO;

GENOVESE, 2005). Ou seja, ocorre a repulsão eletrostática das partículas (SIMPSON,

1996 citado por FERREIRA, 2012), o que favorece a turbidez no suco.

Figura 1.2 - Modelo elétrico da camada dupla de uma superfície de partícula com carga

negativa. Fonte: CHAO (2006) citado por HAMERSKI (2009).

Esta concentração de cargas forma um campo elétrico e estabelece uma

diferença de potencial que varia linearmente na dupla camada e assintoticamente na

camada difusa, sendo esta última variação o que chamamos de potencial zeta (CENTRO

DE TECNOLOGIA COPERSUCAR, [s.d.] citado por FERREIRA, 2012).

O potencial zeta é uma medida em função da natureza da superfície da

partícula e da composição da fase dispersa (pH, força iônica e concentração de íons

específicos e polieletrólito) (MCCLEMENTS, 1999). Para uma clarificação bem sucedida,

normalmente, a carga das partículas deve ser neutralizada, possibilitando a ocorrência de

floculação e sedimentação (SIMPSON, 1996 citado por FERREIRA, 2012).

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Tabela 1.1 - Relação entre estabilidade de suspensões coloidais e o potencial Zeta (mV).

Características de estabilidade Potencial Zeta médio (mV)

Máxima aglomeração e precipitação +3 a zero

Excelente aglomeração e precipitação -1 a -4

Aglomeração e precipitação razoáveis -5 a -10

Fronteira de aglomeração (aglomerados de

2 a 10 coloides)

-11 a -20

Patamar de pouca estabilidade (poucos

aglomerados)

-21 a -30

Estabilidade moderada -31 a -40

Boa estabilidade -41 a -50

Estabilidade muito boa -51 a -60

Excelente estabilidade -61 a -80

Estabilidade máxima -81 a -100

Fonte: CENTRO DE TECNOLOGIA COPERSUCAR, [s.d.] citado por FERREIRA

(2012)

Por meio da medida do potencial zeta é possível verificar a estabilidade de um

sistema coloidal, sendo portanto, um bom meio para checar as forças de repulsão entre as

partículas. Quando as partículas possuem um alto potencial zeta (Tabela 1.1), positivo ou

negativo, tendem a se repelir umas das outras, o que aumenta a dispersão. Por outro lado,

quando as partículas possuem baixos valores de potencial zeta, a força repulsiva líquida

para impedir que as partículas se juntem é fraca ou nula (MCCLEMENTS, 1999),

ocorrendo a floculação.

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O potencial zeta de um suco de maçã é em torno de -9 mv, significando que a

estabilidade da solução tende a aglomerações e precipitações razoáveis (CENTRO DE

TECNOLOGIA COPERSUCAR, [s.d.] citado por FERREIRA, 2012).

O processo convencional de clarificação de suco de maçã inclui várias etapas,

que visam facilitar a interação entre as partículas do suco para posterior remoção. O

processo pode ser dividido em três etapas principais (PETRUS, 1997; CHERYAN, 1998;

WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010), podendo ser usado em associação para melhores

resultados:

1ª etapa - Processos bioquímicos, também chamados de despectinização ou

aplicação de enzimas, tais como pectinases, amilases, celulases, arabanases,

para hidrólise de pectina, celulose e amido.

2ª etapa - Processos químicos, ou acabamento: aplicação de agentes de

acabamento/ refino, tais como gelatina, terra diatomácea, para remoção de

coloides.

3ª etapa - Processos físicos e polimento/refino: por meio de decantação,

centrifugação e da filtração, última etapa do processo de clarificação, que

remove o agente de acabamento com os sólidos em suspensão, partículas

coloidais e proteínas. As etapas serão detalhadas nos subtópicos 1.3.1; 1.3.2

e 1.3.3.

1.3.1 Despectinização ou Tratamento Enzimático

O processo de despectinização envolve a aplicação de enzimas comerciais,

geralmente um blend de pectinases, poligalactorunase, celulase e pectinaliase que

hidrolisa, as substâncias pécticas (SORRIVAS et al., 2006). As pectinases são um conjunto

de enzimas pectinolíticas (poligalacturonase – PG, pectinametilesterase – PME), obtidas a

partir de micro-organismos, principalmente de Aspergillus niger (do CANTO, 1995).

Enzimas amilolíticas, como a amilase e amiloglucosidade também são normalmente

adicionadas na etapa de despectinização para hidrólise do amido (STOKÉ, 1998).

As substâncias pécticas constituem um conjunto de moléculas com

características glicídicas que se apresentam com peso molecular elevado, classificando-se

como hidrocoloides (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). A pectina nada mais é que, um

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constituinte da parede celular de vegetais, é o principal componente da lamela média, que

une as células entre si, um polissacarídeo ramificado, que tem como função reter água a

fim de tornar o meio ao seu redor gelatinizado.

No pH natural do suco de maçã a molécula de pectina apresenta tanto carga

negativa quanto positiva por possuir um núcleo (proteína-carboidrato) com cargas positivas

(SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006). Sua presença é revelada por depósitos no

suco, pela formação de complexos com polifenóis oxidados, gerando aparência

desagradável e pouco aceita comercialmente (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). A

despectinização pode reduzir a consistência em 50% ou mais (WOSIACKI; NOGUEIRA,

2010), e uma consistência mais baixa favorece o fluxo permeado do suco de maçã durante

as demais etapas, por exemplo filtração (HE; JI; LI, 2007). Além disso, durante

tratamentos térmicos, a pectina tende a geleificar, o que dificulta a concentração.

O processo de despectinização envolve duas reações importantes, a redução do

tamanho das substâncias pécticas e, consequentemente, a descaracterização dos

polissacarídeos como substâncias coloidais (OLIVEIRA et al., 2006). A hidrólise da

pectina expõe parte das cargas positivas e aumenta a interação com outras partículas do

suco (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006).

Sorrivas e Genovese (2006) explicam as reações que ocorrem com a

despectinização. De acordo com os autores, o tratamento enzimático aumenta o número de

partículas menores que 0,5 micrometros, além disso, destroi as fibras de pectina

responsáveis por ligações entre as partículas. Inicialmente, a despectinização promove

agregação das partículas de turbidez, pois as pectinas insolúveis formam uma capa de

proteção em torno das proteínas em suspensão (LOZANO, 2003). No entanto, depois que a

pectina é totalmente hidrolisada, as estruturas agregadas que surgiram, colapsam,

aumentando o número das pequenas partículas, resultando no aumento da turbidez, o que

explica a necessidade de outras etapas de clarificação, que complementem a

despectinização (SORRIVAS; GENOVESE, 2005). A Figura 1.3 apresenta imagens

microscópicas de partículas de pectina antes e após o tratamento enzimático.

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Figura 1.3 a) Suco de maçã sem tratamento enzimático. b) Suco de mação após tratamento

enzimático. Sendo p, fibras de pectina; e v, vesículas.

Fonte: SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006.

1.3.2 Acabamento

Após a despectinização, as substâncias pécticas ainda em suspensão e os

polifenóis impedem que o suco se apresente claro e brilhante, havendo ainda a necessidade

da retirada de materiais poliméricos. Este processo é conhecido como acabamento ou

finning (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

O principal agente coadjuvante utilizado no acabamento de suco de maçã é a

gelatina, que apresenta cargas positivas no pH natural do suco (STOCKÉ, 1998), logo, a

adição de gelatina ao suco despectinizado tem a função de desestabilizar o sistema por

meio de interações eletrostáticas entre as moléculas remanescentes de pectina e os

compostos fenólicos, com consequente floculação e sedimentação por gravidade. O uso

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isolado pode levar ao hiper-refino, que ocorre quando a turvação é causada pelo excesso de

agente de clarificação (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

O mercado oferece alternativas para acabamento do suco, pois na maioria dos

casos, o acabamento só é satisfatório com o uso combinado de agentes de clarificação. Por

isso, a gelatina também é empregada em conjunto com outros coadjuvantes, por exemplo,

sílica sol, bentonita ou com sílica sol + bentonita, entre outros. A associação da gelatina a

outros agentes é importante porque resíduos de proteínas também promovem turbidez,

mesmo que tardia (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

A sílica sol se trata de soluções coloidais de ácido silícico contendo água, sua

turvação posterior pode ocorrer, pois poucos compostos fenólicos são adsorvidos. Se

estabilizada em meio ácido pode ser usada isoladamente. É negativamente carregada, em

função do pH dos sucos, em consequência disso, ocorre agregação com colóides

carregados positivamente, levando a floculação. A bentonita é um material argiloso

composto de silicato contendo metais, como ferro, alumínio e manganês, o que permite o

seu papel de trocador de íons, com proteínas carregadas positivamente. O caolim também é

uma argila e contém alumínio em sua estrutura, atua por meio de troca iônica, porém é

menos eficaz que a bentonita (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). Além disso, a bentonita,

o polivinilpolipirrolidona (PVPP) e o carvão ativo são utilizados para eliminar polifenóis

em sucos de frutas (KWANG-SUP et al., 2004). Estes compostos eliminam todos os

polifenóis do meio, sendo que a gelatina elimina apenas os que mostram reatividade, razão

pela qual tem sido o principal agente clarificante utilizado na indústria de sucos.

A etapa de acabamento é um processo complexo. A aplicação dos agentes de

refino é um problema na clarificação, pois a concentração ideal de gelatina pode variar,

dependendo das características do suco, teor de polifenóis, da pectina e amido em

suspensão. A dose de gelatina ou bentonita a ser adicionada normalmente é definida por

meio de tentativa e erro. Dessa forma, testes laboratoriais são realizados, uma série de

tubos com suco despectinizado recebe diferentes concentrações dos agentes de acabamento

em quantidades crescentes e a dose que em menos tempo promover compactação dos

flocos e maior transparência no suco será a concentração utilizada no lote de suco

(BENITEZ; GENOVESE; LOZANO, 2006)

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1.3.3 Polimento

A filtração é a última etapa do processo de clarificação do suco de maçã e tem

a função de eliminar partículas remanescentes do acabamento. Com uma filtração mal

conduzida pode ocorrer precipitação ao longo da vida de prateleira.

Nos últimos anos, a tecnologia de membranas vem sendo aplicada em escala

industrial no processo de clarificação de suco de maçã (PETRUS, 1997), devido a

eficiência e rendimento (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). Em alguns casos, o uso de

membranas dispensa as etapas anteriores da clarificação, e, em outros, há utilização de

enzimas no pré-tratamento para os processos de separação por membranas, o que vem

apresentando respostas positivas nos fluxos de permeado, mas ainda precisam ser mais

exploradas (STOFFEL; MOREIRA, 2013).

Alguns benefícios da utilização da ultrafiltração para clarificação de sucos

incluem um produto final altamente clarificado, livre de sólidos suspensos e sedimentos,

além da retenção de enzimas responsáveis pelo escurecimento enzimático (GIRARD;

FUKUMOTO 2000).

No entanto, sem a etapa de acabamento, os polifenóis não se ligam a proteínas

e passam com o permeado pelas membranas, o que promove turbidez tardia, durante a vida

de prateleira do suco, principalmente em suco que serão concentrados (PETRUS, 1997).

1.4 Sementes de Moringa oleifera Lamark

A Moringa oleifera Lamark é uma árvore que pertence à família Moringaceae,

a espécie mais difundida dentre as 14 mais conhecidas. A ocorrência natural dessa planta

se estende da Arábia à Índia (RANGEL, 2007; CYSNE, 2006), sendo a Índia o maior

produtor, com uma produção anual de 1,1 a 1,3 milhões de toneladas de frutos

(RAJANGAM, 2001). Por possuir elevada capacidade de adaptação a condições climáticas

e também a solos, seu cultivo vem se espalhando por outras regiões do mundo.

A Moringa oleifera Lamark foi introduzida no Brasil por volta de 1950 na

região nordeste, nos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará (RANGEL, 2007; CYSNE,

2006). A produção de moringa pode chegar a 25 toneladas de vagem por hectare plantado,

no nordeste brasileiro (SILVA et al., 2010).

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O cultivo de Moringa se deve principalmente à possibilidade de usar folhas e

frutos como alimento (KHALAFALLA et al., 2010). O fruto é uma vagem de três faces

com grande número de sementes (PATERNIANI et al., 2009). As sementes são pequenas e

a produção anual é dividida em três níveis, baixo – 2000 sementes/planta, médio - 8000

sementes/planta e elevado 24000 sementes/planta. As variações na produtividade ocorrem

de acordo com clima, disponibilidade de água e manejos com a planta (JAHN, 1986).

As sementes são escuras por fora (casca) e possuem em seu interior uma massa

esbranquiçada e oleosa com diâmetro de aproximadamente 1 cm (Figura 1.4), com alto

teor de proteínas e lipídios (NDABIGENGESERE et al.,1995), além de vitamina A, com

teor que supera hortaliças tradicionais como o brócolis, cenoura, couve, espinafre e alface

(LORENZO; MATOS, 2002; RANGEL, 2007).

Figura 1.4 - a) Sementes de Moringa oleifera Lamark com casca. b) Semente de Moringa

oleifera Lamark descascadas.

As raízes, folhas e frutos têm aplicação alimentícia, medicinal e industrial

(RICHTER et al., 2003; MENDIETA-ARAICA et al., 2011). O óleo vem sendo utilizado

em aplicações industriais, como na produção de cosméticos, lubrificantes de máquinas e

óleo de cozinha (FERREIRA et al., 2008).

No entanto, o que vem chamando mais atenção há alguns anos, é a utilização

das sementes de moringa no tratamento de águas de abastecimento e de efluentes

(RANGEL et al., 2007). A descoberta do uso das sementes para a purificação de água, a

um custo menor que do tratamento químico convencional, tem sido uma alternativa

(SILVA, 2005 citado por MADRONA, 2010) para regiões isoladas ou em zona rural

(NRC, 2006).

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1.5 Moringa oleifera Lamark como agente clarificante de águas

As propriedades coagulantes das sementes de Moringa vem sendo estudadas

desde os anos 1970 (JAHN; DIRAR, 1979). No Brasil, o uso dessas sementes como

coagulante no tratamento de água iniciou-se em 1996, por meio da visita de uma

pesquisadora ao nordeste do país, Dra. Samia Al Azharia Jahn, que na época já trabalhava

com o coagulante da semente há pelo menos 20 anos (GERDES, 1996). Desde então, as

pesquisas com as sementes de moringa focam no tratamento de água e efluentes, remoção

de turbidez, cor, micro-organismos, minerais e metais (MADSEN et al., 1987; KARADI et

al., 2006; HEREDIA et al., 2009; MADRONA, 2010; PRITCHARD, et al., 2010).

Atualmente há diversos trabalhos que comprovam a efetividade das sementes

de moringa como agente coagulante em água. Matos et al. (2007) indicaram o extrato das

sementes para o tratamento de água residuária do despolpamento de café. Madsen et al.

(1987) aplicaram a semente em água e concluíram que houve redução da turbidez e

também de bactérias. Vieira et al. (2010) concluíram que as sementes são efetivas no

tratamento de água residuária de laticínios, um tratamento de baixo custo. Diante disso,

vários outros estudos também buscam por informações sobre o mecanismo de ação das

sementes.

Segundo Ndabigengesere et al. (1995), as sementes possuem um composto

ativo que atua em sistemas de partículas coloidais, neutralizando cargas e formando pontes

entre estas partículas, sendo este processo responsável pela formação de flocos e

consequente sedimentação, deixando a água mais límpida, promovendo redução

microbiana e do teor de sais (KARADI et al., 2006; MADRONA, 2010).

A ação clarificante ocorre devido à presença de uma proteína catiônica de alto

peso molecular, que desestabiliza e agrega micro-organismos e partículas coloidais de

carga superficial negativa (GHEBREMICHAEL et al., 2005; ARANTES, 2010;

MADRONA, 2010). Jahn (1988) descreveu o agente clarificante como polipeptídios com

alto peso molecular, seis polipeptídios foram identificados, sendo composto principalmente

por ácido glutâmico, prolina, metionina e argenina. Gassenschmidt et al. (1995) isolaram e

caracterizaram a proteína da moringa e constataram que a massa molecular da proteína é de

cerca de 6,5 kDa e que possui ponto isoelétrico entre pH 10 e 11. Pela análise de

aminoácidos e sequenciamento, observaram altos teores de glutamina, arginina, prolina e

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um total de 60 resíduos. Já Ndabigengesere et al. (1995) observaram, por meio de diálise,

que a proteína capaz de realizar a purificação de água apresenta peso molecular entre 12 e

14 kDa. Segundo Broin et al., (2002) há alta concentração de glutamina de alta densidade

(23%), o que favorece a floculação devido a ponte de hidrogênio entre as partículas.

Folkard et al. (1989) identificaram o componente ativo como um polieletrólito,

que neste caso, não atua apenas por meio de neutralização de cargas. Podem ter interação

com predominância física, atuando por adsorção (OKUDA et al. 2001). Os polieletrólitos

agem principalmente por meio de fenômenos físicos, tais como, varredura, adsorção e por

meio de formação de pontes com as partículas em suspensão, seguido de sedimentação.

Estas interações não promovem, necessariamente, neutralização das cargas (Di

BERNARDO; DANTAS, 2005).

Há outras evidências, que afirmam que o responsável pela ação coagulante da

moringa seja na verdade um composto amídico. As sementes de moringa possuem 8 a 10%

de glicosinolatos, tiossacarídeos naturais (GUEYRARD et al., 2000)

Independentemente do tipo de coagulante utilizado, as principais operações

unitárias do tratamento de água são compostas por coagulação, responsável pela

desestabilização das cargas negativas da superfície das partículas; floculação, que promove

interação entre as partículas para a formação de flocos, seguido de sedimentação e filtração

(GUIMAR; NASCIMENTO, 2014). Segundo Pritchard et al. (2010), as impurezas

dispersas na água, responsáveis pela turvação, possuem diferentes diâmetros, e carga

elétrica negativa, gerando repulsão entre elas. As partículas acima do diâmetro crítico,

sedimentam por gravidade, as menores permanecem em suspensão e em repulsão. A adição

de um coagulante com carga elétrica positiva na água promove compressão da camada

dupla e, assim, a neutralização do potencial eletrostático da superfície das partículas. Tal

reação permite o contato entre as partículas remanescentes, formando os flocos maiores,

que se sedimentam por gravidade.

Diante disso, o polímero presente na semente de moringa atuaria como um

agente coagulante orgânico. Com potencial para substituir o sulfato de alumínio na

clarificação de água (LÉDO et al., 2009), tendo como vantagens à biodegradabilidade,

baixa toxicidade e baixo índice de produção de lodo residual (MADRONA, 2010). Além

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disso, ao contrário do sulfato de alumínio, não altera significativamente o pH e a

condutividade de águas após o tratamento (NDABIGENGESERE et al., 1995).

Para avaliar o potencial clarificante das sementes em água e efluentes sob

diferentes condições, o componente ativo vem sendo extraído de diversas formas, tais

como, extração em água, em soluções salina, com e sem o óleo das sementes (JAHN,

1988; GASSEN et al., 1990; GASSENSCHMIDT et al., 1991; NDABIGENGESERE et

al., 1995; ALI, 2010; OKUDA et al., 2010).

Extratos de sementes de moringa preparados em meio salino (NaCl)

apresentaram um maior percentual de remoção de turbidez em água (98%) do que os

preparados em meio aquoso (90,4%). O que é explicado pela presença dos íons da solução

salina que auxiliam na desestabilização do coloide na etapa de coagulação e que,

consequentemente, aumentam a atividade coagulante (SANTOS et al., 2011).

A influência dos parâmetros de pH e temperatura na atuação das proteínas de

sementes de Moringa oleifera Lam na purificação de água foram estudados por Pritchard

et al. (2010), que constataram atuação mais eficiente do coagulante em pH de 6,5. O

estudo concluiu que, condições alcalinas são mais favoráveis que as condições ácidas e que

temperaturas menores que 15º C dificultam o processo.

Os autores também constataram que, a ação do princípio ativo das sementes de

moringa pode diminuir ou se perder após a colheita. Após 18 meses de armazenamento a

atuação das sementes no tratamento de água apresentou um declínio, piorando com 24

meses (PRITCHARD et al., 2010). Borba (2001) afirma que a má conservação das

sementes é responsável pela degradação de sua proteína coagulante, ocasionada por

reações enzimáticas. E, se armazenadas entre 3-28 °C, por até um mês, ainda apresenta boa

atividade (KATAYON et al., 2006). A temperatura e a umidade relativa são os principais

fatores que influenciam na qualidade fisiológica de sementes, especialmente no vigor,

durante o armazenamento, ambos influenciam na velocidade de processos bioquímicos

(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Sendo assim, as condições ideais para conservação

de sementes são aquelas em que as atividades metabólicas são reduzidas ao mínimo,

mantendo-se a baixa umidade relativa e temperatura no ambiente de armazenamento

(PEDROSA et al., 1999).

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1.6 Sementes de Moringa oleifera Lamark como agente alternativo na clarificação

de suco de maçã

A clarificação do suco de maçã pode ser realizada por diferentes métodos

(GIRARD; FUKUMOTO, 1999; MONDOR; GIRARD; MORESOLI, 2000; SINGH;

GUPTA, 2004; TAJCHAKAVIT; BOYE; COUTURE, 2001). A clarificação convencional

do suco de maçã se resume em coagulação, floculação, sedimentação e filtração

(WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). As mesmas operações unitárias que envolvem o

processo de tratamento de água e efluentes (GUIMAR; NASCIMENTO, 2014). No

entanto, para o suco, tradicionalmente, realiza-se um tratamento enzimático, seguido de

acabamento com gelatina, uma proteína catiônica, combinada a outros coadjuvantes

(STOCKÉ, 1998 citado por BENITEZ; GENOVESE; LOZANO, 2007), responsáveis pela

coagulação e floculação. As semelhanças entre os processos de clarificação do suco e de

tratamento de água, bem como entre o mecanismo de ação da gelatina e das sementes de

moringa sugerem que as sementes também poderiam ser aplicadas como agente

clarificante em suco de maçã.

O processo convencional de clarificação do suco vem sendo substituído pela

filtração por membranas(ALVAREZ et al., 1998). No entanto, a clarificação por

ultrafiltração não remove os polifenóis reativos, que são precursores de haze, permitindo a

turvação tardia (haze) durante a vida de prateleira do suco. As demais alternativas de

agentes de acabamento, bentonita, polivinilpolipirrolidone (PVPP) e carvão ativado,

eliminam os polifenóis. Enquanto a gelatina remove apenas os fenóis reativos (SIEBERT;

LYNN, 1997). Por essa razão, a gelatina continua sendo utilizada com frequência pela

indústria de sucos (BENITEZ; GENOVESE; LOZANO, 2007).

A gelatina interage com as partículas de polissacarídeos, por meio de

interações eletrostáticas entre as cargas positivas da gelatina e as cargas negativas das

partículas em suspensão no suco (WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010). O que aumenta o

tamanho das partículas (floculação), com consequente decantação por gravidade. Além de

interagir com partículas de pectina, ocorre também interação com as proteínas e com

polifenóis, resultando na remoção destes precursores de haze/névoa (BENITEZ;

GENOVESE; LOZANO, 2007).

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Cabe ressaltar que, as propriedades benéficas dos polifenóis são características

dos compostos fenólicos de baixo peso molecular, pois são de fácil absorção, transporte e

metabolização no organismo, ou seja biodisponíveis. Já os polifenóis de alto peso

molecular, aqueles responsáveis pela turvação no suco, cervejas e outras bebidas, são mais

difíceis de serem absorvidos devido à sua dimensão e devido à sua capacidade de interagir

com proteínas, permanecendo, formando complexos de grandes dimensões com as

proteínas, o que reduz a biodisponibilidade (HAGERMAN 2001; SKOPEC et al. 2004

citado por CARVALHO, 2007; SHIMADA 2006).

Os taninos e as antocianinas do suco são apontados como as maiores fontes de

pontes de hidrogênio, que são base para formação do complexo entre a gelatina e os fenóis.

Estes polifenóis são os responsáveis pelo maior consumo de gelatina durante o acabamento

do suco de maçã (BENITEZ; GENOVESE; LOZANO, 2007). Os compostos fenólicos de

maior peso molecular, que possuem capacidade de interagir com proteínas são os taninos

(WHITE 1956; BATE-SMITH et al. 1962; HASLAM 1998 citados por CARVALHO,

2007).

Estudos apontam o grande conteúdo de prolina presente na gelatina como o

promotor da atividade floculante, pois a prolina é um importante sítio de ligação com

polifenóis, ocorrendo precipitação da gelatina com os taninos do suco (WOSIACKI;

NOGUEIRA, 2010), dessa forma, após acabamento, quase um terço dos flavonóis são

perdidos (SPANOS et al, 1990).

O núcleo do polifenol tem uma estrutura molecular favorável à interação com

proteínas: Apresenta zonas apolares, como o anel benzénico, que podem interagir com

zonas apolares das proteínas, por exemplo, cadeias laterais de aminoácidos de alanina,

leucina, isoleucina, prolina, etc (CARVALHO, 2007). Também possuem zonas

hidrofílicas, como os grupos hidroxila, que podem participar em ligações de hidrogênio

com os grupos carbonila e amina da proteína (CARVALHO, 2007). Dessa forma, a

interação proteína-tanino pode envolver interações hidrofóbicas e ligações de hidrogênio

(HASLAM 1996), sendo as ligações iônicas menos importantes, pois os polifenóis

praticamente não apresentam grupos carregados a valores de pH neutros e ácidos (OH et

al. 1980; VERNHET et al. 1996).

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A interação entre as proteínas da gelatina e os taninos do suco apresenta um

mecanismo específico, que pode ser influenciado por fatores estruturais e composição tanto

da proteína, quanto do polifenol, tipo de ligação e condições do meio (solvente), tais como

pH, temperatura e concentração de cada (CARVALHO, 2007). Baxter et al. (1997)

sugerem que os resíduos de prolina, além de servirem como local de ligação, ajudam a

manter o peptídeo numa conformação aberta e por isso com uma maior exposição de locais

de ligação aos taninos comparativamente a proteínas com uma estrutura mais compacta e

globular.

A primeira definição fitoquímica do tanino foi realizada no ano de 1962 como

“todos os compostos fenólicos solúveis em água, com um peso molecular situado entre 500

e 3000 Da, cujas principais propriedades, além das reações características dos compostos

fenólicos são a de formarem complexos insolúveis com os alcaloides, gelatina e outras

proteínas” (BATE-SMITH et al. 1962 citado por CARVALHO, 2007).

Diante disso, o coagulante das sementes de moringa pode ser uma opção para

clarificação de suco de maçã, melhor ainda, uma alternativa para remoção dos precursores

de turbidez tardia. Pois, assim como a gelatina, as proteínas endógenas da semente

possuem aminoácidos que são importantes sítio de ligação e interação com polifenóis

reativos. Comparando-se a composição aminoacídica da gelatina e da proteína da semente

de moringa, observamos a presença dos aminoácidos arginina, prolina, glicina e alanina na

gelatina e de glutamina, arginina, prolina nas semente de moringa (GASSENSCHMIDT et

al., 1995). A arginina e o ácido glutâmico são os mais abundantes na semente,

representando 12% e 25%, respectivamente, do total de resíduos da proteína presente na

semente de moringa (GASSENSCHMIDT et al., 1995).

Além da prolina, que possui um importante sítio de ligação com os polifenóis,

estudos também verificaram importantes interações dos polifenóis com a arginina,

carregada positivamente (CHARLTON et al., 2002), ambas presentes na gelatina e na

semente de moringa. Além disso, a alta densidade dos resíduos de glutamina, presente na

semente, favorecem a floculação por meio de pontes de hidrogênio com as partículas no

meio (BROIN et al., 2002).

Segundo Charlton et al. (2002), a capacidade dos polifenóis se ligarem a

proteínas pode ser ainda maior, uma vez que um único polifenol pode se ligar a mais de um

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ponto da cadeia peptídica de uma mesma molécula de proteína ou poder ligar a duas ou

mais moléculas diferentes simultaneamente. Além disso, os polifenóis também são capazes

de se ligar a outros polifenóis, mesmo enquanto estão associados a proteínas (BAXTER et

al. 1997). Já as proteínas, podem se enrolar em volta do polifenol (JOBSTL et al. 2006).

Essas interações podem promover a formação de agregados, seguido de precipitação.

Além disso, estudos apontam maior efetividade da moringa em soluções de alta

turbidez, sendo por isso, bastante indicada como pré-tratamento ou como clarificante

primário (KATAYON et al., 2006). O suco de maçã possui turbidez alta, dependendo do

método de extração do suco e da maturação do fruto.

Diante do exposto, é provável que a semente de moringa apresente um

mecanismo de clarificação semelhante ao da gelatina quando aplicado em sucos de frutas.

Tanto em relação a interação entre proteínas e polifenóis, quanto entre proteínas e

substâncias pécticas, por meio de interação eletrostática.

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1.7 Objetivos

O objetivo geral do trabalho foi verificar o potencial clarificante de extrato de

semente de Moringa oleifera Lamark como agente clarificante em suco de maçã e foi

subdividido em quatro objetivos específicos:

i. Verificar o potencial clarificante de diferentes tipos de extrato de

semente de M. oleifera Lamark como agente clarificante em suco de

maçã.

ii. Determinar o impacto do extrato de sementes de M. oleifera Lamark

como agente clarificante em suco de maçã por meio da otimização das

condições de processo e compará-lo ao coadjuvante convencional

gelatina bovina.

iii. Verificar o impacto do extrato de sementes de M. oleifera Lamark no

teor de compostos fenólicos, na filtração, sedimentação e formação de

lodo e compará-lo ao coadjuvante convencional.

iv. Avaliar sensorialmente a aceitação do suco de maçã clarificado com

extrato de moringa e por tratamentos convencionais, bem como os

atributos que impactam na aceitação e o potencial discriminativo dos

consumidores para limpidez de suco de maçã.

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1.8 Referências bibliográficas

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2 CAPÍTULO 2 - ENSAIOS PRELIMINARES: DETERMINAÇÃO DO

POTENCIAL CLARIFICANTE DE EXTRATO AQUOSO E SALINO DE

SEMENTE DE Moringa oleifera Lamark EM SUCO DE MAÇÃ

LIMA, D.C.N.; SCHMIDT, F.L.

Este capítulo será submetido à revista “Food Science And Technology

International”

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Resumo

Este trabalho verificou o potencial clarificante de extratos de semente de Moringa oleifera

Lamark em suco de maçã. As sementes foram beneficiadas e liofilizadas para maior

conservação, então foram obtidos seus extratos salinos (NaCl - 0,1M e 0,3M) e aquoso, os

quais foram utilizados como clarificantes em suco de maçã. As concentrações de extrato

utilizadas foram 0,5 e 2,0 mL.L-1. O extrato mais eficaz foi o extrato de moringa 0,1M, que

promoveu maior transmitância no suco. Quando o extrato foi aplicado após tratamento

enzimático, também promoveu melhoria da transmitância. O potencial zeta do suco

apresentou uma pequena diferença apenas quando o extrato foi aplicado após tratamento

enzimático. A distribuição do tamanho de partículas foi mais variada para o suco in natura

e apresentou menor variação e menores partículas para o suco clarificado com extrato de

moringa 0,1M, corroborado pelo resultado das micrografias ópticas.

Palavras-chave: polieletrólitos, floculação, clarificação, suco de frutas, pectina.

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2.1 Introdução

O potencial clarificante das sementes de Moringa oleifera Lamark vem sendo

estudado desde os anos 1970 no tratamento de água (JAHN; DIRAR, 1979). Estas

sementes promovem a redução da turbidez e de sais em água e são apontadas como

clarificante primário. A grande vantagem da aplicação das sementes de moringa como

clarificante é sua origem natural, biodegradável, ou seja, não gera resíduos químicos

(SILVA; MATOS, 2008; AMAGLOH; BENANG, 2009).

Este coagulante vegetal possui significativa vantagem se comparado aos

coagulantes químicos usualmente empregados no tratamento de água, por exemplo, o

alumínio (SUTHERLAND et al., 1990; AMAGLOH; BENANG, 2009), pois não altera o

pH e a condutividade da água, reduzindo custos com produtos químicos para ajuste de pH.

Além disso, o volume de lodo gerado é menor, se comparado ao alumínio, podendo ser

descartado sem problemas (KATAYON et al., 2006; BHATIA, et al., 2007)

O método de extração deste coagulante vem sendo investigado e alguns

estudos utilizaram solução salina com cloreto de sódio (NaCl), cloreto de potássio (KCl)

ou apenas solução aquosa, e constataram que, além da concentração utilizada, o potencial

clarificante pode variar com o tipo de extrato (OKUDA et al., 2001). Okuda et al. (2001)

isolaram e purificaram o componente ativo das sementes de Moringa oleifera utilizando

solução salina. Os componentes ativos encontrados na extração salina e com água foram

diferentes, a eficiência de extração com solução salina foi superior à realizada com água. A

capacidade coagulante está relacionada às proteínas da semente ou a polieletrólitos

catiônicos que interagem com as partículas suspensas na água (NDABIGENGESERE et

al., 1995; VAZ, 2009). A reação ocorre numa ampla faixa de pH, entre 4,0 e 12,0

(BORBA, 2001), o que abre caminhos para maior exploração dessas sementes como

clarificante também em outras matrizes, como por exemplo, em sucos de frutas.

Quando o assunto é clarificação de sucos de frutas, o suco de maçã é o

principal representante. Pois possui turbidez elevada após a extração, gerando

sedimentação ao longo da vida de prateleira, problemas tecnológicos durante sua

concentração e na aceitação sensorial do produto (BENITEZ; GENOVESE; LOZANO,

2007; WOSIACKI; NOGUEIRA, 2010).

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61

No processo convencional de clarificação de suco, além do tratamento

enzimático, utiliza-se agentes de acabamento (ex. gelatina bovina), responsáveis pela

remoção das partículas em suspensão e também dos taninos (NEUBECK, 1959; STOCKÉ,

1998), que não são removidos na etapa posterior de filtração e podem promover turbidez

tardia. Os agentes de acabamento atuam principalmente por interações eletrostáticas

(OSZMIANSKI; WOJDYLO, 2007), ou seja, partículas de pectina carregadas

negativamente interagem com as cargas positivas das proteínas da gelatina. Essa interação

é a coagulação seguida da formação de flocos e da sedimentação. Resultando em um

produto mais claro e também com consistência que viabiliza a filtração (VARNAM;

SUTHERLAND, 1994).

Sabendo do grande potencial das sementes de moringa como agente

clarificante e considerando a necessidade de investigar o comportamento como agente

clarificante em outras matrizes, o objetivo deste trabalho foi verificar o potencial

clarificante de extrato salino e de extrato aquoso de semente de Moringa oleífera Lamark

em suco de maçã.

2.2 Material e métodos

O suco de maçã foi obtido por meio de extrator doméstico (Juicer Wallita).

Foram utilizadas maçãs, variedade Fuji, adquiridas no comércio local (Campinas, São

Paulo). O suco foi utilizado em suas condições naturais, pH 3,7, 14,8°Brix, 0,19% de ácido

málico e ratio de 77,8.

As sementes de Moringa oleifera Lamark foram colhidas em Campinas – SP

(22°49’S, 47°03’37O). A enzima pectinolítica utilizada industrialmente na despectinização

do suco de maçã foi fornecida pela Novozymes® (Pectinex Ultra Clear,

≥3,800 unidades/mL, pectinase produzida por Aspergillus aculeatus, preparação

enzimática, que contém pectinatranseliminase, poligalacturonase e pectinaesterase).

2.2.1 Processamento e composição das sementes de Moringa oleifera Lam.

As sementes de Moringa oleifera Lamark foram descascadas manualmente. O

óleo das sementes (33,28%) (MADRONA, 2010) foi removido por meio de prensagem (4

ton, Prensa Charlott). A torta obtida foi triturada em moinho (Ika, A10) e misturada a água

deionizada (5%, m/m, 100 RPM/30 min) baseado em Ndabigengesere & Narasiah (1998).

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Esta solução foi filtrada a vácuo (papel de filtro, Qualy), e o permeado foi liofilizado por

44 horas, 0,12 mbar, T = - 40 ºC (main drying) e 4 hours, 2,5 mbar, T = -10 ºC (final

drying) (Christ Lyophilizer - Alpha 2-4 LD Plus) (Figura 2.1). O material liofilizado foi

denominado de extrato bruto liofilizado, posteriormente utilizado na preparação dos

extratos clarificantes utilizados neste estudo (Item 2.2.2).

Figura 2.1 - Processamento da semente de Moringa oleifera Lamarck para produção de

extratos clarificantes: a) Sementes com casca. b) Sementes descascadas. c) Torta obtida

após prensagem. d) Extrato bruto liofilizado.

A torta obtida da prensagem das sementes também foi utilizada na análise de

composição da semente. Dessa forma, triturou-se a torta em moinho (Ika, modeloA10) e

verificou-se o de teor proteínas pelo método Kjeldahl (AOAC 2006), lipídeos pelo método

Bligh Dyer (CECCHI, 2003), cinzas, umidade (AOAC 2006) e carboidratos (por

diferença).

2.2.2 Elaboração dos extratos clarificantes

A partir do extrato bruto liofilizado (Item 2.2.1), foram elaborados diferentes

extratos. Homogeneizou-se o extrato bruto liofilizado a diferentes soluções salinas (0,1 M;

0,3 M) e também solução aquosa na proporção de 1% (m/m) à temperatura ambiente (25

°C ± 2°C). O preparo dos extratos clarificantes iniciou-se 30 min antes do início do

processo de clarificação. Os extratos permaneceram em homogeneização, por meio de

agitador magnético, durante o experimento de clarificação (100 RPM).

Extrato Moringa 0,1Molar (“EXT.0,1M”): Solução composta por água

deionizada, cloreto de sódio (0,1M) e extrato bruto liofilizado da sementes

de moringa na proporção de 1% (m/m).

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Extrato Moringa 0,3Molar (“EXT.0,3M”): Solução composta por água

deionizada, cloreto de sódio (0,3M) e extrato bruto liofilizado de sementes

de moringa na proporção de 1% (m/m).

Extrato Moringa Aquoso (“EXT.AQUOSO”): Solução composta por água

deionizada e extrato bruto liofilizado de sementes de moringa na proporção

de 1% (m/m).

As concentrações e o sal utilizado para extração foram definidas com base em

estudos anteriores. Okuda et al. (2001) e Santos et al., (2011) indicaram o cloreto de sódio

(NaCl) para o extrato de semente de moringa. A literatura, sugere extração com solução

salina até 1 Molar para tratamento de água (OKUDA et al., 2000 e NKURUNZIZA et al.

2009).

2.2.3 Potencial dos extratos clarificantes como agente de clarificação no suco de

maçã

Primeiramente, o suco de maçã foi extraído (extrator Juicer Wallita) e

transferido para erlenmyers (500 mL), onde aplicou-se 0,03 mL.L-1 da enzima. Os

erlemyers permaneceram em banho maria à 45°C, durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL

et al., 2015) para reação enzimática.

Após o tratamento enzimático, aplicou-se os extratos clarificantes em duas

concentrações, 0,5 e 2 mL.L-1 (equivale a 0,005 e 0,02g de extrato bruto liofilizado por

litro de suco), adaptado de Pritchard et al. (2010). Cada extrato (0,1M e 0,3M) foi aplicado

e o suco homogeneizado (100 RPM) até formação de pequenos flocos. Em seguida, o suco

foi transferido para provetas volumétricas, onde ocorreu a floculação e sedimentação dos

flocos. O sobrenadante foi coletado após 40 min de sedimentação, adaptado de Ferreira

(2012) e a transmitância foi verificada por meio da leitura em espectrofotômetro

(Beckman, DU-70, EUA) a 546nm, luz UV/Visível, expresso em % (ALBUQUERQUE,

2009; KEMPKA, et al. 2013). A Figura 2.2 ilustra o processo de clarificação.

O extrato que promoveu maior transmitância no suco, desejável sensorialmente

(ALBERT et al., 2012; SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006), foi selecionado para

ser utilizado posteriormente como agente de acabamento em suco de maçã.

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Figura 2.2 - Tratamento enzimático seguido de acabamento do suco de maçã: a) Extração

do suco. b) Tratamento enzimático. c) Suco durante o tratamento enzimático. d)

Sedimentação dos flocos no suco. e) Sobrenadante do suco após sedimentação completa.

2.2.3.1 Potencial zeta dos extratos e do suco de maçã

Sabe-se que o mecanismo de floculação envolve interações eletrostáticas, por

essa razão realizou-se a leitura da carga elétrica de superfície dos extratos e das amostras

de suco (não clarificado e clarificado). A leitura da carga elétrica de superfície foi realizada

em equipamento Zetasizer modelo Nano-Z (Malvern Instruments, Malvern,

Worcestershire, Reino Unido) e os resultados expressos em mV (milivolts).

2.2.4 Distribuição e tamanho de partícula no suco de maçã

A distribuição de tamanho de partículas foi verificada no suco não clarificado e

após clarificação, por meio de pelo espalhamento de luz utilizando-se um difratômetro a

laser (Mastersizer 2000, Malvern Instruments, Worcestershire, Inglaterra, unidade de

amostragem Hydro 2000S, Malvern Instruments, Worcestershire, Inglaterra) com índice

refrativo do dispersante de 1,330, zero de índice refrativo de absorbância e agitação de

1750 rpm. A amostra foi adicionada lentamente em água destilada até obscuração de

aproximadamente 10 ser obtida.

2.2.4.1 Microscopia óptica do suco de maçã

Uma gota de água destilada foi colocada em uma lâmina seguida de uma gota

da amostra de suco de maçã (não clarificado e clarificado) e de uma lamínula. As

observações microscópicas foram realizadas em microscópio óptico JENAVAL (Carl

Zeiss, Toronto, Canadá) equipado com uma câmera de vídeo e com aumento de 250x. A

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captação das imagens foi realizada por meio do Software EDN-2 – Microscopy Image

Processing System.

2.2.5 Análise estatística

Os processos e as análises foram realizadas em triplicata. Os resultados foram

analisados por Análise de Variância (ANOVA) e teste de Tukey para determinar as

diferenças para p<0,05 por meio do software STATISTICA 7.0 (StatiSoft, Inc., Tulsa,

Okla, EUA).

2.3 Resultados e discussão

2.3.1 Processamento e composição das sementes de Moringa oleifera Lam.

Segundo estudos realizados com água, a ação clarificante das sementes de

moringa, se deve as proteínas naturais da semente (ARANTES, 2010; MADRONA, 2010).

Pois o óleo presente nas sementes interfere negativamente no potencial clarificante, logo,

recomenda-se sua prévia remoção (ALVES, 2010).

A prensagem para extração do óleo e obtenção da torta das sementes

apresentou rendimento de 62,57% de semente desengordurada em base úmida. A torta

obtida foi utilizada como principal matéria-prima para elaboração do extrato bruto

liofilizado de semente de moringa, com rendimento de aproximadamente 30%. Optou-se

pela elaboração do extrato bruto liofilizado para manter a qualidade do material, pois as

sementes têm seu potencial clarificante reduzido após colheita e armazenamento

prolongado (MADRONA, 2010). Além disso, o processo de produção do extrato bruto

liofilizado reduz resíduos e fibras presentes nas películas que recobrem a semente.

A semente de moringa, após prensagem, apresentou 52,9% (± 0,41) de

proteínas, 4,9% de cinzas (± 0,1), 7,9% de umidade, 3,8% (± 0,9) de lipídios (± 0,1) e

30,5% de carboidrato (por diferença). A composição, principalmente em relação ao teor de

proteína e de óleo, varia bastante, conforme manejo e região de cultivo, o que pode

influenciar na sua eficiência nos processos de coagulação e floculação em tratamentos de

água (MADRONA, 2010).

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2.3.2 Potencial dos extratos clarificantes como agente de clarificação no suco de

maçã

O coagulante presente na semente de Moringa oleifera Lamark pode ser

extraído em água e em solução de cloreto de sódio (ANWAR et al., 2007). De acordo com

Okuda et al. (2001), o tipo de extrato da semente de Moringa oleifera Lamark influencia

na sua capacidade clarificante de águas. Os autores avaliaram o potencial clarificante do

extrato com NaCl, KCl, KNO3, NaNO3 e observaram que o extrato com NaCl teve

capacidade 7,4 vezes maior do que em água. Partindo deste princípio, verificou-se o

potencial dos extratos aquoso e salinos em suco de maçã.

Diversos estudos sugerem concentrações ideais para clarificação de água, mas

já foi constatado que a turbidez inicial, pH, temperatura e até armazenamento das sementes

influenciam no potencial clarificante (PRITCHARD et al., 2010; MADRONA, 2010).

Ndabbigengesere e Narasiah (1995) indicaram concentrações de 0,5 a 1 mg.L-1 como

eficazes para clarificação de águas turvas. Outros já sugerem concentrações maiores de

extrato, que equivalem a 0,025 a 0,30 g.L-1 (MADRONA, 2010), enquanto Pritchard et al.

(2010) indica 0,03 a 0,05g.L-1 para água com turbidez entre 40 e 200 NTU. No presente

estudo baixas concentrações do extrato apenas para observar o efeito que os extratos

causariam no suco de maçã, que pode chegar a até 270 NTU, dependendo do tipo de

extração.

As concentrações utilizadas no presente estudo foram 0,5 e 2 ml.L-1, o que

equivale a 0,005 e 0,02g de extrato bruto liofilizado por litro de suco. A Figura 2.3

apresenta os resultados obtidos para o suco clarificado apenas com os extratos de semente

de moringa.

Os extratos 0,1M e 0,3M (EXT. 0,1M e 0,3 M) foram mais efetivos na

remoção de turbidez do suco em relação ao EXT. AQUOSO, 2 mL.L-1 do extrato salino

0,1M promoveu transmitância 5 vezes maior quando comparado ao suco sem clarificação.

Este resultado está de acordo com o estudo de Okuda et al. (1999), que constatou melhor

atuação do extrato salino no tratamento de água.

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67

Figura 2.3 - Transmitância (T%, 456nm) do suco de maçã não clarificado e após

clarificação com extratos de semente de moringa.

Com base neste resultado, o EXT. 0,1M foi o selecionado para os demais testes

do estudo. Diante disso, o EXT. 0,1M foi selecionado como agente de acabamento no

suco, ou seja, aplicação após tratamento enzimático (Figura 2.4).

d

d

c

,d

a

d

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68

Figura 2.4 - Transmitância do suco de maçã despectinizado, seguido de acabamento com

Ext. 0,1M

O suco clarificado (ENZIMA + EXT. 0,1M) apresentou transmitância 9 vezes

maior que o suco não clarificado. Comparando os resultados obtidos com o suco

clarificado apenas com EXT. 0,1M (Figura 2.3) e clarificado com tratamento enzimático

seguido do EXT. 0,1M (Figura 2.4), observamos que, o extrato tem potencial clarificante,

pois em ambos os casos a clarificação impactou positivamente na transmitância do produto

(p<0,05).

2.3.3 Potencial zeta dos extratos e do suco de maçã

O potencial zeta dos extratos “EXT. 0,1M”, “EXT.0,3M” e “EXT. AQUOSO”

foi de +1,6 mV (±0,27), +1.11 mv (± 0,2) e +3,16 mv (± 0,4), respectivamente. A diferença

entre eles se deu devido a concentração de NaCl, que cada um possui.

O potencial zeta do suco clarificado apenas com os extratos não apresentou

alteração, todas as amostras permaneceram com valores estatisticamente iguais ao suco in

natura, em torno de -9,93 mv. Já a clarificação, com tratamento enzimático, seguida de

acabamento com EXT. 0,1M, promoveu uma pequena alteração do potencial zeta, de -9,93

mv para -8,24 mv. Valores que se enquadram em aglomerações e precipitações razoáveis

(CTC, s.d.), potencial zeta comum para suco de maçã (SORRIVAS et al., 2005).

No pH natural do suco, a pectina possui cargas negativas em predominância.

As pectinases degradam a molécula de pectina, por desesterificação ou desmetoxilação e

por meio da hidrólise das ligações glicosídicas entre os resíduos de ácido galacturônico

(UENOJO; PASTORE, 2007). A ação enzimática expõe parte das suas cargas positivas, o

que reduz a repulsão entre as moléculas, e, além disso, pode favorecer a reação entre as

partículas e entre os polímeros dos extratos, promovendo floculação e sedimentação. Estas

reações podem alterar o potencial zeta. No entanto, uma floculação ótima é possível

quando se reduz o potencial zeta a zero (ponto isoelétrico), removendo a resistência à

aglomeração das partículas (SIMPSON, 1996 citado por FERREIRA, 2014), o que não é

comum para clarificação de suco.

Segundo Davino (1976) o mecanismo de coagulação/floculação provocado

pelo polímero existente na polpa da semente de Moringa oleifera Lam assemelha-se ao

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mecanismo provocado pelos polieletrólitos. Ou seja, não há, necessariamente, reações de

neutralização entre o coagulante e a água para formar complexos gelatinosos, como ocorre

com os coagulantes derivados de sais de alumínio e ferro. Isso ocorre porque esses

polieletrólitos são constituídos de complexos de grandes cadeias moleculares, que

apresentam sítios com cargas positivas ou negativas. Assim, esse tipo de

coagulação/floculação praticamente independe da alcalinidade da água, pode ocorrer numa

grande faixa de valores de pH, entre 4,0 e 12,0 (BORBA, 2001).

2.3.4 Distribuição e tamanho de partículas do suco de maçã

A Figura 2.5 representa a distribuição do tamanho de partículas dispersas em

um suco não clarificado (in natura) e em um suco clarificado com extrato de moringa

0,1M. Observamos variação do diâmetro das partículas na amostra in natura, uma curva

bimodal, ou seja, cada pico representa tamanhos de partículas diferentes predominantes

numa mesma amostra.

Figura 2.5 - Distribuição do tamanho de partículas de suco de maçã in natura e após

clarificação com extrato 0,1M.

Os valores da Figura 2.5 representam a distribuição em porcentagem das

partículas, sendo que o somatório de todos os tamanhos de partículas encontrados na

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amostra equivalem a 100%. Logo, esses dados não apresentam a quantidade de partículas,

mas sim sua contribuição na solução.

Após aplicação do extrato ocorre redução da % de partículas maiores, restando

ainda, partículas menores (até 100 µm) em suspensão no suco, representada pela curva

referente ao EXT. 0,1M, com menor variação de tamanhos de partículas. Isso porque, o

uso do extrato como agente de clarificação, promoveu floculação e sedimentação dos

flocos grandes, o que aumentou a proporção (%) das partículas menores na solução.

Os colóides em suspensão no suco são basicamente formados por

polissacarídeos, tais como pectinas e amido, contendo moléculas em solução verdadeira e

partículas em suspensão, e costumam variar, principalmente, entre 0,1 e 100 µm

(PETRUS, 1997). Partículas maiores que 100 µm, consideradas acima do diâmetro crítico,

podem sedimentar rapidamente devido a aglomeração (PETRUS, 1997), e outras menores,

geralmente possuem carga elétrica negativa e não podem ser suficientemente removidas

por simples sedimentação, são cercadas por uma dupla camada elétrica, evitando o contato

entre si, sendo necessária outras intervenções tecnológicas, como a filtração.

2.3.5 Microscopia óptica

A Figura 2.6 mostra a microscopia óptica do suco de maçã não clarificado e

clarificado com extrato 0,1M e ilustra a mudança no aspecto do suco de maçã clarificado,

após aplicação do extrato. É possível observar a menor concentração de partículas e

ausência de regiões gelatinosas.

Figura 2.6 - Microscopia óptica do suco de maçã: a) Suco in natura b) Suco clarificado de

maçã.

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2.4 Conclusões

O Extrato salino de semente de moringa (0,1M) foi o mais efetivo na clarificação

de suco de maçã.

O tratamento enzimático, seguido de acabamento com o extrato 0,1M, colaborou

para melhoria da transmitância do suco.

O extrato 0,1M promoveu redução das partículas em suspensão, restando ainda uma

porcentagem de partículas menores em suspensão, corroborado pelo resultado das

micrografias ópticas.

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caldo de cana-de-açúcar: avaliação da influência da temperatura e da pressão

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3 CAPÍTULO 3 - CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ: OTIMIZAÇÃO DAS

CONDIÇÕES PARA CLARIFICAÇÃO COM EXTRATO DE SEMENTES DE

MORINGA E IMPACTO DA CLARIFICAÇÃO NOS PARÂMETROS DE

QUALIDADE DO SUCO

LIMA, D.C.N.; KORMANN, G.C.; SCHMIDT, F.L.

Este capítulo será submetido à revista “Journal of Cleaner Production”

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Resumo

Este trabalho avaliou o impacto do extrato de moringa como agente clarificante nos

parâmetros transmitância, pH, acidez total titulável, sólidos solúveis totais, ratio e

parâmetros de cor de suco de maçã. Para isso, realizou-se um delineamento composto

central rotacional 22 (DCCR), tendo como variáveis independentes a concentração de

enzima e a concentração de extrato de moringa. Realizou-se também DCCR 22 utilizando

enzima e a gelatina como agente de acabamento, para comparar o impacto do método

convencional a um método alternativo. Os resultados mostraram que o extrato de moringa

foi eficaz, promoveu melhoria significativa no suco, alcançando transmitância de até

79%, sem a necessidade de tratamento enzimático prévio. Além disso, reduziu a

coloração avermelhada e não alterou os demais parâmetros de qualidade. Resultados

semelhantes foram obtidos para o delineamento realizado com gelatina, exceto para o

parâmetro transmitância e cor.

Palavras-chave: floculação, polieletrólitos, transmitância, suco, coadjuvante alternativo

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3.1 Introdução

O suco de maçã é tipicamente consumido como suco clarificado em diversos

países, como o Japão, Estados Unidos da América e vários países europeus (TETIK et al.,

2012).

Dois dos maiores problemas de estabilidade do suco de maçã são o

escurecimento e a turbidez (GIRARD; FUKUMOTO, 1999), causados pela oxidação dos

compostos fenólicos e por partículas de pectina em suspensão no suco (ALBERT et al.,

2012), impactando diretamente na aparência e na aceitação do produto (GIRARD;

FUKUMOTO, 1999). Este fato faz do processo de clarificação uma etapa essencial na

tecnologia de suco de maçã (GIRARD; FUKUMOTO, 1999).

No entanto, a clarificação do suco de maçã vai além das questões sensoriais. A

pectina presente naturalmente na maçã pode causar problemas durante a concentração do

suco, etapa comum na produção de suco clarificado de maçã. Isso porque, durante

processos térmicos a pectina geleifica, o que traz complicações ao processo. Em baixas

concentrações, já podem formar soluções altamente consistentes, pois tem a capacidade de

formar gel em meio ácido, na presença de açúcar e temperatura. (KILARA, 1982;

BOBBIO; BOBBIO, 1992). Durante o processamento de sucos, a pectina resulta em

aumento da consistência, dificultando a filtração e rendimento (MAHLER, 1997).

O suco de maçã na sua forma natural possui sólidos solúveis totais entre 12-13

°Brix a temperatura ambiente (BLUMENTHAL, 2000), valor este, que pode ser maior

conforme variedade e maturação da fruta. Após concentração do suco, o Brix deve

alcançar aproximadamente 70 °Brix. Porém, a geleificação da pectina impede a

concentração até o Brix desejável (BLUMENTHAL, 2000).

Para reduzir estes problemas, há diferentes alternativas utilizadas pelas

indústrias, tais como, filtração por membranas (GIRARD; FUKUMOTO, 1999;

MONDOR; GIRARD; MORESOLI, 2000); tratamento enzimático (despectinização)

(ALBERT et al., 2012), processo que envolve o uso de diferentes enzimas comerciais

(pectinases, poligalactorunase, celulases), responsáveis pela hidrólise de substâncias

pecticas (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006) e de cellulose (UENOJO;

PASTORE, 2007); e a aplicação de agentes de acabamento, tais como gelatina, bentonita,

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sílica sol, polyvinylpyrrolidone (PVPP) ou a combinação destes (ALBERT et al., 2012;

SINGH; GUPTA, 2004; TAJCHAKAVIT; BOYE; COUTURE, 2001).

A gelatina tem sido o principal agente de acabamento utilizado pelas indústrias

de suco (CARVALHO et al., 2011), pois remove os polifenóis reativos presentes no suco

(KWANG-SUP et al., 2004), responsáveis pelo desenvolvimento de turbidez tardia,

durante a vida de prateleira (PETRUS, 1997), enquanto que, os demais métodos podem

eliminar todos os polifenóis (KWANG-SUP et al., 2004). No entanto, o uso de um

coadjuvante de origem animal é uma barreira para um novo nicho do mercado, os

consumidores vegetarianos e veganos. Além das questões religiosas, tais como, budistas,

judeus e mulçumanos, que consideram produtos de origem bovina e suína como originados

de animais sagrados ou impuros (PORTAL BRASIL, 2011).

A opção tem sido o uso de ultrafiltração ou adsorção por PVPP, mas são

métodos caros e de difícil recuperação (ALBERT et al., 2012). E, além disso, não

removem os polifenóis reativos presentes no suco (PETRUS, 1997). Sendo assim, a busca

por coadjuvantes de baixo custo, naturais e de origem vegetal como alternativa se faz

necessária.

Dentre os materiais de origem vegetal estudados como agente de clarificação,

as sementes de Moringa oleifera Lamark vem se destacando no tratamento de águas

residuais e salobras, contribuindo na separação de partículas em suspensão. Isso porque, as

sementes possuem polímeros naturais, identificados como proteínas catiônicas

(GASSENSCHMIDT et al., 1995; KWAAMBWA; MAIKOKERA, 2007), que interagem

com as partículas suspensas na água, por meio de interação eletrostática, promovendo

sedimentação do material em suspensão (AKHTAR et al, 2007; PRASAD, 2009;

PRITCHARD et al., 2010; SÁNCHEZ-MARTÍN et al., 2010). Além disso, as sementes

são biodegradáveis e não tóxicas (BERGER, 1884; BICHI; PH, 2013). A aplicação

tecnológica destas sementes pode gerar desenvolvimento rural, como também, para

produção familiar e de tecnologias sustentáveis e mais limpas.

A aplicação das sementes de Moringa no tratamento de água tem sido estudada

por diversos pesquisadores (AKHTAR et al., 2007; PRASAD, 2009; PRITCHARD et al.,

2010; SÁNCHEZ-MARTÍN; GHEBREMICHAEL; BELTRÁN-HEREDIA, 2010), no

entanto, são escassos os estudos que apliquem as sementes como coadjuvante de

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clarificação em produtos alimentícios. Diante disso, o objetivo deste estudo foi verificar o

impacto do extrato de sementes de M. oleifera Lamark como agente clarificante em suco

de maçã por meio da otimização das condições de processo e compará-lo ao coadjuvante

convencional gelatina.

3.2 Material e métodos

O suco de maçã foi obtido por extrator doméstico (Juicer Wallita). Foram

utilizadas maçãs, variedade Fuji (Malus Communis), adquiridas no comércio local

(Campinas, São Paulo). O suco foi utilizado em suas condições naturais, pH 3,6, 13,4°Brix,

0,3% de ácido málico e ratio de 42.

A enzima pectinolítica utilizada industrialmente na despectinização do suco de

maçã foi fornecida pela Novozymes® (Pectinex Ultra Clear, ≥ 3,800 unidades/mL,

pectinase produzida por Aspergillus aculeatus, preparação enzimática, que contém

pectinatranseliminase, poligalacturonase e pectinaesterase). Para o acabamento

convencional do suco, utilizou-se gelatina bovina (Gelita, 120 bloom). As sementes de

Moringa oleifera Lamark, utilizadas no preparo do extrato clarificante, foram colhidas em

Campinas – SP (22°49’S, 47°03’37O).

3.2.1 Preparação dos coadjuvantes de clarificação

3.2.1.1 Extrato de Moringa

As sementes de Moringa oleifera Lamark foram descascadas manualmente em

seguida prensadas (4 ton, Prensa Charlott) com o objetivo de remover o óleo das sementes.

O óleo extraído foi descartado e a torta obtida foi triturada em moinho (Ika, A10) para

obtenção de um material fino e de granulometria homogênea. A torta triturada foi

misturada à água deionizada (5%, m/m, 100 RPM/30 min) baseado em Ndabigengesere &

Narasiah (1998). Esta solução foi filtrada a vácuo (papel de filtro, Qualy) e o permeado foi

liofilizado por 44 horas, 0,12 mbar, T = - 40 ºC (main drying) e 4 hours, 2,5 mbar, T = -10

ºC (final drying) (Christ Lyophilizer - Alpha 2-4 LD Plus) (Figura 2.1). O material

liofilizado foi denominado de extrato bruto liofilizado, posteriormente utilizado na

preparação do extrato clarificante.

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83

A partir do extrato bruto liofilizado, foi elaborado o extrato de moringa 0,1M.

Para isso, homogeneizou-se o extrato bruto liofilizado a solução de cloreto de sódio (0,1

M) na proporção de 1% (m/m) à temperatura ambiente (25 °C ± 2°C). O preparo do extrato

de moringa 0,1M iniciou-se 30 min antes do processo de clarificação. O extrato

permaneceu em homogeneização, por meio de agitador magnético, durante experimento de

clarificação (100 RPM).

3.2.1.2 Solução de gelatina

A solução foi preparada com a finalidade de diluir a gelatina em pó (Gelita,

120 bloom) e facilitar a aplicação no suco. Dessa forma, 2,5 g de gelatina bovina foram

homogeneizadas em 50 g de água deionizada a 40°C. Permanecendo em homogeneização,

por meio de agitador magnético, durante experimento de clarificação (100 RPM).

3.2.2 Otimização das condições de processo para clarificação de suco de maçã

Com a finalidade de estudar o impacto do extrato de moringa na clarificação do

suco de maçã, bem como a atuação da enzima no processo, realizou-se um delineamento

composto central rotacional para duas variáveis independentes (DCCR 22). A concentração

de enzima ( ) e a concentração do extrato de moringa ( ) foram as variáveis

independentes, gerando 11 ensaios. Três repetições do ponto central e as validações foram

realizadas (RODRIGUES; IEMMA 2009).

Primeiramente, o suco de maçã foi extraído (BJuicer Wallita) e transferido

para erlenmyers (500 mL), onde aplicou-se as respectivas concentrações de enzima

determinadas pelo delineamento. Os erlemyers permaneceram em banho maria à 45°C,

durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015). Passado o tempo de reação da

enzima, as amostras foram resfriadas em banho maria até alcançar temperatura ambiente

(25ºC ± 2 ºC), para adição do agente de acabamento (ext. de moringa ou gelatina) (100

RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para as provetas para floculação e

sedimentação, onde permaneceram por 40 min, adaptado de Ferreira (2012). Após o tempo

de sedimentação, o sobrenadante foi coletado e transferido para tubos falcon, para posterior

análise.

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A concentração estudada de enzima ( ) foi de 0 a 0,03 mL.L-1 indicado por

Pimentel et al. (2015). A concentração do extrato de moringa ( ) foi de 0 a 75 mL.L-1. A

concentração mínima e máxima do extrato de moringa foi definida com base em ensaios

preliminares e na literatura (MADRONA, 2010; PRITCHARD et al., 2010). A Tabela 3.1

mostra os valores codificados e valores reais das variáveis independentes.

Tabela 3.1 - Valores codificados e valores reais do DCCR 22 em função da concentração

de enzima e de extrato de moringa.

Valores codificados Valores reais

Ensaio

Enzima

(mL-1)

Ext. de

Moringa

(mL-1)

1 -1 -1 0,004 10,9

2 1 -1 0,02 10,9

3 -1 1 0,004 64,09

4 1 1 0,02 64,09

5 -1,41 0 0,00 37,5

6 +1,41 0 0,03 37,5

7 0 -1,41 0,015 0,0

8 0 +1,41 0,015 75,0

9 0 0 0,015 37,5

10 0 0 0,015 37,5

11 0 0 0,015 37,5

Com o objetivo de comparar a efetividade do extrato de moringa a um processo

convencional utilizado industrialmente, um delineamento foi realizado, porém, tendo como

agente de acabamento a gelatina bovina. Dessa forma, um DCCR 22 foi realizado tendo

como variáveis independentes a concentração de enzima ( ) e a concentração de gelatina

( ). A concentração de enzima ( ) variou de 0 a 0,03 mL.L-1 e a concentração da gelatina

( ) foi de 0 a 1,0 mL.L-1 indicado por Pimentel et al. (2015). A Tabela 3.2 mostra os

valores codificados e valores reais das variáveis independentes.

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Tabela 3.2 - Valores codificados e valores reais do DCCR 22 em função da concentração

de enzima e de gelatina.

Valores codificados Valores reais

Ensaio

Enzima

(mL-1)

Gelatina

(mL-1)

1 -1 -1 0,004 0,14

2 1 -1 0,02 0,14

3 -1 1 0,004 0,85

4 1 1 0,02 0,85

5 -1,41 0 0,00 0,2

6 +1,41 0 0,03 0,2

7 0 -1,41 0,015 0,0

8 0 +1,41 0,015 1,0

9 0 0 0,015 0,5

10 0 0 0,015 0,5

11 0 0 0,015 0,5

Além da transmitância e da cor, os sólidos solúveis totais, a acidez total

titulável e o ratio também são parâmetros comerciais e tecnológicos de interesse e definem

o valor comercial do suco de maçã. Por essa razão, as respostas para o DCCR 22, variáveis

dependentes (Y), foram a transmitância (T%), para verificar limpidez do suco, pH, sólidos

solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), ratio e os parâmetros de cor ,

para verificar se o processo promove alterações na coloração.

3.2.2.1 Variáveis dependentes ou respostas

Após o processo de clarificação e o tempo de sedimentação de 40 min

(adaptado de Ferreira, 2012), o sobrenadante do suco foi coletado e transferido para tubos

falcon, para posterior análise de transmitância (%), sólidos solúveis totais, acidez total

titulável, pH e cor.

A transmitância (%) foi realizada por meio de leitura em espectrofotômetro

(Beckman, DU-70, EUA) a 546 nm UV/Visível expresso em % (ALBUQUERQUE, 2009;

KEMPKA, et al. 2013). Os sólidos solúveis totais foram verificados em refratômetro

digital (Hanna Instruments, HI 96801, EUA), expresso em °Brix a 25ºC (±2). A acidez

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total titulável foi verificada por titulação de suco de maçã com NaOH 0,1N, expresso em

% de ácido málico. O ratio é a razão entre TSS/ATT, importante parâmetro de qualidade

comercial do suco (AOAC, 2006). O pH foi verificado por potenciômetro (AOAC, 2006).

Os parâmetros de cor ( ) foram verificados em espectrofotômetro (Hunter Lab,

UltraScan PRO, EUA), utilizando o iluminante primário D65, as leituras foram expressas

como (luminosidade), (vermelho ± verde) e (amarelo ± azul).

3.2.2.2 Análise Estatística do DCCR2

Utilizou-se a metodologia de superfície de resposta para analisar os dados

obtidos no delineamento por meio do software STATISTICA 7.0 (StatiSoft, Inc., Tulsa,

Okla, EUA) e Protimiza Experimental Design. O modelo matemático descrito na Equação

1 foi utilizado para as respostas e a Superfície de Resposta foi construída (p<0,05).

Sendo, a resposta da variável; , e são coeficiente de regressão da

constante, linear, quadrática, e interação dos termos de regressão, respectivamente;

são os valores codificados das variáveis independentes (RODRIGUES; IEMMA 2009).

3.3 Resultados e discussão

3.3.1 Transmitância do suco de maçã em função da concentração de enzima e de

extrato de moringa e em função da concentração de enzima e de gelatina

Os ensaios do DCCR 22 tiveram como objetivo verificar o impacto da enzima,

do extrato de moringa e da associação na redução da turbidez do suco de maçã. Para efeito

de comparação, o mesmo foi estudado aplicando-se enzima e gelatina, coadjuvantes

utilizados pela indústria.

A Tabela 3.3 apresenta os resultados de transmitância obtidos no delineamento

enzima versus ext. moringa. A transmitância do suco de maçã variou de 37,27% a 79,33%.

A menor transmitância foi obtida quando não houve adição de extrato de moringa, maior

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transmitância foi obtida quando houve adição apenas de extrato de moringa. Dessa forma,

é possível afirmar que o extrato impactou positivamente na transmitância do suco, mesmo

sem a etapa de tratamento enzimático.

A análise de regressão (Tabela 3.4) mostrou que, nas condições estudadas, a

enzima e a interação enzima e extrato de moringa não foram significativas

para melhoria da transmitância do suco de maçã. Ou seja, não impactaram na transmitância

do suco. Apenas o extrato de moringa promoveu aumento da transmitância do suco de

maçã (p<0,05).

Tabela 3.3 - Planejamento fatorial e repostas para as variáveis enzima x ext. de moringa.

Ensaio

T%

(Enzima

x Ext.

Moringa)

1 -1 -1 49,11

2 1 -1 52,31

3 -1 1 71,26

4 1 1 68,79

5 -1,41 0 79,33

6 +1,41 0 69,35

7 0 -1,41 37,27

8 0 +1,41 67,31

9 0 0 68,53

10 0 0 70,98

11 0 0 75,64

A condição ótima do delineamento foi de 37 a 60 mL.L-1 do extrato de moringa

ou seja 0.37 a 0.6g de extrato bruto liofilizado por litro de suco. A concentração ideal de

extrato de moringa está de acordo com outros estudos que utilizaram as sementes de

moringa no tratamento de água (MADRONA, 2010). Segundo Paterniani et al. (2015) a

concentração do coagulante deve ser proporcional à turbidez da água bruta a ser tratada,

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isto é, quanto maior a turbidez, mais concentrada deve ser a solução coagulante a ser

aplicada. Sendo assim considerando que a turbidez do suco varia com o lote da fruta e com

o tipo de extração realizada, é possível que as concentrações ideais necessárias para

clarificação da bebida também mudem.

O modelo matemático obtido (Equação 2), foi reparametrizado, ou seja os

termos não significativos foram eliminados do modelo e incorporados aos resíduos, para

obtenção de um modelo mais simples.

Tabela 3.4 - Análise de Regressão para transmitância em função da concentração de

enzima x concentração de extrato de moringa para a transmitância de suco de maçã.

Fatores T(%)

Média 71,72

Conc. de enzima (L) -1,67

P-valor 0,27

Conc. ext. moringa (L) 10,14

P-valor 0,0007*

Conc. de enzima 0,57

P-valor 0,73

Conc. ext. moringa -10,45

P-valor 0,0013*

Conc. de enzima x Conc. ext. moringa -1,42

P-valor 0,49

A análise de variância (ANOVA) para transmitância em função da

concentração de enzima e do extrato de moringa (Tabela 3.5) apresentou um coeficiente de

correlação de 93,53%. O F calculado da regressão 12,95 vezes maior que o F tabelado, ou

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seja, significativo, além do F calculado dos resíduos < que F tabelado. Indicando ajuste

adequado dos dados experimentais (RODRIGUES; IEMMA 2009).

Tabela 3.5 - Análise de variância em função da concentração de enzima x concentração de

extrato de moringa para a transmitância de suco de maçã.

Fontes de Variação

Soma de

Quadrados

Graus de

Liberdade

Quadrados

Médios F calc

p-valor

Regressão 1519,5 2 759,8 57,8 0,00002

Resíduos 105,2 8 13,1

Falta de ajuste 79,1 6 13,2 1,0 0,574

Erro puro 26,1 2 13,0

Total 1624,7 10

= 93.53%; Ftab 95%; 2; 8 = 4.46

A Tabela 3.6 e a Figura 3.1 apresentam os resultados experimentais versus os

resultados previstos pelo modelo ajustado e erros de ajuste e relativos. Sendo possível

observar boa concordância entre os resultados experimentais e os previstos, com baixos

valores para erros de ajuste e erros relativos.

Tabela 3.6 - Valores de transmitância experimentais, previstos pelo modelo e desvios para

o DCCR 22.

Valores codificados e reais

Resultado

Experimental

(T%)

Resultado

previsto

(T%)

*Erro de

ajuste

**Erro

Relativo

(%)

Ensaio

Enzima

Ext.

Moringa

1 -1 -1 0,004 10,9 49,11 51,5 -2,06 -4,2

2 1 -1 0,02 10,9 52,31 51,5 1,13 2,16

3 -1 1 0,004 64,09 71,26 71,78 -0,66 -0,93

4 1 1 0,02 64,09 68,79 71,78 -3,13 -4,5

5 -1,41 0 0,00 37,5 79,33 72,26 7,8 9,93

6 +1,41 0 0,03 37,5 69,35 72,26 -2,1 -3,03

7 0 -1,41 0,015 0,0 37,27 36,67 0,13 0,34

8 0 +1,41 0,015 75,0 67,31 65,36 0,92 1,36

9 0 0 0,015 37,5 68,53 72,26 -2,9 -4,3

10 0 0 0,015 37,5 70,98 72,26 -0,4 -0,66

11 0 0 0,015 37,5 75,64 72,26 4,18 5,53

*Erro de Ajuste = Resultado experimental – Resultado previsto. **Erro Relativo = [(Resultado experimental – Resultado previsto)/ (

Resultado experimental)]*100

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Figura 3.1 - Valores experimentais da Transmitância em função dos valores previstos pelo

modelo ajustado (concentração de enzima x do extrato de moringa).

Diante disso, foi possível construir a Superfície de Resposta e curvas de

contorno para transmitância em função da concentração de enzima x do extrato de moringa

(Figura 3.2).

Figura 3.2 - Curvas de contorno e Superfície de Resposta para resposta Transmitância

(T%) em função da concentração de enzima x concentração do extrato de moringa.

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A Figura 3.2 mostra que, apenas o extrato de moringa impactou na melhoria da

transmitância do suco de maçã, com efeito quadrático negativo para concentração do

extrato de moringa, ou seja, acima de determinada concentração do extrato, o suco não

apresentou melhoria na transmitância, ocorrendo processo inverso. Tal efeito é muito

comum quando utiliza-se polieletrólitos na clarificação, pois quando utilizados em

quantidade superior ao ideal, ocorre adsorção ou adsorção secundária das partículas,

promovendo nova estabilização, o que não favorece a sedimentação (DI BERNARDO;

DANTAS, 2005).

Micro partículas dispersas numa solução encontram-se carregadas

negativamente, devido a adsorção de íons, promovendo uma repulsão eletrostática natural,

o que impede qualquer coagulação espontânea (CTC, s.d; SIMPSON, 1996 citado por

FERREIRA, 2014). No suco natural de maçã, a pectina apresenta cargas negativas em sua

superfície (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006), promovendo a formação do

sistema coloidal com partículas em suspensão e, consequentemente, confere maior

turbidez. Nesta situação, o polieletrólito age favorecendo a aproximação das partículas,

entrelaçando as partículas de pectina às demais partículas presentes no meio (DI

BERNARDO; DANTAS, 2005), seguido de agregação e de sedimentação.

Como pôde ser observado na Figura 3.2 e na Tabela 3.4, o tratamento

enzimático não foi significativo para transmitância do suco, independentemente da

concentração utilizada. O tratamento enzimático realizado na clarificação de suco de maçã

tem como objetivo, acelerar a hidrólise da pectina em unidades menores, o que expõe suas

cargas positivas e negativas, diminuindo a repulsão (SORRIVAS et al., 2006). Sorrivas &

Genovese (2005) explicam as reações que ocorrem com a despectinização. De acordo com

os autores, o tratamento enzimático aumenta o número de partículas menores que 0,5

micrometros; além disso, destroi as fibras de pectina responsáveis por ligações entre as

partículas. Inicialmente, a despectinização promove agregação das partículas de turbidez,

pois as pectinas insolúveis formam uma capa de proteção em torno das proteínas em

suspensão (LOZANO, 2003 citado por SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006).

No entanto, depois que a pectina é totalmente hidrolisada, as estruturas

agregadas que surgiram, colapsam, aumentando o número de pequenas partículas,

resultando no aumento da turbidez, o que explica a necessidade de outras etapas de

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clarificação, que complementem a despectinização (SORRIVAS; GENOVESE, 2005).

Logo, a despectinização destrói tanto a camada protetiva da pectina, quanto as ligações

entre as moléculas de pectina. Ou seja, o objetivo da despectinização está mais associado

ao aumento da mobilidade das partículas do que com a redução da repulsão eletrostática

entre estas partículas (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006).

Considerando que o mecanismo de coagulação do componente ativo extraído

das sementes de Moringa oleifera Lamark tem interação com predominância física, ação

por varredura (OKUDA et al.,2001), nesta situação, a exposição das cargas da pectina teria

menor importância na reação. Logo, o aumento da mobilidade das partículas promovido

pela enzima (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006) e a varredura pelo extrato de

moringa, justificaria o resultado não significativo obtido para enzima no presente trabalho.

Segundo Okuda et al. (2001) a adsorção e formação de pontes não ocorreria

devido ao baixo peso molecular do componente ativo da semente. Além disso, também

sugerem que outros mecanismos, compressão da dupla camada e adsorção e neutralização

de cargas não são responsáveis pela coagulação com a solução salina.

No entanto, cabe ressaltar que a predominância de um mecanismo de

coagulação depende do valor do pH de coagulação, do coagulante usado e sua dosagem e,

também, das características da qualidade da água (em caso de clarificação de água), carga e

concentração das partículas, em termos de área superficial (O´MELIA, 1972 citado por

LEDO, 2008).

Com a finalidade de verificar a eficiência do processo convencional, comum na

clarificação industrial de suco (STOCKÉ, 1998), um segundo delineamento em função da

concentração de enzima e da concentração de gelatina foi realizado. A Tabela 3.7

apresenta os resultados obtidos para transmitância, que variaram de 55.54% a 67.28%.

Analisando os coeficientes de regressão para transmitância em função da

concentração de enzima e de gelatina (Tabela 3.8), observamos que, nas condições

estudadas, apenas a gelatina ( ) foi significativa para transmitância do suco (p <0,05).

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Tabela 3.7 - Planejamento fatorial e repostas para as variáveis Enzima x Gelatina.

Ensaio

T%

(Enzima

x

Gelatina)

1 -1 -1 59,71

2 1 -1 55,54

3 -1 1 62,96

4 1 1 61,89

5 -1,41 0 55,81

6 +1,41 0 62,95

7 0 -1,41 56,62

8 0 +1,41 67,28

9 0 0 62,25

10 0 0 61,47

11 0 0 58,94

Tabela 3.8 - Análise de Regressão para transmitância em função da concentração de

Enzima e de Gelatina.

Fatores T(%)

Média 60,89

Conc. de enzima 0,61

P-valor 0,79

Conc. de gelatina 6,43

P-value 0,03*

Conc. de enzima 0,27

P-value 0,92

Conc. de gelatina -3,18

P-value 0,28

Conc. de enzima x Conc. de

gelatina

0,78

P-value 0,81

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A análise de variância (ANOVA) para transmitância em função da

concentração de enzima e de gelatina (Tabela 3.9) apresentou um coeficiente de correlação

de 59,15%. O F calculado da regressão 2,5 vezes maior que o F tabelado e o F calculado

dos resíduos < que F tabelado, valores considerados baixos para gerar uma Superfície de

Resposta. A Figura 3.3 apresenta os resultados experimentais versus os resultados

previstos pelo modelo, mostrando discordâncias.

Tabela 3.9 - Análise de variância em função da concentração de enzima x concentração de

gelatina para a transmitância de suco de maçã.

Fontes de Variação

Soma de

Quadrados

Graus de

Liberdade

Quadrados

Médios F calc

p-valor

Regressão 76,1 1 76,1 13,0 0,00566

Resíduos 52,6 9 5,8

Falta de ajuste 46,6 7 6,7 2,2 0,34519

Erro puro 6,0 2 3,0

Total 128,7 10

= 59.15%; F tab 95%; 1; 9 = 5.12

Figura 3.3 - Valores experimentais da transmitância em função dos valores previstos pelo

modelo ajustado (concentração de enzima x gelatina).

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Nesta situação, não seria indicado gerar a superfície de resposta, pois estes

valores indicam que os dados não estão bem ajustados e que o modelo não descreveria bem

a superfície. Por outro lado, o erro puro da ANOVA foi muito baixo (erro puro igual a 6).

Os resultados de transmitância nos pontos centrais (ensaio 9, 10 e 11) variaram de 58,94%

a 62,25%, indicando boa repetibilidade do processo; mas também mostra que, são valores

muito próximos dos demais, obtidos nas outras condições do delineamento (Tabela 3.10).

Diante disso, verificou-se os erros relativos para cada ensaio a fim de verificar o erro nas

regiões de interesse.

Analisando os resultados experimentais versus os resultados previstos pelo

modelo ajustado e desvios do delineamento (Tabela 3.10), foi possível observar que, os

ensaios com maior erro relativo e erro de ajuste são aqueles com concentrações muito

baixas de enzima e de gelatina, condições mais drásticas do delineamento (Ensaio 1 e 7), o

que explica erros tão altos quando comparados aos demais. Por outro lado, observa-se

baixo erro relativo na região de interesse (Ensaio 3 e 8), onde a transmitância foi

aumentada.

Tabela 3.10 Valores de transmitância experimentais, previstos pelo modelo e desvios para

o DCCR2.

Valores codificados e reais

Resultado

Experimental

(T%)

Resultado

previsto

(T%)

Erro de

ajuste

Erro

Relativo

(%)

Ensaio

Enzima Gelatina

1 -1 -1 0,004 0,14 59,71 57,41 7,37 12,35

2 1 -1 0,02 0,14 62,96 63,57 -2,20 -3,50

3 -1 1 0,004 0,85 55,54 57,41 3,20 5,77

4 1 1 0,02 0,85 61,89 63,57 -3,27 -5,29

5 -1,41 0 0,00 0,2 55,81 60,49 -2,94 -5,26

6 +1,41 0 0,03 0,2 62,95 60,49 4,2 6,67

7 0 -1,41 0,015 0,0 56,62 56,13 6,92 12,22

8 0 +1,41 0,015 1,0 67,28 64,84 -0,52 -0,77

9 0 0 0,015 0,5 62,25 60,49 3,5 5,62

10 0 0 0,015 0,5 61,47 60,49 2,72 4,42

11 0 0 0,015 0,5 58,94 60,49 0,19 0,32

*Erro de Ajuste = Resultado experimental – Resultado previsto

**Erro Relativo = [(Resultado experimental – Resultado previsto)/ ( Resultado experimental)]*100

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Diante disso, a Superfície de Resposta foi construída (Figura 3.4), descrita pelo

modelo matemático a seguir (Equação 3).

Figura 3.4 Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta transmitância (T%)

em função da concentração de enzima x concentração de gelatina.

A Figura 3.4 mostra o impacto da gelatina como agente clarificante em suco de

maçã, com valores para transmitância superiores a 65% na concentração máxima de

gelatina. A enzima ou a interação da enzima com gelatina( não foram

significativas para melhoria da transmitância do suco. Situação semelhante ao que foi

observado no delineamento realizado para ext. de moringa, sugerindo que a enzima atuaria

mais no sentido de aumentar a mobilidade das partículas, como sugerido por Sorrivas et al.

(2006).

A determinação de uma concentração ideal de gelatina para clarificar suco de

maçã é um ponto complexo no processo de clarificação. Tanto que, industrialmente, este

valor ainda é definido por tentativa e erro, por meio de tubos com suco tratado

enzimaticamente, que recebem concentrações crescentes do agente de acabamento. Aquele

que apresentar o suco mais claro com lodo mais compactado será a concentração utilizada

no lote (BENITEZ; LOZANO, 2007). Segundo os mesmos autores, o consumo de gelatina,

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ocorre principalmente em função do teor de partículas coloidais, em vez da composição

química da solução (sólidos solúveis, pectina hidrolisada e acidez), ou seja, da turbidez da

solução.

3.3.2 Parâmetros de qualidade do suco de maçã em função da concentração de

enzima e de extrato de moringa e em função da concentração de enzima e de

gelatina

Além da transmitância, há outros parâmetros de qualidade importantes para o

suco clarificado de maçã. Os resultados obtidos para pH, sólidos solúveis totais (°Brix),

acidez total e ratio estão apresentados na Tabela 3.11 e 3.12.

Tabela 3.11 Repostas experimentais para DCCR 22 em função da concentração de enzima

e ext. de moringa, para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio e

cor.

Ensaios Cor

pH SST ATT Ratio L* a* b*

(°Brix) (%)

1 3,85 13,8 0,30 46,7 27,38 0,55 5,51

2 3,67 13,5 0,28 47,7 27,82 0,54 5,18

3 3,64 13,4 0,29 44,4 27,11 0,08 5,66

4 3,83 13,2 0,28 48,18 28,57 0,02 6,61

5 3,64 13,3 0,29 45,05 27,25 0,43 5,14

6 3,62 13,4 0,30 45,5 27,57 0,47 5,53

7 3,63 13,3 0,33 46,3 27,84 0,54 5,79

8 3,62 13,4 0,31 40,4 28,38 0,01 6,62

9 3,62 13,2 0,32 42,25 28,12 0,27 6,21

10 3,63 13,5 0,29 40,70 27,17 0,86 5,45

11 3,61 13,1 0,31 42,02 28,14 0,65 5,91

Observando as respostas encontradas para pH, sólidos solúveis, acidez e ratio,

percebe-se que os resultados foram muito próximos entre os ensaios, com pouca variação,

tanto para o suco clarificado com enzima e ext. moringa, quanto com enzima e gelatina.

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Tabela 3.12 - Repostas experimentais para DCCR 22 em função da concentração de

enzima e gelatina, para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio e

cor.

Ensaio Cor

pH SST ATT Ratio (L*) (a*) (b*)

(°Brix) (%)

1 3,8 13,8 0,3 46,0 27,56 0,58 5,89

2 3,79 13,6 0,28 48,57 28,15 0,48 6,61

3 3,78 13,3 0,29 45,86 28,11 0,43 6,14

4 3,79 13,2 0,28 47,14 27,85 0,39 5,81

5 3,74 13,4 0,38 35,26 27,72 0,57 6,05

6 3,7 13,3 0,33 40,30 27,56 0,35 5,79

7 3,71 13,5 0,3 45,0 27,11 0,77 5,07

8 3,71 13,1 0,31 42,26 27,72 0,39 5,22

9 3,69 13,3 0,29 45,86 27,65 0,53 5,79

10 3,68 13,3 0,31 42,90 27,8 0,5 5,98

11 3,67 13,3 0,34 39,12 27,53 0,46 5,76

Os coeficientes de regressão mostram que nas condições estudadas, a

clarificação tanto para DCCR 22 enzima x ext. moringa (Tabela 3.13), quanto com enzima

x gelatina (Tabela 3.14), não promoveram mudanças significativas do pH, sólidos solúveis,

acidez e ratio, o que é desejável, pois são parâmetros que também indicam a qualidade e

valor comercial do suco clarificado de maçã (BRAUN, 2003). Diante disso, a superfície de

resposta para estes não foi construída.

A cor é um atributo de qualidade importante para a aceitação um suco de fruta

e para o suco de maçã, uma pequena coloração amarelo- avermelhada, próxima à coloração

do mel, é desejável pelo consumidor, portanto, interessante do ponto de vista comercial

(KASTER, 2009). Um dos objetivos da clarificação também é permitir a redução de

compostos de cor, pois tornam a cor da bebida indesejável ao longo do tempo (ALBERT et

al., 2012), mais escuras, amarronzadas. A Tabela 3.15 mostra a análise de regressão para a

resposta cor em função da concentração de enzima x ext. Moringa.

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Table 3.13 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e ext. de moringa,

para os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio.

Fatores

Cor

pH SST ATT Ratio (L*) (a*) (b*)

(°Brix) (%)

Média 3,62 13,27 0,31 41,66 27,81 0,59 5,86

Conc. de enzima

(L) 0,00 -0,04 0,00 0,89 0,29

0,00 0,15

P-valor 0,93 0,60 0,90 0,28 0,10 0,98 0,16

Conc. Ext. moringa

(L) -0,01 -0,07 -0,01 -0,99 0,16

-0,22 0,34

P-valor 0,32 0,42 0,46 0,24 0,34 0,02* 0,01*

Conc. de enzima

0,04 0,07 -0,01 2,28 -0,21

-0,09 -0,27

P-valor 0,32 0,47 0,24 0,06 0,29 0,34 0,06

Conc. Ext.

moringa 0,03 0,07 0,00 1,32 0,16

-0,18 0,17

P-valor 0,35 0,47 0,76 0,19 0,34 0,08 0,17

Conc. de enzima x

Conc. Ext. moringa 0,09 0,02 0,00 0,27 0,25

-0,01 0,32

P-valor 0,06 0,83 0,90 0,19 0,28 0,90 0,05

R2 (%) 60,39 28,74 37,18 67,56 64,91 74,05 87,96

T(%): Transmitância; SST (°Brix): Sólidos Solúveis Totais; ATT (%): Acidez Total Titulável % em ácido málico; Ratio: SST/ATT.

*Fatores significativos a P<0.05.

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Tabela 3.14 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e gelatina, para

os parâmetros pH, sólidos solúveis, acidez total titulável, ratio.

Fatores

Cor

pH SST ATT Ratio (L*) (a*) (b*)

(°Brix) (%) (%)

Média 3,68 13,30 0,31 42,63 27,66 0,50 5,84

Conc. de Enzima -0,01 0,06 -0,01 1,37 0,01 -0,06 0,00

P-valor 0,69 0,22 0,27 0,42 0,90 0,06 0,98

Conc. de Gelatina 0,00 -0,18 -0,00 -0,68 0,14

-0,10 -0,04

P-value 0,89 0,006 0,96 0,68 0,23 0,009* 0,78

Conc. de

Enzima 0,04 0,06 0,01 -0,88 0,09

-0,03 0,18

P-value 0,11 0,24 0,39 0,66 0,50 0,32 0,33

Conc. de

Gelatina 0,03 0,04 -0,01 2,05 -0,02

0,03 -0,20

P-value 0,16 0,46 0,32 0,32 0,84 0,34 0,29

Conc. de Enzima x

Conc. de Gelatina

0,01 0,02 0,00 0,32 -0,21

0,02 -0,26

P-value 0,84 0,67 0,93 0,89 0,20 0,67 0,25

R2 (%) 50,45 83,73 46,87 35,7 48,14 83,98 51,32

T(%): Transmitância; SST (°Brix): Sólidos Solúveis Totais; ATT (%): Acidez Total Titulável % em ácido málico; Ratio: SST/ATT.

*Fatores significativos a P<0.05.

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101

Tabela 3.15 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e extrato de

moringa, para os parâmetro cor.

Fatores

Cor

(L*) (a*) (b*)

Média 27,81 0,59 5,86

Conc. de enzima (L) 0,29 0,00 0,15

P-valor 0,10 0,98 0,16

Conc. Ext. moringa

(L)

0,16

-0,22 0,34

P-valor 0,34 0,02* 0,01*

Conc. de enzima

-0,21

-0,09 -0,27

P-valor 0,29 0,34 0,06

Conc. Ext.

moringa 0,16

-0,18 0,17

P-valor 0,34 0,08 0,17

Conc. de enzima x Conc.

Ext. moringa 0,25

-0,01 0,32

P-valor 0,28 0,90 0,05

R2 (%) 64,91 74,05 87,96

*Fatores significativos a P<0.05.

A clarificação com extrato de moringa promoveu uma pequena redução da cor

avermelhada. O mesmo foi observado quando a clarificação foi realizada com gelatina,

porém com menor redução da cor vermelha. Geralmente, para suco de maçã é desejável a

redução da coloração avermelhada (ALBERT et al., 2012).

Os parâmetros de cor e sofreram mudanças estatisticamente significativas

(p<0,05) após clarificação com extrato de moringa, variando de 0,01 a 0,86 e de 27,11 a

28,57, respectivamente (Tabela 3.11). Analisando os coeficientes de regressão (Tabela

3.15), verificamos que tanto a enzima, quanto o extrato de moringa impactaram no

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102

parâmetro de cor . Concentrações maiores do extrato de moringa diminuíram a cor

avermelhada e a enzima também colaborou para a alteração. Por outro lado, o parâmetro

foi influenciado apenas pela concentração de extrato de moringa, observando-se que

maiores concentrações de extrato de moringa aumentaram

A análise de variância (ANOVA) para cor ( e ) apresentou coeficiente de

correlação de 94,28% e 83,94%, com F calculado altamente significativo. Os modelos a

seguir descrevem as superfícies de resposta geradas (Equação 4 e 5).

As Figuras 3.5 e 3.6 apresentam os resultados experimentais em função dos

valores previstos pelo modelo ajustado, sendo possível observar uma boa concordância

entre eles. As Figuras 3.7 e 3.8 apresentam as superfícies de resposta obtidas para cor

e em função da concentração de enzima e da concentração de extrato de moringa.

Figura 3.5 - Valores experimentais da cor em função dos valores previstos pelo modelo

ajustado (concentração de enzima x extrato de moringa).

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103

Figura 3.6 - Valores experimentais da cor em função dos valores previstos pelo modelo

ajustado (concentração de enzima x extrato de moringa).

Figura 3.7 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor a* em função da

concentração de enzima x concentração de extrato de moringa.

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104

Figura 3.8 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor em função da

concentração de enzima x concentração de extrato de moringa.

Para a clarificação em função da concentração de enzima x concentração de

gelatina, apenas o parâmetro de cor a* apresentou alteração significativa (Tabela 3.16),

variando de 0,35 a 0,77. A análise de variância (ANOVA) apresentou coeficiente de

correlação de 54.56% após reparametrização. A Equação 6 representa o modelo.

A Figura 3.7 apresenta a superfície de resposta obtida para cor a*, onde pode-

se observa que, quanto maior a concentração de Gelatina, menos avermelhado se torna o

suco. Os resultados foram semelhantes aos obtidos para o suco clarificado com Ext.

Moringa.

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105

Tabela 3.16 - Tabela de Regressão em função da concentração de enzima e gelatina, para

o parâmetro cor.

Fatores

Cor

(L*) (a*) (b*)

Média 27,66 0,50 5,84

Conc. de enzima 0,01 -0,06 0,00

P-valor 0,90 0,06 0,98

Conc. de gelatina 0,14

-0,10 -0,04

P-valor 0,23 0,009* 0,78

Conc. de enzima 0,09

-0,03 0,18

P-valor 0,50 0,32 0,33

Conc. de gelatina -0,02

0,03 -0,20

P-valor 0,84 0,34 0,29

Conc. de enzima x Conc.

de gelatina

-0,21

0,02 -0,26

P-valor 0,20 0,67 0,25

R2 (%) 48,14 54,56 51,32

*Fatores significativos a P<0.05.

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106

Figura 3.7 - Curvas de contorno e superfície de resposta para resposta cor a* em função da

concentração de enzima x concentração de gelatina.

Apesar da leve redução da cor avermelhada, o que é desejável para suco de

maçã, visualmente, tais mudanças nem sempre são perceptíveis aos olhos dos

consumidores. Estudos apontam que os valores de ΔE (diferença de coloração) representam

a habilidade do ser humano discriminar mudanças na coloração entre amostras. Dessa

forma, ΔE > 3,0 representaria uma “mudança muito perceptível”, 1,5 < ΔE < 3,0 uma

“mudança perceptível” e ΔE < 1,5 uma mudança de cor “não perceptível” (ADEKUNTE,

et al., 2010). Diante disso, considerando os valores de obtidos nos pontos ótimos

dos DCCR 22 como valores de ideais para um suco de maçã clarificado.

A Equação 7 foi aplicada para verificar a diferença de coloração (ΔE) do suco

de maçã.

( )

A Tabela 3.17 apresenta os resultados obtidos. Apenas a clarificação do DCCR

22 (Concentração de Enzima x Ext. de Moringa) promoveu mudanças na cor que podem ser

perceptíveis pelo ser humano, 1.5 < ΔE < 3.0, segundo (ADEKUNTE, et al., 2010).

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107

Tabela 3.17 - Diferença de coloração do suco de maçã do DCCR2 (concentração de enzima

x concentração de ext. de moringa) e do DCCR2 (concentração de enzima x concentração

de Gelatina).

Ensaios ΔE (Enzima

x Ext.

Moringa)

ΔE (Enzima

x Gelatina)

1 1,58 0,71

2 1,92 1,45

3 1,11 1,0

4 0,50 0,60

5 0,53 0,84

6 0,72 0,59

7 1,70 0,73

8 0,81 0,0

9 1,92 0,59

10 1,36 0,77

11 0,99 0,57

3.4 Conclusões

O Extrato de Moringa é um agente clarificante em potencial para suco

de maçã. Promoveu aumento significativo da transmitância do suco de

maçã, sem impactar parâmetros de qualidade, tais como pH, acidez

total, sólidos solúveis e ratio, o que é desejável.

A clarificação com Extrato de Moringa promoveu maior redução da cor

vermelha do suco e mudança de coloração perceptível ao ser humano.

A Gelatina também impactou na transmitância do suco, sem alterar os

parâmetros de qualidade de pH, acidez total, sólidos solúveis, ratio e

parâmetros de cor. No entanto, foi menos efetiva que o Extrato de

Moringa para a transmitância.

Este estudo traz contribuições para a clarificação do suco de maçã, pois

apresenta uma alternativa para a clarificação convencional, com

características que vem de encontro às tendências de sustentabilidade e

dos alimentos veganos, vegetarianos e questões religiosas

(mulçumanos, budistas e judeus).

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112

4 CAPÍTULO 4. CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ COM EXTRATO DE

MORINGA: TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS, SEDIMENTAÇÃO E

FORMAÇÃO DE LODO, FLUXO PERMEADO , FOULING

LIMA, D.C.N.; SCHMIDT, F.L.

Este capítulo será submetido à revista “Journal of Cleaner Production”

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113

Resumo

Além da limpidez do suco, o processo de clarificação pode impactar em outros parâmetros

que influenciam no processo. O objetivo deste trabalho foi verificar a composição

aminoacídica do extrato bruto liofilizado de sementes de Moringa oleifera Lamark, bem

como o teor de polifenóis, a velocidade de sedimentação dos flocos, o lodo formado, o

fluxo permeado e o fouling em filtração convencionaldo do suco de maçã clarificado com

extrato de semente de Moringa oleifera Lamark, do suco clarificado por despectnização +

gelatina (método convencional), dentre outros. Diante disso, o suco foi clarificado por

métodos distintos e analisado. A composição aminoacídica do extrato bruto liofilizado

possui semelhanças com a composição da gelatina bovina, coadjuvante comumente

utilizado, o que pode justificar a capacidade floculante do extrato de moringa. A

clarificação com extrato de moringa promoveu redução no teor de compostos fenólicos

semelhante à redução obtida com o método de clarificação tradicional, de 11.8%, 13.9%,

respectivamente. A velocidade máxima de sedimentação para as amostras que passaram

por algum tipo de clarificação foi estatisticamente igual, variando de 60,8 a 76 µm/s.

Quando a amostra passou apenas por despectinização, a velocidade máxima de

sedimentação foi menor em relação as amostras clarificadas. A % de lodo formado pela

clarificação com extrato de moringa e por despectinização + gelatina foi estatisticamente

igual, porém houve diferença na compactação do lodo. O fluxo permeado de filtração e o

fouling das amostras apresentaram comportamento semelhante, sugerindo impacto positivo

do extrato de moringa no processo de filtração, no entato, há a possibilidade de que o

método utilizado para verificar esses parâmetros não tenha sido eficaz. De forma geral, o

extrato de moringa colaborou para uma clarificação bem sucedida do suco de maçã.

Palavras-chave: rendimento, polieletrólito, fluxo, filtração, lodo

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114

4.1 Introdução

O processo de clarificação de suco de maçã tem como objetivo principal

reduzir a turbidez do suco. A clarificação convencional pode ser resumida em tratamento

enzimático, seguido de acabamento com gelatina e bentonita, filtração, tratamento térmico,

concentração até 70° Brix e envase (STOKÉ, 1998; BENITEZ; GENOVESE; LOZANO,

2007; BLUMENTHAL, 2000).

Os maiores problemas de estabilidade do suco de maçã são o escurecimento e a

turbidez (GIRARD; FUKUMOTO, 1999), causados pela oxidação dos compostos

fenólicos e por partículas de pectina em suspensão no suco (ALBERT et al., 2012). No

entanto, o tratamento de clarificação do suco de maçã não está relacionado apenas a

limpidez da bebida. As partículas de pectina dispersas no suco estão relacionadas tanto à

turbidez quanto à consistência elevada. Estes fatores têm influência na eficácia e

velocidade de filtração (MAHLER, 1997), nos processos térmicos e de concentração, uma

vez que, a pectina gelifica em ambiente ácido e rico em açúcar, o que altera a consistência

da bebida e prejudica processos de transferência de calor e massa (KILARA, 1982;

BOBBIO; BOBBIO, 1992).

Diante disso, a alternativa para reduzir o problema tem sido o tratamento

enzimático (ALBERT et al., 2012), processo que envolve o uso de diferentes enzimas

comerciais, que degradam as substâncias pecticas (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO,

2006). As enzimas pectinolíticas costumam ser utilizadas associadas a processos com

membranas para aumentar o rendimento e facilitar a clarificação do suco, pois o fluxo de

permeado pode ser melhorado devido à redução do tamanho das partículas e,

consequentemente, da consistência (GIRARD; FUKUMOTO, 2000).

Além da aplicação de enzimas, é comum o uso da gelatina como agente de

acabamento antes da etapa de filtração, pois auxilia na remoção das partículas

remanescentes de pectina por meio de interações eletrostáticas, como também dos

compostos fenólicos reativos, os quais são preocupantes, porque são responsáveis pela

turbidez tardia, conhecida também como haze (PETRUS, 1997).

A gelatina é utilizada até hoje porque elimina apenas os polifenóis reativos,

enquanto os outros métodos eliminam todos os polifenóis (KWANG-SUP et al., 2004;

BENITEZ; LOZANO, 2007), o que já não é desejável em termos nutricionais. No entanto,

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115

não é um processo simples, pois a determinação da concentração apropriada de gelatina

ainda é definida por meio de tentativa e erro, sendo comum aplicar diferentes

concentrações de gelatina em diversos tubos contendo o suco já despectinizado. Por fim, a

concentração que promover em menor tempo, uma maior cristalinidade e lodo mais

compacto, será a concentração utilizada para clarificação do suco (BENITEZ; LOZANO,

2007).

Apesar das características positivas no uso de gelatina como agente de

clarificação, o uso de um coadjuvante de origem animal pode se tornar uma barreira para

um novo nicho do mercado, os consumidores vegetarianos e veganos.

Dentre os materiais de origem vegetal que estão sendo utilizados como agente

de clarificação, a semente de Moringa oleífera Lamark vem ganhando cada vez mais

destaque no tratamento águas residuais e salobras (AKHTAR et al., 2007; PRASAD, 2009;

PRITCHARD et al., 2010; SÁNCHEZ-MARTÍN; GHEBREMICHAEL; BELTRÁN-

HEREDIA, 2010). Estas sementes possuem polímeros naturais, identificados como

proteínas catiônicas (GASSENSCHMIDT et al., 1995; KWAAMBWA; MAIKOKERA,

2007), que interagem com as partículas suspensas na água, promovendo sedimentação do

material em suspensão (AKHTAR et al, 2007; PRASAD, 2009; PRITCHARD et al., 2010;

SÁNCHEZ-MARTÍN et al., 2010). As sementes são biodegradáveis e não tóxicas

(BERGER, 1884; BICHI; PH, 2013), e seu uso industrial poderia gerar desenvolvimento

rural, como também, desenvolvimento da produção familiar e de tecnologias sustentáveis e

mais limpas.

Diante disso, o presente estudo, tem como objetivo verificar o teor de

polifenóis, a velocidade de sedimentação dos flocos, o lodo formado, o fluxo permeado em

filtração convencional e fouling do suco de maçã clarificado com extrato de semente de

Moringa oleifera Lamark e do suco clarificado por método tradicional.

4.2 Material e métodos

O suco de maçã foi obtido por meio de extrator doméstico (Juicer Wallita).

Foram utilizadas maçãs, variedade Fuji (Malus Communis), adquiridas no comércio local

(Campinas, São Paulo). O suco foi utilizado em suas condições naturais, pH 3,6, 13,4°Brix,

0,3% de ácido málico e ratio de 44,6. Para o tratamento enzimático, utilizou-se pectinases

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116

(Pectinex Ultra Clear, Novozymes®, ≥ 3,800 unidades/mL, pectinase produzida

por Aspergillus aculeatus, preparação enzimática, que contém pectintranseliminase,

poligalacturonase e pectinaesterase). No acabamento convencional utilizou-se gelatina

(Gelita, 120 bloom). As sementes de Moringa oleifera Lamark, utilizadas no preparo do

extrato clarificante, foram colhidas em Campinas – SP (22°49’S, 47°03’37O).

4.2.1 Preparo dos coadjuvantes de clarificação de suco de maçã

4.2.1.1 Extrato de moringa

As sementes de Moringa oleifera Lamark foram descascadas manualmente e

em seguida prensadas (4 ton, Prensa Charlott) com o objetivo de remover o óleo. O óleo

extraído foi descartado e a torta obtida foi triturada em moinho (Ika - A10). A torta

triturada foi misturada a água deionizada (5%, m/m, 100 RPM/30 min) baseado em

Ndabigengesere & Narasiah (1998). Esta solução foi filtrada em filtro de papel, a vácuo, o

permeado foi liofilizado por 44 horas, 0,12 mbar, T = - 40 ºC (main drying) e 4 hours, 2,5

mbar, T = -10 ºC (final drying) (Christ Lyophilizer - Alpha 2-4 LD Plus). O material

liofilizado foi denominado de extrato bruto liofilizado.

Para o extrato clarificante de sementes de moringa (extrato de moringa),

utilizou-se o extrato bruto liofilizado, homogeneizando-o em solução salina (0,1 M) na

proporção de 1% (m/m) à temperatura ambiente (25 °C ± 2 °C). O preparo do extrato de

moringa iniciou-se 30 min antes do início do processo de clarificação de suco de maçã. O

extrato permaneceu em homogeneização, por meio de agitador magnético, durante

experimento de clarificação (100 RPM).

4.2.1.2 Gelatina

Uma solução foi preparada com a finalidade de diluir a gelatina em pó e

facilitar a aplicação. Dessa forma, 2,5 g de gelatina bovina foi homogeneizado em 50 g de

água deionizada a 40°C. Permanecendo em homogeneização, por meio de agitador

magnético, durante experimento de clarificação (100 RPM).

4.2.2 Composição aminoacídica do extrato bruto de moringa liofilizado

Realizou-se a quantificação dos aminoácidos do extrato bruto liofilizado de

acordo com White, Hart e Fry (1986). O Extrato bruto foi hidrolizado em 6 N HCL

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117

(110°C/24h). Os aminoácidos livres foram diluídos em um solução composta por metanol

(≥ 99,9% para HPLC) e ácido clorídrico (0.1M) na proporção de 80:20 (v:v). Os

minoácidos livres foram derivatizados com phenylisothiocyanate (PTH). O PTH-

aminoácido derivatizado foi analisado em RP-HPLC por meio do Luna C-18, 100 Å, 5 µm,

250 x 4.6 mm column (00G-4252-E0, Phenomenex, Torrance, USA), a 50°C/8 min,

seguido do Spectra System Degasser (Thermo Separation Products), Spectra System P4000

quaternary pump (Thermo Separation Products), válvula de injeção Rheodyne,

Thermasphere Furnace e TS-130 RP-HPLC (Phenomenex, Torrance, EUA), detecção de

módulo Spectra System UV 2000 (Thermo Separation Products) e comprimento de onda

de 254 nm. A quantificação foi realizada com padrão analítico Thermo Scientific

(Rockford, EUA) e ácido α-aminobutyric como padrão interno (Sigma-Aldrich Corp.,

Saint Louis, EUA). A composição aminoacídica foi apresentada em g/100g do extrato

bruto.

4.2.3 Preparo do suco de maçã

i. Suco de maçã clarificado utilizando gelatina como coadjuvante de clarificação:

O suco de maçã obtido por meio de um extrator doméstico (Juicer Wallita).

Após extração, o suco de maçã foi transferido para erlenmyers (500 mL), onde

aplicou-se 0,03 mL.L-1 do preparado de enzimas. Os erlemyers permaneceram em

banho maria à 45°C, durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015). Passado

o tempo de reação da enzima, as amostras foram resfriadas em banho maria até

alcançar temperatura ambiente (25 ºC± 2 ºC), para adição do agente de acabamento

gelatina (1 mL.L-1, 100 RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para

provetas para floculação e sedimentação, onde permaneceram por 40 min, tempo de

sedimentação adaptado de Ferreira (2012).

ii. Suco de maçã clarificado utilizando extrato de moringa como coadjuvante de

clarificação:

O suco de maçã obtido por meio de um extrator doméstico (Juicer Wallita).

Após extração, o suco de maçã foi transferido para erlenmyers (500 mL), onde

aplicou-se 0,03 mL.L-1 do preparado de enzimas. Os erlemyers permaneceram em

banho maria à 45°C, durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015). Passado

o tempo de reação da enzima, as amostras foram resfriadas em banho maria até

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118

alcançar temperatura ambiente (25 ºC± 2 ºC), para adição do extrato de moringa

(50 mL.L-1, 100 RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para provetas para

floculação e sedimentação, onde permaneceram por 40 min, tempo de

sedimentação adaptado de Ferreira (2012).

iii. Suco de maçã clarificado utilizando extrato de moringa como agente clarificante:

O suco de maçã foi obtido por meio de um extrator doméstico (Juicer

Wallita). Após extração, o suco de maçã foi transferido para erlenmyers (500 mL) e

levado a banho maria à 45°C, durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015).

Passado o tempo, as amostras foram resfriadas em banho maria até alcançar

temperatura ambiente (25 ºC± 2 ºC), quando receberam agente clarificante extrato

de moringa (50 mL.L-1, 100 RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para

provetas para floculação e sedimentação, onde permaneceram por 40 min, tempo de

sedimentação adaptado de Ferreira (2012).

iv. Suco de maçã turvo (in natura):

O suco de maçã obtido por meio de um extrator doméstico (Juicer Wallita),

sem tratamento de clarificação.

4.2.4 Teor de compostos fenólicos em suco de maçã

O teor de compostos fenólicos foi verificado em suco de maçã in natura, no

suco após o tratamento enzimático (despectinização), no suco clarificado por

despectinização + gelatina, clarificado apenas com gelatina, clarificado por

despectinização + extrato de moringa e no suco clarificado apenas com o extrato de

moringa.

Para extrair os compostos fenólicos, 3 mL das amostras foram misturadas a

solução de acetona (75%) e homogeneizada em agitador (2 h, 4°C). Em seguida, as

amostras foram centrifugadas (3500 g por 10 min) e o sobrenadante foi utilizado para

quantificar os compostos fenólicos totais, que foi verificado por colorimetria segundo

metodologia de Singleton & Rossi (1965). O método Folin–Ciocalteau utiliza ácido gálico

como padrão. A amostra foi pipetada (100 µL) e transferida para um balão volumétrico de

(10 ml) com 5 mL de água destilada. Em seguida o reagente Folin–Ciocalteau (500 µL) foi

adicionado e a mistura foi homogeneizada. Após 3 min, adicionou-se 1,5 mL de carbonato

de sódio, seguido de água destilada até completar o volume de 10 mL, permanecendo em

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119

ambiente escuro. Após 2 horas a absorbância foi verificada a 765 nm usando luz UV⁄Vis

por meio de espectrofotômetro (Beckman, DU-70, EUA). Os resultados foram expressos

em ácido gálico equivalente (GAE), usando curva de calibração de 5–500 ppm (VASCO et

al., 2008).

4.2.5 Velocidade de sedimentação e formação de lodo em suco de maçã

A velocidade de sedimentação das partículas foi verificada no suco de maçã in

natura, no suco após o tratamento enzimático (despectinização), no suco clarificado por

despectinização + gelatina, por despectinização + extrato de moringa e no suco clarificado

apenas com o extrato de moringa. A formação de lodo foi verificada no suco

despectinizado, suco clarificado por despectinização + gelatina e no suco clarificado com

extrato de moringa.

A análise foi realizada por espectroscopia de luz próxima ao infravermelho

(NIR) (Turbiscam MA2000, Formulaction, Ramonville St. Agne, France). Para isso,

aproximadamente 30 mL da amostra foi transferido para um tubo cilíndrico de vidro

(borosilicato, 12 mm de diâmetro interno e 40 mm de altura), que foi imediatamente

inserido no equipamento para início das leituras de transmitância (T%) e espalhamento de

luz/ backscatering (BS%). A cada 30s a fonte de luz percorreu a altura do tubo de vidro, de

baixo para cima (Figura 4.1), com comprimento de onda de 880 nm e mediu a

porcentagem de espalhamento luz e de transmitância. O equipamento foi programado para

realização das leituras na amostra durante 40 min a 25° C, tempo utilizado para

sedimentação das partículas no suco adaptado de Ferreira (2012). Os dados foram

analisados no Turbisoft 2.0 software.

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120

Figura 4.1 - Esquema de leitura de espalhamento de luz (backscattering, BS%),

transmitância (T%) e altura total e altura de frente do lodo na amostra.

Para verificar a velocidade de sedimentação, a partir das leituras da

transmitância, dividiu-se em cada intervalo de tempo, a variação da transmitância

(Equação 1).

Sendo , a velocidade de sedimentação em µm/s, a variação da

transmitância e a variação do tempo (a cada 100 s).

A porcentagem de lodo formada no suco foi verificada após as leituras de

espalhamento de luz/backscattering (ΔBS%). Os dados foram analisados no Turbisoft 2.0

software, que apresenta ao final das análises (40 min), a altura de frente do lodo na

amostra, como também o espalhamento de luz final apresentado pelo lodo.

4.2.6 Fluxo Permeado e fouling

Verificou-se o fluxo permeado acumulado e o foulling para filtração

convencional do suco despectinizado, do suco clarificado por despectinização + gelatina e

no suco clarificado com extrato de moringa.

As amostras foram filtradas em papel de filtro de superfície lisa, gramatura de

87 g/m2 e grau 1 (Whatmann, n° 1), grau frequentemente utilizado na clarificação de

líquidos a nível laboratorial. O filtro foi afixado em um suporte e posicionado acima de

uma balança analítica contendo um béquer de vidro. A amostra (50 mL) foi vertida no

filtro e um cronômetro digital foi acionado para obtenção da massa de suco filtrado a cada

30 s. O fim da filtração foi estabelecido quando a massa do suco filtrado se tornou

constante. Os dados obtidos foram utilizados para calcular o fluxo permeado acumulado e

construir as curvas de fluxo permeado (Equação 2).

Para determinação do fouling (Jw), após cada filtração 50 mL de água destilada

foram vertidos no filtro recém utilizado e um cronômetro digital foi acionado para

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121

obtenção da massa de água filtrada a cada 30 s. O fim da filtração foi estabelecido quando

a massa de água filtrada se tornou constante. Os dados obtidos foram utilizados para

calcular o fouling, por meio da mesma equação utilizada para fluxo permeado (Equação 2).

Sendo a massa de permeado em gramas obtida no tempo (s), e a área

de permeação (69.4 mm2).

4.2.7 Análise estatística

As análises foram realizadas em triplicata. Os resultados para velocidade de

sedimentação, lodo formado e para compostos fenólicos foram analisados por Análise de

Variância (ANOVA) e teste de Tukey para determinar as diferenças para p<0,05, por meio

do software STATISTICA 7.0 (StatiSoft, Inc., Tulsa, Okla., EUA).

Para o fluxo permeado e fouling, utilizou-se o modelo matemático logaritmo

natural por regressão (Equação 3) para verificar as curvas de fluxo por tempo, utilizando o

CurveExpert Professional 2.2.0. Sendo a e b os parâmetros, x o tempo (s) e y o fluxo

permeado acumulado. As médias obtidas para cada parâmetro foram analisadas por

Análise de Variância (ANOVA) e teste de Tukey para determinar as diferenças para

p<0,05, por meio do software STATISTICA 7.0 (StatiSoft, Inc., Tulsa, Okla., EUA).

4.3 Resultados e discussão

4.3.1 Compostos fenólicos totais em suco maçã

Os polifenóis no suco de maçã são um dos responsáveis pela turbidez. Como

mencionado, tradicionalmente utiliza-se a gelatina como agente de acabamento para

remoção dos fenóis por floculação e sedimentação, removendo os precursores de turbidez

(SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006). Por essa razão é importante verificar o teor

de polifenóis após o processo de clarificação.

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122

A Figura 4.2 apresenta o teor de compostos fenólicos totais (mg.GAE.L-1) nas

amostras de suco de maçã, sendo possível observar quais métodos de clarificação

promoveram maior redução dos compostos fenólicos.

O suco de maçã in natura apresentou maior concentração de fenóis, 116

mg.GAE.L-1, valor estatisticamente igual ao suco clarificado apenas com gelatina, 111.59

mg.GAE.L-1, indicando que, a gelatina, quando utilizada individualmente, não é foi eficaz

na redução dos fenóis.

O suco clarificado com extrato de moringa, por despectinização + gelatina e o

despectinizado promoveram redução de 11.8%, 13.9% e 14.42% no teor de fenóis,

respectivamente, valores estatisticamente iguais. Estes resultados demonstram que, em

relação a remoção de compostos fenólicos, o extrato de moringa foi tão eficaz quanto

clarificação convencional.

O suco clarificado por despectinização + extrato moringa reduziu 20.17% dos

compostos fenólicos, redução estatisticamente igual ao suco despectinizado e superior ao

suco clarificado apenas com o extrato de moringa. Nogueira et al. (2003) e Gökmen et al.

(2001) encontraram redução em até 23% em suco clarificado por método convencional.

Figura 4.2 - Compostos fenólicos totais em suco de maçã clarificado e in natura.

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A similaridade entre os resultados encontrados para as amostras clarificadas

com extrato de moringa e por despectinização + gelatina são interessantes, pois a gelatina

remove apenas os fenóis reativos, responsáveis principalmente pela formação de turbidez

tardia (KWANG-SUP et al., 2004), razão pela qual a gelatina tem sido o principal agente

de acabamento utilizado pela indústria (CARVALHO et al., 2011). Estes compostos

fenólicos formam complexos insolúveis quando reagem com a gelatina (KWANG-SUP et

al., 2004).

Os polifenóis reativos são os compostos de alto peso molecular, de difícil

absorção devido à sua dimensão; e devido à sua capacidade de interagir com proteínas,

dificultando a absorção, formando complexos de grandes dimensões com as proteínas

(HAGERMAN 2001; SKOPEC et al. 2004 citado por CARVALHO, 2007; SHIMADA

2006). Por isso, a remoção dos polifenóis reativos pela gelatina colabora para cristalinidade

do suco sem interferir na qualidade nutricional do mesmo, pois fenóis de baixo peso

molecular permanecem no suco e são metabolizados pelo consumidor.

Os resultados também demonstraram que os métodos de clarificação que mais

reduziram os fenóis foram os que utilizaram a etapa de despectinização. Os polifenóis no

suco estão combinados as partículas de pectina, ligados ou adsorvidos à sua estrutura

(CARVALHO et al., 2011). Possivelmente, a hidrólise promovida pela enzima, contribuiu

para maior interação dos fenóis com os agentes de acabamento, bem como maior

exposição dos compostos fenólicos com consequente oxidação. Segundo Benitez e Lozano

(2007), as diferenças entre as cargas das proteínas, dos polifenóis e dos agentes de

acabamento, induzem a floculação e sedimentação, resultando na remoção destes

precursores de turbidez tardia.

4.3.2 Composição aminoacídica do extrato bruto de moringa

Estudos prévios apontam uma relação entre a composição aminoacídica e a

interação entre os compostos fenólicos e os aminoácidos da gelatina (CARVALHO, 2011).

A interação entre a gelatina e os fenóis reativos ocorre principalmente porque a gelatina

possui alta concentração de prolina em sua estrutura e outros aminoácidos, que tem maior

afinidade pelos compostos fenólicos. A prolina possui uma conformação plana, rígida,

além de ser hidrofóbica, o que faz dela um excelente sítio de ligação com os fenóis

(CHARLTON et al., 2002).

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124

A remoção de polifenóis promovida pela clarificação do suco com extrato de

moringa e pela clarificação com gelatina sugere que o mecanismo de ação destes agentes

de clarificação pode ser semelhante. A Tabela 4.1 apresenta a composição aminoacídica do

extrato bruto liofilizado.

A quantificação dos aminoácidos do extrato bruto liofilizado mostrou que o

aminoácido mais abundante foi a glutamina e a arginina, representando 23,5 e 13,8%,

respectivamente dos resíduos encontrados (Tabela 4.1). Gassenschmidt et al. (1995)

encontraram ácido glutâmico e arginina como aminoácidos mais abundantes na proteína da

semente de moringa, representando 12% e 25%, respectivamente, do total de resíduos da

proteína, valores semelhantes aos encontrados neste estudo.

A arginina e a glutamina são solúveis em água e possuem alto peso molecular.

A glutamina é um aminoácido com grupo amida, com cadeias laterais com um grupo

carboxílico, apresentando carga líquida negativa em pH neutro (DAMODARAN,

PARKIN, FENNEMA, 2010).

Tabela 4.1 - Composição aminoacídica g.100g-1 do extrato bruto liofilizado de sementes

de moringa.

Aminoácido (aa) *aa g.100g-1

Asparagina 1,13

Glutamina 4

Arginina 2,36

Serina 0,65

Glicina 1,84

Histidina 0,39

Alanina 0,45

Lisina 0,6

Treonina 0,57

Prolina 0,96

Tirosina 0,31

Valina 0,79

Metionina 0,86

Cisteína 0,04

Isoleucina 0,55

Leucina 0,98

Phenilalanina 0,82

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Total 17.3

*gramas de aminoácido por 100 g de extrato bruto liofilizado.

Além dos grupo α-amino e α-carboxílico, tanto a arginina quanto a glutamina

possuem cadeias laterais ionizáveis. Nas proteínas o α-COOH de um aminoácido é

acoplado covalentemente ao α-NH2 do próximo aminoácido por meio de uma ligação

amida. Desse modo os únicos grupos ionizáveis seriam grupos amino N-terminais e grupo

carboxílico C-terminal (DAMODARAN, PARKIN, FENNEMA, 2010). Broin et al.(2002)

sugeriu que a alta densidade dos resíduos de glutamina, também favorecem a floculação

por meio de pontes de hidrogênio com as partículas no meio, sugerindo que a glutamina

seja o principal aminoácido relacionado as reações com os polifenóis e, possivelmente, a

outros compostos do suco. Além disso, há evidências de que o responsável pela ação

coagulante da moringa seja na verdade um composto amídico (GUEYRARD et al., 2000).

As cadeias laterais da arginina, contêm grupo guanidil; por isso são carregados

positivamente em pH neutro (DAMODARAN, PARKIN, FENNEMA, 2010). O grupo

guanidina age como um polieletrólito catiônico, promovendo floculação. As cadeias

laterais da arginina fazem com que um peptídeo seja carregado positivamente quando em

pH de 3,8 a 6, sendo que quanto menor o pH, maior a carga total. Sabendo que o pH do

suco de maçã é próximo de 3,8, as cadeias laterais da arginina estão com maior carga no

pH do suco (CHARLTON et al., 2002).

Charlton et al. (2002) sugeriram que a ligação inicial de um polifenol a um

peptídeo, parece ser essencialmente por interação hidrofóbica e que o tamanho dos

complexos proteína-polifenol insolúveis é determinado por efeitos das carga superficiais.

Além da glutamina e da arginina, o extrato bruto liofilizado de semente de

moringa também apresentou prolina e metionina, apontados como aminoácidos com forte

habilidade para formar pontes, o que favorece o processo de clarificação (JAHN, 1986;

NDABIGENGESERE et al., 1995). A prolina e a metionina possuem cadeias laterais

alifáticas, por isso são hidrofóbicas, com solubilidade limitada em água (DAMODARAN,

PARKIN, FENNEMA, 2010). Além disso, segundo Baxter et al. (1997), os resíduos de

prolina, além de servirem como local de ligação, são resíduos que ajudam a manter o

peptídeo numa conformação aberta e por isso com uma maior exposição de locais de

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ligação aos taninos comparativamente a proteínas com uma estrutura mais compacta e

globular.

O núcleo do polifenol tem uma estrutura molecular favorável à interação com

proteínas. Apresenta zonas apolares, como o anel benzênico, que podem interagir com

zonas apolares das proteínas, por exemplo, cadeias laterais de aminoácidos de metionina e

prolina, etc. Interage também com regiões hidrofílicas, como os grupos hidroxila, que

podem participar em ligações de hidrogênio com os grupos carbonila e amina

(CARVALHO, 2007).

De forma geral, o extrato bruto liofilizado de semente de moringa possui

aminoácidos importantes para reação de floculação e interação com polifenóis, o que é

importante para o processo de clarificação. Considerando que a gelatina possui

predominância de arginina, prolina, glicina e alanina, o resultado ainda sugere que há

similaridade entre a composição aminoacídica do extrato de moringa e da gelatina, o que

pode estar relacionado ao impacto que estes agentes causam nos compostos fenólicos e na

clarificação.

4.3.3 Velocidade de sedimentação e formação de lodo

A Figura 4.3 apresenta a velocidade de sedimentação dos flocos para as

amostras de suco in natura, despectinizada, suco clarificado por despectinização + extrato

de moringa, suco clarificado por despectinização + gelatina e clarificado apenas com

extrato de moringa.

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Figura 4.3 - Velocidade de sedimentação de partículas em suco de maçã.

No suco in natura observou-se comportamento constante, sem sedimentação

aparente, sugerindo que não houve interação suficiente entre as partículas para que a

floculação e sedimentação ocorresse, o que é natural em suco de maçã no tempo estudado.

Isso porque as partículas dispersas no suco de maçã apresentam cargas negativas, o que

promove repulsão eletrostática entre as mesmas (PETRUS, 1997).

A velocidade de sedimentação das partículas foi maior nas amostras

clarificadas com extrato de moringa, clarificadas por despectinização + ext. de moringa e

por despectinização + gelatina em relação a amostra despectinizada (p>0,05).

As quatro amostras apresentaram um pico na velocidade entre 300 e 400

segundos de sedimentação. O suco clarificado com extrato de moringa alcançou a

velocidade máxima de 76 (±3,5) µm/s, o suco clarificado por despectinização + extrato de

moringa apresentou 67,75 (±6,3) µm/s, na amostra clarificada por despectinização +

gelatina foi de 60,80 (±5,5) µm/s e na amostra despectinizada foi de 38,23 (±4,1) µm/s.

Após 400 segundos de sedimentação, independentemente do processo de

clarificação, a velocidade de sedimentação apresentou um redução brusca nas quatro

amostras clarificadas (p<0,05). Entre 700 e 800 segundos, a velocidade de sedimentação

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diminuiu ainda mais, neste ponto, a amostra despectinizada foi mais rápida (22,8 µm/s), se

comparada ao suco clarificado por despectinização + ext. de moringa (13,57 µm/s). A

partir de 800 segundos de sedimentação, as quatro amostras apresentaram velocidades de

sedimentação estatisticamente iguais.

Os resultados demostram o impacto positivo do tratamento enzimático na

velocidade de sedimentação, uma vez que as amostras despectinizadas apresentaram

velocidade inicial de sedimentação, maior que a amostra in natura. O mesmo pode ser

afirmado para o suco clarificado apenas com extrato de moringa.

Sorrivas; Genovese e Lozano (2006) explicam as reações que ocorrem com a

despectinização. No tratamento enzimático, as enzimas destroem as fibras de pectina,

expondo suas cargas, aumentando a interação entre os resíduos de pectina e com outras

partículas dispersas no meio (LOZANO, 2003), formando grandes agregados. Conforme

esses agregados sedimentam, se colapsam, deixando um elevado número de pequenas

partículas, menores que 0,5 micrometros (SORRIVAS; GENOVESE, 2006). As partículas

menores permanecem na solução, graças à repulsão de suas cargas e estabilização coloidal.

Já as partículas maiores, sedimentam com o tempo, sendo que, o tempo necessário para

sedimentação por força da gravidade é maior quando nenhum agente floculante é utilizado

(PETRUS, 1997). Dessa forma, se faz necessário outras etapas de clarificação para

complementar a despectinização (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006).

A Tabela 4.2 apresenta a porcentagem de lodo formado após o tempo de

sedimentação (40 min), com base na altura de frente de lodo e altura de frente total do

suco. Além disso, apresenta a % de espalhamento de luz do lodo formado em cada

tratamento e a transmitância final do sobrenadante.

Tabela 4.2 - Lodo formado e espalhamento de luz no lodo formado na clarificação de suco

de maçã.

Tratamento de clarificação

Altura de frente do lodo (%)

BS% do lodo T% final do suco

Despectinização 16 (±0,6)c 14,2 (±0,3)b 38

Despectinização +

Gelatina

36,33 (±3)a 14,16 (±0,3)b 65

Extrato de moringa 31,11 (±0,2)a 54 (±0,5)a 75

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129

BS%: % de backscattering (espalhamento de luz); T%: % de transmitância. Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferença

siginificativa para p<0,05.

Com base nos resultados da Tabela 4.2, observamos que o suco despectinizado

gerou lodo, porém com baixa altura de frente de lodo e % de espalhamento de luz inferior

ao do suco clarificado com extrato de moringa. Como discutido anteriormente, a enzima

hidrolisa a pectina, e as partículas menores (<0,5 micrometros) continuam em suspensão,

sendo necessário a aplicação de um coadjuvante de clarificação, que contribua para

interação dessas partículas, com consequente floculação e sedimentação. Além disso,

pectinameltiesterase promove desmetoxilação parcial da pectina, liberando alguns grupos

de ácido galacturônico carregados negativamente, esses grupos podem combinar-se com

cátions com forte capacidade de formação de complexos, como o cálcio, promovendo

sedimentação. No entanto, os ácidos liberados, também podem combinar-se a cátions com

fraca capacidade complexante, levando a formação de flocos hidratados e estáveis, que

podem formar uma névoa de resíduos de pectina com as proteínas, com precipitação após o

tratamento térmico (VERNAN; SUTHERLAND, 1994).

O suco clarificado com extrato de moringa apresentou altura de frente de

lodosemelhante a da amostra clarificada por descpectinização + gelatina, porém,

apresentou lodo com maior % de espalhamento de luz. Sabendo que um lodo mais

compacto permite menor passagem de luz, este resultado indica que o lodo do suco

clarificado com extrato de moringa apresentou-se mais compacto que os demais, o que é

desejável no processo de clarificação (BENITIZ; LOZANO, 2007). Madrona (2010)

ressalta que uma das vantagens do uso da Moringa oleifera Lam. em relação aos

coagulantes químicos utilizados no tratamento de água é o baixo índice de produção de

lodo residual. O que foi observado para clarificação de suco de maçã.

4.3.4 Fluxo Permeado e Fouling

Na filtração convencional, o suco passa perpendicularmente ao filtro, gerando

uma única corrente, denominada permeado ou filtrado. As partículas retidas no filtro

formam rapidamente uma “torta” na sua superfície, o que resulta na redução significativa

do fluxo de permeado e exige interrupção no processo para limpeza ou troca do filtro

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130

(DZIEZAK, 1990). A separação é normalmente realizada numa faixa de partículas

relativamente grandes (PAULSON et al., 1984).

A Figura 4.4 apresenta o fluxo permeado para os diferentes tratamentos. A

curva de fluxo permeado acumulado fornece uma visão geral do processamento, reduzindo

as variações pontuais, ocasionadas por pequenas variações nas condições operacionais,

precisão na medição da massa e do tempo (USHIKUBO, 2006).

Figura 4.4 - Fluxo permeado acumulado de suco de maçã.

O comportamento das curvas de fluxo por tempo foi o mesmo para as três

amostras. Sugererindo que a clarificação com extrato de moringa contribuiu para o fluxo

permeado. Os demais sucos passaram por tratamento enzimático, o que favorece o fluxo,

como já mencionado. No entanto, é possível que o método utilizado para verificar o fluxo

permeado não tenha sido o mais indicado.

Segundo Petrus (1997), a enzima (pectinase, amilase e celulase) favorece o

fluxo, pois reduz a consistência do fluido, reduzindo a propensão a formação de gel na

superfície da membrana. Vaillant et al. (1999) concluíram que, o tratamento enzimático

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131

diminui a capacidade de intumescimento dos polissacarídeos, ou seja, oferece menor

resistência à passagem do permeado através das membranas de filtração. Vaillant et al.

(1999) também afirmaram que essas partículas resultantes da hidrólise enzimática, são

mais sensíveis às forças de cisalhamento que a pectina, sendo mais facilmente removida,

reduzindo camada polarizada.

A curva de fluxo permeado pelo tempo é descrita por três estágios principais.

No início há queda brusca do fluxo, porém a perda de fluxo é reversível. No segundo

estágio, a variação do fluxo é reversível, inicia-se a precipitação dos solutos acumulados,

promovendo bloqueio dos poros e adsorção. A redução do fluxo ocorre devido ao fouling,

que é irreversível. O terceiro e último estágio é a consolidação do fouling, quando o fluxo

decresce contínuo e lentamente (MARSHALL; DAUFIN, 1995 citado por USHIKUBO,

2006). A Figura 4.5 apresenta o fouling do fluxo permeado de suco de maçã.

Como pode ser observado na Figura 4.5, o fouling, apresentou o mesmo

comportamento para as três amostras (Figura 4.5), sem diferença significativa. Segundo

Ushikubo (2006), o fouling ocorre quando há deposição e acúmulo de componentes da

alimentação na superfície e/ou dentro dos poros do filtro de forma irreversível em relação à

alteração das condições operacionais, por adsorção ou bloqueio físico dos poros.

Com base nos resultado, é possível afirmar que o tratamento enzimático

realizado no suco não influenciou na ocorrência de fouling, uma vez que, as curvas obtidas

não apresentaram diferença estatisticamente significativa. Sendo possível também, que o

método de filtração utilizado não tenha sido o melhor para avaliação do fouling.

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132

Figura 4.5 - Fouling do fluxo permeado de suco de maçã.

4.4 Conclusões

Os métodos de clarificação que mais reduziram os fenóis foram os que utilizaram

tratamento enzimático. A clarificação realizada apenas com extrato de moringa

promoveu a mesma redução no teor de fenóis que a clarificação convencional

(despectinização + gelatina) e que o suco despectinizado, sugerindo que o extrato

de moringa é tão eficaz na remoção dos fenóis, quanto o tratamento convencional.

O extrato bruto liofilizado de semente de moringa possui aminoácidos importantes

para reações de floculação e interação com polifenóis, o que é importante para o

processo de clarificação.

A utilização de coadjuvantes de clarificação impactou positivamente na velocidade

de sedimentação, uma vez que as amostras clarificadas com extrato de moringa, por

despectinização + ext. de moringa e por despectinização + gelatina apresentaram

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133

velocidade máxima de sedimentação maior que o suco apenas despectinizado e do

suco in natura, que por sua vez, se mostrou estável no tempo de sedimentação

estudado.

O suco clarificado com extrato de moringa e por despectinização + gelatina

apresentaram altura de lodo estatisticamente igual, no entanto, o extrato de moringa

gerou um lodo mais compacto.

O fluxo permeado e o fouling foram os mesmos para as três amostras,

demonstrando o potencial do extrato como agente clarificante, mas também pode

significar que o método de filtração utilizado não foi o melhor para avaliação destes

parâmetros.

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139

CAPÍTULO 5. ESTUDO SENSORIAL DE SUCO DE MAÇÃ

CLARIFICADO POR MÉTODOS CONVENCIONAL E POR

PROCESSO ALTERNATIVO

LIMA, D.C.N.; SCHMIDT, F.L

Este capítulo será submetido à revista “Journal of Sensory Studies”

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140

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar a aceitação sensorial de suco de maçã, bem como

estudar os atributos que influenciam na aceitação do produto e o limiar de percepção dos

consumidores para limpidez de suco de maçã. Foram realizados testes de Aceitação e

Análise de Comentários em suco de maçã não clarificado, sucos de maçã clarificado por

métodos convencionais e suco de maçã clarificado com extrato de semente de Moringa

oleífera Lamarck. Realizou-se também teste de Ordenação e Diferença do Controle para

verificar o potencial discriminativo dos consumidores para limpidez do suco e para tal,

amostras com diferentes transmitâncias foram preparadas. O Extrato de Moringa utilizado

como agente clarificante foi importante para aceitação do produto e promoveu

transmitância semelhante às das amostras clarificadas por métodos convencionais sem

nenhuma referência a sabor estranho à maçã. De forma geral, os atributos positivos mais

citados pelos consumidores para descrever as amostras foram a cor,

limpidez/cristalinidade, a doçura, presença de partículas, a cor esverdeada, a turbidez e o

sabor. Os atributos negativos apontados pelos consumidores, podem ser corrigidos durante

o processo. Em relação ao potencial discriminativo do consumidor para limpidez do suco

de maçã, foram percebidas diferenças entre as amostras, quando esta é superior a 8,44.

Dessa forma, o consumidor seria capaz de comparar lado a lado diferentes marcas de suco

de maçã e, dependendo da diferença de transmitância entre elas, escolher qual a mais

límpida.

Palavras-chave: comment analysis, transmitância, suco, ordenação, diferença do controle

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141

5.1 Introdução

Durante o desenvolvimento ou melhoramento de um produto alimentício,

podem ocorrer mudanças no tipo de processo aplicado ao alimento, utilização de

ingredientes novos que reduzam custo ou colaborem para um alimento mais saudável.

Quando há necessidade de se realizar mudanças ou inovações nos produtos, as indústrias

buscam entender os desejos e necessidades dos consumidores, bem como sua percepção

sobre o produto, o que pode ajudar a garantir o sucesso de um produto no mercado

(VARELA et al., 2010).

Uma pequena alteração no processamento do alimento pode ser suficiente para

causar impacto no produto final, por essa razão, é realmente importante avaliar o efeito do

processo nas características do alimento (VARELA et al., 2010).

A avaliação sensorial por consumidores é uma das principais formas de estudar

o impacto de um novo processo no alimento. No entanto, os consumidores estão se

tornando cada vez mais exigentes em relação ao que eles esperam encontrar em um

produto (CLEMONS, 2008); dessa forma, saber o quanto eles apreciam um determinado

produto, já não é mais o suficiente. Atualmente, é necessário entender a razão pela qual

eles gostaram ou desgostaram de um produto (CHREA et al., 2011; SYMONEAUX;

GALMARINI; MEHINAGIC, 2012).

O teste de Comment Analysis é uma técnica emergente, que vem sendo muito

utilizada para este fim, pois estuda como os consumidores percebem os produtos. O teste

questiona o consumidor sobre as características positivas e negativas do produto e

contabiliza a frequência com que atributos são mencionados. Em outras palavras, seria uma

análise descritiva, porém em um formato mais simplificado tanto para o consumidor como

para o analista (SYMONEAUX; GALMARINI; MEHINAGIC, 2012).

Na indústria de sucos de frutas, um dos processos que vem sendo modificado e

estudado é o processo de clarificação, pois as partículas de pectina e alguns compostos

fenólicos promovem turbidez e escurecimento da bebida. O problema pode ser indesejável

sensorialmente, como também, tecnologicamente, uma vez que, a pectina presente no suco

pode gelificar durante o processo de concentração ou outros processos térmicos, trazendo

problemas de escoamento e incrustações, dentre outros (BLUMENTHAL, 2000).

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142

No processo tradicional de clarificação do suco de maçã, utiliza-se a gelatina

para redução dos fenóis ativos e das partículas de pectina em suspensão, o que tem sido

uma barreira para um novo nicho de mercado, os consumidores veganos e vegetarianos.

Além disso, há as questões religiosas, tais como, budismo, judaímo e islamismo, que

consideram produtos de origem bovina e suína como originados de animais sagrados ou

impuros (PORTAL BRASIL, 2011). Como alternativa, utiliza-se a ultrafiltração, adsorção

por polyvinylpyrrolidone (PVPP), mas estes métodos tem o inconveniente de serem de alto

custo e de difícil recuperação (ALBERT et al., 2012).

Como alternativa aos processos convencionais, há a semente de Moringa

oleifera Lamark, que vem apresentando potencial clarificante no tratamento de água

(MADSEN et al., 1987; GERDES, 1996; KARADI et al., 2006; HEREDIA et al., 2009;

MADRONA, 2010; PRITCHARD, et al., 2010). Estas sementes possuem uma proteína,

biodegradável e não tóxica (BICHI; PH, 2013) cujo mecanismo de ação esta sendo

avaliado quanto a capacidade de clarificar sucos de fruta, eficácia já comprovada na

clarificação de suco de maçã, como apresentado no capítulo 3 deste trabalho.

Considerando que o suco de maçã é tipicamente consumido como suco

clarificado em diversos países (TETIK et al., 2012), o objetivo deste estudo foi avaliar a

aceitação sensorial de suco de maçã clarificado por diferentes métodos e não clarificado,

bem como estudar os atributos que influenciam na aceitação do produto e o limiar de

percepção dos consumidores para transmitância no suco de maçã.

5.2 Material e métodos

5.2.1 Material

Foram utilizadas maçãs da variedade fuji (Malus Communis) para produção de

suco; sucos de maçã clarificados comerciais; enzima para tratamento enzimático (Pectinex

Ultra Clear, Novozymes®, ≥ 3,800 unidades/mL, pectinase produzida por Aspergillus

aculeatus, preparação enzimática, que contém pectintranseliminase, poligalacturonase e

pectinaesterase), gelatina (Gelita, 120 bloom) e sementes de Moringa oleifera Lamark,

utilizadas no preparo do extrato clarificante, colhidas em Campinas – SP (22°49’S,

47°03’37O).

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143

5.2.2 Métodos

O experimento foi delineado com o objetivo de verificar o impacto sensorial de

extrato de semente de Moringa oleifera Lamark como agente clarificante em suco de maçã.

Dessa forma, duas amostras de sucos comerciais (CJ1 e CJ2) e três amostras de sucos

elaborados para o presente estudo (PJ1, PJ2 e PJ3) foram submetidas ao Teste de aceitação

e de Análise de Comentários.

Além disso, também realizou-se teste de Ordenação e de Diferença do Controle

para verificar a percepção do consumidor em relação a transmitância de suco de maçã.

Os testes foram realizados com 80 consumidores, em cabines individuais, sob

luz branca. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP,

Campus Campinas (CAAE: 44816915.1.0000.5404).

5.2.2.1 Preparo dos coadjuvantes de clarificação

Dois coadjuvantes de clarificação, extrato de Moringa e gelatina, foram

preparados para posterior utilização na clarificação do suco de maçã. O preparo dos

coadjuvantes de clarificação são descritos a seguir:

Extrato de Moringa:

Inicialmente, as sementes de Moringa oleifera Lamark foram descascadas

manualmente e prensadas (4 ton, Prensa Charlott) para remoção do óleo. O óleo

extraído foi descartado e a torta obtida foi triturada em moinho (Ika - A10) para

obtenção de um material fino e de granulometria homogênea. A torta triturada foi

misturada a água deionizada (5%, m:m, 100 RPM/30 min) baseado em

Ndabigengesere & Narasiah (1998). Esta solução foi filtrada a vácuo (papel de

filtro, Qualy). O permeado foi liofilizado por 44 horas, 0,12 mbar, T = - 40 ºC

(main drying) e 4 horas, 2,5 mbar, T = -10 ºC (final drying) (Christ Lyophilizer -

Alpha 2-4 LD Plus) (Figura 5.1). O material liofilizado foi denominado de extrato

bruto liofilizado, posteriormente utilizado na preparação do extrato clarificante.

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144

Figura 5.1 - Processamento da semente de Moringa oleifera Lamarck para produção de

extratos clarificantes: a) Sementes com casca. b) Sementes descascadas. c) Torta obtida

após prensagem. d) Extrato bruto liofilizado.

A partir do extrato bruto liofilizado, foi elaborado o extrato clarificante de

moringa. Para isso, homogeneizou-se o extrato bruto liofilizado em solução salina

(0,1 M) na proporção de 1% (m:m) a temperatura ambiente (25 °C ± 2°C). O

preparo do extrato clarificante 0,1M iniciou-se 30 min antes do processo de

clarificação e o mesmo permaneceu em homogeneização (100 RPM), por meio de

agitador magnético, durante experimento de clarificação.

Gelatina:

Uma solução de gelatina foi preparada com a finalidade de diluir a gelatina

em pó (120 bloom) e facilitar sua aplicação. Dessa forma, 2,5 g de gelatina bovina

(Gelita, 120 bloom) foi homogeneizado em 50 g de água deionizada a 40°C,

permanecendo em homogeneização (100 RPM), por meio de agitador magnético,

durante experimento de clarificação.

5.2.2.2 Preparo das amostras de suco de maçã

Para o teste de Aceitação e de Análise de comentários, cinco amostras de suco

de maçã foram submetidas a análise sensorial, sendo duas delas amostras comerciais (CJ1

e CJ2), as demais foram produzidas para este estudo (PJ1, PJ2 e PJ3). O preparo das

amostras de suco de maçã são descritos a seguir:

Suco comercial - CJ1:

Utilizou-se suco comercial clarificado de maçã. O suco apresentava-se

dentro do padrão de qualidade de suco clarificado de maçã e transmitância de 75%

(Figura 5.2).

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Suco comercial – CJ2:

Utilizou-se suco comercial de maçã clarificado O suco apresentava-se

dentro do padrão de qualidade de suco clarificado de maçã e transmitância de 87%

(Figura 5.2).

Suco de maçã clarificado com Enzima + Gelatina - PJ1:

O suco de maçã foi obtido por meio de extrator doméstico (Juicer Wallita).

Após extração, o suco de maçã foi transferido para erlenmyers (500 mL), onde

aplicou-se 0,03 mL.L-1. Os erlemyers permaneceram em banho maria à 45 °C,

durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015). Passado o tempo de reação da

enzima, as amostras foram resfriadas em banho maria até alcançar temperatura

ambiente (25 ºC ± 2), para adição do agente de acabamento Gelatina (1 mL.L-1, 100

RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para provetas para floculação e

sedimentação, onde permaneceram por 40 min, tempo de sedimentação adaptado de

Ferreira (2012). A transmitância final do suco foi de 65%. Por fim, o suco foi

transferido para recipientes de vidro e levado a banho-maria para pasteurização (90

°C, 5 min) (Figura 5.2).

Suco de maçã clarificado Extrato de Moringa - PJ2:

O suco de maçã foi obtido por meio de extrator doméstico (Juicer Wallita).

Após extração, o suco de maçã foi transferido para erlenmyers (500 mL) e levado a

banho maria à 45 °C, durante 90 min a 60 RPM (PIMENTEL et al., 2015). Passado

o tempo, as amostras foram resfriadas em banho maria até alcançar temperatura

ambiente (25 ºC ± 2°C), quando receberam agente clarificante Extrato de Moringa

(50 mL.L-1, 100 RPM/1 min). Em seguida, transferiu-se o suco para provetas para

floculação e sedimentação, onde permaneceram por 40 min, tempo de

sedimentação adaptado de Ferreira (2012). A transmitância final do suco foi de

75%. Por fim, o suco foi transferido para recipientes de vidro e levado a banho-

maria para pasteurização (90 °C, 5 min) (Figura 5.2).

Suco de maçã turvo - PJ3:

O suco de maçã foi obtido por meio de extrator doméstico (Juicer Wallita).

Em seguida, o suco foi transferido para recipientes de vidro e levado a banho-maria

para pasteurização (90 °C, 5 min) (Figura 5.2).

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146

Figura 5.2 - Amostras de suco de maçã submetidas ao teste de Aceitação e de Análise dos

comentários.

Para o teste de Ordenação e de Diferença do Controle, sete amostras de suco

foram preparadas, para isso um suco comercial clarificado de maçã, com transmitância de

87%, foi adicionado adicionado de diferentes concentrações de suco turvo (0,02 mL; 0,06

mL; 0,08 mL; 0,1 mL e 0,12 mL). Gerando amostras de suco com diferentes transmitâncias

(Tabela 5.1). A transmitância das amostras foi verificada por meio da leitura em

espectrofotômetro (Beckman, DU-70, EUA) a 546nm, luz UV/Visível, expresso em %

(ALBUQUERQUE, 2009; KEMPKA, et al. 2013)

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147

Tabela 5.1 - Transmitância das amostras de suco utilizadas no teste de Ordenação e no

teste de Diferença do Controle.

Amostra de suco clarificado de maçã

T (%)

Referência (R) 87

A 46

B 51

C 57

D 63

E 70

F 79

G = R 87

5.2.2.3 Teste de aceitação e Teste de Análise de Comentários

Antes de iniciar o teste, os consumidores receberam uma um recipiente de

vidro transparente e fechado contendo amostra de suco de maçã clarificado. Em seguida, o

analista apresentou uma breve definição de suco clarificado, “suco transparente, ausente de

partículas em suspensão ou sedimentos” e solicitou que os consumidores observassem a

limpidez da amostra apresentada.

Realizou-se o teste de aceitação e de Análise de Comentários com 80

consumidores, utilizando-se a escala hedônica de 9 pontos (1 - desgostei extremamente a 9 -

gostei extremamente) (STONE; SIDEL,. 2004) e junto com a ficha de aceitação, os

consumidores também receberam a ficha de Análise de Comentários, pedindo para que

descrevessem as características positivas e negativas de cada suco (SYMONEAUX;

GALMARINI; MEHINAGIC, 2012). As amostras foram apresentadas individualmente de

forma balanceada e os atributos avaliados foram cristalinidade/limpidez, aroma, sabor, cor e

aceitação global.

Os dados do Teste de Aceitação foram analisados por Análise de variância

(ANOVA) e teste Tukey (P < 0,05) por meio do software STATISTICA 7.0 (StatiSoft, Inc.,

Tulsa, Okla., EUA).

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O teste de Análise de Comentários foi realizado conforme Symoneaux;

Galmarini; Mehinagic (2012). Os consumidores foram solicitados a descrever

características positivas e negativas das amostras de suco. Dessa forma, ocorreu citação de

comentários sinônimos, como por exemplo, suco turvo e suco opaco. Os comentários

sinônimos evidentes foram reagrupados, já os comentários ambíguos não foram

reagrupados, continuaram da forma que foram citados. Durante a tabulação dos dados,

todos os comentários positivos foram transformados em modalidades mais simples,

começando por “P_” e os comentário negativos por “N_”. Além disso, por se tratar de um

método livre, onde o consumidor escreve o que lhe vem à mente, alguns atributos tiveram

baixa frequência de citação. Por essa razão, utilizou-se apenas comentários com citação

acima de 5% por amostra como resultado.

Os dados foram tabulados com auxílio do software Microsoft Excel 2010, onde

elaborou-se uma tabela, separando-se por coluna os consumidores e as amostras de suco de

maçã, e nas linhas os comentários positivos e comentários negativos. Uma tabela de

contingência foi gerada utilizando-se a função “tabulação cruzada” com as amostras como

colunas e as modalidades (“P_” e “N_”) como linhas. Em seguida, por meio do comando

Qui-quadrado por célula, uma tabela foi obtida, apresentando para cada célula da tabela de

contingência os valores observados com significância maior, menor ou igual ao valor

teórico. A análise estatística foi realizada no software XLSTAT (versão para Windows

2012.5, Adinsoft, Paris, França).

Com o objetivo de visualizar a relação entre as amostras e os comentários

positivos e negativos descritos pelos consumidores, uma Análise de Correspondência foi

realizada a partir da tabela de contingência. O mapa de Análise de Correspondência (AC)

gerado representa as linhas e as colunas da tabela de contingência em um mesmo espaço

geométrico. A análise foi realizada no software XLSTAT (versão para Windows 2012.5,

Adinsoft, Paris, França).

Além disso, para o teste de Análise de Comentários, realizou-se uma Análise

de Grupamento Hierárquico para encontrar e agrupar as amostras que apresentaram

características similares, tendo os valores de coordenadas das amostras da primeira e da

segunda dimensão do mapa sensorial gerado na Análise de Correspondência, considerando

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149

a distância euclidiana (dissimilaridade) e Método Ward (método de aglomeração) e

truncação automática (CRUZ et al., 2013; MOUSSAOUI; VARELA, 2010).

5.2.2.4 Teste de Ordenação e Diferença do Controle

O teste de Ordenação e de Diferença do Controle foi aplicado para 80

consumidores, com o objetivo de verificar o poder discriminatvo dos consumidores em

relação a transmitância do suco de maçã.

Durante o teste de Ordenação, os consumidores receberam sete amostras de

suco de maçã com diferentes transmitâncias (46, 51, 57, 63, 70, 79 e 87%). As amostras

foram apresentadas simultaneamente em recipientes de vidro idênticos, codificados com

três dígitos e a ordem de apresentação das amostras foi balanceada com relação aos

consumidores. Os consumidores foram solicitados a observar o suco e sua limpidez e

ordenar as amostras de forma crescente (da amostra menos límpida para a mais límpida).

Os dados do teste de Ordenação foram analisados pelo método de Friedman.

Cada amostra recebe o valor correspondente a sua posição da ordenação. Dessa forma, se a

amostra foi ordenada na primeira posição, ela recebeu 1 ponto, se foi colocada na quarta

posição, recebeu 4 pontos. Então uma tabela foi montada com a pontuação de cada amostra

com base no julgamento dos consumidores para análise de Qui-quadrado por teste de

Friedman (p<0,05).

O teste de Diferença do Controle foi utilizado para verificar se havia diferença

significativa e em caso positivo, o grau da diferença entre uma amostra de suco de maçã e

uma amostra referência do suco (R) em relação ao atributo limpidez.

Durante o teste os consumidores receberam uma amostra referência (R) e

foram pedidos para observar a limpidez da amostra. Em seguida, as amostras A (46%), B

(51%), C (57%), D (63%), E (70%), F (79%) e G (87%) foram apresentadas

individualmente (Tabela 5.1). O consumidor foi solicitado a comparar cada amostra de

suco à amostra referência (R), indicando o grau da diferença por meio de uma escala que

variava de “Zero – nenhuma diferença da referência” até “Seis – Muito diferente da

referência”. Cabe ressaltar que, a amostra referência estava presente entre as demais.

Para o teste de Diferença do Controle, os resultados foram avaliados por meio

de Análise de Variância (ANOVA) para verificar se havia diferença significativa entre as

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150

amostras e a referência (p<0,05). O teste de médias de Dunnet foi utilizado para verificar

quais pares de amostras diferem a p<0,05.

5.3 Resultados e discussão

5.3.1 Teste de Aceitação e teste de Análise dos comentários

O objetivo ao realizar o teste de Aceitação e o Análise dos comentários foi

verificar o quanto os sucos de maçã seriam apreciados pelos consumidores e se haveria

diferença na aceitação da bebida clarificada com extrato de Moringa e as demais bebidas, e,

além disso, entender a razão pela qual um suco foi bem aceito ou não.

De forma geral, o uso do extrato de moringa como agente de clarificação em

suco de maçã não apresentou impacto negativo na aceitação do produto para todos

atributos avaliados. A Figura 5.3 apresenta a aceitação das amostras de suco de maçã para

os atributos cristalinidade (transmitância), sabor, aroma, cor e impressão global.

Os consumidores gostaram moderadamente da cristalinidade dos sucos CJ1,

CJ2, PJ1 e PJ2 (pontuação entre 6 e 7 na escala hedônica de 9 pontos). O suco PJ3 (suco

turvo) apresentou a menor aceitação para cristalinidade, como também para cor e aceitação

global. É provável que a opacidade e as partículas presentes nesta amostra foram

responsáveis pela baixa aceitação destes atributos.

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Figura 5.3 - Aceitação sensorial do suco de maçã. Médias que não compartilham a mesma

letra são diferentes significativamente entre si (p<0,05), segundo teste de Tukey.

A amostra PJ2 não diferiu de PJ1, CJ1 e CJ2 para o atributo de cristalinidade,

indicando que o extrato de Moringa, utilizado como agente clarificante, promoveu uma

clarificação semelhante aos processos utilizados comercialmente, uma vez que as amostras

PJ1, CJ1 e CJ2 são amostras clarificadas por métodos tradicionais, já inseridos no

mercado. Os sucos CJ1 e CJ2 não apresentaram diferença estatística entre si para

cristalinidade, como era esperado, pois usam os mesmos métodos de clarificação.

Não houve diferença significativa entre a aceitação do suco PJ2 e dos sucos

comerciais CJ1e CJ2 para os atributos de sabor e aroma, o que reforça o potencial do

extrato de Moringa como agente clarificante de suco de maçã, pois sugere que o extrato de

Moringa não afeta o sabor e o aroma. A amostra PJ2 diferiu de CJ1 em relação a cor, neste

caso, esperava-se diferença entre CJ1 e as demais amostras, pois o suco CJ1 apresentava

coloração diferente das demais.

Com a finalidade de estudar a diferença, no que diz respeito a aceitação dos

consumidores em relação ao atributo cristalinidade entre as amostras, uma Análise

Hierárquica de Grupamento foi realizada sobre os dados do teste de aceitação com

consumidores conforme Tarancón et al. (2015). Agrupando-se consumidores com base em

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suas respostas, por amostra, para o atributo cristalinidade, foram identificados três grupos

de consumidores com diferentes padrões de aceitação para cristalinidade. Para cada grupo

formado, uma Análise de Variância (ANOVA) foi realizada para verificar o efeito do

processo de clarificação na aceitação da cristalinidade (Figura 5.4).

O primeiro grupo (Fig. 5.4a) foi composto por 54% dos indivíduos, o segundo

e terceiro grupo (Fig. 5.4b e 5.4c) por 37,7% e 5,3% dos indivíduos, respectivamente. Para

o grupo 1 (Figura 5.4a), o resultado da ANOVA mostra que o suco PJ3 apresentou a menor

aceitação para cristalinidade (P<0,05). No grupo 2 (Figura 5.4b), PJ3 e CJ1 tiveram a pior

aceitação e no grupo 3 (Figura 5.4c), todas as amostras obtiveram a mesma aceitação. Os

resultados da Análise de Hierárquica de Agrupamento sugerem que há um pequeno grupo

(grupo 3, com 5.3% dos indivíduos), que aprecia o suco de maçã independentemente da

cristalinidade do produto, pontuando as amostras entre 6 e 8 pontos na escala hedônica

(Figura 5.4c). No entanto, a maioria dos consumidores realmente apreciaram as amostras

mais límpidas, como apresentado no grupo 1 e 2 (Figura 5.4a e 5.4b).

Figura 5.4 - Aceitação sensorial para cristalinidade de suco de maçã por grupos de

consumidores (Grupo a, b e c). Médias que não compartilham a mesma letra são diferentes

significativamente entre si (P<0,05), segundo teste de Tukey.

Comparando o suco PJ2, clarificado com extrato de Moringa, aos sucos

comerciais (CJ1 e CJ2), 57% dos consumidores preferiram a cristalinidade do CJ1 ao PJ2,

diferença que possivelmente se deve a coloração mais clara da bebida comercial (CJ1). Por

outro lado, 37% dos consumidores, preferiram a cristalinidade do PJ2 que CJ1. Os 3

grupos apontaram o suco PJ2 com uma cristalinidade tão bem aceita quanto o suco

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comercial (CJ2). Reforçando o potencial clarificante do extrato de moringa como agente

clarificante em suco de maçã.

No teste de Análise de comentários, os consumidores foram pedidos para

descrever cada amostra com atributos/comentários positivos e negativos. As respostas

obtidas foram usadas para gerar uma tabela de contingência apenas com os atributos

significativos e com citação superior a 5% (SYMONEAUX; GALMARINI;

MEHINAGIC, 2012). Com base nesta tabela, constatamos que as amostras foram descritas

com seis atributos positivos (P) e nove negativos (N). A Tabela 5.2 apresenta a tabela de

contingência com número de citações de atributos por amostra e resultado do Qui-

quadrado por amostra são apresentados.

Os atributos positivos que descreveram as amostras e que apresentaram o

maior número de citações foram P_cor, P_aroma e P_cristalinidade. A amostra PJ2 não

apresentou diferença significativa para P_cristalinidade em relação a CJ2 e PJ1 (p<0,05),

clarificadas por métodos tradicionais. Todas as amostras foram descritas com P_sabor, sem

diferença significativa entre elas. Sendo o suco PJ2, PJ3 e CJ1, os que apresentaram maior

número de citação P_sabor de maçã.

Os atributos negativos mais citados para descrever as amostras foram

N_doçura, N_partículas em supensão, N_cor esverdeada, N_turbidez, N_cor e N_sabor. Os

atributos de N_doçura e N_sabor podem estar associados e foram mais citados para PJ1,

PJ2 e CJ2 sem diferença significativa entre as amostras (p>0,05). A amostra PJ3 recebeu

menor número de citação destes atributos.

É importante ressaltar que, PJ2 não recebeu descrições negativas sobre sabor

estranho, sendo uma das amostras que mais foi descrita por P_sabor de maçã. O que é de

interesse, uma vez que esta amostra foi clarificada com o extrato de Moringa. Logo, a

percepção de sabores estranhos a maçã era uma preocupação.

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Tabela 5.2 - Tabela de contingência apresentando as principais modalidades (P_ e N_)

citadas pelos consumidores e o número total de modalidades positivas e negativas. Número

de citações por amostra e resultados do Qui-quadrado por célula.

Atributosa Suco de maçã

CJ 1 CJ 2 PJ1 PJ2 PJ3

P_cor 3*(-) 32*(+) 26*(+) 23(+) 9*(-)

P_sabor 18(+) 13(-) 10(-) 10(-) 18(+)

P_aroma 28*(+) 9*(-) 16(-) 20(+) 17(-)

P_ cristalinidade 25*(+) 24(+) 15(+) 17(+) 0*(-)

P_acidez ideal 1*(-) 10*(+) 3(-) 3(-) 2(-)

P_sabor de maçã 10(+) 5*(-) 3*(-) 14(+) 13(+)

N_aroma 5(-) 10(+) 7(-) 12(+) 5(-)

N_ doçura 16(-) 22(-) 24(+) 29*(+) 11*(-)

N_ turbidez 0*(-) 3(-) 0*(-) 0*(-) 11*(+)

N_ precipitados 0*(-) 0*(-) 4(+) 1*(-) 13*(+)

N_ cor esverdeada 30*(+) 2*(-) 1*(-) 1*(-) 0*(-)

N_sabor 10(-) 15(+) 12(+) 11(+) 5*(-)

N_ aparência 1*(-) 0(-) 0(-) 0(-) 10(+)

N_acidez 2(-) 10(+) 3(+) 1(-) 0*

N_ partículas suspensas 0*(-) 0*(-) 5(-) 2* 21*(+)

(+) ou (-) indicam que o valor observado é maior ou menor que o valor teórico.

a Modalidades mencionadas por pelo menos 5% dos consumidores em pelo menos uma amostra.

* Diferença significativa a p<0,05; Qui-quadrado por célula.

P_ = comentários positivos e N_ = comentários negativos.

Como o Qui-quadrado permite verificar qual atributo (P ou N) foi mais/menos

citado para cada um dos sucos, foi possível observar que, CJ1 recebeu mais

P_cristalinidade e N_cor esverdeada; CJ2 recebeu mais P_cor, P_acidez ideal, N_sabor e

N_acidez; PJ2 obteve muitas descrições de P_sabor de maçã, N_doçura e PJ3 obteve mais

N_partículas em suspensão (Tabela 5.2).

Analisando os atributos mais citados, é possível observar que, tanto os

atributos positivos, quanto os negativos, poderiam ser controlados durante o processo de

produção do suco de maçã, por exemplo, por meio da escolha de variedades de maçãs, da

maturação dos frutos ou por intervenções tecnológicas e blends, seria possível trabalhar na

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doçura/acidez (ratio); por meio da clarificação da bebida e do tipo de extração, seria

possível alterar a turbidez e a cor do produto. Além disso, conhecendo os comentários

positivos e negativos, é possível dar prioridade às características mais ou menos apreciadas

pelo consumidor e, dessa forma, utilizar o teste de Análise de Comentários como uma

ferramenta para melhorar a aceitação do suco de maçã no mercado.

Comparando os resultados obtidos no Análise de Comentários com os dados do

teste de Aceitação, observamos que, a aceitação foi coerente as descrições positivas e

negativas do teste de Análise de comentários. É possível observar que, quanto maior foi a

aceitação de uma amostra, mais atributos positivos a amostra recebeu. O mesmo ocorreu

com a amostra que obteve menor aceitação global, a qual recebeu mais comentários

negativos. O suco PJ3 foi a amostra com menor aceitação global para cor e para

cristalinidade (Figura 5.3), e recebeu o maior número de comentários negativos, com 76

citações negativas, enquanto a média para as outras amostras foi de 57 citações negativas.

As amostras CJ2 e PJ2 apresentaram a maior aceitação para aceitação global (Figura 5.3) e

receberam 93 e 87 citações positivas, respectivamente.

Por meio da tabela de contingência, uma Análise de Correspondência (AC)

(Figura 5.5) foi realizada para melhor visualização da caracterização sensorial do suco de

maçã. Trata-se de um mapa que mostra a disposição das amostras de suco e dos atributos

positivos e negativos em um mesmo espaço, dessa forma, quando uma amostra está

próxima a um determinado atributo, significa que aquele atributo a descreve. Além disso,

quando há amostras próximas umas das outras, significa que há similaridade entre elas, se

estiverem distantes, serão diferentes.

A amostra CJ1 está no lado esquerdo, PJ3 no lado direito e CJ2, PJ1 e PJ2

estão posicionadas de forma mais centralizada em relação as demais. Os círculos na figura,

mostram os grupos formados por meio da Análise de Grupamento Hierárquico para

amostras, sendo então possível identificar a formação de 3 grupos. Um grupo é formado

pela a amostra CJ1, outro pelo suco PJ3 e um terceiro grupo pelos sucos CJ2, PJ1 e PJ2.

Os consumidores descreveram CJ1 como esverdeado (N_cor esverdeada), esta

amostra é um suco comercial e essa coloração é característica do método de produção e da

marca do suco, que utiliza maçãs verdes e realiza branqueamento das maçãs antes da

extração do suco, inibindo o escurecimento. O suco PJ3 recebeu muitas citações

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N_partículas em suspensão, o que era esperado, uma vez que, este suco não passa por

clarificação, a presença de partículas é uma característica intrínseca e desejável para o

produto.

O terceiro grupo (CJ2, PJ1 e PJ2) é composto por amostras que foram descritas

com muitos atributos em comum, por isso, essas amostras apresentaram similaridade e

foram agrupadas em um só grupo. Logo, os sucos clarificados por processos convencionais

(CJ2 e PJ1) foram caracterizados como semelhante ao suco clarificado com extrato de

moringa (PJ2). Diante disso, tanto a aceitação, quanto os atributos usados para descrever o

suco PJ2 mostram que, o extrato de moringa pode ser uma alternativa na clarificação de

suco de maçã.

Figura 5.5 - Análise de Correspondência obtida a partir da tabela de contingência,

apresentando as amostras(Δ) e os principais atributos(●) citados pelos consumidores. Os

círculos representam as amostras que apresentam características similares com base na

análise de Hierarchical Cluster.

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5.3.2 Teste de Ordenação e teste de Diferença do Controle

Independentemente do método utilizado na clarificação de suco de maçã, o

objetivo será produzir um suco límpido, tanto por questões tecnológicas, quanto sensoriais.

Tratando-se das características sensoriais, a questão é: Qual o potencial do consumidor

para discriminar a qualidade da clarificação do suco de maçã? Os consumidores seriam

capazes de escolher o suco com base na qualidade da clarificação?

Diante destes questionamentos aplicou-se dois testes discriminativos, o teste de

Ordenação e o de Diferença do controle, no primeiro, os consumidores devem comparar

todas as amostras entre si e ordená-las da menos límpida para a mais límpida, o que pode

facilitar a capacidade discriminativa. No segundo teste, os consumidores compararam uma

amostra de suco a uma amostra referência, e diziam o grau de diferença entre elas, o que

poderia aumentar a dificuldade em discriminar as amostras.

A Tabela 5.3 apresenta os resultados para o teste de Ordenação. A amostra “A”

(T=46.38%) foi identificada como a mais turva. A amostra “F” e “G” (T=79.46% e

T=87.90%) foram apontadas como as mais límpidas, sendo "A = B", "C = B", "C = D", "E

= D", "E = F" and "F = G".

Este resultado demonstra que os consumidores só não foram capazes de

perceber diferença entre os sucos (p<0,05), quando a transmitância entre as amostras era

próxima. Quando as amostras apresentavam muita diferença entre as transmitâncias, houve

discriminação da amostras (p>0,05).

Cabe ressaltar que, conforme a transmitância do suco aumentava, aumentava-

se também a diferença da transmitância entre cada amostra, que iniciou-se em 5,4 (“B” –

“A”) e finalizou com 8,44 (“G”-“F”). Sendo assim, podemos dizer que, para as amostras

com transmitância elevada, “E” (70,74%), “F” (79,46%) e “G” (87,90%), há uma

dificuldade maior em perceber a diferença de limpidez entre as amostras, pois nesta

situação a diferença na transmitância entre elas foi de superior a 7 e 8 e ainda assim, os

consumidores apontaram essas amostras como iguais (“E”=“F”; “F”=“G”). Sugerindo que,

durante a aquisição do produto no mercado, os consumidores conseguem comparar lado a

lado diferentes marcas de suco de maçã e escolher a mais límpida apenas se houver muita

diferença entre as transmitâncias dos sucos.

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158

A Tabela 5.4 apresenta os resultados para o teste de Diferença do Controle. Os

resultados mostraram que, o suco “F” (T = 79.46%) e “G” (T = 87.90%) são tão límpidos

quanto a amostra Referência (R) (87.90%) (p>0,01). As demais amostras são diferentes da

referência, sugerindo mais uma vez que, os consumidores percebem diferença na

transmitância apenas quando as amostras possuem diferenças superiores a 8,4 na

transmitância.

Tabela 5.3 - Resultado para o teste de Ordenação com amostras de suco de maçã

clarificado.

Amostra

(T%) e

Total

A

46,38%

B

51,78%

C

57,20%

D

63,61%

E

70,74%

F

79,46%

G

87,90%

104 171 216 295 351 408 500

A

46,38%

104 - 67nd 112 * 191 * 247 * 304 * 396 *

B

51,78%

171 - - 45 nd 124 * 180 * 237* 329 *

C

57,20%

216 - - - 79 nd 135 * 192 * 284 *

D

63,61%

295 - - - - 56 nd 113* 205*

E

70,74%

351 - - - - - 57 nd 149 *

F

79,46%

408 - - - - - - 92 nd

G

87,90%

500 - - - - - - -

nd não há diferença significativa. * há diferença significativa, MDS =79,3.

Tabela 5.4 - Resultado para teste de Diferença do controle com amostras de suco de maçã

clarificado.

Amostras Média/Amostra Média/Referência Diferença (Amostra x Referência)

F 1,054 0,79 0,26ns

E 1,52 0,79 0,73*

D 2,05 0,79 1,26*

C 2,52 0,79 1,73*

B 2,79 0,79 2*

A 3,05 0,79 2,26*

ns não há diferença significativa; * há diferença significativa (MDS = 0,42).

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159

5.4 Conclusões

O suco de maçã clarificado com extrato de moringa (PJ2) obteve a mesma

aceitação global que as amostras comerciais (CJ1 e CJ2) e que a amostra clarificada com

gelatina, processo convencional (PJ1). Além disso, obteve a mesma aceitação que as

amostras comerciais para o atributo cristalinidade.

A Análise de Grupamento Hierárquico mostrou que há um pequeno

mercado para o suco de maçã independentemente da limpidez do produto. Ainda assim,

mais da metade dos consumidores preferiram o suco clarificado.

Por meio do teste de Análise de Comentários, os consumidores descreveram

todas as amostras com atributos comuns para suco de maçã, sem a presença de aroma ou

sabor estranho a maçã, o que seria um fator limitante para utilização de extrato de moringa

como agente clarificante em suco.

O teste de Análise de comentários permitiu verificar atributos que podem

impactar na aceitação do suco de maça. Por meio dos comentários positivos e negativos foi

possível observar o que o consumidor espera ou não encontrar em um suco de maçã. Dessa

forma, o teste de Análise de comentários pode ser uma ferramenta para o desenvolvimento

do processamento de suco de maçã.

Os atributos positivos mais citados pelos consumidores para descrever as

amostras foram a cor, a cristalinidade, sabor e acidez ideal; enquanto que os comentários

negativos foram a doçura, presença de partículas, a cor esverdeada, a turbidez e o sabor.

A análise de correspondência mostrou que sucos clarificados por processos

convencionais (CJ2 e PJ1) foram caracterizados como semelhantes ao suco clarificado com

extrato de moringa (PJ2). Diante disso, tanto a aceitação, quanto os atributos usados para

descrever o suco PJ2 mostram que, o extrato de moringa pode ser uma alternativa na

clarificação de suco de maçã.

Em relação ao potencial discriminativo do consumidor para limpidez de

suco de maçã, o consumidor percebeu diferenças entre as amostras quando houve diferença

superior a 8,44 na transmitância entre as amostras. Porém, quando a transmitância das

amostras foi muito alta, aumentou-se também a dificuldade na percepção. Dessa forma,

durante a aquisição do produto no mercado, os consumidores conseguiriam comparar lado a

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160

lado diferentes marcas de suco de maçã e escolher a mais límpida apenas se a transmitância

entre elas for muito diferente.

5.5 Referências bibliográficas

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162

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164

DISCUSSÃO GERAL

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165

Este estudo verificou o potencial clarificante de extrato de semente de Moringa

oleifera Lamark como agente clarificante em suco de maçã.

ENSAIOS PRELIMINARES: DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL

CLARIFICANTE DE EXTRATO AQUOSO E SALINO DE SEMENTE DE

MORINGA OLEIFERA LAMARK EM SUCO DE MAÇÃ

Optou-se pela elaboração do extrato bruto liofilizado para manter a qualidade

do material, pois as sementes têm seu potencial clarificante reduzido após colheita e

armazenamento prolongado (MADRONA, 2010). Além disso, o processo de produção do

extrato bruto liofilizado reduz resíduos e fibras presentes nas películas que recobrem a

semente.

O coagulante presente na semente de Moringa oleifera Lamark pode ser

extraído em água e mais comumente em solução de cloreto de sódio (ANWAR et al.,

2007). De acordo com Okuda et al. (2001), o tipo de extrato da semente de Moringa

oleifera Lamark influencia na sua capacidade clarificante de águas. Os autores avaliaram o

potencial clarificante do extrato com NaCl, KCl, KNO3, NaNO3 e observaram que o

extrato com NaCl teve capacidade 7,4 vezes maior do que em água. Partindo deste

princípio, verificou-se o potencial dos extratos aquoso e salinos em suco de maçã.

Diversos estudos sugerem concentrações ideais para clarificação de água, mas

já foi constatado que a turbidez inicial, pH, temperatura e até armazenamento das sementes

influenciam no potencial clarificante dos extratos (PRITCHARD et al., 2010;

MADRONA, 2010). Ndabbigengesere e Narasiah (1995) indicaram concentrações de 0,5 a

1 mg.L-1 como eficazes para clarificação de águas turvas. Outros já sugerem concentrações

maiores de extrato, que equivalem a 0,025 a 0,30 g.L-1 (MADRONA, 2010), enquanto

Pritchard et al. (2010) indica 0,03 a 0,05g.L-1 para água com turbidez entre 40 e 200 NTU.

Diante disso, como um teste preliminar, optou-se por trabalhar com baixas concentrações

do extrato apenas para observar o efeito que os extratos causariam na transmitância do

suco de maçã, que pode chegar a até 270 NTU, dependendo do tipo de extração.

As concentrações utilizadas no presente estudo foram 0,5 e 2 ml.L-1, o que

equivale a 0,005 e 0,02g de Extrato Bruto Liofilizado por litro de suco. 2 mL.L-1 do extrato

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166

salino 0,1M promoveu transmitância 5 vezes maior quando comparado ao suco sem

clarificação. Este resultado está de acordo com o estudo de Okuda et al. (1999), que

constatou melhor atuação do extrato salino no tratamento de água. Com base neste

resultado, o extrato 0,1M foi o selecionado para os demais testes do estudo. O extrato tem

potencial clarificante, pois a clarificação impactou positivamente na transmitância do

produto p<0,05.

O potencial zeta do suco clarificado apenas com os extratos não apresentou

alteração, todas as amostras permaneceram com valores estatisticamente iguais ao suco in

natura, em torno de -9,93 mv. Já a clarificação, com tratamento enzimático, seguida de

acabamento com extrato 0,1M, promoveu uma pequena alteração do potencial zeta, de -

9,93 mv para -8,24 mv. Valores que se enquadram em aglomerações e precipitações

razoáveis (CTC, s.d.), potencial zeta comum para suco de maçã (SORRIVAS et al., 2005).

Segundo Davino (1976) o mecanismo de coagulação/floculação provocado

pelo polímero existente na polpa da semente de Moringa oleifera Lam assemelha-se ao

mecanismo provocado pelos polieletrólitos. Quando a coagulação/floculação é realizada

por polieletrólitos, não há reações de neutralização entre o coagulante e a água para formar

complexos gelatinosos, como ocorre com os coagulantes derivados de sais de alumínio e

ferro. Isso ocorre porque esses polieletrólitos são constituídos de complexos de grandes

cadeias moleculares, que apresentam sítios com cargas positivas ou negativas. Assim, esse

tipo de coagulação/floculação praticamente independe da alcalinidade da água, pode

ocorrer numa grande faixa de valores de pH, entre 4,0 e 12,0 (BORBA, 2001).

Após aplicação do EXT.0,1M, ocorreu redução da % de partículas maiores,

restando ainda, partículas menores (até 100 µm) em suspensão no suco, porém com menor

variação de tamanhos de partículas. Isso porque, o uso do extrato como agente de

clarificação, promoveu floculação e sedimentação dos flocos grandes, o que aumentou a

proporção (%) das partículas menores na solução.

Os valores de distribuição das partículas em porcentagem, se referem ao

somatório de todos os tamanhos de partículas encontrados na amostra, que equivalem a

100%. Logo, esses dados não apresentam a quantidade de partículas, mas sim sua

contribuição na solução.

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167

Os colóides em suspensão no suco são basicamente formados por

polissacarídeos, tais como pectinas e amido, contendo moléculas em solução verdadeira e

partículas em suspensão, e costumam variar, principalmente, entre 0,1 e 100 µm

(PETRUS, 1997). Partículas maiores que 100 µm, consideradas acima do diâmetro crítico,

podem sedimentar rapidamente devido a aglomeração (PETRUS, 1997), e outras menores,

geralmente possuem carga elétrica negativa e não podem ser suficientemente removidas

por simples sedimentação, são cercadas por uma dupla camada elétrica, evitando o contato

entre si, sendo necessária outras intervenções tecnológicas, como a filtração.

CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ: OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES

PARA CLARIFICAÇÃO COM EXTRATO DE SEMENTES DE MORINGA E

IMPACTO DA CLARIFICAÇÃO NOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DO

SUCO

Diante dos resultados anteriores, uma otimização das condições de clarificação

foi realizada. As variáveis do delineamento foram a concentração de enzima e de extrato

de moringa (0,1 M). Para efeito de comparação, um delineamento foi realizado variando-se

concentração de enzima e de gelatina.

Em relação ao DCCR 22 para concentração de enzima x concentração de

extrato de moringa, a transmitância do suco de maçã variou de 37,27% a 79,33%, na

menor transmitância obtida, não houve adição de extrato de moringa, no valor mais alto,

houve adição apenas de extrato de moringa, ou seja, o extrato impactou positivamente na

transmitância do suco, mesmo sem a etapa de tratamento enzimático. Ou seja, nas

condições estudadas, apenas o extrato foi significativo para melhoria da transmitância do

suco de maçã. Segundo Sorrivas, Genoveze e Lozano, (2007) a enzima tem como principal

função aumentar a mobilidade das partículas.

A condição ótima do delineamento está de acordo com resultados obtidos por

Madrona (2010). Segundo Paterniani et al. (2015) a concentração de coagulante deve ser

proporcional à turbidez da água bruta a ser tratada. Considerando que a turbidez do suco

varia com o lote da fruta e com o tipo de extração realizada, é possível que as

concentrações ideais necessárias para clarificação da bebida também mudem. O extrato de

moringa impactou na melhoria da transmitância do suco de maçã, com efeito quadrático

negativo para concentração do extrato de moringa, ou seja, acima de determinada

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168

concentração do extrato, o suco não apresentou melhoria na transmitância, ocorrendo

processo inverso. Tal efeito é muito comum quando utiliza-se polieletrólitos na

clarificação, pois quando utilizados em quantidade superior ao ideal, ocorre adsorção ou

adsorção secundária das partículas, promovendo nova estabilização, o que não favorece a

sedimentação (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).

Em relação ao delineamento para concentração de enzima x concentração de

gelatina, apenas a gelatina foi significativa, sugerindo mais uma vez que, enzimas

intrínsecas a fruta, atuaram no suco, sendo insignificante o uso de enzima comercial para a

resposta transmitância, nas condições estudadas.

As respostas encontradas para pH, sólidos solúveis, acidez e ratio, não foram

significativas em ambos os delineamentos. O que é desejável, pois são parâmetros que

também indicam a qualidade e valor comercial do suco clarificado de maçã são definidos

(BRAUN, 2003).

Tanto a enzima, quanto o extrato de moringa impactaram na cor .

Concentrações maiores do extrato de moringa diminuíram a cor avermelhada, a enzima

também colaborou para a alteração. Por outro lado, o parâmetro foi influenciado apenas

pela concentração de extrato de moringa, maiores concentrações de extrato de moringa

aumentaram Para a clarificação em função da concentração de enzima x concentração

de gelatina, apenas o parâmetro de cor apresentou alteração significativa, quanto maior a

concentração de gelatina, menos avermelhado se torna o suco.

Apesar da leve redução da cor avermelhada, o que é desejável para suco de

maçã, visualmente, tais mudanças nem sempre são perceptíveis aos olhos dos

consumidores. Estudos apontam que os valores de ΔE (diferença de coloração) representam

a habilidade do ser humano discriminar mudanças na coloração entre amostras, dessa

forma, ΔE > 3.0 representaria uma “mudança muito perceptível”, 1.5 < ΔE < 3.0 uma

“mudança perceptível” e ΔE < 1.5 uma mudança de cor “não perceptível” (ADEKUNTE,

et al., 2010). Apenas a clarificação do DCCR 22 (Concentração de enzima x extrato de

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169

moringa) promoveu mudanças na cor que foram perceptíveis pelo ser humano, 1,5 < ΔE <

3,0, segundo (ADEKUNTE, et al., 2010).

CLARIFICAÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ COM EXTRATO DE MORINGA:

TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS, SEDIMENTAÇÃO E FORMAÇÃO DE

LODO, FLUXO PERMEADO , FOULING

Os polifenóis no suco de maçã são um dos responsáveis pela turbidez. Como

mencionado, tradicionalmente utiliza-se a gelatina como agente de acabamento para

remoção dos fenóis por floculação e sedimentação, removendo os precursores de turbidez

(SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006). Por essa razão é importante verificar o teor

de polifenóis após o processo de clarificação.

O suco de maçã in natura apresentou maior concentração de fenóis, 116

mg.GAE.L-1, valor estatisticamente igual ao suco clarificado apenas com gelatina, 111.59

mg.GAE.L-1, indicando que, a gelatina, quando utilizada individualmente, não é foi eficaz

na redução dos fenóis.

O suco clarificado com extrato de moringa, por despectinização + gelatina e o

despectinizado promoveram redução de 11.8%, 13.9% e 14.42% no teor de fenóis,

respectivamente, valores estatisticamente iguais. Estes resultados demonstram que, em

relação a remoção de compostos fenólicos, o extrato de moringa foi tão eficaz quanto

clarificação convencional.

O suco clarificado por despectinização + extrato moringa reduziu 20.17% dos

compostos fenólicos, redução estatisticamente igual ao suco despectinizado e superior ao

suco clarificado apenas com o extrato de moringa. Nogueira et al. (2003) e Gökmen et al.

(2001) encontraram redução em até 23% em suco clarificado por método convencional.

A similaridade entre os resultados encontrados para as amostras clarificadas

com extrato de moringa e por despectinização + gelatina são interessantes, pois a gelatina

remove apenas os fenóis reativos, responsáveis principalmente pela formação de turbidez

tardia (KWANG-SUP et al., 2004), razão pela qual a gelatina tem sido o principal agente

de acabamento utilizado pela indústria (CARVALHO et al., 2011). Estes compostos

fenólicos formam complexos insolúveis quando reagem com a gelatina (KWANG-SUP et

al., 2004).

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Os polifenóis reativos são os compostos de alto peso molecular, de difícil

absorção devido à sua dimensão; e devido à sua capacidade de interagir com proteínas,

dificultando a absorção, formando complexos de grandes dimensões com as proteínas

(HAGERMAN 2001; SKOPEC et al. 2004 citado por CARVALHO, 2007; SHIMADA

2006). Por isso, a remoção dos polifenóis reativos pela gelatina colabora para cristalinidade

do suco sem interferir na qualidade nutricional do mesmo, pois fenóis de baixo peso

molecular permanecem no suco e são metabolizados pelo consumidor.

Os resultados também demonstraram que os métodos de clarificação que mais

reduziram os fenóis foram os que utilizaram a etapa de despectinização. Os polifenóis no

suco estão combinados as partículas de pectina, ligados ou adsorvidos à sua estrutura

(CARVALHO et al., 2011). Possivelmente, a hidrólise promovida pela enzima, contribuiu

para maior interação dos fenóis com os agentes de acabamento, bem como maior

exposição dos compostos fenólicos com consequente oxidação. Segundo Benitez e Lozano

(2007), as diferenças entre as cargas das proteínas, dos polifenóis e dos agentes de

acabamento, induzem a floculação e sedimentação, resultando na remoção destes

precursores de turbidez tardia.

Estudos prévios apontam uma relação entre a composição aminoacídica e a

interação entre os compostos fenólicos e os aminoácidos da gelatina (CARVALHO, 2011).

A interação entre a gelatina e os fenóis reativos ocorre principalmente porque a gelatina

possui alta concentração de prolina em sua estrutura e outros aminoácidos, que tem maior

afinidade pelos compostos fenólicos. A prolina possui uma conformação plana, rígida,

além de ser hidrofóbica, o que faz dela um excelente sítio de ligação com os fenóis

(CHARLTON et al., 2002).

A remoção de polifenóis promovida pela clarificação do suco com extrato de

moringa e pela clarificação com gelatina sugere que o mecanismo de ação destes agentes

de clarificação pode ser semelhante.

A quantificação dos aminoácidos do extrato bruto liofilizado mostrou que o

aminoácido mais abundante foi a glutamina e a arginina, representando 23,5 e 13,8%,

respectivamente dos resíduos encontrados. Gassenschmidt et al. (1995) encontraram ácido

glutâmico e arginina como aminoácidos mais abundantes na proteína da semente de

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moringa, representando 12% e 25%, respectivamente, do total de resíduos da proteína,

valores semelhantes aos encontrados neste estudo.

A arginina e a glutamina são solúveis em água e possuem alto peso molecular.

A glutamina é um aminoácido com grupo amida, com cadeias laterais com um grupo

carboxílico, apresentando carga líquida negativa em pH neutro (DAMODARAN,

PARKIN, FENNEMA, 2010). Além dos grupo α-amino e α-carboxílico, tanto a arginina

quanto a glutamina possuem cadeias laterais ionizáveis. Nas proteínas o α-COOH de um

aminoácido é acoplado covalentemente ao α-NH2 do próximo aminoácido por meio de

uma ligação amida. Desse modo os únicos grupos ionizáveis seriam grupos amino N-

terminais e grupo carboxílico C-terminal (DAMODARAN, PARKIN, FENNEMA, 2010).

Broin et al.(2002) sugeriu que a alta densidade dos resíduos de glutamina, também

favorecem a floculação por meio de pontes de hidrogênio com as partículas no meio,

sugerindo que a glutamina seja o principal aminoácido relacionado as reações com os

polifenóis e, possivelmente, a outros compostos do suco. Além disso, há evidências de que

o responsável pela ação coagulante da moringa seja na verdade um composto amídico

(GUEYRARD et al., 2000).

As cadeias laterais da arginina, contêm grupo guanidil; por isso são carregados

positivamente em pH neutro (DAMODARAN, PARKIN, FENNEMA, 2010). O grupo

guanidina age como um polieletrólito catiônico, promovendo floculação. As cadeias

laterais da arginina fazem com que um peptídeo seja carregado positivamente quando em

pH de 3,8 a 6, sendo que quanto menor o pH, maior a carga total. Sabendo que o pH do

suco de maçã é próximo de 3,8, as cadeias laterais da arginina estão com maior carga no

pH do suco (CHARLTON et al., 2002).

Charlton et al. (2002) sugeriram que a ligação inicial de um polifenol a um

peptídeo, parece ser essencialmente por interação hidrofóbica e que o tamanho dos

complexos proteína-polifenol insolúveis é determinado por efeitos das carga superficiais.

Além da glutamina e da arginina, o extrato bruto liofilizado de semente de

moringa também apresentou prolina e metionina, apontados como aminoácidos com forte

habilidade para formar pontes, o que favorece o processo de clarificação (JAHN, 1986;

NDABIGENGESERE et al., 1995). A prolina e a metionina possuem cadeias laterais

alifáticas, por isso são hidrofóbicas, com solubilidade limitada em água (DAMODARAN,

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PARKIN, FENNEMA, 2010). Além disso, segundo Baxter et al. (1997), os resíduos de

prolina, além de servirem como local de ligação, são resíduos que ajudam a manter o

peptídeo numa conformação aberta e por isso com uma maior exposição de locais de

ligação aos taninos comparativamente a proteínas com uma estrutura mais compacta e

globular.

O núcleo do polifenol tem uma estrutura molecular favorável à interação com

proteínas. Apresenta zonas apolares, como o anel benzênico, que podem interagir com

zonas apolares das proteínas, por exemplo, cadeias laterais de aminoácidos de metionina e

prolina, etc. Interage também com regiões hidrofílicas, como os grupos hidroxila, que

podem participar em ligações de hidrogênio com os grupos carbonila e amina

(CARVALHO, 2007).

De forma geral, o extrato bruto liofilizado de semente de moringa possui

aminoácidos importantes para reação de floculação e interação com polifenóis, o que é

importante para o processo de clarificação. Considerando que a gelatina possui

predominância de arginina, prolina, glicina e alanina, o resultado ainda sugere que há

similaridade entre a composição aminoacídica do extrato de moringa e da gelatina, o que

pode estar relacionado ao impacto que estes agentes causam nos compostos fenólicos e na

clarificação.

Em relação a velocidade de sedimentação das partículas e flocos, no suco in

natura observou-se comportamento constante, sem sedimentação aparente, sugerindo que

não houve interação suficiente entre as partículas para que a floculação e sedimentação

ocorresse, o que é natural em suco de maçã no tempo estudado. Isso porque as partículas

dispersas no suco de maçã apresentam cargas negativas, o que promove repulsão

eletrostática entre as mesmas (PETRUS, 1997).

A velocidade de sedimentação das partículas foi maior nas amostras

clarificadas com extrato de moringa, clarificadas por despectinização + ext. de moringa e

por despectinização + gelatina em relação a amostra despectinizada (p>0,05).

As quatro amostras apresentaram um pico na velocidade entre 300 e 400

segundos de sedimentação. O suco clarificado com extrato de moringa alcançou a

velocidade máxima de 76 (±3,5) µm/s, o suco clarificado por despectinização + extrato de

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moringa apresentou 67,75 (±6,3) µm/s, na amostra clarificada por despectinização +

gelatina foi de 60,80 (±5,5) µm/s e na amostra despectinizada foi de 38,23 (±4,1) µm/s.

Após 400 segundos de sedimentação, independentemente do processo de

clarificação, a velocidade de sedimentação apresentou um redução brusca nas quatro

amostras clarificadas (p<0,05). Entre 700 e 800 segundos, a velocidade de sedimentação

diminuiu ainda mais, neste ponto, a amostra despectinizada foi mais rápida (22,8 µm/s), se

comparada ao suco clarificado por despectinização + ext. de moringa (13,57 µm/s). A

partir de 800 segundos de sedimentação, as quatro amostras apresentaram velocidades de

sedimentação estatisticamente iguais.

Os resultados demostram o impacto positivo do tratamento enzimático na

velocidade de sedimentação, uma vez que as amostras despectinizadas apresentaram

velocidade inicial de sedimentação, maior que a amostra in natura. O mesmo pode ser

afirmado para o suco clarificado apenas com extrato de moringa.

Sorrivas; Genovese e Lozano (2006) explicam as reações que ocorrem com a

despectinização. No tratamento enzimático, as enzimas destroem as fibras de pectina,

expondo suas cargas, aumentando a interação entre os resíduos de pectina e com outras

partículas dispersas no meio (LOZANO, 2003), formando grandes agregados. Conforme

esses agregados sedimentam, se colapsam, deixando um elevado número de pequenas

partículas, menores que 0,5 micrometros (SORRIVAS; GENOVESE, 2006). As partículas

menores permanecem na solução, graças à repulsão de suas cargas e estabilização coloidal.

Já as partículas maiores, sedimentam com o tempo, sendo que, o tempo necessário para

sedimentação por força da gravidade é maior quando nenhum agente floculante é utilizado

(PETRUS, 1997). Dessa forma, se faz necessário outras etapas de clarificação para

complementar a despectinização (SORRIVAS; GENOVESE; LOZANO, 2006).

Quanto a % de lodo formado nos sucos, observamos que o suco despectinizado

gerou lodo, porém com baixa altura de frente de lodo e % de espalhamento de luz inferior

ao do suco clarificado com extrato de moringa. Como discutido anteriormente, a enzima

hidrolisa a pectina, e as partículas menores (<0,5 micrometros) continuam em suspensão,

sendo necessário a aplicação de um coadjuvante de clarificação, que contribua para

interação dessas partículas, com consequente floculação e sedimentação. Além disso,

pectinameltiesterase promove desmetoxilação parcial da pectina, liberando alguns grupos

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de ácido galacturônico carregados negativamente, esses grupos podem combinar-se com

cátions com forte capacidade de formação de complexos, como o cálcio, promovendo

sedimentação. No entanto, os ácidos liberados, também podem combinar-se a cátions com

fraca capacidade complexante, levando a formação de flocos hidratados e estáveis, que

podem formar uma névoa de resíduos de pectina com as proteínas, com precipitação após o

tratamento térmico (VERNAN; SUTHERLAND, 1994).

O suco clarificado com extrato de moringa apresentou altura de frente de lodo

semelhante à da amostra clarificada por descpectinização + gelatina, porém, apresentou

lodo com maior % de espalhamento de luz. Sabendo que um lodo mais compacto permite

menor passagem de luz, este resultado indica que o lodo do suco clarificado com extrato de

moringa apresentou-se mais compacto que os demais, o que é desejável no processo de

clarificação (BENITIZ; LOZANO, 2007). Madrona (2010) ressalta que uma das vantagens

do uso da Moringa oleifera Lam. em relação aos coagulantes químicos utilizados no

tratamento de água é o baixo índice de produção de lodo residual. O que foi observado

para clarificação de suco de maçã.

Quanto ao fluxo permeado e fouling, o comportamento das curvas de fluxo por

tempo foi o mesmo para as três amostras. Segundo Petrus (1997), a enzima (pectinase,

amilase e celulase) favorece o fluxo, pois reduz a consistência do fluido, reduzindo a

propensão a formação de gel na superfície da membrana. Vaillant et al. (1999) concluíram

que, o tratamento enzimático diminui a capacidade de intumescimento dos polissacarídeos,

ou seja, oferece menor resistência à passagem do permeado através das membranas de

filtração. Vaillant et al. (1999) também afirmaram que essas partículas resultantes da

hidrólise enzimática, são mais sensíveis às forças de cisalhamento que a pectina, sendo

mais facilmente removida, reduzindo camada polarizada.

Diante disso, sugere-se que, a clarificação com extrato de moringa contribuiu

para o fluxo permeado. Os demais sucos passaram por tratamento enzimático, o que

favorece o fluxo, como já mencionado. Além disso, é possível que o método utilizado para

verificar o fluxo permeado não seja o mais indicado.

A curva de fluxo permeado pelo tempo é descrita por três estágios principais.

No início há queda brusca do fluxo, porém a perda de fluxo é reversível. No segundo

estágio, a variação do fluxo é reversível, inicia-se a precipitação dos solutos acumulados,

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promovendo bloqueio dos poros e adsorção. A redução do fluxo ocorre devido ao fouling,

que é irreversível. O terceiro e último estágio é a consolidação do fouling, quando o fluxo

decresce contínuo e lentamente (MARSHALL; DAUFIN, 1995 citado por USHIKUBO,

2006).

As curvas para fouling demostram que houve redução mais lenta do fluxo,

sugerindo maior resistência a filtração. Ainda assim, de forma geral, as três amostras

apresentaram um comportamento de consolidação do fouling, um fluxo que decresce

lentamente e continuamente, demonstrando uma maior resistência a filtração. Segundo

Ushikubo (2006), o fouling ocorre quando há deposição e acúmulo de componentes da

alimentação na superfície e/ou dentro dos poros do filtro de forma irreversível em relação à

alteração das condições operacionais, por adsorção ou bloqueio físico dos poros.

Diante disso, é possível afirmar que, o tratamento enzimático realizado no suco

não influenciou na ocorrência de fouling, uma vez que, as curvas obtidas não apresentaram

diferença estatisticamente significativa. Sendo também possível, que o método de filtração

utilizado não tenha sido o melhor para avaliação do fouling.

ESTUDO SENSORIAL DE SUCO DE MAÇÃ CLARIFICADO POR

MÉTODOS CONVENCIONAL E POR PROCESSO ALTERNATIVO

O objetivo ao realizar o teste de Aceitação e o de Análise dos comentários foi

verificar o quanto os sucos de maçã seriam apreciados pelos consumidores e se haveria

diferença na aceitação da bebida clarificada com extrato de Moringa e as demais bebidas,

e, além disso, entender a razão pela qual um suco foi bem aceito ou não. Já o teste de

Ordenação e Diferença do Controle teve como objetivo verificar o potencial discriminativo

do consumidor para limpidez de suco de maçã.

De forma geral, o uso do extrato de moringa como agente de clarificação em

suco de maçã não apresentou impacto negativo na aceitação do produto para todos

atributos avaliados. O suco PJ3 (suco turvo) apresentou a menor aceitação para

cristalinidade, como também para cor e aceitação global. É provável que a opacidade e as

partículas presentes nesta amostra foram responsáveis pela baixa aceitação destes atributos.

Os resultados da Análise de Hierárquica de Agrupamento para o atributo

cristalinidade sugerem que há um pequeno grupo (5.3% dos indivíduos), que aprecia o

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suco de maçã independentemente da cristalinidade do produto (Figura 5.4c). No entanto, a

maioria dos consumidores realmente apreciaram as amostras mais límpidas (Figura 5.4a e

5.4b).

Analisando os atributos mais citados no teste de Análise de comentários é

possível observar que, tanto os atributos positivos, quanto os negativos, poderiam ser

controlados durante o processo de produção do suco de maçã, por exemplo, por meio da

escolha de variedades de maçãs, da maturação dos frutos ou por intervenções tecnológicas

e blends, seria possível trabalhar na doçura/acidez (ratio); por meio da clarificação da

bebida e do tipo de extração, seria possível alterar a turbidez e a cor do produto. Além

disso, conhecendo os comentários positivos e negativos, é possível dar prioridade às

características mais ou menos apreciadas pelo consumidor e, dessa forma, utilizar o teste

de Análise de Comentários como uma ferramenta para melhorar a aceitação do suco de

maçã no mercado.

Comparando os resultados obtidos no Análise de Comentários com os dados do

teste de Aceitação, observamos que, a aceitação foi coerente as descrições positivas e

negativas do teste de Análise de comentários. É possível observar que, quanto maior foi a

aceitação de uma amostra, mais atributos positivos a amostra recebeu. O mesmo ocorreu

com a amostra que obteve menor aceitação global, a qual recebeu mais comentários

negativos.

Os consumidores descreveram CJ1 como esverdeado (N_cor esverdeada), esta

amostra é um suco comercial e essa coloração é característica do método de produção e da

marca do suco, que utiliza maçãs verdes e realiza branqueamento das maçãs antes da

extração do suco, inibindo o escurecimento. O suco PJ3 recebeu muitas citações

N_partículas em suspensão, o que era esperado, uma vez que, este suco não passa por

clarificação, a presença de partículas é uma característica intrínseca e desejável para o

produto.

O terceiro grupo (CJ2, PJ1 e PJ2) é composto por amostras que foram descritas

com muitos atributos em comum, por isso, essas amostras apresentaram similaridade e

foram agrupadas em um só cluster. Logo, os sucos clarificados por processos

convencionais (CJ2 e PJ1) foram caracterizados como semelhante ao suco clarificado com

extrato de moringa (PJ2). Diante disso, tanto a aceitação, quanto os atributos usados para

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descrever o suco PJ2 mostram que, o extrato de moringa pode ser uma alternativa na

clarificação de suco de maçã.

Os resultados do teste de Ordenação e Diferença do Controle demonstraram

que os consumidores só não foram capazes de perceber diferença entre os sucos (p<0,05),

quando a transmitância entre eles era próxima. Quando as amostras apresentavam muita

diferença entre as transmitâncias, houve discriminação da amostras (p>0,05). Sugerindo

que, durante a aquisição do produto no mercado, os consumidores conseguem comparar

lado a lado diferentes marcas de suco de maçã e escolher a mais límpida, principalmente,

se houver muita diferença entre as transmitâncias dos sucos. Sendo o grau de dificuldade

aumentado em suco de transmitâncias muito altas.

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CONCLUSÃO GERAL

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Este estudo traz contribuições para a clarificação do suco de maçã, pois apresenta

uma alternativa a clarificação convencional, com características que vem de

encontro às tendências de sustentabilidade e dos alimentos veganos, vegetarianos e

questões religiosas (mulçumanos, budistas e judeus).

Os ensaios preliminares mostraram que o extrato salino de semente de moringa

(0,1M) foi o mais efetivo na clarificação de suco de maçã. O tratamento

enzimático, seguido de acabamento também com o extrato 0,1M, colaborou para

melhoria da transmitância do suco. O extrato 0,1M promoveu redução das

partículas em suspensão, restando ainda uma porcentagem de partículas menores

em suspensão, corroborado pelo resultado das micrografias ópticas;

O delineamento experimental mostrou que o extrato de moringa é um agente

clarificante em potencial para suco de maçã, pois promoveu aumento significativo

da transmitância do suco de maçã, sem impactar parâmetros de qualidade, tais

como pH, acidez total, sólidos solúveis e ratio, o que é desejável. Além disso,

promoveu maior redução da cor vermelha do suco e mudança de coloração

perceptível ao ser humano. A gelatina também impactou na transmitância do suco e

não alterou os parâmetros de qualidade de pH, acidez total, sólidos solúveis, ratio e

parâmetros de cor. No entanto, foi menos efetiva que o extrato de moringa para

melhoria da transmitância.

Os métodos de clarificação que mais reduziram os fenóis foram os que utilizaram

tratamento enzimático. A clarificação realizada apenas com extrato de moringa

promoveu a mesma redução no teor de fenóis que a clarificação despectinização +

gelatina e que o suco despectinizado, sugerindo que o extrato de moringa é tão

eficaz na remoção dos fenóis, quanto o tratamento convencional.

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O extrato bruto liofilizado de semente de moringa possui aminoácidos importantes

para reações de floculação e interação com polifenóis, o que é importante para o

processo de clarificação.

A utilização de coadjuvantes de clarificação impactou positivamente na velocidade

de sedimentação, uma vez que as amostras clarificadas com extrato de moringa, por

despectinização + ext. de moringa e por despectinização + gelatina apresentaram

velocidade máxima de sedimentação maior que o suco apenas despectinizado e do

suco in natura, que por sua vez, se mostrou estável no tempo de sedimentação

estudado.

O suco clarificado com extrato de moringa e por despectinização + gelatina

apresentaram altura de lodo estatisticamente igual, no entanto, o extrato de moringa

gerou um lodo mais compacto.

O fluxo permeado e o fouling foram os mesmos para as três amostras,

demonstrando o potencial do extrato como agente clarificante, mas também pode

significar que o método de filtração utilizado não foi o melhor para avaliação destes

parâmetros.

O estudo sensorial mostrou que o suco de maçã clarificado com extrato de moringa

(PJ2) obteve a mesma aceitação global que as amostras comerciais (CJ1 e CJ2) e

que a amostra clarificada com gelatina, processo convencional (PJ1). Além disso,

obteve a mesma aceitação que as amostras comerciais para o atributo

cristalinidade/limpidez. Além disso, a Análise de Grupamento Hierárquico para o

atributo limpidez, mostrou que há um pequeno mercado para o suco de maçã

independentemente da limpidez do produto. Ainda assim, mais da metade dos

consumidores preferiram o suco clarificado.

Por meio do teste de Análise de Comentários, os consumidores descreveram todas

as amostras com atributos comuns para suco de maçã, sem a presença de aroma ou

sabor estranho a maçã, o que seria um fator limitante para utilização de extrato de

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moringa como agente clarificante em suco. Além disso, o teste de Análise de

comentários permitiu verificar atributos que podem impactar na aceitação do suco

de maça. Por meio dos comentários positivos e negativos foi possível observar o

que o consumidor espera ou não encontrar em um suco de maçã. Dessa forma, o

teste de Análise de comentários pode ser uma ferramenta para o desenvolvimento

do processamento de suco de maçã.

A análise de correspondência mostrou que sucos clarificados por processos

convencionais (CJ2 e PJ1) foram caracterizados como semelhantes ao suco

clarificado com extrato de moringa (PJ2). Diante disso, tanto a aceitação, quanto os

atributos usados para descrever o suco PJ2 mostram que, o extrato de moringa pode

ser uma alternativa na clarificação de suco de maçã.

Em relação ao potencial discriminativo do consumidor para limpidez de suco de

maçã, o consumidor percebeu diferenças entre as amostras quando houve diferença

superior a 8,44 na transmitância entre as amostras. Porém, quando a transmitância

das amostras foi muito alta, aumentou-se também a dificuldade na percepção.

Dessa forma, durante a aquisição do produto no mercado, os consumidores

conseguiriam comparar lado a lado diferentes marcas de suco de maçã e escolher a

mais límpida apenas se a transmitância entre elas for muito diferente.

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SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

Verificar o fluxo permeado e foulling durante filtração por membrans do suco de

maçã clarificado com extrato de sementes de moringa;

Verificar as características reológicas do suco de maçã clarificado com extrato de

moringa e compará-lo ás do suco clarificado por método convencional;

Verificar o potencial clarificante do extrato de semente de moringa em outras

matrizes, por exemplo, cerveja;

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ANEXOS

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PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP:

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