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INTRODUÇÃO................................................2 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DO HIPOCLORITO DE SÓDIO................2 ASPECTOS BIOLÓGICOS DO HIPOCLORITO DE SÓDIO....................5 SOLUÇÕES DE HIPOCLORITO DE SÓDIO.............................6 Hipoclorito de Sódio 1% como medicação intra-canal.................................... 8 ASSOCIAÇÕES E MISTURAS.....................................9 Detergente aniônico (0,1%) e Hipoclorito de Sódio (4-6%).............................. 9 Hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio....................... 10 Hipoclorito de sódio + Ácido cítrico................................................................. 10 Peróxido de uréia + EDTA + Carbowax (RC-PREP) associado ao hipoclorito de sódio a 5%..................................................................................................... 10 Peróxido de uréia + Tween 80 + Carbowax (ENDO-PTC) neutralizado com solução de Dakin............................................................................................... 11 EDTA...................................................11 TÉCNICA – HIPOCLORITO DE SÓDIO FINALIZANDO COM EDTA...........12 ACIDENTES COM HIPOCLORITO DE SÓDIO..........................13 Causas................................................................................................................ 13 Complicações mais frequentes........................................................................ 13 Danos Oftálmicos.............................................................................................. 13 Reação Alérgica ao Hipoclorito de Sódio........................................................ 14 Injeção de Solução de Hipoclorito de Sódio................................................... 14 Extrusão do Hipoclorito de Sódio para além do Apex................................... 14 Complicações Neurológicas............................................................................. 15 Obstrução das Vias Aéreas Superiores............................................................ 15 Tratamento........................................................................................................ 16 Prevenção........................................................................................................... 17 OUTRAS RECOMENDAÇÕES......................................18 ARMAZENAMENTO............................................ 19 1

Seminário - Hipoclorito de Sódio

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Page 1: Seminário - Hipoclorito de Sódio

INTRODUÇÃO.....................................................................................................2

ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DO HIPOCLORITO DE SÓDIO....................................2

ASPECTOS BIOLÓGICOS DO HIPOCLORITO DE SÓDIO............................................5

SOLUÇÕES DE HIPOCLORITO DE SÓDIO...............................................................6

Hipoclorito de Sódio 1% como medicação intra-canal.................................8

ASSOCIAÇÕES E MISTURAS................................................................................9

Detergente aniônico (0,1%) e Hipoclorito de Sódio (4-6%)..........................9

Hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio.......................10

Hipoclorito de sódio + Ácido cítrico............................................................10

Peróxido de uréia + EDTA + Carbowax (RC-PREP) associado ao

hipoclorito de sódio a 5%...........................................................................10

Peróxido de uréia + Tween 80 + Carbowax (ENDO-PTC) neutralizado com

solução de Dakin........................................................................................11

EDTA.............................................................................................................11

TÉCNICA – HIPOCLORITO DE SÓDIO FINALIZANDO COM EDTA............................12

ACIDENTES COM HIPOCLORITO DE SÓDIO..........................................................13

Causas.......................................................................................................13

Complicações mais frequentes..................................................................13

Danos Oftálmicos.......................................................................................13

Reação Alérgica ao Hipoclorito de Sódio...................................................14

Injeção de Solução de Hipoclorito de Sódio...............................................14

Extrusão do Hipoclorito de Sódio para além do Apex................................14

Complicações Neurológicas.......................................................................15

Obstrução das Vias Aéreas Superiores.....................................................15

Tratamento.................................................................................................16

Prevenção..................................................................................................17

OUTRAS RECOMENDAÇÕES..............................................................................18

ARMAZENAMENTO............................................................................................19

CONCLUSÃO....................................................................................................20

Referência Bibliográfica.................................................................................21

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Page 2: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Introdução

A irrigação dos canais radiculares é um importante passo no tratamento

endodôntico.

O uso de substâncias químicas durante a instrumentação é

imprescindível para a completa remoção do conteúdo dos canais radiculares.

O preparo biomecânico visa criar um canal cirúrgico com características

e formas apropriadas à obturação. Isso implica na ressecção de dentina e

limpeza das paredes do canal. A limpeza se caracteriza por eliminar os restos

orgânicos, contaminados ou não, remover as aparas de dentina, e adequar as

paredes do canal às normas de desinfecção.

São requisitos para uma substância química irrigadora: facilitar a ação

dos instrumentos, limpeza da parede do canal radicular, remover restos

orgânicos e aparas de dentina, combater possíveis microorganismos

patogênicos existentes.

Vale ressaltar que as soluções irrigadoras não devem lesar o periodonto

apical.

A escolha de uma substância química coadjuvante da instrumentação

baseia-se na analise de suas qualidades físicas, químicas e biológicas, de tal

ordem a entender os objetivos do preparo do canal.

Dentre as soluções auxiliares utilizadas atualmente, as soluções de

hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações, são as mais usadas, e

mundialmente aceitas pelas suas propriedades de clarificação, dissolução de

tecido orgânico, saponificação, transformação de aminas em cloraminas,

desodorização e ação antimicrobiana. São utilizados desde a primeira metade

do século XIX como desinfetantes (“Licor” de Labarraque – solução de

hipoclorito de sódio a 2,5%). O hipoclorito de sódio foi indicado como uma

solução anti-séptica por Dakin, em 1915, para limpeza e desinfecção das

feridas dos soldados da I Guerra Mundial. Posteriormente o seu uso difundiu-se

a outras áreas, nomeadamente na irrigação dos canais radiculares.

Aspectos Físico-Químicos do hipoclorito de sódio

Considera-se, inicialmente, que a substância química ideal deve

estabelecer rapidamente contato íntimo com as paredes do canal.

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Page 3: Seminário - Hipoclorito de Sódio

A umectação é o “gatilho” imprescindível ao desenvolvimento dos

requisitos inerentes às substâncias químicas auxiliares da instrumentação.

Desse modo, é a partir da umectação que irão se desenvolver: lubrificação,

remoção da “sujidade” da superfície, potencialização da capacidade de

desinfecção, entre outros.

Sabe-se de fato que apenas soluções de substâncias tensoativas, como

hipoclorito de sódio e detergentes, são capazes de se estender num relance

por toda a superfície dentinária, superando eventuais acidentes topográficos,

como saliências e reentrâncias, molhando-a totalmente, permitindo o

desenvolvimento das atividades coadjuvantes à instrumentação.

Durante a instrumentação a falta de adequada umectação pode

favorecer uma deposição de lama dentinária na região apical dificultando a

seqüência natural da instrumentação e favorecendo o travamento do

instrumento.

Relativamente à ação dos instrumentos, a substância química precisa

possuir qualidades de um bom lubrificante, para facilitar o trabalho e o

rendimento dos mesmos.

A solução irrigadora reduz o atrito, formando uma película que diminui o

contato direto entre as superfícies do instrumento e da dentina.

Os processos de desinfecção, geralmente utilizados, não são hábeis à

total eliminação dos microorganismos, e a limpeza, por sua vez, também não é

totalmente efetiva, restando traços de bactérias, como fragmentos de parede

celular, material bacteriano solubilizado, toxinas e antígenos.

A solução de hipoclorito de sódio precisa manter a permeabilidade

dentinária, de modo a oferecer ação germicida o mais profundamente possível,

isto é, em plena intimidade da massa dentinária radicular.

Definidos como bases fortes cloradas, os hipocloritos de sódio são

soluções contendo compostos clorados e, como tais, classificados como

compostos halogenados.

Apresentam uma forte ação antimicrobiana baseada no seu elevado pH

(11.8).

Como principal desvantagem no uso do hipoclorito de sódio no

tratamento endodôntico encontra a sua toxidade no periodonto apical.

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Page 4: Seminário - Hipoclorito de Sódio

O hipoclorito de sódio pode ser obtido por uma das seguintes reações

químicas:

Método industrial:

2 NaOH + Cl2 à NaOCl + H2O + NaCl

Método laboratorial:

Na2CO3 + CaOCl2 à NaOCl + CaCO3 + NaCl

O hipoclorito de sódio, quando em solução, exibe um equilíbrio dinâmico

segundo a seguinte equação:

NaOCl + H2O ßà NaOH + HOCl

Hidróxido de sódio (soda cáustica): é um potente solvente orgânico e de

gorduras, formando sabões (saponificação), sendo responsável pela elevada

alcalinidade dos hipocloritos.

Ácido hipocloroso: é um potente antimicrobiano, por liberar cloro

nascente, que se combina com o grupo amina das proteínas, formando

cloraminas (anti-sépticos não solventes de matéria orgânica, que pela ação da

luz e do ar sofrem decomposição, produzindo cloro) e liberam oxigênio

nascente.

Ação desnaturante e o efeito desinfetante:

HOCl + proteína à Cloramina + H2O

Ação desodorante e descolorante:

2 HOCl à 2 HCl (ácido clorídrico) + O2 (oxigênio nascente)

Quanto mais ácido o pH do meio, mais ativo se apresentam as

atividades do ácido hipocloroso.

O meio ácido, embora aumentando a concentração de ácido hipocloroso

não dissociado, torna os hipocloritos lábeis, reduzindo, de forma acentuada, a

sua vida útil. Algumas soluções de hipoclorito de sódio são neutralizadas

(Dakin, Milton), em consequência, apresentam uma maior atividade anti-séptica

e uma menor atividade solvente.

Por serem instáveis, os hipocloritos de sódio perdem eficiência com

elevação de temperatura, exposição à luz e ao ar, ou quando armazenados por

longo período.

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Page 5: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Aspectos biológicos do hipoclorito de sódio

Agem sobre as proteínas desnaturando e tornando-as solúvel em água,

o que facilita a remoção daquelas oriundas dos restos pulpares e alimentares

(Albuminas) alojadas no interior dos canais radiculares.

A ação referida não se restringe apenas às albuminas, e sim, estende-se

sobre as proteínas dos microorganismos patogênicos, inclusive vírus.

Saponificam gorduras, dando origem a sabões, cuja remoção do canal

não oferece dificuldade, pois esses são solúveis em água.

Os sabões formados contribuem para baixar a tensão superficial,

aumentando a capacidade umectante da substancia química.

Os hipocloritos de sódio, em contato com o conteúdo do canal, são

suscetíveis a liberar facilmente cloro e oxigênio nascente, como se sabe,

constitui um bactericida notável, promovendo ainda, a desodorização e o

clareamento da dentina. A liberação gasosa de oxigênio por ação mecânica

(efervescência) arrasta para o exterior os produtos sólidos e semi-sólidos

encontrados no interior do canal.

Sua extrema avidez por água, associada à acentuada capacidade

molhante e solvente de matéria orgânica, faz com que a solução alcalina

alcance rapidamente os tecidos da região apical, produzindo ai resposta

inflamatória seguida de necrose que, geralmente, se repara após um tempo,

sem deixar seqüelas evidentes.

Por essa razão fica claro que o uso incorreto de soluções alcalinas,

principalmente com as mais concentradas, pode produzir lesões mais extensas

e severas, cuja evolução é imprevisível.

Diversos autores têm pesquisado a capacidade de limpeza utilizando

hipoclorito de sódio na suas várias concentrações. Embora concentrações mais

altas possam sugerir uma melhor capacidade de limpeza, Baumgartner e

Cuenin (1992) concluíram que com exceção do líquido de Dakin (Solução de

hipoclorito de sódio 0,5%), todas as concentrações removeram completamente

remanescentes pulpares e pré-dentina das superfícies não instrumentadas.

O exposto permite concluir que as soluções básicas devem ser usadas

com prudência e inteligência, optando-se, sempre, pelas menos concentradas,

capazes de desenvolver sua ação sem os inconvenientes aludidos.

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Page 6: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Soluções de hipoclorito de sódio

O hipoclorito de sódio pertence ao grupo dos compostos halogenados, e

é encontrado nas seguintes concentrações: 5% (Solução de Grossman), 2,5%

(Solução de Labarraque), 1% e 0,5%.

Hipoclorito de sódio a 1% com 16% de cloreto de sódio (Solução de

Milton).

Hipoclorito de sódio a 0,5% com ácido bórico para reduzir o pH.

(Solução de Dakin).

Hipoclorito de sódio a 0,5% com bicarbonato de sódio (Solução de

Dausfrene).

A literatura nos mostra que em 1820, o químico francês Labarraque

introduziu o hipoclorito de sódio a 2,5%, que ficou conhecido com o nome do

químico, e em 1915 o químico americano H.D. Dakin realizou um estudo com

as soluções de hipoclorito de sódio salientando a sua capacidade de irritar

tecidos vivos em virtude de sua alta concentração de hidroxila. Assim propôs

uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% com a adição de acido bórico para

reduzir o potencial hidrogeniônico. Esta solução ficou então conhecida como

Solução de Dakin.

Na solução de Dakin, o número de hidroxila está reduzido ou

neutralizado, e no seu lugar tem-se a formação de borato de sódio. No caso da

solução de Dausfrene, tem-se a formação de carbonato de sódio por ter

adicionado o bicarbonato de sódio.

A solução de hipoclorito de sódio independentemente de sua

concentração apresenta a mesma composição química, desde que não esteja

neutralizada (pH reduzido) pelo ácido bórico ou pelo bicarbonato de sódio.

Moorer & Wessenlink (1992), verificaram os fatores que influenciam a

capacidade da solução de hipoclorito de sódio em dissolver tecido orgânico e

que dependem dos seguintes fatores: Quantidade de matéria orgânica e

hipoclorito de sódio presente, frequência e intensidade do fluxo irrigador e

superfície de contato entre o tecido e a solução de hipoclorito de sódio. Por

esse motivo, a irrigação dos canais com hipoclorito de sódio, nas várias

concentrações deve ser abundante, para se obter o máximo efeito.

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Page 7: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Manfrini (1974) justifica que a ação bactericida do hipoclorito de sódio

tem origem na liberação de ácido hipocloroso, em pH ácido ele é mais

bactericida do que em pH alcalino.

No momento em que o hipoclorito de sódio entra em contato com a

matéria orgânica, várias reações químicas se processam. Estas reações

químicas entre o hipoclorito de sódio e os tecidos orgânicos, necróticos ou não,

promovem a dissolução desses tecidos.

Podemos citar um estudo “in vitro”, realizado no curso de mestrado da

faculdade de odontologia de Ribeirão Preto, sobre a dissolução do tecido

pulpar bovino promovida pela solução de hipoclorito de sódio nas

concentrações de 0,5%, 1%, 2,5% e 5%, que se analisou também o potencial

hidrogeniônico, a tensão superficial, a condutividade iônica e o teor de cloro,

antes e depois da utilização dessas soluções no processo de dissolução.

O tempo de dissolução era tido como o tempo decorrido entre a

colocação do fragmento de polpa bovina nas soluções até seu total

desaparecimento. Após a dissolução, o líquido remanescente era submetido a

analise do potencial hidrogeniônico, da tensão superficial, da condutividade

iônica e do cloro remanescente.

Para realização do teste, confeccionou-se um dispositivo conectado a

uma bomba peristáltica, que promovia a agitação da solução. Assim que o

fragmento pulpar era colocado no interior desse dispositivo, ligava-se a bomba

peristáltica e acionava-se o cronômetro.

Conclui-se que: a velocidade de dissolução dos fragmentos de polpa

bovina é diretamente proporcional à concentração da solução de hipoclorito de

sódio, ou seja, quanto maior a concentração, mais rápida é a dissolução. A

variação percentual do potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de

sódio, testada após a dissolução, é inversamente proporcional à concentração

inicial da solução, ou seja, quanto maior a concentração inicial das soluções de

hipoclorito de sódio tanto menor será a redução de seu potencial

hidrogeniônico. As soluções de hipoclorito de sódio, nas concentrações

estudadas, apresentaram redução dos valores da condutividade iônica após o

processo de dissolução do tecido pulpar bovino, com diferenças não

significantes entre elas. O estudo da tensão superficial das soluções antes e

depois a dissolução tecidual evidenciou-se que essa propriedade varia de

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Page 8: Seminário - Hipoclorito de Sódio

modo diretamente proporcional à concentração, ou seja, quanto maior a

concentração inicial da solução de hipoclorito de sódio, maior será a redução

da tensão superficial. O teor de cloro remanescente das soluções de hipoclorito

de sódio após o processo de dissolução do tecido pulpar bovino, apresentou-se

de modo diretamente proporcional em relação à concentração, ou seja, quanto

maior a concentração de cloro inicial, tanto maior será a concentração de cloro

remanescente.

A compatibilidade tecidual, condição desejável ao uso de substâncias

químicas no interior do canal radicular pode ser regulada, no caso de

hipoclorito de sódio por meio das concentrações, quanto mais alto os índices

de cloro, maior a irritabilidade tecidual.

Nery et al (1974) estudou a biocompatibilidade das soluções irrigantes

sobre o remanescente pulpar apical e os estudos mostraram que ocorre uma

reação inflamatória do coto pulpar e tecidos periapicais de dentes de cães

quando a substância é selada, no caso do hipoclorito de sódio, por 48 horas

produzindo necrose do coto pulpar e processo inflamatório nos tecidos

periapicais de intensidade e extensão variáveis.

Hipoclorito de Sódio 1% como medicação intra-canal

Um trabalho feito in vivo na universidade de Santo Amaro – SP (UNISA)

avaliou 50 humanos que foram submetidos a tratamento endodôntico onde foi

utilizado apenas hipoclorito de sódio 1% (Solução de Milton) como medicação

intra-canal pós-operatória, independente do diagnóstico clínico.

Após o preparo biomecânico, foi feita a irrigação final de cada canal

radicular com hipoclorito de sódio 1%, proporcionando baixa incidência de dor

pós-operatória. Os melhores resultados apareceram em dentes com polpa viva.

Concluíram então que, após uma técnica de instrumentação eficaz,

somente o uso de hipoclorito de sódio 1% (Solução de Milton) é, em muitos

casos, suficientes para a manutenção da cadeia asséptica e um quadro clínico

praticamente assintomático. E, que o fato do hipoclorito de sódio agir em

tecidas pulpares, não quer dizer necessariamente que possa causar danos aos

tecidos periapicais quando usado em baixas concentrações.

Em uma linha de pensamento contrária, pesquisadores da Faculdade de

Odontologia de Piracicaba – Unicamp estão empenhados em desenvolver

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Page 9: Seminário - Hipoclorito de Sódio

trabalhos científicos estudando propriedades físicas e biológicas da clorexidina

a 2% em gel para sua utilização como substância química auxiliar durante a

instrumentação e modelagem de canais radiculares e que poderia ser uma

alternativa para substituir o hipoclorito de sódio, que ainda é a substância

química mais usada na endodontia. Segundo o responsável pela disciplina de

endodontia da fop-unicamp, Francisco José de Souza Filho, o hipoclorito de

sódio, embora apresente excelentes propriedades químicas, deve ser utilizado

não como solução irrigadora, e sim como agente químico auxiliar, somente

preenchendo a câmara pulpar durante a instrumentação dos canais radiculares

para que não se corra o risco de causar danos aos tecidos periapicais e que a

ação de irrigação deve ser feita com uma substância inerte aos tecidos, como

soro fisiológico. O EDTA deve ser utilizado com substância química auxiliar

para os últimos instrumentos utilizados no preparo dos canais radiculares para

se remover o “Smear Layer”.

As indicações da utilização das soluções de hipoclorito de sódio nas

diferentes concentrações variam de escola para escola, como foi citado.

Associações e Misturas

Quanto às associações e misturas pode-se dizer que são modos de se

conseguir “tirar o máximo de proveito” das propriedades químicas que as

soluções apresentam.

Na Endodontia existe a possibilidade de se preparar várias misturas e

associações, muitas delas já estão consagradas após muitos anos de uso e

com muitas pesquisas realizadas.

Serão citadas as associações que são feitas com o hipoclorito de sódio.

Detergente aniônico (0,1%) e Hipoclorito de Sódio (4-6%)

Essa associação é bastante lógica, uma vez que os tensoativos ao

reduzirem a tensão superficial das soluções possibilitam que os hipocloritos

entrem em contato mais íntimo com os microorganismos e restos pulpares

necróticos, facilitando sua ação solvente, antimicrobiana, hemolítica, etc.

Este tipo de associação está sendo estudado por Pécora et Al (1997),

quanto a sua eficácia em limpar o canal radicular e aumento da permeabilidade

dentinária e, com base nos resultados obtidos pode-se afirmar que a adição de,

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Page 10: Seminário - Hipoclorito de Sódio

somente, 0,1% de lauril dietilinoglicol éter sulfato de sódio ao hipoclorito de

sódio reduz a tensão superficial e promove aumento da permeabilidade

dentinária, em todas as concentrações.

Hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio

Grossman (1943) preconizou uma técnica de irrigação do canal radicular

que consiste no uso alternado de uma solução de hipoclorito de sódio a 5%

(soda clorada duplamente concentrada) com a solução de peróxido de

hidrogênio a 3% (água oxigenada 10 v). A mistura dessas duas soluções

ocorre no interior do canal radicular. O encontro dessas soluções,

potencialmente oxidantes, produz uma reação efervescente e exotérmica

(Costa, 1986; Barbin et Al 1995), com liberação de oxigênio nascente.

Esta proposta deve ser realizada com a colocação dessas soluções de

modo alternado no interior do canal radicular. Iniciando e finalizando com o

hipoclorito de sódio, para que se esgote toda a reação de efervescência e evite

efeitos desagradáveis ao paciente.

Hipoclorito de sódio + Ácido cítrico

Loel (1975) utilizou uma associação de ácido cítrico e Hipoclorito de

sódio para a instrumentação de canais radiculares. Ele colocava, inicialmente,

no canal radicular uma solução de ácido cítrico a 50% e deixava-a atuar por

dois minutos e em seguida adicionava uma solução de Hipoclorito de sódio a

5%. Durante o contato dessas soluções ocorre uma reação de efervescência.

Peróxido de uréia + EDTA + Carbowax (RC-PREP) associado ao

hipoclorito de sódio a 5%

A reação química do peróxido de uréia com hipoclorito de sódio produz

uma reação de efervescência, semelhante à produzida na reação de

Grossman, com liberação de oxigênio nascente. A adição de EDTA

proporciona a Esta associação a ação quelante sobre o cálcio das paredes dos

canais radiculares. Esta técnica foi preconizada por Stewart et al (1969).

Pécora (1985) constatou que o uso do creme RC-PREP com Hipoclorito

de sódio a 5% promovia aumento da permeabilidade dentinária de modo

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Page 11: Seminário - Hipoclorito de Sódio

menos intenso do que a utilização da solução de EDTA e das soluções

halogenadas nas diferentes concentrações, quando utilizadas individualmente.

Peróxido de uréia + Tween 80 + Carbowax (ENDO-PTC) neutralizado

com solução de Dakin

Paiva & Antoniazzi (1973) modificaram a fórmula proposta por Stewart et

Al (1969), substituindo o EDTA pelo Tween 80 no creme e no lugar de se usar

o Hipoclorito de sódio a 5%, eles preconizaram a neutralização do peróxido de

uréia com o líquido de Dakin. A reação química que se processa é a mesma. A

diferença é a intensidade da reação em virtude das concentrações das

soluções de hipoclorito de sódio utilizadas.

EDTA

A utilização de soluções de EDTA, isolada ou associada ao hipoclorito

de sódio como auxiliar na instrumentação dos canais radiculares atrésicos e

principalmente na remoção de “Smear Layer” é bastante difundida.

Foi proposta a instrumentação de canais radiculares com o auxilio de

uma solução de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), sal dissódico capaz de

promover a quelação de íons cálcio da dentina em pH neutro.

O aumento da permeabilidade dentinária e a remoção da smear layer

durante o preparo do canal radicular, permitindo uma melhor sanificação de

todo o sistema de canais radiculares, podem ser considerados como condições

decisivas para o bom êxito do tratamento endodôntico.

A remoção da smear layer está mais relacionada a uma ação química do

que física e, sendo assim, o acido etilenodiaminotetracético tem sido indicado

como forma de desmineralizar dentina e decompor colágeno.

A eficiência da solução de EDTA na desmineralização da dentina é

influenciada pelo pH.

O EDTA na sua forma trissódica cujo pH é de 9,3 se aproxima muito do

pH ótimo para quelação do cálcio. Deve ser considerado também no processo

desmineralização da dentina o tempo de exposição e sua concentração.

Uma irrigação com hipoclorito de sódio 1% e EDTA 17% abrirá os

túbulos dentinários e produzirá uma superfície limpa. Na smear layer existe a

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Page 12: Seminário - Hipoclorito de Sódio

presença de substâncias orgânicas e inorgânicas o que reforça a necessidade

de utilização de ambas as soluções acima.

A smear layer sendo removida o hipoclorito de sódio pode entrar e agir

nos túbulos, eliminando microorganismos presentes no interior dos túbulos

dentinários.

Diante de várias opções para se escolher a solução irrigadora “ideal”, o

mais importante é usar o bom senso para que se tenha um resultado

satisfatório.

Técnica – Hipoclorito de sódio finalizando com EDTA

Após a abertura coronária, faz-se o gotejamento com solução irrigadora

no interior da câmara pulpar, objetivando neutralizar o conteúdo pulpar (no

caso de necrose) ou iniciar a emulsificação do tecido e clareamento do campo

operatório (no caso de polpa viva), sem forçar a cânula no interior do canal.

Durante a instrumentação, entre as trocas de instrumentos, a cânula de

irrigação deverá ser colocada de modo a permanecer livre no interior do canal,

possibilitando movimentos de “vaivém”, determinando a ação do líquido na

maior extensão possível do canal. A pressão aplicada ao êmbolo da seringa

deve ser leve o bastante para injetar o liquido irrigador no local, o qual será

removido, em seguida, pela cânula de aspiração, colocada anteriormente à de

irrigação. A cânula de irrigação deve ficar solta no canal para permitir o refluxo

da solução e a cânula de aspiração colocada nas proximidades da embocadura

do canal. Após a retirada do conteúdo pulpar, procede-se a irrigação contínua

após a ação de cada instrumento. A irrigação deve ser abundante, deixando

sempre o canal inundado de solução irrigadora durante a instrumentação.

A aplicação do EDTA deve ser executada após o preparo biomecânico,

momentos antes de colocar uma medicação intracanal por ação de contato

(pasta de hidróxido de cálcio, por exemplo), ou antes da obturação. A remoção

da lama dentinária expõe os túbulos dentinários permitindo a ação de pastas

ou do cimento obturador no interior da massa dentinária. Para uma melhor

atuação do EDTA, recomenda-se sua aplicação por 3 minutos no interior do

canal e, em seguida, sua neutralização com solução de hidróxido de cálcio ou

soro fisiológico.

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Page 13: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Acidentes com hipoclorito de Sódio

Uma injeção acidental de hipoclorito de sódio nos tecidos periapicais é

uma experiência que nem o paciente nem o profissional esquecerão tão cedo.

A literatura contém numerosos relatos de casos que descrevem a morbidade

associada com tais ocorrências.

Um acidente com hipoclorito refere-se a qualquer evento no qual o

hipoclorito de sódio ultrapassa o ápice de um dente e o paciente imediatamente

manifesta alguma combinação dos seguintes sintomas: dor intensa, mesmo em

áreas que foram previamente anestesiadas para o tratamento, edema,

sangramento profuso, tanto intersticialmente quanto através do dente.

Causas

Algumas das razões pela qual este tipo de acidente pode ocorrer

incluem a injeção vigorosa da solução irrigadora, ter uma agulha para irrigação

obliterando o espaço do canal radicular, e irrigar um dente que possui um

forame apical amplo, reabsorção apical ou um ápice aberto. Alguns pacientes

exibem, durante vários dias, aumento do edema e equimose, acompanhado de

necrose do tecido, parestesia e infecção secundária. Embora a maioria dos

pacientes se recupere em uma ou duas semanas, foram relatadas também

parestesia e formações de cicatriz em longo prazo.

Complicações mais frequentes.

Manchas e/ou descoloração de roupa do paciente é provavelmente o

acidente que ocorre com mais freqüência durante a utilização do hipoclorito de

sódio na irrigação dos canais radiculares.

Para evitar este incidente, o paciente deve usar protetores.

Danos Oftálmicos

A solução de hipoclorito de sódio quando em contato com os olhos

ocasiona uma dor aguda imediata, ardor intenso, lacrimeja e eritema. Podendo,

também, ocorrer uma perda das células epiteliais da córnea. Nestes casos,

recomenda-se uma irrigação abundante com água ou solução salina, e, nos

casos mais graves, encaminhar o paciente para o oftalmologista.

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Page 14: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Para evitar este incidente, para além do manuseamento adequado e

cuidadoso da solução de hipoclorito de sódio, o Cirurgião Dentista e o paciente

devem usar óculos protetores.

Reação Alérgica ao Hipoclorito de Sódio

Este tipo de alergia é raro, mas é importante o clínico saber reconhecer

os sintomas da anafilaxia. As reações alérgicas variam desde uma sensação

de ardor até uma dor intensa, podendo mesmo chegar a uma parestesia do

lado da face do dente em tratamento, como inflamação do lábio com

equimoses, hematoma ou hemorragia através do canal radicular. Podemos

também encontrar sintomas como urticária, falta de ar, bronco espasmo e

hipertensão. Nestes casos é urgente o encaminhamento do doente para o

hospital. Outras soluções irrigantes devem ser utilizadas nestas situações.

Injeção de Solução de Hipoclorito de Sódio

Esta situação pode ocorrer quando se coloca nos anestubos vazios a

solução de hipoclorito de sódio. Nos casos de injeção de hipoclorito no tecido

gengival e/ou nos tecidos moles da cavidade oral, dependendo da

concentração de produto utilizado, este poderá provocar necrose tecidual,

devido à sua rápida capacidade de dissolução e ação caustica sobre os

tecidos. Em questão de segundos podem observar-se sinais de equimose e

hematoma acompanhados de uma sensação de ardor. A aplicação local de um

produto à base de corticóide e prescrição de analgésicos e antiinflamatórios por

via sistêmica são recomendadas. Para evitar esta complicação, recomenda-se

a não utilização de anestubos vazios para colocação da solução de irrigação.

Extrusão do Hipoclorito de Sódio para além do Apex

Como foi anteriormente mencionado, o hipoclorito de sódio possui um

pH de aproximadamente 12. Por esta razão, quando em contato com os

tecidos periapicais vivos promove danos por oxidação protéica. Canais

radiculares podem permitir a saída de um grande volume de solução de

hipoclorito de sódio para a região periapical, principalmente quando se

pressiona demasiado o êmbolo da seringa no momento da irrigação. Para

evitar a extrusão do hipoclorito de sódio para além do apex, a agulha da

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Page 15: Seminário - Hipoclorito de Sódio

irrigação não deve ficar justa ao canal, o seu tamanho deve ser pelo menos de

dois mm inferior ao comprimento de trabalho e o hipoclorito de sódio não deve

ser injetado fazendo pressão.

As principais complicações decorrentes da extrusão do hipoclorito de

sódio para além do apex são: Necrose tecidual ou queimaduras químicas.

Quando a solução de hipoclorito de sódio extravasa para os tecidos

perirradiculares, o efeito pode variar desde uma queimadura até uma necrose

tecidual localizada ou extensa. Desenvolve-se uma reação inflamatória dos

tecidos evoluindo rapidamente para uma tumefação da zona circundante. O

súbito aparecimento de dor é uma indicação da existência de lesão tecidual e

pode ocorrer imediatamente após minutos ou mesmo horas.

Uma necrose ulcerativa da mucosa adjacente ao dente pode ocorrer

como resultado direto da queimadura química, podendo manifestar-se após

alguns minutos ou aparecer algumas horas ou mesmo dias depois do acidente.

Estes pacientes devem ser encaminhados para o hospital, pois, além da

necessidade de administração de antiinflamatórios e antibióticos, pode também

haver a necessidade de administração de corticoesteróides intravenosos.

A drenagem cirúrgica também poderá ser necessária dependendo da

extensão do edema e da necrose tecidual.

Complicações Neurológicas

Encontram-se descritos na literatura casos de parestesia e anestesia

afetando o nervo mentual, o nervo dentário inferior e o ramo infra-orbitário do

nervo trigêmeo, provocados pela extrusão do hipoclorito de sódio através do

apex dentário. A lesão do nervo facial foi inicialmente descrita por Witon et al

em 2005, tendo os autores reportado que o comprometimento do ramo bucal

do nervo facial promoveu a queda do ângulo naso-labial e do ângulo da boca.

Estes pacientes devem ser encaminhados para o hospital.

Obstrução das Vias Aéreas Superiores

O uso do hipoclorito de sódio sem o adequado isolamento absoluto do

dente pode levar à ingestão bem como à inalação desta solução por parte do

paciente. Isto pode resultar numa irritação da garganta, e, nos casos mais

graves, a via aérea superior pode ficar comprometida. O paciente deve

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Page 16: Seminário - Hipoclorito de Sódio

bochechar abundantemente com água e, nos casos mais severos, deve ser

encaminhado para o hospital, pois pode existir a necessidade de desobstrução

da via aérea.

Tratamento

Após o acidente com o hipoclorito de sódio, algumas medidas devem ser

tomadas para o tratamento, dentre elas:

Reconhecer que o acidente ocorreu.

Atender o problema imediato da dor e do edema. Fazer um bloqueio

regional com solução anestésica e de longa duração. Como a solução

irrigadora difundindo-se rápida e extensamente, o controle da dor é difícil,

porque os sintomas das estruturas anatômicas distantes continuarão causando

desconforto. Isto também explica a intensa dor sentida durante o incidente, a

despeito do emprego adequado da anestesia local antes do inicio do

tratamento. Um incidente relatado descreve a irrigação do canal palatino de um

molar superior com água estéril, para diluir os efeitos do hipoclorito que foi

liberado para o seio, através da mesma via.

Deve-se tranqüilizar e acalmar o paciente. A reação, embora alarmante,

não deixa de ser um fenômeno localizado e que será resolvido com o tempo.

Se disponível, a sedação com óxido nitroso pode auxiliar o paciente a suportar

o término do tratamento.

Observar o dente durante há meia hora seguinte. Pode ocorrer uma

drenagem pelo canal de um exsudato sanguíneo. Este sangramento é uma

reação do organismo à solução irrigadora. A remoção dos líquidos tóxicos

estimula a drenagem dos tecidos periapicais. Se a drenagem for persistente,

pode-se deixar o dente aberto pelo período de 24 horas.

Considerar o tratamento com antibióticos. Se o dente estiver despolpado

e os procedimentos de limpeza e modelagem não tiverem sido completados,

recomenda-se a prescrição de amoxicilina 500mg, quatro vezes por dia,

durante cinco dias.

Considerar a prescrição de um analgésico. Devido à possibilidade de

complicações sanguíneas com a aspirina e outros AINES, uma combinação

analgésica de paracetamol-opióide pode ser a escolha mais apropriada. Se o

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Page 17: Seminário - Hipoclorito de Sódio

edema for extenso, é melhor prevenir o paciente para esperar equimose ou

coagulação do sangue quando este ceder.

Considerar a prescrição de um corticosteróide. Os esteróides ajudarão a

minimizar o processo inflamatório resultante.

Fornecer ao paciente, instruções sobre procedimentos a serem

realizados em casa. Nas primeiras 6 horas, o paciente deve usar compressas

frias para minimizar a dor e o edema. Subseqüentemente, compressas mornas

devem ser aplicadas para estimular uma resposta de reparo saudável.

Considerar a possibilidade de encaminhar o paciente. Se o paciente

continua apreensivo ou necessita de opinião adicional, ou desenvolve

complicações, encaminhá-lo ao endodontista ou cirurgião oral é apropriado.

Informar o especialista sobre o paciente e a natureza do problema

garantirá uma transição suave entre os consultórios, para o paciente.

Prevenção

Um acidente com hipoclorito é totalmente evitável. Como solução

irrigadora para os canais radiculares, a solução de hipoclorito é usada para

remover resíduos do sistema. Parte da eficácia do hipoclorito depende do

volume de irrigação e da profundidade de penetração da agulha irrigadora.

Ainda, a solução deve ser aplicada de maneira passiva para evitar extrusão

apical. Uma vez que os canais radiculares são alargados coronariamente

durante o processo de limpeza e modelagem, a agulha para irrigação pode

penetrar mais profundamente no canal e ainda não emperrar contra as

paredes.

As seguintes medidas são recomendadas para prevenir a ocorrência de

acidente:

Fazer uma curvatura na metade da agulha de irrigação para manter a

sua ponta em níveis mais altos do canal radicular e facilitar o acesso direto a

todos os dentes, a despeito da angulação.

Nunca colocar a agulha tão profundamente no canal de modo que esta

possa travar nas paredes.

Fazer movimentos oscilatórios para dentro e para fora do canal, para

certificar-se de que a ponta da agulha está livre para a liberação da solução

irrigadora.

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Page 18: Seminário - Hipoclorito de Sódio

Liberar a solução lenta e suavemente.

Interromper a irrigação se a agulha travar nas paredes do canal ou se

perceber qualquer resistência quando da pressão sobre o êmbolo da seringa.

Checar a conexão da agulha na seringa para prevenir a sua separação e

uma exposição acidental da solução irrigadora nos olhos do paciente.

Embora um acidente com hipoclorito requeira tratamento imediato, a

avaliação definitiva e a identificação precisa de qualquer emergência

odontológica devem seguir o mesmo processo.

A arte e a ciência do diagnóstico e tratamento endodôntico sofreu uma

grande evolução científica e tecnológica na ultima metade do século XX. Como

resultado, o profissional encontra-se preparado e apto para remediar uma das

aflições humanas mais dolorosas e temidas, com compaixão, conhecimento e

habilidade.

Outras recomendações

Tabela 1 – Principais medidas preventivas a adotar para diminuir o risco

de complicação no decurso do uso do hipoclorito de sódio.

Medidas Preventivas

- Colocação de uma proteção larga no paciente para proteger as suas

roupas dos salpicos de hipoclorito que possam ocorrer

- Tanto o paciente como o Médico Dentista devem utilizar óculos de

proteção pelo menos durante a irrigação.

- Utilização do isolamento absoluto durante o tratamento endodôntico

- A agulha de irrigação não deve ficar justa ao canal e o seu tamanho

deve ser pelo menos dois mm inferior ao comprimento de trabalho.

- O hipoclorito de sódio não deve ser injetado fazendo pressão com a

seringa.

Tabela 2 – Principais medidas terapêuticas a adotar em casos agudos

de complicação.

Como proceder em caso de:

Danos nos olhos do paciente

- Irrigação abundante com água ou solução salina e nos casos mais

severos encaminhar para o oftalmologista.

Lesões na mucosa oral

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Page 19: Seminário - Hipoclorito de Sódio

- Lavar abundantemente com água.

- se for visível algum dano recomenda-se o uso de antibiótico para

reduzir o risco de uma infecção secundária.

- se existiu alguma possibilidade de ingestão ou inalação o paciente

deve ser encaminhado para o hospital.

Danos provocados pela inoculação do hipoclorito de sódio

- Aplicação de gelo na zona com edema durante as primeiras 24h.

- Analgésicos para diminuir a dor.

- Antibiótico para reduzir o risco de uma infecção secundária.

- encaminhar para o hospital.

Armazenamento

A solução de hipoclorito de sódio, por ser um composto clorado,

apresenta acentuada instabilidade. Sabe-se que a efetividade dessa solução

como substância química auxiliar depende do teor de cloro presente, ou seja,

da sua concentração. A British Pharmacopoeia alerta: a diminuição do teor dos

princípios ativos de uma preparação não deve exceder 10% para a

manutenção de sua estabilidade.

No entanto, em diversos trabalhos encontrados na literatura, verifica-se

que a maioria das soluções disponíveis no mercado possui concentração

abaixo do esperado. Sendo assim, muitos dos insucessos endodônticos podem

ser atribuídos a falhas na desinfecção dos canais radiculares, por causa da

baixa concentração da solução química empregada. Segundo Monteiro-Souza

et al, “uma solução de hipoclorito de sódio com teor de cloro abaixo de 0,3%

não é efetiva contra Cândida albicans e Estreptococus faecalis”.

Diante disso, alguns pesquisadores têm estudado os fatores que

interferem na estabilidade química das soluções cloradas na busca pela

manutenção da sua concentração. Soluções de hipoclorito de sódio não podem

entrar em contato com a luz, por isso devem ser armazenadas

preferencialmente em frasco âmbar e em locais isentos de claridade. Quanto

mais alta a temperatura do local em que as soluções estiverem guardadas,

maior será a perda do teor de cloro.

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Page 20: Seminário - Hipoclorito de Sódio

O tempo de armazenamento também interfere diretamente na solução

de hipoclorito de sódio, portanto, ela deve ser preparada um pouco antes do

uso.

Outros autores afirmam que a solução não deve entrar em contato com

o ar, devendo ser guardada em frascos com tampa firmemente fechada.

Porém, a grande maioria das soluções de hipoclorito é vendida em frascos de

1L, e alguns cirurgiões-dentistas levam meses para utilizar todo o produto: é

preciso lembrar que a solução remanescente permanece em contato com o ar

presente no interior do frasco.

Conclusão

Do exposto acima, conclui-se que a utilização do hipoclorito de sódio a

1% preenche a maioria dos requisitos como solução irrigadora.

O motivo condutor dos fatos descritos até agora é a cura e o reparo dos

tecidos periapicais, resultado desejado e pretendido de toda intervenção

endodôntica. E o fator decisivo na obtenção desse paradigma é a tolerância

tecidual, divisor de águas entre o sucesso e o insucesso.

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Page 21: Seminário - Hipoclorito de Sódio

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