Seminário III - 2014.2

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    INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS JURIDICOS E EMPRESARIAISCURSO DE ESPECIALIZAO EM DIREITO TRIBUTRIO

    MDULO - TRIBUTO E SEGURANA JURDICA

    SEMINRIO III FONTES DO DIREITO TRIBUTRIO

    MAURCIUS RAMBO VOGEL

    PORTO ALEGREAGOSTO DE 2014

    Aula n 3 29/08/2014

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    SEMINRIO III FONTES DO DIREITO TRIBUTRIO

    Qu es to 1

    1. Que so fontes do Direito? Qual a utilidade do estudo das fontes do direitotributrio?

    Resposta:

    1. Nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho, as fontes do direito so os

    acontecimentos do mundo social, juridicizados por regras do sistema e credenciados para

    produzir normas jurdicas que introduzamno ordenamento outras normas, gerais e abstratas,

    gerais e concretas, individuais e abstratas ou individuais e concretas.

    A utilidade do estudo das fontes do Direito Tributrio se d na medida em que so elas as

    formas reveladoras do Direito. A fonte do Direito Tributrio decorre da anlise integrada das

    normas introdutoras e das normas introduzidas, somada ao conjunto de fatos aos quais a

    ordem jurdica atribui teor de juridicidade, se tomados na qualidade de enunciao. Em

    outras palavras, no basta que haja um veculo introdutor de normas, se no houver tambm

    um fato jurdico que se subsuma ao enunciado prescritivo. Desse modo, as fontes do direito

    so os fatos jurdicos produtores de normas jurdicas.

    Estudar a fonte do Direito desvendar a raiz de onde provm a norma jurdica. Para se

    reconhecer se efetivamente estamos diante de uma norma jurdica legal, devemos, sobretudo,

    conhecer as fontes do Direito. Ainda, autilidade do estudo das fontes do direito tributrio de

    maior importncia por estar centrado no princpio da legalidade, pois sem a lei no existe o

    direito de tributar.

    Qu es to 2

    2. Os costumes, a doutrina, a jurisprudncia e o fato jurdico tributrio so fontes do

    direito? E as indicaes jurisprudenciais e doutrinrias, contidas nas decises

    judiciais so concebidas como fontes de direito?

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    Resposta:

    2. O costume no pode ser considerado como fonte do direito, pois no se constitui

    em enunciado introdutor de normas. Seguindo a linha de raciocnio do ilustre prof.

    Paulo de Barros Carvalho a doutrina no fonte do direito tributrio, haja vista que

    seu discurso descritivo no altera a natureza prescritiva do direito, uma

    sobrelinguagem e por sua natureza cientfica.

    A jurisprudncia nada mais que o conjunto de solues dadas pelo Poder

    Judicirio Neste diapaso, no seria fonte do direito, pois visa apenas influenciar a

    mente dos nobres julgadores, no tem condo prescritivo e a sua inobservncia no

    constitui infrao. Na mesma linha, as indicaes doutrinrias nada mais que

    descries e ensinamentos do contedo do direito positivo, as descries no tem

    condo de direito positivo, pois no altera sua natureza prescritiva do direito.

    Qu es to 3

    3. Que posio ocupa, no sistema jurdico, norma inserida por lei complementar que

    dispe sobre matria de lei ordinria? Para sua revogao necessria norma

    veiculada por lei complementar? (Vide anexos I e II).

    Resposta:

    3.A Lei Complementar tem a funo de estabelecer as normas gerais em matria

    tributria (art.146 CF). Possui, ainda, a competncia para criar determinados tributos

    art. 148, 151, I, 155 1, III CF. Apesar de poder dispor sobre matria de lei

    ordinria, ocupa posio superior sob o ponto de vista formal, status garantido pela

    Constituio Federal em seu art. 59 pargrafo nico.

    A Lei Ordinria a norma por excelncia para a criao dos tributos, que tem afuno de estabelecer todos os requisitos para o nascimento da obrigao tributria,

    ou seja, responsvel pela legislao especfica exceto a competncia da lei

    complementar.

    Portanto para a retirada de uma Lei Complementar, mesmo que verse sobre matria

    de lei ordinria, ser necessrio adotar o mesmo procedimento que a inseriu no

    sistema.

    Qu es to 4

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    4. O prembulo da Constituio Federal e a exposio de motivos integram o direito

    positivo? So fontes do direito? (Vide anexos III e IV).

    Resposta

    Sim, de acordo com o posicionamento do STF o prembulo nos remetem

    enunciao enunciada que o conjunto das marcas, identificveis no texto, que

    remetem instncia de enunciao. o fato jurdico localizado no antecedente do

    veculo introdutor. Em outras palavras consiste nas referncias de tempo, lugar e

    pessoa que, inscritos na norma propiciam a reconstruo do ato legislativo que deu

    ensejo lei. deste plano que se constri uma norma concreta egeral. Daqui

    decorre a referncia jurdica fonte de produo do direito (como, onde, quando e

    por quem estas condutas foram prescritas).

    No, integram o prprio direito positivo.

    Integram sim . Seriam uma forma de enunciao enunciada. No se trata de fontes

    do direito e sim do prprio direito.

    Contudo, o Para o professor Paulo de Barros Carvalho:

    A exposio de motivos, constando da enunciao-enunciada. Manifesta-se mais prxima

    ao processo de enunciao do ato de fala jurdico. Enquanto o prembulo e a ementa nos

    remetem enunciao-enunciada, porm mais inclinadas ao enunciado do que,

    propriamente, ao processo de enunciao. (CARVALHO. Paulo de Barro. Direito

    Tributrio, linguagem e mtodo. 3 edio. So Paulo: Noeses, 2008. pg. 424).

    Qu es to 5

    5. A Emenda Constitucional n 42/03 previu a possibilidade de instituio da

    PIS/COFINS-importao. O Governo Federal editou a Lei n 10.865/04 instituindo tal

    exao. (a) Identificar as fontes materiais e formais da Constituio Federal, da

    Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operao

    importao em 11/08/05; este fato fonte material do direito? (c) O ato de ele

    formalizar o crdito tributrio no desembarao aduaneiro e efetuar o pagamento

    antecipado fonte do direito?

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    Resposta:

    (a) Constituio Federal: veculo introdutor de normas que decorre do Poder Constituinte

    Originrio. O fundamento de validade da Constituio a norma fundamental. As fontes

    materiais, por seu turno, so os fatos sociais juridicizados no texto da Carta Magna.

    Emenda n. 42/03: A Emenda Constitucional veculo introdutor de normas constitucionaisque decorre do Poder Constituinte Derivado. So fontes materiais da EC 42/03 todos os fatossociais juridicizados em seu corpo.

    Lei n. 10.865/04: A lei ordinria veculo introdutor de normas. Portanto, ela a fonteformal. As fontes materiais so os fatos juridicizados nas mensagens da lei.

    (b) sim, uma vez que este fato previsto na hiptese normativa como capaz de gerar efeitosjurdicos. Desse modo, estando o fato social juridicizado no texto lei, ele possui o condo decriar normas jurdicas.

    (c) o ato de formalizao do crdito tributrio no desembarao aduaneiro e efetuao dopagamento antecipado so deveres decorrentes da obrigao tributria, sendo, portanto, fones

    materiais do Direito.

    Ques to 6

    1. Diante do fragmento de direito positivo abaixo, responda:

    LEI No 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000

    O PRESIDENTE DA REPBLICA: fao saber que o CongressoNacionaldecreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1o Fica institudo o Programa de Estmulo Interao

    Universidade-Empresa para o Apoio Inovao, cujo objetivo

    principal estimular o desenvolvimento tecnolgico

    brasileiro, mediante programas de pesquisa cientfica e

    tecnolgica cooperativa entre universidades, centros de

    pesquisa e o setor produtivo.

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    Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o

    artigo anterior, fica instituda contribuio de interveno

    no domnio econmico, devida pela pessoa jurdica detentora de

    licena de uso ou adquirente de conhecimentos tecnolgicos,

    bem como, aquela signatria de contratos que impliquemtransferncia de tecnologia, firmados com residentes ou

    domiciliados no exterior. 1o Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de

    transferncia de tecnologia os relativos explorao de

    patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de

    tecnologia e prestao de assistncia tcnica.

    1o-A. A contribuio de que trata este artigo no incidesobre a remunerao pela licena de uso ou de direitos de

    comercializao ou distribuio de programa de

    computador, salvo quando envolverem a transferncia da

    correspondente tecnologia.(Includo pela Lei n. 11452,de 2007).

    2oA partir de 1ode janeiro de 2002, a contribuio de que

    trata o caput deste artigo passa a ser devida tambm pelas

    pessoas jurdicas signatrias de contratos que tenham por

    objeto servios tcnicos e de assistncia administrativa e

    semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados

    no exterior, bem assim pelas pessoas jurdicas que pagarem,

    creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a

    qualquer ttulo, a beneficirios residentes ou domiciliados no

    exterior. (Redao da pela Lei 10332, de 19.12.2001).

    3o A contribuio incidir sobre os valores pagos,creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada

    ms, a residentes ou domiciliados no exterior, a ttulo

    de

    remunerao decorrente das obrigaes indicadas no caput e no

    2odeste artigo. (Redao da pela Lei 10332, de 19.12.2001).

    4oA alquota da contribuio ser de 10% (dez por cento).(Redao da pela Lei 10332, de 19.12.2001).

    (...)

    Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao,

    aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ode

    janeiro de 2001.

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    Braslia, 29 de dezembro de 2000; 179oda Independncia e 112o

    da Repblica.

    (FERNANDO HENRIQUE CARDOSO)

    Identifique os seguintes elementos da Lei no10.168/00:(i) enunciados-enunciados,(ii) enunciao-enunciada, (iii) instrumento introdutor de norma, (iv) fonte material,(v) fonte formal, (vi) procedimento (vii) sujeito competente, (viii) preceitos gerais eabstratos e (ix) norma geral e concreta.

    Os enunciados inseridos na Lei no10.168/00pelas Leis n 11.452/07 e n 10.332/01passam a pertencer Lei no 10.168/00 ou ainda so parte integrante dosveculos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa

    revogao da Lei no 10.168/00, como fica a situao dos enunciadosveiculados pelas Leis n 11.452/07 e n 10.332/01?Pode-sedizer que tambmso revogados mesmo sem a revogao expressa dos veculos que osinseriram?

    Resposta:

    1)

    (i) Enunciado-enunciado: So os artigos que delineiam os contornos da regra-matriz deincidncia, multas e deveres instrumentais da exao - Art.1.(ii) Enunciao-enunciada: O Congresso Nacional (rgo competente) e o Presidente daRepblica (pessoa), decreta e sanciona a seguinte lei, em Braslia (espao), no dia 29 dedezembro de 2000 (tempo).(iii) Instrumento introdutor de normas: a prprio lei 10.168/2010(iv) Fonte material: a enunciao-enunciada, ou seja, o procedimento pelo qual,conseguimos identificar a (in) constitucionalidade de determinada lei. o antecedente danorma geral e concreta. a prpria edio da norma.(v) Fonte formal: Constituio Federal.(vi) Procedimento: o processo legislativo previsto na prpria CF para edio de Leiordinria.(vii) Sujeito competente: Presidente da Repblica e Congresso Nacional.

    (viii) Preceitos gerais e abstratos: So os comandos destinados a regular as condutasintersubjetivas, estabelecendo normas dotadas de abstrao e generalidade.(ix) Norma geral e concreta: a prpria lei em comento, visto que, concreta porque demonstrao efetivo exerccio da competncia normatizada e geral, porque determina a todos aobrigatoriedade de reconhecer o contedo veiculado pela lei.

    2) Os enunciados inseridos na lei n. 10.168/00 pelas leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01 passam apertencer Lei n. 10.168. Os enunciados estaro previstos na lei, mas sem validade expressa;No sero revogados apenas no tero validade expressa.