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Sentença CEMAT
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9/6/2014 online (31).html
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Vistos, etc.
Relatório dispensado.
Fundamento e decido.
PRELIMINAR
No que tange a preliminar de incompetência em razão da matéria, rejeito-a, uma vez que o conteúdo
probatório colacionado é suficiente para o julgamento da lide.
MÉRITO
Restou comprovado nos autos, que a parte reclamante recebeu fatura eventual no valor de
R$626,80(seiscentos e vinte e oito reais e oitenta centavos) com vencimento em 22/03/2013, bem como
duas faturas acima da média registrada nos meses de setembro (721khw) e outubro de 2012(433khw),enquanto que a média mensal dos últimos seis meses da Reclamante foi registrado em 187khw.
No caso, por se tratar de relação de consumo, estando patente a hipossuficiência do consumidor, onde a
reclamada está mais apta a provar o insucesso da demanda do que àquele a demonstrar a sua procedência,aplica-se a inversão do ônus da prova elencada no art. 6º, VIII, do CDC, com o fito de proporcionar
equilíbrio na relação processual.
Dessa forma, incumbe à reclamada provar a veracidade de seus alegados na qualidade de fornecedora deserviços, seja em razão da inversão do ônus da prova, seja porque a sua assertiva é fato extintivo de direito,
nos termos do art. 333, II do CPC.
No entanto, em sua defesa, a empresa reclamada alega que fora efetuada perícia técnica na unidade
consumidora de energia elétrica (TOI) e que foram encontradas irregularidades nas instalações (neutro
isolado), sendo devida as referidas faturas, em razão da regularização do medidor após a perícia.
De outro lado, da análise dos autos, verifica-se que a reclamante sequer foi intimada sobre a perícia realizada
unilateralmente pela reclamada no medidor, nem ao menos recebeu notificação.
Assim, a suposta existência de irregularidade no referido medidor não existe, portanto, injustificável as
cobranças discutidas no pedido inicial pelo reclamante.
Frise-se, que a responsabilidade da empresa reclamada como fornecedora de serviços é objetiva, nos
termos do art. 14 do CDC, que assim dispõe: ?O fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.?
Tal responsabilidade é afastada apenas quando comprovado que, tendo prestado o serviço, o defeitoinexiste ou a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiro (§ 3º, inc. I e II, do art. 14, do CDC). Sendo o
ônus da prova relativo a essas hipóteses do prestador do serviço, e não tendo ele se desincumbido do ônus
que lhe cabia, deve ser responsabilizado pelos danos causados à parte reclamante.
Sendo assim, a solução mais adequada e equânime para o caso é que a cobrança correspondente ao faturamento dos meses
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de setembro e outubro/2012 deve ser readequada de acordo com a média dos três meses anteriores a elevação do consumo,
perfazendo a importância equivalente a 187kwh, ficando, desde já, desconstituído o débito cobrado. E, a declaração da
inexigibilidade da cobrança referente a fatura eventual datada de 22/03/2013.
Diante do exposto, nos moldes do art. 269, inciso I, do CPC, julgo IMPROCEDENTE o pedido
contraposto e julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inaugural para: a) declarar inexistente os
débitos referente a fatura eventual ? recuperação de consumo no valor de R$626,80(seiscentos e vinte e oito
reais e oitenta centavos) com vencimento em 22/03/2013; b-) proceder com a readequação da fatura de
energia da UC n. 8250430 instalada na residência da parte Reclamante, referente ao mês de setembro e
outubro/2012, para a média trimestral de consumo equivalente a 187kWH, devendo o valor pago a maior
ser compensado com o débito dos meses subsequentes; c-) condenar a reclamada ao pagamento de R$
3.000,00 (três mil reais), a título de danos morais, corrigidos monetariamente pelo índice INPC a contar
desta data e juros de mora de 1% a contar da citação; e, d) determino que a reclamada proceda a troca do
medidor instalado na UC de titularidade da parte reclamante, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena demulta fixa de R$ 2.000,00 (dois mil reais).
Deixo de condenar a reclamada no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, por não
serem cabíveis nesta fase (art. 54 e 55, da Lei Federal nº 9.099/95).
Preclusa a via recursal, nada sendo requerido arquivem-se os autos com as anotações e cautelas legais.
Sentença publicada no Sistema Projudi.
Walter Pereira de Souza
Juiz de Direito