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PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU – PR 1 SENTENÇA Vistos e examinados os autos sob nº 0018760-32.2013.8.16.0030 de ação civil pública em que é autor o Ministério Público do Estado do Paraná e réus Luiz Augusto Pinho de Queiroga e Luiz Eduardo Gomes Salgado, já qualificados. 1 – Relatório Trata-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Paraná contra Edilio João Dall’agnol e outros, todos qualificados nos autos. Sustentou o autor, em síntese, que Cristiane Machado, Edvaldo Rodrigues, João Soares, Valci Scanes, Leonice Britto, Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVVH 453MX A6Y7D BBX7Y PROJUDI - Processo: 0017032-53.2013.8.16.0030 - Ref. mov. 141.1 - Assinado digitalmente por Wendel Fernando Brunieri:12729 01/10/2018: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU – PR

1

SENTENÇA

Vistos e examinados os autos sob nº

0018760-32.2013.8.16.0030 de ação

civil pública em que é autor o

Ministério Público do Estado do

Paraná e réus Luiz Augusto Pinho de

Queiroga e Luiz Eduardo Gomes

Salgado, já qualificados.

1 – Relatório

Trata-se de ação civil pública por ato de

improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado

do Paraná contra Edilio João Dall’agnol e outros, todos qualificados nos

autos.

Sustentou o autor, em síntese, que Cristiane

Machado, Edvaldo Rodrigues, João Soares, Valci Scanes, Leonice Britto,

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Anamin Bento e Eliezer Batista foram nomeados para exercerem cargos de

assessores parlamentares do gabinete do ex-vereador Edilio Jõao

Dall´agnol entre os anos de 2009 a 2012, porém, houve desvio de função

por parte dos assessores, posto que não exerciam atividades inerentes ao

cargo para que foram contratados.

Declarou que os assessores foram ouvidos e

que descreveram atividades que em nada tem relação aos cargos para os

quais contratados, o que denota o nítido desvio de função.

Afirmou que as atividades exercidas eram

para atendimento de eleitores em potencial, a fim de angariar votos ao ex-

vereador, não desempenhando a função para a qual contratados.

Asseverou que o desvio de função se

mostrou presente pois as nomeações ocorreram com finalidade eleitoreira,

havendo dúvidas se as atividades foram efetivamente prestadas pelos

assessores.

Aduziu que o ex-vereador se valeu de seus

funcionários, remunerados pelo órgão Legislativo, para o fim de promoção

pessoal e que os demais réus nunca realizaram as atividades para aos

cargos em que contratados, bem como houve violação ao regime de

integral dedicação.

Por fim, disse que os réus praticaram atos de improbidade administrativa que causaram enriquecimento ilícito, violaram os princípios que regem a Administração Pública e que causaram prejuízo ao erário, requerendo a condenação dos requeridos nas penas correspondentes.

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Os réus foram devidamente notificados e apresentaram defesa preliminar, por meio das quais levantaram questões preliminares e pugnaram pela rejeição da inicial.

O Juízo prolatou sentença de indeferimento da inicial, conforme evento 36.

O Ministério Público apresentou recurso de apelação contra a referida decisão, tendo o Tribunal de Justiça determinado o recebimento da inicial quanto aos réus Edilio Dall’Agnol, Valci Scanes e Anamim Bento (evento 61).

Os réus contestaram a ação (evento 121), na qual alegaram que a inocorrência do desvio de função, visto que a Lei Orgânica Municipal dispõe que dentre as funções do legislativo está a sugestão de medidas ao Prefeito, bem como de acordo com a resolução legislativa 15/2003 se incluiu a prestação de serviços externos ao vereador. Dessa forma, aduziram que a atuação está pautada em autorização legislativa. Declararam não existir qualquer prejuízo ao erário, tampouco dolo nas condutas, razão pela qual não merece procedência o pedido de condenação nas sanções correspondentes. Afirmaram que não houve violação a regra da não cumulatividade de cargos públicos, tampouco violação ao regime de integral dedicação.

O autor impugnou a contestação (evento 125), momento em que requereu o afastamento das pretensões dos réus e reiterou os pedidos iniciais. Pediu o julgamento antecipado do mérito.

Os réus postularam pela produção de prova oral.

É o relatório.

DECIDO.

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2 – Fundamentação

O feito se encontra devidamente instruído,

especialmente com a prova documental encartada aos autos pelo parquet

junto a inicial, razão pela qual dispensa-se a realização de audiência de

instrução e julgamento.

De outro lado, o próprio autor pugnou pelo

julgamento antecipado do mérito, não manifestando interesse na produção

de outras provas.

Por conseguinte, não há questões

preliminares ou nulidades a serem conhecidas de ofício pelo Juízo, motivo

pelo qual passo ao exame do mérito.

Primeiramente, importante esclarecer que a

presente ação teve prosseguimento somente quanto aos réus Edilio

Dall’Agnol, Valci Scanes e Anamim Bento, conforme decisão prolatada

pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

Trata-se, portanto, de ação civil pública de

responsabilidade por ato de improbidade administrativa ajuizada contra o

ex-Vereador Edilio Dall’Agnol e seus assessores, réus Valci Scanes e

Anamim Bento, em razão da prática de suposto ato de improbidade

administrativa, em virtude do desvio de função, pois supostamente

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desenvolviam atividades diversas do cargo; não houve a efetiva prestação

dos serviços, pagamento de verbas indevidas, descumprimento do regime

de trabalho de dedicação integral e atividades não enquadradas nas

exceções à regra de imaculabilidade de cargos e funções previstas na

CRFB.

Esses são, basicamente, os pontos

controvertidos.

Pois bem. A Constituição Federal de 1988,

no capítulo que trata sobre a Administração Pública estabelece que os atos

de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos

políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo

da ação penal cabível.

Ainda, em seu art. 37, caput, elenca os

princípios que regem a administração pública, direta e indireta, de qualquer

dos Poderes da União, dos Estados e dos Municípios, sendo eles o da

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Tal dispositivo foi regulamentado pela Lei

nº8.429/92, que define os elementos do ato de improbidade, suas

modalidades, sanções cabíveis e o respectivo processo administrativo e

judicial.

Em uma análise semântica, probidade pode

ser definida como “uma particularidade do que é probo; retidão ou

integridade de caráter, honestidade, honradez ou como observância

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rigorosa dos deveres, da justiça e da moral. Assim, improbidade equivale a

desonestidade, a falta de retidão ou honradez.”1

Neste contexto, importante registrar os

elementos que caracterizam a improbidade, capazes de gerar as sanções

preconizadas na Constituição e na legislação regulamentadora.

De tal forma, o ato de improbidade

administrativa é a conduta, comissiva ou omissiva, normalmente dolosa,

que, praticada em desacordo com as exigências de honestidade e honradez,

resulte em relevante lesão a bens e valores públicos protegidos pelo

ordenamento jurídico, ocasionando o enriquecimento ilícito, dano ao Erário

ou a violação dos deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e

lealdade, em prejuízo das entidades integrantes da Administração Pública

ou dos entes privados beneficiados, sustentados ou criados com a utilização

de recursos públicos.

Para parte da doutrina, a improbidade

administrativa é uma imoralidade qualificada pelo desrespeito a bens e

valores públicos protegidos pelo ordenamento jurídico que resultam em

enriquecimento ilícito, dano ao Erário ou violação aos deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade.

Conforme já comentado, o ato de

improbidade pode corresponder a um ato administrativo, a uma omissão ou

a uma conduta. A Lei 8429/92 optou por dividi-lo em três categorias: os

atos que importam enriquecimento ilícito (art. 9º); os que causam prejuízo

1 JUNIOR; André de Holanda. TORRER, Ronny Charles Lopes de. Improbidade Administrativa – Lei nº8429/92. Salvador: Juspodivm, 2015. p.16.

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ao erário (art.10º) e os atos que atentam contra os princípios da

Administração Pública (art. 11).

O elemento subjetivo exige a identificação

do elemento dolo, admitindo-se, no caso dos atos que causam prejuízo ao

erário, essa caracterização também com a identificação do elemento culpa.

Este é o teor dos enunciados legais acima

mencionados: Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando

enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem

patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,

função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no

art. 1° desta lei, e notadamente (...).

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa

lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,

que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no art. 1º desta lei (...);

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições (...).

O ato imputado, dessa maneira, deve ser

produzido pelo homem, deve expressar a vontade livre e deliberada do

agente para a sua prática, ciente do dano respectivo ao erário. Trata-se,

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assim, de conduta altamente reprovável, configurando fato de extrema

gravidade.

Neste mesmo sentido, “para que se

considere um ato como passível de sofrer sanções, não é suficiente a

existência da conexão causal objetiva (entre a ação [ou omissão] e o

resultado), nem sua subsunção típica (num artigo da LIA). É

imprescindível a culpabilidade (culpa lato sensu) do agente público. Não

se pune com fulcro em responsabilidade objetiva.”2.

O autor pretende a responsabilização dos

requeridos pela prática de atos de improbidade administrativa que causaram

enriquecimento ilícito, violaram os princípios informadores da

Administração Pública e que causaram prejuízo ao erário, visto que o réu

contratou servidores comissionados (também réus) para exercer funções

diversas do cargo para o qual contratado, em nítido desvio de função, bem

como em razão da dúvida sobre a prestação efetiva dos serviços e

descumprimento do regime de dedicação integral, além da

incompatibilidade de horários e acumulação de cargos.

No caso dos autos, não é possível extrair o

dolo, mesmo que genérico, ou ainda ao menos a culpa (no caso de ato de

improbidade que cause lesão ao erário), por parte dos réus em relação aos

atos narrados. Não houve sequer indesejável tolerância ou omissão por

parte dos réus.

Isso porque, as alegações do parquet são

desprovidas de qualquer prova robusta quanto ao suposto desvio de função, 2 JÚNIOR, Waldo Fazzio. Atos de improbidade administrativa, São Paulo: Editora Atlas, 2.ª Edição.

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visto que são embasadas unicamente no depoimento dos réus colhidos em

fase de inquérito civil, não corroborados por qualquer prova documental ou

oral produzidas pelo autor, cuja oportunidade lhe foi deferida por mais de

uma vez.

Por conseguinte, nos termos do art. 9º da

Resolução 15/2003 da Câmara dos Vereadores, o assessor parlamentar tem

inúmeras funções, dentre elas:

I - prestar serviços ao vereador, em atividades externas;

II - atender e prestar esclarecimentos a pessoas que

demandem ao gabinete;

III - agendar compromissos do titular do gabinete;

IV - elaborar e expedir as correspondências do gabinete;

V - manter arquivo das correspondências recebidas e

expedidas pelo gabinete e de outros documentos de

interesse deste;

VI - efetuar o controle das pautas de sessões e de

proposições legislativas de interesse do gabinete;

VII - assistir o titular do gabinete no desempenho de suas

atribuições;

VIII - organizar as reuniões promovidas pelo gabinete,

providenciando a pauta e os convites aos participantes;

IX - executar outras tarefas determinadas pelo titular do

gabinete, inerentes às atribuições deste.

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Com isso, tem-se que as atribuições do

assessor parlamentar são diversas e, conforme narra o próprio autor, o réu

as executava atendendo ao público, auxiliando o vereador, verificando as

necessidades da população, formulando propostas perante o legislativo,

entre outras, o que demonstra que os réus cumpriam a função para a qual

nomeados.

Não bastasse, a atuação dos comissionados

pode ser considerada como atividade complexa e diversificada, não se

esgotando na prática de um único serviço. Por se tratar de encargos de

assessoramento, os atos realizados podem tomar inúmeras faces, desde que

estejam, a rigor, a serviço de outrem, no intuito de auxiliá-lo.

Ato contínuo, tem-se que incumbe,

igualmente ao legislativo municipal sugerir medidas ao Prefeito Municipal,

conforme se vê do art. 12, inciso XVIII da Lei Orgânica de Foz do Iguaçu,

função esta também desempenhada pelos réus ao realizarem as atividades

externas a pedido do vereador.

Ademais, quanto ao argumento de que há

dúvidas se os serviços foram realmente prestados, conforme acima

mencionado, há que se presumir a boa-fé, assim como a prestação dos

serviços para os quais foi o réu contratado, sendo a prova do contrário de

incumbência do autor. Todavia, igualmente não realizou tal prova,

embasando suas alegações unicamente em meras suspeitas.

De outro lado, nada existe nos autos que

demonstre que os réus não compareciam ou não prestavam os serviços,

mas, muito pelo contrário, todos as pessoas ouvidas pelo parquet

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declararam estar presente na casa de leis durante o seu horário de

funcionamento ou mesmo prestarem serviços nos bairros do Município.

Nota-se, sobretudo, que o autor sequer

menciona que os serviços não foram prestados, mas tão somente assevera

que há dúvidas acerca da prestação, não sendo possível presumir e

condenar os réus em razão de mera dúvida, no caso, não lastreada em

provas.

E, não havendo demonstração de que os

serviços não foram prestados, também não há que se falar em

enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário, pois, nada mais justo que o

pagamento de uma contraprestação aqueles que exerceram a atividade para

o qual contratados.

Inclusive, fazer com que os requeridos

devolvam valores referentes a serviços realizados é coadunar com o

enriquecimento ilícito do Estado.

O dano ao erário deve ser demonstrado,

inconteste ou ao menos passível de ser verificada a ocorrência, o que não

aconteceu no caso em concreto, principalmente porque o Poder Público se

beneficiou dos serviços dos ocupantes dos cargos em comissão.

Neste diapasão, o prejuízo ao erário é

elemento imprescindível a configurar o ato de improbidade administrativa

descrito no art. 10 da Lei nº8.429/1992. Ou seja, será sempre necessária a

ocorrência de lesão ao patrimônio público, o que permitiria eventual

ressarcimento integral do dano. O contrário – admitir que o dano é

presumido – poderia acarretar o enriquecimento ilícito do erário, o que é

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12

vedado no ordenamento jurídico pátrio. Neste mesmo sentido, a seguinte

decisão do STJ:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.

AÇÃO POPULAR. IRREGULARIDADES FORMAIS

AVERIGUADAS NO PROCEDIMENTO

LICITATÓRIO, QUE NÃO ENSEJARAM,

CONTUDO, DANO AO ERÁRIO, CONFORME

RECONHECIDO EM PERÍCIA JUDICIAL E PELO

TCE DE MINAS GERAIS. IMPOSSIBILIDADE DE

CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES NO

RESSARCIMENTO DOS COFRES PÚBLICOS,

COM ESTEIO EM LESÃO PRESUMIDA À

MUNICIPALIDADE, SOB PENA DE

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DO ENTE

ESTATAL. 1. À luz da Súmula 418/STJ, é

inadmissível o Recurso Especial interposto antes da

publicação do acórdão dos Embargos de Declaração,

sem posterior ratificação, como ocorreu em relação ao

Nobre Apelo de fls. 6.492/6.514, haja vista a peça

recursal ter sido protocolizada em 24.02.2011, sendo

que o Acórdão que julgou os últimos Embargos

interpostos foi disponibilizado no Dje em 30.09.2011.

O Recurso Especial, dest'arte, não transpõe a barreira

da admissibilidade, porquanto interposto antes do

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13

julgamento dos Embargos de Declaração, ou seja, antes

do exaurimento das instâncias ordinárias, em

desconformidade com o disposto no referido art. 105,

III da Constituição Federal 2. A preliminar de nulidade

do acórdão vergastado, por suposta violação ao art.

535, II do CPC, somente tem guarida quando o julgado

se omite na apreciação de questões de fato e de direito

relevantes para a causa - alegadas pelas partes ou

apreciáveis de ofício - o que não ocorreu nos presentes

autos. 3. Mostra-se deficiente a fundamentação dos

recursos que se limitaram a elencar os dispositivos de

lei federal (arts. 964 do CC/1916 e 131, 165, 436 e

458, II do Estatuto Processual Civil) sem, contudo,

relacioná-los de forma específica com o eventual vício

de fundamentação alegadamente existente no acórdão

guerreado, incidindo, portanto, a Súmula 284 do

Supremo Tribunal Federal. 4. A Ação Popular consiste

em um relevante instrumento processual de

participação política do cidadão, destinado

eminentemente à defesa do patrimônio público, bem

como da moralidade administrativa, do meio-ambiente

e do patrimônio histórico e cultural; referido

instrumento possui pedido imediato de natureza

desconstitutiva-condenatória, pois colima,

precipuamente, a insubsistência do ato ilegal e lesivo a

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14

qualquer um dos bens ou valores enumerados no inciso

LXXIII do art. 5o. da CF/88 e, consequentemente, a

condenação dos responsáveis e dos beneficiários

diretos ao ressarcimento ou às perdas e danos

correspondentes. 5. Tem-se, dessa forma, como

imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-

lesividade, como pressuposto elementar para a a

procedência da Ação Popular e consequente

condenação dos requeridos no ressarcimento ao erário

em face dos prejuízos comprovadamente atestados ou

nas perdas e danos correspondentes. 6. Eventual

violação à boa-fé e aos valores éticos esperados nas

práticas administrativas não configura, por si só,

elemento suficiente para ensejar a presunção de lesão

ao patrimônio público, conforme sustenta o Tribunal a

quo; e assim é porque a responsabilidade dos agentes

em face de conduta praticada em detrimento do

patrimônio público exige a comprovação e a

quantificação do dano, nos termos do art. 14 da Lei

4.717/65; assevera-se, nestes termos, que entendimento

contrário implicaria evidente enriquecimento sem

causa do Município, que usufruiu dos serviços de

publicidade prestados pela empresa de propaganda

durante o período de vigência do contrato. 7. Não se

conhece do Recurso Especial da Empresa de

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15

Propaganda e Marketing, em face de sua manifesta

intempestividade, e do Recurso Especial interposto

pelo ex-Prefeito. Recursos Especiais dos demais

recorrentes providos, para afastar a condenação dos

mesmos a restituir aos cofres públicos o valor fixado

no Acórdão do Tribunal de origem. Com fulcro no art.

509 do CPC, atribui-se efeito expansivo subjetivo à

presente Decisão, para excluir a condenação

ressarcitória dos demais litisconsortes necessários.

(STJ - REsp: 1447237 MG 2012/0162982-5, Relator:

Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data

de Julgamento: 16/12/2014, T1 - PRIMEIRA

TURMA, Data de Publicação: DJe 09/03/2015).

O ônus da prova da ocorrência do prejuízo ao

erário recai sobre o autor da ação de improbidade administrativa, prova esta

que não foi trazida aos autos pelo parquet.

No mais, importa ressaltar que, quanto réu

Valci Garcia Scanes, a irresignação do autor também existe quanto ao fato

de ele exercer atividade profissional de autônomo no período vespertino, o

que violaria a regra da incompatibilidade com o cumprimento das funções

do cargo comissionado, posto que sua função exige dedicação integral e

exclusiva.

No entanto, resta indubitável a

improcedência da presente ação, seja quanto ao prejuízo ao erário, que não

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existiu no caso em comento, tendo em vista que o Município de Foz do

Iguaçu usufruiu dos serviços prestados, não havendo qualquer lesão ao seu

patrimônio ou enriquecimento ilícito daquele que trabalhou e recebeu por

isso, seja com relação a violação aos princípios que regem a Administração

Pública, porque, conforme dito, não existe prova do desvio de função, e

também porque não há a referida incompatibilidade narrada pelo autor, não

sendo o caso de aplicação do regime de dedicação exclusiva.

A lei que disciplina a matéria em questão é a

Lei Complementar Municipal nº97/2005, que em seu art. 6º dispõe que:

Art. 6º O exercício de cargo em comissão exigirá de

seu ocupante integral dedicação.

Diante disso, observa-se que a legislação

determina, de fato, que os ocupantes de cargo de confiança estão

submetidos ao regime de dedicação integral. No entanto, isso não implica

na vedação aos ocupantes dos mencionados cargos ao acesso a outras

atividades públicas ou até mesmo privadas.

Com isso, dizer que o ocupante de cargo em

comissão se submete a regime de integral dedicação ao serviço significa

que poderá ser convocado pela Administração a qual prestam o respectivo

serviço sempre que houver interesse manifestado por ela.

Nesse sentido, a jurisprudência:

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17

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO

COLETIVA. SINDICATO. LEGITIMIDADE ATIVA AD

CAUSAM. SERVIDOR PÚBLICO. OCUPANTE DE CARGO

OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. PAGAMENTO DE HORAS

EXTRAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É firme na jurisprudência o

entendimento de que os sindicatos têm legitimidade para atuar

na defesa dos interesses individuais e coletivos dos integrantes

das categorias profissionais por eles representadas. Em se

tratando de defesa de interesse relacionado à atuação

profissional do associado/filiado, que guarda relação de

pertinência com os objetivos institucionais da entidade, o artigo

8º, inciso III, da Constituição federal, admite a representação

sindical, sem impor qualquer restrição "quantitativa". Com

efeito, é irrelevante a circunstância de a lide envolver interesse

de apenas uma parcela da categoria dos trabalhadores

representada. 2. A Lei nº 8.112, de 1990, em seu art. 19, dispõe,

expressamente, que o ocupante de cargo ou função de confiança

está sujeito a regime de integral dedicação ao serviço, o que

significa, em outros termos, a possibilidade de ser convocado a

qualquer tempo sempre que houver interesse da Administração.

Contudo, por tal disponibilidade, já é devidamente remunerado,

mediante o recebimento de gratificação própria. Com efeito, o

acréscimo remuneratório percebido em razão de exercício do

cargo ou função de confiança justifica-se não só pelo incremento

de suas responsabilidades funcionais como também por manter-

se o servidor à disposição do empregador em tempo integral

(não só de segunda a sexta-feira, mas também em sábados e

domingos). Por essa razão, esse regime não comporta o

pagamento cumulativo de horas extraordinárias (arts. 73 e 74 da

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Lei nº 8.112), pois já está compreendida na gratificação do cargo

ou função a prestação (efetiva ou potencial) de serviços fora do

horário normal de trabalho. (TRF-4 - APELREEX: 41934 RS

2006.71.00.041934-0, Relator: VIVIAN JOSETE

PANTALEÃO CAMINHA, Data de Julgamento: 10/02/2010,

QUARTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 08/03/2010).

Isto se dá em virtude do fato de que a lei

complementar municipal em comento acaba por repetir o art. 19, §1º da Lei

Federal 8.112/90, que dispõe que:

§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de

confiança submete-se a regime de integral dedicação

ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo

ser convocado sempre que houver interesse da

Administração.

O art. 120 a que se refere o comando acima

disciplina que:

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei,

que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando

investido em cargo de provimento em comissão, ficará

afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na

hipótese em que houver compatibilidade de horário e

local com o exercício de um deles, declarada pelas

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autoridades máximas dos órgãos ou entidades

envolvidos.

Ou seja, não restam dúvidas que a dedicação

integral a que se refere a Lei Complementar Municipal, em consonância

com aquela que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos da

União tem por escopo possibilitar à Administração Pública a convocação

do servidor comissionado a qualquer momento, devendo estar à sua

disposição, sem, contudo, significar que não poderá exercer outra atividade.

Posteriormente, visando elucidar tal questão,

a referida Lei Complementar Municipal 97/2005 foi alterada pela Lei

Complementar 238/2015, publicada em 13/07/2015, a qual incluiu o §2º no

art.6º, ficando a redação da seguinte maneira:

Art. 6º O exercício de cargo em comissão exigirá de

seu ocupante integral dedicação.

§ 1º Entende-se por integral dedicação o desempenho

das atribuições do ocupante do cargo de provimento

em comissão ou do servidor efetivo nomeado para

cargo comissionado, no cumprimento da jornada

integral de 40 horas semanais.

§ 2º Não haverá impedimento para o exercício de

outra atividade, desde que compatível com a carga

horária da jornada do comissionado, conforme

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disposto no § 1º deste artigo. (Redação dada pela Lei

Complementar nº 238/2015)

Tal alteração deixa evidente que não existe

incompatibilidade entre o exercício de cargo de índole privada cumulado

com cargo em comissão perante o Executivo Municipal, desde que a carga

horária da jornada do comissionado seja compatível com o exercício de

outro cargo.

Importante vislumbrar ainda que o regime de

dedicação integral não pode ser confundido com o regime de dedicação

exclusiva. Este regime se trata, em verdade, de regime de trabalho, pelo

qual o servidor não pode exercer qualquer outra atividade pública ou

privada, enquanto aquele, é jornada de trabalho.

Neste mesmo sentido, o seguinte julgado do

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SERVIDORA

PÚBLICA QUE EXERCIA CARGO EM COMISSÃO EM

REGIME DE TEMPO INTEGRAL E DEDICAÇÃO

EXCLUSIVA CONCOMITANTEMENTE COM CARGO

PÚBLICO DE PROFESSOR NA REDE ESTADUAL DE

ENSINO.COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS.AUSÊNCIA

DE DOLO OU MÁ-FÉ.ELEMENTO VOLITIVO NÃO

CARACTERIZADO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 10

DAS CÂMARAS DE DIREITO PÚBLICO DESTE

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TRIBUNAL. 2 RECURSO PROVIDO. SENTENÇA

REFORMADA - não havendo qualquer comprovação de dolo

ou má-fé, bem como não ausente efetivo prejuízo ao serviço

público, não há que se falar em ocorrência de ato de

improbidade administrativa(TJPR - 5ª C.Cível - AC - 1166661-8

- Umuarama - Rel.: Edison de Oliveira Macedo Filho -

Unânime - - J. 09.12.2014).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO 1: SERVIDOR

PÚBLICO QUE EXERCIA CARGO DE DIRETOR DO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DO MUNICÍPIO DE

MARIALVA EM COMISSÃO E EM REGIME DE TEMPO

INTEGRAL E DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

CONCOMITANTEMENTE COM EMPREGO EM

ENTIDADE PRIVADA.AUSÊNCIA DE DOLO OU MÁ-FÉ.

ATO DE IMPROBIDADE NÃO CARACTERIZADO.ATO 2:

SERVIDOR QUE CONCEDIA ALVARÁ A PROJETOS DOS

QUAIS ERA O RESPONSÁVEL TÉCNICO. VIOLAÇÃO 2

AOS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE E

MORALIDADE. DOLO GENÉRICO. ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONFIGURADO.

CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS

COLETIVOS.DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE

COMPROVAÇÃO DO DANO. RECURSO PARCIALMENTE

PROVIDO.- a extensa concessão de alvarás para projetos em

que o próprio apelado era responsável técnico, numa situação

que perdurou por quase 10 anos, ultrapassa a mera

irregularidade, e viola de maneira contundente princípios que

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01/10/2018: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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PODER JUDICIÁRIO SEGUNDA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU – PR

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regem a administração, mais especificamente a Impessoalidade,

Legalidade, e do dever de Honestidade, configurando então o

Ato de Improbidade descrito no art. 11 da Lei de Improbidade

Administrativa. (TJPR - 5ª C.Cível - AC - 1287167-7 - Região

Metropolitana de Maringá - Foro Regional de Marialva - Rel.:

Edison de Oliveira Macedo Filho - Unânime - - J. 17.11.2015).

Dito isso, conclui-se pela possibilidade da

cumulação do exercício de cargo de provimento em comissão com outra

atividade, pública ou privada, desde que em carga horaria compatível.

No caso em concreto, o autor não logrou

êxito em demonstrar que o réu exercia atividades privadas em pleno horário

de funcionamento da Câmara Municipal, ou mesmo que as funções

privadas impediam/atrapalhavam o exercício das atividades do cargo

comissionado.

Como se sabe, é vedada a responsabilidade

objetiva do agente quanto ao ato de improbidade, devendo existir a

comprovação, indubitável, ao menos do dolo genérico, o que não se

constatou na hipótese.

Nota-se, sobretudo, que o reconhecimento da

prática de ato de improbidade administrativa pelo réu Edilio Dall’agnol

dependeria do reconhecimento das ilegalidades por parte do seu assessor

nomeado, no entanto, conforme restou esclarecido, nada nos autos aponta

que houve violação ao regime de dedicação integral, ou acumulação ilegal

de cargos, sendo impossível dizer que o vereador tinha ciência dos atos

ímprobos praticados por seu assessor, especialmente porque não ocorreram.

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Não menos importante é o fato de que nada

indica que o réu tenha se valido de seus funcionários, remunerados pelo

Órgão Legislativo, para o exercício de atividades com fim diversos

daqueles para o qual contratados.

Isso porque, conforme já dito, as atribuições

do assessor parlamentar incluem a prestação de diversos serviços ao

vereador, inclusive em atividades externas, não sendo possível vislumbrar a

ocorrência de dolo ou má-fé no simples fato de o réu determinar aos demais

assessores que comparecessem a bairros e conversassem com a população a

fim de saber de suas necessidades. Inclusive, não parece destoante da

atividade do parlamentar, tampouco do seu assessor, conhecer as

necessidades do povo, a fim de melhor pautar a criação de leis, de modo a

atender os anseios da maioria.

Nesse mesmo sentido, vem decidindo o

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR

ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

VEREADOR. ASSESSORES PARLAMENTARES.

ALEGAÇÃO DE DESVIO DE FUNÇÃO,

ASSISTENCIALISMO, PROMOÇÃO PESSOAL E

FINS ELEITORAIS. AUSÊNCIA DE PROVAS.

EXERCÍCIO DE ATIVIDADES INERENTES À

FUNÇÃO DE ASSESSOR DE VEREADOR. ATO

ÍMPROBO NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA

REFORMADA INTEGRALMENTE. DEMANDA

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JULGADA IMPROCEDENTE. RECURSO DE

APELAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 5ª

C.Cível - 0015276-70.2012.8.16.0021 - Cascavel -

Rel.: Luiz Mateus de Lima - J. 15.05.2018).

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -

IMPROCEDÊNCIA - RECURSO - EX-

VEREADORA - NOMEAÇÃO DE ASSESSORES

PARLAMENTARES - CARGOS EM COMISSÃO -

REALIZAÇÃO DE TAREFAS EXTERNAS -

AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE NA

CONDUTA - RESOLUÇÃO LEGISLATIVA Nº

15/2003, DA CÂMARA MUNICIPAL DE FOZ DO

IGUAÇU - ATRIBUIÇÕES DO ASSESSOR

PARLAMENTAR - ATIVIDADES EXTERNAS -

PREVISÃO LEGAL - DESVIO DE FUNÇÃO NÃO

CARACTERIZADO - DOLO OU CULPA - NÃO

DEMONSTRADOS - INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS

CONFIGURADORES DE ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA - SENTENÇA MANTIDA -

RECURSO DESPROVIDO. As funções atribuídas aos

assessores parlamentares na Câmara de Vereadores do

Município de Foz do Iguaçu estão definidas na

Resolução Legislativa nº 15 de 2003, que dispõe sobre

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a organização administrativa da Câmara Municipal de

Foz do Iguaçu, a qual, em seu art. Apelação Cível nº

1.554.229-7 fl. 29º, I, autoriza a prestação de serviço

ao vereador em atividade externa. (TJPR - 4ª C.Cível -

AC - 1554229-7 - Foz do Iguaçu - Rel.: Regina

Afonso Portes - Unânime - J. 25.04.2017).

Diante disso, forçoso concluir que, em

primeiro lugar, não existe sequer a ocorrência da improbidade formal – em

contraponto a tipicidade formal do Direito Penal – eis que o fato descrito na

inicial não se adequa a previsão legal de violação dos princípios da

administração (art. 11 – Lei 8429/92). De outra banda, também não está

presente a improbidade material (tipicidade material do Direito Penal), pois

a conduta dos requeridos não perpetraram agressão aos princípios da

administração, não havendo que se falar em desvalor da ação e do

resultado, visto que ausente o resultado lesivo.

Por conseguinte, inobstante já delineado nos

autos, importante reforçar que o elemento subjetivo não restou

devidamente caracterizado, visto que ausente qualquer prova mínima da

existência de dolo na conduta dos requeridos, o que demanda a

improcedência do feito.

3 – Dispositivo

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Diante de todo o exposto, com fundamento

no art. 487, I do Código de Processo Civil/2015, resolvo o mérito e julgo

improcedentes os pedidos formulados na inicial.

Sem custas ante a ausência de má-fé do

autor.

Honorários incabíveis na espécie, posto que,

em sede de ação civil pública, a condenação do Ministério Público ao

pagamento de honorários advocatícios somente é cabível na hipótese de

comprovada e inequívoca má-fé; dentro da simetria de tratamento e à luz

da interpretação sistemática do ordenamento jurídico, não pode o Parquet

beneficiar-se dessa verba, quando for vencedor na ação civil pública.

Enunciado n° 02 da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná.

Cumpram-se as disposições do Código de

Normas da Corregedoria Geral da Justiça que forem aplicáveis à espécie.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Oportunamente, ao arquivo.

Foz do Iguaçu, 25 de setembro de 2018.

WENDEL FERNANDO BRUNIERI

Juiz de Direito

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