FABIO HENRIQUE SANTOS IZIDORO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA: A CAPOEIRA NA

SALA DE AULA

VILA VELHA

2015

Navio Negreiro

(Mestre Toni Vargas)

Navio negreiro

Tumba flutuante

Terra mãe distante

Dor e desespero

Navio negreiro

Sangrando saudades

África distante

Ouça meus cantares

Navio negreiro

Mãe que perde o filho

Rei perde rainha

Povo perde o brio

Enquanto definha.

Navio negreiro.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

TÍTULO: Valorização da cultura afro-brasileira: a capoeira na sala de aula

PROFESSOR: Fabio Henrique Santos Izidoro

CONTEÚDO/TEMÁTICA A SER TRABALHADA: A capoeira como constituição

da cultura afro-brasileira.

PÚBLICO: Alunos do 4º ano do Ensino Fundamental.

TEMPO PARA REALIZAÇÃO: 6 aulas.

INTRODUÇÃO

Trabalhar com a diversidade no cotidiano escolar nem sempre se constitui uma tarefa

fácil. Por vezes enfrentamos pré-conceitos que acabam por limitar ou anular o fazer

pedagógico, numa perspectiva que inclua a História e a cultura Afro-braileira no

currículo praticado e vivido no dia-a-dia da escola.

Corroborando com o artigo 1º da Lei nº. 10.639 (BRASIL, 2003) que prescreve que “os

conteúdos referentes à História e Cultura Afro-brasileira serão ministrados no âmbito de

todo o currículo escolar [...]”, acreditamos que nossa escola precisa

reconstruir/reformular o currículo nela praticado e vivido. Pois temos percebido que as

práticas docentes não condizem com o previsto na lei, havendo, assim, a negligenciação

do estudo e da valorização da cultura Afro-descendente e Afro-brasileira.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações

Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

(BRASIL, 2004, p.16)

A escola, enquanto instituição social responsável por assegurar o direito da

educação a todo e qualquer cidadão, deverá se posicionar politicamente,

como já vimos, contra toda e qualquer forma de discriminação. A luta

pela superação do racismo e da discriminação racial é, pois, tarefa de todo e

qualquer educador, independentemente do seu pertencimento étnico-racial,

crença religiosa ou posição política (grifos nossos).

Acreditamos que para que a escola cumpra seu papel social pela luta contra o racismo,

discriminação racial e toda e qualquer forma de preconceito, é necessário que os

professores sejam qualificados para um ensino transformador, além disso, que sejam

“sensíveis e capazes de direcionar positivamente as relações entre pessoas de diferentes

pertencimento étnico-racial, no sentido do respeito e da correção de posturas, atitudes,

palavras preconceituosas” (BRASIL, 2004, p.17).

Assim, é fundamental que haja movimentos instituintes no interior da escola que

promovam formação continuada de professores tendo em vista a capacitação desses

profissionais para o trabalho com as diversidades étnicos e culturais.

Dessa forma, por meio desta sequência didática trabalharemos a capoeira, tomando-a

como elemento constitutivo da cultura afro-brasileira, enfatizando e valorizando, assim,

esta cultura e sua constituição.

OBJETIVOS

Objetiva-se trabalhar a cultura afro-brasileira, desenvolvendo nos alunos o senso

crítico, respeito à diversidade, à cultura afro-brasileira por meio da capoeira. Bem

como, conhecer a origem e as transformações históricas da capoeira, seus elementos

técnicos e táticos básicos e conhecer e realizar exercícios preparatórios para a prática da

mesma.

RECURSOS E MATERIAIS

Para realização deste trabalho, serão necessários: espaços-tempos na/da escola,

materiais multimídias (data show, aparelho de som, caixas de som, televisão, dvd, etc.),

computadores com acesso à internet, cartolina, dentre outros.

METODOLOGIA

Utilizaremos como metodologia aulas dialogadas, leituras coletivas vivência da prática

da capoeira.

DESENVOLVIMENTO

Aula 1- Levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos

Na primeira aula faremos o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos. Para

isso, utilizaremos uma apresentação de slides com imagens, fotografias de capoeiristas

vestidos a caráter, em rodas de capoeira. Faremos leitura de imagens com os alunos,

fazendo com que eles nos digam o que já sabem sobre a capoeira, se já jogaram, se

conhecem alguma música etc.

Aula 2 –História do Brasil e da capoeira

Nesta aula trabalharemos com o livro: “Luana a menina que viu o Brasil neném1”, de

Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino. Faremos uma leitura coletiva do livro e

posteriormente, uma discussão do mesmo, enfatizando a contribuição do povo africano

na constituição da nossa cultura.

Como atividade extraclasse, pediremos aos alunos que pesquisem sobre a história da

capoeira, trazendo para próxima aula os pontos principais que encontrarem na pesquisa

(como imagens, textos etc). Para isso, indicaremos sítios eletrônicos para busca (como

por exemplo: http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_da_capoeira.htm;

http://www.copacabanarunners.net/historia-capoeira.html, dentre outros).

Aula 3 – (Re)leitura da capoeira

Faremos uma retomada da aula anterior, em um circulo, cada aluno poderá expor sua

pesquisa, levantando os principais pontos que lhe chamou atenção. Em seguida, faremos

uma discussão e depois, montaremos cartazes com a “nossa leitura da capoeira”.

Aula 4 – Conhecendo as músicas e a ginga da capoeira

Esta aula será realizada no laboratório de informática da escola. Primeiramente,

pediremos aos alunos que pesquisem músicas/letras de capoeira, tendo como referência

os sítios eletrônicos (http://letras.mus.br/abada-capoeira/;

http://www.vagalume.com.br/abada-capoeira/, dentre outros), cada aluno (ou em

duplas) deverá eleger uma música/letra e apresentá-la à turma, expondo sua opinião

sobre a mesma. Neste momento, procuraremos enfatizar os pontos convergentes nas

músicas/letras, tais como: a luta, resistência, história e cultura africana e afro-brasileira.

Levantaremos o debate sobre a importância do canto, como componente fundamental

da capoeira, uma vez que este determinam o ritmo e o estilo do jogo que é jogado

durante a roda de capoeira..

1 Capa no anexo 1.

Posteriormente assistiremos ao vídeo: “Virada Esportiva 2009 - Ginga Brasil –

Capoeira”, disponível no sítio: WWW.youtub.com (link:

https://youtu.be/kaGvQV5LKnU). Por meio deste vídeo, iniciaremos o trabalho com a

ginga e a roda de capoeira.

Aula 5 – Vivência da ginga: capoeirando

Para a realização desta aula, contaremos com a presença de um grupo de capoeira

(tentaremos contato com grupos da comunidade onde a escola está inserida ou outras

comunidades).

Este grupo fará uma apresentação para os alunos, em seguida, os alunos poderão fazer

perguntas, tirar suas dúvidas sobre a capoeira.

Depois faremos uma roda juntamente com o grupo de capoeira e com os alunos. Com

esta roda, pretendemos que os alunos vivenciem a ginga, e alguns movimentos da

capoeira, bem como tenham contato com os instrumentos utilizados para dar ritmo ao

jogo.

Aula 6 – Retomando o aprendizado

A última aula será dedicada à realização de uma retomada dos pontos principais

discutidos e aprendidos ao longo da realização da sequência didática.

Faremos uma roda de conversa, por meio da qual, realizaremos uma avaliação deste

trabalho. Pediremos aos alunos, que escrevam suas experiências, aprendizados e o que

mais gostaram e o que não gostaram durante as aulas (com este registro podermos nos

auto-avaliar, avaliar a sequência didática e melhorá-la, caso pretendamos usá-la

novamente).

AVALIAÇÃO

A avaliação dar-se-á de forma processual, considerando o envolvimento dos alunos em

todo o processo.

REFERÊNCIAS

Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnicas raciais e

para o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC,

2004.

Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil. Brasília, DF, 9 jan. 2003. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br>. Acesso

em 17/11/2014.

Plano Nacional de implementação das diretrizes curriculares nacionais para

educação das relações etnicorraciais e para o ensino de história e cultura

afrobrasileira e africana. Brasília: MEC, 2004.

ANEXO 1