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Sérgio Paulo Rouanet – Filosofia do século XX e a Pós- Modernidade O que é modernidade: Teria começado no século XVII com o advento do capitalismo mercantil e o alvorecer da visão científica do mundo Modernidade Filosófica – tudo aquilo que começou com Descartes, Baicon... Maneira mais sociológica do que histórica. Definição de Modernidade a partir de Max Weber Definiu os contornos do que se poderia chamar de Modernidade (estrutural) Como conjunto de processos de racionalização que ocorreu no Ocidente e, que aumentaram a eficácia das diversas estruturas sociais Racionalização na esfera econômica Inserção da tecnologia e da ciência ao processo produtivo Gestão racional da empresa Moderna política Dominação legal Monopólio da violência por parte do Estado Estabelecimento do sistema tributário central Burocracia Modernidade cultural (processo de desencantamento do mundo) Dessacralização – processo pelo qual a religião, que era hegemônica – todas as outras esferas de valor coexistiam simbioticamente no bojo da religião – com o processo da modernização a religião recuou e várias coisas que estavam embutidas na religião passaram a adquirir autonomia A esfera da moral A esfera do direito A esfera da ciência A esfera filosófica

Sérgio Paulo Rouanet

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Srgio Paulo Rouanet Filosofia do sculo XX e a Ps-ModernidadeO que modernidade: Teria comeado no sculo XVII com o advento do capitalismo mercantil e o alvorecer da viso cientfica do mundo Modernidade Filosfica tudo aquilo que comeou com Descartes, Baicon...Maneira mais sociolgica do que histrica. Definio de Modernidade a partir de Max WeberDefiniu os contornos do que se poderia chamar de Modernidade (estrutural)Como conjunto de processos de racionalizao que ocorreu no Ocidente e, que aumentaram a eficcia das diversas estruturas sociaisRacionalizao na esfera econmicaInsero da tecnologia e da cincia ao processo produtivoGesto racional da empresaModerna polticaDominao legalMonoplio da violncia por parte do EstadoEstabelecimento do sistema tributrio centralBurocraciaModernidade cultural (processo de desencantamento do mundo)Dessacralizao processo pelo qual a religio, que era hegemnica todas as outras esferas de valor coexistiam simbioticamente no bojo da religio com o processo da modernizao a religio recuou e vrias coisas que estavam embutidas na religio passaram a adquirir autonomiaA esfera da moralA esfera do direitoA esfera da cinciaA esfera filosficaA Modernidade filosfica comeou com KANT (sc XIX), afirma FoucaultAt esse momento, os homens tentavam se situar com relao Antiguidade e no com relao ao prprio perodo em que eles viviamA caracterstica marcante da Modernidade que o homem deixou de se situar em relao aos antigos e passou a buscar na prpria Modernidade (atualidade) critrios A pergunta no era mais: eu sou melhor ou pior que meus antepassados (antigos), mas o que esta atualidade na qual eu vivo? Como posso eu extrair dessa atualidade critrios definidores que me permitam dizer o que eu sou enquanto homem, digamos do sculo XVIII?Kant (1724-1804) teria sido o inaugurador dessa Modernidade (compreendida nesse sentido)Definia a Modernidade em termos da frmula: capacidade de pensar por si mesmo (identidade do Iluminismo)Modernidade capacidade de pensar por si mesmoCapacidade de recusar tutelas alheias impostas pela autoridade fossem elas secular, religiosaCapacidade de recusar opinies j prontas O homem moderno seria aquele que ousa pensar por si mesmoPensadores que comearam a refletir no incio da ModernidadeJohann G. FichteFriedrich SchellingHegel o mais influente dos filsofos idealistas alemesEle refletiu a modernidade de uma forma curiosa. No foi propriamente um hino de louvor modernidade. (como ns somos legais, como ns somos mais inteligentes) no era issoEra uma reflexo profundamente problemtica e problematizante sobre a modernidade, no sentido do DESENRAIZAMENTO das pessoasKarl Marx (1818 1883) vai falar sobre a problemtica do desenraizamento no Manifesto Comunista. O fato de que os homens perdem as suas vinculaes naturais. (o campons perde a sua vinculao natural com a terra do seu nascimento)Imanuel Kant h uma vivncia de desmembramento, de fragmentao que se verifica na prpria razo kantiana. A razo, at aquele momento, era considerada uma ratio (uma coisa homognea e nica) passou a se desmembrar nas 3 razes kantianas (a razo prtica, a razo terica e a razo esttica)E o homem havia sido desmembrado, por sua vez, em papis frequentemente contraditrios. Ele era ao mesmo tempo o cidado (membro de uma comunidade poltica), ele era o burgus (enquanto agente econmico) e era tambm o particular (enquanto indivduo e membro de uma famlia)Esses papis eram contraditrios que em tese, existiam de uma maneira unitria em outras pocas histricas, mas que a caracterstica da Modernidade foi que esse homem, que era um homem unitrio, passou a se desmembrar da mesma maneira que a razo unitria se fragmentou, se atomizouA reflexo da filosofia moderna foi muito curiosa porque no resultou numa espcie de endeusamento da Modernidade, no houve uma canonizao da Modernidade, houve sim uma tomada de conscincia de como era dilacerada e dilacerante aquela modernidade. O trabalho de Hegel justamente tentar de alguma maneira recompor a unidade (Sittiche Totalitt) totalidade tica que tinha sido desmembrada pela modernidade e a tentativa de recompor no plano de pensamentoH um reconhecimento triste, no a razo como uma coisa auroral, triunfante, a razo dominadora, mas um reconhecimento de que a razo algo grandioso no sentido de que permitiu ao homem empunhar o facho de Prometeu e conquistar a natureza e se relacionar melhor uns com os outros, mas tambm, algo de triste, de melanclico, e esse reconhecimento da Modernidade que surgiu de alguma maneira j como uma crtica de si mesma; uma modernidade que j surge no registro da autocrtica, mas uma autocrtica no sentido consoladora de que nem tudo est perdido e que possvel, realmente, lamber as feridas da Modernidade e restaurar a rigidez dessa Modernidade que j nasceu doente.Um dos principais temas e motivos da filosofia Moderna do sculo XX transformaes desses temas caractersticos da proto-modernidade, da Modernidade em sua origem sempre em torno da razo, da razo o combate da luz X trevas; da razo contra o obscurantismo, da razo contra a MetafsicaUm desses motivos seria a transformaes da razo desse culto da cincia e da razo digamos num conjunto de procedimentos para diferenciar entre os enunciados falsos e os enunciados verdadeiros era a hora e a vez do empirismoNo caso do sculo XX, positivismo lgico e seus descendentesO culto da razo e da cincia, que j era caracterstico da modernidade em seus primrdios, no sculo XX num certo sentido se empobreceu um pouco porque se transformou quase que num conjunto de procedimentos para fazer a separao entre os bons enunciados (enunciados da cincia e os enunciados da no-cincia ou entre os enunciados significativos e os no-significativos A filosofia da conscincia (caracterstica da filosofia hegeliana)Geist, o esprito, a conscinciaFoi substituda pela guinada lingustica (Linguistiche Sprach-Wendung)Por uma filosofia da linguagemA linguagem passou a ocupar o lugar que no incio da Modernidade era desempenhado pela conscinciaHouve uma mudana de paradigma da filosofia da conscincia para a filosofia da linguagem no sentido de que a relao sujeito-objeto de algum jeito passou a ser substitudo pela relao falante e o mundoOutra caracterstica seria a tentativa de enraizamento da razo no solo, no cho (lebenswelt mundo terreno)Ainda no tempo de Hegel a razo era uma coisa muito especulativa, muito abstrata. No sculo XX, houve uma tentativa de dar um cho a essa razo que vivia mais nas nuvens que na terraOutra caracterstica foi o desaparecimento do primado da teoria com relao prtica. De alguma maneira, a prtica passou a ser, pelo menos to importante e em alguns casos, mais importante que a teoria (prxis) Atravs desses diversos temas e motivos da modernidade filosfica, tal qual ela se d no sculo XX, a gente no nota nenhuma ruptura com a filosofia da Modernidade clssica do sculo XIX. A gente nota um aprofundamento da inteno polmica da filosofia moderna contra o obscurantismo, contra o sagrado, contra o no comprovvel, o no observvel, o no verificvel pela experinciaPrincipais nomes: Theodor W. Adorno/ Walter Benjamin/ Herbert Marcuse/ Karl Popper/ Max Horkheimer/ Jean-Paul Sartre/ Jrgen Habermas/ Louis Althusser/ Michel FoucaultEm cada um desses motivos existe uma tentativa de ancorar a razo em algo de material. Num caso, por exemplo, atravs da filosofia da linguagem: por que houve a transformao do paradigma da conscincia para o paradigma da linguagem?Por que o paradigma da conscincia muito difcil se observar, est muito sujeito a improvisaes, a imposturas metafsicas, preciso se recorrer a introspeco para saber exatamente o que o sujeito da conscincia est pensando e, essa deteco muito difcil ser controlada pela cincia. Por isso, vamos substituir por uma relao falante-mundo que uma relao controlvel e acessvel pelos linguistas.A ideia do enraizamento no mundo vivido. Por que ficar naquela razo rarefeita de que falam os filsofos? A razo que parecia se sentir mais vontade no cu do que na terra, por isso, vamos traze-la de volta ao enraizamento concretoE por que esse logocentrismo que faz com que os filsofos antigos, os primeiros modernos, davam esse privilgio quase idoltrico ao logos, razo; por que no tentar fazer uma inversoEssa inverso Marx operou fazendo a filosofia de Hegel, que andava de cabea para baixo, caminhar de novo sob seus ps. Ento vamos dar um privilgio a prxis com relao teoriaEm todos esses motivos e temas que caracterizam a filosofia do sculo XX, e que mostram em todos casos que existe uma certa ruptura com relao aos temas da modernidade clssica, mas no uma ruptura completa. Existe o mesmo esprito, o mesmo animus polmico de combater o obscurantismo, de combater a religio, de combater a impostura (sapere aude) sempre a mesma palavra de ordem em Kant. preciso ousar saber, fortalecer o instrumento da razo, dar-lhe materialidade, fazer com que esse instrumento fique menos difano, fique menos etreo e finque suas razes na realidade concreta, no mundo concreto do aqui e do agora.E quem ficou de fora? Nietzsche/ HeideggerLinhagem Moderna (em sentido estrutural) basicamente a ideia do combate metafsica, a ideia da supremacia da razo encarnada e, sobretudo, uma crtica da razo que se faz imanentemente dentro da Modernidade e de uma crtica da razo que se faz sem racionalismo

Linhagem Anti-Moderna se inicia com Friedrich Nietzsche (1844-1900)Com ele temos uma guinada fundamental, no se trata mais de uma crtica imanente da Modernidade dentro da Modernidade, mas uma crtica que se d nos limites exteriores da Modernidade/ no uma crtica imanente da razo porque ela seria pobre, pervertida, porque ela instrumental, mas uma crtica da razo enquanto talEm Kant, tem-se a impresso de a Modernidade europeia, uma Modernidade Niilista dominada por valores da moral dos escravos, que a razo uma razo metafsica que caracteriza a Modernidade no como algo trgico que deva ser resgatada das suas imperfeies, mas como algo que intrinsecamente capaz de ser redimida a razo, a cincia, a filosofia se transforma nessa coisa devastadora e iconoclasta chamada genealogiaGenealogia seria, de fato, uma crtica da razo feita nos limites externos da razo, feito fora do mbito racionalidade em que todos os ideais mais sublimes que o cristianismo e a civilizao ocidental tinham acumulado ao longo dos sculos so desmascarados como simples expresses de uma vontade de poderFlatus vocis o bem, o mal, o dever, a conscincia moral so expresses que a crtica genealgica consegue desmascarar como simples expresso de niilismo, como simples expresso de uma vontade de poder anmica.Heidegger (1889-1976)Crtica metafsica ocidentalFilosofia inautntica na medida em que se caracteriza pela SEINSVERGESSENHEIT (o esquecimento do ser)O ser foi sendo posto em segundo plano, Foi sendo exilado como foi Dionsio para Nietzsche, mas voltar sob a forma do super-homemO ser que foi exilado, que foi esquecido, que foi coberto por sedimentos crescentes de amnsia, ento preciso resgatar o ser desse esquecimento que ele foi submetido pela metafsica ocidentalHeidegger est perfeitamente consciente do carter aportico da crtica da razo feita por Nietzsche, que uma crtica circular, uma crtica suicida. Ele tenta escapar da circularidade dizendo que a razo que crtica a metafsica ocidental no atributo do sujeito atributo do prprio ser. Ento o ser se autocriticando.Portanto, Heidegger no um interprete do ser, mas num certo sentido um funcionrio do serA filosofia de Heidegger um auto-pensamento, auto reflexo do serCticos radicais, racionalistas radicais desestabilizaram as certezas dogmticas dos filsofos da 1 linhagem.Confrontaram as pessoas que acreditam na razo, que acreditam na verdade, que acreditam na objetividade Confrontam essas pessoas com seus prprios pressupostos e os obrigam a defender suas posies nesse sentido

3 Principais correntes filosficas do sculo XXPositivismo lgico a ascenso do positivismo lgico acompanhou, por meio de um paralelismo bastante estreito, a ascenso dos 2 totalitarismo do 1 tero do sculo XXSignificava o oposto do marxismo, o oposto da dialticaSeria uma tentativa de desarmar as proposies do marxismo que era a boa filosofia, que era o bom saberIsso foi alimentado por livros de Theodor W. Adorno/ Max Horkheimer/ Walter BenjaminQuerela do positivismo (por volta dos anos 50) polmica entre Adorno (1903-1969) e Karl Popper (1902-1994)Popper defendendo a ideia de que o marxismo era uma metafsica inverificvelAdorno defendendo a posio contrria dizendo que a filosofia de Popper era uma variante do positivismoEscola de Frankfurt principal caracterstica foi a incorporao da psicanlise ao seu corpo terico, e a incorporao do marxismo numa teoria crtica voltada precisamente para as superestruturas, voltada para a crtica da indstria cultural