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 Sermão: Salmo 133 I. Contexto Histórico O título, usualmente traduzido como "Cântico das Subidas," é relacionado a um grupo de cânticos usado por peregrinos nas procissões esti!ais #$% & nele 'ue encontramos a indica(ão mais l)gica do pro!*!el conte+to ist)rico do nosso te+to - .Cân ticos das Subidas .romagem/ 0 de a!i/ O 2e+to assorético traz este título para o grupo de Salmos 145 a 136 7nteressantemente, os Salmos 144, 146, 131 e 133 são associados ao nome de a!i, en'uanto 'ue o 14$ é associado ao nome de Salomão & bom lembrar 'ue a maioria dos coment ar istas bíblicos .inclusi!e um grande n8mero de intérpretes conser!adores/ põe em d8!ida a autoria da!ídica do te+to O título assorético aparece no Code+ 9le+andrinus e em te+tos de umran O contexto mais provável , no entanto, é o da uni;ca(ão das doze tribos de 7srael debai+o do reinado de a!i em <erusalém 9s ;guras no te+to do salmo con;rmam ascendentemente esta si tua(ão Consid er ando pois es te conte+to, é 'ue !amos interpretar o t e+to II. Interpretação O !erso 1 declara o prop)sito tem*tico do salmo Sendo um ino de uso no culto p8blico, este exalta o valor da unidade do povo de Deus no contexto do reinado teocrático de Davi. 9lguns comentaristas entendem a e+pressão "!i!erem unidos os irmãos" como uma mani esta(ão da cultura antiga onde !*rias amílias !i!iam debai+o do mesmo teto =orém, tal idéia não se pode aplicar ao te+to, principalmente considerando 'ue este !em de a!i Sabemos pela narrati!a bíblica 'ue a unidade amiliar não oi o orte na !ida deste rei =ortanto o ter mo "ir mãos" do verso 1 s) pode se reerir ao po!o de 7srael como um todo, ou mais pro!a!elmente, como

Sermão Salmo 133

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Teologia Bíblica, Salmos.

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Sermo: Salmo 133

I. Contexto HistricoO ttulo, usualmente traduzido como "Cntico das Subidas," relacionado a um grupo de cnticos usado por peregrinos nas procisses festivais. [7] nele que encontramos a indicao mais lgica do provvel contexto histrico do nosso texto (Cnticos das Subidas (romagem) de Davi). O Texto Massortico traz este ttulo para o grupo de Salmos 120 a 134. Interessantemente, os Salmos 122, 124, 131 e 133 so associados ao nome de Davi, enquanto que o 127 associado ao nome de Salomo. bom lembrar que a maioria dos comentaristas bblicos (inclusive um grande nmero de intrpretes conservadores) pe em dvida a autoria davdica do texto.O ttulo Massortico aparece no Codex Alexandrinus e em textos de Qumran. O contexto mais provvel, no entanto, o da unificao das doze tribos de Israel debaixo do reinado de Davi em Jerusalm. As figuras no texto do salmo confirmam ascendentemente esta situao. Considerando pois este contexto, que vamos interpretar o texto.

II. InterpretaoO verso 1 declara o propsito temtico do salmo. Sendo um hino de uso no culto pblico, este exalta o valor da unidade do povo de Deus no contexto do reinado teocrtico de Davi. Alguns comentaristas entendem a expresso "viverem unidos os irmos" como uma manifestao da cultura antiga onde vrias famlias viviam debaixo do mesmo teto. Porm, tal idia no se pode aplicar ao texto, principalmente considerando que este vem de Davi. Sabemos pela narrativa bblica que a unidade familiar no foi o forte na vida deste rei. Portanto o termo "irmos" do verso 1 s pode se referir ao povo de Israel como um todo, ou mais provavelmente, como veremos nas figuras de linguagem dos versos 2 e 3, unidade das doze tribos de Israel. Por estas razes, a expresso (viverem unidos os irmos) nos d uma direo natural para interpretar o texto: o verso se refere unidade do territrio de Israel. O salmo uma expresso da bno da unidade no reino davdico, prefigurando a bno do reinado de Cristo. A bno da unidade relatada na expresso "bom e agradvel". Portanto, o verso 1 uma expresso da bno alcanada na unio das doze tribos sob o reinado de Davi, aps o problemtico reinado de Saul. As figuras nos versos 2 e 3 so as aplicaes diretas desta expresso de louvor.A figura no verso 2 expressa a unidade das doze tribos debaixo do servio sacerdotal providenciado por Deus para o povo de Israel. A figura completa que o verso apresenta e que deveria ser algo imediatamente absorvido e entendido pelo auditrio original do texto, o povo israelita: a bno do sacerdcio para o povo.A expresso (como o leo V.2) a figura da uno do sumo sacerdote Aro (Ex 30.22-33; Lv 8.12) sobre toda a casa de Israel e os resultados dessa uno. Lendo a respeito da instituio do sacerdcio em Israel vemos que esta a forma que Deus escolheu para abenoar o seu povo, para redimi-lo do seu pecado, para aceit-lo na sua presena.Dentre as doze tribos Deus escolheu uma para exercer este ministrio. Uma tribo abenoaria a si mesma e a todas as demais. Porm, o sacerdcio era prejudicado quando havia divises entre as tribos, e efetivado na sua unidade. Sob o reinado de Davi o sacerdcio cumpria a plenitude de suas funes sobre o povo de Israel. Jerusalm foi estabelecida como capital poltica, e mais tarde, espiritual de toda a nao (2 Samuel 6). Esta situao singular estava certamente nos planos de Deus para abenoar seu povo. A descendncia de Aaro foi usada por Deus naquela poca tpica do reinado do Messias para abenoar a Israel.O colar (gola) da veste do sumo sacerdote carregava duas pedras de nix onde estavam inscritos os nomes das doze tribos (Ex 28.9-10). Na uno, no s o sacerdote era ungido, mas tambm aqueles que ele representava. O leo descia da cabea sobre a barba e sobre o colar das vestes, onde estavam representadas as doze tribos de Israel. Somente na unidade que todo o Israel poderia receber o exerccio do sacerdcio. A contnua expiao pelo pecado dependia da unidade do povo de Deus.O verso 3 traz uma nova e interessante figura. Como no verso 2, uma comparao introduzida pela preposio "Como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sio." A comparao no se concentra no "orvalho do Hermon," mas nos resultados do "orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sio". Assim como foi necessrio conhecer um pouco do contexto sacerdotal para se entender a figura de linguagem no verso 2, necessrio um pouco de conhecimento de geografia para se entender a figura do verso 3. O monte Hermon ficava no extremo norte de Israel e era bem conhecido pelos efeitos que seu orvalho produzia (e produz at hoje). Porque o monte Hermon muito alto e seu cume coberto de neve, o seu pesado orvalho "rega" toda a regio em volta fazendo da mesma uma rea muito frtil e produtiva. O contraste entre Hermon e Sio extremo: enquanto Hermon representa vida por sua situao geogrfica, Sio a fronteira do deserto, que smbolo de morte, e de sequido. A partir de Sio na direo sul s se encontra terra seca, sem vida. Enquanto a regio do Hermon rica em guas, a regio do Neguebe (ao sul de Sio) depende de cursos temporrios de gua que vm das montanhas aps as chuvas mais ao norte. Davi se utiliza do recurso potico que analisamos anteriormente para demonstrar o significado pleno de ambas as figuras de linguagem. O verbo (descer) aparece trs vezes no texto, est no particpio, expressando uma idia de continuidade, a continuidade da bno no sacerdcio sobre Israel. Como j vimos, Hermon e Sio so dois extremos, dois polos geogrficos que representam a unidade norte/sul de Israel.Porm existe ainda uma figura mais marcante por traz do verbo (descer). Hermon e Sio, sendo to distantes fisicamente (nas propores da geografia do antigo Oriente Prximo) mas, possuem um elo comum, o rio Jordo. Este corre desde o norte at o sul de Israel morrendo no Mar Morto. O nome Jordo provavelmente deriva-se do verbo yarad (descer) sendo ento "o que desce". Uma das fontes do rio Jordo exatamente um ribeiro chamado Banias, que nasce na base do monte Hermon. De certa forma, a riqueza de vida do Hermon se faz presente em toda a extenso de Israel at as proximidades de Sio. Aquele "que desce" traz bno sobre todo Israel.A segunda parte do verso 3 introduzida pela partcula(porque (nossa traduo - Ali)), referindo-se a Sio ("porque l Iahweh ordena a bno"). Ainda que o norte abenoe todo o Israel, no sul que Iahweh ordena a bno. Em Sio que esto as bnos espirituais para todo Israel. Em Sio Iahweh estabeleceu o seu rei e o seu sacerdote, dois ofcios de bno para todo o povo, na unidade. Ambos servem como verdadeiros mediadores, escolhidos de Iahweh. Qual a bno prometida? "Vida para sempre."Berlin conclui sua interpretao da seguinte forma:Do Hermon a Sio, a terra ungida com o orvalho assim como Aaro ungido com o leo da consagrao. O pas no somente unido, tambm abenoado. O ponto focal da santidade e bno Sio, porque l o Senhor ordenou a sua bno para sempre.

III. AplicaoDepois de feita esta interpretao cabe-nos perguntar quais so as implicaes teolgicas do Salmo 133 no contexto da revelao bblica.Primeiramente, o texto se relaciona com o contexto do reinado davdico e dentro deste contexto manifesta aspectos das bnos redentivas que Deus ordena para seu povo. Davi tinha conscincia da importncia da unidade nacional das tribos de Israel. O povo no poderia ser abenoado na diviso por dois motivos simples: 1. Sem um rei no haveria vitria e paz, 2. E sem um sacerdote que ministrasse a todo o povo eles no teriam condies de se aproximar de Deus. Tanto o rei quanto o reino e o sacerdcio so tipos de um reinado futuro. O texto manifesta o reconhecimento da necessidade de um reino e sacerdcio mediatorial. Sem estes no h bno.Este conceito estende-se para o povo de Deus na era do Novo Testamento: "Vs, porm, sois raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (1 Pe 2.9). Vimos no texto que a bno era condicionada unidade, e prejudicada sem ela. A mesma relao permanece para o povo de Deus hoje? Creio que sim, guardadas as devidas propores. O povo de Deus uma nao santa e exerce um sacerdcio que abenoado na unidade. Esta unidade se expressa medida que o povo de Deus, sua Igreja, como agente do seu reino, se submete autoridade do Rei, sua lei e seu ensino, sem se desviar, sem comprometer sua verdade. Nesta unidade, Iahweh ordena a sua bno. Creio que esta a aplicao fundamental do texto para nossos dias.A pergunta que permanece se ainda outros elementos do texto podem ou devem ser aplicados no contexto neotestamentrio, como por exemplo, o leo ser comparado com o Esprito Santo. Seria legtima esta aplicao do Salmo 133? Ainda que este seja o primeiro impulso do intrprete com um conhecimento geral das Escrituras, tal aplicao sem uma formulao adequada pode levar a erros de interpretao.Sabemos que a unidade do povo de Deus se d debaixo da obra e poder do Esprito Santo, e da mesma forma como o povo de Israel era abenoado na unidade nacional, o povo de Deus abenoado na unidade espiritual, quando, em um s Esprito, uma s f, se aproximamos do nico Senhor.A igreja do Senhor deve buscar esta unidade sob princpios semelhantes, que reflitam a verdade da Escritura. Esforando- vos diligentemente por preservar a unidade do Esprito no vnculo da paz. (Efsio 4.3). Calvino/comentrio Sl 133. - Deus ordena a sua beno onde a paz cultivada. Esse sentimento expresso nas palavras do apostolo Paulo: 2Cor 13.11 ...vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estar convosco. Se possvel, quanto depender de vs, tende paz com todos os homens(Rm 12.18). Estendamos nossos braos aos que diferem de ns, desejemos exorta-ls a retornar a unidade da f.IV - ConclusoHoje possumos uma unidade em Cristo