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O nascimento da Noite (mito tupi)
Serpente-fi lha: O mal maior já aconteceu. Vamos conhecer os poderes da noite. Seus sons, suas cores. É tempo de olhar e perceber a Terra noturna. Mas não pensem que vou me esquecer do que fi zeram, vocês não perdem por esperar o belo castigo que receberão por terem desobedecido as ordens de meu pai.
Narrador – A Terra escureceu. Durante o tempo de sete dias
foi noite. As pessoas faziam fogueiras, contavam histó-
rias e ouviam os ruídos que a noite canta. Mas era preciso amanhecer. Ninguém via o sol, ne-nhuma planta brotava
ou crescia e em pouco tempo não haveria alimen-
to sobre a Terra e as plantas, depois os bichos e os homens morreriam. A fi lha da serpente teve então uma ideia:
Serpente-fi lha: Já sei qual será o castigo desses meninos curiosos: eles devem reparar o mal que fi zeram e salvar a Terra da noite
sem fi m.
Personagens: Serpente-pai, Serpente-fi lha, Menino 1, Menino 2, Narrador.
Serpente-fi lha: O mal maior já aconteceu. Vamos conhecer os poderes da noite. Seus sons, suas cores.
Durante o tempo de sete dias foi noite. As pessoas faziam
fogueiras, contavam histó-
era preciso amanhecer. Ninguém via o sol, ne-
Serpente-fi lha: Se a música da noite atraiu sua curiosidade, que se tornem pássaros cantores. O primeiro menino será o pássaro da manhã e cantará chamando o sol pra vir aquecer a Terra.
Já não podemos viver sem os sonhos e as histórias que a noite nos ensinou a contar. Por isso caberá ao segundo menino ser o pássaro da noite que cantará em melodia doce para convidar a noite a derramar seu escuro em nós.
Narrador – E foi assim que nasceram os passarinhos de canto tão boni-to. E foi assim que a Terra ganhou a noite derramada da Tucumã e o dia que sempre volta.
Realização
Idealização La Fabbrica C
omunicação e M
arketing
Narrador – Essa história aconteceu quando na terra não existia noite. Era sempre dia. Ninguém dormia, ninguém
via a lua. A noite estava guardada dentro de um fruto chamado Tucumã. E de lá ela não saía, pois o fruto era guardado por uma serpente encantada. Um dia, a fi lha da serpente se casou e pediu ao pai que deixasse a noite sair.
Serpente-fi lha: Por favor, pai querido! Preciso conhecer a noite para adormecer nos braços do meu amor e sonhar
com os netos que um dia daremos ao senhor!
Narrador – Como a serpente-pai so-
nhava em ter netos, ele
disse:
Serpente-pai: Tudo bem, farei a vontade de minha fi lha querida.
Narrador – Ela pediu com muito jeitinho e o pai aceitou o pedido. O marido da fi lha da serpente pediu a dois meninos que buscassem o fruto. Mas a serpente colocou uma condição.
Serpente-pai: O Tucumã que guarda a noite só deve ser aberto pelas mãos de minha fi lha, que deve apenas espiar a noite lá dentro. Assim, só um pouco do escuro se derrama e logo é dia para sempre outra vez.
Narrador – Ninguém sabia muito bem o que aconteceria se a noite es-tivesse à solta. O que aconteceria ao mundo se a noite deixasse seus sonhos voando livre por aí? Era preciso ter cuidado! Principalmente no transporte da fruta mágica até as mãos da fi lha da serpente encantada.
Acontece que o Tucumã fora entregue a dois meninos muito curiosos. E a viagem era tão longa!
Menino 1: Vamos levar essa fruta com cuidado. Nada pode acontecer a ela até que chegue às mãos da serpente.
Menino 2: Sim, vamos!
Menino 1: Você está ouvindo o barulho que sai lá de dentro?
Menino 2: Deixe eu chegar mais perto... (coloca a fruta perto do ouvido para ouvir melhor) Estou sim! Parecem sininhos?
Menino 1: Acho que são grilos... Ou vagalumes?
Menino 2: Será que são os pedaços da noite se batendo lá dentro?
Menino 1: Melhor não abrir!
Menino 2: É mesmo! A ordem foi “clara”: “Jamais abrir a fruta”.
Menino 1: Mas e se a gente fi zesse só um furinho, espiasse e tampasse?
Menino 2: E se a gente abrisse só um pouquinho e espiasse por ali?
Menino 1: Acho que olhar não tem problema. Ele falou para não abrir, mas não disse nada sobre dar uma espiadela rápida.
Menino 2: É verdade. Ele não disse nada sobre fazer um furinho pequeno e olhar.
Narrador – Os meninos abriram uma pequena fresta e a noite se derramou inteirinha na Terra.
Menino 1: Ai, e agora?
Menino 2: A serpente vai nos matar!
Menino 1: Era só um furinho, mas a noite é teimosa e estava querendo sair! Ela escapou toda. E agora?
Menino 2: E agora ela não volta para dentro! E agora vamos rápido pedir perdão à serpente.
Narrador – E foi assim que a noite se derramou inteira na Terra. Os meninos chegaram com a fruta vazia. Pediram perdão.
1: Era só um furinho, mas a noite é teimosa e estava querendo sair! Ela escapou toda.
Menino 2: E agora ela não volta para dentro! E agora vamos rápido pedir
Narrador – E foi assim que a noite se derramou inteira na Terra. Os meninos chegaram com a fruta vazia. Pediram perdão.