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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL Trabalho de Licenciatura Avaliação da Plantação florestal de espécies nativas na recuperação e conservação da Serra da Gorongosa AUTOR: Luís Pereira Domingos SUPERVISORA: Prof. Doutora Natasha Sofia Ribeiro CO-SUPERVISORA: Eng a . Regina Cruz Maputo, Junho de 2011

Serra da Gorongosa

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Trabalho de Licenciatura

Avaliação da Plantação florestal de espécies nativas na recuperação e

conservação da Serra da Gorongosa

AUTOR: Luís Pereira Domingos

SUPERVISORA: Prof. Doutora Natasha Sofia Ribeiro

CO-SUPERVISORA: Enga. Regina Cruz

Maputo, Junho de 2011

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RESUMO

O reflorestamento com espécies nativas é sem dúvida uma alternativa importante de garantir a

conservação dos ecossistemas degradados. Em função disso, procura-se nesse trabalho fazer uma

avaliação das actividades de plantio de árvores nativas na recuperação da Serra da Gorongosa

iniciadas em 2007. Para tal foi feito um inventário florestal na plantação e na área não degradada.

Adicionalmente foram feitas entrevistas semi-estruturadas às comunidades afectadas pelo

projecto de recuperação nos postos administrativos de Nhamadzi e Vundudzi. Os resultados

mostram que de 2007 ao ano 2009 foram plantadas 13 espécies que apresentam boa sanidade.

Maior contribuição e crescimento coube as espécies: Khaya nhasyca , Afzelia quanzensis, Melia

azedarach e Albizia rotundifolia. Na área não degradada foram encontradas 21 espécies, das

quais Albizia adiantifolia, Brachystegia spiciformis, Bridelia micrantha e Pterocarpus angolensis

foram usadas na plantação. A maior representatividade na área não degradada coube a Newtonia

bucanamii e Brachystegia boemmi com valores de IVI de 72,36 e 61,31% respectivamente. O

padrão de distribuição das espécies na área não degradada e na plantação é agregado com

excepção de Pterocarpus angolensis com distribuição aleatória na plantação.

A SG é habitada por famíias alargadas com uma média de 10 membros por família ocupando-se

essencialmente a agricultura que em muitos casos entra em conflito de terra com a plantação.

Dedicam-se também a criação de gado caprino, suino, apicultura e comércio informal. Os

principais produtos extraidos da Serra são a lenha, estacas e plantas medicinais.

A população da SG está ciente da importância do plantio de árvores e 91,5% das famílias

entrevistadas tem algum conhecimento das leis sobre a conservação dos recursos naturais mas,

apenas 38,35% das familias dizem fazer algumas actividades em prol da recuperação da Serra

facto não comprovado nas áreas estudadas.

Como forma de criar condições às comunidades para o acompanhamento e continuidade do

processo de recuperação da SG foi elaborado nesse trabalho um plano de monitoramento da

plantação, levando-se em consideração as caracteristicas da comunidade.

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Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

ÍNDICE

RESUMO ......................................................................................................................................... i

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... vi

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ vii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................. ix

LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................... xi

LISTA DE ANEXOS ................................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1. Problema e justificação do estudo ............................................................................................ 3

1.2. Objectivos ................................................................................................................................. 5

1.2.1. Objectivo geral ............................................................................................................... 5

1.2.2. Objectivos específicos .................................................................................................... 5

2. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 6

2.1.Materiais .................................................................................................................................... 6

2.2. Descrição da área de estudo ...................................................................................................... 6

2.2.1. Localização geográfica ................................................................................................... 6

2.2.2. Vegetação ....................................................................................................................... 6

2.2.3. Clima .............................................................................................................................. 7

2.2.4. Geomorfologia e Solos ................................................................................................... 7

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Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

2.3. Métodos .................................................................................................................................... 8

2.3.1. Caracterização da estrutura e composição florística ...................................................... 8

2.3.2. Análise de dados ............................................................................................................. 8

2.3.3. Identificação do impacto sócio-económico da plantação ............................................. 11

2.3.4. Elaboração do plano de monitoramento ....................................................................... 12

3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 13

3.1. Situação Florestal em Moçambique ....................................................................................... 13

3.1.1. Plantações florestais em Moçambique ........................................................................ 13

3.2. Florestas de Montanha ........................................................................................................... 15

3.3. Desmatamento e degradação de ecossistemas ........................................................................ 16

3.4. Recuperação de áreas degradadas ........................................................................................... 16

3.5. Técnicas de recuperação de áreas degradadas ........................................................................ 17

3.5.1. Plantio de espécies nativas em áreas degradadas ......................................................... 17

3.5.2. Transposição de solo .................................................................................................... 18

3.5.3. Ilhas de Vegetação ...................................................................................................... 19

3.6. Conservação de florestas naturais .......................................................................................... 19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 21

4.1. Considerações Gerais ............................................................................................................. 21

4.2. Objectivos e actividades de recuperação ................................................................................ 22

4.3. Problemas da plantação .......................................................................................................... 22

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UEM/DEF  |   iv  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

4.2. Estrutura e composição florística ........................................................................................... 23

4.2.1. Sobrevivência e Estado sanitário ................................................................................. 23

4.2.2. Caracterização florística ............................................................................................... 24

4.2.3. Abundância ................................................................................................................... 24

4.2.4. Frequência .................................................................................................................... 25

4.2.5. Índice de valor de importância .................................................................................... 25

4.2.6. Abundância, Frequência e Índice de valor de importância da plantação de 2008/2009

................................................................................................................................................ 27

4.2.7. Caracterização florística da área não degradada .......................................................... 27

4.2.8. Distribuição das espécies ............................................................................................. 28

4.3. Crescimento das Principais espécies plantadas ...................................................................... 30

4.3.1. Crescimento quanto ao ano de plantio ......................................................................... 33

4.4. Análise das abundâncias ......................................................................................................... 33

4.5. Aspectos Sócio-económicos da plantação .............................................................................. 34

4.5.1. Papel do Governo na recuperação da SG ..................................................................... 34

4.5.2. Actividades da População da SG ................................................................................. 35

4.5.3. Agricultura ................................................................................................................... 35

4.5.4. Contribuição das comunidades na recuperação da SG ................................................. 37

4.5.5. Conhecimento da lei pelas comunidades ..................................................................... 38

4.5.6. Beneficios do Projecto de Recuperação para as comunidades ..................................... 39

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Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

4.6. Ecoturismo na Serra da gorongosa ......................................................................................... 39

4.7. Plano de monitoramento da plantação ................................................................................... 40

4.7.1. Porquê plantar e cuidar das árvores? ............................................................................ 40

4.7.2. Actividades de monitoramento ..................................................................................... 41

4.7.3. Material Necessário ...................................................................................................... 41

4.7.3. Colheita e tratamento de sementes ............................................................................... 42

4.7.4. Preparação das mudas e Plantio ................................................................................... 42

4.7.5. Onde plantar? ............................................................................................................... 43

4.7.6. Cuidados com a regeneração natural ............................................................................ 44

4.7.7. Monitoramento do crescimento .................................................................................... 44

4.7.8. Avaliação do crescimento ............................................................................................ 44

4.7.9. Avaliação da sobrevivência .......................................................................................... 45

4.7.10. Avaliação da sanidade ................................................................................................ 45

4.7.11. Replantio/Retancha .................................................................................................... 45

4.7.12. Estrutura de Implementação do plano ........................................................................ 46

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 48

6. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................................. 49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 50

ANEXOS ....................................................................................................................................... 54

 

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UEM/DEF  |   vi  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

DEDICATÓRIA

DEDICO ESTE TRABALHO:

Aos meus pais Pereira Domingos e Sebastiana António, pessoas tão importantes para mim;

Ao primeiro Professor da minha vida Tandicai Muandiputula por ter me transmitido os primeiros

conhecimentos (Que Deus o tenha).

SHALOM

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UEM/DEF  |   vii  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

AGRADECIMENTOS

A Deus “o todo poderoso”, razão da minha existência.

A Prof. Dra. Natasha Ribeiro a quem nunca terei como retribuir pelos ensinamentos, seriedade,

paciência, espírito de investigação e o apoio prestado em todas as fases do trabalho.

A Enga. Regina Cruz pela disponibilização do tema e o grande esforço para a materialização do

estudo.

Aos meus pais Pereira Domingos e Sebastiana António que me conduziram com amor, carinho e

paciência para vencer os obstáculos em todos os momentos.

Ao tio Rui, pela sua preocupação em me ver sempre a triunfar nesta vida.

Ao Prof. Mutine, pelo seu estímulo emocional em me fazer ingressar neste curso (Que Deus o

tenha).

Ao Eng. Muagura, Dr. Mutemba, Dra. Franzisca e a toda família PNG por ter aberto as portas

para a realizaçao deste estudo e pelo apoio prestado em todas as fases da Pesquisa.

Ao Tongai, Dona Cândida, Sr. Rafael, Sr. Venâncio e a Dona Esménia pelo apoio na árdua tarefa

de recolha de dados, vocês foram fundamentais neste trabalho.

Aos irmãos do tabernáculo de Maputo e Chimoio, pelas vossas orações.

Ao Diénio e Jordão amigos e irmãos de sempre pela amizade e encorajamento nos momentos

críticos da meu percurso acadêmico.

Aos meus irmãos Elda, Paito, Celina, Lea, Medalha, Costa, Menita e Palmira que sempre

acreditaram no sonho do “Mano”.

Aos camponeses de Nhamadzi e Vundudzi, onde foi feito o estudo pelo tempo cedido para as

entrevistas.

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UEM/DEF  |   viii  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

A toda a comunidade FAEF 2007-2010 em especial aos meus colegas do curso: Aurélio,

Clemente, Vaz, Frechauth, Faruk, Malieque, Mavie, Obadias, Elton e Amélia pela optima

companhia.

A FAEF pela oportunidade de realização do curso, a qual permitiu o aprimoramento dos meus

conhecimentos.

A todos os colegas da R5 especialmente aos irmãos Flema e Nino, Filó, Muzú, Munequele, pela

amizade e irmandade no 9º Piso.

Àqueles a quem eu devo agradecer, mas que com certeza estou me esquecendo.

MUITO OBRIGADO

QUE DEUS VOS ABENÇOE RICAMENTE

 

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UEM/DEF  |   ix  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

LISTA DE TABELAS  

Tabela 1: Parámetros ecológicos das espécies plantadas em 2007: Frequência absoluta (F),

Frequência relativa (Fr), Abundância absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância

absoluta (Do), Dominância relativa (DoR), Índice de valor de importância (IVI). ...................... 26

Tabela 2: Parámetros ecológicos da plantação de 2008/09: Frequência absoluta (F), Frequência

relativa (Fr), Abundância absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta (Do),

Dominância relativa (Dor), Índice de valor de importância (IVI). ................................................ 27

Tabela 3 : Relação das espécies na área não degradada e respectivos parámetros ecológicos em

2010: Frequência absoluta (FA), Frequência relativa (FR), Abundância absoluta (Ab),

Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta (Do), Dominância relativa (Dor), Densidade

observada (Di), Densidade esperada (di) e IVI=índice de valor de importância. ......................... 29

Tabela 4: Resumo de ANOVA da variável altura total (Ht) das principais espécies plantadas em

2007 para a recuperação da SG. .................................................................................................... 31

Tabela 5: ANOVA de diámetro da base das 4 principais espécies plantadas em 2007. ............... 31

Tabela 6: Análise de variância da variável Db (diâmetro da base) das principais espécies

plantadas em 2008/2009 ................................................................................................................ 32

Tabela 7: Resumo de ANOVA da variável Ht (altura) das principais espécies plantadas em

2008/2009 ...................................................................................................................................... 32

Tabela 8: Exemplo de acompanhamento de germinação ............................................................. 43

Tabela 9: Actividades a serem desenvolvidas no monitoramento da plantação ........................... 46

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UEM/DEF  |   x    Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

LISTA DE FIGURAS  

 

Figura 1: Áreas com Potencial para Reflorestamento (ha), Fonte (MINAG, 2006). .................. 15

Figura 2: Áreas degradadas para a prática da agricultura ............................................................. 21

Figura 3: Tamanho das machambas e suas respectivas percentagens. ......................................... 36

Figura 4: Estrutura de implementação do plano de monitoramento da plantação. ..................... 47

 

 

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UEM/DEF  |   xi  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

LISTA DE ABREVIATURAS

ANOVA- Análise de variancia

CV-Coeficiente de variação

DAP-Diámetro a altura do peito

Db- Diámetro da base

DNFFB- Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia

FAO- Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FV-Fonte de Variação

GL-Grau de liberdade

GPS- Sistema de Posicionamento Global

IUCN-União Internacional para a Conservação da Natureza

MICOA-Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MINAG-Ministério da Agricultura

MITUR- Ministério do Turismo

ONG- Organização não governamental

PNG- Parque Nacional da Gorongosa

QM- Quadrado médio

SDAE- Serviços distritais de actividades económicas

SG-Serra da Gorongosa

SQ-Soma dos quadrados

USAID- Agência internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos da América.

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UEM/DEF  |   xii  

Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1: Parámetros ecológicos de toda a plantação: Frequência absoluta (FA), Frequência

relativa (Fr), Abundâsncia absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta (Do),

Dominância relativa (DoR), Índice de valor de importância (IVI) e Índice de MacGuinnes (IGA).

....................................................................................................................................................... 55

ANEXO 2: Representação dos testes para análise de crescimento das espécies .......................... 56

ANEXO 3: Fotos ........................................................................................................................... 58

ANEXO 4: Cronograma de actividades de monitoramento da plantação. .................................... 61

ANEXO 5: Ficha de levantamento de dados ................................................................................ 62

ANEXO 6: Ficha de levantamento de dados de campo para o monitoramento. ........................... 63

ANEXO 7: Formato do questionário da esntrevista ..................................................................... 64

 

 

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1. INTRODUÇÃO

A importância das florestas montanhosas é bem reconhecida por providenciar muitos bens e

serviços ao homem desde a manutenção da biodiversidade, provisão de água, produtos

madeireiros e não madeireiros e sequestro de carbono (Clewell e Aronson, 2005).

A maioria das comunidades que vivem em regiões montanhosas do mundo são fortemente

influenciadas pelas comunidades circunvizinhas e áreas urbanas em relação a extracção de

produtos florestais e a gestão de recursos hídricos. O interesse dessas forças externas, que são

sobretudo económicas, não incluem necessariamente um futuro sustentável para as florestas

montanhosas e para as comunidades, facto que leva a sua degradação (FAO, 1990). A garantia

dos benefícios provenientes dessas florestas depende da sua conservação e, em função do elevado

nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais, a conservação da biodiversidade

representa um dos maiores desafios deste século.

A Serra da Gorongosa (SG) que conjuntamente pertence ao complexo Serra Gorongosa-Lago

Urema-Planalto de Inhaminga-Marromeu, foi outrora considerado como dos mais bem

conservados complexos ecológicos em África. A Serra contém uma completa gama dos

incomparáveis ecossistemas de montanha, com uma exuberante floresta tropical que consegue

preservar as nascentes perenes que suportam durante toda a estação seca e actua como uma

esponja, absorvendo a água que depois fornece ao vale do Rift-Lago Urema (Tinley,1969).

Tal como algumas florestas de Moçambique, a SG viu parte das suas áreas convertidas em terras

agrícolas devido à agricultura itinerante que, segundo Marzoli (2007) contribuiu com cerca de

67% da área desflorestada em todo o país. O mesmo refere ainda que o crescimento da população

humana aumentou a pressão sobre as florestas que por conseguinte gerou a necessidade de novas

áreas agrícolas e desmatamento devido à alta demanda da biomassa lenhosa sendo que a taxa

anual de desflorestação em Moçambique é estimada em cerca de 219 000 hectares

correspondendo a uma taxa de mudança de 0.58%.

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Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

Diante deste cenário houve a necessidade de se desenvolver acções de recuperação por parte dos

gestores do PNG através da Fundação CARR em parceria com o governo Moçambicano no

sentido de recompor os ecossistemas degradados da Serra e suas funções ambientais através do

plantio de árvores de espécies nativas.

Como descreve Kageyama (1990), a concepção de reflorestamentos com espécies nativas é um

processo que envolve critérios de como associar as diferentes espécies a serem plantadas,

baseados na combinação de grupos de espécies características de diferentes estágios da sucessão

secundária. A eficiência desses projectos requer planificação e estabelecimento de parâmetros

ambientais, capazes de produzir reflorestamentos de qualidade, procurando garantir a

conservação da biodiversidade e a sustentabilidade das florestas plantadas.

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Luís  Pereira  Domingos                                                                                              Trabalho  de  Licenciatura  

1.1. Problema e justificação do estudo

O estabelecimento de plantações em florestas perturbadas e em degradação é uma das técnicas

mais efectivas para a recuperação de ecossistemas degradados nas regiões tropicais, de alta

precipitação, em função do seu papel no controlo da erosão, na conservação da humidade do solo

e na criação de um microclima mais favorável para o desenvolvimento da vegetação (Lamb e

Gilmour, 2003). Contudo, a maior limitação está relacionada com a escolha dos métodos e das

espécies mais adequadas para as diferentes condições ecológicas da região, aliada à carência de

conhecimentos científicos sobre o seu comportamento, por forma a garantir o restabelecimento

dos níveis tróficos, capazes de conduzir à formação de sistemas complexos e continuidade da

floresta no futuro.

A Serra da Gorongosa apresenta um enorme valor da fauna e flora, contendo aproximadamente

doze ecossistemas principais, sendo que nenhum deles está representado na actual área do PNG

ou em qualquer outro local da região da Gorongosa. Estes ecossistemas encontram-se ameaçados

pela expansão das áreas de cultivo, feita pelas comunidades residentes em sua volta que,

encontram nela solos férteis para a prática da agricultura e constitui uma fonte de fornecimento

de água às vilas e aldeias das redondezas que se beneficiam dos rios e nascentes que tem origem

na serra (Tinley, 1969; Cossa, 2010).

Devido à destruição das florestas, muitos rios que outrora eram de caudais permanentes,

deixaram de correr e outros transformaram-se em correntes de águas estacionárias, sujeitas a

cheias súbitas. As águas perenes da Serra da Gorongosa constituem no factor fundamental para a

sobrevivência do PNG e das populações adjacentes, podendo se considerar como o coração do

ecossistema do Parque pois toda a vida bravia gira à sua volta. A manutenção em boas condições

das zonas de captação de água passa, necessariamente pela manutenção da cobertura vegetal,

protegendo-as deste modo, contra a erosão e assoreamento (Tinley, 1969).

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Não apenas o plantio para a recuperação é importante, como também a avaliação de seu

desenvolvimento ao longo do tempo, identificação de perturbações, definição de medidas de

maneio, condução ou replantio, verificação da eficiência dos métodos e espécies empregadas e o

aperfeiçoamento dos modelos. Diante do exposto, a importância deste trabalho se dá

fundamentalmente pelo fato de fornecer subsídios básicos que poderão servir como ponto de

apoio aos programas de reflorestamento em prol da conservação do ecossistema da Serra da

Gorongosa.

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Avaliação da plantação florestal de espécies nativas na recuperação e conservação da Serra

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1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

• Avaliar o sucesso da plantação florestal de espécies nativas na conservação da Serra da

Gorongosa.

1.2.2. Objectivos específicos

• Caracterizar a estrutura e composição florística das áreas sob plantação florestal;

• Identificar o impacto sócio-económico da plantação na Serra;

• Elaborar um plano de monitoramento a ser implementado pelas comunidades.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1.Materiais

Para o levantamento dendrológico e sócio-económico, utilizou-se o material composto por:

Corda, Fita métrica, GPS, Fita diamétrica, Hipsómetro e material de anotação.

2.2. Descrição da área de estudo

2.2.1. Localização geográfica

A serra da Gorongosa (SG) encontra-se no exterior do PNG a 160 Km do mar, concretamente

sobre o extremo sul do grande vale do Rift e estende-se por cerca de 34 km no sentido Norte/Sul

e 20 km no sentido Este/Oeste. A parte da SG na qual foi feito o estudo situa-se nos postos

administrativos de Nhamadzi e Vundudzi. O Vale do Rift consiste num afundamento da placa

terrrestre provavelmente no período Cretácico e Pós-Mioceno orientado no sentido sudoeste-

nordeste, a sua crosta é de origem moderna de sedimentos acumulados e justapostos,

provenientes dos planaltos de Bárue-Gorongosa e a de Cheringoma e entra em Moçambique a

partir do lago Niassa, atravesssando em ângulo recto o actual curso de Zambeze e termina no

baixo Búzi, ao sul da cidade da Beira (MITUR, 2007; Tinley, 1969).

2.2.2. Vegetação

Os planaltos contêm florestas de miombo, de montanha e uma espectacular floresta húmida na

sopé de uma série de desfiladeiros calcários. As zonas de maior altitude apresentam uma

vegetação de montanha constituida por florestas higrófilas, dominadas por espécies do género

Philippia, Eria, Widdringtonia. A meio, nas encostas e na base da SG a floresta tropical e savana

interpenetram-se com a vegetação de montanha. A sua superficie apresenta uma vegetação

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da Gorongosa

   

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característica: floresta seca em solo arenoso, savanas de Acácia, Sclerocarya, Piliostigma e

Palmeiras em solo argiloso-arenoso, mopane em solos holomórficos de argilas ricas e pradarias

inundáveis em solos aluvionares e hidromórficos mais recentes.

2.2.3. Clima

O clima da SG segundo a classificação de Koppen é do tipo temperado húmido (CW) associado

aos sistemas montanhosos. O regime pluviométrico é caracterizado por chuvas orográficas

distribuidas por todos os meses do ano, transportadas por massas de ar húmido vindas de Sul e

Leste. A precipitação média anual (PMA) está entre 1000 a 2000 mm, dominada pelo sistema

anticiclónico centro –Africano com chuvas do tipo frontal, convergente e orográfica. Na estação

seca verifica-se a ocorrência de neblinas, uma característica dos planaltos do vale do rift e da

zona costeira (Tinley, 1969).

2.2.4. Geomorfologia e Solos

A SG consiste num maciço elíptico quase perfeito, onde têm origem numerosos rios e riachos,

que drenam à peneplanicie circundante. A Serra é uma intrusão geológica formada a partir dos

ciclos erosivos caracteristicos das superfícies de aplanação do jurássico, composta de granitos

ácidos, rochas de garbo e doliritos tendo como ponto mais alto o cume do monte Gogogo que se

eleva a 1863 metros de alitude e as superfícies cimeiras apresentam crostas do Gondwana ou

Post-Gondwana. A sua superfície é uma crosta moderna de sedimentos acumulados, composta

por mosáicos de solos arenosos e argiloso-arenoso (MITUR 2007, Tinley 1969).

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2.3. Métodos

Para alcançar o objectivo principal deste trabalho de avaliar o sucesso da plantação florestal de

espécies nativas na conservação da SG foi feito um levantamento ecológico da plantação e

entrevistas às comunidades abrangidas pelo projecto de recuperação da Serra nos postos

administrativos de Nhamadzi e Vundudzi.

2.3.1. Caracterização da estrutura e composição florística

Para descrever a estrutura e composição florística da componente arbórea foram consideradas

neste estudo duas áreas amostrais para efeitos de comparação: área degradada plantada e área não

degradada. Inicialmente foram identificadas 7 áreas amostrais. Em cada área foi estabelecida de

forma propositada parcelas de 80x50 metros. Na plantação foram estabelecidas 5 parcelas e na

área não degradada 2. Nos indivíduos adultos foram levantadas as seguintes variáveis: número de

indivíduos, altura, diâmetro da base (Db) para a plantação e DAP para a floresta remanescente

(área não degradada).

2.3.2. Análise de dados

Para análise dos dados foram utilizados os seguintes pacotes estatisticos: Excel (para a

determinação da Abundância (Ab), Densidade (D), Dominância (Do), Frequência (F), Índice de

Valor de Importância (IVI), e indice de MacGuines); SPSS para a determinação dos indicadores

sócio-económicos e STATA para análise de variância do crescimento das principais espécies

plantadas usando as fórmulas abaixo indicadas:

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Fórmulas

Abundância (N/ha):

Ab =ni/A

Ar=Ab/∑Ab*100% (1)

Onde:

Ab- Abundância absoluta da espécie i

Ar= Abundância relativa da espécie i

ni= Número de indivíduos da espécie i

A= área total

Dominância (m2/ha):

Do = hagi /

Dorel = 100*//haGhagi

(2)

gi = ¼ * (л*D2)

Onde:

Do -Dominância absoluta

Dorel - Dominância relativa

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gi -área basal da espécie i

gi /ha - área basal da espécie por unidade de área

D- diâmetro

Frequência

F= Ui/Ut*100

Fr=F/∑F*100 (3)

F= frequência absoluta da i-ésima espécie.

Ui= número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;

Ut= número total de unidades amostrais.

Quando:

Fr -50% .................................... Espécie constante

10% < Fr <49% ........................ Espécie comum

Fr <10% .................................... Espécie rara

Índice de Valor de Importância

IVI = Dr + Fr+ Dor (4)

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Índice de MacGuinnes (IGA)

O índice de MacGuinnes indica o grau da dispersão das espécies, tendo distribuição uniforme

quando o IGA for menor que 1, aleatória quando o índice for igual a 1, com tendência ao

agrupamento quando estiver entre 1 e 2, e com distribuição agregada quando for maior que 2.

IGAi= Di⁄di (5)

IGAi= índice de MacGuinnes para a i-ésima espécie;

Di= densidade observada da i-ésima espécie (Di=ni/Ut);

di= densidade esperada da i-ésima espécie (di= ln(1-fi));

Taxa de sobrevivência (S)

S= (P-M)/P*100 (6)

Onde P-individuos plantados M- individuos mortos

2.3.3. Identificação do impacto sócio-económico da plantação

Foram feitas entrevistas semi-estrutradas e conversas informais para explorar, conhecer e

descrever as percepções dos diferentes actores sociais directa ou indirectamente envolvidos no

projecto, acerca de aspectos referentes tanto ao uso dos recursos provenientes da serra, quanto a

plantação para verificar a consistência dos objectivos do projecto com as necessidades e

constrangimentos das comunidades e as implicações do projecto na sua vida.

Serviram como fonte de informação para a pesquisa os camponeses (47) os gestores do programa

(1) e líderes comunitários (2). O anexo 6 apresenta o modelo do questionário usado nas

entrevistas.

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2.3.4. Elaboração do plano de monitoramento

Com base nos resultados obtidos foi elaborada uma proposta de parâmetros de monitoramento e

de treinamento por forma a dotar as comunidades de conhecimentos que lhes permitam

acompanhar o desenvolvimento da plantação. O mesmo servirá de base para a verificação do

estágio da plantação e determinar as prováveis intervenções que podem ser feitas por parte do

PNG e das comunidades.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Situação Florestal em Moçambique

 

Com cerca de 784 755 km² de superfície, Moçambique conta com 620 000 km2 de floresta

natural e outra vegetação lenhosa (78% da superfície total do país) e uma taxa de crescimento

anual que varia entre 0,5 a 1,5 m³/ha/ano. As florestas de miombo cobrem 67% estendendo-se na

zona climática húmida desde o rio Limpopo para o Norte. Os restantes 33% são dominados pela

floresta de Mopane na zona climática árida e semi-árida do sul do rio Save (Marzoli, 2007).

Dos 20 milhões e 854 mil habitantes, maior parte da população Moçambicana (68,2%) vive em

comunidades rurais isoladas, distantes das principais vias de comunicação, interage e depende,

em grande medida dos recursos florestais para seu sustento diário e bem estar. Esta grande

dependência sobretudo as práticas agrícolas inadequadas, sobre pastoreio, queimadas

descontroladas, assentamentos populacionais desordenados e em áreas pouco ou não apropriadas,

sobre exploração dos recursos vegetais para lenha e carvão, associados ao crescimento

populacional acelerado levam ao desmatamento anual de cerca de 0.58%, equivalente a 220.000

ha de florestas deixando extensas áreas degradadas (Marzoli, 2007).

3.1.1. Plantações florestais em Moçambique

As primeiras plantações florestais em Moçambique começaram no inicio do século XIX, na então

Lourenço Marques hoje Maputo com o objectivo de secar os pântanos existentes na parte baixa

da cidade usando espécies do género Eucaliptus.

Após várias discussões contra a introdução massiva de espécies exóticas no país, alegando-se

fraca qualidade da madeira destas, na década 50 estabeleceram-se ensaios de espécies nativas

como o Pterocarpus angolensis (umbila), Afzelia quanzensis (chanfuta), Millettia stuhlmannii

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(jambirre), Androstachys johnsonii (mecrusse), Clorophora excelsa (tule), Khaya nyasica

(umbaua) entre outras. Apesar destes projectos não terem alcançado resultados esperados,

contribuíram para duplicação da área florestal que passou de 20 000 ha em 1975 para cerca de

42 000 ha em 1992. Refira-se que estes projectos desempenharam um papel social muito

importante na criação de postos de trabalho para população rural e na organização das

comunidades locais e aldeias comunais o que permitiu o desenvolvimento de outras actividades

sócio-económicas (MINAG, 2006).

O governo está preocupado com o maneio sustentável das florestas com o objetivo de garantir

que as necessidades das conunidades afectadas pelo programa de reflorestamento sejam bem

enquadradas, que haja protecção das florestas estrategicamente localizadas para a conservação do

solo e água, que haja protecção da flora e fauna nativa rara ou em perigo de extinção, e

produção de produtos florestais para consumo local e exportação pelo sector privado. Isto

confirma que o sector privado, ONG´s e as comunidades são importantes no maneio sustenatável

do recurso florestal (MINAG, 2006).

Dados do MINAG indicam que o país dispõe de 7 milhões de hectares com potencial para o

reflorestamento, nas províncias de Sofala, Manica, Zambézia, Nampula e Niassa. Apesar de todo

este potencial o país conta presentemente com cerca de 24 mil ha de plantações florestais que

satisfazem uma pequena fracção das necessidades locais em produtos de origem madeireira.

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Figura 1: Áreas com Potencial para Reflorestamento (ha), Fonte (MINAG, 2006).

3.2. Florestas de Montanha

As montanhas constituem um quinto da paisagem do mundo e cerca de 2 bilhões de pessoas

dependem dos seus ecossistemas para a obtenção de alimentos, madeira, combustivel e minerais.

Cerca de 80% da água doce do nosso planeta se origina nas montanhas. Em África, as florestas de

montanha exercem multiplas funções econômicas, ambientais, sociais e culturais. São

importantes na diversificação de subsistência e garantia de segurança alimentar, oferecendo

produtos florestais madeireiros e não-madeireiros, saúde humana e animal e muitos outros

serviços ambientais, incluindo a conservação da biodiversidade, a regulação das bacias

hidrográficas e mitigação das alterações climáticas (Schumacher et al, 2005). Apesar da sua

importância, esses recursos têm sido submetidos ao desmatamento e degradação severa, devido a

vários fatores naturais e antrópogenicos, bem como fatores sócio-económicos e políticos. Como

resultado, o seu desaparecimento e degradação, a degradação da terra e dos recursos hídricos,

redução e ou perda de biodiversidade tem afectado o bem estar do homem, plantas, animais e

microrganismos.

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3.3. Desmatamento e degradação de ecossistemas

A degradação das florestas naturais constitui um dos grandes problemas da actualidade que, entre

outros factores é considerada como principal responsável pelo aumento significativo dos

processos de erosão dos solos, com prejuízos aos recursos hídricos e a evidente redução da

biodiversidade (MINAG,2007; MICOA 2005).

Holmes et al (sem data) indicam que cerca de 10% da população mundial vive nas zonas

montanhosas, enquanto 40 % vive em áreas baixas adjacentes as montanhas. Assim, metade da

população humana é afectada pela mudança de cobertura florestal. Até então não existe uma

estimativa precisa da dimenção desses problemas mas dados da FAO e outras agências indicam

que 87 milhões de hectares das bacias hidrográficas das montanhas precisam ser reflorestadas.

3.4. Recuperação de áreas degradadas

A Society for Ecological Restoration International (SERI) define a recuperação de ecossistemas

como uma ciência, prática e arte de assistir e manejar a recuperação da integridade ecológica dos

ecossistemas, incluindo um nível mínimo de biodiversidade e de variabilidade na estrutura e

funcionamento dos processos ecológicos, considerando-se seus valores ecológicos, econômicos e

sociais.

O processo de recuperação depende do grau de degradação do ambiente. Em algumas situações,

técnicas simples podem ser implementadas para a recuperação, inclusive, havendo áreas em que a

própria dinâmica do ecossistema é autosuficiente para a regeneração natural.

Entretanto, nem sempre é possível o retorno de um ecossistema degradado à sua condição

original, devido, entre outras causas, ao estado de degradação a que foi submetido.

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Como refere Gomes (sem data), a recuperação de uma área deve propiciar condições para que ela

desenvolva quase todos os processos ecológicos de uma vegetação secundária nativa como:

aspectos hidrológicos, erosivos, edáficos, florísticos, abrigos e nichos ecológicos para várias

espécies, ciclagem de nutrientes e biodiversidade. É evidente porém, que não se trata de

reproduzir fielmente as etapas sucessionais, o que acarretaria inevitavelmente, um enorme

período de tempo. Nas condições naturais aparecem inicialmente apenas as espécies pioneiras,

que deverão alterar as condições físicas para possibilitar o aparecimento das espécies secundárias

e estas devem fazer o mesmo para o surgimento das climáx.

3.5. Técnicas de recuperação de áreas degradadas

A escolha de um método de recuperação é um processo em constante aprimoramento, que vai

desde a utilização de obras de engenharia, de adubações, à utilização de forrageiras, lianas, ervas,

arbustos, árvores (nativas ou exóticas), ou mesmo a utilização de tecnologias como a inoculação

de micorrizas e bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico nas raízes das plantas

(Regensburger, 2004).

3.5.1. Plantio de espécies nativas em áreas degradadas

A Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei No 10/99, de 22 de Dezembro), no seu Artigo 27 diz que

o estado deve promover a recuperação das áreas degradadas através de plantações florestais,

preferencialmente nas dunas costeiras e ecossistemas frágeis.

O primeiro grande desafio para o estabelecimento com sucesso das plantações de recuperação é a

definição das espécies dependendo das condições da área a ser reflorestada. Neste caso as

condições incluem o ambiente físico e factores sócio-económicos especialmente a necessidade de

uso de solos. Apesar da falta de informações silviculturais à respeito de espécies nativas, o

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sistema de plantações mistas compostas de árvores nativas parece ser o mais adequado para

atender aos objetivos propostos, por manterem, embora parcialmente, os processos que

caracterizam a eficiência de conservação ambiental dos sistemas florestais naturais e apresenta

maior amplitude de opções para o uso múltiplo da floresta.

As espécies escolhidas para o reflorestamento em áreas degradadas devem ser capazes de se

desenvolver em solos abertos, competir com outras plantas agressivas e resistir ao stress. É um

beneficio especial se as espécies forem fixadoras de nutrientes no solo e providenciarem produtos

que podem ser usados pelas comunidades locais (Regensburger, 2004).

Como referem Holmes et al (sem data), o reflorestamento com espécies nativas é sustentado por

vários argumentos por um lado porque as espécies nativas adaptam-se ao ambiente local,

tornando-se menos susceptíveis ao stress, doenças e as pragas. Por outro lado a população local

está mais familiarizada com as suas plantas nativas e o seu uso é bem conhecido. O êxito dos

projetos de reflorestamentos mistos depende, entre outros factores, da escolha correcta das

espécies. Devido ao grande número de espécies com diferentes necessidades ecológicas nos

diversos estágios de desenvolvimento e às suas complexas inter-relações e interações com o

meio, a escolha será tanto mais correcta, quanto maior for o conhecimento que se tem das

espécies, basicamente no que se refere a auto-ecologia e ao comportamento silvicultural das

mesmas.

3.5.2. Transposição de solo

Nas áreas degradadas o banco de sementes e propágulos podem ter sidos eliminados ou

enterrados em profundidade, impedindo a sua emergência. Neste caso a transposição de solo de

pequenos núcleos das áreas circundantes e diferentes níveis sucessionais de áreas não degradadas

representa grande probabilidade de recolonização da área com a comunidade de

microorganismos, sementes e propágulos de espécies vegetais pioneiras. Este processo permite a

reintrodução de populações de espécies da micro, meso e macro fauna ou flora do solo, incluindo

os microorganismos decompositores e fixadores de nutrientes, fundamentais na ciclagem de

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nutrientes, reestruturação e fertilidade do solo, além das sementes de diferentes espécies (Silva et

al., 1994 citado por Regensburger 2004).

3.5.3. Ilhas de Vegetação

Uma outra possibilidade de recuperar áreas degradadas é por meio do estabelecimento de ilhas de

vegetação, onde o plantio é feito em forma de ilhas e não em toda a área através da mistura de

espécies pioneiras e não pioneras ou mesmo ilhas de espécies não pioneiras e plantio das

pioneiras por toda a área. No entanto as espécies a serem introduzidas nas ilhas devem apresentar

alta diversidade funcional. Uma técnica para selecionar espécies adequadas é coletar sementes

presentes no banco de sementes das áreas circundantes ou coletar a partir de árvores matrizes

dentro da floresta (Regensburger, 2004).

3.6. Conservação de florestas naturais

O país para além de florestas degradadas como resultado da acção humana, tem extensas áreas

de ecossistemas frágeis e bacias hidrográficas que merecem tratamento especial em termos de

protecção e conservação, é caso das dunas ao longo da faixa costeira e áreas sujeitas a erosão

(MINAG, 2006).

Hanazaki (2003) citando Odum (1971) explica que a conservação tem o objetivo de assegurar a

preservação de um ambiente de qualidade que garanta necessidades estéticas, de recreação e de

produtos, e que assegure uma produção contínua de plantas, animais e materiais úteis, mediante o

estabelecimento de um ciclo equilibrado de colheita e renovação.

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O reflorestamento de conservação e protecção é o estabelecimento de plantações florestais com o

objectivo principal de reabilitação e conservação do ambiente, e de acordo com a legislação

vigente é responsabilidade do estado estabelecer plantações florestais para fins de conservação

(MINAG, 2006). O governo através da DNFFB em colaboração com outras instituições

responsáveis pelas Florestas no país comprometeram-se entre outros pontos a :

• Conservar e promover as florestas;

• Conservar e propagar as plantas de espécies endêmicas;

• Conservar as fontes de água nas bacias hidrograficas, zonas ribeirinhas e outras

zonas sensíveis;

• Garantir o maneio sustentável dos recursos florestais para permitir o benefício da

sociedade civil em produtos florestais, ecoturismo educação e investigação;

• Promover o plantio de árvores em particular de espécies endémicas;

• Dar assistência técnica para o desenvolvimento sustentavel de florestas em todas

florestas do país e,

• Apoiar os acordos internacionais, convenções e principios sobre o maneio

sustentavel de florestas e conservação do ambiente.

A SG representa um valor do interesse de diferentes sectores de uso da terra que são bastante

conflitantes para o abastecimento de água ou para a geração de energia e representa também

excelentes locais de armazenamento de água visando garantia de suprimento contínuo deste

precioso líquido ás populações e a fauna. A grande dependência da população pela água doce das

montanhas neste momento de escassez crescente de água, está se tornando cada vez mais

importante proteger o seu ecossistema.

Thaworn & Yasmi (2010) consideram a conservação da biodiversidade em florestas tropicais

como sendo uma necessidade urgente devido a perca de muitas florestas nas últimas quatro

décadas. Como resposta, cresce nos últimos anos a nível internacional o desejo em melhorar a sua

conservação, reforçado pelos instrumentos globais e os objectivos da convenção sobre a

diversidade biológica e pelos objectivos do desenvolvimento do milénio.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Considerações Gerais

A SG é hoje dominada por extensas áreas de cultivo, solos nus em intenso processo erosivo,

cursos de água sem vegetação, assoreamento dos rios, florestas frgmentadas e isoladas tudo

devido a açcão do homem (Figura 1 ). Este cenário drástico da destruição de vegetação e redução

da qualidade de vida das populações não só preocupa ao Governo assim como as próprias

comunidades que levaram a sua degradação.

Figura 2: Áreas degradadas para a prática da agricultura

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4.2. Objectivos e actividades de recuperação

O reconhecimento da importância do ecossistema da Serra para a vida do PNG e do distrito de

Gorongosa em geral motivou a fundação CARR e o Governo Moçambicano a recuperá-lo com

vista a conservação dos recursos hídricos e garantir o bem estar à população local e aos animais

do PNG. Como forma de estimular a participação das comunidades, o projecto emprega

actuamente (em 2010) 60 pessoas locais entre plantadores e agentes de ecoturismo. Além do

plantio de árvores foram construidas infra-estruturas como escolas, estradas, centro de educação

comunitária, treinamento de pessoas em matéria de ambiente, distribuição de redes mosquiteiras

e assistência médica e medicamentosa (antimaláricos) às comunidades de Canda, Vundudzi e

Sandzungira através de uma equipa móvel do PNG.

O programa de recuperação da Serra da Gorongosa (SG) iniciou em 2006 com o treinamento de

65 pessoas que incluiu a marcha e preparação das técnicas de plantação e prevê-se que tenha uma

duração de 20 anos. Em 2007 começou o plantio de espécies nativas nas áreas degradadas e

próximas aos cursos de água.

4.3. Problemas da plantação

Informações colhidas junto ao Eng. Muagura gestor da plantação florestal no PNG indicam que o

projecto apresenta como principais constrangimentos as limitações financeiras, falta de áreas

disponíveis para plantar e morte das plantas provocada pelos camponeses, condicionando de certa

forma o sucesso do programa de recuperação da SG. Esses conflitos de interesses entre o PNG e

os camponeses surgem no momento em que o governo moçambicano acaba de declarar a área

acima dos 700 m da curva de nível da SG como área de protecção anexada ao PNG apartir de

2010.

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Silva & Andrade (2005) constataram que a simples implantação de áreas de conservação nas

áreas de cobertura vegetal nativa remanescente não tem sido eficiente na proteção e recuperação

dos ecossistemas ameaçados, sendo necessária a inclusão de projetos de manejo nessas áreas,

para que a própria sociedade e não apenas o poder público seja responsável pela conservação das

mesmas. Portanto, essa situação exige das autoridades administrativas a adopção de estratégias

mais coerentes com o desenvolvimento sustentável considerando os aspectos sócio-culturais da

região.

4.2. Estrutura e composição florística

4.2.1. Sobrevivência e Estado sanitário

A sobrevivência da plantação foi de (96 %) com diferenças nas espécies. Este valor é muito

elevado e dá a impressão de resultados satisfatórios podendo não corresponder a realidade pois

não foi possível apurar o número dos indivíduos inicialmente plantados. Os gestores dizem que

muitas plantas foram cortadas pelos camponeses além disso este estudo foi feito 2 anos após o

estabelecimento da plantação. Quanto ao estado fitossanitário, todas as espécies plantadas tendem

a apresentar boa sanidade apesar de algumas plantas apresentarem alguns danos causados pelo

fogo.

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4.2.2. Caracterização florística

No levantamento florístico foram identificadas 13 espécies plantadas: Albizia adiantifolia,

Albizia rotundifolia, Albizia versicolor, Brachystegia spiciformis, Bridelia micrantha, Ceiba

pentandra, Erythrina humeana, Khaya nhasyca, Mellia azedarach, Milletia sthulmannii,

Pterocarpus angolensis e Shortia Brachypetala. Apesar da intensidade amostral ser menor na

floresta natural remanescente (área não degradada) foram identificadas 21 espécies: Albizia

adiantifolia, Brachystegia boemii, Brachystegia spiciformis, Bridelia micrantha, Burkea

africana, Combtretum nelson, Combtreum spp, Cussonia natal, Cussonia spp, Dracaena mannii,

Erithrophloeum suaveolensis, Ficus sp, Ficus sur, Harungana madagascariensis, Lonchocarpus

capassa, Newtonia bucanamii, Pterocarpus angolensis, Pterocarpus rotundifolius, Shortia

brachypetala, Spermum e Trema orientalis.

4.2.3. Abundância

Considerando a densidade da plantação estabelecida em 2007 foram encontrados 395 indivíduos

por hectare representando 10 espécies. Em termos de abundâncias, as espécies mais

representativas foram: Afzelia quanzensis (31,6%), Albizia rotundifolia (16,1%) Milletia

sthulmanni (15,2%) e Melia azedarah (11%). Enquanto isso espécies como: Albizia versicolor

(0,63%) e Pterocarpus angolensis (0,31%) são as menos abundantes da plantação.

Conscidentemente em relação aos valores de dominância a sequência em termos de ocorrência é

a mesma que na abundância diferindo apenas nos valores.

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da Gorongosa

   

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4.2.4. Frequência

A frequência é um descritor pouco adequado porque não depende apenas do tamanho da amostra

como também da densidade e do padrão de dispersão das espécies. Como se pode observar na

figura as espécies que apresentaram maior frequência para o ano 2007 foram: Afzelia quanzensis,

Albizia adiantifolia, Albizia rotundifolia e Milletia sthulmanni todas com 14,28% podendo ser

consideradas de espécies comuns (10% < F< 49%). As restantes espécies: Albizia versicolor,

Brachistegia spiciformis, Ceiba pentandra, Khaya nhasyca, Melia azedarach e Pterocarpus

angolensis são classificadas como raras e apresentam uma frequência relativa de 7,14% (<10%).

4.2.5. Índice de valor de importância

Analisando a contribuição das espécies na plantação de 2007, Afzelia quanzensis (71,27%) foi a

mais expressiva seguida de Albizia rotundifolia (53,67%) e Melia azedarach (46,39%). As

restantes apresentaramm baixos valores de IVI.

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Tabela 1: Parámetros ecológicos das espécies plantadas em 2007: Frequência absoluta (F),

Frequência relativa (Fr), Abundância absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância

absoluta (Do), Dominância relativa (DoR), Índice de valor de importância (IVI).

 

Espécie Ab Abr F Fr Do Dor IVI

Afzelia quanzensis 125 31,6456 1 14,2857 0,27279 25,3405 71,2718

Albizia adiantifolia 27,5 6,96203 1 14,2857 0,11186 10,3912 31,6389

Albizia rotundifolia 63,75 16,1392 1 14,2857 0,25024 23,2451 53,6701

Albizia versicolor 2,5 0,63291 0,5 7,14286 0,0039 0,36214 8,13791

Brachistegia spiciformis 22,5 5,6962 0,5 7,14286 0,01636 1,51949 14,3586

Ceiba pentandra 21,25 5,37975 0,5 7,14286 0,03811 3,53985 16,0625

Khaya nhasyca 27,5 6,96203 0,5 7,14286 0,04229 3,92815 18,033

Melia azedarach 43,75 11,076 0,5 7,14286 0,3033 28,1746 46,3934

Milletia sthulmanni 60 15,1899 1 14,2857 0,03352 3,1139 32,5895

Pterocarpus angolensis 1,25 0,31646 0,5 7,14286 0,00415 0,38511 7,84443

Total 395 100 7 100 1,07651 100 300

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4.2.6. Abundância, Frequência e Índice de valor de importância da plantação de

2008/2009

Na plantação de 2008/2009 foram identificadas 8 espécies com uma densidade de 136,7

indivíduos/ha. Observando os três parâmetros ecológicos apresentados na tabela abaixo, nota-

se que Khaya nhasyca é a espécie com maior contribuição na plantação, seguida da Bridelia

micrantha e Erythrina humeana. Tendo em conta os valores da frequência, as espécies

Milletia sthulmannii e Shortia brachypetala podem ser consideradas de raras enquanto que

Albizia adiantifolia, Brachystegia spiciformis, Bredelia micrantha, Erythrina humeana, Khaya

nhasyca são comuns na plantação.

Tabela 2: Parámetros ecológicos da plantação de 2008/09: Frequência absoluta (F), Frequência

relativa (Fr), Abundância absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta

(Do), Dominância relativa (Dor), Índice de valor de importância (IVI).

4.2.7. Caracterização florística da área não degradada

Espécie Ab Abr F Fr Do Dor IVI

Albizia adiantifolia 3,3 2,4 0,7 13,3 0,0012 2,8 18,5

Brachystegia spiciformis 2,5 1,8 0,7 13,3 0,0010 2,4 17,6

Bredelia micrantha 8,3 6,1 0,7 13,3 0,0112 25,9 45,3

Erythrina humeana 15,8 11,6 1,0 20,0 0,0010 2,4 34,0

Khaya nhasyca 103,3 75,6 1,0 20,0 0,0268 62,0 157,6

Milletia sthulmannii 1,7 1,2 0,3 6,7 0,0003 0,7 8,6

Shortia brachypetala 0,8 0,6 0,3 6,7 0,0010 2,4 9,7

Total 136,7 100,0 5,0 100,0 0,0432 100,0 300,0

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A observação feita na área não degradada indica que todas as espécies têm a mesma frequência

(4,76%). Contudo, maior contribuição coube a Newtonia bucanamii (Abr = 10,76%, Dor =

57,33% e IVI = 72,36) e Brachystegia boemmi com Abundância de 41,62%, Dominância

relativa de 14,92% e IVI de 61,31%.

Uma comparação da plantação em relação a área remanescente permite apurar que das 21

espécies encontradas na área intacta, apenas 4 foram usadas no plantio nomeadamente: Albizia

adiantifolia, Bridelia micrantha, Brachystegia spiciformis, Pterocarpus

angolensis.Curiosamente essas espécies não foram expressivas em termos de ocorrência e

crescimento na área não degradada não obstante apresentarem tem maior contribuição na

plantação.

4.2.8. Distribuição das espécies

O padrão de distribuição das espécies foi interpretado usando o indice de dispersão de

MacGuinnes (IGA). Pelo índice de MacGuinnes, com excepção de Pterocarpus angolensis que

tem uma distribuição aleatória, todas as outras espécies plantadas estão distribuidas em

aglomerados dentro das parcelas. Em relação a área não degradada todas as espécies também

estão agregadas, por se tratar de pequenos fragmenos que sobreviveram a degradação. O tipo

de padrão de distribuição espacial depende do tamanho das áreas amostrais e da distância entre

elas. Parcelas menores e mais distantes entre si denotam um padrão aleatório na distribuição

das espécies. Se as unidades são maiores, os resultados refletirão um padrão agregado.

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Tabela 3 : Relação das espécies na área não degradada e respectivos parámetros ecológicos em

2010: Frequência absoluta (FA), Frequência relativa (FR), Abundância absoluta (Ab),

Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta (Do), Dominância relativa (Dor), Densidade

observada (Di), Densidade esperada (di) e IVI=índice de valor de importância.

Espécie FA FR Ab Abr Do Dor IVI IGA

Albizia adiantifolia 0,14 4,76 8,75 0,76 0,15 0,98 6,50 6,49

Brachystegia boemii 0,14 4,76 481,25 41,62 2,25 14,92 61,31 356,79

Brachystegia spiciformis 0,14 4,76 105,00 9,08 0,41 2,70 16,55 77,85

Bridelia micrantha 0,14 4,76 75,00 6,49 0,74 4,93 16,18 55,60

Burkea africana 0,14 4,76 35,00 3,03 0,21 1,36 9,15 25,95

Combretum nelson 0,14 4,76 6,25 0,54 0,09 0,63 5,93 4,63

Combretum sp 0,14 4,76 8,75 0,76 0,01 0,07 5,58 6,49

Cussonia natal 0,14 4,76 12,50 1,08 0,08 0,54 6,38 9,27

Cussonia sp 0,14 4,76 12,50 1,08 0,02 0,11 5,95 9,27

Dracaena mannii 0,14 4,76 6,25 0,54 0,01 0,07 5,37 4,63

Erithrophloeum suaveolens 0,14 4,76 8,75 0,76 0,12 0,80 6,32 6,49

Ficus sp 0,14 4,76 8,75 0,76 0,05 0,31 5,83 6,49

Ficus sur 0,14 4,76 25,00 2,16 0,34 2,25 9,17 18,53

Harungana madagascariensis 0,14 4,76 18,75 1,62 0,27 1,78 8,16 13,90

Lonchocarpus capassa 0,14 4,76 17,50 1,51 0,04 0,24 6,51 12,97

Newtonia bucanamii 0,14 4,76 118,75 10,27 8,65 57,33 72,36 88,04

Pterocarpus angolensis 0,14 4,76 35,00 3,03 0,11 0,73 8,52 25,95

Pterocarpus rotundifolius 0,14 4,76 62,50 5,41 1,06 7,05 17,21 46,34

Shortia brachypetala 0,14 4,76 25,00 2,16 0,25 1,68 8,61 18,53

Spermum 0,14 4,76 78,75 6,81 0,21 1,42 12,99 58,38

Trema orientalis 0,14 4,76 6,25 0,54 0,02 0,13 5,43 4,63

Total 3 100 1156,25 100 15,08 100 300 857,23

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4.3. Crescimento das Principais espécies plantadas

A análise de variância das principais espécies plantadas em 2007 revelou diferenças

significativas entre sí em relação a variável altura (Tabela 4). Os testes de médias de

Bonferroni, Scheffe e Sidak para a fonte de variação espécies também detectaram diferenças

significativas, sendo que a espécie Melia azedarach a única espécie exótica plantada

apresentou em média maior crescimento em relação as demais espécies, seguida de Albizia

rotundifolia, Afzelia quanzensis e Milletia sthulmanii. O facto das médias apresentarem

diferenças significativas para todas as espécies pode ser atribuido as estratégias de crescimento

de cada espécie.

Calhau (2005) objetivando a recomposição da vegetação ciliar, recomenda o reflorestamento

com plantas pertencentes a dois estágios de sucessão: pioneiras e secundárias, as pioneiras

cresceriam rapidamente à plena luz, Já as secundárias desenvolvem-se melhor à sombra. As

mudas devem ser distribuídas no terreno de tal forma que as espécies do primeiro grupo

forneçam sombreamento para as do segundo grupo. Uma regra geral, é a de que espécies a

serem plantadas num dado local, devem ser aquelas que ocorrem naturalmente em condições

de clima, solo e umidade semelhantes às da área a ser reflorestada.

No caso em estudo, esta recomendação seria aplicável para áreas muito degradadas

praticamente desprovidas de vegetação enquanto nas áreas fragmentadas onde o plantação visa

o enriquecimento da área já existem condições para o desenvolvimento do estágio secundário.

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Tabela 4: Resumo de ANOVA da variável altura total (Ht) das principais espécies plantadas

em 2007 para a recuperação da SG.

FV GL SQ QM F Prop>F Espécie 3 305,31941 101,77314 65,61 0,0000** Erro 226 350,587074 1,55127

Total 229 655,906484 2,86422

CV= 69,5% Média geral= 2,44 Observações=230

** altamente significativo a 95% de probabilidade

Em relação a variável diâmetro da base, a tabela de ANOVA abaixo apresentada aponta a

existência de diferenças altamente significativas entre as espécies na plantação de 2007. Tal

como na análise da altura, os testes de médias de Bonferroni, Scheffe e Sidak também

detectaram diferenças significativas para as mesmas, sendo que Melia azedarach apresentou

em média maior crescimento em relação as demais espécies, seguida de Albizia rotundifolia,

Afzelia quanzensis e Milletia sthulmanii.

Tabela 5: ANOVA de diámetro da base das 4 principais espécies plantadas em 2007.

FV GL SQ QM F Prop>F Espécie 3 872.80772 290.93591 42.47 0,0000** Erro 226 1548.36603 6.85118

Total 229 2421.17374 10.57281

CV=62.84% Média=5.17 Observações=230

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Tabela 6: Análise de variância da variável Db (diâmetro da base) das principais espécies

plantadas em 2008/2009

FV GL SQ QM F Prop>F Espécie 3 44.861394 14.953798 14.67 0,0000** Erro 156 159.03445 1.0194516

Total 159 203.895844 1.2823638

CV= 43.4% Média=2.6 Observações=160

Tabela 7: Resumo de ANOVA da variável Ht (altura) das principais espécies plantadas em

2008/2009

FV GL SQ QM F Prop>F Espécie 3 9.37892984 3.12630995 8.99 0,0000** Erro 156 54.2343699 0.347656217

Total 159 63.6132997 0.400083646

CV= 46.2% Média= 1.37 Observações=160

A análise de variância feita em relação a variável altura assim como para o diâmero da base

das espécies plantadas em 2008/2009 revelaram a existência de diferênças significativas entre

as espécies. Com base no teste de médias de Bonferroni, as espécies Bridelia micrantha e

Erythrina humeana não são estatisticamente diferentes e também apresentam em média maior

altura e diâmetro enquanto que Khaya nhasyca e Albizia adiantifolia não apresentam

diferenças significativas entre sí mas apresentam em média menor altura e diâmetro em

relação as anteriores.

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Em todos os casos observa-se que o valor do coeficiente de variação foi muito elevado, o que

pode ser atribuido ao tamanho da amostra usado. Portanto há uma necessidade de aumentar a

intencidade amostral nos próximos estudos para melhor abrangência.

4.3.1. Crescimento quanto ao ano de plantio

Quando analisadas todas as espécies em relação ao ano de plantio, pelo teste t existem

diferenças altamente significativas para as variáveis altura e diámetro (P<0,05). Portanto,

observando os resultados, conclui-se que as árvores plantadas em 2007 tem árvores com

diâmetro e altura superiores em relaçao as do ano 2008/2009 (Anexo 2).

4.4. Análise das abundâncias

Não obstante as diferenças de crescimento em altura e em diámetro, analisando conjuntamente

as abundâncias das espécies plantadas nos dois anos pelo teste t não existe diferença

significativa ao nível de significãncia de 5%. Isto deve-se ao facto da abundância ser

influenciada pelo número de indivíduos e não pelo diámetro e altura (Anexo 3).

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4.5. Aspectos Sócio-económicos da plantação

4.5.1. Papel do Governo na recuperação da SG

As autoridades distritais e locais participam na divulgação de leis e práticas de uso sustentável

dos recursos naturais e ajudam na criação de conselhos de gestão participativa. Contudo, as

comunidades dizem não sentirem a presença do governo nas actividades de recuperação pois

maior parte das comunidades vem o PNG como sendo propriedade da fundação CARR. Uma

das razões que leva a essa percepção é a falta de envolvimento conjunto dos técnicos dos

serviços distritais de florestas e fauna bravia com os técnicos do PNG no plantio e na interação

com as comunidades em prol da recuperação da SG segundo apurado junto das comunidades.

O esforço que tem sido feito no sentido de mobilizar as comunidades a aderirem à iniciativa de

recuperação não é encorajador pois segundo os gestores do projecto o seu envolvimento é

muito fraco. Essa constatação é fundamentada pelo aumento de casos de queimadas

descontroladas e a falta de iniciativa das comunidades em desenvolver actividades que

contribuam para a recuperação e conservação dos recursos naturais da SG. Enquanto isso a

comunidade de Tambarare apesar de não estar incluida no programa de recuperação, mostra

algum interesse em fazer parte do programa havendo alguns casos em que os camponeses estão

envolvidos no plantio de árvores nas zonas críticas de forma voluntária.

Um dos aspectos a ter em conta quando se pensa em programas de recuperação é que a maioria

das florestas por sua própria natureza estão localizadas dentro e frequentemente em áreas rurais

remotas. Isso significa que essas áreas são subdesenvolvidas em termos de infra-estruturas,

serviços públicos, mercados e postos de trabalho. Portanto, não é de estranhar que as

comunidades que vivem dentro e ao lado de savanas e florestas sejam caracterizadas por altos

níveis de pobreza e aparentemente oportunidades de subsistência limitada (Wunder,

2001). Cabe então ao PNG e o governo garantir a parceria com as comunidades locais e

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acompanhar essa relação para que ela aconteça de maneira justa e sustentável, tanto para a

floresta como para as comunidades e o Parque.

4.5.2. Actividades da População da SG

Mesmo antes do programa de recuperação da SG, a agricultura sempre foi a principal

actividade destas comunidades com 100% das 47 famílias entrevistadas a considerarem a

agricultura como a sua principal actividade para garantir a sua sobrevivência. Além da

agricultura as comunidades dedicam-se também a criação de gado caprino, suino, apicultura e

comércio informal. Na SG vivem maioritariamente famílias alargadas com 1 a 30 membros,

com uma média de 10 membros por família.

4.5.3. Agricultura

A serra é habitada por camponeses que praticam a agricultura itenerante caracterizada por

desmatamento e queimadas descontroladas com impacto negativo sobre o ecossistema. A

agricultura é feita em consossiação de culturas, produzindo o milho, mapira, hortícolas, batata

reno, batata doce, feijão vulgar, feijao jugo, feijão boer, feijão nhemba, mandioca, inhame,

abóbora, pepino, mandioca, e amendoim. Alguns camponeses produzem também culturas de

rendimento como o tabaco, girassol, gergelim, ananás e banana sendo as duas últimas as mais

produzidas (Figura 2). O tamanho das machambas varia de 1ha a mais de 5ha. Sendo 6% dos

entrevistados produzem em machambas de 1ha, 34% com 2ha, 15% com machambas de 3ha a

mesma percentagem para machambas de 4ha, 2% com 5ha e 28% têm machambas com mais

de 5ha de área.

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Os camponeses recebem assistência técnica através da distribuicao de sementes melhoradas e

treino de práticas agrícolas por parte dos extencionistas dos SDAE de Gorongosa para

melhorar a produção. Em relação ao destino da produção 92% dos entrevistados produzem

para consumo e venda, 3% produzem apenas para o consumo e 5% para a venda. Na SG

produz-se grandes quantidades de produtos agrícolas mas exixte falta de mercado para a sua

comercialização devido a dificuldades de escoamento da produção. O periodo de colheita

conscide com a época de chuvas e nesse período o trânsito para a vila da Gorongosa é

condicionado.

Figura 3: Tamanho das machambas e suas respectivas percentagens.

Observações feitas nas machambas indicam que associada a agricultura itenerante, as

queimadas periódicas constituem uma das grandes ameaças à biodiversidade e degradação da

SG. Contrariamente ao desafio da fundação CARR e do governo de reduzir os níveis de

desmatamento para a conservação do ecossistema ribeirinho a tendência actual dos

camponeses é aumentar as suas áreas de cultivo nas áreas críticas devido a alta fertilidade com

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51% dos camponeses a produzirem próximo dos rios, 42,6% na zona alta e 6,4% a produzirem

na zona baixa.

Estudos feitos pela USAID (2008) indicam que o crescimento da população em Moçambique

tem intensificado drasticamente a necessidade de terras agrícolas, bem como para produtos

florestais e faunísticos, aumentando assim a pressão acrescida sobre os recursos limitados.

Contudo, o aumento da produtividade agrícola é tido como um dos pilares fundamentais para

sustentar o crescimento económico e a redução da pobreza no país.

Como consequência da garande procura de lenha e carvão para abastecer os grandes centros

urbanos e as industria do tabaco, chá, panificação bem como as cerâmicas extensas áreas estão

degradadas ou desprovidas de cobertura vegetal, agravando a situação da população mais

vulnerável que tem na lenha e carvão a sua principal fonte de energia domestica. Neste

panorama, justifica-se o desenvolvimento de plantações para fins energéticos para satisfação

das necessidades básicas da população e para o abastecimento de energia lenhosa a industria

que tem na lenha a sua principal fonte (MINAG, 2006).

4.5.4. Contribuição das comunidades na recuperação da SG

A população reconhece a importância do plantio de árvores na conservação das fontes de água

contudo, diz ser difícil encontrar outras áreas onde possam ter acesso aos recursos básicos

(lenha e estacas), água e terra fértil disponivel para a ágricultura e sugeriu também o plantio de

fruteiras e espécies para a produção de lenha. Instados sobre a possibilidade de abandonar as

suas machambas para dar lugar a plantação, 23,4% dos entrevistados aceitam desde que sejam

criadas as condições para o acesso a esses recursos. Enquanto que 76,6% recusam-se

completamente em abandonar as suas machambas.

O sentimento mostrado pelos entrevistados reforça a hipótese de que a comunidade está muito

dependente dos recursos da SG como refere um dos camponeses “Esta terra herdamos dos

nossos pais e a vida fora daquí vai ser dificil pois aqui nós produzimos muito”. O plantio de

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árvores de uso múltiplo e de rápido crescimento em áreas menos produtivas fora da SG pode

ajudar a reverter alguns dos impactos graves da perda e degradação do ecossistema e fornecer

um acesso mais seguro a uma série de produtos florestais, incluindo a lenha e produtos

florestais não-madeireiros de que as comunidades necessitam.

4.5.5. Conhecimento da lei pelas comunidades

Em relação ao conhecimento das leis sobre a conservação dos recursos naturais 91,5% dos

entrevistados dizem conhecer a lei referindo-se que tiveram conhecimento através de palestras

e sencibilização promovidas pelo governo sobre os problemas resultantes das queimadas e

desmatamento. Nao obstante o conhecimento da lei e da importância da conservação, apenas

38,35% das familias dizem fazer algumas actividades em prol da recuperação da Serra: plantio

de árvores de fruta, sencibilização sobre os perigos das queimadas descontroladas, abandono

das machambas proximo dos rios e colheita de sementes de especies florestais facto que não

foi comprovado nas observações feitas nas casas e machambas dos mesmos.

O programa de recuperação da SG está inserido no campo ambiental porém, a análise de

Loureiro (2008) refere que a comunicação, os incentivos para a conservação e a lei se

complementam na formação do tripé básico para a formulação de uma boa política de

conservação. Nas zonas rurais existem muitas pessoas pouco informadas, assim cabe à

comunicação o papel fundamental de orientar e mobilizar para a conservação. Os incentivos

econômicos na conservação buscam a justiça econômica e social e podem agir como indutores

do comportamento pró-ativo da população. Por fim, a lei além de dar contornos finais aos dois

fundamentos de política, dão conta de organizar procedimentos de comando e controle, que são

os elementos estruturantes, quase que hegemônicos na composição das políticas públicas

ambientais, instituídas nos seus três níveis (económico, social e ambiental)

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4.5.6. Beneficios do Projecto de Recuperação para as comunidades

Os entrevistados do posto administrativo de Nhamadzi foram unânimes em afirmar que o

projecto está a contribuir para a melhoria das condições de vida nas regiões abrangidas através

de emprego, construção de estradas, escolas e intensificação das actividades comerciais de

pequena escala. Outras vantagens referem-se a plantação tendo se referido a conservação de

fontes de água, informação e educação sobre o plantio de árvores e educação ambiental. Em

Vundudzi, algumas familias vem o projecto de recuperação como uma forma de reduzir a sua

área de cultivo.

4.6. Ecoturismo na Serra da gorongosa

As beleza natural das cascatas da SG no rio Murombodzi constitui grande atractivo turístico na

região, tornando-se numa das fontes de receita para o PNG. Parte das receitas provenientes

desta actividade (20%) é atribuida as comunidade locais para aplicação em programas de

desenvolvimento local. 1Uma experiência Brasileira no âmbito do Corredor Central da Mata

Atlântica, demonstrou que o ecoturismo pode ser uma alternativa importante para enfrentar

questões relacionadas à participação social e ao uso sustentável dos recursos naturais e

culturais em regiões prioritárias para a conservação.

Como referem Saab & Daemon (2000), esta atividade turística permite a utilização sustentável

do patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma

consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das

populações envolvidas. Para tal deve ser encarado como um esforço conjunto entre a

população local e turistas conscientes e preocupados em preservar as áreas naturais e seus

patrimônios culturais e biológicos, através do apoio ao desenvolvimento da comunidade local.

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4.7. Plano de monitoramento da plantação

A população da SG está cada vez mais ameaçada com a degradação da Serra motivada pela

sobre exploração dos recursos florestais (lenha e estacas), intensificação da agricultura

itinerante e queimadas descontroladas. Em contrapartida mostram-se menos fortes em relação a

sua protecção e conservação.

A par do programa de recuperação que está sendo feito através do plantio de árvores nativas,

torna-se importante o desenvolvimento de acções de monitoramento virado as comunidades

nas quais são necessárias ferramentas ao nível local para acompanhar o processo de

crescimento da plantação. Assim, pretende-se com este guião estabelecer uma actividade

comunitária de monitoramento da plantação florestal até aos 3 m de altura.

4.7.1. Porquê plantar e cuidar das árvores?

As árvores podem ser plantadas em vários locais e com diferentes propósitos desde a protecção

até a produção. Essas funçoões não beneficiam somente ao Homem como também as outras

plantas, animais, solo e ao meio ambiente. Exemplo disso é que as árvores produzem o

oxigénio que respiramos, lenha, estaca, plantas medicinais, protegem o solo contra a erosão,

reciclam os nutrientes das camadas profundas, regulam o clima e funcionam como barreira

contra a poluição.

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4.7.2. Actividades de monitoramento

Para que a comunidade junto aos alunos possam realizar o monitoramento florestal primeiro

precisam estar organizados em equipas compostas por um coordenador de campo,

enumeradores e medidores de diámetro e altura. Não basta apenas que as comunidades saibam

monitorar sem saber plantar, razão pela qual estão incluidas neste plano algumas actividades

importantes para o estabelecimento de uma plantação. O plano conpreende: a capacitação,

colheita de sementes, produção de mudas, plantio, avaliação da sobrevivência das plantas,

replantio, avaliação de crescimento (medição da altura e diámetro ao nível do solo ou diâmetro

da base) e avaliação de sanidade das plantas.

4.7.3. Material Necessário

O bom andamento das actividades de monitoramento da plantação requer a disponibilidade de

equipamento básico para a sua execução que, a seguir é mencionado:

• Fita métrica

• Vara graduada

• Corda

• Catana

• Enxada

• Flip Shart

• Saco plástico (de Açucar)

• Peneira

• Substracto.

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4.7.3. Colheita e tratamento de sementes

A colecta de sementes deve ser feita em árvores adultas com características superiores em

relação as outras da mesma espécie, bom vigor e que apresente frutos maduros com sementes

saudáveis. Os métodos de colheita variam de espécie para espécie e das características da

árvore. Este tabalho está virado para a conservação por isso não se aconselha cortar as árvores

para colher sementes optando-se por:

• Colocar um saco ou um lençol por baixo da árvore, sacudir os ramos e recolher as

sementes que caem no recipiente ou

• Subir na árvore e colher os frutos.

No caso das vagens precisam ser expostas ao sol para se abrirem e depois colher as sementes.

Com uma peneira deve-se seguir a remoção da sujidade e das sementes imaturas. Se não

puderem ser plantadas imediatamente devem secar-se num local com sombra e bem arejado

mas não directamente exposto ao sol, evitando a infecção por fungos e batérias. Assim já

podem ser empacotadas e conservadas em vasos, frasco ou saco a uma temperatura média de

25o. Aconselha-se o uso de métodos locais já conhecidos desde que se obtenha sementes de

qualidade.

4.7.4. Preparação das mudas e Plantio

Algumas sementes antes de serem semeadas precisam de um tratamento pré-germinativo. No

caso das sementes com casca dura (tegumento duro) devem passar por uma escarificação que

consiste em esfregá-las sobre uma superfície rugosa como numa pedra por exemplo. As

sementes devem ser semeadas directamente nas embalagens de açucar, contendo um substracto

previamente preparado. A germinação deve ser acompanhada detalhadamente seguindo-se o

exemplo da tabela a seguir mas, se o número de mudas a produzir for entre 100 a 500 escolhe-

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se apenas 20% e quando for acima de 500 escolhe-se aleatoriamentee 10% dos vasos para

determinar a percentagem de germinação:

Tabela 8: Exemplo de acompanhamento de germinação

Umbaua (Espécie)

Vaso Sementes plantadas Sementes germinadas Tempo de germinação (dias)

1 3 2 13

2 3 1 16

3 3 2 14

4 3 3 14

5 3 2 17

Depois de emergir as plântulas deve-se manter uma muda por embalagem até atingirem uma

altura de 25 a 30 cm. O plantio deve ser feito no período chuvoso para conseguir maior

percentagem de sobrevivência, em covas de 40 cm diâmetro e 40 cm de profundidade também

deve-se garantir a limpeza num raio de 60 cm em volta das plantas. Algumas espécies como a

Erythrina humeana pode ser plantada via estaca e o seu crescimento é mais rápido.

4.7.5. Onde plantar?

Plantar em áreas degradadas, matas fragmentadas, terrenos em pousio ou abandonados,

margens dos rios com pouca cobertura vegetal e áreas em risco de erosão. Todas as áreas

plantadas devem ser devidamente identificadas para facilitar o acompanhamento periódico do

seu crescimento.

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4.7.6. Cuidados com a regeneração natural

Deve-se estimular a regeneração natural melhorando as condições de crescimento e protegendo

as plantas contra risco de incêndios.

4.7.7. Monitoramento do crescimento

Para execução do inventário, inicialmente devem ser localizadas áreas a serem inventariadas.

Depois desta identificação prévia, faz-se o reconhecimento do local e levantamento do

perímetro destas áreas, para posteriormente serem elaborados croquis. Segue-se então a

implantação de parcelas de 50 x 30 metros com auxílio de fita métrica e demarcá-las com

estacas.

4.7.8. Avaliação do crescimento

O crescimento será estimado com base na medição de altura e diámetro. Usando uma vara

graduada de 4 m mede-se a altura das plantas. Devido ao menor tamanho das plantas, o

diámetro deve ser medido a altura do solo (base) usando fita métrica e o valor encontrado

corresponde ao perímetro que depois será convertido em diámetro. As medições devem ser

feitas seguindo o cronograma apresentado na tabela e os valores devem ser anotados na tabela

de levantamento de dados.

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4.7.9. Avaliação da sobrevivência

Consistirá na contagem de plantas vivas em todas as áreas plantadas. A percentagem das

plantas vivas corresponde a sobrevivência dos individuos.

4.7.10. Avaliação da sanidade

Observação da presença de possíveis danos, doenças e pragas nas plantas. Segundo as suas

caracteristicas da planta, será atribuida uma categoria correspondente ao estado sanitário da

mesma:

1-Muitos danos, ataque grave de pragas e doenças

2- Poucos danos e alguns sinais de ataque de pragas e doenças

3- Bom vigor e sem danos

4.7.11. Replantio/Retancha

Substituição das plantas mortas por outras da mesma espécie nos mesmos lugares onde

estavam as anteriores. Para evitar a competição com ervas daninhas deve-se fazer limpeza 60

cm em volta das plantas.

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Tabela 9: Actividades a serem desenvolvidas no monitoramento da plantação

Actividades Indicadores Treinamento e capacitação das comunidades e alunos

No de pessoas formadas na comunidade

Colheita de sementes Quantidade de sementes colhidas Produção de mudas Número de mudas produzidas Plantio Número de plantas ou área plantada Avaliação da sobrevivência Percentagem de plantas vivas Retancha ou Replantio Número de mudas plantadas Avaliação da sanidade Danos, doenças e presença de pragas Avaliação de crescimento Diámetro e altura das plantas

4.7.12. Estrutura de Implementação do plano

A implementação do plano irá envolver o PNG, as comunidades, escolas (alunos e professores)

e os serviços distritais de actividades económicas de Gorongosa (SDAE).

O PNG através dos seus técnicos florestais junto aos técnicos do SDAE afectos ao sector de

florestas serão responsáveis pela formação, capacitação das comunidades e dos alunos para a

compreensão das actividades de plantio, inventário florestal e levantamento do perímetro das

áreas a serem monitoradas para a elaboração dos croquis. Caberá então as associações

(comunidades e alunos) a implementação e a continuidade do processo de acompanhamento

contínuo das actividades de plantio. O SDAE e o PNG não devem estar desligados das

actividades, devendo dar assistência períodica aos camponeses e às escolas para avaliar o seu

andamento.

O cronograma de actividades e a ficha de levantamento de dados de campo para o

monitoramento estão apresentados nos anexos 4 e 6 respectivamente.

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Figura 4: Estrutura de implementação do plano de monitoramento da plantação.

 

                       PNG

 

COMUNIDADE  

 

ESCOLA  

 

                       SDAE  

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5. CONCLUSÕES

A análise feita nesse estudo permite concluir que do ponto de vista de recuperação o plantio feito

até ao ano 2009 está longe de restabelecer o ecossistema perdido e garantir a conservação da

Serra da Gorongosa.

Em termos de estrutura e composição específica foram identificadas 13 espécies plantadas das

quais 4 apresentaram boa capacidade de adaptação e crescimento: Khaya nhasyca, Afzelia

quanzensis, Melia azedarach e Albizia rotundifolia. A densidade das árvores sobreviventes na

plantação de 2007 foi de 395 indivíduos/ha e 136.7 indivíduos/ha para a plantação de 2008/09,

em termos de crescimento a plantação de 2007 apresentou maior crescimento em altura e

diámetro, valores muito baixos em relação a área intacta onde, nos pequenos fragmentos

remanescentes foram identificadas 21 espécies com uma densidade de 1156,25 indivíduos/ha,

das quais apenas a Albizia adiantifolia, Brachystegia spiciformis, Bridelia micrantha e

Pterocarpus angolensis foram usadas na plantação de recuperação.

O projecto de recuperação da SG não está apenas preocupado com a plantação como também

com a vida das comunidades tendo construido escolas, estradas e emprega a população local nas

suas actividades. Em contrapartida o projecto não é bem visto pelos camponeses que vivem da

agricultura, nalgumas áreas em recuperação ainda prevalece a actividade agrícola e extração de

lenha e estacas, causando a morte das árvores plantadas. Também não existem actividades que

contribuam na conservação e recuperação da SG por parte das próprias comunidades.

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6. RECOMENDAÇÕES

ü Adoptar medidas de conservação nas áreas abaixo dos 700m principalmente ao longo dos

cursos de água onde a degradação é intensa;

ü Estabelecer wood lots (pequenas matas) em áreas improdutivas fora da SG usando

espécies de rápido crescimento para a produção de lenha e estacas;

ü Promover práticas conservacionistas e melhorar a produção e produtividade agrícolas das

comunidades abaixo dos 700m;

ü Estudar o comportamento silvicultural das espécies utilizadas na recuperação visando a

determinação de seus potenciais para uso em outras áreas e

ü Elaborar um plano de reabilitação da Serra enfatizando a função protectora das espécies

arbóreas e garantir que a integridade ecologica seja reforçada, ao mesmo tempo acumular

benefícios tangíveis à populacao local.

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ANEXOS

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ANEXO 1: Parámetros ecológicos de toda a plantação: Frequência absoluta (FA), Frequência

relativa (Fr), Abundâsncia absoluta (Ab), Abundância relativa (Abr), Dominância absoluta (Do),

Dominância relativa (DoR), Índice de valor de importância (IVI) e Índice de MacGuinnes

(IGA).

Espécie FA FR Ab Abr DoA Dor IGA IVI

Afzelia quanzensis 0,29 8,33 86,00 14,13 0,11 23,94 73,03 46,41

Albizia adiantifolia 0,57 16,67 32,00 5,26 0,05 9,97 10,79 31,90

Albizia rotundifolia 0,29 8,33 38,00 6,24 0,10 21,96 32,27 36,54

Albizia versicolor 0,14 4,17 2,00 0,33 0,00 0,34 3,71 4,84

Brachystegia

spiciformis 0,29 8,33 18,00 2,96 0,01 1,57 15,28 12,86

Bredelia micrantha 0,14 4,17 20,00 3,29 0,01 1,47 37,07 8,93

Ceiba pentandra 0,14 4,17 8,50 1,40 0,02 3,34 15,75 8,91

Erythrina humeana 0,14 4,17 56,00 9,20 0,00 0,14 103,79 13,51

Khaya nhasyca 0,57 16,67 265,50 43,63 0,03 6,83 89,53 67,13

Melia azedarach 0,14 4,17 35,00 5,75 0,12 26,62 64,87 36,54

Milletia sthulmanni 0,43 12,50 44,00 7,23 0,02 3,31 22,46 23,04

Pterocarpus

angolensis 0,14 4,17 0,50 0,08 0,00 0,36 0,93 4,61

Shortia brachypetala 0,14 4,17 3,00 0,49 0,00 0,14 5,56 4,80

Total 3,43 100 608,50 100,00 0,46 100,00 475,05 300

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ANEXO 2: Representação dos testes para análise de crescimento das espécies

Teste t da variável Db assumindo variâncias diferentes

2007 2008/09 Mean 5,125407 2,577289157 Variance 9,340137 1,320432001 Observations 307 166 Hypothesized Mean Difference 0

Df 432 t Stat 13,00698 P(T<=t) one-tail 3,59E-33 t Critical one-tail 1,648388 P(T<=t) two-tail 7,18E-33 t Critical two-tail 1,96547

α=0.05

Teste t das abundância das espécies plantadas (α=0.05).

2007 2008/09 Mean 40,5 53,32031 Variance 1587,917 2729,797 Observations 10 8 Pooled Variance 2087,489

Hypothesized Mean Difference 0

Df 16 t Stat -0,59156 P(T<=t) one-tail 0,281207 t Critical one-tail 1,745884 P(T<=t) two-tail 0,562414 t Critical two-tail 2,119905

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Teste t da altura da plantação em relação aos anos de plantio (α=0.05). 2007 2008

Mean 2,29826484 1,345301 Variance 2,425257526 0,402811 Observations 219 166 Pooled Variance 1,553968344

Hypothesized Mean Difference 0

Df 383 t Stat 7,428497499 P(T<=t) one-tail 3,60629E-13 t Critical one-tail 1,648841836 P(T<=t) two-tail 7,21258E-13 t Critical two-tail 1,966177117

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ANEXO 3: Fotos

a) Queimadas na área com regeneração natural b) Curso de água com vegetação nas margens

c) Preparação de vasos d) Produção de mudas

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e) Floresta intacta com espécies de Newtonia f) Área sob plantação com Khaya nhasyca bucanamii

g) Vista das cascatas da Serra da Gorongosa

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h) Machambas com culturas de ananás e banana na base da SG.

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ANEXO 4: Cronograma de actividades de monitoramento da plantação.

PERÍODO (MESES) ACTIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11-21 22 23 24-33 34 35-45 46

Treinamento e capacitação das comunidades e alunos

Colheita de sementes Produção de mudas Plantio Avaliação da sobrevivência Retancha ou Replantio 1a avaliação da sanidade 1a avaliação de crescimento 2a avaliação da sanidade 2a avaliação de crescimento 3a avaliação da sanidade 3a avaliação de crescimento

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ANEXO 5: Ficha de levantamento de dados

Posto Administrativo _______________Localidade_______________Data____/ /2010

Parcela nº___ Idade da plantação______ Latitude ___________Longitude____________

Árvore Nome científico N.Vernacular DAP (cm) Ht (m) Mort. Es Observação

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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ANEXO 6: Ficha de levantamento de dados de campo para o monitoramento.

Data.....................No da Parcela........... Localização.................................

No Espécie Perímetro altura Est. Sanitário Mortalidade *Diámetro

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

*O diámetro deve ser determinado a partir do perímetro (D=Perimetro/3,14).

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ANEXO 7: Formato do questionário da esntrevista

I.COMUNIDADE

Data___/ /10 Posto Administrativo_______________Localidade______________

Aldeia_________________Latitude_______________Longitude_______________

Nome do entrevistado _________________________________________

1.O Sr. (a) conhece o trabalho do Projecto de recuperação da Serra? ( ) Sim ( ) Não

2.Está envolvido nesse Projecto? ( ) Sim ( ) Não

3.Gostaria de fazer parte? ( ) Sim ( ) Não Porquê?

4.Quantas pessoas fazem parte da sua família?_______

5. Onde é que se localiza a sua machamba?

( ) Próximo do rio ( ) Zona Alta ( ) Planície ( ) Outra___________________

6. Qual é área ocupada pelas machambas?

( )1ha ( ) 2ha ( ) 3ha ( ) 4ha ( ) 5ha ( ) Maior que 5ha

7. Sempre teve machamba nesta aldeia? ( ) Sim ( ) Não

7.1. Caso sim, há quanto tempo?_______________

7.2. Caso não, onde é que fazia?

( ) Próximo do rio ( ) Zona Alta ( ) Planície ( ) Outra_____________________

8. Qual é a razão de fazer machamba nesta aldeia?

( ) Alta fertilidade ( ) Próximo do rio ( ) Próximo da estrada ( ) Proximo de casa

( ) Outras___

9. Que culturas agrícolas produz? ( ) Milho ( ) Mapira ( ) Arroz ( ) Horticolas

( ) Outras________

10. Qual é o destino da produção? ( ) Venda ( ) Consumo ( ) Venda e Consumo

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11.Se for atribuído outra área para dar lugar a plantação aceitaria? ( ) Sim ( ) Não Porquê?

12. Além da agricultura que outras actividades faz a sua família?

( ) Caça ( ) Pesca ( ) Criação de gado ( ) Outras__________

13. Que actividades faziam antes do Projecto?

( ) Caça ( ) Pesca ( ) Criação de gado ( ) Outras_____________________

14. Existe alguma assistência técnica na agricultura? ( ) Sim ( ) Não

14.1. Se sim, que tipo de assistência?_________________________________________

15. Que produtos extraia da serra antes da projecto?

( ) Lenha ( ) Carvão ( ) Plantas medicinais ( ) Estacas ( ) Outros__________

16.Que produtos extrai actualmente da serra?

( ) Lenha ( ) Carvão ( ) Plantas medicinais ( ) Estacas ( ) Outros__________

16.2.Existem áreas alternativas para a obtenção desses produtos? ( ) Sim ( ) Não

17. Na sua opinião que vantagens/desvantagens trouxe o projecto?

Vantagens_____________

Desvantagens__________

18. Conhece alguma lei sobre o uso dos recursos existentes nesta comunidade? ( ) Sim ( ) Não

18.1. Se sim qual (s)? __________ Como é que teve conhecimento?

19.Qual tem sido a sua contribuição na recuperação da Serra?

( ) Plantar árvores ( ) Nenhuma ( ) Outra_____________________________

20. Se for atribuído mudas para plantar aceitaria? ( ) Sim ( ) Não

20.1.Caso sim, com que condição?___________________________________________

21.Além das espécies plantadas quais recomendarias?

( ) Nenhuma ( ) Não sabe ( ) Outras_________________________________

22.O projecto deve continuar? Sim ( ) Não ( )

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23.Estás satisfeito com o Projecto? ( ) Completamente ( ) Parcialmente ( ) Insatisfeito

24.Se o Projecto terminar podem fazer o acompanhamento da plantação?

( ) Sim ( ) Não

25.Que tipo de assistência precisa para continuar com as actividades de recuperação?

II. LÍDERES COMUNITÁRIOS

Data___/ /10 Posto Administrativo_______________Localidade______________

Aldeia_________________Latitude_______________Longitude_______________

Nome do entrevistado _________________________________________

1.Mudanças positivas após a plantação?_____________________________________

2.Mudanças negativas após a plantação?____________________________________

3.Havia machambas nas áreas propostas para recuperação? ( ) Sim ( ) Não

4.Quais são os benefícios da plantação para a aldeia.______________________

5.O que os moradores estão a fazer de forma diferente, como resultado do Projecto?

6.Qual tem sido a contribuição da comunidade no projecto?___________________

7. Existem associações de agricultores na comunidade? ( ) Sim ( ) Não

7.1 Se sim, qual é a sua contribuição na recuperação da Serra?

______________________________________________________________________________

8.Há divulgação da lei sobre o uso dos recursos existentes na comunidade?

( ) Sim ( ) Não

8.1.Se sim que lei (s)_____________________________________________________

8.2.Achas que essas leis estão sendo cumpridas. ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe

9.A comunidade está preparada em cuidar da plantação após o fim do projecto?

( ) Sim ( ) Não

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10.Que tipo de materiais e equipamentos precisam para fazer o acompanhamento da plantação?

III.GESTORES DO PROJECTO

1.Início do Projecto_________________

2.Duração do projecto_________

3.Principais objectivos do Projecto?

4.Qual é o nível de envolvimento da comunidade no Projecto?

5.O que fazem para motivar a participação da comunidade?

6.Qual tem sido a contribuição do governo na recuperação da Serra?

6.1.Que outra forma de contribuição sugeria por parte do governo?

7.O Projecto tem atraído aldeias vizinhas? ( ) Sim ( ) Não

7.1.Caso sim, como tem sido a sua Participação?

8.Principais problemas da plantação?

9.Limitações do projecto?

10.Outras actividades de recuperação desenvolvidas pelo Projecto.

11.A comunidade tem recebido alguma orientação em relação ao acompanhamento da plantação? ( ) Sim ( ) Não

12.Acha que a comunidade tem capacidade para fazer o monitoramento da plantação?

( ) Sim ( ) Não Porque?