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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE SARA LEÃO RODRIGUES SAÚDE E MEIO AMBIENTE: UMA ABORDAGEM ACERCA DO SANEAMENTO BÁSICO E SEU IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MANAUS/AM. Manaus – AM 2019

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

SARA LEÃO RODRIGUES

SAÚDE E MEIO AMBIENTE: UMA ABORDAGEM ACERCA DO SANEAMENTO

BÁSICO E SEU IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE

MANAUS/AM.

Manaus – AM

2019

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

SARA LEÃO RODRIGUES

SAÚDE E MEIO AMBIENTE: UMA ABORDAGEM ACERCA DO SANEAMENTO

BÁSICO E SEU IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE

MANAUS/AM.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Meio Ambiente – Mestrado

Profissional, PGCMA, da Universidade Federal do Pará, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Ciências e Meio Ambiente.

Área de concentração: Recursos Naturais e Sustentabilidade

Orientador: Dr. Davi do Socorro Barros Brasil

Manaus – AM

2019

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SAÚDE E MEIO AMBIENTE: UMA ABORDAGEM ACERCA DO SANEAMENTO

BÁSICO E SEU IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE

MANAUS/AM.

SARA LEÃO RODRIGUES

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Meio

Ambiente – Mestrado Profissional (PGCMA) da Universidade Federal do Pará como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências e Meio Ambiente.

Área de Concentração: Recursos Naturais e Sustentabilidade

Aprovada em: 04/11/2019

Banca Examinadora

_______________________________________________

Prof. Dr. Davi do Socorro Barros Brasil

(Presidente - Orientador)

________________________________________________

Prof. Dr. Gilmar Walzeler Siqueira

(Examinador Interno do Programa)

_______________________________________________

Prof. Dra. Nadime Mustafá Moraes

(Examinador Externo à Instituição)

Manaus - AM

2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicidade (CIP) de acordo com ISBD

Biblioteca ICEN/UFPA-Belém-PA

R696s Rodrigues, Sara Leão

Saúde e meio ambiente: uma abordagem a cerca do

saneamento básico e seu impacto na saúde pública do

município de Manaus/AM/Sara Leão Rodrigues.-2019.

Orientador: Davi do Socorro Barros Brasil.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará,

Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Meio ambiente, 2019.

1. Saúde ambiental-Manaus (AM). 2. Saúde pública-

Aspectos ambientais-Manaus (AM). 3. Saneamento-Manaus

(AM). 4. Medicina tropical. I. Título.

CDD 22. ed. – 363.7098113

Elaborado por Leila Maria Lima Silva – CRB-458/81

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Dedico este trabalho a todos aqueles que

contribuíram para sua realização,

principalmente à Deus, que me permitiu

chegar até o fim, á minha família, em especial

a minha querida e amada Mãe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta jornada,

me dando saúde, sabedoria e entendimento para alcançar esse objetivo.

À Senhora Maria Leão Rodrigues, fonte da minha inspiração, que sempre esteve ao

meu lado, apoiando e fazendo o possível e até mesmo o impossível para concretizar essa

vitória, sonhou o mesmo sonho que eu, essa conquista é sua MÃE.

Ao meu orientador Professor Dr. Davi do Socorro Barros Brasil, pelo

acompanhamento durante as pesquisas e pela assistência na elaboração desta dissertação, pela

paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta dissertação, pela

compreensão e amizade, muito obrigada professor Davi.

Aos meus irmãos, colegas e amigos pelo incentivo e apoio constante, por estarem ao

meu lado, dando força e motivação para conseguir chegar até o fim.

A minha irmã Rachel pelo apoio, troca de experiência e incentivo.

Ao Dr. João Bosco Lissandro Botelho por estar ao meu lado, apoiando e incentivando

para a conclusão deste trabalho.

Ao Instituto de Tecnologia e Educação Galileu da Amazônia – ITEGAM, que permitiu

a realização deste mestrado, por meio da parceria com a UFPA, a equipe administrativa e

técnica do ITEGAM pelo apoio.

Ao Professor Dr. Jandecy Cabral, a Tereza, ao Professor Alberto pela força e

incentivo.

Ao Professor Dr. Cláudio Nahum Alves, coordenador do curso de mestrado pela

parceria, compreensão e apoio, sempre mostrando paciência e clareza e suas atitudes.

Aos professores do curso, que foram tão importantes nesta etapa da minha vida, aos

Professores Dr. Claúdio Nahum, Dr. Davi Brasil, Dr. Cledson Nahum, Dr. José Helder, Dr.

Marcelo de Oliveira, Dr. Waldinei Rosa, Dr. Jerônimo Lameira, Dr. Ricardo Amorim, Dr.

Gilmar Wanzeler, Dr. Edivaldo Herculano, Dra. Adriana, Dr. Jandecy Cabral pelos

ensinamentos e experiências vivenciados em sala de aula.

Aos amigos e colegas de classe que me acolheram e compartilharam conhecimento

durante o período do curso, em especial a Eliene, Victo e Delciane, pelo companheirismo e

apoio.

A todos aqueles que de alguma forma estiveram presentes, contribuindo para o

sucesso da minha jornada.

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SAÚDE E MEIO AMBIENTE: UMA ABORDAGEM ACERCA DO SANEAMENTO

BÁSICO E SEU IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE

MANAUS/AM.

SARA LEÃO RODRIGUES

RESUMO

A presente pesquisa enfoca a relação da saúde e meio ambiente, fazendo uma abordagem

acerca da situação de saneamento básico na cidade de Manaus, verificando as principais

variáveis existentes e determinantes que influenciam no processo saúde-doença, sendo o

abastecimento de água, instalações sanitárias e coleta de lixo, correlacionando com a

ocorrência de doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado e seu impacto na saúde

pública, bem como a incidência de doenças e agravos relacionados ao saneamento básico

inadequado. Trata-se de pesquisa bibliográfica e documental, por meio de métodos

qualitativos e quantitativos, mediante coleta de dados eletrônicos provenientes dos bancos de

dados oficiais DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), quais

sejam o Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM; Sistema de Informação de Agravos

de Notificação – Sinan; Sistema de Informações Hospitalares - SIH; Sistema de Informações

Ambulatoriais – SAI, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e SNIS (Sistema

Nacional de Informações sobre Saneamento). O município de Manaus/AM foi selecionado

para a área de estudo devido à deficiência de sua infraestrutura sanitária, alta taxa de

crescimento da população, e a forte incidência de doenças tropicais relacionadas diretamente

com as condições sanitárias. Neste sentido, o objetivo do estudo é verificar a situação da

saúde publica urbana do município de Manaus/AM, sob o ponto de vista das condições de

saneamento ambiental, fazendo uma análise acerca dos gastos em saúde pública, além de

propor soluções para os principais problemas detectados, uma vez que as informações obtidas

servem de base para tomada de decisões, por refletirem os principais problemas existentes.

Palavras-chave: saúde; meio ambiente; saneamento básico; saúde pública.

Manaus – AM

2019

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HEALTH AND ENVIRONMENT: AN APPROACH ON BASIC SANITATION AND

ITS IMPACT ON PUBLIC HEALTH OF MANAUS / AM CITY.

SARA LEÃO RODRIGUES

ABSTRACT

The present study focuses on the relationship between health and the environment, focusing

on the basic sanitation situation in the city of Manaus, verifying the main variables and

determinants that influence the health-disease process, being water supply, sanitation facilities

and collection of garbage, correlating with the occurrence of diseases related to inadequate

basic sanitation and its impact on public health, as well as the incidence of diseases and

diseases related to inadequate basic sanitation. It is a bibliographical and documentary

research, through qualitative and quantitative methods, through the collection of electronic

data from the DATASUS official databases (Information System of the Unified Health

System), namely the Information System on Mortality - SIM; Notification of Injury

Information System - Sinan; Hospital Information System - SIH; Outpatient Information

System - SAI, IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) and SNIS (National

Information System on Sanitation). The municipality of Manaus / AM was selected for the

study area due to the deficiency of its sanitary infrastructure, high population growth rate, and

the strong incidence of tropical diseases directly related to sanitary conditions. In this sense,

the objective of the study is to verify the urban public health situation of the city of

Manaus/AM, from the point of view of environmental sanitation conditions, analyzing public

health expenditures, and propose solutions for the main problems, since the information

obtained serves as a basis for decision-making, as it reflects the main problems that exist.

Keywords: health; environment; sanitation; public health.

Manaus – AM

2019

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Localização da área de estudo. Município de Manaus, capital

do Estado do Amazonas, Brasil................................................... 23

Figura 2.2 Esgotamento Sanitário Adequado, segundo IBGE 2019.

Município de Manaus/AM, Brasil............................................... 25

Figura 2.3 Grupos de dados. Base de dados Nacionais. .............................. 26

Figura 3.1 Vertentes do Saneamento Básico................................................. 42

Figura 4.1 Extensão da rede de abastecimento de água. Manaus, 2010 a

2017.............................................................................................. 62

Figura 4.2 Extensão da rede de esgoto. Manaus, 2010 a 2017...................... 62

Figura 4.3 Resíduos despejados no Igarapé da Cachoeirinha, Manaus/AM. 67

Figura 4.4 Resíduos despejados no Igarapé do 40, Manaus/AM.................. 67

Figura 4.5 Resíduos despejados em local proibido, Manaus/AM................. 68

Figura 4.6 Lixeira viciada, Manaus/AM....................................................... 69

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LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 Saneamento Básico: serviços, infraestruturas e instalações

operacionais................................................................................. 43

Quadro 3.2 Doenças veiculadas por água contaminada.................................. 48

Quadro 3.3 Vetores que transmitem doenças pela presença de resíduos

sólidos ou líquidos....................................................................... 49

Quadro 4.1 Modalidades contratuais de Coleta operadas pelas

Concessionárias e Terceiros......................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1

Unidades por tipo de estabelecimento. Município de

Manaus/AM, Brasil, de Jan/2010 a Jan/2017.............................. 24

Tabela 3.1 Doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado........... 47

Tabela 3.2 Ranking do saneamento 2017 das 10 melhores cidades X 10

piores cidades entre os 100 municípios do Brasil....................... 51

Tabela 4.1 Óbitos totais, óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e

óbitos relacionados ao saneamento básico inadequado.

Manaus, 2010 a 2017.................................................................. 53

Tabela 4.2 Óbitos por causa definida relacionados ao saneamento básico

inadequado. Manaus, 2010 a 2017.............................................. 54

Tabela 4.3 Taxa de incidência dos casos de óbitos por doenças

relacionados ao saneamento básico inadequado. Manaus, 2010

a 2017.......................................................................................... 55

Tabela 4.4 Internações por Capítulo CID - 10. Manaus, 2010 a 2017.......... 56

Tabela 4.5 Casos confirmados de doenças de notificação compulsória no

Sistema de Informação de Agravo de Notificação, por doença

relacionada ao saneamento básico inadequado. Manaus, 2010 a

2017............................................................................................. 57

Tabela 4.6 Internações, Valor dos serviços hospitalares, Valor dos

serviços profissionais, Valor total por doenças relacionadas ao

Saneamento Básico inadequado. Manaus, 2010 a 2017............. 58

Tabela 4.7 Internações, Valor dos serviços hospitalares, Valor dos

serviços profissionais, Valor total por causa definida

relacionadas ao Saneamento Básico inadequado. Manaus,

2010 a 2017................................................................................. 59

Tabela 4.8 Informações de água. Prestador. Manaus Ambiental – MA

(empresa privada). Abrangência local. Manaus, 2010 a

2017.......................................................................................... 60

Tabela 4.9 Informações de água. Prestador Companhia de Saneamento do

Amazonas – COSAMA (sociedade de economia mista).

Abrangência regional. Manaus, 2010 a 2017.............................. 61

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Tabela 4.10 Índices de atendimentos.............................................................. 63

Tabela 4.11 Informações de esgoto. Prestador Manaus Ambiental – MA

(empresa privada). Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017.... 64

Tabela 4.12 Indicadores operacionais - esgoto. Prestador Manaus

Ambiental – MA (empresa privada). Abrangência local.

Manaus, 2010 a 2017..................................................................

65

Tabela 4.13 Informações gerais, informações sobre coleta domiciliar e

pública. Manaus, 2010 a 2017,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,......... 70

Tabela 4.14 Informações sobre quantidade coleta domiciliar e pública.

Manaus, 2010 a 2017.................................................................. 70

Tabela 4.15 Indicadores sobre coleta domiciliar e pública. Prestador

Secretaria Municipal de limpeza pública (SEMULSP).

Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017................................... 71

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NOMENCLATURA

ANVISA

ASSEMAE

AM

CRFB/88

DATASUS

D.O.U

DRSAI

DUDH

FUNASA

FVS

IBGE

OSCIP

OMS

PLANASA

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS MUNICIPAIS DE

SANEAMENTO

AMAZONAS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE

1988

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO DE

SAÚDE

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO INADEQUADO

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE

FUNDAÇÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLCO

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO

RDO

RPU

SAI

SIH

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

RESÍDUOS SÓLIDOS PÚBLICO

SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS

SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES

SIM SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE

SINAM SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE AGRAVO DE NOTIFICAÇÃO

SNIS

SNS

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE SANEAMENTO

SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO

SUS

UFM

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

UNIDADE FISCAL DO MUNICÍPIO

ZFM ZONA FRANCA DE MANAUS

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 16

1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 18

2.1.2 Objetivo específico ..................................................................................................... 18

1.3 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA ................................................... 18

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 19

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 21

MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 21

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 21

2.2 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................... 22

2.2.1 O Município de Manaus ............................................................................................ 22

2.2.1.1 Serviço de saúde ..................................................................................................... 24

2.2.1.2 Situação sanitária e ambiental ............................................................................... 25

2.3 CARACTERIZAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ...................................... 26

2.3.1 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE .......................................... 26

2.3.2 O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS ................................. 27

2.3.3 O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS ............... 28

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................ 30

REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................... 30

3.1 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA verus SANEAMENTO BÁSICO ................. 30

3.2 O SANEAMENTO AMBIENTAL .................................................................................... 33

3.3 O DIREITO A SAÚDE ....................................................................................................... 34

3.4 O DIREITO AO MEIO AMBIENTE ............................................................................... 36

3.4.1 A justiça ambiental ..................................................................................................... 37

3.5 O DIREITO AO SANEAMENTO BÁSICO .................................................................... 38

3.5.1 Aspectos legais ........................................................................................................... 40

3.5.2 O serviço de saneamento ............................................................................................ 42

3.6 DETERMINANTES SOCIAIS E AMBIENTAIS ........................................................... 44

3.7 DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO BÁSICO INADEQUADO ........ 46

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3.8 RANKING DO SANEAMENTO....................................................................................... 50

CAPÍTULO 4 ............................................................................................................................ 52

RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................ 52

4.1 PERFIL DA PESQUISA .................................................................................................... 52

4.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS DE MORTALIDADE E MORBIDADE NO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .............................................................................................. 53

4.2.1 Mortalidade geral e por DRSAI no Município de Manaus ........................................ 53

4.2.2 Taxa de incidência dos casos de óbitos por DRSAI ................................................... 55

4.2.3 Morbidade hospitalar no SUS por Capítulo CID-10 ................................................. 55

4.2.4 Morbidade hospitalar no SUS por doenças de notificação compulsória relacionadas

ao saneamento básico inadequado ............................................................................................. 57

4.3 GASTOS DO SUS COM MORBIDADE HOSPITALAR POR DOENÇAS

RELACIONADAS AO SANEAMENTO BÁSICO ............................................................... 58

4.4 OS SERVIÇOS DE SANEAMENTO EM MANAUS ..................................................... 60

4.4.1 Informações de água .................................................................................................. 60

4.4.2 Informações de esgoto ................................................................................................ 64

4.4.3 Informações de resíduo sólido.................................................................................... 65

4.5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ................................................................................ 71

CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................ 75

5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 75

5.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 79

APÊNDICE ................................................................................................................................ 85

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CAPÍTULO 1

1.1 INTRODUÇÃO

A qualidade de vida humana está ligada diretamente as condições de infraestrutura

urbana, por isso torna-se de grande relevância manter espaços ecologicamente saudáveis com o

intuito de manter a boa qualidade de vida e bem estar (JEROME, 2019).

Costa (2013) salienta que a situação sanitária constitui um fator que influência no

processo de saúde-doença da população, ocasionando sérios problemas de saúde pública, tanto

no que diz respeito à gravidade, quanto por sua onerosidade ao Estado.

Investimento em prevenção e promoção à saúde e dos fatores determinantes para o bom

desenvolvimento do indivíduo constitui uma alternativa eficaz no cuidado da vida, já que

muitas doenças e agravos podem ser evitados e/ou minimizados com adoção de medidas

preventivas individuais (STUCKI, 2018).

Além disto, a prevalência de doenças constitui um indicativo de fragilidade do sistema

público de saneamento, prejudicando de maneira agressiva o bem estar físico e social do

homem.

Assim, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), no artigo

196 assegura o direito ao acesso universal e igualitário a saúde, garantido mediante políticas

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, sendo este

um dever do Estado promover ações e serviços que façam valer o direito constitucional a saúde.

O meio ambiente também previsto na CF/88 corresponde a um direito constitucional,

cuja previsão legal encontra-se no artigo 225 da Carta Magna, em que todos têm direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preserva-lo para a presente e futuras gerações.

Segundo Calijuri et al., (2009 apud Heller, 1997) “Saúde é o resultado do equilíbrio

dinâmico entre o indivíduo e o meio ambiente”. Esse pensamento manifesta a relação existente

entre os fatores condicionantes do meio externo, em que, de alguma forma exercem influencia

entre o bem estar do indivíduo, ocasionando à ocorrência de doenças e agravos a saúde.

O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural, que soma

como fator essencial para a melhoria na qualidade de vida (QUANDT et al., 2014).

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17

A Saúde Pública abrange uma série de outras áreas de conhecimento e práticas, que

proporcionam uma rica e diferente diversidade, atuando conjuntamente nos demais ramos do

saber, incluindo o meio ambiente.

As discursões acerca dos problemas ambientais estão presentes desde os seus

primórdios, segundo Rosen (1958), citado por Ribeiro (2004), ressalta a inter-relação existente

entre todas as subáreas envolvidas: “através da história humana, os principais problemas de

saúde enfrentados pelos homens têm tido relação com a vida em comunidade, por exemplo, o

controle de doenças transmissíveis, o controle e a melhoria do ambiente físico (saneamento), a

provisão de água e alimentos em boa qualidade e em quantidade, a provisão de cuidados

médicos, e o atendimento dos incapacitados e destituídos (JAMISON et al., 2013). A ênfase

relativa colocada em cada um desses problemas tem variado de tempo a outro, mas eles estão

todos inter-relacionados, e deles se originou a saúde pública como a conhecemos hoje”

(RIBEIRO, 2004 apud ROSEN, 1958).

Fatores ambientais podem afetar a saúde humana, que é um indicativo da complexidade

das interações das interações para melhorar os fatores ambientais condicionantes e

determinantes de saúde, esses fatores podem ser resultantes de ordem política, econômica,

social, ambiental, dentre outros.

Teixeira et al., (2013) salienta a questão da infraestrutura sanitária deficiente, na qual,

desempenha uma interface com a situação de saúde e com as condições de vida das populações,

onde o aparecimento de doenças infecciosas continuam sendo um importante causa de

morbidade e mortalidade.

Objetiva-se com este trabalho, realizar uma abordagem acerca do saneamento básico,

verificando a existência das principais variáveis, sendo abastecimento de água, instalações

sanitárias, correlacionando a ocorrência de doenças decorrente do saneamento básico

inadequado, e seus impactos na Saúde Pública do município de Manaus/AM, além da

verificação dos recursos investidos em saúde, assim também, busca-se com esta pesquisa a

identificação dos problemas em saúde pública e a elaboração de propostas capazes de

minimizar e/ou solucionar os principais problemas detectados, incluindo não somente a

responsabilização por parte do Estado, mas também o cuidado com a saúde individual, uma vez

que a ação do próprio indivíduo soma como elemento primordial para a promoção e prevenção

de doenças, visando à melhoria na qualidade de vida e o bem estar.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Verificar a situação do saneamento básico e suas variáveis do Município de

Manaus/AM, correlacionando com a ocorrência de doenças relacionadas ao saneamento básico

inadequado.

1.2.2 Objetivos específicos

- Verificar as condições de abastecimento de água potável, instalações sanitárias e

coleta de lixo;

- Analisar a questão social e ambiental, mais restritamente os reflexos da cobertura – ou

falta de – do serviço de saneamento básico em âmbito municipal e suas consequências para a

saúde individual e coletiva;

- Analisar a ocorrência de doenças relacionadas ao saneamento ambiental e os gastos

com internação, serviços hospitalares e serviços profissionais;

- Integrar as informações acerca do saneamento básico e seu impacto na saúde pública;

- Mostrar a importância da utilização dos bancos de dados oficiais (DATASUS e SNIS)

como ferramentas capazes de informar e monitorar a situação de saúde e sanitária do

município;

- Propor soluções para os principais problemas encontrados, uma vez que o presente

estudo poderá dar suporte aos atores envolvidos na gestão da saúde e do saneamento em

Manaus/AM, pois trará informações úteis aos gestores públicos e privados, e principalmente

esclarecer a sociedade as reais consequências advindas do saneamento básico inadequado.

1.3 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

A presente pesquisa é de suma relevância por se tratar de um tema sensível a qualquer

município e/ou país, pois, demonstra a dinâmica urbana e sanitária, como também as causas

ligadas ao processo de saúde-doença, uma vez que os fatores sociais são determinados por

fatores ambientais, além de poder visualizar a fragilidade do sistema público de saúde, já que a

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ocorrência de doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado reflete a deficiência

sanitária da localidade, surgindo assim, doenças podem ser evitadas ou minimizadas.

O município de Manaus/AM destaca-se por seu rápido crescimento populacional,

ocorrendo na maioria das vezes ocupação desordenada do solo sem as mínimas condições

sanitárias adequadas a saúde e o ambiente, ocasionando à deficiência da infraestrutura sanitária,

aliado a incidência de doenças tropicais relacionadas diretamente com as condições sanitárias,

assim, torna-se importante analisar os reflexos práticos decorrentes da instalação do serviço de

saneamento básico em Manaus/AM.

Compreender o processo ocorrido nessa região pode contribuir para criação de políticas

públicas voltadas para a área da saúde, meio ambiente e educação, pois tanto o Estado é

responsável por manter um ambiente ecologicamente equilibrado, quanto o próprio indivíduo

possui sua parcela de responsabilidade, com isso, é necessário verificar o problema para que

haja a sensibilização de todos os atores envolvidos, quais sejam o Estado e a sociedade.

Mostrar a importância e utilização de dados nos bancos oficiais governamentais como

ferramenta para acompanhamento e monitoramento da situação de saúde, já que estes servem

de suporte para identificar possíveis problemas.

Além de contribuir para a diminuição da lacuna cientifica existente na área, dado o

ínfimo registro de pesquisas científicas sobre o assunto na região.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente estudo foi estruturado didaticamente em cinco capítulos para melhor

desenvolvimento e compreensão da temática.

O capítulo 1 apresenta a introdução, com breves explicações sobre o desenvolvimento

do trabalho, mostrando os objetivos geral e específico da pesquisa, bem como o resultado

pretendido, além de trazer as contribuições da dissertação, enfatizando a relevância do estudo e

sua aplicação na sociedade.

O capítulo 2 corresponde a perspectivas e estratégias metodológicas utilizadas na

dissertação, os procedimentos metodológicos para elaboração do trabalho, incluindo a

identificação da área de estudo, a caracterização e procedimentos de análise, trazendo breves

esclarecimentos acerca das ferramentas utilizadas para coleta de dados.

O capítulo 3 apresenta uma revisão da literatura sobre o direito humano e

constitucional a saúde, ao meio ambiente e saneamento, abordando o princípio da Dignidade da

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Pessoa Humana como fundamento basilar assegurado na Constituição Federal de 1988. O

capítulo aborda também uma revisão da literatura sobre o saneamento ambiental, o direito a

saúde, ao meio ambiente e o saneamento básico, os determinantes sociais e ambientas para o

surgimento das doenças relacionado ao saneamento básico inadequado, mostrando os reais

prejuízos decorrentes das instalações sanitárias inadequadas que pode gerar na saúde individual

e coletiva.

O capítulo 4 apresenta os resultados e discussão a partir das informações oriundas da

pesquisa, o perfil da pesquisa e posteriormente mostrando a situação de saúde do Município de

Manaus/AM, identificando a existência de saneamento básico, correlacionando ao surgimento

de doenças determinadas por fatores ambientais.

O capítulo 5 apresenta as conclusões e soluções para os principais problemas

encontrados, uma vez que o presente estudo poderá dar suporte aos atores envolvidos na gestão

da saúde e do saneamento em Manaus/AM.

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CAPÍTULO 2

MATERIAIS E MÉTODOS

No presente capítulo, serão apresentados os elementos essenciais e constitutivos que

serviram de suporte para elaboração de desenvolvimento desta dissertação de mestrado.

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo dedicou-se especificamente no que concerne a pesquisa bibliográfica,

por meio do método qualitativo, mediante coleta de dados eletrônicos provenientes dos bancos

de dados oficiais DATASUS, SNIS e IBGE.

A abordagem escolhida foi o estudo caso, que envolveu fontes de evidências tais como

levantamento bibliográfico com intuído de promover a contorno teórico-metodológico e

destacar os principais autores ligados ao tema escolhido desta pesquisa.

Foi utilizado o conceito de estudo de caso dado por Yin (2015) ao qual define estudo de

caso como sendo um estudo que “investiga um fenômeno contemporâneo (o caso), em

profundidade e em seu contexto no mundo real, especialmente quando as fronteiras entre os

fenômenos e o contexto possam não estar claramente evidentes”.

Seguindo esse pensamento corrobora Goldenberg (2007) dizendo que o estudo de caso é

uma análise holística, ou seja, considera a unidade social como um todo, com objetivo de

compreendê-los em seus próprios termos.

Em relação ao levantamento bibliográfico, Severino (2007) afirma que “é aquele que é

realizado a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos

impressos, como livros, artigos, teses, etc”. Esse tipo de pesquisa visa o levantamento das

contribuições dadas por outros pesquisadores na área de estudo através da publicação dos

resultados de suas pesquisas. O segundo passo foi pesquisa documental tais como as

informações contidas nas bases de dados oficiais do governo mediante a geração de relatórios.

Concomitantemente a análise documental segundo Ludwig (2012) “são fontes ricas e estáveis e

que fundamentam as afirmações do pesquisador além de completar informações obtidas por

meio de outras técnicas”. Constituem tais fontes: leis, regulamentos, dentre outros.

Por ter sido elegido o estudo de caso como abordagem, o método qualitativo se torna

mais indicado para nortear estar pesquisa. Segundo Minayo (2006) “o método qualitativo é o

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que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das

percepções e das opiniões, produto das interpretações que os humanos fazem a respeito de

como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos...”.

Goldenberg (2007) enfatiza que “os dados qualitativos consistem em descrições

detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios

termos”. Seguindo a mesma temática Richardson (2015) une-se a este elenco, afirmando que é

uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social. Sob estes prismas esse

tipo de pesquisa é amplo e flexível, podendo estudar as os mais diversos fenômenos, indivíduos

ou situações.

2.2 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo, foco deste trabalho, consiste no Município de Manaus, estado do

Amazonas e a população urbana residente.

Foi definido o estudo de caso como sendo do tipo único, assim sendo o recorte

geográfico desta pesquisa foi à área urbana bem como sua população urbana residente no

período histórico de 2010 a 2017.

2.2.1 O Município de Manaus

O município de Manaus/AM viveu e ainda vive um intenso crescimento populacional e

econômico. Em termos históricos, no apogeu áureo da produção da borracha, no período de

1890 a 1920, o referido município desenvolveu-se, após esse momento passou por uma

pequena estagnação em sua economia, refletindo principalmente em um baixo crescimento

populacional que se deu até a implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM), criando-se então

o Distrito Industrial, bem como outras estruturas no final período de 1960.

Devido a grande oferta de trabalho na então ZFM, ocasionou uma migração de pessoas

oriundas do interior do estado, de outros municípios e estados, até mesmo de outros países, em

busca de emprego e melhores condições de vida, acarretando com isso forte fluxo migratório.

No entanto, a cidade de Manaus não estava preparada para suportar toda essa demanda

populacional por serviços básicos e também por infraestrutura urbana e proporcionalmente ao

crescimento populacional e a dinâmica vivenciada na época, vieram os problemas

socioambientais, como no caso do saneamento básico (ARAGÃO, 2017).

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Esses problemas, ainda perduram até os dias atuais, uma vez que o crescimento

populacional não acompanhou o desenvolvimento estrutural sanitário.

Dentre as cidades que compõe o Estado do Amazonas, a cidade de Manaus, possui

estrutura razoável de funcionamento dos serviços de abastecimento de água e estrutura mínima

de rede de esgoto (ARAGÃO, 2017).

Figura 2.1 – Localização da área de estudo. Município de Manaus, capital do Estado do

Amazonas, Brasil.

Fonte: Aragão, (2017).

O município de Manaus está localizado à margem esquerda do Rio Negro e a área

urbana mede 377 km2, fazendo limites com as cidades de Presidente Figueiredo, Careiro,

Iranduba, Rio Preto da Eva e Novo Airão.

Manaus possui área de unidade territorial total de 11.401,092 km2, e uma população

estimada de 2.145.444 habitantes segundo o IBGE (2018), a densidade demográfica é de

158,06 hab/km² de acordo com IBGE (2010).

Atualmente o município de Manaus registra 63 bairros, por meio da lei nº 1.401, DE 14

DE JANEIRO DE 2010, que dispõe sobre a criação e a divisão dos bairros da cidade de

Manaus, com estabelecimento de novos limites.

Em termos econômicos, Manaus possui PIB per capita (2016) de R$33.564,11,

comparando a outros municípios do país, Manaus ocupa a 839ª posição de 5570ª, no Estado do

Amazonas ocupa a 1ª posição de 62º e na micro região, ocupa a 1ª posição de 7ª. O Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) (2010) é de 0,737.

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2.2.1.1 Serviço de saúde

O município de Manaus até o ano de 2017, conta com aproximadamente 1.377 tipos de

estabelecimentos de saúde cadastrados no CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde, conforme mostra a tabela 2.1, incluindo todos os estabelecimentos e natureza jurídica

existente no banco de informações.

Tabela 2.1 – Unidades por tipo de estabelecimentos em saúde. Município de Manaus/AM,

Brasil, de Jan/2010 a Jan/2017. Tipo de

Estabelecimento

Quantidade

Jan

2010

Jan

2011

Jan

2012

Jan

2013

Jan

2014

Jan

2015

Jan

2016

Jan

2017

CAPS 2 3 2 3 3 3 4 4

CS/UBS 244 231 236 231 236 234 240 228

CENTRAL DE REGULAÇÃO DE

SERVIÇOS DE SAÚDE

3 3 3 3 3 3 3 3

CENTRAL DE NOTIF. CAPTAÇÃO E

DISTR. ORGÃOS ESTADUAIS

1 1 1

CLINICA

ESPECIALIZADA/AMBULATÓRIO

ESPECIALIZADO

133 151 162 168 184 192 212 224

CONSULTÓRIO 416 437 466 492 512 545 548 588

COOPERATIVA 18 17 19 22 27 31 35 32

FARMÁCIA 3 3 3 3 3 3 3 3

HOSPITAL ESPECIALIZADO 24 23 22 22 21 22 21 20

HOSPITAL GERAL 20 19 19 20 20 25 24 20

LACEN 1 1 1 1 1 1 1 1

POLICLÍNICA 34 35 36 36 36 36 39 36

POSTO DE SAÚDE 21 19 19 17 18 18 18 18

PRONTO ATENDIMENTO 5 5 8 7 9 9 9

PSE 3 3 3 3 3

PSG 10 6 6 4 4 1 1 1

SECRETARIA DE SAÚDE 5 7 8 8 8 8 8 8

SERVIÇO DE ATENÇAO DOMICILIAR

ISOLADO (HOME CARE)

2 4 7

UNIDADE DE ATENÇÃO A SAÚDE

INDÍGENA

3 3 3 3 3

UNIDADE DE SERVIÇO DE APOIO DE

DIAGNÓSTICO E TERAPIA

79 86 91 95 96 96 105 104

UNIDADE DE VIGILÂNCIA EM

SAÚDE

1 2 2 2 2 2 2 3

UNIDADE MÓVEL DE NÍVEL PRÉ-

HOSPITALAR

URGENCIA/EMERGÊNCIA

46 46 66 48 47

UNIDADE MÓVEL FLUVIAL 1 1 1 1 1 5 5 5

UNIDADE MÓVEL TERRESTRE 5 1 5 11 6 6 7 9

TELESSAÚDE 1 1 1 1 1

TOTAL 1.023 1.053 1.109 1.200 1.241 1.313 1.342 1.377

CAPS: Centro de Atenção Psicossocial; CS/UBS: Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde;

LACEN: Laboratório Central de Saúde Pública; PSE: Pronto Socorro Especializado; PSG:

Pronto Socorro Geral.

Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, 2019.

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Ainda observando as informações contidas na tabela 2.1, podemos verificar que ao

longo dos anos 2010 a 2017 que houve um aumento na quantidade total de estabelecimentos de

saúde, no entanto os CS/UBS - Centros de Saúde e Unidades Básica de Saúde responsáveis

pelo cuidado primário em saúde, houve uma diminuição de 244 em 2010 para 228 em 2017.

De acordo com o panorama fornecido pelo IBGE (2019), quanto ao aspecto saúde, o

município possui a taxa de mortalidade infantil média de 13.8 para 1.000 nascidos vivos. As

internações devido a diarreias são de 1 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os

municípios do estado, fica nas posições 38ª de 62ª e 33ª de 62ª, respectivamente. Quando

comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 2319º de 5570ª e 2419ª de 5570ª,

respectivamente.

2.2.1.2 Situação sanitária e ambiental

Figura 2.2 – Esgotamento Sanitário Adequado, segundo IBGE 2019. Município de

Manaus/AM, Brasil.

Fonte: IBGE, (2019).

De acordo com informações obtidas do IBGE (2019) a situação sanitária e ambiental

mostrado na figura 2.2, Manaus apresenta 62.4% de domicílios com esgotamento sanitário

adequado, 23.9% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 26.3% de

domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada,

pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do estado, fica na

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posição 1ª de 62ª, 37ª de 62ª e 6ª de 62ª, respectivamente. Já quando comparado a outras

cidades do Brasil, sua posição é 1735ª de 5570ª, 5015ª de 5570ª e 1441ª de 5570ª,

respectivamente (IBGE, 2019).

2.3 CARACTERIZAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

A presente dissertação trata de uma análise qualitativa de dados coletados da base de

informações do governo federal, vale salientar que os dados disponíveis nos referidos sítios da

internet (IBGE, SNIS e DATASUS).

As bases de dados (IBGE, SNIS e DATASUS) são de acesso gratuito e universal.

Foram escolhidos e divididos em três grupos de base de dados nacionais, para gerar

informações que retratam a situação sanitária e de saúde em Manaus/AM.

Figura 2.3 – Grupos de dados. Base de dados Nacionais.

2.3.1 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

É sabido que os dados contidos no sistema de informação do IBGE e sua posterior

utilização em análises espaciais e pesquisas acadêmicas são ferramentas para importante

verificação da situação social, uma vez que nos permitem visualizar de forma ampla o contexto

social e econômico do Brasil (BUENO; OLIVEIRA, 2017).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, fundação pública, vinculada ao

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, instituída nos termos do Decreto-Lei nº 161,

de 13 de fevereiro de 1967, com duração indeterminada, e sede e foro na Cidade do Rio de

Janeiro, rege-se pela Lei nº 5.878, de 11 de maio de 1973 e demais regulamentos.

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De acordo com o artigo 2º, capítulo I, anexo I, do Decreto Nº 4.740, DE 13 de Junho de

2003, a Fundação IBGE tem como missão retratar o Brasil, com informações necessárias ao

conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania, por meio da produção, análise,

pesquisa e disseminação de informações de natureza estatística - demográfica e sócio-

econômica, e geocientífica - geográfica, cartográfica, geodésica e ambiental.

Assim, o IBGE tem como missão institucional retratar o Brasil com informações

necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania, além constituir o

principal provedor de dados e informações do País, que atendem às necessidades dos mais

diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais

federal, estadual e municipal, por oferecer uma visão completa e atual do País. Possui quatro

diretorias e dois outros órgãos centrais.

Para que suas atividades possam cobrir todo o território nacional, o IBGE possui a rede

nacional de pesquisa e disseminação, composta por 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos

estados e 1 no Distrito Federal), 27 Supervisões de Documentação e Disseminação de

Informações (26 nas capitais e 1 no Distrito Federal), 583 Agências de Coleta de dados nos

principais municípios.

Por constituir base de dados público, os dados contidos são de extrema relevância para a

sociedade, gestores e pesquisadores, uma vez que retratam a situação vivida, sem contar na

facilidade de obtenção desses dados, mediante o livre acesso a internet.

2.3.2 O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento constitui um importante banco

de informações, pois nos permite traçar um panorama local, regional e federal no setor de

saneamento, dando maior visibilidade, fornecendo subsídios necessários para avaliação e

desempenho acerca dos serviços prestados e existentes (SATO, 2011).

O SNIS criado em 1996 é administrado pelo Governo Federal, vinculado à Secretaria

Nacional de Saneamento (SNS) do Ministério do Desenvolvimento Regional constitui o maior

e mais importante sistema de informações do setor de saneamento brasileiro.

O Sistema possui uma base de dados que contém informações e indicadores sobre a

prestação de serviços de Água e Esgotos, de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos e Drenagem

e Manejo das Águas Pluviais Urbanas. Inicialmente, foram coletados dados referentes apenas

aos prestadores de serviços de água e/ou de esgotos. Em 2002, o componente resíduos sólidos

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foi criado, por meio do qual há 12 anos têm sido coletadas as informações referentes ao manejo

de resíduos sólidos urbanos. Em 2016, ano de referência 2015, foi criado o componente de

Águas Pluviais Urbanas, todas as informações do SNIS são fornecidas anualmente pelos

prestadores de serviços de água, esgotos, resíduos sólidos urbanos e águas pluviais urbanas. Por

isso, o SNIS é dividido em três componentes: Água e Esgotos (SNIS-AE), Resíduos Sólidos

(SNIS-RS) e Águas Pluviais (SNIS-AP).

As informações e indicadores do SNIS têm caráter operacional, gerencial, financeiro e

de qualidade sobre a prestação de serviços de Água e Esgotos, de Resíduos Sólidos Urbanos e

de Águas Pluviais Urbanas, a base de dados do SNIS é composta por meio de resposta

voluntária de questionários por parte das operadoras de saneamento brasileiras e servem de

apoio para a tomada de decisão e das políticas públicas.

Para esta pesquisa utilizou-se o SNIS – Série Histórica que é um programa possível de

ser acessada na web, desde que o computador esteja conectado a internet, uma vez que as

informações contidas nesta base de dados são públicas e gratuitas, assim, é possível consultar

informações e indicadores, além de poder cruzar essas informações permitindo uma avaliação

melhor.

2.3.3 O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS

O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) surgiu em

1991 com a criação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pelo Decreto 100 de 16.04.1991,

publicado no D.O.U. de 17.04.1991 e retificado conforme publicado no D.O.U. de 19.04.1991.

Na época, a Fundação passou a exercer a função de controle e processamento das contas

referentes à saúde que antes era da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social

(DATAPREV). Foi então formalizada a criação e as competências do DATASUS, que tem

como responsabilidade prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de

informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle.

Cabe mencionar que as informações disponibilizadas no DATASUS servem como

estratégia de gestão e controle das ações sanitárias, o que permite acompanhar a situação de

saúde na Brasil, no entanto, a qualidade das informações é condição essencial para melhor

análise (PICCOLO, 2018).

Atualmente, o Departamento é um grande provedor de soluções de software para as

secretarias estaduais e municipais de saúde, sempre adaptando seus sistemas às necessidades

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dos gestores e incorporando novas tecnologias, na medida em que a descentralização da gestão

torna-se mais concreta, além de fornecer dados e informações sobre a situação de saúde.

O DATASUS dispõe de duas salas-cofre, uma em Brasília e outra no Rio de Janeiro,

nas quais são mantidos os servidores de rede que hospedam a maioria dos sistemas do

Ministério da Saúde. A estrutura de armazenamento de dados (STORAGE) do Departamento

tem condições de armazenar informações sobre saúde de toda população brasileira. Além disso,

disponibiliza links espalhados em várias cidades brasileiras com conexões com todos os

Núcleos Estaduais do Ministério da Saúde, Funasa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), Casa do Índio e com as 27 secretarias estaduais de saúde.

O DATASUS está presente em todas as regiões do país por meio das Regionais que

executam as atividades de fomento e cooperação técnica em informática nos principais estados

brasileiros, a facilidade de obtenção de dados por meio do livre acesso a internet permitiu que

os dados fossem colhidos para o desenvolvimento desta pesquisa, e para verificação dos dados

oriundos do DATASUS, a presente pesquisa buscou os Sistemas de Informações presentes na

plataforma quais sejam o Sistema de Informações de Mortalidade, Sistema de Informação sobre

Agravos e Notificação, Sistema de Informação Hospitalar e o Sistema de Informação

Ambulatorial.

O Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM, caracteriza-se pela coleta de dados

sobre óbitos, através da Declaração de Óbito (DO), possui uma abrangência em todo território

nacional, cujo objetivo é fornecer informações sobre o perfil de mortalidade nos diferentes

níveis do SUS.

O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica - SNVE baseia-se em documentos de

coleta individuais e padronizados para as diferentes Doenças de Notificação Compulsória

(DNC), de forma isolada e com modelo operacional de estrutura horizontal, abrangendo os três

níveis dos serviços de saúde.

O Sistema de Informação Hospitalar - SIH, cujo instrumento de coleta é a Autorização

de Internação Hospitalar (AIH), organiza o processo de remuneração das internações

hospitalares financiadas pelo SUS, dispõe também de dados de morbidade.

O Sistema de Informação Ambulatorial do SUS – SIA é alimentado por quatro fontes: 1

- a Ficha de Cadastro Ambulatorial (FCA); 2 - Ficha de Programação Físico-Orçamentária

(FPO); 3 - Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) e 4 - o Boletim de Diferença de

Pagamento- BDP, por meio desta fonte de dados, é possível analisar o perfil da oferta de

serviços ambulatoriais, por meio de indicadores de cobertura e concentração de atividades.

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CAPÍTULO 3

REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA versus SANEAMENTO BÁSICO

Em termos conceituais Pinho (2003) comenta que a “dignidade da pessoa humana é um

dos principais valores da ordem social e jurídica brasileira e que deve ser entendido como

absoluto respeito aos seus direitos fundamentais, assegurando condições dignas de existência

para todos”, a partir desse pensamento podemos dizer que esse princípio abarca uma série de

fatores e condições necessárias para que o indivíduo possa viver de maneira justa e harmônica,

com direitos respeitados e cumprindo seus deveres.

Trazendo ainda comentários sobre o que são direitos fundamentais e sua aplicação no

Estado, Marmelstein (2014) cita que: Os direitos fundamentais foram criados inicialmente,

como instrumento de limitação do poder estatal, visando assegurar aos indivíduos um nível

máximo de fruição de sua autonomia e liberdade. Ou seja, eles surgiram como barreira ou

escudo de proteção dos cidadãos contra a intromissão indevida do Estado em sua vida privada e

contra o abuso de poder.

Com isso, observamos a amplitude e importância que é o princípio da Dignidade da

pessoa humana, pois o mesmo busca tornar o homem um ser digno, merecer do todas as

condições que influenciam para o bem estar integral.

No entanto, ao refletirmos sobre a história mundial, identificamos que nem sempre esse

princípio foi observado, uma vez que a história do homem e da humanidade é marcado por

eventos e conflitos que acarretaram mudanças na concepção humana em relação à vida,

marcada pelo sofrimento, morte e dor, até mesmo nos dias atuais esse cenário perpetua, com os

conflitos de poder, a maior parte, velados, outros nem tanto.

Verificamos ao longo da trajetória humana que a luta por poderes, conflitos, guerras e

revoluções, dentre outros movimentos sempre ocorreram, ocasionando grandes prejuízos,

principalmente as pessoas que viviam sem as condições mínimas de subsistência, foi só em

1945 que a comunidade internacional resolveu tomar medidas para garantir à vida. Inicia-se

então a elaboração do um guia e nos três anos seguintes esboçaram o que futuramente seria

chamada de Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), na tentativa nunca mais

permitir atrocidades como as que haviam sido vistas nas guerras passadas.

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O Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) “Considera que o

reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos

iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, ou seja, no

decorrer de seus artigos prega pela isonomia, que permite a igualdade entre homens e mulheres

assim como a busca por melhorias nas condições de vida e desenvolvimento do homem como

um todo.

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações

Unidas em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),

possui trinta artigos, dos quais para esta pesquisa destaca-se:

Artigo 3. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

(Grifo nosso)

Artigo 7. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a

igual proteção da lei [...]. (Grifo nosso)

Artigo 8. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes

remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam

reconhecidos pela constituição ou pela lei. (grifo nosso)

Artigo 21. [...] 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público

do seu país. (Grifo nosso)

Artigo 22. Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança

social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo

com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e

culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua

personalidade. (Grifo nosso)

Artigo 25. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de

assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar [...]. (Grifo nosso)

Os artigos acima grifados dizem respeito à dignidade e igualdade e são componentes

primordiais em qualquer democracia, uma vez que o papel do estado é claro e não pode ser

omisso, permitir que toda a população possa usufruir dos mesmos serviços é condição

necessária para garantir a todos direito à vida, e todas as necessidades mais básicas humanas.

Garantir que todos sejam tratados iguais perante a lei é comprimir com o princípio da

igualdade, pois são grandes injustiças sociais e a falta de saneamento que diversos indivíduos

são privados, assim como punir o governo por ser omisso aos seus deveres à população, pois

em uma democracia todos têm direitos e deveres, que os mesmo devem ser respeitados para

que se possa valer um verdadeiro estado democrático de direito, permitindo assim que todos se

sintam valorizados.

O princípio da Dignidade da Pessoa Humana constitui um princípio fundamental basilar

estatuída na própria Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88), mais

especificamente no título I, artigo 1º que trata sobre os princípios fundamentais:

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TÍTULO I

Dos Princípios Fundamentais

Artigo 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana; (grifo nosso)

IV – os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;

V – o pluralismo político.

Assim, a inserção deste princípio na Carta Magna foi um marco para o Brasil, uma vez

que reconhece como fundamento o reconhecimento que o indivíduo, deve ser respeitado,

independentemente das diferenças existente por sexo, idade, classe social, etnias etc., este

importante princípio deve seguir de norte para toda Federação do país, guiando as ações e

serviços essências para o bom desenvolvimento do indivíduo como um todo.

A presente pesquisa traz comentários a esse tópico por entender como ponto de partida,

a compreensão quanto à importância deste princípio como fundamento legal para o alcance dos

direitos e garantias aqui explanados.

A resolução A/RES/64/292 de julho de 2010 da Assembleia Geral da ONU reconheceu

“o direito à água potável e limpa e ao saneamento como um direito humano e essencial para o

pleno gozo da vida e todos os direitos humanos” UN (2010).

No que diz respeito ao saneamento básico Hojaij (2015) assevera que o saneamento

básico é fundamento para regatar a dignidade humana e está relacionado diretamente ao

desenvolvimento urbano dos países, uma vez que envolve o indivíduo, a sociedade e o Estado,

de maneira conjunta e inseparável, um fator reflete diretamente em outro. Britto (2016)

corrobora ao dizer que “também obriga os Estados a eliminarem progressivamente as

desigualdades de acesso tanto à água como ao esgoto – desigualdades entre populações nas

zonas rurais ou urbanas, formais ou informais, ricas ou pobres”.

Heller (2016), trazendo comentários acerca da temática ora discutida, enfatiza que:

O significado desses direitos tem sido progressivamente interpretado e compreendido.

O direito humano à água tem sido considerado como compreendendo a água física e

financeiramente acessível, segura, aceitável e continuamente disponível para o uso

pessoal e doméstico. Quanto ao direito humano ao esgotamento sanitário, entende-se

que este serviço deva ser física e financeiramente acessível, prover segurança ao

usuário, ser culturalmente aceitável e disponível para todos os usuários e em todas as

esferas da vida, além de assegurar dignidade e privacidade. Enxergar o acesso à água e

ao esgotamento sanitário sob a lente dos direitos humanos supõe também observar

seus princípios fundantes, como o direito à participação, o direito ao acesso à

informação, a igualdade e não discriminação, a responsabilidade por parte de

governos e prestadores de serviço e a sustentabilidade.

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Dessa forma, quando se permiti que uma população tenha acesso a esses direitos, por

intermédios de ações e serviços básicos para o bom desenvolvimento sadio da vida é na

verdade garantir a dignidade da pessoa humana. Sarlet (2002) apud Marmelstein (2014) aborda

que a dignidade da pessoa humana:

É a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que faz merecedor do mesmo

respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste

sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa

tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe

garantir as condições essenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e

promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e

da vida em comunhão com os demais seres humanos.

Nessa perspectiva, pode afirma que o acesso ao saneamento básico constitui elemento

para garantia da dignidade da pessoa humana.

3.2 O SANEAMENTO AMBIENTAL

O Saneamento ambiental corresponde a um conjunto de ações mais amplo que nos leva

a ver outras possibilidades de conceituação e entendimento, assim sendo, Gimenez; Schneider

(Tieppo, 2013) comentam que:

Saneamento ambiental pode ser definido como o conjunto de ações técnicas e

socioeconômicas que, quando aplicadas, resultam em maiores níveis de salubridade

ambiental. Estas ações compreendem o abastecimento de água em quantidade e em

qualidade adequada; a coleta, o tratamento e a disposição adequada dos resíduos

sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas; o manejo de águas pluviais; o

controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças; a promoção sanitária e o

controle ambiental do uso e ocupação do solo e a prevenção e controle do excesso de

ruídos (Gimenez; Schneider; Tieppo, 2013).

Não obstante, a definição de saneamento ambiental pela OMS é tida como:

[...] o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar níveis de

salubridade ambiental, por meio do abastecimento de água potável, coleta e disposição

sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária do

uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e

obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida

urbana e rural (BRASIL, 1999).

A partir deste entendimento a Organização Mundial de Saúde busca proteger e melhorar

as condições da vida humana, de maneira que os fatores do meio físico e ambiental estejam em

níveis ideais para o bom desenvolvimento físico, social e mental do indivíduo.

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De acordo com esse conceito, é claro a importância do saneamento enquanto abordagem

preventiva e de promoção da saúde, a partir do enfoque ambiental, pois o homem deve ser

alisado de forma holística, levando-se em conta os fatores externos que influenciam no seu bem

estar.

“O saneamento ambiental como instrumento de promoção da saúde proporciona

redução do sofrimento humano e perdas de vidas por doenças que podem ser evitadas,

especialmente na população” (FUNASA, 2015).

Desta forma, os fatores ambientais, tais como os riscos ambientais causam efeitos

diretos sobre a saúde, é o que Smith e Ezzatti (2005) abordam em seu trabalho, em que

consideram que os padrões ambientais relacionam-se a uma estrutura espacial e social bem

definida e delimitada (incluindo o domicilio, o comunitário/local e o regional/global).

Assim, o termo se tornou mais complexo que seu antecessor (saneamento básico),

evidenciando a dificuldade de como ações distintas podem se tornar harmônicas dentro do

contexto das cidades e sua relação como o meio, tornando-se mais transversal, já estão

intimamente relacionadas, sofrendo influências advindas da ação humana.

Atualmente, a partir dos estudos recentes já existe um entendimento consolidado da

influência do ambiente na saúde humana, interferindo diretamente no processo saúde-doença e

desenvolvimento econômico da região.

3.3 O DIREITO A SAÚDE

Quandt et al., (2014) salienta que o conceito de saúde reflete a conjuntura social,

econômica, política e cultural, ou seja, não é possível separar e analisa-la sem levar em

consideração os demais fatores que a influenciam.

A saúde pode adquirir diversas significações, pois não representa a mesma coisa para

todas as pessoas, dependerá de valores individuais, concepções científicas, religiosas e

filosóficas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo

bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, este

entendimento compreende o ser humano em sua totalidade, já que envolve todos os aspectos de

sua existência.

Em uma publicação de 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) reforça esse

conceito, apontando quatro condições mínimas para que um Estado assegure o direito à saúde

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ao seu povo: disponibilidade financeira, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade do serviço de

saúde pública do país.

Por ser um direito social e fundamental, inerente à condição de cidadania, que deve ser

assegurado sem distinção de raça, de religião, ideologia política ou condição socioeconômica, a

saúde é assim apresentada como um valor coletivo, um bem de todos, é um direito assegurado

no texto constitucional, conforme o artigo 196 da CRFB/88:

SEÇÃO II

Da Saúde

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao

acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação.

Em 19 de setembro de 1990, temos a edição da lei nº 8.080/90 que dispõe sobre as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento

dos serviços correspondentes e dá outras providências, regulando as ações e serviços de saúde

no território nacional:

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover

as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. [grifo nosso]

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de

políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de

outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal

e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

[grifo nosso]

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da

sociedade.

Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo

a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a

moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a

atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. [grifo

nosso]

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto

no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de

bem-estar físico, mental e social.

Conforme visto na legislação acima, a saúde é um fator preponderante para o bom

desenvolvimento do indivíduo em sociedade, e não somente a ausência de doença é meio para

diagnosticar se a pessoa está ou não saudável.

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3.4 O DIREITO AO MEIO AMBIENTE

Ao verificarmos na história da humanidade, observamos que houve um marco

importante voltado para as discussões sobre o meio ambiente, esse marco deu-se com a reunião

em Estocolmo, no ano de 1972, a partir desse período, inicia-se uma busca pelos pesquisadores

em relação ao equilíbrio entre desenvolvimento econômico e minimização da degradação

ambiental (BARBIERI, 2005).

A partir daí, o meio ambiente se tornou preocupação mundial, pois a condição para

sobrevivermos e continuarmos na terra seria a conservação do meio ambiente.

Em relação aos diversos problemas socioambientais, o homem contribui ativamente

com esses problemas, assim tem-se grandes prejuízos enfrentados pela natureza que resultaram

na poluição, na falta de saneamento básico (água, resíduos sólidos, esgotamento sanitário e

drenagem pluvial), do desmatamento, assoreamento do solo e rios, queimadas e questões

climáticas de toda ordem. Para tanto, uma solução viável para sanar este passivo provocado

pela ação humana e, como consequência, a geração de danos ambientais, os quais nem sempre

os indivíduos são responsabilizados por suas ações deixando para suas gerações futuras

(OLIVEIRA, 2018).

Na atualidade, o direito à água foi consolidado em julho de 2010 com a resolução

64/2929, aprovada pela ONU que define mais especificamente o direito humano à água e ao

esgotamento sanitário e, no mesmo ano, o conselho de direitos humanos ratificou e esclareceu

que os países devem garantir, progressivamente, este direito incluindo a obrigatoriedade ao seu

reconhecimento nos ordenamentos jurídicos nacionais.

No Brasil, em meados da década de 1960 do século passado, houve um crescimento

urbano considerável e para atender à população urbana, durante a década de 1970, tem-se a

implantação do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), cujas características foram

definidas e implantadas de acordo com um novo regime de prestação de serviços objetivando o

atendimento de abastecimento de agua ao meio urbano que crescia em demasia (SALLES,

2009).

O PLANASA tinha uma fundamentação administrativa voltada para a auto sustentação

tarifária, na qual as tarifas deveriam custear as despesas de operação, manutenção e

amortização dos empréstimos. Portanto, a prestação de serviço era mais observada nas áreas em

que se garantia o retorno dos investimentos, o que caminha ao contrário do princípio da

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universalidade o qual é atualmente imposto, neste, deve-se oferecer o serviço a todos sem

distinção (COSTA, 2003).

O PLANASA teve importância na história do saneamento porque contribuiu para

melhoria do abastecimento de água para grande parcela da população urbana, porém a

população carente foi excluída das ações que foram praticadas (REZENDE; HELLER, 2007).

Pensando ainda na resolução deste problema social, tem-se a edição de Política

Nacional de Meio Ambiente com a lei nº. 6938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre os

seus fins e mecanismo de formulação e aplicação, e dá outras providências.

DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,

melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no

País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança

nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]

Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil no ano de 1988,

o direito ao meio ambiente passou a ser considerado direito constitucional, conforme o artigo

225:

CAPÍTULO VI

DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e

à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A partir da análise no texto constitucional, podemos verificar a responsabilidade em

defender a preservar o meio ambiente corresponde a toda a sociedade e não somente ao Estado,

assim, torna-se extremamente relevante a contribuição de cada indivíduo neste processo,

juntamente com a participação do Estado, uma vez que todos se beneficiam com sua boa

conservação.

3.4.1 A justiça ambiental

Em termos de processo demográfico verificamos que o Brasil ainda persiste com

características dinâmica e ativa. Temos ainda uma “cultura migratória” bastante arraigada

(BRITO, 2015), em que os deslocamentos espaciais com forte expectativa de ascensão social

ainda presentes, mesmo quando a possibilidade de conjugar as mobilidades espacial e social,

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típica da trajetória histórica da mobilidade estrutural do século XX no Brasil (muito marcante

até meados dos anos 1980), já não existe mais (BRANDÃO, 2019).

O Brasil é um país com elevado crescimento demográfico e quase toda urbanização

nacional não foi planejada, conforme vemos através da simples observação, como também

pelos dados estatísticos, tais fatores contribuíram para do abismo entre os sistemas sanitários,

principalmente o abastecimento de água e o esgotamento sanitário.

É sabido que a questão sanitária tem amplas repercussões sobre variados aspectos de

saúde pública e preservação ambiental, de forma que a ausência ou inadequação do serviço

enseja um tratamento visivelmente diferenciado que sujeita toda a sociedade a conviver com os

problemas decorrentes desta situação, no entanto, as classes mais pobres são os que mais

sofrem, pois passam a conviver com os efeitos nefastos da poluição ambiental.

Acselrad e Bezzera (2009) traçam entendimento que a noção de justiça ambiental

implica, pois, o direito a um meio ambiente seguro, sadio e produtivo para todos, onde o “meio

ambiente” é considerado em sua totalidade, incluindo suas dimensões ecológicas, físicas

construídas, sociais, políticas, estéticas e econômicas. Esse conceito reflete, em determinados

momentos uma certa utopia, pois verificamos na atualidades grandes injustiças sociais e

ambientais.

3.5 O DIREITO AO SANEAMENTO BÁSICO

Não é de hoje que existe a discussão, bem como o reconhecimento da importância com

relação ao saneamento básico e da sua associação com a saúde do homem, pois conforme visto,

até as culturas antigas já se preocupavam com esse tema. “O saneamento desenvolveu-se de

acordo com a evolução das diversas civilizações, ora retrocedendo com a queda das mesmas,

ora renascendo com o aparecimento de outras” (FUNASA, 2015).

Dentre os diversos problemas que afetam a sociedade, o saneamento básico ocupa lugar

de destaque, já que “interferem diretamente no espaço da cidade e na dinâmica dos territórios

urbanos, particularmente nas áreas dos bairros pobres, cuja situação é das mais graves”

(SOUZA, 2002).

Gimenez; Schneider; Tieppo (2013) comentam que o próprio termo saneamento provém

do verbo sanear que significa tornar higiênico, remediar, tornar habitável, tornar apto à cultura.

“O saneamento está presente em todas as relações do homem com o ambiente, desenvolvendo-

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se em consonância com a evolução tecnológica e cultural da sociedade” (VALVASSOLVI,

ALEXANDRE, 2012).

Assim, vemos que o saneamento é um importante propulsor e agente de saúde coletiva

como aborda Galvão (2009), o citado autor enfatiza que há uma correlação direta de causa e

efeito entre saneamento e saúde.

Em seus ensinamentos Giatti (2009) salienta que o objetivo primordial do saneamento é

a saúde pública, Soares; Bernardes; Netto (2002) contribuem e compartilham esse

entendimento, destacando que o saneamento “Visa não só a promoção da saúde do homem,

mas também, a conservação do meio físico e biótico”.

“As intervenções em abastecimento de água e em esgotamento sanitário provocam

impactos positivos em indicadores diversos de saúde” (HELLER, 1997). As atividades de

saneamento se integram às ações de saúde pública, pois segundo Mota (2005) usam a saúde da

população, no seu sentido mais amplo.

Souza (2002) assegura que o saneamento reflete diretamente na qualidade de vida das

populações urbanas, sendo uma relação intrínseca, e de vital importância, pois propicia um

meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado influenciando no bem-estar da população.

“O Saneamento pode melhorar a saúde e qualidade de vida dos indivíduos e, eventualmente,

melhorar o padrão de vida das comunidades e a produtividade econômica das nações”

(PATERSON, MARA, CURTIS, 2007).

De acordo com Mota (2005) a melhor forma de prevenir muitas doenças é garantir à

população um ambiente que lhe proporciona as condições básicas de vida, como abastecimento

de água potável e um local onde os resíduos sejam adequadamente tratados e dispostos.

O saneamento básico, em seu sentido lato, abrange um conjunto de ações que o

homem estabelece para manter ou alterar o ambiente, no sentido de controlar doenças,

promovendo saúde, conforto e bem-estar. Incorpora, pois, políticas de abastecimento

d´água, esgotamento sanitário, sistemas de drenagem, coleta e tratamento dos resíduos

sólidos. Reflete e condiciona diretamente a qualidade de vida determinada

historicamente através de políticas públicas envolvendo aspectos socioeconômicos e

culturais e mantendo uma interface com as políticas de saúde, meio ambiente e

desenvolvimento urbano (SOUZA, 2002).

A OMS já definiu o saneamento como sendo um conjunto de medidas necessárias para

melhorar e proteger a saúde e o bem-estar das pessoas, promovendo a destinação adequada de

resíduos humanos e animais, uso adequado de banheiro e evitando a defecação de espaço

aberto WHO (1946), no entanto, essas medidas devem ser executadas afim de que se tenha um

espaço melhor de convivência na sociedade em geral.

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3.5.1 Aspectos legais

As discussões acerca do meio ambiente já foram e continuam sendo tema de muitos

debates atuais vale mencionar que essa temática já esteve presente em debates internacionais, a

reunião em Estocolmo em 1972 foi considerada um marco na preservação do meio ambiente,

uma vez que é necessário haver equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e preservação

do ambiente (BARBIERI, 2005).

Soares; Bernardes; Netto (2002) salienta que as ações de saneamento evoluíram à

medida que, evoluíram os entendimentos acerca da associação do saneamento com as a saúde

pública. Trazendo contribuições a esse respeito Leo Heller (2007) assegura que o saneamento

como direito humano, deriva do art. 25 da declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,

considerado como um padrão mínimo para que se tenha qualidade de vida.

Ao examinarmos o tratamento constitucional sobre o saneamento básico na CRFB/88,

verificamos que a União é competente para instituir diretrizes para o saneamento básico,

previsão contida no artigo 21, inciso XX:

Art. 21. Compete à União:

(...)

XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,

saneamento básico e transportes urbanos; [grifo nosso]

Ao texto legal, verificamos que a competência da União é no sentido de instituir as

diretrizes, como também, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios a matéria de saneamento:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios: [grifo nosso]

(...)

IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições

habitacionais e de saneamento básico; [grifo nosso]

Com isso, podemos dizer que a execução das atividades e serviços relacionadas a

matéria de saneamento básico é atribuição a todos os entes federativos, por expressa previsão

legal.

Com relação ao Brasil temos como ideia basilar à política nacional de saneamento

básico, com a edição da lei federal nº. 11.445/2007 também chamada de lei do saneamento

básico, sintetizada em quatro eixos básicos.

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A lei regulamentadora do saneamento o define como sendo um conjunto de serviços,

infraestruturas e instalações operacionais de formado por:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e

instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até

as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações

operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos

esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio

ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas

e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final

do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias

públicas;

d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das

respectivas redes urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações

operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou

retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das

águas pluviais drenadas nas áreas urbanas (BRASIL, 2007).

A lei 11.445/2007 estabelece responsabilidades específicas a cada ente federativo e

respeitando sempre o pacto federativo e determina por esfera as responsabilidades

administrativas, como seguem:

a) O Governo Federal: as diretrizes gerais formulam e apoiam programas de

saneamento em âmbito nacional;

b) Aos Estados: operar e manter os sistemas de saneamento, além de estabelecer as

regras tarifárias e de subsídios nos sistemas operados pelo estado;

c) Aos Municípios: prestar, diretamente ou via concessão a empresas privadas, os

serviços de saneamento básico, coleta, tratamento e disposição final de esgotos

sanitários.

Assim, citamos como exemplificação, dentro das competências previstas legalmente,

temos a lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, de iniciativa do Governo Federal que dispões sobre os princípios, objetivos e

instrumentos, prevê ainda as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de

resíduos sólidos.

Outro exemplo ainda dentro das competências legislativas, citamos a lei Nº 4457 de 12

de abril de 2017, sancionada pelo Governador do Estado do Amazonas, que institui a Política

Estadual de Resíduos Sólidos do Amazonas (PERS/AM), e dá outras providências. Esta Lei

institui a PERS/AM, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, assim como

sobre a gestão e gerenciamento integrado dos resíduos sólidos e responsabilidade

compartilhada pelo setor público, setor empresarial e sociedade civil.

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Desse modo, temos também sanção do DECRETO Nº 2900, de 8 de setembro de 2014,

pelo Prefeito do Município de Manaus, que aprova o Plano Municipal de Saneamento de

Manaus, nos vetores água e esgoto sanitário, com prazo indeterminado e projeção por 20

(vinte) anos, devendo ser atualizado e revisto a cada 4 (quatro) anos.

No mais, a lei 11.445/2007 tem como determinação que: o município que não preparar

o seu Plano de Saneamento Básico, fica impedido de contar com recursos federais disponíveis

para os projetos de água e esgoto. Assim, torna-se de extrema relevância não somente existir

um plano de saneamento, mas que o mesmo seja eficaz em suas metas e ações.

3.5.2 O serviço de saneamento

O Brasil, por intermédio da lei federal nº. 11.445 de 5 de janeiro de 2007, estabelece

diretrizes nacionais para o saneamento básico, esta lei é considerada o marco regulatório do

setor que carecia de maior atenção no país, e que dentre outras estabeleceu diretrizes a serem

seguidas nacionalmente nas ações de saneamento.

A lei ora citada possui a seguinte divisão quanto ao saneamento básico, é dividida em

quatro vertentes distintas e ao mesmo tempo integradas, pois estão intimamente

correlacionados e refletem diretamente um com outro, em seu artigo 3º a lei considera quatro

componentes para o saneamento, conforme figura abaixo.

Figura 3.1 – Vertentes do Saneamento Básico.

Fonte: Adaptado pela autora, a partir da Lei nº 11.445, de janeiro de 2007.

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Para melhor compreensão quanto ao texto legal, entende-se que o saneamento básico é a

prestação de serviços, infraestruturas e instalações operacionais, definidos no artigo 3º da Lei

11.445/2007, a seguir, delineia-se os quatros pilares do saneamento básico e suas distribuições

funcionais de acordo com a legislação em vigor, conforme síntese apresentada no quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Saneamento Básico: serviços, infraestruturas e instalações operacionais.

Serviços Infraestrutura e Instalações Operacionais

Água Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao

abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações

prediais e respectivos instrumentos de medição;

Esgotamento

Sanitário

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais

de coleta, transporte, tratamento e disposições final adequados dos

esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final

no meio ambiente;

Limpeza Urbana

em manejo de

resíduos sólidos

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de

coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo

doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e

vias públicas;

Drenagem e

Manejo de Águas

Pluviais Urbanas

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de

drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção

para o amortecimento de vazões de cheias tratamento e disposição final

das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

Fonte: Adaptado pela autora, a partir da Lei nº 11.445, de janeiro de 2007.

Conforme o exposto no quadro 3.1, a aplicação, o monitoramento e fiscalização pelos

componentes do saneamento básico, uma solução de um problema que assola a humanidade

que as doenças de saúde pública e ainda os quatros pilares existentes na Educação Ambiental;

condições de higiene-sanitária com a participação da comunidade em sendo uma âncora para

que se possam ter resultados satisfatórios.

Controlar a aplicação das áreas envolve o saneamento básico requer um esforço

conjunto de todos os atores sociais envolvidos e sua efetividade resultando em benefícios dos

mais diversos e promove bem-estar a população. A partir daí concluímos que o homem e o

meio possuem uma relação intrínseca que pode ser mediada pelo campo do saneamento. “A

medida que o saneamento evolui em conhecimento, tecnologia e se investe na melhoria das

condições sanitárias entende-se que sem saneamento seria impossível desfrutar da qualidade de

vida” (FUNASA, 2015).

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Wartchow (2009) enfatiza que:

O conceito de saneamento Básico, que historicamente restringia-se à água e ao esgoto,

evoluiu para o saneamento básico com viés ambiental que engloba os SAA, SES, o

manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais urbanas, os quais, de forma

sistemática, devem se integrar do ordenamento e ao solo, a fim de promover

crescentes níveis de salubridade ambiental e a melhoria das condições de vida urbana

e rural.

Heller (1998) também corrobora no sentido que padroniza as definições ao entender que

o abastecimento de água “como o fornecimento de água à população em quantidade suficiente e

com qualidade e esgotamento sanitário compreende a coleta dos esgotos gerados pela

população e sua disposição de forma compatível com a capacidade do meio ambiente em

assimilá-los”.

3.6 DETERMINANTES SOCIAIS E AMBIENTAIS

De acordo com dados estatísticos e o entendimento de MINC (2001) no que se refere ao

"o organismo urbano está doente" assertiva na qual o autor reflete a ideia de que a maior parte

das cidades crescem de forma desordenada e sem planejamento urbano adequado.

Os municípios enfrentam problemas constantes em relação ao crescimento populacional

e a ausência do planejamento urbano para que se acompanhe esse crescimento, gerando assim

diversos problemas, tanto sociais quanto ambientais.

A literatura nos mostra que por muitos anos os governantes não se preocuparam com

saneamento mesmo porque "cano enterrado não dá voto" MILARÉ (2007), portanto as cidades

cresciam sem um planejamento urbano que ainda segundo este autor, em seu comentário no

“desafio da sustentabilidade”:

Na segunda metade do sec. XX - quando a urbanização sem urbanismo era um fato no

Brasil, quando as migrações internas agravavam o problema sanitário, quando a

metropolização das capitais começava a firmar-se -a premência das necessidades de

saúde pública e dos serviços urbanos fundamentais detonou a campanha pela

infraestrutura do saneamento básico. (MILARÉ, 2007).

A partir deste comentário depreende-se que o saneamento básico teve seu impulso na

metade do século XX, porém com problemas que envolviam questões políticas e econômicas,

tais como: pouco investimento em saneamento básico, poluição dos recursos hídricos,

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deficiência no sistema de drenagem, ocupação nas várzeas e destino irregular dado aos resíduos

sólidos, diminuição das áreas verdes (HELLER, 1995).

No Brasil, o saneamento básico foi problema desde a época de colonização, Gilberto

Freire na obra Sobrados e Mocambos relata fatos da época da colonização e escravidão em que

passava o país.

Vale mencionar que no Brasil, a história do saneamento básico tem um delineamento

marcado pelo urbanismo que ocorreu em suas principais cidades. O urbanismo e o saneamento

no Brasil sempre foi motivo de preocupação com a sanitização ambiental e saúde pública,

desde XIX, no Brasil, sempre foi realizada de forma desordenada e sem planejamento, tema já

abordado por Lima Barreto:

Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado.

As casas surgiram como se fossem semeadas ao vento e, conforme as casas, as ruas se

fizeram. [...] Há pelas ruas damas elegantes, com sedas e brocados, evitando a custo

que a lama ou o pó lhes empanem o brilho do vestido; há operários de tamancos [...]

(BARRETO, 2004).

Desde o período da sua colonização, o Brasil sofre com problemas decorrentes do

saneamento atingindo a saúde pública que foi comprometida pela ausência das ações

saneadoras, pois os excrementos e os dejetos eram descartados sem observância de seus

impactos, o que na época, demonstra o completo desconhecimento quanto ao prejuízo

ambiental que causariam à geração futura.

Follador et al. (2018) discute a questão do meio ambiente e sua relação com a saúde,

dando destaque acerca dos prejuízos decorrentes da precariedade do saneamento básico ao

meio e a população que o habita, uma vez que o indivíduo está intimamente ligado ao ambiente

onde vive, sofrendo os prejuízos ali decorrentes.

A inexistência de uma ação governamental, além da falta de sensibilização, mobilização

e participação efetiva da comunidade para que as ações de saneamento obtenham resultados

satisfatórios, o envolvimento da população é condição determinante para facilitar os serviços de

limpeza e a manutenção destes.

É fato que os quatros bases do saneamento (esgotamento sanitário, abastecimento de

água potável, limpeza e manejo de resíduo sólido, drenagem e manejo das águas pluviais e

urbanas) se não forem bem administrados, causam impactos ao meio e à saúde pública.

A água é um elemento primordial a existência humana, sua contaminação é responsável

pela transmissão de diversas patologias, entre elas a diarreia, ocasionando até mesmo o óbito no

indivíduo. As doenças são transmitidas por microrganismos invisíveis a olho nu que ficam

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presentes na água doce dos reservatórios, rios, lagos e córregos e, às vezes, as águas das praias,

que são contaminados por fezes humana e de animais ou outros chorumes contaminantes que

ao entrarem em contato com a pele, ingestão ou aspiração pode contaminar o homem.

(PHILIPPI JR, 2014).

Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, o meio mais comum de ocorrer

contaminação é através da água imprópria para o consumo ou pela ingestão de alimentos que

são lavados pela água suja sem controle sanitário. Vale destacar que são várias as doenças

veiculadas pela água que comparecem como sendo problemas de saúde pública, assim os

principais impactos gerados pela falta de saneamento básico têm reflexo imediato na saúde

pública, pela simples falta precípua de higiene.

3.7 DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO BÁSICO INADEQUADO

A literatura mundial reconhece que o saneamento deficiente e precário acarreta diversos

problemas para a sociedade, com ônus a saúde, no que diz respeito aos cuidados com a água,

realidade presente principalmente em países de baixa e média renda (PRÜSS-USTÜN, 2019).

A prevalência destas doenças determinadas pelo saneamento básico inadequado

constitui um forte indicativo de fragilidade dos sistemas públicos de saneamento, uma vez que

reflete diretamente na saúde individual e coletiva (BARTRAM e CAIRNCROSS, 2010).

Devido sua imensa relevância para a saúde individual e coletiva, a organização mundial

de saúde traça como estratégia global 2015-2020 os cuidados com a água e o saneamento

(WORLD HEALTH ORGANIZATION et al., 2015).

Djonú (2018) salienta que:

Os principais problemas enfrentados pela humanidade referentes à saúde inserem-se

na vida em comunidade. Seja na busca pelo monitoramento de doenças transmissíveis,

no controle e melhoria do ambiente físico (saneamento básico), na provisão de água

potável ou alimentos com qualidade e acessibilidade. Em todos esses itens, a saúde

encontra-se inter-relacionada, revelando a sua multidimensionalidade e necessidade,

para sua compreensão, de uma visão holística e interdisciplinar.

Sabe-se que a infraestrutura sanitária deficiente desempenha uma interface com a

situação de saúde e com as condições de vida das populações dos países em desenvolvimento,

onde as doenças infecciosas continuam sendo uma importante causa de morbidade e

mortalidade, ocasionando altos custos econômicos ao governo (TEIXEIRA, 2013).

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Desse modo, percebe-se que a falta ou a existência de serviços de saneamento

inadequados provocam a insalubridade ambiental que, por sua vez, favorece a ocorrência de

diversas doenças (ROCHA et al., 2018).

No entanto, é necessário enfatizar que as doenças relacionadas ao saneamento básico

inadequado e deficiente são doenças evitáveis e que não deveriam levar a óbito e internação,

contudo ainda continuam presentes na sociedade (SIQUEIRA, 2017).

Tabela 3.1 – Doenças relacionadas ao Saneamento Básico inadequado.

CATEGORIA DOENÇAS *CID-10

1. DOENÇAS DE TRANSMISSÃO FECO-

ORAL

A00

Diarreias A02-04

A06-A09

Febres entéricas A01

Hepatite A B15

2. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETO

VETOR

Dengue A90-A91

Febre amarela A95

Leishmaniose B55

Filariose linfática B74

Malária B50-B54

Doenças de Chagas B57

3. DOENÇAS TRANSMITIDAS PELA ÁGUA

CONTAMNADA

Esquistossomose B65

Leptospirose A27

Diarreia infecciosa A09

Hepatite A B15

Cólera A00

Legionelose A48.1

4. DOENÇAS RELACIONADAS COM A

HIGIENE

Doenças dos olhos

Tracoma A71

Conjuntivite H10

Doenças de pele

Micoses superficiais B35-B36

5. GEOHELMINTOS E TENÍASES

B68

Helmintíases B69

B71

B76-B83

Teníase B68-B69

Fone: COSTA, (2010).

*CID-10: Classificação Internacional de Doenças. Revisão 1996 (OMS, 1997).

A tabela 3.1 apresenta as categorias, divididas por grupos de doenças relacionadas ao

saneamento inadequado, além de especificação das doenças, correspondendo ao grupo de

doenças infecciosas e parasitárias, bem como um grupo de doenças infecciosas intestinais;

ambos definidos pela OMS como capítulo e categoria, respectivamente, da Classificação

Internacional de Doenças (OMS, 1997).

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A título de exemplo, o quadro 3.2, apresenta as principais doenças causadas pela

ausência ou carência de serviços de saneamento básico, bem como a forma de transmissão e

seu agente transmissor.

Quadro 3.2– Doenças veiculadas por água contaminada

Patologias Veiculação

Hepatite Praias, rios e lagos que recebem esgoto não tratado podem ter

suas águas contaminadas com vírus da hepatite A;

Cólera Bactéria Vibrio cholerae é transmitida pela via fecal-oral,

podendo ser adquirida através da água e de alimentos

contaminados;

Diarreia infecciosa Bactérias: salmonella, shigella, campylobacter pylori, chlamydia

trachomatis, yersínia enterocolítica, vibrio vulnificus.

Vírus: rotavírus, norovirus enovírus, sapovírus, astrovírus,

adenovírus entérico.

Parasitas: giárdia lamblia, entameba histolytica, trichuris

trichiura.

Leptospirose A principal fonte de transmissão da leptospirose são os ratos de

esgoto, a infecção pode ocorrer após o consumo de líquidos e

alimentos, mas a via principal é pelo contato direto da pele com

água contaminada pela urina destes roedores;

Esquistossomose A esquistossomose, também conhecida por barriga d’água ou

doença do caramujo, é uma infecção causada pelo parasita

Schistosoma, que vive em águas contaminadas por fezes e

povoadas pelo caramujo;

Legionelose (Doença dos

legionários)

A legionelose, também conhecida como doença dos legionários, é

uma infecção provocada por uma bactéria chamada Legionella

pneumophila. É uma infecção pulmonar que costuma ser

adquirida através inalação de partículas de água contaminada

com a bactéria Legionella pneumophila.

Fonte: Ministério da Saúde, (2012).

No quadro 3.2 exposto, mostra algumas das principais patologias detectadas pela

ausência ou um saneamento básico ineficaz trazendo consequências à saúde da população

devido ao alto poder de contaminação pelos microrganismos instalados nas mais diversas

fontes de poluição, principalmente pela água contaminada e pelos esgotos sanitários não

tratados.

O quadro 3.3 mostra os vetores, forma de veiculação e doenças decorrentes da presença

dos transmissores encontrados nos de resíduos sólidos que são descartados e acumulados nos

mais diversos lugares, nas ruas, praias, fundos de quintais, muitas vezes se confundindo com

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brinquedos e fontes alimentares para vetores de doenças, com destaque para as principais

doenças que são veiculadas por vetores que se alimentam dos resíduos sólidos e líquidos.

Quadro 3.3 – Vetores que transmitem doenças pela presença de resíduos sólidos ou

líquidos.

Vetores Doenças

Ratos Alimentam-se dos resíduos orgânicos. Doenças: leptospirose, tifo, murino,

hantaviroses e peste bubônica;

Baratas e

formigas

Transmitem micróbios que causam infecções respiratórias e intestinais, se

alimentam de resíduos sólidos orgânicos e líquidos (esgoto). Principais

doenças relacionadas: giardíase, cólera e diarreia;

Moscas Pela presença de resíduos orgânicos que servem de alimentos. Doenças:

salmonelose, cólera, amebíase, giardíase, disenteria;

Mosquitos Doenças relacionadas: dengue, zika, febre amarela, arboviroses, malária e

elefantíase.

Fonte: Ministério da Saúde, (2012).

Com os graves problemas advindos da falta de cuidados e dos resíduos descartados de

maneira aleatória, a Lei 12.305/2010 institui instrumentos de gestão resíduos sólidos, entre eles,

os planos de resíduos sólidos: Plano Nacional; Planos Estaduais; Planos Microrregionais e de

Regiões Metropolitanas ou Aglomerações Urbanas; Planos intermunicipais; Planos Municipais

de Gestão Integrada e os Planos de Gerenciamento, como uma forma mitigadora dos danos à

saúde e aos problemas ambientais.

Por serem planos públicos necessitam da participação popular para o controle social, em

todas as etapas, desde sua formulação, até o acompanhamento da implantação da política

estadual ou municipal de resíduos sólidos, sua operacionalização e validação da consecução das

metas, de acordo com os termos da Lei nº. 10.650/2003 e do art. 47 da Lei nº. 11.445/2007.

(BRASIL, 2010).

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3.8 RANKING DO SANEAMENTO

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil (OSCIP) de Interesse

Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção

dos recursos hídricos do país. Feito em parceria com a GO Associados, especializada em

saneamento básico, o trabalho usa dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre

Saneamento (SNIS), gerenciado pelo Ministério das Cidades.

Por meio de seus estudos, elabora o Ranking do Saneamento Básico das 100 maiores

cidades do país, avalia a evolução dos indicadores de água, esgotos, investimentos e perdas de

água nas maiores cidades e com foco nas capitais brasileiras.

O ranking do saneamento 2017, ano base 2015, mostra como destaque, ocupando a

primeira posição Franca (SP) como a melhor cidade entre as 100 maiores e Ananindeua (PA)

figura na última colocação. Os dados nacionais de saneamento no Brasil mostram que 50,3% da

população tem acesso à coleta dos esgotos e somente 42% dos esgotos são tratados.

A cidade de Manaus (AM) situa-se entre as 10 piores das 100 cidades, ocupando a

nonagésima quinta posição, avaliação baseia-se nos índices de esgoto e água, ano base 2015.

Resta salientar que os indicadores demográficos e de saneamento revelam as condições

sanitárias, subsidiando na elaboração de políticas públicas, estando intimamente ligados a

fatores econômicos e ao índice de desenvolvimento humano, de modo que existência adequada

ou não, bem como a falta provocam a chamada insalubridade ambiental, além de causar

implicações diretas a saúde das populações que moram expostas direta ou indiretamente em

áreas degradadas do ponto de vista ambiental (ROCHA; ROSSONI; FARIA, 2018).

A tabela 3.2 mostra detalhadamente o ranking do saneamento elaborado em 2017 pelo

Instituto Trata Brasil, ano base 2015, chamando a atenção quanto a classificação dos

municípios mais bem situados no ranking, qual sejam, localizam-se nas regiões mais

desenvolvidas economicamente que são as regiões sul e sudeste, enquanto que as cidades

classificadas entre as piores no ranking de saneamento, localizam-se na regiões norte e

nordeste, fatores influentes como a proporção de esgoto tratado e água consumida estão em

menor índices nessas cidades.

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Tabela 3.2 – Ranking do saneamento 2017 das 10 melhores cidades X 10 piores cidades,

entre os 100 maiores municípios do Brasil.

Posição

Rankin

g 2017

Município

Populaçã

o (hab)

2015

SNIS (2015)

Índice de

atendimento

total de

esgoto

referido aos

municípios

atendidos

com água

IN056 (%)

Índice de

atendimen

to total de

água

IN055 (%)

Índice de

esgoto

tratado

referido à

água

consumida

IN046 (%)

1 França 342.112 99,96 99,96 98,00

2 Uberlândia 662.362 97,23 100,00 81,20

3 São José

dos

Campos

688.597 96,12 99,96 94,00

4 Santos 433.966 99,88 100,00 97,60

5 Maringá 397.437 100,00 99,98 96,30

6 Limeira 296.440 97,02 97,02 100,00

7 Ponta

Grossa

337.865 100,00 99,98 85,92

8 Londrina 548.249 100,00 99,98 88,53

9 Cascavel 312.778 93,26 99,98 89,57

10 Vitória da

Conquista

343.230 80,73 100,00 82,48

Total

+10

- 4.363.03

6

91 Duque de

Caxias

882.729 44,14 86,24 7,08

92 Nova

Iguaçu

807.492 45,05 93,60 0,06

93 Várzea

Grande

268.594 27,30 96,97 23,54

94 Gravataí 272.257 25,55 82,21 15,82

95 Manaus 2.057.71

1

10,40 85,42 23,92

95 Macapá 456.171 5,44 36,39 18,01

97 Porto

Velho

502.748 3,71 33,96 0,00

98 Santarém 292.520 SI 48,00 SI

99 Jaboatão

dos

Guararapes

686.122 6,66 74,05 6,24

100 Ananindeu

a

505.404 2,09 28,81 8,75

Total

- 10

- 6.731.74

8

Fonte: Instituto Trata Brasil, ranking do saneamento, (2017).

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 PERFIL DA PESQUISA

Para a realização do estudo, esta pesquisa contou com um levantamento bibliográfico

para ancorar as referências teóricas, caracterizou-se como estudo epidemiológico e documental.

A fonte dos dados coletados para análise ocorreu mediante a consulta nos bancos de dados

públicos mantido pelos entes governamentais (SNIS, DATASUS, IBGE) cujo o livre acesso

ocorreu via internet.

A delimitação da pesquisa gerou em torno das doenças relacionadas ao saneamento

básico inadequado (DRSAI), em que a causa correspondeu ao diagnóstico principal dos

seguintes códigos CID-10:

Doenças de transmissão feco-oral: Diarreias (A02 04), Febres entéricas (A25) e

Hepatite A (B15).

Doenças transmitidas por inseto vetor: Dengue (A90), Febre Amarela (A95),

Leishmanioses (B55), L. Tegumentar (B55.9), L. Visceral(B55.0), Filariose

Linfática (B74), Malária (B50) e Doença de Chagas (B57).

Doenças transmitidas através do contato com a água: Leptospirose (A27) e

Esquistossomose (B65).

Doenças relacionadas com a higiene: Doenças nos olhos (Z13.5), tracomas

(H54.3), conjutivites (H10), doenças da pele (B08), micoses superficiais (B36).

Geo-helmintos e teníases: Helmintíases (B82.0) e Teníases (83.9).

Partindo desta premissa, a pesquisa analisou os determinantes sanitários e ambientais,

bem como as instalações básicas de saneamento (água, rede de esgoto e manejo de resíduos

sólidos), por constituírem fatores determinantes e condicionantes ao surgimento das DRSAI, e

se não cuidados da maneira correta, influenciam diretamente no surgimento de doenças

evitáveis, além do mais, a pesquisa tem como foco a análise das informações sobre

mortalidade, internação e custo ao sistema público de saúde.

O estudo mostra por meio de quadros, figuras, tabelas e gráficos os reais prejuízos

decorrentes a esse problema na saúde pública do município de Manaus/AM. Os dados foram

analisados com base no referencial teórico pesquisado, os quais mostram a obtenção da análise

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dos resultados desta pesquisa, servindo de suporte para verificação situacional de saúde e meio

ambiente do referido município.

4.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS DE MORTALIDADE E MORBIDADE NO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

4.2.1 Mortalidade geral e por DRSAI no Município de Manaus

A tabela 4.1 apresenta os óbitos totais - OT, óbitos por doenças infecciosas e

parasitárias – ODIP e óbitos por doenças relacionados ao saneamento básico inadequado

ORSBCD, separadamente.

Observa-se que ODIP representam a média de 596,5, no período de 2010 a 2017 o

equivalente a de 6,16% do total de óbitos, já os óbitos por doenças relacionados ao saneamento

básico inadequado a média é de 66,5 no período estudado, variando gradativamente ao longo

dos anos, no entanto o ano 2013 houve 77 casos, correspondendo a 0,82% de óbito total, com

redução nos anos seguintes, no entanto, o ano de 2017 os casos voltam a ter um aumento

chegando a 0,74% em relação aos óbitos totais.

A tabela 4.1 mostra ainda que ao longo dos anos de 2010 a 2017, os óbitos por doenças

relacionadas ao saneamento básico ocasionou cerca de 532 mortes no município de Manaus,

essa informação revela o quanto o município precisa investir e dar maior visibilidade a questões

ambientais e de infraestrutura urbana adequadas ao desenvolvimento humano sadio, já que são

problemas evitáveis e até mesmo previsíveis.

Tabela 4.1 – Óbitos totais, óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e óbitos

relacionados ao saneamento básico inadequado. Manaus, 2010 a 2017.

Ano

OT ODIP

N

ODIP

% OT

ORSBCD

N

ORSBCD

% OT

2010 8.364 535 6,39 60 0,71

2011 9.015 546 6,05 61 0,67

2012 9.315 525 5,63 52 0,55

2013 9.358 561 5,99 77 0,82

2014 9.848 637 6,46 72 0,73

2015 10.451 619 5,92 71 0,67

2016 10.430 727 6,97 60 0,57

2017 10.623 622 5,85 79 0,74

OT: óbitos totais; ODIP: óbitos por doenças infecciosas e parasitárias; ORSBCD: óbitos por

causa definida relacionada ao saneamento básico inadequado.

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/SUS). DATASUS (2019).

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A tabela 4.2 apresenta quantidade de óbitos por cauda definida por doenças relacionadas

ao saneamento básico inadequado e também o percentual equivalente ao total de ORSBCD.

A partir das informações contidas na tabela é possível identificar que os óbitos por

doenças diarreicas correspondem a maior quantidade de mortes por DRSAI nos anos de 2010 a

2017, seguidas por dengue e leptospirose.

As doenças diarreicas ocasionaram 412 mortes nos anos estudados, cuja variação foi de

75% de 2010 a 2017, a média foi de 51,5. Com base nos dados mostrados na tabela, a morte

por doenças diarreicas cultiva semelhança direta com as precárias condições de saúde da

população, decorrentes a fata de saneamento básico, dentre outros fatores que favorecem o

surgimento da doença e na forma mais grave, levando a óbito o indivíduo infectado.

A tabela 4.2 mostra ainda que a dengue ocupa o segundo lugar em óbitos por DRSAI,

com 49 casos de mortes registradas no sistema de informação, a média foi de 7,98, o que

representa a deficiência sanitária, principalmente no cuidado e armazenamento de resíduos

sólidos, já que a dengue se transmite por inseto vetor. Assim, torna-se extremamente necessário

a ênfase nas políticas públicas para doenças transmitidas por vetores, priorizando estratégia de

controle e cuidado individual e coletivo.

Os óbitos por leptospirose correspondem ao total de 43 mortes ao longo dos anos em

estudo, com a média de 5,37, revelando também a necessidade de infraestrutura sanitária ideal.

Tabela 4.2 – Óbitos por causa definida relacionados ao saneamento básico inadequado.

Manaus, 2010 a 2017.

DOENÇAS

2010

óbito

%

2011

óbito

%

2012

óbito

%

2013

óbito

%

2014

óbito

%

2015

óbito

%

2016

óbito

%

2017

óbito

%

Diarreias

40

66,66%

38

62,29%

38

73,07%

58

75,32%

59

81,94%

56

78,87%

53

88,33%

70

88,60%

Dengue

10

16,66%

15

24,59%

3

5,76%

10

12,98%

5

6,94%

5

7,04%

1

1,66%

Doença de Chagas

2

3,33%

1

1,63%

1

1,92%

2

2,81%

1

1,66%

Helmintíase

1

1,6%

1

1,29%

1

1,38%

Hepatite A

1

1,38%

Leishmaniose

1

1,92%

1

1,66%

Leptospirose

4

6,66%

6

9,83%

6

11,53%

6

7,79%

4

5,55%

7

9,85%

4

6,66%

6

7,59%

Malária

3

5%

1

1,63%

3

5,76%

2

2,59%

2

2,77%

1

1,40%

1

1,66%

2

2,53%

TOTAL 60 61 52 77 72 71 60 79

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/SUS). DATASUS, (2019).

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55

4.2.2 Taxa de incidência dos casos de óbitos por DRSAI

A tabela 4.3 apresenta a taxa de incidência dos casos de óbitos por doenças relacionadas

ao saneamento básico inadequado no Município de Manaus no período de 2010 a 2017, uma

vez que por meio do estudo da incidência é possível medir a ocorrência e manifestação de

determinados problemas, como mensurar a ocorrência dos óbitos por DRSAI.

Desta forma, a tabela abaixo mostra de forma detalhada e separadamente as doenças que

causaram óbitos por DRSAI, levando-se em conta a população exposta ao problema.

Observando as informações contidas na tabela, verificamos que os óbitos por diarreias

apresentam maior taxa de incidência, comparada a outras doenças, com destaque o ano de

2017, cuja taxa atingiu 0,32%. A diarreia pode ser causada pela falta de abastecimento de água,

incluindo a falta de tratamento e o armazenamento inadequado da água no ambiente doméstico,

além da ausência de esgotamento sanitário (UNICEF/WHO, 2009).

Tabela 4.3 – Taxa de incidência dos casos de óbitos por doenças relacionados ao

saneamento básico inadequado. Manaus, 2010 a 2017.

DOENÇAS 2010

TI

2011

TI

2012

TI

2013

TI

2014

TI

2015

TI

2016

TI

2017

TI

Diarreias 0,22 % 0,20% 0,20% 0,29% 0,29% 0,27% 0,25% 0,32%

Dengue 0,05% 0,08% 0,01% 0,05% 0,024% 0,02% 0,004%

Doença de

Chagas

0,01% 0,005% 0,005% 0,009% 0,004%

Helmintíase 0,005% 0,005% 0,004%

Hepatite A 0,004%

Leishmaniose 0,005% 0,004%

Leptospirose 0,02% 0,03% 0,03% 0,03% 0,01% 0,03% 0,01% 0,02%

Malária 0,01% 0,005% 0,01% 0,01% 0,009% 0,004% 0,004% 0,009%

População

Estimada

1.802.525 1.832.424 1.861.838 1.982.177 2.02.301 2.057.711 2.094.391 2.130.264

TI: taxa de incidência, casos por 10 mil habitantes.

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/SUS). DATASUS, (2019).

4.2.3 Morbidade hospitalar no SUS por Capítulo CID-10

A tabela 4.4 mostra de maneira separada cada Capítulo por Classificação Internacional

de Doenças, no período de 2010 a 2017 registradas no Município de Manaus.

Observando a tabela, verificamos que o Cap. XV apresenta maior número de internação,

com 298.062, já o Cap. I apresenta 66.322 casos registrados nos anos em estudo. O ano de 2017

destaca-se com maior caso de internação total por capítulos, com 118.716, gerando gastos

(alguns evitáveis) ao sistema público de saúde, sem contar no desgaste ao próprio indivíduo.

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Tabela 4.4 – Internações por Capítulo *CID -10. Manaus, 2010 a 2017. CAPITULO CID-10 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

I Algumas doenças

infecciosas e parasitárias

8.268 10.727 8.641 8.002 6.943 7.786 8.094 7.861

II Neoplasias [tumores] 6.602 5.982 4.657 4.904 3.447 4.333 5.084 5.126

III Doenças do sangue órgãos

hematopoéticos e alguns

transtornos imunitários

467 463 449 429 370 512 573 596

IV Doenças endócrinas,

nutricionais e metabólicas

1.506 1.664 2.417 2.232 1.288 1.665 2.326 2.528

V Transtornos mentais e

comportamentais

787 641 667 668 633 627 811 608

VI Doenças do sistema

nervoso

1.468 2.024 1.953 1.892 1.630 1.973 2.217 2.427

VII Doenças do olho e anexos 229 190 71 204 235 510 661 729

VIII Doenças do ouvido e da

apófise mastoide

113 140 96 108 112 158 131 154

IX Doenças do aparelho

circulatório

6.562 7.365 7.550 7.267 6.691 7.566 7.566 7.388

X Doenças do aparelho

respiratório

11.061 11.523 12.418 12.316 11.147 10.638 9.931 10.610

XI Doenças do aparelho

digestivo

10.532 12.275 13.182 12.248 10.502 12.566 11.985 12.959

XII Doenças da pele e do

tecido subcutâneo

1.200 1.590 2.012 2.116 1.706 2.297 2.214 2.388

XIII Doenças do sistema

oesteomuscular e do tecido

conjuntivo

1.269 1.011 743 929 696 827 686 816

XIV Doença do aparelho

geiturinário

4.719 6.207 6.297 6.341 5.123 6.263 6.184 7.079

XV Gravidez, parto e

puerpério

33.368 35.653 36.824 38.841 35.390 38.574 39.198 40.214

XVI Algumas afecções

originadas no período

perinatal

2.120 2.346 2.277 1.457 1.453 1.926 2.409 3.410

XVII Malformações

congênitas, deformidades e

anomalias cromossômicas

596 709 741 770 780 1.196 1.065 1.042

XVIII Sintomas, sinais e

achados anormais e exames

clínicos e de laboratório, não

classificados em outras parte

465 550 624 864 640 769 986 1.075

XIX Lesões, envenenamentos

e algumas outras

consequências de causas

externas

4.724 7.048 7.944 7.810 6.734 8.122 9.131 10.161

XX Causas externas de

morbidade e de mortalidade

29 48 36 23 6 7

XXI Fatores que influenciam

o estado de saúde e o contato

com os serviços de saúde

1.292 1.174 1.188 1.130 713 866 1.378 1.545

TOTAL 97.377 109.330 110.805 110.551 96.239 109.181 112.630 118.716

Fonte: Sistema de Informação Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS, (2019).

*CID-10: Classificação Internacional de Doenças. Revisão 1996 (OMS, 1997).

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4.2.4 Morbidade hospitalar no SUS por doenças de notificação compulsória relacionadas ao

saneamento básico inadequado

Entre as doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, atendidas no SUS,

foram selecionadas aquelas que são de notificação compulsória no País segundo a Portaria

GM/MS nº 104, de 25 de janeiro de 2011 (BRASIL, 2011), a saber: cólera, dengue, doença de

Chagas aguda, esquistossomose, hepatite, leishmaniose, leptospirose, malária, febre amarela e

febre tifoide, por constituir doenças de notificação compulsória a comunicação quanto a

ocorrência dessas doenças se faz obrigatória a autoridade de saúde.

A Tabela 4.5 apresenta o número de casos notificados no SUS por doenças de

notificação compulsória do período de 2010 a 2017 ocorridas no Município de Manaus.

As quatro doenças com maior números de casos foram, pela ordem, a dengue, a

hepatite, a leishmaniose e leptospirose.

A doença dengue transmitida por inseto vetor destaca maior incidência, com 87.570

casos prováveis registrados nos anos estudados, convém salientar que a dengue pode ser

evitada, desde que haja os cuidados necessários para sua prevenção, no entanto a população

deve estar ciente e sensível a este problema, já que traz consequências drásticas para o

indivíduo e a coletividade, pois o surgimento desta doença acarreta gastos ao sistema de saúde.

Quanto a hepatite foram cerca de 8.186 casos registrados dessa doença, seguidos por

leishmaniose com 5.743 e leptospirose com 473, todas as doença são relacionadas ao

saneamento básico, assim podem e devem ser evitadas.

Tabela 4.5 – Casos confirmados de doença de notificação compulsória no Sistema de

Informação de Agravo de Notificação, por doença relacionada ao saneamento básico

inadequado. Manaus, 2010 a 2017. Doenças de notificação

compulsória

Casos prováveis

Cólera

Dengue 87.570

Doença de Chagas 21

Esquistossomose

Hepatite 8.186

Leishmaniose 5.743

Leptospirose 473

Malária

Febre amarela 2

Febre tifoide 82

TOTAL 102.077

Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS, (2019).

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4.3 GASTOS DO SUS COM MORBIDADE HOSPITALAR POR DOENÇAS

RELACIONADAS AO SANEAMENTO BÁSICO INADEQUADO

Neste trabalho, os gastos devido a deficiências do saneamento básico foram apurados a

partir do seguinte tipo de despesas:

gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações;

valor dos serviços hospitalares;

valor dos serviços profissionais.

No período entre 2010 e 2017, verificou-se a ocorrência de 17.911 casos que resultaram

em internação hospitalar, com média de 2.985 internações por doenças relacionadas ao

saneamento básico inadequado ao ano; o que representa gastos evitáveis ao sistema público de

saúde, além do desgaste físico do indivíduo acometido pela doença.

Conforme análise da tabela 4.6, o ano de 2011 apresenta em maior quantidade os casos

de internação e consequentemente ao maior gasto em relação aos demais períodos em estudo e

o ano com menor número de internações devido a tais doenças foi o ano de 2015, com 1.935

conforme pode ser observado na tabela abaixo. Os serviços hospitalares e profissionais

representam separadamente valores diferentes. Foi possível verificar a falta de registro

referente aos anos de 2016 e 2017, o que gera fragilidade ao sistema, pois não existem sequer

informações acerca desses períodos.

Tabela 4.6 – Internações, Valor dos serviços hospitalares, Valor dos serviços profissionais,

Valor total por doenças relacionadas ao Saneamento Básico inadequado. Manaus, 2010 a

2017.

Ano

Internações AIH*

aprovada

Valor

serviços

hospitalares

Valor

serviços

profissionais

Valor total

2010 3.158 3.158 1.266.492,18 192.672,04 1.459.164,22

2011 4.987 4.987 1.670.406,86 279.265,43 1.949.672,29

2012 3.015 3.015 1.035.486,03 148.179,47 1.183.665,50

2013 2.512 2.512 867.855,37 131.078,68 998.934,05

2014 2.304 2.304 914.899,39 125.840,69 1.040.740,08

2015 1.935 1.935 751.456,16 104.934,08 856.390,24

2016

2017

Total 17.911 17.911 6.506.595,99 981.970,39 7.488.566,38

*AIH: Autorização de Internação Hospitalar;

Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS, (2019).

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59

Tabela 4.7 – Internações, Valor dos serviços hospitalares, Valor dos serviços profissionais,

Valor total por causa definida relacionadas ao Saneamento Básico inadequado. Manaus,

2010 a 2017.

Categoria

Doenças

Internação

Valor total

(internação, serviços

hospitalares e profissionais)

Doenças de transmissão feco-oral

Diarreia 13.359 5.407.596,94

Febres entéricas 97 51.035,69

Hepatite A

Doenças transmitidas por inseto

vetor

Dengue 3.151 1.128.644,16

Febre amarela 16 3.939,57

Leishmanioses 89 41.580,07

Filariose 34 16.733,27

Malária 1.722 536.472,98

Doenças de

chagas

Doenças transmitidas pelo contato

com a água

Esquistossomose 2 435,34

Leptospirose 271 450.928,03

Doenças relacionadas com a

higiene

Doenças dos

olhos

Tracoma

Conjuntivite

Doenças de pele

Micoses 411 473.412,82

Geohelmintos e teníases Helmintíases 71 17.686,74

Teníases

Total 19.223 8.128.465,61

Fonte: DATASUS, Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) 2019.

A partir da análise da tabela 4.6, podemos identificar 19.223 internações no SUS por

doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, no período de 2010 a 2017,

destacando-se em maior incidência a diarreia com 13.359 casos de internação hospitalar.

Por se tratar de categoria de doenças determinantes pelo meio ambiente e o cuidado

individual, essas doenças não deveriam conduzir a internações e consequentemente ao óbito,

uma vez que podem ser evitadas por meio do desenvolvimento de ações adequadas de

saneamento ambiental, porém, é necessário que o indivíduo compreenda o real motivo daquele

problema, para que o mesmo, consiga intervir a sua volta, tomando medidas simples que, por

desconhecimento não entende as consequências que poderão advir.

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60

4.4 OS SERVIÇOS DE SANEAMENTO EM MANAUS

A cidade de Manaus/AM é entre as cidades amazonenses aquela com a melhor estrutura

urbana em se tratando do serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário (Aragão;

Borges, 2016). Embora não significa dizer que seja adequada e conforme os padrões ideais,

está longe de ser uma estrutura realmente eficiente capaz de atender a demanda população

como prevê o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab, 2014).

4.4.1 Informações de água

Neste subtópico, serão apresentadas informações de água prestadas pela Manaus

Ambiental e Companhia de Saneamento do Amazonas.

Conforme análise da tabela 4.7 houve crescimento anual e gradativo ao longo dos anos

de 2010 a 2017, com media anual de 365.270 ligações ativas de água, refletindo com isso o

aumento da extensão de rede de água. Percebe-se com o estudo que o volume de água

produzido (AG006) é maior que o volume de água tratada em estação de tratamento (AG007).

Quanto ao volume de água tratada (AG007) e água para consumo (AG010), o ano de

2017 destaca-se com menor volume, representado apenas 29,46% de água consumível,

enquanto que o ano de 2016 apresenta maior volume de água para consumo, em torno de

64,89% do total de água tratada.

Tabela 4.8 – Informações de água. Prestador Manaus Ambiental – MA (empresa

privada). Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017.

Ano

AG002

[ligações]

AG005

[km]

AG006

[1.000m³

/ano]

AG007

[1.000m³

/ano]

AG010

[1.000m³

/ano]

AG015

[1.000m³

/ano]

AG021

[ligações]

AG026

[habitantes]

2017 415.934 3.765,78 198.575,00 180.399,00 53.152,00 18.176,00 474.190 1.901.375

2016 400.039 3.712,81 191.872,00 173.418,00 112.534,00 18.454,00 460.665 1.838.706

2015 382.100 3.625,08 196.461,00 177.592,00 111.868,00 18.869,00 441.310 1.757.691

2014 372.175 3.594,78 217.510,00 189.041,00 109.602,80 28.469,00 428.509 1.695.307

2013 360.249 3.546,11 244.963,00 200.340,00 104.043,00 44.623,00 419.549 1.641.405

2012 348.580 3.447,61 242.695,00 196.655,00 102.271,00 46.040,00 403.043 1.816.589

2011 334.671 3.360,03 218.379,00 178.574,00 94.120,00 39.805,00 388.062 1.751.350

2010 308.412 3.244,00 204.416,00 172.106,00 82.045,00 32.310,00 369.696 1.730.416

AG002: quantidade de ligações ativas de água; AG005: extensão da rede de água; AG006:

volume de água produzido; AG007: volume de água tratada em ETAs (Estação de Tratamento

de Água); AG010: volume de água consumido; AG015: volume de água tratada por simples

desinfecção; AG021: quantidade de ligações totais de água; AG026: população urbana atendida

com abastecimento de água.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

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61

A tabela 4.9 apresenta informações de água prestada pela Companhia de Saneamento do

Amazonas, que é uma sociedade de economia mista, com objetivo de captação, tratamento e

distribuição de água para consumo humano.

Conforme observado na tabela 4.9, de 2010 a 2016 houve aumento gradativo da

quantidade de ligações ativas de água, no entanto 2017 houve redução de 2.053 ligações,

percebe-se que o volume de água produzido é maior que o volume de água tratada.

Tabela 4.9 – Informações de água. Prestador Companhia de Saneamento do Amazonas –

COSAMA (sociedade de economia mista). Abrangência regional. Manaus, 2010 a 2017. Ano

AG002

[ligações]

AG005

[km]

AG006

[1.000m³

/ano]

AG007

[1.000m³

/ano]

AG010

[1.000m³

/ano]

AG015

[1.000m³

/ano]

AG021

[ligações]

AG026

[habitantes]

2017 26.184 318,54 17.925,68 9.097,91 6.375,89 7.183,40 37.343 120.783

2016 28.237 318,54 17.992,23 10.361,12 6.162,56 7.031,16 35.085 119.435

2015 24.785 326,9 15.879,48 8.095,65 6.407,71 6.596,30 34.330 107.347

2014 23.000 318,53 19.003,25 10.741,55 6.444,02 7.322,26 32.902 107.141

2013 21.546 305,86 17.615,64 8.529,32 5.695,13 6.031,86 30.859 106.751

2012 20.569 305,86 16.427,12 9.511,63 5.517,23 6.915,29 29.871 100.594

2011 19.740 305,86 15.986,72 9.042,57 5.323,65 5.473,07 28.789 95.640

2010 19.185 305,86 14.669,73 8.030,90 5.156,91 6.638,83 27.787 94.929

AG002: quantidade de ligações ativas de água; AG005: extensão da rede de água; AG006:

volume de água produzido; AG007: volume de água tratada em ETAs (Estação de Tratamento

de Água); AG010: volume de água consumido; AG015: volume de água tratada por simples

desinfecção; AG021: quantidade de ligações totais de água; AG026: população urbana atendida

com abastecimento de água.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

As figuras 4.1 e 4.2 a seguir, mostram a evolução da extensão dos dois sistemas, sendo

o abastecimento de água e rede de esgoto existente na cidade de Manaus/AM e evidencia como

as redes cresceram de forma desigual, isto é, a rede de abastecimento de água apresenta

números maiores que a rede de esgoto.

O sistema de abastecimento de água da cidade de Manaus-Amazonas é baseado em

quatro captações superficiais, no Rio Negro, sendo responsável por 87% da captação de água

bruta do município, o restante é abastecido por poços profundos (RELATÓRIO DA

ASSESSORIA À ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO DE

MANAUS, 2014).

Equiparar as redes é uma preocupação para a saúde pública, assim entende Giatti (2009)

que, “dimensão e cobertura da rede de captação de esgotos deverá ser equivalente à rede de

distribuição de água potável. Isso porque cada litro de água consumida irá gerar

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aproximadamente o mesmo volume em águas servidas”, ou seja, afeta diretamente a saúde da

população, como salientado por GALVÃO JUNIOR (2009); MOTA (2005); SOUZA (2002).

Se as dimensões das redes são desproporcionais teríamos uma maior quantidade de água

distribuída e uma pequena parcela desta água que retornaria para o sistema na forma de esgoto

sendo tratada, isto seria o aspecto lógico do processo.

Figura 4.1 – Extensão da rede de abastecimento de água. Manaus, 2010 a 2017.

Fonte: A autora com base no SNIS, série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

Figura 4.2 – Extensão da rede de esgoto. Manaus, 2010 a 2017.

Fonte: A autora com base no SNIS, série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010

AG005 - COSAMA [KM]

AG005 - MANAUS

AMBIENTAL [KM]

0

100

200

300

400

500

600

2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010

ES004 - Extensão da rede de

esgoto [km]

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É importante mencionar que o ano 2000 foi marcado pela concessão dos serviços de

água e esgoto em favor da MA, entende-se que o ano 2000 e 2001 foram anos de transição

destes serviços e que ambas operacionalizaram o sistema. Desde então a COSAMA se

empenhou na construção do sistema PROAMA (Programa Águas para Manaus). De 2002 a

2012, a expansão da rede na zona leste da cidade se deu apenas pela construção desse novo

empreendimento, que de fato começou a operar no ano de 2013, e neste mesmo ano, se deu

assinatura do contrato que permitiu a gestão compartilhada entre a COSAMA e a Manaus

Ambiental. A gestão do PROAMA é compartilhada com a Manaus Ambiental. Conforme visto

na figura 4.1, há a distinção das duas redes em forma de gráfico, e não se pode dissociar, uma

vez que ambas pertencem a infraestrutura urbana de Manaus. Em relação à rede de

abastecimento, a rede de água da Manaus Ambiental desde 2002 vem crescendo linearmente.

Mesmo com essa evolução no abastecimento de água da cidade, é difícil não comparar

com a rede esgoto da cidade, que em números totais quase não mudou. De acordo com Aragão

(2017) a rede atual de esgoto compreende uma pequena parte da cidade, sendo que muito dessa

rede já existia, pois foram implantadas na gestão dos ingleses, no início do século XX. Mesmo

com o advento da concessão desses serviços à Manaus Ambiental não foi possível verificar

uma evolução significativa na rede de esgoto, conforme figura 4.2.

A tabela 4.10 mostra os índices de atendimento urbano de água e perda na distribuição,

assim pode-se concluir que a MA detém maior cobertura de atendimento de água na cidade,

chegando a 98,1% em 2012, enquanto que a COSAMA em 2016 registra 60,69%. Outro

elemento importante a ser observado diz respeito ao maior índice de perda na distribuição pela

COSAMA comparados a MA.

Tabela 4.10 – Índices de atendimentos

Ano de

referência

MA COSAMA MA COSAMA

IN023 – Índice

de atendimento

urbano de água

[percentual]

IN023 – Índice

de atendimento

urbano de água

[percentual]

IN049 – Índice

de perda na

distribuição

[percentual]

IN049 –

Índice de

perda na

distribuição

[percentual]

2017 89,71 60,3 74,62 60,51

2016 88,24 60,69 44,15 62,09

2015 85,85 55,56 46,19 55,27

2014 84,34 56,53 49,28 61,2

2013 83,23 57,45 48,16 62,44

2012 98,1 57,7 48,49 62,18

2011 96,1 55,8 50,08 62,25

2010 96,5 56,3 59,5 62,29

MA: Manaus Ambiental; COSAMA: Companhia de Saneamento do Amazonas.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

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4.4.2 Informações de esgoto

Em análise da tabela 4.11, que apresenta informações de esgoto prestado pela MA, ao

longo dos anos de 2010 a 2017 houve aumento gradativo quanto a extensão da rede de esgoto

na cidade de Manaus, no entanto corresponde ao máximo de 529,2KM.

Observa-se que há uma tendência de crescimento da interligação tanto da rede de

esgotamento, já mostrado na figura 4.2, quanto da rede de abastecimento representada na figura

4.1. Todavia a rede de esgotamento não caminha na mesma velocidade que a rede de

abastecimento de água, a interligação de esgotamento é muito menor. A população que é

interligada com rede de água tem o direito de se conectar à rede de esgotamento, mas na prática

isso não acontece mediante a falta de sistema de esgotamento sanitário em Manaus, o que

constitui um sério problema sanitário e de infraestrutura urbana.

Tabela 4.11 – Informações de esgoto. Prestador Manaus Ambiental – MA (empresa

privada). Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017.

Ano

ES001

[habitantes]

ES002

[ligações]

ES004

[km]

ES005

[1.000m³/ano]

ES006

[1.000m³/ano]

ES009

[ligações]

ES026

[habitantes]

2017 261.062 63.604 529,2 25.286,80 25.286,80 95.350 261.062

2016 213.248 52.275 524,41 26.779,35 26.779,35 142.781 213.248

2015 213.935 52.212 480,07 26.753,51 26.753,51 138.459 213.935

2014 199.937 49.125 479,05 27.217,10 27.217,10 132.025 199.937

2013 175.387 43.075 478,16 25.784,04 25.784,04 133.016 175.387

2012 511.863 40.820 470,13 24.886,41 24.886,41 123.285 511.863

2011 491.849 36.456 420,45 21.517,00 21.517,00 118.206 491.849

2010 383.470 32.498 417 48.494,29 48.494,29 36.072 383.470

ES001: população total atendida com esgotamento sanitário; ES002: quantidade de ligações

ativas de esgoto; E004: extensão da rede de esgotos; ES005: volume de esgoto coletado;

ES006: volume de esgoto tratado; ES009: quantidade de ligações totais de esgotos; ES0026:

população urbana atendida com esgotamento sanitário.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

A tabela 4.11 mostra o percentual de coleta de esgotos (IN015), o percentual do esgoto

tratado em relação ao esgoto coletado (IN016) e demais índices importantes para análise desses

indicadores para Manaus-AM. Embora exista um percentual baixo de coleta anualmente, na

casa de 20% entre os anos de 2011 a 2016, o ano de 2010 atingiu o valor 59,11%. Pelos dados

coletados no SNIS/série histórica, não foram encontrados dados que expliquem essa redução,

suponha-se que pode ter havido alguma mudança metodológica na coleta desses dados,

mudança no quantitativo populacional dessas zonas com presença do sistema de esgotamento,

ou redução dos valores percentuais na coleta decorrente de problemas técnicos.

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Também é possível verificar que desde o ano de 2010, 100% da carga coletada foi

tratada, o que constitui um fator positivo para a saúde e meio ambiente, no entanto diz respeito

apenas a rede de esgota que chega a 529,2KM.

A tabela abaixo também mostra o índice de esgoto tratado referido à água consumida

(IN46), observamos que a partir de 2010 houve redução dos percentuais, com aumento somente

em 2017.

Tabela 4.12 – Indicadores operacionais - esgoto. Prestador Manaus Ambiental – MA

(empresa privada). Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017. Ano

IN015

[percentual]

IN016

[percentual]

IN024

[percentual]

IN046

[percentual]

IN047

[percentual]

IN056

[percentual]

2017 47,57 100 12,32 47,57 12,32 12,25

2016 23,8 100 10,23 23,8 10,23 10,18

2015 23,92 100 10,45 23,92 10,45 10,4

2014 24,83 100 9,95 24,83 9,95 9,9

2013 24,78 100 8,89 24,78 8,89 8,85

2012 24,33 100 27,63 24,33 27,63 27,49

2011 22,86 100 26,98 22,86 26,98 26,84

2010 59,11 100 21,39 59,11 21,39 21,28

IN015: índice de coleta de esgoto; IN016: índice de tratamento de esgoto; IN024: índice de

atendimento urbano de esgoto referido aos municípios atendido com água; IN046: índice de

esgoto tratado referido à água consumida; IN047: índice de atendimento urbano de esgoto

referido aos municípios atendidos com esgoto; IN056: índice de atendimento total de esgoto

referido aos municípios atendidos com água.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Dados agregados, período de 2010 a 2017.

4.4.3 Informações de resíduo sólido

Os serviços de Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos realizados no município de

Manaus/AM são executados, em quase sua totalidade, por duas concessionárias (Tumpex

Empresa Amazonense de Coleta de Lixo LTDA e Marquise Ambiental - Construtora Marquise

S A) que estão subdivididos, conforme contrato de concessão, em cinco modalidades: Coleta

Domiciliar, Remoção Mecânica, Remoção Manual, Coleta de Poda e Coleta Seletiva, conforme

detalhado no quadro 4.1.

Uma parcela menor do lixo coletado em Manaus é proveniente de terceiros, ou seja,

empresas prestadoras de serviços, tais como disk entulhos, construtoras, indústrias, dentre

outras, as quais solicitam autorização para descarte de resíduos no Aterro Sanitário. A

Prefeitura de Manaus iniciou, em maio de 2013, a cobrança pelo uso do aterro em duas

modalidades diferentes, uma para resíduos de Classe 2, sendo cobrado 2,5 UFM e outra para

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resíduos de construção e demolição das Classes A e B devidamente segregados, com preço de

1,21 UFM.

Quadro 4.1 – Modalidades contratuais de Coleta operadas pelas Concessionárias e

Terceiros Modalidades Descrição Executores

Coleta domiciliar Recolher resíduos de domicílios, pequenas industriais,

comércio, bancos, escolas e outros locais seguindo roteiros

previamente definidos. É realizado na área urbana de Manaus e

nas principais comunidades e ramais ao longo das rodovias

AM010 e BR174, além da bacia do Tarumã. Quanto à

frequência, na área urbana a coleta é realizada diariamente e nas

rodovias e ramais em dias alternados, já na bacia do Tarumã, a

coleta é fluvial e realizada uma vez por semana.

Concessionárias

Remoção mecânica Resíduos que não podem ser recolhidos de forma manual e que

não sejam domiciliares, atividade realizada quando da

realização de mutirão de limpeza.

Remoção manual Recolhem resíduos depositados fora do horário de coleta regular

e pontos de lixo de difícil acesso localizado na cidade.

Coleta seletiva Este serviço é realizado, de segunda a sábado, recolhendo os

resíduos recicláveis (papel, plástico, vidro, metal) dos

domicílios pertencentes a 12 áreas da cidade. Estes resíduos são

repassados a 6 grupos de catadores que têm a atribuição de

separar e comercializar os materiais as empresas recicladoras ou

beneficiadoras de Manaus.

Coleta de poda Atividade executada após os serviços de poda e roçagem. Tais

resíduos, quando no aterro, são encaminhados á compostagem

para serem transformados em composto orgânicos.

Terceiros Coleta de resíduos provenientes de empresas prestadoras de

serviços, tais como disk entulhos, construtoras, indústrias,

dentre outras, as quais solicitam autorização para descarte de

resíduos no aterro.

Empresas

autorizadas

Fonte: SEMULSP, (2019).

A questão do descarte correto e manejo adequado dos resíduos doméstico constituem

desafios que o município de Manaus enfrenta com frequência, uma vez que não é somente o

ente estatal responsável pelo cuidado do resíduo produzido na cidade, mas também a

comunidade em geral.

Dentre as ações do saneamento que mais necessitam de observação é o hábito de

descartar e acumular irregularmente os resíduos sólidos/rejeitos, realidade presente em grande

parte das cidades brasileiras, já que o cuidado em preservar e conservar espaço urbano

ecologicamente saudável envolve toda a comunidade, por depender da participação de todos

para a manutenção da vida humana e ambiental.

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Figura 4.3 – Resíduos despejados no Igarapé da Cachoeirinha, Manaus/AM.

A figura 4.3 mostra a real problemática enfrentada na cidade de Manaus, para

exemplificar, a figura retratada acima expõe que os resíduos domésticos despejados ao longo

do Igarapé da Cachoeirinha, localizada na zona sul representa um descuido e falta de

responsabilidade ambiental por parte de toda a sociedade, uma vez que a preservação,

manutenção e promoção do meio ambiente é competência comum tanto dos entes federativos

quanto da sociedade.

Figura 4.4 – Resíduos despejados no Igarapé do 40, Manaus/AM.

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De tal modo, o fato se repete na cidade, demostrado na figura 4.4, em que resíduos são

despejados no Igarapé do 40, assim, verificamos frequentemente o cenário triste e alarmante,

devido a gravidade da situação, pois resíduos despejados em córregos e igarapés geram danos a

saúde ambiental e humana. Sabe-se o município destaca-se por possuir uma diversidade de

igarapés que cortam a cidade em toda sua extensão, no entanto, os mesmo estão sendo depósito

de lixo.

Figura 4.5 – Resíduos despejados em local proibido, Manaus/AM.

A figura 4.5 revela que terrenos baldios e locais proibidos são depósitos irregular de

lixo, ocasionando degradação ambiental, a proliferação de insetos, roedores e animais, sem

contar na poluição visual e mal cheiro decorrente do lixo despejado erroneamente nesses locais,

os prejuízos causados devido a esse problema, denunciando o descaso com o destino final que é

dado aos resíduos sólidos.

A figura 4.6 representa um problema corriqueiro enfrentado na cidade, que é a

existência de lixeiras viciadas, ou seja, locais que se formam com o acúmulo irregular de lixo

fora de lixeiras, consequentemente há proliferação de roedores, insetos, animais em busca de

alimento, além desses problemas elencados, por causa do descarte incorreto, a água da chuva

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arrasta os rejeitos até os bueiros, que com o acúmulo de lixo, entopem e causam alagamentos

pelo fato da água não conseguir escoar da maneira adequada até a seu destino final.

Figura 4.6 – Lixeira viciada, Manaus/AM.

A tabela 4.13 a seguir, apresenta informações gerais sobre a coleta domiciliar e pública

realizada no município de Manaus, no período de 2010 a 2017, nota-se que o percentual da

população atendida com frequência diária chega a 100% nos anos em estudo, o que permite

maior prestação dos serviços pelo ente estatal à população.

Quanto à coleta domiciliar realizada porta a porta, verificou-se que houve redução da

população atendida, devido a dificuldade ao acesso da equipe responsável pelo serviço, uma

vez que há demasiada existência de becos e ruelas, sem contar no surgimento de aglomerações

sem condições na infraestrutura urbana e sanitária.

A partir das informações na tabela abaixo, o ano de 2017 registrou apenas 1.758 no item

CO165 disponibilizado pelo SNIS, tendo total descompasso com relação aos anos anteriores, e

os anos de 2011 e 2010 não possuem sequer registro acerca desta informação.

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Tabela 4.13 – Informações gerais, informações sobre coleta domiciliar e pública. Manaus,

2010 a 2017.

Ano de

Referência

POP_TOT –

População total

do município

(Fonte: IBGE):

[habitantes]

CO134 –

Percentual da

população atendida

com frequência

diária [%]

CO164 –

População total

atendida no

município

[habitantes]

CO165 –

População urbana atendida

pelo serviço de coleta

domiciliar direta, ou seja,

porta a porta

[habitantes]

2017 2.130.264 100 2.087.788 1.758

2016 2.094.391 100 2.052.713 2.051.477

2015 2.057.711 100 2.016.174 2.015.549

2014 2.020.301 100 1.980.097 1.978.906

2013 1.982.177 100 1.942.732 1.941.563

2012 1.861.838 100 1.824.714 1.823.620

2011 1.832.424 100 1.800.000

2010 1.802.014 100

Total 15.781.120 800 13.704.218 9.812.873

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Órgãos gestores e municipais, período de

2010 a 2017.

A tabela 4.14 mostra as informações sobre a quantidade de coleta domiciliar e pública

realizada no município de Manaus/AM no período compreendido de 2010 a 2017, nota-se que a

quantidade de resíduo doméstico e público coletado pelos agentes privados é maior que a

quantidade coletada pelo agente público, fator verificado em todos os anos do estudo.

Tabela 4.14 – Informações sobre quantidade coleta domiciliar e pública. Manaus, 2010 a 2017.

Ano

CO108 -

Quantidade

de RDO

coletada pelo

agente

público

[tonelada/ano]

CO109 -

Quantidade de

RDO coletada

pelos agentes

privados

[tonelada/ano]

CO113 -

Quantidade

de RPU

coletada pelos

agentes

privados

[tonelada/ano]

CO115 -

Quantidade

total de RPU

coletada por

todos os

agentes

executores

[tonelada/ano]

CO116 -

Quantidade

de RDO e

RPU coletada

pelo agente

público

[tonelada/ano]

CO117 -

Quantidade de

RDO e RPU

coletada pelos

agentes privados

[tonelada/ano]

CO119 -

Quantidade

total de RDO

e RPU

coletada por

todos os

agentes

[tonelada/ano]

2017 32,9 588.453,40 282.324,80 299.306,40 32,9 870.778,20 898.150,90

2016 37,9 580.775,50 272.017,70 300.505,60 37,9 852.793,20 888.746,00

2015 71,3 654.751,60 359.120,90 389.703,50 71,3 1.013.872,50 1.054.884,60

2014 238,1 635.242,80 302.839,60 331.385,10 238,1 938.082,40 977.224,20

2013 523 606.558,60 297.836,80 297.836,80 523 904.395,40 905.265,70

2012 4,2 592.929,30 281.882,30 281.882,30 4,2 874.811,60 945.315,80

2011 9.000,00 648.000,00 45.000,00 45.000,00 9.000,00 693.000,00 1.002.000,00

2010 0 758.000,00 297.000,00 297.000,00 0 1.055.000,00 1.055.035,00

Total 9.907,40 5.064.711,20 2.138.022,10 2.242.619,70 9.907,40 7.202.733,30 7.726.622,20

RDO: resíduo doméstico; RPU: resíduo público.

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Órgãos gestores e municipais, período de

2010 a 2017.

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Em 2011 observa-se a maior quantidade de RDO e RPU coletada pelo agente público,

cerca de 9.000,00 tonelada por ano, correspondendo apenas a 0,90% sobre o total coletado por

todos os agentes, em relação à coleta realizada de resíduo realizada pelo agente privado,

verifica-se que dentre os ano estudados, o ano de 2010 destaca-se com maior quantidade,

chegando a 1.055.000,00 tonelada por ano, realizada somente pelo agente privado neste ano.

A tabela 4.15 apresenta os indicadores sobre a coleta domiciliar e pública realizada pela

Secretaria Municipal de limpeza pública de Manaus, a partir das informações contida na

referida tabela, é possível verificar que a taxa cobertura domiciliar direta nos anos de 2012 a

2016 chega a mais de 98%, o que é visto em outras taxas (IN015, IN016), no entanto, em 2017,

desproporcionalmente há redução chegando a 0,08%.

Tabela 4.15 – Indicadores sobre coleta domiciliar e pública. Prestador Secretaria

Municipal de limpeza pública (SEMULSP). Abrangência local. Manaus, 2010 a 2017.

Ano de Referência

IN014 – Taxa de

cobertura do serviço de

coleta domiciliar direta

(porta-a-porta) da

população urbana do

município

[%]

IN015 – Taxa de

cobertura do

serviço de coleta de

RDO em relação a

população total do

município

[%]

IN016 - Taxa de

cobertura do serviço

de coleta de RDO em

relação a população

urbana

[%]

2017 0,08 98,01 98,44

2016 98,45 98,01 98,45

2015 98,45 97,98 98,45

2014 98,45 98,01 98,45

2013 98,45 98,01 98,45

2012 98,4 98 98,51

2011 98,2 93,25

2010 95,2 95,71

Fonte: Autora com base no SNIS – série histórica. Órgãos gestores e municipais, período de

2010 a 2017.

4.5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Na presente pesquisa foram estudados os impactos das Doenças Relacionadas ao

Saneamento Ambiental Inadequado (Drsai) sobre a saúde e o Sistema Único de Saúde no

município de Manaus/AM, a partir dos seguintes aspectos: perfil de morbi-mortalidade, gastos

hospitalares com internações, valor de serviços hospitalares e valor dos serviços profissionais,

com dados obtidos a partir dos Sistemas de Informações em Saúde, disponibilizados pelo

Ministério da Saúde, e sua correlação com a infraestrutura sanitária, com dados obtidos a partir

do Sistema de Informações sobre Saneamento, disponibilizados pelo Ministério do

Desenvolvimento Regional e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Os resultados mostram que os óbitos por Drsai, apresentam tendência crescente, com

variações ao longo dos anos em estudo, correspondem a cerca de 0,69% do total de óbitos, e

que representam 11,15% dos óbitos por Doenças Infecciosas e Parasitárias, dentre todas as

categorias de doenças que possuem relação direta com o saneamento básico inadequado e que

ocasionaram óbito.

O grupo de doenças diarreicas (CID A02-04) de transmissão feco-oral, destaca-se por

ser a maior causa de mortalidade em Manaus, chegando em 2017 a 88,60% dos óbitos do

Capítulo I do CID 10, expressando o real impacto de ações de saneamento sobre a saúde

coletiva.

As internações por Drsai apresentam oscilação no decorrer dos anos, representam, em

média, 8.290 internações por ano e correspondem a 7,67% do total das internações por CID 10,

destacando-se em maior incidência a diarreia com 13.359 casos de internação hospitalar,

ocasionando um valor total (internação, serviços hospitalares e profissionais) de

R$5.407.596,94, por se tratar de categoria de doenças determinada pelo meio ambiente e o

cuidado individual, essas doenças não deveriam conduzir a internações e consequentemente ao

óbito, uma vez que podem ser evitadas por meio do desenvolvimento de ações adequadas de

saneamento ambiental.

As maiores causas de internações hospitalares referem-se ao capítulo XV de doenças da

gravidez, parto e puerpério. As doenças infecciosas e parasitárias representam o quarto maior

volume de internações hospitalares.

Quanto aos gastos em do Sistema Único de Saúde com internações, valor dos serviços

hospitalares e valor dos serviços profissionais, apesar da oscilação dos anos, houve tendência

de declínio nos anos, observado em todos os aspectos que geraram custo no SUS. Observou-se

também que os anos de 2016 e 2017 existiam subnotificação de informações, o que representa

um grave problema, pois não há comunicação para autoridade sanitária, mostrando assim uma

imagem distorcida da realidade (MELO, 2018).

Nos anos de 2010 a 2017 houve evolução da rede de abastecimento de água e da rede de

esgoto, no entanto a primeira é desproporcional a segunda, o que representa um problema

sanitário urbano, pois a dimensão e cobertura da rede de captação de esgotos devem ser

equivalentes à rede de distribuição de água potável, para aproveitar melhor os recursos

disponíveis. Se as dimensões das redes são desproporcionais teríamos uma maior quantidade de

água distribuída e uma pequena parcela desta água que retornaria para o sistema na forma de

esgoto sendo tratada.

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Cabe mencionar que a infraestrutura operacional empregada pela prestadora Manaus

Ambiental consegue ser eficiente em relação ao abastecimento de água, levando em

consideração apenas os dados do SNIS teoricamente faltaria pouco para alcançar a

universalização do abastecimento de água, mas para isso é necessário que haja um

planejamento urbano que primeiramente impeça novas ocupações irregulares. Já em relação ao

esgotamento sanitário o serviço é inegavelmente ineficiente.

Um grande problema no sistema de esgoto diz respeito à coleta, assim o Relatório de

assessoria para a elaboração do plano municipal de saneamento de Manaus (2014), assevera

que nos bairros onde não há sistemas de coleta, as fossas, são utilizadas com frequência, cuja

eficiência é prejudicada em função do tipo de solo da região, ou despeja-se o esgoto nos cursos

d´água. Nas vias pavimentadas, os esgotos são ligados ao sistema de drenagem pluvial e

atingindo diretamente os cursos d´água, dessa forma os esgotos são ligados ao sistema de

drenagem pluvial e consequentemente aos cursos que deságuam nos rios.

O município de Manaus é uma referência turística do estado do Amazonas, mas apesar

de todo este panorama exuberante de recursos e belezas naturais, a cidade de Manaus padece

pela ausência de saneamento básico, é impactante o quadro desordenado de urbanização,

invasão de solo urbano sem infraestrutura adequada, presença de lixeiras viciadas, despejo de

resíduos e esgotos a céu aberto, comprometendo os córregos, mananciais e igarapés, o que

reflete a ausência de ações de saneamento ou ingerência na aplicação do plano de saneamento

básico e o não cumprimento das mínimas condições de higiene por uma comunidade

esclarecida (ou não) sobre a importância do saneamento para a saúde pública, ferindo assim o

direito da sociedade ser informada através da Educação Ambiental.

A cidade causa um impacto visual desagradável, além do mau odor gerado pela

presença de resíduos sólidos/rejeitos e a quantidade de esgotos descartados a céu aberto,

animais que se alimentam dos dejetos, comprometendo a paisagem cênica natural do local,

poluição visual, vale salientar que a infraestrutura sanitária urbana interfere diretamente na

saúde dos munícipes, saúde ambiental, o turismo e economia da região.

Os pilares do saneamento são de grande importância para o desenvolvimento urbano

local, qualidade de vida, sanidade ambiental e, principalmente, os benefícios que trazem à

saúde pública. Quando não há uma preocupação governamental em prestar o serviço de

saneamento básico os efeitos são imediatos e de consequências duradouras, compromete-se a

saúde pública, causando uma série de doenças, como exemplo a diarreia, que além de constituir

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a maior causa de morbidade, é também a maior causa de mortalidade verificada no município

de Manaus, vale salientar que é uma doença evitável.

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CAPÍTULO 5

5.1 CONCLUSÕES

Falar de saúde, meio ambiente e saneamento básico do município de Manaus torna-se

algo desafiador, pois estes são fatores determinantes e condicionantes para a qualidade de vida

humana e ambiental, interferindo também na economia e nos aspectos sociais da comunidade

como um todo.

Primeiramente cabe mencionar a importância quanto à educação ambiental, como

elemento basilar para que o indivíduo possa transformar sua realidade, pois a inclusão da

sociedade é condição sine qua non para que a ações de saneamento básico sejam realizadas e

mantidas de forma adequada para a própria comunidade, de modo a não serem vítimas da

própria condição insalubre na qual estão inseridos.

O crescimento populacional desordenado, o planejamento urbano ineficiente e a busca

por mais espaços e moradias levou a população de Manaus a residir em áreas precárias que

dificultam ainda mais o acesso aos serviços essenciais como o saneamento à população mais

afastada e marginalizada, locais que na maioria das vezes insalubres e que ponham em risco a

saúde e a vida.

A cidade de Manaus enfrenta os mesmos problemas de infraestrutura urbana, gestão dos

serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de grande parte das capitais

brasileiras. No ranking do saneamento de 2017, ano base 2015, o município ocupa a 95ª

posição entre as 10 piores das 100 cidades do país conforme pesquisa realizada pelo Instituto

Trata Brasil, revelando com isso a necessidade de evolução quanto a esses fatores, em resumo o

estudo mostra que apesar dos avanços, a cidade não irá atingir a confrontando o disposto Plano

Nacional de Saneamento Básico, que dentre outros prevê a universalização do abastecimento

até 2023 e esgotamento sanitário em até 2033.

Devido às condições de infraestruturas urbanas deficiente surgem doenças decorrentes a

situação sanitária precária e/ou inadequada que afetam diretamente a vida humana e ambiental.

Com a seleção e classificação das Drsai procura-se assumir uma compreensão mais

abrangente no que se refere ao conceito de saneamento, trazendo a ideia de que não é somente a

falta de saneamento que deve ser considerada, mas também a maneira como as ações de

saneamento são levadas a cabo, levando-se em conta a qualidade dos serviços urbanos básicos

(abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo).

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Em resposta aos objetivos específicos desta pesquisa quanto à existência da rede de

abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, compreendeu-se que ainda é

necessária maior ênfase quanto às políticas públicas, pois a cobertura não atende a totalidade da

população, verificou-se também que a falta dos serviços de esgotamento sanitário e de

abastecimento de água é decorrente de problemas que vão além da infraestrutura ou da gestão,

mas de políticas públicas que priorizem a expansão e o atendimento destes serviços de forma

equitativa permitindo a equiparação de ambos, a participação popular deve ser ponto de partida

prioritário para o cuidado e manejo do lixo, pois com frequência são despejados em locais

incorretos ou proibidos, ocasionando diversos problemas, dentre outros.

Em relação à questão social e ambiental, verificou-se que os serviços de saneamento são

verdadeiros aliados para a boa qualidade de vida da sociedade e meio ambiente, e sua falta

acarreta consequências avassaladoras, afetando inclusive na economia local (turismo e renda),

por isso torna-se importante trabalhar alternativas que possam contribuir efetivamente para

criar alternativas eficazes, como a coleta seletiva e manejo do lixo condicionado em locais

apropriados.

A ocorrência de doenças relacionadas ao saneamento ambiental e consequentemente os

gastos com internação, serviços hospitalares e serviços profissionais, são realidades presente no

município, assim devem ser vistos com prioridades, uma vez que podem ser minimizadas e até

mesmo evitadas, a pesquisa mostra que a diarreia é a doença reconhecida como importante

causa de morbimortalidade no município de Manaus e cultiva semelhança direta com as

precárias condições de vida e saúde dos indivíduos, em decorrência da falta de saneamento

básico, desnutrição crônica, transmissão por alimentos contaminados, entre outros fatores.

Assim, é importante o conhecimento do perfil dessas doenças na saúde e no sistema de

saúde, tal que possa permitir apontar caminhos para a formulação de políticas públicas visando

ao controle destas doenças a partir do provimento de serviços essenciais de forma equitativa.

A pesquisa mostrou ser possível explorar os sistemas de informação de saúde,

saneamento básico e de estatística, e realizando análise em diversos fatores com esses

relacionados, por constituírem ferramentas capazes de informar e monitorar a situação de saúde

e sanitária do município.

Portanto, o objetivo geral da dissertação foi verificar a situação do saneamento básico e

suas variáveis do município de Manaus/AM, correlacionando com a ocorrência de doenças

relacionadas ao saneamento básico inadequado, cujo intuito maior foi mostrar como a

infraestrutura urbana e as condições ambientais influenciam a boa qualidade de vida humana.

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5.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Devido à grande relevância do assunto abordado neste estudo, são apresentadas, a

seguir, algumas sugestões para os principais problemas encontrados, uma vez que o presente

estudo poderá dar suporte aos atores envolvidos na gestão da saúde e do saneamento, além de

esclarecer a sociedade as reais consequências advindas do saneamento básico inadequado,

assim, como medida individual iremos traçar alternativas para melhor manuseio e cuidado com

água, lixo e esgoto que poderão ser implementadas na sociedade.

Água (cuidados individuais)

- Deve-se estar atento a coloração da água dos poços artesianos e/ou encanamentos; a cada

seis meses a limpeza das caixas d’água devem ser realizadas.

- Os recipientes para armazenamento de água devem ser sempre limpos e bem fechados;

- Toda água para consumo deve ser primeiramente filtrada com coador de papel, pano

limpo ou um filtro doméstico, em seguida, a água deve ser fervida. Somente com a fervura da

água, serão eliminados vírus, bactérias e parasitas causadores de doenças. Caso não seja

possível ferver a água, recomenda-se utilizar água sanitária: para cada litro de água, adicione 2

(duas) gotas de água sanitária e deixe descansar por 15 minutos;

- Mantenha os recipientes para armazenamento de água sempre limpos e bem fechados,

- A higienização dos alimentos deve ser com água potável.

Água (sugestões a gestores)

- Buscar maior incentivo para a implementação de políticas públicas voltadas para o acesso

da população a água potável;

- Incluir no plano de ações da secretaria de saúde e de educação o trabalho de orientação e

cuidado com a água, realizar ações na comunidade para esclarecer e fornecer mecanismos

capazes de proporcionar mudanças saudáveis no indivíduo;

- Estar atento às informações de saúde, pois estas são maneiras de verificar a situação atual.

Lixo (cuidados individuais)

- Tenha um espaço adequado para condicionar o lixo doméstico, depositando somente

próximo a recolhida pelo órgão responsável;

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- Realize a separação do lixo comum e do reciclado, entregando no Ponto de Entrega

Voluntário (PEV) mais próximo da sua casa;

- Não jogue lixo em esgotos, córregos e terrenos baldios, pois além de atrair animais,

dificulta o escoamento da água, causando consequentemente inundações.

Lixo (sugestões a gestores)

- Realizar ações na comunidade para esclarecer e fornecer mecanismos capazes de

proporcionar mudanças saudáveis no indivíduo, como a reciclagem;

- Informar a população o dia e horário da coleta de lixo, e dos locais onde funcionam a

seletiva - PEV;

- Incluir no plano de ações da secretaria de saúde e de educação o trabalho de orientação e

educação ambiental com caráter sensibilizador;

- Estar atento às informações de saúde, pois estas são maneiras de verificar a situação atual.

Esgoto (cuidado individual)

- Sempre deixar a caixa de gordura não muito longe da pia da cozinha, uma vez que se

houver o acúmulo de gordura, será muito mais fácil desentupir o cano.

- O ideal é investir em sistemas com sifão também nos ralos. O sifão retém a sujeira e

quando há entupimento você só precisa limpá-lo. Evite jogar restos de comida ou qualquer

outro tipo de detrito em vasos sanitários, pias e ralos – incluindo cabelos – já que isso pode

causar entupimento e extravasar nas ruas, contaminando todas as residências vizinhas.

- O óleo de cozinha deve ser descartado separadamente – nem no lixo nem na pia – visto

que se trata de uma substância extremamente poluente. O ideal é separar o óleo em

recipientes e doar a empresas que trabalham com reciclagem;

- Em Manaus, todo o esgoto coletado pela empresa é tratado, cabe agora a cada cidadão

fazer a sua parte, fazendo a sua ligação à rede de esgoto disponível, com isso, estará

protegendo a saúde de sua família e de toda a população.

Esgoto (sugestões a gestores)

- Buscar incentivos e maior ênfase nas políticas públicas em criar mecanismo para aumento

na rede de extensão de esgoto, com o objetivo de permitir maior acesso das pessoas a rede;

- Realizar ações na comunidade para esclarecer e fornecer mecanismos capazes de

proporcionar mudanças saudáveis no indivíduo, estando atentos as informações de saúde.

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APÊNDICE

Tendo como referência os resultados obtidos neste estudo, em que as doenças diarreicas

destacan-se como maior incidência em casos de internação e óbtos por DRSAI no município de

Manaus/AM, e tomando como premissa que esta é uma doença evitável, a presente pesquisa

traz como contribuição um folder informativo que poderá ser amplamente divulgado na

sociedade, com objetivo de esclarecer a população acerca desta doença e como evitá-la.

Folder sobre Diarreias.