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N o ano 2018 estabe- leceram-se linhas de base para funciona- mento do órgão, decorrentes de um levantamento sobre o estágio de operacionalidade dos Conselhos de Escola que revelaram o desalinha- mento com o Manual de Apoio aos Conselhos de Escola. Em alguns casos os membros eram eleitos mas não conheciam os seus reais papéis, não documentavam seus actos. «o começo intervínhamos em casos espontâneos mas o SDEJT encarava de forma abstracta e desatenta a nossa existência. Mais tarde quando começamos a denunciar casos fla- grantes fomos tratados como uma pedra no sapato» Explica uma das fontes do Fórum Distrital do Conse- lho de Escola de Nicoadala. Nessa altura, a coordenação entre o SDEJT e o Fórum Distrital começou a ganhar corpo, principalmente nos momentos em que era solicitada a intervenção do SDEJT nos casos em que as soluções ultrapassam o nível de competências do Conselho de Escola. As intervenções no Projecto Educação Inclusiva e de Qualidade da AMME impulsionaram o trabalho. Passaram a ser solicitados a intervir e contribuir para soluções nas Comu- nidades Escolares. Explicou que com um lugar e direito a opinião, representantes do Fórum participam: em Reuniões anuais de Planificação do Sector de Educação no Distrito. Na monitoria das actividades dos exames finais no ano de 2019. Na divulgação de directrizes dos actuais de exames e regula- mentos de avaliação. No resgate de alunos para serem Examinados. No seguimento de casos em que alunas foram postas fora da escola por terem ficado grá- vidas. Nos casos de gravidez precoce dão lugar a soluções comu- nitárias, exceptuando aque- les que por impulsão das comunidades são capazes de constituir um acto crimi- noso. Participamos activamente nas sessões do Conselho Coor- denador Distrital, A colaboração terminou com a jun- ção de 1000 Kwashas, perto de 10 mil meticais. A Comunidade contratou 4 jovens locais para fabricarem 30 mil tijolos queimados aplicados na construção das 3 salas de aulas, em curso, com uma capacidade de 50 alunos cada. As mulheres participaram na busca de àgua. Foram igualmente contra- tados pedreiros locais, responsáveis por erguerem as paredes, numa obra que envolveu os melhores artesãos de edifícios comunitários e impactou sobre a renda das famílias locais. Pouco depois das obras iniciarem, o Conselho de Escola constatou em reunião comunitária que teriam difi- culdades de conseguir chapas de zinco para cobertura das salas de aulas. Então o Fumo juntamente com o Director da Escola intercederam junto do Régulo Tamanda solicitan- do uma visita do Administrador do Distrito de Milange aquela comuni- dade que viria a acontecer meses depois. Na ocasião, os membros do CE apre- sentaram a preocupação respondida de imediato com a garantia de dis- ponibilização de 93 chapas de zinco á Direcção da Escola, o suficiente para cobrir três salas de aulas. O Conselho de Escola decidiu conver- ter 30% das chapas de zinco em 10 sacos de cimento industrial - Por- tland, que os pedreiros solicitaram para construírem pilares de sustenta- ção das paredes mais fortes do que os anteriores, cimentados com solos argilosos. As chapas de zinco fazem parte de uma pacote de incentivo disponibilizados pelos SDEJT, para comunidades que erguem salas de aulas melhoradas. O Director da EPC Lichinga acha que as obras em curso representam um grande passo no desenvolvimento de Tchalomwe. Na ocasião, ele res- gatou um pouco da história ndocon- ta o seguinte. «Aqui não havia escola. Em 2005 a comunidade sob liderança do Fumo, intercedeu junto da ZIP Carico, soli citando o estabelecimento da pri- meira turma anexa que começou a funcionar com 60 alunos da primeira Classe, ensinados pelo professor Oldino Varela. Actualmente, a escola do tipo 2 lecciona até a 7ª classe, com um total de 510 alunos e oito professores, uma das quais do sexo feminino a leccionar desde o ano passado. O actual Conselho de Escola da EPC Lichinga foi revitalização em Março de 2020, um evento testemunhado pelo Projecto Qualidade de Educa- ção da AMME em decurso no qua- dro da parceria com os SDEJT- DPEDH da Zambézia e MINEDH. (EIQ) .Fontes: Jairoce Januário Camera: Presidente do Conselho de Escola. Sinhala Fernando: Membro dos Assuntos Sociais. Zeferino Armindo Vingue: Assuntos Pedagógicos. Ruca Richard: Assuntos Financeiros O Fórum Distrital dos Conselhos de Escola de Nicoadala, estabelecido no ano de 2018, tornou-se um interlocutor válido entre o Serviço Distrital de Educação - SDEJT e os Conselhos de Escola, na busca de soluções dos problemas da educação. No inicio, eram encarados de forma abstracta e desatenta pelas autoridades de educação de Nicoadala. Agora o Fórum destaca-se pelo papel que desempenha na revitalização, planificação integrada, ligação com os Conselhos de Escola que gradualmente, da oralidade á escrita, dão conta do seu papel estratégico sobre os assuntos pedagógicos e administrativos da escola. Eis o retrato de um organismo que tem entre desafios a operacionaliza- ção do mecanismo de report através da passagem da fala para a escrita na operacionalização e mudanças a incrementar no Conselho de Escola. Continua na Pag. 2 Continuado da Pag. 7 Propriedade: Associação Moçambicana Mulher e EducaçãoAMME ◊ ZAMBÉZIA Endereço: Rua das FPLM, Bairro Sinacura Cidade de Quelimane Tele-fax (258) 24217313 Director Executivo: Jaime Abudo Editor: Nazário Paunde Setembro- 2021 Especial

Setembro- 2021 Especial

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Page 1: Setembro- 2021 Especial

N o ano 2018 estabe-

leceram-se linhas de

base para funciona-

mento do órgão,

decorrentes de um

levantamento sobre o estágio de

operacionalidade dos Conselhos de

Escola que revelaram o desalinha-

mento com o Manual de Apoio aos

Conselhos de Escola. Em alguns

casos os membros eram eleitos mas

não conheciam os seus reais papéis,

não documentavam seus actos. «o

começo intervínhamos em casos

espontâneos mas o SDEJT encarava

de forma abstracta e desatenta a

nossa existência. Mais tarde quando

começamos a denunciar casos fla-

grantes fomos tratados como uma

pedra no sapato» Explica uma das

fontes do Fórum Distrital do Conse-

lho de Escola de Nicoadala.

Nessa altura, a coordenação entre o

SDEJT e o Fórum Distrital começou a

ganhar corpo, principalmente nos

momentos em que era solicitada a

intervenção do SDEJT nos casos em

que as soluções ultrapassam o nível

de competências do Conselho de

Escola. As intervenções no Projecto

Educação Inclusiva e de Qualidade da

AMME impulsionaram o trabalho.

Passaram a ser solicitados a intervir e

contribuir para soluções nas Comu-

nidades Escolares.

Explicou que com um lugar e direito

a opinião, representantes do Fórum

participam: em

Reuniões anuais de Planificação

do Sector de Educação no

Distrito.

Na monitoria das actividades

dos exames finais no ano de

2019.

Na divulgação de directrizes dos

actuais de exames e regula-

mentos de avaliação.

No resgate de alunos para serem

Examinados.

No seguimento de casos em que

alunas foram postas fora da

escola por terem ficado grá-

vidas.

Nos casos de gravidez precoce

dão lugar a soluções comu-

nitárias, exceptuando aque-

les que por impulsão das

comunidades são capazes

de constituir um acto crimi-

noso.

Participamos activamente nas

sessões do Conselho Coor-

denador Distrital,

A colaboração terminou com a jun-

ção de 1000 Kwashas, perto de 10

mil meticais.

A Comunidade contratou 4 jovens

locais para fabricarem 30 mil tijolos

queimados aplicados na construção

das 3 salas de aulas, em curso, com

uma capacidade de 50 alunos cada.

As mulheres participaram na busca

de àgua. Foram igualmente contra-

tados pedreiros locais, responsáveis

por erguerem as paredes, numa obra

que envolveu os melhores artesãos

de edifícios comunitários e impactou

sobre a renda das famílias locais.

Pouco depois das obras iniciarem, o

Conselho de Escola constatou em

reunião comunitária que teriam difi-

culdades de conseguir chapas de

zinco para cobertura das salas de

aulas. Então o Fumo juntamente com

o Director da Escola intercederam

junto do Régulo Tamanda solicitan-

do uma visita do Administrador do

Distrito de Milange aquela comuni-

dade que viria a acontecer meses

depois.

Na ocasião, os membros do CE apre-

sentaram a preocupação respondida

de imediato com a garantia de dis-

ponibilização de 93 chapas de zinco

á Direcção da Escola, o suficiente

para cobrir três salas de aulas. O

Conselho de Escola decidiu conver-

ter 30% das chapas de zinco em 10

sacos de cimento industrial - Por-

tland, que os pedreiros solicitaram

para construírem pilares de sustenta-

ção das paredes mais fortes do que

os anteriores, cimentados com solos

argilosos. As chapas de zinco fazem

parte de uma pacote de incentivo

disponibilizados pelos SDEJT, para

comunidades que erguem salas de

aulas melhoradas.

O Director da EPC Lichinga acha que

as obras em curso representam um

grande passo no desenvolvimento

de Tchalomwe. Na ocasião, ele res-

gatou um pouco da história ndocon-

ta o seguinte.

«Aqui não havia escola. Em 2005 a

comunidade sob liderança do Fumo,

intercedeu junto da ZIP Carico, soli

citando o estabelecimento da pri-

meira turma anexa que começou a

funcionar com 60 alunos da primeira

Classe, ensinados pelo professor

Oldino Varela. Actualmente, a escola

do tipo 2 lecciona até a 7ª classe,

com um total de 510 alunos e oito

professores, uma das quais do sexo

feminino a leccionar desde o ano

passado.

O actual Conselho de Escola da EPC

Lichinga foi revitalização em Março

de 2020, um evento testemunhado

pelo Projecto Qualidade de Educa-

ção da AMME em decurso no qua-

dro da parceria com os SDEJT-

DPEDH da Zambézia e MINEDH.

(EIQ)

.Fontes: Jairoce Januário Camera: Presidente do

Conselho de Escola. Sinhala Fernando: Membro dos

Assuntos Sociais. Zeferino Armindo Vingue: Assuntos

Pedagógicos. Ruca Richard: Assuntos Financeiros O Fórum Distrital dos Conselhos de Escola de Nicoadala, estabelecido no

ano de 2018, tornou-se um interlocutor válido entre o Serviço Distrital de

Educação - SDEJT e os Conselhos de Escola, na busca de soluções dos

problemas da educação. No inicio, eram encarados de forma abstracta e

desatenta pelas autoridades de educação de Nicoadala. Agora o Fórum

destaca-se pelo papel que desempenha na revitalização, planificação

integrada, ligação com os Conselhos de Escola que gradualmente, da

oralidade á escrita, dão conta do seu papel estratégico sobre os assuntos

pedagógicos e administrativos da escola.

Eis o retrato de um organismo que tem entre desafios a operacionaliza-

ção do mecanismo de report através da passagem da fala para a escrita

na operacionalização e mudanças a incrementar no Conselho de Escola.

Continua na Pag. 2

Continuado da Pag. 7

Propriedade: Associação Moçambicana Mulher e Educação– AMME ◊ ZAMBÉZIA

Endereço: Rua das FPLM, Bairro Sinacura ◊ Cidade de Quelimane Tele-fax (258) 24217313

Director Executivo: Jaime Abudo Editor: Nazário Paunde ◊

Setembro- 2021 Especial

Page 2: Setembro- 2021 Especial

AMME: Quais os métodos práticos

de socialização, na sala de aulas?

Director do SDEJT: Depois do nível

de gestores escolares, orientamos as

escolas para replicarem as ferramen-

tas, mas que o fizessem de acordo

com o legislado, para que em cada

Segunda-feira……de Acordo com o

Decretado-…. Reúnam-se para efec-

tuarem o estudo informativo, orien-

tando imediatamente para que

implementassem com as normas

que juntamente com estas, sejam

executadas e monitoradas outras

directrizes tais como a lavagem das

mãos no contexto do Coronavirus.

AMME: O que espera com o incre-

mento proporcionado ?

Director do SDEJT: Esperamos

melhorias no desempenho dos pro-

fissionais de educação, primeiro em

termos lectivos e no cumprimento

dos seus deveres o obrigações.

Esperamos ainda, profissionais de

educação mais proactivos, autodi-

dactas.

AMME: Que prognósticos faz des-

tas práticas com resultados dos

alunos?

Director do SDEJT: Esperamos

aquisição de competências no final

de seus ciclos. escolar (EIQ)

O Presidente do Conselho de Escola

EPC Lichinga, um estabelecimento

escolar que fica no povoado Mabua-

ra, Fumo Ndaola com 300 famílias

sob égide do Regulo Tamanda, disse

que a utilização de tijolos queimados

nas obras, por parte das comunida-

des é antigo. Partimos para a iniciati-

va porque vimos que em dias de

chuva as paredes coroem e perigam

a vida dos alunos como dos profes-

sores. Agora vamos acabar com as

chatices, desabafa.

A fonte refere-se às vantagens com-

parativas da cobertura de chapas no

lugar do capim nos seguintes ter-

mos..

«As chapas de zinco são duráveis,

enquanto o capim precisa de reno-

vação permanente. O zinco não voa

facilmente com o vento e quando

chove o edifício não se molha como

n0 caso da cobertura de capim, que

tem obrigado os professores a para-

lisarem aulas ou a permanecerem

em casa nos dias chuvosos. Com as

chapas de zinco os professores não

tem como faltar às aulas, uma situa-

ção que aumenta a esperança de

termos alunos que aprendem a ler e

escrever e a dominarem a matemáti-

ca». O Presidente do Conselho de

Escola deixa claro que

«Não são as chapas de zinco na

cobertura que farão os alunos domi-

narem a leitura, escrita e matemáti-

ca. …..Mas se estiverem numa sala de

aulas coberta com chapas estarão

protegidos e mais concentrados. A

Direcção da escola passara assim a

controlar se os professores dão aulas

correctamente».

Afinal como tudo começou ?

Quando eles viram que as salas de

aulas não eram adequadas o Fumo

Ndaola deu ideia de fabricarem tijo-

los. Convocaram a comunidade, pais

e encarregados de educação que

acharam melhor contribuírem em

dinheiro com a finalidade de pagar

serviços localmente mais acertados.

Dezasseis anos depois a Comuni-

dade de Tchalomwe onde se situa

a Escola Primária Completa de

Lichinga em Milange, decidiu

erguer as primeiras três salas de

aulas feitas de materiais conven-

cionais, em substituição dos edifí-

cios maticados com solos argilo-

sos e cobertura feita de capim.

um evento destinado a avaliar

as realizações do ano ante-

rior e planificar os grandes

eventos para o ano seguin-

te, com as respectivas pro-

jecções sectoriais.

Partilhamos nossos planos de

actividade, possibilitando

saber em que instancia de

ZIP tencionamos trabalhar,

havendo em muitos casos

ligações que permitem os

Directores de Escolas facul-

tarem informações que soli-

citamos.

Nos casos em que os Fóruns não

dão solução aos problemas o SDEJT

intervém. Estas intervenções são

uma clara evolução, porque não

acontecia dantes. Aliás, hoje as

informações são partilhadas pelas

escolas com o Fórum, sem a inter-

venção dos SDEJT.

Sendo que o Fórum Distrital de

Conselho de Escola é criado com

objectivo principal de contribuir

para o melhoramento do processo

de ensino e aprendizagem através

do desenvolvimento das competên-

cias e leitura, escrita e de cálculo

pelos alunos, catalisar o funciona-

mento do Conselho de Escola,

impulsionando a ideia de que a

Escola pertence a comunidade.

Havia uma má percepção sobre as

funções, competências, atribuições,

deveres papéis, mandato e até

sobre jurisdições do Conselho de

Escola.

O Fórum Distrital de Conselhos de

Escola, tem como atribuição funda-

mental, assegurar a revitalização

dos Fóruns de ZIP de Conselho de

Escola até 30 de Março de cada

ano. Por seu turno, o Fórum de ZIP,

assegura a revitalização dos Conse-

lhos de Escola a 8 de Março de cada

ano.

Estando os Fóruns de ZIP em uma

situação de inoperância, tem estado

o Fórum Distrital empenhado em

tarefas que não são de sua respon-

sabilidade. Para o efeito, tem reali-

zado acções de recomendar aos

Conselhos de Escola para que pri-

mem por trabalhar respeitando os

princípios e atribuições previstos no

manual de apoio. O mesmo sucede

quando pretendem disseminar o

fluxograma previsto no mecanismo

de comunicação e de report. De

Outras acções como:

Incentivar os Conselhos de

Escola a planificar sobre

assuntos como aproveita-

mento pedagógico, sobre-

tudo nos aspectos de leitu-

ra e escrita.

Incentivar a promoção do diá-

logo permanente entre os

Conselhos de Escola e o

Governo do Distrito através

do Mecanismo de Comuni-

cação e Report.

Estimular a prática de presta-

ção de contas a comunida-

des escolares.

Promover a harmonização de

procedimentos no funcio-

namento dos Conselhos de

Escola, através da partilha

de Boas Práticas.

Incentivar o Conselho de Escola

a trabalhar fundamental-

mente nos aspectos peda-

gógicos garantindo que o

Director Adjunto Pedagógi-

co tenha um plano de aulas

dos professores e estes

estejam a dar aulas.

Assegurar que as escolas pro-

movam o mecanismo de

prestação de contas,

garantindo a transparecia

no Apoio Directo às Esco-

las entre outros.

Pontualmente, registaram evi-

dências concretas de

ausência de coordenação e

falta de transparência na

gestão, nas escolas Eduar-

do Mondlane–sede, Heróis

Moçambicanos, e Dugu-

diua, onde os membros do

Fórum Distrital foram

accionados para resolver

problemas ligados ao

absentismo de alunos e

professores, gravidezes

precoces, Uniões Prematu-

ras e falta de transparência

no uso dos fundos aloca-

dos a escola.

Relativamente ao mecanismo de

comunicação e de Report explicou

dizendo que ainda estariam no pro-

cesso de aperfeiçoamento que

eram feitos oralmente, incentivando

aos Presidentes dos CE a escreve-

rem. Estamos a sugerir modelos de

acta práticos que obrigam a registar

as ocorrências.

Quanto ao fluxograma, o entrevista-

do explica que apesar da existência

de um instrumento orientador, exis-

tem ainda fragilidades na sua inter-

pretação. Uma das grandes dificul-

dades é a falta de coragem para

denunciar e registar os casos graves

que acontece em suas comunida-

des. Na perspectiva do entrevistado,

deveriam ser as capacitações para

que os membros do Fóruns Distri

tais, Fóruns de ZIP e Conselhos de

Escolas se apropriem do Mecanis-

mo de Comunicação e Report...(EIQ)

Director do SDEJT Milange

Continua na Pag. 8

Imagem de trabalho dos membros do

Fórum Distrital do Conselho de Escola de

Nicoadala, captada numa das sessões de

trabalho corrente.

Fontes: Marcelino Mirione, Missasse Tomas

Page 3: Setembro- 2021 Especial

Com a receita de cinco sacos de fei-

jão bóer- o mais rentável de todos

os produtos – colhidos na ùúltima

safra agrícola e vendidos aos comer-

ciantes de Nampula acampados nas

bermas da principais estradas, ao

preço de 1300 mts cada saco, Dona

Rita Simone, mãe de António, cus-

teou as rendas mensais da referida

casa, adquiriu material e fardamento

escolar, como também pagou o

meio de transporte para o filho de

casa para Tengua..

Paulo Moniz Sabonete, irmão mais

velho do António, agora com 19

anos, disse ter vivido por 5 anos nas

mesmas circunstancias na referida

casa, paga pelos pais, enquanto fre-

quentava os níveis básico e médio

gerais, 8ª á 12ª Classe. Diz sentir-se

feliz pois muitos, não tem a oportu-

nidade proporcionada por seus pais.

«Cada chefe de família tem a sua

ideia. Apesar de muitos produzirem

exactamente o que nós produzimos

vejo que não fazem o que os meus

pais fizeram. Uns pensa que a escola

não ajuda. Outros, ainda pior acham

que não vão conseguir pagar as des-

pesas escolares dos filhos da 8ª a

10ª classe, pensando que é um desa-

fio para os que tem muito dinheiro.

Mas isso não aconteceu com meus

pais. Eles, perceberam que sem a

escola, nós não iríamos a lado

nenhum». Explicando as razões por-

que a encarregada de educação

optou por arrendar uma casa para os

filhos disse ser mais barato por-

que….. «No lar de estudantes paga-

se 4 mil meticais, anuais. É muito

dinheiro para os kotas».

Mas foi Paulo Moniz, que agora se

prepara para ingressar no Ensino

Superior quem relatou melhor as

vantagens comparativas entre o

internato e a casa alugada pelos

pais, nos seguintes termos………

«….No internato muitos alunos

envolvem-se em desordens, consu-

mo de bebidas alcoólicas e drogas.

Por vezes, durante a noite, não con-

seguia estudar porque faziam baru-

lho ao ponto de desconcentrarem-

me. Por isso, juntei-me aos colegas

que queriam estudar de verdade,

deixamos o internato e alugamos

uma casa. Em Tengua, quem se inte-

ressa por estudar foi porque teve um

bom conselho dos pais em casa.»

Paulo, lembra que a concretização

dos intentos escolares não depen-

dem somente do aluno……. «Eu sozi-

nho, não teria chegado a 12ª Classe

sem o esforço dos meus pais. Tudo o

que eu fiz foi porque meus pais me

ajudaram». Seu irmão António quer

ser professor. Não quer trabalhar

AMME: A estruturação de edifícios

escolares com envolvimento

comunitário é uma realidade?

Director do SDEJT: Sim…….desde o

ano 2016 apoiamos a estruturação

de edifícios das escolas primárias,

num cenário de exiguidade de fun-

dos do Orçamento do Estado e do

Orçamento Distrital/duodécimos

exíguos, num contexto de desastres

naturais sistemáticos, que resultam

em destruições das coberturas das

salas de aulas, mantendo-se a base.

……Ainda em 2016, o colectivo de

Direcção das Escolas, constatou que

a disponibilização de chapas de zin-

co poderia suprir com as necessida-

des de reposição dos tectos das

salas de aulas.

Noutra vertente, sugerimos que as

comunidades pudessem construir as

paredes das salas de aulas, comple-

mentarmente, tendo sido edificadas

600 escolas.

AMME: Pode falar sobre a sociali-

zação de ferramentas de trabalho?

Director do SDEJT: Como sector

vimos a necessidade de replicar esta

prática que gerou um universo de

700 indivíduos capacitados entre

Directores das escolas e os respecti-

vos Directores Pedagógicos. Inicial-

mente, muitos pensavam que

conheciam as ferramentas de traba-

lho. Realizamos auscultações junto

de comunidades escolares, colhe-

mos sensibilidades que levaram-nos

a concluir que entre a comunidade

de professores é relevante planificar

uma capacitação em volta da socia-

lização de ferramentas sectoriais de

trabalho com destaque para a Lei

18/2019 SNE, Regulamentos do

Ensino Primário, Plano Quinquenal ,

Estatuto do Agente e Funcionário do

Estado, Política de Género, Manual

do Conselho de Escola e OTos.

E socialização ferramentas de trabalho

A execução do Projecto Melhoria da Qualidade de Educação, pela

AMME e DPEDH da Zambézia estimulou a interacção para a melhoria

da qualidade de ensino baseada nas directrizes do Governo orienta-

dos por normas sectoriais do nível mais alto até aos professores. Em

Milange o Distrito com o maior universo escolar da Zambézia foi

interessante o alinhamento de boas práticas com as directrizes secto-

riais que promovem comunidades mais próximas da gestão escolar.

Encontramos experiências replicáveis na construção de edifícios

escolares e na socialização de ferramentas de trabalho orientadoras

do sector de educação. O Director dos Serviços Distritais de Educa-

ção em Milange, entusiasta destas abordagens inovadoras, conta-

nos em entrevista, o que tem sido feito sobre a matéria.

Desafios do internamento dos alunos

António Moniz Sabonete de 15 anos frequenta a 10ª Classe na Escola

Secundária Geral de Balala localidade de Tengua, no Distrito de Milange.

Vive numa casa alugada ao valor de 200 meticais mensais, obtidos na

receita resultante da venda do feijão bóer, mapira, milho, arroz, produzi-

dos na machamba familiar.

Continua na Pag. 4 Continua na Pag. 7

Page 4: Setembro- 2021 Especial

«Temos machambas onde cultiva-

mos milho, repolho, tomate» diz

orgulhosamente Matias, mostrando

o amontoado de Cana-doce que

acabava de ajuntar no seu quintal».

Ele revela-nos ter amealhado 10 mil

meticais da venda daquele produto,

em 2020, uma cultura que considera

das menos importantes no conjunto

doutros, fundamentais na arrecada-

ção da renda. «Até é pouco. Este ano

as chuvas estão a comprometer a

produção da cana, por isso estou a

fazer hortícolas também. Esta sema-

na consegui 6 mil meticais com a

venda de repolho» ..diz o homem..

Mas o forte desta família é a activi-

dade pecuária. Eles tem 40 cabritos

no seu rebanho, para além de outros

13 que deram emprestado para

algumas famílias que solicitaram seu

apoio no fomento caprino, uma

espécie considerada de fácil criação

e uma fonte de renda por excelência

pelas bandas de Milange. Cada

cabrito pode ser vendido ao preço

de 2 mil meticais Os clientes na sua

maioria oriundos da Vila do Milange

e do vizinho Malawi afluem regular-

mente no povoado, para comprarem

os animais.

Com a receita, Júlia juntamente com

duas colegas de escola, também

oriundas do povoado de Ponderane,

pagam uma renda de casa no valor

de 300 meticais. Regularmente, os

pais mandam cereais tais como fari-

nha de milho, arroz e caril. Uma par-

te do dinheiro enviado destina-se a

compra doutros condimentos ali-

mentares e produtos de higiene pes-

soal. A rapariga concluiu a 9ª Classe

na Escola de Vulalo, um estabeleci-

mento escolar somente com profes-

sores.

O pai, afirma seguro que……

«Não tivemos receios em mandar a

nossa filha. Antes dela ir conversa-

mos muito sério e falamos das van-

tagens de se comportar bem até

conseguir bons resultados escolares.

Na conversa falamos muito sobre a

importância de conseguir os objecti-

vos que levaram a estar lá» Repisa o

pai.

Juliana, conta-nos que algumas

raparigas não se apresentam nas

salas de aulas por andarem metidas

em brincadeiras. Diz gostar da disci-

plinas de Biologia, História, Português

e Física.

No futuro ela diz que pretende ser

professora, um feito agora mais per-

to do alcance, dados valores morais

e sociais que ela absorveu da educa-

ção familiar, aliada ao provimento

financeiro proporcionado pelos pro-

genitores e ao esforço feito por ela.

A rapariga frequenta os rituais de

iniciação tradicionais locais. Antes

disso baptizou-se e crismou por uma

Igreja Africana Local.

A mãe faz tudo para a filha progre-

dir, diferentemente das meninas que

casaram cedo. A progenitora diz que

se sentirá realizada quando a Júlia

estudar e trabalhar, na esperança

dela um dia apoiar a família. Para o

efeito conta-nos que recorre fre-

quentemente aos modelos de pro-

gresso escolar existentes na sua

comunidade, citando casos de pro-

fessoras e enfermeiras que ela mes-

ma as convida para casa, como refe-

rência ao sermão que transmite para

a sua

nos projectos como Educação Inclu-

siva da AMME e vaticina dizendo

que ……«quero ser construtor de

pontes e muito mais». Sua inspira-

ção é seu próprio pai, Moniz Sabone-

te, um pedreiro artesanal por quem

António gaba-se por ser muito soli-

citado nas bandas de Tengua.

Naque instante ele aponta o dedo

para a sua cabana de matérias pre-

cários com um traçado arquitectóni-

co bem laborado que ele mesmo

construiu e diz…. «Gosto de educa-

ção visual. Tenho as notas mais altas

da escola 19 valores, de uma media

global de 12 valores. Mas também

gosto de Biologia porque estuda

sobre as plantas, animais e a sua

relação com a natureza».

Enquanto ele prevê o futuro, Antó-

nio fala do presente e diz….«Meus

pais não tem dinheiro para me

matricular em estudos técnicos mais

importantes». A partir da renda da

machamba e do emprego do pai ele

calcula que não será possível fre-

quentar a Universidade ou um Curso

de Professores, um prognóstico em

relação ao qual seu irmão mais

velho tem mais optimismo.

O jovem Paulo diz que…….«Do mes-

mo jeito que eles me apoiaram a

concluir a 12ª Classe, podem conse-

guir levar-me para o Ensino Supe-

rior. ….«É preciso aumentarmos as

áreas de produção agrícolas e pro-

duzir outras culturas de renda. É

uma questão de aliar ao esforços,

tendo em conta as mudanças do

clima e atenção a rotatividade de

culturas» afirma com segurança.

Questionado sobre a orientação téc-

nica da autoridade agrícola Paulo

interrompeu antes mesmo de con-

cluirmos a pergunta para dizer…

«Não esperamos que venham os

chamados extensionistas agrários

que nunca vêem. Entre nós, analisa-

mos as viabilidades do tempo e das

culturas…... Quando produzimos,

numa época conservamos a semen-

te para ser utilizada no ano. Seguin-

te.

O casal, Moniz tem um total de cin-

co 5 filhos, Uma menina e 4 rapa-

zes. (EIQ)

Comunidade no apoio escolar

Matias Binifolo Mtempo-Pai e

Elisa Baissone- Mãe, são um

casal com cinco filhos: Uma

menina e quatro rapazes. A pri-

mogénita, Juliana Matias Binifo-

lo de 15 anos frequenta a esco-

la graças as rendas resultantes

das actividades agro-pecuárias

desenvolvidas pelos pais em

Ponderane, um povoado que

dista 18 quilómetros a Sudeste

da Vila-sede de Milange.

Família Binifolo,

na sua residência