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N o ano 2018 estabe-
leceram-se linhas de
base para funciona-
mento do órgão,
decorrentes de um
levantamento sobre o estágio de
operacionalidade dos Conselhos de
Escola que revelaram o desalinha-
mento com o Manual de Apoio aos
Conselhos de Escola. Em alguns
casos os membros eram eleitos mas
não conheciam os seus reais papéis,
não documentavam seus actos. «o
começo intervínhamos em casos
espontâneos mas o SDEJT encarava
de forma abstracta e desatenta a
nossa existência. Mais tarde quando
começamos a denunciar casos fla-
grantes fomos tratados como uma
pedra no sapato» Explica uma das
fontes do Fórum Distrital do Conse-
lho de Escola de Nicoadala.
Nessa altura, a coordenação entre o
SDEJT e o Fórum Distrital começou a
ganhar corpo, principalmente nos
momentos em que era solicitada a
intervenção do SDEJT nos casos em
que as soluções ultrapassam o nível
de competências do Conselho de
Escola. As intervenções no Projecto
Educação Inclusiva e de Qualidade da
AMME impulsionaram o trabalho.
Passaram a ser solicitados a intervir e
contribuir para soluções nas Comu-
nidades Escolares.
Explicou que com um lugar e direito
a opinião, representantes do Fórum
participam: em
Reuniões anuais de Planificação
do Sector de Educação no
Distrito.
Na monitoria das actividades
dos exames finais no ano de
2019.
Na divulgação de directrizes dos
actuais de exames e regula-
mentos de avaliação.
No resgate de alunos para serem
Examinados.
No seguimento de casos em que
alunas foram postas fora da
escola por terem ficado grá-
vidas.
Nos casos de gravidez precoce
dão lugar a soluções comu-
nitárias, exceptuando aque-
les que por impulsão das
comunidades são capazes
de constituir um acto crimi-
noso.
Participamos activamente nas
sessões do Conselho Coor-
denador Distrital,
A colaboração terminou com a jun-
ção de 1000 Kwashas, perto de 10
mil meticais.
A Comunidade contratou 4 jovens
locais para fabricarem 30 mil tijolos
queimados aplicados na construção
das 3 salas de aulas, em curso, com
uma capacidade de 50 alunos cada.
As mulheres participaram na busca
de àgua. Foram igualmente contra-
tados pedreiros locais, responsáveis
por erguerem as paredes, numa obra
que envolveu os melhores artesãos
de edifícios comunitários e impactou
sobre a renda das famílias locais.
Pouco depois das obras iniciarem, o
Conselho de Escola constatou em
reunião comunitária que teriam difi-
culdades de conseguir chapas de
zinco para cobertura das salas de
aulas. Então o Fumo juntamente com
o Director da Escola intercederam
junto do Régulo Tamanda solicitan-
do uma visita do Administrador do
Distrito de Milange aquela comuni-
dade que viria a acontecer meses
depois.
Na ocasião, os membros do CE apre-
sentaram a preocupação respondida
de imediato com a garantia de dis-
ponibilização de 93 chapas de zinco
á Direcção da Escola, o suficiente
para cobrir três salas de aulas. O
Conselho de Escola decidiu conver-
ter 30% das chapas de zinco em 10
sacos de cimento industrial - Por-
tland, que os pedreiros solicitaram
para construírem pilares de sustenta-
ção das paredes mais fortes do que
os anteriores, cimentados com solos
argilosos. As chapas de zinco fazem
parte de uma pacote de incentivo
disponibilizados pelos SDEJT, para
comunidades que erguem salas de
aulas melhoradas.
O Director da EPC Lichinga acha que
as obras em curso representam um
grande passo no desenvolvimento
de Tchalomwe. Na ocasião, ele res-
gatou um pouco da história ndocon-
ta o seguinte.
«Aqui não havia escola. Em 2005 a
comunidade sob liderança do Fumo,
intercedeu junto da ZIP Carico, soli
citando o estabelecimento da pri-
meira turma anexa que começou a
funcionar com 60 alunos da primeira
Classe, ensinados pelo professor
Oldino Varela. Actualmente, a escola
do tipo 2 lecciona até a 7ª classe,
com um total de 510 alunos e oito
professores, uma das quais do sexo
feminino a leccionar desde o ano
passado.
O actual Conselho de Escola da EPC
Lichinga foi revitalização em Março
de 2020, um evento testemunhado
pelo Projecto Qualidade de Educa-
ção da AMME em decurso no qua-
dro da parceria com os SDEJT-
DPEDH da Zambézia e MINEDH.
(EIQ)
.Fontes: Jairoce Januário Camera: Presidente do
Conselho de Escola. Sinhala Fernando: Membro dos
Assuntos Sociais. Zeferino Armindo Vingue: Assuntos
Pedagógicos. Ruca Richard: Assuntos Financeiros O Fórum Distrital dos Conselhos de Escola de Nicoadala, estabelecido no
ano de 2018, tornou-se um interlocutor válido entre o Serviço Distrital de
Educação - SDEJT e os Conselhos de Escola, na busca de soluções dos
problemas da educação. No inicio, eram encarados de forma abstracta e
desatenta pelas autoridades de educação de Nicoadala. Agora o Fórum
destaca-se pelo papel que desempenha na revitalização, planificação
integrada, ligação com os Conselhos de Escola que gradualmente, da
oralidade á escrita, dão conta do seu papel estratégico sobre os assuntos
pedagógicos e administrativos da escola.
Eis o retrato de um organismo que tem entre desafios a operacionaliza-
ção do mecanismo de report através da passagem da fala para a escrita
na operacionalização e mudanças a incrementar no Conselho de Escola.
Continua na Pag. 2
Continuado da Pag. 7
Propriedade: Associação Moçambicana Mulher e Educação– AMME ◊ ZAMBÉZIA
Endereço: Rua das FPLM, Bairro Sinacura ◊ Cidade de Quelimane Tele-fax (258) 24217313
Director Executivo: Jaime Abudo Editor: Nazário Paunde ◊
Setembro- 2021 Especial
AMME: Quais os métodos práticos
de socialização, na sala de aulas?
Director do SDEJT: Depois do nível
de gestores escolares, orientamos as
escolas para replicarem as ferramen-
tas, mas que o fizessem de acordo
com o legislado, para que em cada
Segunda-feira……de Acordo com o
Decretado-…. Reúnam-se para efec-
tuarem o estudo informativo, orien-
tando imediatamente para que
implementassem com as normas
que juntamente com estas, sejam
executadas e monitoradas outras
directrizes tais como a lavagem das
mãos no contexto do Coronavirus.
AMME: O que espera com o incre-
mento proporcionado ?
Director do SDEJT: Esperamos
melhorias no desempenho dos pro-
fissionais de educação, primeiro em
termos lectivos e no cumprimento
dos seus deveres o obrigações.
Esperamos ainda, profissionais de
educação mais proactivos, autodi-
dactas.
AMME: Que prognósticos faz des-
tas práticas com resultados dos
alunos?
Director do SDEJT: Esperamos
aquisição de competências no final
de seus ciclos. escolar (EIQ)
O Presidente do Conselho de Escola
EPC Lichinga, um estabelecimento
escolar que fica no povoado Mabua-
ra, Fumo Ndaola com 300 famílias
sob égide do Regulo Tamanda, disse
que a utilização de tijolos queimados
nas obras, por parte das comunida-
des é antigo. Partimos para a iniciati-
va porque vimos que em dias de
chuva as paredes coroem e perigam
a vida dos alunos como dos profes-
sores. Agora vamos acabar com as
chatices, desabafa.
A fonte refere-se às vantagens com-
parativas da cobertura de chapas no
lugar do capim nos seguintes ter-
mos..
«As chapas de zinco são duráveis,
enquanto o capim precisa de reno-
vação permanente. O zinco não voa
facilmente com o vento e quando
chove o edifício não se molha como
n0 caso da cobertura de capim, que
tem obrigado os professores a para-
lisarem aulas ou a permanecerem
em casa nos dias chuvosos. Com as
chapas de zinco os professores não
tem como faltar às aulas, uma situa-
ção que aumenta a esperança de
termos alunos que aprendem a ler e
escrever e a dominarem a matemáti-
ca». O Presidente do Conselho de
Escola deixa claro que
«Não são as chapas de zinco na
cobertura que farão os alunos domi-
narem a leitura, escrita e matemáti-
ca. …..Mas se estiverem numa sala de
aulas coberta com chapas estarão
protegidos e mais concentrados. A
Direcção da escola passara assim a
controlar se os professores dão aulas
correctamente».
Afinal como tudo começou ?
Quando eles viram que as salas de
aulas não eram adequadas o Fumo
Ndaola deu ideia de fabricarem tijo-
los. Convocaram a comunidade, pais
e encarregados de educação que
acharam melhor contribuírem em
dinheiro com a finalidade de pagar
serviços localmente mais acertados.
Dezasseis anos depois a Comuni-
dade de Tchalomwe onde se situa
a Escola Primária Completa de
Lichinga em Milange, decidiu
erguer as primeiras três salas de
aulas feitas de materiais conven-
cionais, em substituição dos edifí-
cios maticados com solos argilo-
sos e cobertura feita de capim.
um evento destinado a avaliar
as realizações do ano ante-
rior e planificar os grandes
eventos para o ano seguin-
te, com as respectivas pro-
jecções sectoriais.
Partilhamos nossos planos de
actividade, possibilitando
saber em que instancia de
ZIP tencionamos trabalhar,
havendo em muitos casos
ligações que permitem os
Directores de Escolas facul-
tarem informações que soli-
citamos.
Nos casos em que os Fóruns não
dão solução aos problemas o SDEJT
intervém. Estas intervenções são
uma clara evolução, porque não
acontecia dantes. Aliás, hoje as
informações são partilhadas pelas
escolas com o Fórum, sem a inter-
venção dos SDEJT.
Sendo que o Fórum Distrital de
Conselho de Escola é criado com
objectivo principal de contribuir
para o melhoramento do processo
de ensino e aprendizagem através
do desenvolvimento das competên-
cias e leitura, escrita e de cálculo
pelos alunos, catalisar o funciona-
mento do Conselho de Escola,
impulsionando a ideia de que a
Escola pertence a comunidade.
Havia uma má percepção sobre as
funções, competências, atribuições,
deveres papéis, mandato e até
sobre jurisdições do Conselho de
Escola.
O Fórum Distrital de Conselhos de
Escola, tem como atribuição funda-
mental, assegurar a revitalização
dos Fóruns de ZIP de Conselho de
Escola até 30 de Março de cada
ano. Por seu turno, o Fórum de ZIP,
assegura a revitalização dos Conse-
lhos de Escola a 8 de Março de cada
ano.
Estando os Fóruns de ZIP em uma
situação de inoperância, tem estado
o Fórum Distrital empenhado em
tarefas que não são de sua respon-
sabilidade. Para o efeito, tem reali-
zado acções de recomendar aos
Conselhos de Escola para que pri-
mem por trabalhar respeitando os
princípios e atribuições previstos no
manual de apoio. O mesmo sucede
quando pretendem disseminar o
fluxograma previsto no mecanismo
de comunicação e de report. De
Outras acções como:
Incentivar os Conselhos de
Escola a planificar sobre
assuntos como aproveita-
mento pedagógico, sobre-
tudo nos aspectos de leitu-
ra e escrita.
Incentivar a promoção do diá-
logo permanente entre os
Conselhos de Escola e o
Governo do Distrito através
do Mecanismo de Comuni-
cação e Report.
Estimular a prática de presta-
ção de contas a comunida-
des escolares.
Promover a harmonização de
procedimentos no funcio-
namento dos Conselhos de
Escola, através da partilha
de Boas Práticas.
Incentivar o Conselho de Escola
a trabalhar fundamental-
mente nos aspectos peda-
gógicos garantindo que o
Director Adjunto Pedagógi-
co tenha um plano de aulas
dos professores e estes
estejam a dar aulas.
Assegurar que as escolas pro-
movam o mecanismo de
prestação de contas,
garantindo a transparecia
no Apoio Directo às Esco-
las entre outros.
Pontualmente, registaram evi-
dências concretas de
ausência de coordenação e
falta de transparência na
gestão, nas escolas Eduar-
do Mondlane–sede, Heróis
Moçambicanos, e Dugu-
diua, onde os membros do
Fórum Distrital foram
accionados para resolver
problemas ligados ao
absentismo de alunos e
professores, gravidezes
precoces, Uniões Prematu-
ras e falta de transparência
no uso dos fundos aloca-
dos a escola.
Relativamente ao mecanismo de
comunicação e de Report explicou
dizendo que ainda estariam no pro-
cesso de aperfeiçoamento que
eram feitos oralmente, incentivando
aos Presidentes dos CE a escreve-
rem. Estamos a sugerir modelos de
acta práticos que obrigam a registar
as ocorrências.
Quanto ao fluxograma, o entrevista-
do explica que apesar da existência
de um instrumento orientador, exis-
tem ainda fragilidades na sua inter-
pretação. Uma das grandes dificul-
dades é a falta de coragem para
denunciar e registar os casos graves
que acontece em suas comunida-
des. Na perspectiva do entrevistado,
deveriam ser as capacitações para
que os membros do Fóruns Distri
tais, Fóruns de ZIP e Conselhos de
Escolas se apropriem do Mecanis-
mo de Comunicação e Report...(EIQ)
Director do SDEJT Milange
Continua na Pag. 8
Imagem de trabalho dos membros do
Fórum Distrital do Conselho de Escola de
Nicoadala, captada numa das sessões de
trabalho corrente.
Fontes: Marcelino Mirione, Missasse Tomas
Com a receita de cinco sacos de fei-
jão bóer- o mais rentável de todos
os produtos – colhidos na ùúltima
safra agrícola e vendidos aos comer-
ciantes de Nampula acampados nas
bermas da principais estradas, ao
preço de 1300 mts cada saco, Dona
Rita Simone, mãe de António, cus-
teou as rendas mensais da referida
casa, adquiriu material e fardamento
escolar, como também pagou o
meio de transporte para o filho de
casa para Tengua..
Paulo Moniz Sabonete, irmão mais
velho do António, agora com 19
anos, disse ter vivido por 5 anos nas
mesmas circunstancias na referida
casa, paga pelos pais, enquanto fre-
quentava os níveis básico e médio
gerais, 8ª á 12ª Classe. Diz sentir-se
feliz pois muitos, não tem a oportu-
nidade proporcionada por seus pais.
«Cada chefe de família tem a sua
ideia. Apesar de muitos produzirem
exactamente o que nós produzimos
vejo que não fazem o que os meus
pais fizeram. Uns pensa que a escola
não ajuda. Outros, ainda pior acham
que não vão conseguir pagar as des-
pesas escolares dos filhos da 8ª a
10ª classe, pensando que é um desa-
fio para os que tem muito dinheiro.
Mas isso não aconteceu com meus
pais. Eles, perceberam que sem a
escola, nós não iríamos a lado
nenhum». Explicando as razões por-
que a encarregada de educação
optou por arrendar uma casa para os
filhos disse ser mais barato por-
que….. «No lar de estudantes paga-
se 4 mil meticais, anuais. É muito
dinheiro para os kotas».
Mas foi Paulo Moniz, que agora se
prepara para ingressar no Ensino
Superior quem relatou melhor as
vantagens comparativas entre o
internato e a casa alugada pelos
pais, nos seguintes termos………
«….No internato muitos alunos
envolvem-se em desordens, consu-
mo de bebidas alcoólicas e drogas.
Por vezes, durante a noite, não con-
seguia estudar porque faziam baru-
lho ao ponto de desconcentrarem-
me. Por isso, juntei-me aos colegas
que queriam estudar de verdade,
deixamos o internato e alugamos
uma casa. Em Tengua, quem se inte-
ressa por estudar foi porque teve um
bom conselho dos pais em casa.»
Paulo, lembra que a concretização
dos intentos escolares não depen-
dem somente do aluno……. «Eu sozi-
nho, não teria chegado a 12ª Classe
sem o esforço dos meus pais. Tudo o
que eu fiz foi porque meus pais me
ajudaram». Seu irmão António quer
ser professor. Não quer trabalhar
AMME: A estruturação de edifícios
escolares com envolvimento
comunitário é uma realidade?
Director do SDEJT: Sim…….desde o
ano 2016 apoiamos a estruturação
de edifícios das escolas primárias,
num cenário de exiguidade de fun-
dos do Orçamento do Estado e do
Orçamento Distrital/duodécimos
exíguos, num contexto de desastres
naturais sistemáticos, que resultam
em destruições das coberturas das
salas de aulas, mantendo-se a base.
……Ainda em 2016, o colectivo de
Direcção das Escolas, constatou que
a disponibilização de chapas de zin-
co poderia suprir com as necessida-
des de reposição dos tectos das
salas de aulas.
Noutra vertente, sugerimos que as
comunidades pudessem construir as
paredes das salas de aulas, comple-
mentarmente, tendo sido edificadas
600 escolas.
AMME: Pode falar sobre a sociali-
zação de ferramentas de trabalho?
Director do SDEJT: Como sector
vimos a necessidade de replicar esta
prática que gerou um universo de
700 indivíduos capacitados entre
Directores das escolas e os respecti-
vos Directores Pedagógicos. Inicial-
mente, muitos pensavam que
conheciam as ferramentas de traba-
lho. Realizamos auscultações junto
de comunidades escolares, colhe-
mos sensibilidades que levaram-nos
a concluir que entre a comunidade
de professores é relevante planificar
uma capacitação em volta da socia-
lização de ferramentas sectoriais de
trabalho com destaque para a Lei
18/2019 SNE, Regulamentos do
Ensino Primário, Plano Quinquenal ,
Estatuto do Agente e Funcionário do
Estado, Política de Género, Manual
do Conselho de Escola e OTos.
E socialização ferramentas de trabalho
A execução do Projecto Melhoria da Qualidade de Educação, pela
AMME e DPEDH da Zambézia estimulou a interacção para a melhoria
da qualidade de ensino baseada nas directrizes do Governo orienta-
dos por normas sectoriais do nível mais alto até aos professores. Em
Milange o Distrito com o maior universo escolar da Zambézia foi
interessante o alinhamento de boas práticas com as directrizes secto-
riais que promovem comunidades mais próximas da gestão escolar.
Encontramos experiências replicáveis na construção de edifícios
escolares e na socialização de ferramentas de trabalho orientadoras
do sector de educação. O Director dos Serviços Distritais de Educa-
ção em Milange, entusiasta destas abordagens inovadoras, conta-
nos em entrevista, o que tem sido feito sobre a matéria.
Desafios do internamento dos alunos
António Moniz Sabonete de 15 anos frequenta a 10ª Classe na Escola
Secundária Geral de Balala localidade de Tengua, no Distrito de Milange.
Vive numa casa alugada ao valor de 200 meticais mensais, obtidos na
receita resultante da venda do feijão bóer, mapira, milho, arroz, produzi-
dos na machamba familiar.
Continua na Pag. 4 Continua na Pag. 7
«Temos machambas onde cultiva-
mos milho, repolho, tomate» diz
orgulhosamente Matias, mostrando
o amontoado de Cana-doce que
acabava de ajuntar no seu quintal».
Ele revela-nos ter amealhado 10 mil
meticais da venda daquele produto,
em 2020, uma cultura que considera
das menos importantes no conjunto
doutros, fundamentais na arrecada-
ção da renda. «Até é pouco. Este ano
as chuvas estão a comprometer a
produção da cana, por isso estou a
fazer hortícolas também. Esta sema-
na consegui 6 mil meticais com a
venda de repolho» ..diz o homem..
Mas o forte desta família é a activi-
dade pecuária. Eles tem 40 cabritos
no seu rebanho, para além de outros
13 que deram emprestado para
algumas famílias que solicitaram seu
apoio no fomento caprino, uma
espécie considerada de fácil criação
e uma fonte de renda por excelência
pelas bandas de Milange. Cada
cabrito pode ser vendido ao preço
de 2 mil meticais Os clientes na sua
maioria oriundos da Vila do Milange
e do vizinho Malawi afluem regular-
mente no povoado, para comprarem
os animais.
Com a receita, Júlia juntamente com
duas colegas de escola, também
oriundas do povoado de Ponderane,
pagam uma renda de casa no valor
de 300 meticais. Regularmente, os
pais mandam cereais tais como fari-
nha de milho, arroz e caril. Uma par-
te do dinheiro enviado destina-se a
compra doutros condimentos ali-
mentares e produtos de higiene pes-
soal. A rapariga concluiu a 9ª Classe
na Escola de Vulalo, um estabeleci-
mento escolar somente com profes-
sores.
O pai, afirma seguro que……
«Não tivemos receios em mandar a
nossa filha. Antes dela ir conversa-
mos muito sério e falamos das van-
tagens de se comportar bem até
conseguir bons resultados escolares.
Na conversa falamos muito sobre a
importância de conseguir os objecti-
vos que levaram a estar lá» Repisa o
pai.
Juliana, conta-nos que algumas
raparigas não se apresentam nas
salas de aulas por andarem metidas
em brincadeiras. Diz gostar da disci-
plinas de Biologia, História, Português
e Física.
No futuro ela diz que pretende ser
professora, um feito agora mais per-
to do alcance, dados valores morais
e sociais que ela absorveu da educa-
ção familiar, aliada ao provimento
financeiro proporcionado pelos pro-
genitores e ao esforço feito por ela.
A rapariga frequenta os rituais de
iniciação tradicionais locais. Antes
disso baptizou-se e crismou por uma
Igreja Africana Local.
A mãe faz tudo para a filha progre-
dir, diferentemente das meninas que
casaram cedo. A progenitora diz que
se sentirá realizada quando a Júlia
estudar e trabalhar, na esperança
dela um dia apoiar a família. Para o
efeito conta-nos que recorre fre-
quentemente aos modelos de pro-
gresso escolar existentes na sua
comunidade, citando casos de pro-
fessoras e enfermeiras que ela mes-
ma as convida para casa, como refe-
rência ao sermão que transmite para
a sua
nos projectos como Educação Inclu-
siva da AMME e vaticina dizendo
que ……«quero ser construtor de
pontes e muito mais». Sua inspira-
ção é seu próprio pai, Moniz Sabone-
te, um pedreiro artesanal por quem
António gaba-se por ser muito soli-
citado nas bandas de Tengua.
Naque instante ele aponta o dedo
para a sua cabana de matérias pre-
cários com um traçado arquitectóni-
co bem laborado que ele mesmo
construiu e diz…. «Gosto de educa-
ção visual. Tenho as notas mais altas
da escola 19 valores, de uma media
global de 12 valores. Mas também
gosto de Biologia porque estuda
sobre as plantas, animais e a sua
relação com a natureza».
Enquanto ele prevê o futuro, Antó-
nio fala do presente e diz….«Meus
pais não tem dinheiro para me
matricular em estudos técnicos mais
importantes». A partir da renda da
machamba e do emprego do pai ele
calcula que não será possível fre-
quentar a Universidade ou um Curso
de Professores, um prognóstico em
relação ao qual seu irmão mais
velho tem mais optimismo.
O jovem Paulo diz que…….«Do mes-
mo jeito que eles me apoiaram a
concluir a 12ª Classe, podem conse-
guir levar-me para o Ensino Supe-
rior. ….«É preciso aumentarmos as
áreas de produção agrícolas e pro-
duzir outras culturas de renda. É
uma questão de aliar ao esforços,
tendo em conta as mudanças do
clima e atenção a rotatividade de
culturas» afirma com segurança.
Questionado sobre a orientação téc-
nica da autoridade agrícola Paulo
interrompeu antes mesmo de con-
cluirmos a pergunta para dizer…
«Não esperamos que venham os
chamados extensionistas agrários
que nunca vêem. Entre nós, analisa-
mos as viabilidades do tempo e das
culturas…... Quando produzimos,
numa época conservamos a semen-
te para ser utilizada no ano. Seguin-
te.
O casal, Moniz tem um total de cin-
co 5 filhos, Uma menina e 4 rapa-
zes. (EIQ)
Comunidade no apoio escolar
Matias Binifolo Mtempo-Pai e
Elisa Baissone- Mãe, são um
casal com cinco filhos: Uma
menina e quatro rapazes. A pri-
mogénita, Juliana Matias Binifo-
lo de 15 anos frequenta a esco-
la graças as rendas resultantes
das actividades agro-pecuárias
desenvolvidas pelos pais em
Ponderane, um povoado que
dista 18 quilómetros a Sudeste
da Vila-sede de Milange.
Família Binifolo,
na sua residência