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srpuim N.Q (>>o^^r BIBLIOTECA SAPOPEMBA V DIVA V GUARANI SÃO PAULO JUNHO DE 1984 N 0 17 ANO II DISTRIBUIÇÃO GRATUITA COMISSÃO DE MORADORES REIVINDICAM FIM DA VALA DA ADUTORA RIO CLARO ... . Em #' São Matheus m diácono Fernando e o trabalhe de direitos humanos Pág. 4 '1MMPM *NO» '^^ MORADORES RECLAMAM DA AV.SAPOPEMBA CO^Í^VMflS J* ^^"'tS^ A partir de julho JORNAL DO BAIRRO estará atendendo em sua nova sede àAv. Sapopemba, 3.889 - Sala 3 - Vila Diva - Fone: 918-2220

SÃO PAULO JUNHO DE 1984 N 17 ANO II DISTRIBUIÇÃO … · feminino e que sua jornada semanal de trabalho é de 80 horas, enquanto os homens, de modo geral, trabalham de 40 a 35 horas

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Page 1: SÃO PAULO JUNHO DE 1984 N 17 ANO II DISTRIBUIÇÃO … · feminino e que sua jornada semanal de trabalho é de 80 horas, enquanto os homens, de modo geral, trabalham de 40 a 35 horas

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BIBLIOTECA

SAPOPEMBA • V DIVA • V GUARANI

SÃO PAULO JUNHO DE 1984 N017 ANO II DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

COMISSÃO DE MORADORES REIVINDICAM FIM DA VALA DA ADUTORA RIO CLARO

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Em

#' São Matheus m

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humanos

Pág. 4

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MORADORES RECLAMAM DA AV.SAPOPEMBA

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A partir de julho JORNAL DO BAIRRO

estará atendendo em sua nova sede àAv. Sapopemba, 3.889 - Sala 3 - Vila Diva - Fone: 918-2220

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COLUNA DO TRABALHADOR Metalúrgicos elegem diretoria

Será realizado no Sindicato dos Metalúr- gicos de São Paulo, o maior da América Latina, eleições livres e diretas, do dia 2 a 5 de julho. Duas chapas estão concorrendo, de um lado Joaquim dos Santos de Andra- de, que está no poder desde 1969 de outro, apoiado pela pastoral Operária a Chapa 2, está o líder sindical, Waldemar Rossi.

Na zona Leste, onde existe uma concen- tração muito grande de metalúrgicos, cada qual tem ocupado seu espaço como podem: seja pregando os cartazes nos postes, muros, ou indo de fábrica em fábrica distri- buir seus programas.

E o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo que tem duas chapas concorrendo às eleições: chapa 2, da qual já falamos neste jornal, e a chapa 1 "Unidade na Luta", lióerada pela atual dire- toria.

Encabeçada por Joaquim dos Santos An- drade, há 15 anos presidente do sindicato, a chapa 1 passou por uma renovação, procu- rando evitar a partidarização da entidade, mas arregimentando trabalhadores repre- sentativos entre a categoria.

O trabalho da atual diretoria tem sido em torno de um permanente esforço pela orga- nização dos trabalhadores nas fábricas. Co- mo resultado desse trabalho, as 93 greves por empresa e a greve geral de 21 de julho, em 1983, e a luta contra os decretos-lei do governo federal, arrochando o salário do trabalhador.

A principal proposta da chapa 1, na dire- ção do sindicaro, é a luta pelas eleições di- retas já. Com a mesma ênfase, a luta contra o desemprego, pela estabilidade no em- prego e peto reconhecimento das comissões de fábrica. Outra preocupação da chapa 1 é ? reunificação do moviemnto sindical, divi- dido entrp a CUT e a CONCLAT. A chapa en- tende que a Unidade é fundamental para a vitória das lutas dos trabalhadores.

CHAPA 2 - tem como plataforma convo- car assembléias, em casa região para que todos fiquem sabendo o que está aconte- cendo dentro da fábrica. Nessas assem- bléias irão escolher os companheiros mais firmes na luta para fazer ligação permanen- te entre as fábricas.

Quando a luta for maior, convocarão uma assembléia geral para decidir o que fazer, escolhendo um conjunto de companheiros como representante de todas as regiões para dirigir a luta.

Unir-se aos metalúrgicos do ABC e do resto do interiro para não deixar nenhum sindicato isolado.

A luta dos trabalhadores é uma só. Irão quebrar a divisão que existe entre metalúr- gicos, químicos, bancários, lavradores. Com a CHAPA 2, no sindicato prometem ajudar a unir todos os trabalhadores da cidade e do campo para enfrentar esse Governo militar e os patrões. Essa é uma contribuição para o fortalecimento da Central Única dos Traba- lhadores (CUT).

Os objetivos centrais é garantir o em- prego para todos que estejam em condições de trabalhar, garantir o valor do salário da categoria e lutar para melhorar as con- dições de vida e trabalho. Isso implica em encampar lutas contra a política econômica do governo (contra o arrocho salarial, pelo aumento de 100% doi INPC, integral e sem expurgo para todos os trabalhadores, pela volta da taxa de produtividade, pela reposi ção das perdas salariais dos últimos reajus- tes, por um aumento real para tosos agora, a ser fixado após ampla consulta à categoria, tendo como referência a proposta de 20%).

No programa não esqueceram da mulher metalúrgica que além de ganhar menos que os companheiros, são desrespeitadas a to- da hora pelas chefias e pelos patrões. Não consideram a mulher casada inválida, e a luta da mulher metalúrgica é de criar o De- partamento Feminino dentro do Sindicato e que funcione de verdade.

Boca Livre Vila Bancária, sem pavimentação e o sofrimento dos

moradores

PROFISSIONJUS DO MÊS JULHO 1" de julho, dia dos Bancários. Onze meses

com intervensão federal e brigando com os ban- queiros pela diferença do Decreto-Lei 2.045, porém firmes nesta luta visto que é de direito.

2 de julho, d ia do Bombeiro, Profissionais hábeis cm defesa do bem estar público.

16 de julho, dia do Comerciante, Congratula- ções para os comerciantes do Jardim Colorado,

Vila Diva, Vila Santa Clara, Vila Guarani, Sapo- pemba. Água Rasa, Vila Ema e V. Invernada.

25 de julho, dia do Motorista. Classe judiada com os aumentos dos combustíveis, sem qualquer subsídio do governo c cm época alguma traçou parâmetros para o desemprego desta atividade que serve a coletividade. Ainda afetada pela ciolência urbana, merecedores de reconhecimen- to pois são trabalhadores que exercem uma pro- fissão de risco de vida.

Hua oos Financeiros, moradores aguarda

Fato curioso cercam as ruas de Vila Bancária, sem asfalto, sem iluminação e sem esgoto e cujos nomes das vias sao de categorias profissionais que em nada cor- responde à realidade vivencíada pelos mo- radores e o difícil acesso de veículos e pedestres.

Há cerca de dois anos, os moradores se reuniram e enviaram a Prefeitura ofício e abaixo-assinado solicitando pavimenta-

Unha Conjunto Mascarenhas

de Moraes continua atrasando

Ca*L*»f& O atraso do ônibus da linha Belém-Con-

junto Mascarenhas de Moraes continua acontecendo. No mês de abril focalizamos este problema, cujo quadro ainda figurava a Cia Auxiliar de Transportes Coletivos, substituída pela Companhia Municipal de Transportes Coletivos, visto as duras críti- cas de usuários. Mas, trabalhadores e estudantes ainda não tiveram o caso solu- cionado, o atraso de 20 a 40 minutos

ção que até hoje não aconteceu.

Reivindicam obras na rua dos Financei- ros. Alameda do Contador, rua dos Tesou- reiros, rua dos Banqueiros, rua dos Cor- rentístas e do Contador. Acrescentam ainda, que o asfaltamento destas vias deve ser executada pela Prefeitura e não pela Empresa de Urbanização EMURB, pois alegam que o órgão além de ser caro, realizam serviços insastifatório do desejo da população local.

continuão acontecendo, originando enor- me filas de passageiros que são obrigados a pagarem tão caro e serem transportados sem conforto e com lotação excedente.

ííafta pofídamento rec/amam comerciantes

Somente o Banco Auxiliar 8/A, Ag. Vila Diva, num prazo de um mês sofreu dois assaltos, sem vítimas, entretanto alarma- do e preocupados os proprietários de esta- belecimentos não sabem como se prote- ger ante a perícia dos assaltantes e a falta de policiamento da Avenida Saoopemba.

Solicitam os comerciantes que a 3a Cia da Polícia Militar tome providências no senti- do que as viaturas realizem patrulhamento intenso, savalguardando-os e os consumi- dores efetuarem suas compras sem re- ceio.

tm Vila Diva e Vila Santa Clara, cpmer- cíantes reclamam de assaltos que tem acontecido na área, criando o estado de tensão e deixando-o assustados com a onda de violência desencadeados nos últimos meses.

CEI DA MULHER

I Não há questão mais difícil de ser assimilada,

em geral, em nosso Pais, que o problema que sofrem as mulheres brasileiras. Geralmente, a primeira argumentação que aparece diz respeito ao sofrimento e injustiças sofridos também pelos homens. Ora, é preciso compreender a condição feminina em sua especificidade. Por exemplo a

mulher que trabalha fora de casa, ganha em média, 58% a menos que o homem, executande as mesmas funções. E isso porque nossas empre- sas, até hoje, não se convenceram de que devem arcar também com a criação de novos brasileiros.

Ou seja, justifica-se a extrema exploração da mão de obra feminina porque, afirmam, "mulher émulher". Muito pouco profunda, essa argu- mentação, pois no fundo, o que se está dizendo é que as empresas vão explorar a mão de obra barata em que se converterão nossas crianças, mas, enquanto não se tornam trabalhadores, que a mulher se "vire", crie, eduque, sustente, sozi- nha. Nada mais iniusto.

A criança não é só filha de uma mãe, ela também tem pai, também é brasileira, também será mais um trabalhador a construir sua Nação. Nesse caso, por que a mulher terá que arcar sozinha com a responsabilidade, se ela já engravi- da, amamenta e pare? Não estão querendo em demasia da mulher, explorando-a até a morte? Por issoé que as mulheres exigem creches para as crianças, como sendo um direito DA CRIANÇA, o que é justíssimo. Vamos parar de pensar que a mulher é a única responsável por essa tarefa?

Em segundo lugar, vamos lembrar que tam- bém à mulher' cabe a única tarefa não remunera-

da do mundo, que é a de dona de casa. Além de trabalhar lá fora, ganhando muito menos, ela ainda faz o serviço de casa, o que configura na dupla jornada de trabalho. A Organização Inter- nacional do Trabalho (OIT), filiada à ONU, elaborou, a respeito, pesquisa, concluindo que um terço dos trabalhadores do mundo é do sexo feminino e que sua jornada semanal de trabalho é de 80 horas, enquanto os homens, de modo geral, trabalham de 40 a 35 horas semanais. Pode essa situação continuar? Ou os homens se convencem de que, é preciso politizar a mulher para que ela exija salários iguais e mesma jornada de trabalho ou o salário do trabalhador sofrerá sempre gran- des ameaças de ser aviltado.

O que vem acontecendo, embora, em São Paulo, em uma fábrica onde queriam mandar os homens embora para contratar mulheres com menores salários, as mulheres disseram não: exigiram a não demissão, além disso, que passas-- sem a receber os mesmos salários.

Isso é conscientização. Isso é fazer com que homens c mulheres sejam companneiros de tato, em casa. no trabalho na vida. Mas. antes que o

Irede Cardoso

sistema seja obrigado a entender que deve acom- panhar o ritmo da vida e não cumprir essa direção suicida que vem tomando, matando crianças, pela falia de assistência (os que ficarem vivos serão explorados, igualmente), tratando mulheres como se fossem máquinas sem impor- tância, precisamos deixar claro que só a compre- ensão do problema, a sensibilização dos homens c a organização das mulheres é que conduzirá a uma sociedade transformada, justa e voltada para as necessidades da maioria.

Criamos aqui, na Câmara, uma Comissão Es- pecial de Inquérito, para investigar as discrimi- nações que sofre a mulher nesta cidade. A mu- lher tem sido maltratada nos serviços públicos. Não tem atendimento adequado por parte da policia, dos postos, nas creches, etc. Estamos matando o que temos de mais importante na sociedade, estamos matando justamente a se- mente da vida, o amor aos filhos, a alegria de ver a vida se reproduzir. Ou mudamos e percebemos a importância da mulher na sociedade, ou tere- mos falhado completamente como seres humanos que desejam ver a sociedade se desenvolver em busca de mais alegria, de prazer e felicidade.

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JUNHO DE 1984 JORNAL DO BAIRRO 3

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rernanuo ílterneyvr JUninr. 27 unos, mais '-onlwido cru nossa reüUui <(,m<> f«are t ernando. Um homem alto, mauro, loiro, aparência de menino, mas com uma respottsà- bUidade muito grande estar a serviço do Povo de Deus, buscando romper rom toda a f<>rma de exploração, enf(ajando-se no pmresso de libertação e partilha do pão, ao lado de seu povo. J2om apenas 19 anos, romeçou a ter um contato direto com favelados e a conhe- cer diretamente seu* problemas. Com 20 anos resolveu ser sacerdote. Fernando é formadti em Física Nuclear pela ÜSP. Filosofia pela Faculdade Asso- ciaclas Ipiranga iFAIf e Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção. Ültiniamente está cursando mestrado em Teologia e Ciências da Religião na

Até o ano passatU) trabalhou como comerciário para sustentar seus estudos e ajudar na renda familiar, só deixando de trabalhar para assumir a comunidade, na Paroquia de São Mateus. Na realidade, ele até o dia 4 de agosto será diácono.

" horas na Paróguia de São , jelas mãos de Dom Luciano

Efnscopal do Belém.

A experiência adquirida nesses anos de- ve-se ao contato direto com a população local, que mostrou o quanto eram carentes e por mais que sacrificassem trabalhando não saiam desse estado deplorável. Foi através de pequenas orqanizações que foi criado em

mas a ftartir do dia 5 será ordenado padre ás 15 hora Mateus, rua (tro Fornicpla, 17 - Parque São Rafael, pelas P. Mendes de Umetda, bispo da Região Efnscopal do Belt

Simples e paciente ao falar, Fernando há 8 anos vem trabalhando diretamente com os favelados, tendo passado pela Vila Sinhá (1 ano). Jardim Elba (3 anos), Jardim Valquíria (1 ano). Parque São Rafael (1 ano) e na Paró- quia de São Mateus (há um mês).

CLEMENTE, modelo publicitário do Colorado

época e dos estúdios das quais saíram atores e atri- zes que fazem a televisão atual.

Ainda naquele período, Clemente enfrenta o favoritismo comum da área artística, quando sua participação fora tolhida por apadrilhamento na composição do elenco de Sangue do Meu Sangue. Mas a vida com revira-volta, foi com Aurélio Campos, do programa "O Céu é o Limite", que lhe destinou um personagem na peça teatral "A Dama das Camélias", interpretando "Feitosa", o gigolô, numa época da tabus e preconceitos pro- fundos de moralidade, porém encarado de forma profissional e a oportunidade de mostrar seu talento.

Neste mundo de luzes, sonhos e ilusões, colocou-o em contato com Carlos Zara, Rodolfo Mala, Henrique Martins, Tônia Carrero, Regina Duarte, a inesquecível Leia Diniz contribuindo ex- tremamente para firmação de sua carreira.

O sucesso e reconhecimento popular afirma Clemente aconteceu com a campanha publicitária do antiâcido "Sonrisal", em 1966, com exclusi- vidade durante três anos, determinado por Sidney Rossi, cujo roteiro era cena de uma pessoa reclamando de mal-estar quando Clemente, pro- põe a solução oferecendo o envelope de Sonrisal.

Além deste trabalho participou de anúncios para Jumbo-Eletro, D. Paschoal, Cônsul, foi modelo fotográfico, realizou esporádicas dubla- gem em castelhano e em 1983 atuou em comer- ciais chilenos.

MODELO, UMA PROFISSÃO PROBLEMÁTICA

Nem tudo são luzes e glória, a atividade de modelo publicitário esbarra em questões de regulamentação trabalhista, visto a especulação de agência clandestinas e a renumeração que muita vezes lesa esta categoria.

Na cidade de São Paulo existem apoximada- mente 20 mil modelos e em fevereiro passado foi criada a "Associação Paulista das Agências de Modelos Publicitários", no sentido de organizar a classe e firmar parâmetros de uma profissão mais digna.

Clemente diz que aspira melhores condições de trabalho para categoria e também realizar bons comerciais.

Fisionomia marcante, homem simples e a histó- ria de fascínio no mundo da publicidade.

Com a classe que lhe é peculiar, Genaro Souza Clemente caminha pelas ruas do Jardim Colo- rado, sendo reconhecido através de sua partici- pação de inúmeros comerciais realizados para a televisão que o fez famoso e querido no bairro.

Aos 62 anos, mineiro de Raul Soares, pai de seis filhos mora há 16 anos no bairro, onde criou raízes fixando sua vida e de seus filhos. O famoso Clemente, assim conhecido entre os amigos é um homem de muitas profissões, sempre dirigida para a área de humanas, assim exercendo atividades de ator, modelo, dublagem, nutricionista, hotelaria e hoje gerenciando a Churrascaria Sal Grosso, na Clodomiro Amazonas e ministrando aulas do Sesi, realizando seu trabalho com dedicação e prossionalismo que o identifica.

Sua história marcada por momentos de brilho e grande recordação remonta a trilha de nossa televisão dos anos 60, etapa de arrancada para o aprimpramento de técnica visual e a sofisticação que ganhariam em décadas seguinte o campo da publicidade e o veículo de maior influência no país, originando a geração televisionada.

Recorda Clemente, que tudo aconteceu em 1967, quando estava sendo produzido a famosa novela Redenção, com Francisco Cuoco e Regina Duarte, onde participou como free-lancer, como também no Direito dos Filhos, ambos trasmitidos pela antiga TV Excelsior, campeã de audiência da

FERNANDO: UM JOVEM PADRE QUE ESTÁ A SERVIÇO DO POVO TENTANDO

ROMPERCOM TODA A FORMA DE EXPLORAÇÃO

Solange A. Moreira raco, matando e espancando, e a policia ge- ralmente tenta se detencer utilizando a velha desculpa: foi atrás de bandidos, como se cada favelado fosse bandido. Isso além de ser um absurdo é não respeitar uma po- pulação que. embora pcbre, a maioria traba- lha e tem família. A maior parte de nossa pe- riferia é composta de migrantes vindos do interior do Estado ou do Nordeste, que pen- savam que aqui iriam encontrar emprego. São pessoas que estavam acostumadas com a lavoura, trabalhavam e viviam de outra forma e hoje são obrigados a serem subempregados a muitos deles são desem- pregados.

1980 o Centro de Defesa de Direitos Huma- nos de Sapopemba. cujo trabalhe abranae uma área de quase 10 quilômetros. O centro foi inaugurado na Igreja Jesus Ressuscita- do, com a presença do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Peres Esquivei.

O Trabalho do Centro de Direitos Huma- nos de Sapopemba está pautado em quatro pontos básicos: o menor, posse de terra, vio- lência policial e questão do trabalho.

Fernando explica que após vários traba- lhos feitos junto aos favelados, ocorreu um desabamento e quase todos os moradores ficaram sem teto. Para solucionar o proble- ma, tomaram posse de um terreno da prefei- tura no morro do Madalena. Essa área, segundo Fernando, é extremamente pobre, e nela moram trabalhadores de construção civil, subempregados e desempregados. Esse era o quadro real que tinham e resol- veram criar a partir daí um instrumento mais adequado e eficaz que pudesse resolver o problema. O Centroi surgiu e longo entrou em ação. Hoje o Centro de Direitos Huma- nos está completando 4 anos e seu corpo é formado por 10 voluntários, que reunem-se de 15. em 15 dias e mais um corpo de repre- sentantes das comunidades que se reúnem com maior espaço de tempo.

O Centro está localizado na rua Serra do Capivarussu, 500, no Jardim Elba (altura do número 13.500 da Av. Sapopemba).

É nessa região que encontramos um tra- balho exemplar da igreja, na sua maioria padres jovens, e isso o povo cê com muito bons olhos, pois nessa região existe uma concentração de gente muito jovem e os pa- dres e a oopulação parecem ter a mesma linguagem.

Como são encarados os quatro pontos?

O menor: Fatos corriqueiros como espan- camento, morte, prisão de crianças efetua- das através de nossa policia, não saem con freqüência nos grandes jornais talvez por acharem-nos corriqueiros. Mas por parte da população existe uma mágoa e revolta muito grandes. Nesse caso o Centro é acio- nado, procurando usar de instrumentos le- gais como: abrir inquérito e acompanha- mento do caso, além da pressão popular. Em alguns casos isso tem surtido efeito jun- to as autoridades, evitando assim um novo caso. Um exemplo: Por volta de 81/82, um garoto foi amarrado pelo pescoço como se fosse um cachorro por um policial - Isso já envolve o uso da força, a violência

Posse ria IPI-a - Moram em nossa região cerca de 300 a 400 mil pessoas, sendo que 1/3 mora em favelas e isso a nivel numérico representa 100 a 150 mil pessoas e destas 80% moram na Favela de Santa Madalena - isso gira em torno da questão da posse da terra. O centro tenta proteger o direito do fa- velado ter um pedaço de terra para ter uma vida digna. Os bairros nessa região mudam e se transformam de 5 em 5 anos, e cada vez mais surge a migração dentro da própria ci- dade e, consequentemente, dentro da própria periferia, pois com os aumentos do aluguel, muitos não têm condições de pa- gar, então acabam mudando para os bairros mais distantes da própria periferia. Alguns movimentos já organizados através dos pró- prios moradores estão conscientes desse problema e tentam junto ao Centro solucio- nar essa questão.

Violência policiai: Pensavam que, com a mudança do governo, a questão da violên- cia policial fosse em parte solucionada. Se- gundo Fernando, no tempo de Maluf em- pregava-se muito a violência, pois era a for- ma de regime governar, mas com a entrada do governo democrático esse tipo de pro- blema não poderia acontecer como pessoas sendo mortas diariamente pela rota. Conti- nuam recebendo denúncias de invasão de barracos pela policia que entra de uma for- ma não muito ordeira, arrebentando o bar-

Há pouco tempo os policiais soldados Roque e Pezani mataram 4 meninos na Es- trada do Sapopemba. Mataram porque qui- zeram. O que o Centro de Defesa acha in- coerente por parte do governo "democráti- co" é continuar mantendo em atividade a Rota, permitindo pancadarias como tem ocorrido em Vila Soco, em Cubatão. mas o Centro conseguiu que esses soldados res- pondessem pelo que fizeram e hoje estão esperando o julgamento da Policia Militar.

Na realidade a campanha feita por alguns grupos que estão a favor da pena de morte, linchamento é jogar o povo contra o próprio povo. Fernando ainda comenta que diaria- mente 2 programas de rádio apregoam a pe- na de motte para trabalhadores. Isso é fa- cismo, pois Hitler conseguia passar uma mentira repetindo milhões de vezes que de- pois de tanto ser divulgada torna ares de verdade.

Para Fernando, violência é ver o povo pas- sando fome, e seria muito fácil acabar com a violência. Basta criar emprego, pagar um salário digno que este problema deixa de existir.

Na realidade se perguntarem para a po- pulação de quem ela tem mais medo, se é do bandido ou da policia, tranqüilamente as pessoas responderão que é da policia, pois ela está agindo não de forma a proteger o cidadão, como vemos em muitas sociedades desenvolvidas, mas ela está ai para manter o povo amorfo, pois a policia sustenta a ideologia do poder, então é go- vernar com violência.

Na realidade a população quer segurança e segurança é salário digno, luzes nas ruas, esgoto, emprego, isto sim significa segurança. Há alguns meses, para ilustrar, Fernando foi batizar uma criança que esta- va morrendo de fome, isso sim ele considera violência.

Questão do Trabalho. Tudo que envolva o problema dos trabalhadores. Nesse caso o Centro funciona no papel supletivo, encami- nhando alguns casos para sindicatos, parti- dos, mas sempre apoiando as lutas dos tra- balhadores, como problemas dentro da fá- brica, questão de desemprego, e do subem- prego. Exemplificou contando um caso em que mulheres e meninas estavam trabalhan- do, colocando barbantes no saquinho. Isso é um trabalho que demanda tempo e esfor- ço. Elas tinham que fechar 1000 saquinhos por Cr$ 120,00 e só receberam após duas se- manas. Tenta-se alertar para que esse pro- blema seja entendido e que estas pessoas estão desenvolvendo um trabalho que deve ser bem remunerado.

O Centro de Defesa de Direitos Huma-nos, além de funcionar com voluntários para to- dos esses quatro pontos, tem um gasto min- to grande, seja acompanhamento com ad- vogado, papéis, etc. Nesse caso, quando precisam de dinheiro, fazem quermesse, ba- zar, festas e é dessa forma que ele tem so- brevivido.

Vale ainda ressaltar que todo esse traba- lho não tem vida em vão. Hoje vemos nossa periferia consciente de que todos esse pro- blema só poderá ser solucionado quando um representante do povo, legitimamente eleito subir até o governo e mudar as estru- turas viciadas.

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JUNHO DE 1984 JORNAL DO BAIRRO 5

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HONDA, YAMAHA, AGRALE E MZ-SINSON, OS E SEUS LANÇAMENTOS DO ANO Arlindo C. Romero Filho

Nos últimos 2 meses e nos próximos 3 meses o mercado brasileiro de motocicle- ta, experimenta o crescimento jamais vis- to, porém muito esperado pelas empresas especializadas.

Isto se deve ao fato de todas as indús- trias estarem com lançamentos de "Topo de linha". Começando pela maior e mais tradicional, a Honda já com a XL125S e a XLX250R nas ruas. A primeira não traz nenhuma inovação técnica, que não fosse de nosso conhecimento, mas a sua Irmã mais velha apresenta novo desenvolvimen- to com modificações realizadas pelos téc- nicos japoneses.

O primeiro sistema RFVC (Radial Four Valve Combustion Chamber) câmara de combustão com válvulas radiais. Este sis- tema trouxe alguns cavalos a mais para a cansada XL. Teoricamente a idéia e bem mais simples. Coloca-se 4 válvulas no ci- lindro de maneira a ficarem diametralmen- te opostas com isso a câmera de combus- tão fica perfeitamente esférica, ou seja, de forma ideal para melhor aproveitamento da força dos gases. A simplicidade da teoria quando posta em prática cria pro- blemas muitas vezes de difícil solução, com isso, o cabeçote da XLX tem balan- sins. Por sua vez acionam válvulas e ba- lansins que acionam outros baiansins e estes as válvulas.

Em segundo lugar, graças ao RFVC pode-se colocar também dois carburado- res que tornam a moto mais "maleável" em qualquer rotação ou situação, porque em baixa só um carburador alimenta o motor e de média para alta funcionam os dois em conjunto.

RFVC mm mu um

ümmmmmt

Com relação a Yamaha qualquer coisa que seja dita antes do dia 12 de julho próximo é mera especulação, mas nos bastidores fala-se de uma RD 350 LC, para aqueles que gostam de ouvir "erredezona" acelerando fica realmente apaixonado por esta fera. Freios a disco duplo na roda dianteira e simples. Na traseira, suspen- são de um único amortecedor (mo- noshock), motor refrigerado a água, 55 cavalos de potência para um peso de apro- ximadamente 140 quilos, ecomo não bas- tasse, um visual ultra-moderno.

E finalmente a Honda e a Yamaha en- contraram concorrentes do mesmo nível financeiro e tecnológico: a Agrale e MZ- Sinson.

A primeira vem com uma 125 Trail com. fôlego para deixar para traz qualquer DT ou XL na mais assustadora trilha, nada menos do que as famosas Cagiva que sairá com suspensão trazelra, amortece- dor único (Soft Samp), freio a disco hi- dráulico na roda dianteira, motor refrigera- do a água, tanque tipo vulcão e banco subindo até o meio tanque, com todos estes predicados a mais forte concorrente nas provas de motocross disputadas por todo pais.

A MZ-8inson nos vem com uma 250 Estradeira que apesar de esteticamente estranha para os olhos do consumidor brasileiro, entretanto com a qualidade da mecânica alemã, isto pode ser notado em pequenos detalhes que visam a maior du- rabilidade do conjunto, por exemplo: cor- rente de transmissão completamente co- berta e protegida, .aletas de refrigeração bastante pronunciadas para evitar super aquecimento, sistema elétrico, de 12 volts.

Provavelmente quando você estiver len- do esta matéria alguma coisa diferente já terá acontecido, pois estamos às vésperas do 10 salão das duas rodas, que acontece- rá de 12 a 22 de Julho, no pavilhão da Bienal de São Paulo, fica dado a dica para quem gosta será o melhor programa do ano.

Arlindo C. Romero Filho instrutor, de mecânica de moto em duas escolas em São Paulo. Proprietário da C.R.M. Co. firma especializada na confecção e execu- ção de projetos especiais e pinturas para motos de rua ou competição.

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