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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2013 Caderno 2 C9 Dança Larbi Cherkaoui, estrela espantosa Após criar para companhias como a Ópera de Paris e Les Ballets de Monte Carlo, coreógrafo traz ‘Puz/zle’ ao País SIDI LARBI CHERKAOUI Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Ama- ro, 5693-4000. Hoje, 21h30; sáb., 20 h; dom., 18 h. R$ 20/R$ 170. Helena Katz ESPECIAL PARA O ESTADO Puz/zle reúne 11 bailarinos, 7 can- tores e um percussionista. Com- posta no ano passado por Sidi Larbi Cherkaoui, e dançada pela Eastman (www.east-man.be), companhia que criou em 2010, será apresentada apenas três ve- zes no Alfa a partir de hoje. Estrela disputada pelos pal- cos internacionais e ainda pou- co conhecido no Brasil, Sidi Lar- bi espanta pela produtividade. Para dar uma ideia da sua capaci- dade de fazer muitas e diferen- tes coisas, bastalistar o que reali- zou somente neste ano: a coreo- grafia da ópera Götterdämme- rung (em março), os quatro due- tos de 4D (também em março), uma releitura do Bolero, para a Óperade Paris (em maio), Milon- ga (no final de maio), e Gênesis (que vai estrear em novembro). Falando ao telefone enquan- to caminhava para um ensaio da companhia na cidade onde nas- ceu, Antuérpia, ele afirma ao Es- tado: “Sou obsessivo. Se me de- dicassea umúnico projeto, exigi- ria tanto de mim que sofreria o tempo todo. Diversificarme pro- tege, é o que me permite avançar no que me interessa usando as oportunidades que aparecem”. Em 2012, teve uma experiên- cia que se tornou muito poten- te: fez a coreografia (usando vá- rios bailarinos da sua compa- nhia) para Anna Karenina, filme de Joe Wright sobre a obra de 1874 de Tolstoi, que obteve qua- tro indicações para o Oscar. De lá para cá, anda bastante preocupado com a comunicabi- lidade da dança contemporâ- nea: “Depois da experiência com o cinema, está mais clara ainda a necessidade de tornar a dança mais acessível para todos. Não falo de uma dança ‘fácil’, mas de uma dança que consiga se conectar com as pessoas. Pre- cisamos aprender a nos benefi- ciar da possibilidade de estar em diferentes lugares ao mesmo tempo queo cinemapermite. Es- tou engatinhando ainda, mas vou seguir por aí, mantendo o contato com Joe”. Em suas obras, a preocupação com as tensões culturais está sempre presente. Mistura de fla- mengo e marroquino, vive no seu dia a dia a exigência de preci- sar traduzir as duas culturas pa- ra poder conectá-las. “Desde ce- do, aprendi a ficar entre, porque nasci cristão e muçulmano. Pre- cisei estudar filosofia para en- tender que não quero um mun- donoqualalguémmedizoqueé certo e errado e tampouco o que devo fazer”, afirma. Talvez por conta da sua histó- ria de vida tão particular, que in- cluihaver estudado na P.A.R.T.S, escola ligada a Anne Teresa de Keersmaeker, trabalhado com Alain Platel no Les Ballets C. de la B., a relação entre antepassa- dos, tradição, multiculturalis- mo, tolerância e presente tenha grande importância para ele. “Não é necessário ficar somente inventando. O passado está lota- do de obras maravilhosas que precisamcontinuaraserreinven- tadas por nós. Temos muito a aprender com os legados, preci- samos sobretudo aprender a não esquecer deles”, conta. Coreografou para compa- nhias do porte do Ballet du Grand Théâtre de Genève, Les Ballets de Monte Carlo, Cull- berg Ballet, Ópera de Paris. “Tu- do acontece de forma muito li- geira no trabalho com as outras companhias. Não há tempo sufi- ciente para que os bailarinos ab- sorvam o que é necessário por- que é preciso passar pelo pro- cesso de entender e fazer. A ve- locidade com que tudo deve acontecer é agora uma das prin- cipais questões que temos a en- frentar”, explica. A iniciativa para trazer Sidi Larbi Cherkaoui e a Eastman ao Brasil é do produtor João Carlos Couto, consultor da pro- gramação de dança do Teatro Alfa desde o seu começo, em 2003. “Este é um projeto que já tem dez anos. Foi o primeiro espetáculo dele que assisti, em Lille, em 2003. Você propõe anos a fio, mas, como os espetá- culos dele reúnem muitas agen- das, é sempre mais difícil acer- tar uma data possível. Para mim, ele conseguiu dar uma di- mensão universal a preocupa- ções que muitos tratam apenas parcialmente. É uma felicidade tão grande poder ajudar a apre- sentar alguém como Sidi aqui, que faz valer todos os sofrimen- tos que uma operação grande assim sempre traz.” Como nas outras produções deSidi,tambémem Puz/zle amú- sica tem importância central. Além do coro da Córsega de vo- zes masculinas, o La Filetta, e da cantora libanesa Fadia El-Hage, reúne também as composições deJean-ClaudeAcquaviva, Kazu- nari Abe e Olga Wojciechowska. KOEN BROOS/DIVULGAÇÃO É clara a necessidade de tornar a dança mais acessível para todos. Não falo de uma dança ‘fácil’, mas de uma que consiga se conectar com as pessoas” Eastman. Companhia foi criada em 2010

SIDI LARBI CHERKAOUI LarbiCherkaoui, estrelaespantosa · 2013. 10. 25. · 19/11 | TER. às 21h30min | Classifi cação Livre Classifi cação Livre Classifi cação Livre cação

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2013 Caderno 2 C9

Dança

Larbi Cherkaoui,estrela espantosaApós criar para companhias como a Ópera de Paris e LesBallets de Monte Carlo, coreógrafo traz ‘Puz/zle’ ao País

SIDI LARBI CHERKAOUITeatro Alfa. Rua Bento Brancode Andrade Filho, 722, Santo Ama-ro, 5693-4000. Hoje, 21h30; sáb.,20 h; dom., 18 h. R$ 20/R$ 170.

Helena KatzESPECIAL PARA O ESTADO

Puz/zle reúne 11 bailarinos, 7 can-tores e um percussionista.Com-posta no ano passado por SidiLarbi Cherkaoui, e dançada pelaEastman (www.east-man.be),companhia que criou em 2010,será apresentada apenas três ve-zes no Alfa a partir de hoje.

Estrela disputada pelos pal-cos internacionais e ainda pou-co conhecido no Brasil, Sidi Lar-

bi espanta pela produtividade.Para dar uma ideia da sua capaci-dade de fazer muitas e diferen-tescoisas, bastalistar oque reali-zou somente neste ano: a coreo-grafia da ópera Götterdämme-rung (em março), os quatro due-tos de 4D (também em março),uma releitura do Bolero, para aÓperadeParis(em maio),Milon-ga (no final de maio), e Gênesis(que vai estrear em novembro).

Falando ao telefone enquan-to caminhava para um ensaio da

companhia na cidade onde nas-ceu, Antuérpia, ele afirma ao Es-tado: “Sou obsessivo. Se me de-dicassea umúnico projeto,exigi-ria tanto de mim que sofreria otempotodo. Diversificarme pro-tege, é o que me permite avançarno que me interessa usando asoportunidades que aparecem”.

Em 2012, teve uma experiên-cia que se tornou muito poten-te: fez a coreografia (usando vá-rios bailarinos da sua compa-nhia) para Anna Karenina, filme

de Joe Wright sobre a obra de1874 de Tolstoi, que obteve qua-tro indicações para o Oscar.

De lá para cá, anda bastantepreocupado com a comunicabi-lidade da dança contemporâ-nea: “Depois da experiênciacom o cinema, está mais claraainda a necessidade de tornar adança mais acessível para todos.Não falo de uma dança ‘fácil’,mas de uma dança que consigase conectar com as pessoas. Pre-cisamos aprender a nos benefi-ciar da possibilidade de estar emdiferentes lugares ao mesmotempoqueo cinemapermite. Es-tou engatinhando ainda, masvou seguir por aí, mantendo ocontato com Joe”.

Em suas obras, a preocupaçãocom as tensões culturais estásempre presente. Mistura de fla-mengo e marroquino, vive noseu dia a dia a exigência de preci-sar traduzir as duas culturas pa-ra poder conectá-las. “Desde ce-do, aprendi a ficar entre, porquenasci cristão e muçulmano. Pre-cisei estudar filosofia para en-tender que não quero um mun-do no qual alguém me diz o que écerto e errado e tampouco o quedevo fazer”, afirma.

Talvez por conta da sua histó-ria de vida tão particular, que in-cluihaverestudadonaP.A.R.T.S,escola ligada a Anne Teresa deKeersmaeker, trabalhado comAlain Platel no Les Ballets C. dela B., a relação entre antepassa-dos, tradição, multiculturalis-mo, tolerância e presente tenhagrande importância para ele.“Não é necessário ficar somenteinventando. O passado está lota-

do de obras maravilhosas queprecisamcontinuaraserreinven-tadas por nós. Temos muito aaprender com os legados, preci-samos sobretudo aprender a nãoesquecer deles”, conta.

Coreografou para compa-nhias do porte do Ballet duGrand Théâtre de Genève, LesBallets de Monte Carlo, Cull-berg Ballet, Ópera de Paris. “Tu-do acontece de forma muito li-geira no trabalho com as outrascompanhias. Não há tempo sufi-ciente para que os bailarinos ab-sorvam o que é necessário por-que é preciso passar pelo pro-cesso de entender e fazer. A ve-locidade com que tudo deveacontecer é agora uma das prin-cipais questões que temos a en-frentar”, explica.

A iniciativa para trazer SidiLarbi Cherkaoui e a Eastmanao Brasil é do produtor JoãoCarlos Couto, consultor da pro-gramação de dança do TeatroAlfa desde o seu começo, em2003. “Este é um projeto que játem dez anos. Foi o primeiroespetáculo dele que assisti, em

Lille, em 2003. Você propõeanos a fio, mas, como os espetá-culos dele reúnem muitas agen-das, é sempre mais difícil acer-tar uma data possível. Paramim, ele conseguiu dar uma di-mensão universal a preocupa-ções que muitos tratam apenasparcialmente. É uma felicidadetão grande poder ajudar a apre-sentar alguém como Sidi aqui,que faz valer todos os sofrimen-tos que uma operação grandeassim sempre traz.”

Como nas outras produçõesdeSidi, tambémem Puz/zleamú-sica tem importância central.Além do coro da Córsega de vo-zes masculinas, o La Filetta, e dacantora libanesa Fadia El-Hage,reúne também as composiçõesdeJean-ClaudeAcquaviva,Kazu-nari Abe e Olga Wojciechowska.

KOEN BROOS/DIVULGAÇÃO

“É clara a necessidade detornar a dança maisacessível para todos. Nãofalo de uma dança ‘fácil’,mas de uma que consiga seconectar com as pessoas”

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