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- 117 - Simone Martini 1280?-1344 Simone Martini (Siena, 1284 Avinhão, 1344) foi um pintor italiano nascido em Siena e uma das maiores figuras do período denominado Trecento, tornando-se grande mestre da escola sienesa. Ele foi um dos mais originais e influentes artistas da escola de Siena, sua cidade natal. Baseando-se nas técnicas de representação tridimensional do espaço, desenvolvidas pelo mestre sienês Duccio di Buoninsegna, Simone adicionou uma refinada linha contornando as figuras, trazendo graça e serenidade à expressão. Maestá - Simone Martini (1312 1315) affresco (con applicazioni di metallo, vetro, foglia e altri materiali) su parete 763×970 cm -Palazzo Pubblico, Siena

Simone Martini - Pitoresco · influentes artistas da escola de Siena, sua cidade natal. ... Martini em Avinhão e dois de seus sonetos fazem referência a um retrato de Laura de Noves

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Simone Martini 1280?-1344

Simone Martini (Siena, 1284 — Avinhão, 1344) foi um pintor italiano nascido

em Siena e uma das maiores figuras do período denominado Trecento,

tornando-se grande mestre da escola sienesa. Ele foi um dos mais originais e

influentes artistas da escola de Siena, sua cidade natal.

Baseando-se nas técnicas de representação tridimensional do espaço,

desenvolvidas pelo mestre sienês Duccio di Buoninsegna, Simone adicionou

uma refinada linha contornando as figuras, trazendo graça e serenidade à

expressão.

Maestá - Simone Martini (1312 – 1315) affresco (con applicazioni di

metallo, vetro, foglia e altri materiali) su parete

763×970 cm -Palazzo Pubblico, Siena

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Pintou vários afrescos, introduzindo a técnica dessa pintura na escola de

Siena. Realizou também painéis para retábulos, como o da Madona com criança

(1320) Século XIV, para a Igreja de Santa Catarina de Pisa.

Viveu em Assis, durante um tempo, e lá realizou um de seus melhores

afrescos, ilustrando alguns momentos da Vida de São Martinho (detalhe

abaixo), para a capela do mesmo nome.

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Em 1330 (Século XIV), a pedido do papa Benedito XII, foi a Avinhão, onde

realizou os afrescos do palácio papal e da Catedral.

Entre suas obras, se destacam São João Batista, que hoje se encontra na

Galeria Nacional de Arte de Washington, e A Anunciação (imagem abaixo)

(1333). Este último quadro, que se acha na Galeria dos Uffizi, em Florença, é

considerado uma das melhores realizações da escola de Siena.

Sempre apareceu como uma grande figura no desenvolvimento da arte

italiana e influenciou grandemente aquilo que veio a se chamar gótico

internacional.

Acredita-se que Martini teria sido aluno de Duccio, o maior pintor de Siena

naquele tempo. Seu cunhado era o artista Lippo Memmi. Suas obras também

tiveram influência do escultor Giovanni Pisano.

Pouco se sabe sobre a vida de Martini, a não ser que ele morreu enquanto

estava a serviço da Corte de Avinhão, em 1344 (Século XIV).

Entre suas primeiras obras está a Maestà, de 1315, no Palazzo Pubblico de

Siena. Perpetuando a tradição de Siena, o estilo de Simoni contrasta com a

sobriedade e monumentalidade da arte de Florença e se caracteriza por linhas

sinuosas, líricas, decorativas e estilizadas, geralmente em um fundo dourado.

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A arte de Martini se deve muito às iluminuras francesas, que tinham sido

trazidas para Siena no Século XIV pela Via Francigena, uma rota de peregrinos

do norte da Europa para Roma.

Petrarca, o poeta toscano que inventou o soneto, se tornou amigo de Simone

Martini em Avinhão e dois de seus sonetos fazem referência a um retrato de

Laura de Noves (imagem abaixo) que Martini supostamente pintou para o

poeta.

Wikipedia, Encarta online (edição espanhola) e outras fontes.

Laura de Noves (1310-1348) era a esposa do conde Hugues de Sade

(ancestral do Marquês de Sade ), íntima do poeta humanista Francesco

Petrarca; Laura teve uma grande influência sobre a vida e letras de

Petrarca . A informação histórica sobre Laura é escassa.

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Abaixo, um dos painéis que conseguiu

sobreviver no conjunto de um políptico feito

por Martini para o altar-mór entre 1320 e

1325. Encontra-se hoje no Fitzwilliam

Museum, Cambridge, Mass, USA

- 122 –

Afresco com cenas da vida de São Martinho

de Tours , Capela na igreja inferior de São

Francisco em Assis – No detalhe está Santa

Maria Madalena – pintado entre 1322 e 1326

The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN

3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH.

- 123 –

Tadeo Gaddi

1300-1366 Taddeo Gaddi ( 1300? - 1366 ) foi um pintor italiano do século XIV,

pertencente a uma família de artistas.

Trabalhou uma boa parte de sua vida no ateliê de Giotto, onde ocupou um

lugar de destaque mas se, de um lado, essa convivência fez melhorar a cada dia

seu apuro técnico, trouxe também uma depreciação em sua avaliação como

artista. Não era “o mestre”, permanecendo, para sempre, “o discípulo”.

Taddeo Gaddi – Tríptico - 1334, Berlin, Gemäldegalerie

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Estudos realizados mais recentemente sobre seu trabalho melhoraram o

status, dando a devida importância à sua figura, como intérprete de seu tempo,

repleto de originalidade e com ideias que, inequivocamente, influíram sobre as

gerações seguintes.

Após a morte de Giotto, em 1337, Gaddi foi, durante décadas, o pintor mais

importante da escola florentina. Sua obra segue fielmente os princípios do

mestre, sobrepondo figuras naturalistas sobre paisagens de tons escuros.

1330 ca, Taddeo Gaddi, Dijon, France, Musée des Beaux-Arts

Fez também experiências com a representação de figuras humanas

individualizadas e com os efeitos da luz, tanto em seus retábulos como em seus

numerosos afrescos.

Dentre os afrescos, se encontra a série que ilustra a Vida da Virgem (1338-

circa, Capela Baroncelli da Santa Cruz, Florença); A última ceia e A árvore da

vida (ambos de 1340, executados no refeitório da Santa Cruz; e os afrescos da

Igreja de São Francisco, em Pisa.

Entre os retábulos, destacam-se A Virgem na glória (1355, Uffizi, Florença)

e Madona com criança e quatro santos (Museu Metropolitano de Arte, Nova

York).

Menos conhecido como arquiteto, ainda assim, pode-se contabilizar, entre

suas obras, a construção da ponte Vecchio, sobre o rio Arno, em Florença,

e a continuação da cúpula de Giotto, na Catedral florentina.

O próprio filho, Agnolo Gaddi, foi seu discípulo e, mais tarde, trabalhou em

Florença e Roma.

Wikipedia, Encarta em espanhol e outras fontes.

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Taddeo Gaddi. The Annunciation. circa 1340-45

- 126 –

Taddeo Gaddi – “Saint Julian” – 1340circa - Tempera on wood

Dimensions: Overall, with added strips, 54 x 36.2 cm; painted

surface 52.7 x 35.2 cm – Metropolitan Museum of Arte - NY

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Agnolo Gaddi (1333-1396)

Agnolo Gaddi (1350 - 1396) foi um pintor italiano do período denominado

Trecento, filho de outro pintor, Taddeo Gaddi e neto do primeiro artista da

família, Gaddo Gaddi. Começou seus estudos no ateliê de Giovanni da Milano

e Jacopo del Casentino.

Sua obra mais importante está representada pelos afrescos no coral da

Basílica da Santa Cruz, em Florença (detalhe abaixo), encomendados em

1380 por Jacopo degli Alberti. No mesmo templo, decorou a Capela Castellani

com episódios das vidas de Nicolau de Mira e Antão do Deserto junto com

Gherardo Starnina.

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Gaddi viveu em uma época de transição da arte italiana. Foi profundamente

influenciado por Giotto, mas pouco crédito foi dado ao seu trabalho. Foi somente

nos últimos anos, com a restauração de muitas de suas obras, que Gaddi

começou a ser revalorizado. Em sua oficina, estudaram Lorenzo Monaco e

Cennino Cennini.

Em 1392 (Século XIV), Agnolo Gaddi viajou até Prato para elaborar os

afrescos do Palazzo Datini (detalhe abaixo) com Niccolò di Pietro Gerini.

- 129 –

Tal como o pai, coube-lhe dar prosseguimento ao estilo pictórico de

Giotto, mas ele, mais que ninguém, soube fazê-lo com elegância e refinamento.

Sua paleta, de cores suaves e desmaiadas, influenciou artistas da geração

seguinte, como Lorenzo Monaco, e serviram de inspiração, séculos mais tarde,

aos pintores góticos.

Entre os trabalhos de Agnolo, podem-se citar os afrescos A História da

Virgem (Capela na Catedral de Prato, Itália, 1392-circa) e A história da Cruz

em 8 afrescos (Capela da Santa Cruz, 1374-circa) (veja abaixo o conjunto da

obra e, nas páginas seguintes, o detalhamento de cada um dos afrescos)

Muitos painéis dessa época, por seu estilo característico, são atribuídos a

Agnolo, sem que, entretanto, se tenha certeza quando à real identidade do autor.

Wikipedia e outras fontes

Racconto della Leggenda della Croce di Agnolo Gaddi

Fonte: http://www.santacrocefirenze.it/

- 130 –

Racconto della Leggenda della Croce di Agnolo Gaddi

(o afresco em 8 passos)

Fonte: http://www.santacrocefirenze.it/

Primo affresco

- 131 –

Scondo affresco: La Regina Elena in adorazione del legno

Terzo affresco: ritrovamento della Croce

- 132 –

Quarto affresco: riconoscimento della vera croce

Quinto affresco: Elena porta la croce in Gerusalemme

- 133 –

Sesto affresco: Cosroe, re dei Persiani, si impadronisce della croce

Settimo affresco: il sogno di Eraclio

- 134 –

Ottavo affresco: il Re Eraclio riconquista la croce ed entra in Gerusalemme

A hoje Basílica de Santa Cruz (em italiano Basilica di Santa Croce) é a

principal igreja franciscana em Florença, na Itália, e uma das principais basílicas

da Igreja Católica no mundo. Está situada na Piazza di Santa Croce, a lesta da

basílica de Santa Maria del Fiore.

Esse é o lugar onde estão enterrados alguns dos mais ilustres italianos, tais

como Michelângelo, Galileo Galilei, Maquiavel e Rossini, e assim é apelidada

de Panteão das Glórias Italianas.

A lenda diz que a igreja foi fundada pelo próprio São Francisco de Assis. A

atual igreja foi iniciada em 1294, possivelmente por Arnolfo di Cambio e foi

bancada por algumas das famílias mais ricas da cidade.

Foi consagrada em 1442 pelo papa Eugênio IV. Tem 16 capelas, muitas

delas decoradas com afrescos de Giotto e seus alunos e os monumentos

funerários. O campanário foi construído em 1842.

O Museo dell'Opera di Santa Croce está localizado basicamente no

refeitório, fora do claustro. (Wikipedia)

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A Basílica de Santa Cruz em Florença

Fotos: Wikimedia Commons

- 136 –

Túmulo de Michelangelo na Basílica de Santa Cruz

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Pietro Lorenzetti (1280-1348)

Ambrogio Lorenzetti (1290-1348)

Introdução

Pietro e Ambrogio Lorenzetti, irmãos, foram pintores da escola de Siena e

desenvolveram seu trabalho na primeira metade do Século XIV.

Estão entre os primeiros pintores que adotaram a qualidade dramática do

escultor toscano Giovanni Pisano (imagem abaixo), (c. 1250 — 1314), filho

do também escultor Nicola Pisano,. bem como a técnica naturalista do pintor

florentino Giotto, desafiando a estilizada tradição bizantina, desenvolvida por

Duccio di Buoninsegna.

Giovani Pisano – “The Crucifixion” (1265-1268)

Púlpito – Baixo relevo em mármore

- 138 -

O trabalho dos dois, e especialmente o de Ambrogio, assinala o alvorecer do

Renascimento, que ocorreria muito tempo depois, a partir do Século 15.

Pietro Lorenzetti - Andata al Calvario- Web Gallery of Art:

Ambrogio Lorenzetti. - La Madonna del Latte (detalhe)

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Pietro Lorenzetti (1280?-1348)

Pietro Lorenzetti (Siena, entre 1280 e 1285 — Siena, 1348) foi um pintor

italiano da escola sienesa. Ele trabalhou aproximadamente de 1306 até 1347.

Seu irmão foi o pintor Ambrogio Lorenzetti.

Dentre os dois irmãos, foi o que mais se apegou ao tradicionalismo. Sua

obra revela harmonia, refinamento e detalhe, mas peca pela falta de emoção

dramática.

Seu trabalho inclui um tríptico, Madona com criança e santos (imagem

abaixo) (1320, Santa Maria Della Pieve, Arezzo), bem como afrescos na Igreja

de São Francisco de Assis e sua pausada e tardia obra-prima, O nascimento

da Virgem (1342, Museu da Catedral, Siena).

Ambrogio Lorenzetti (1290-1348)

Ambrogio Lorenzetti (ou Ambruogio Laurati; c. 1290 - 9 de Junho, 1348) foi

um pintor italiano da Escola Sienesa. Ele trabalhou aproximadamente de 1317

até 1348. Seu irmão foi o pintor Pietro Lorenzetti.

Bem mais imaginativo e influente que seu irmão Pietro, com um estilo mais

realista, ficou conhecido por seus afrescos As alegorias do bom governo e As

alegorias do mau governo (1338-circa, Palazzo Pubblico, Siena).

Tornou-se notável, também por seus retratos de personagens da vida

contemporânea em Siena e arredores. Pintou ainda A apresentação ao templo

(1342, Uffizi, Florença) e A Anunciação (1344, Pinacoteca Nacional, Siena).

- 140 –

Seu trabalho mostra a influência de Simone Martini e Duccio, embora mais

naturalista que estes.

Os afrescos nas paredes do Salão dos Nove (Sala dei Nove) ou Salão da Paz

(Sala della Pace) no Palácio Público de Siena são obras-primas da pintura

secular pré-Renascimento. As paredes são pintadas com afrescos que

consistem de um grande grupo de figuras alegóricas da virtude na Allegoria do

Bom Governo. Nos dois outros painéis, Ambrogio dá uma visão panorâmica dos

Efeitos do Bom Governo na Cidade e no Campo, e a Alegoria do Mau

Governo e seus Efeitos na Cidade e no Campo. A obra é praticamente uma

enciclopédia sobre os incidentes de um pacífico burgo medieval.

Como seu irmão, ele provavelmente deve ter morrido de peste bubônica em

1348.

Encarta em espanhol, Wikipedia e outras fontes.

Ambrogio Lorenzetti – “Madonna” (Detalhe)

- 141 –

Ambrogio Lorenzetti - “Alegoria do bom governo”

(1338-40) Afresco, Palazzo Pubblico, - Siena, Italy.

Detalhe mostrando a figura da paz

- 142 –

Ambrogio Lorenzetti, “Madonna del Latte”, 1324-25,

Siena, Palazzo Arcivescovile

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Andrea Orcagna

(Andrea di Cioni) 1308?-1368?

Andrea di Cione di Arcangelo (1308 — 1368), mais conhecido como

Orcagna, foi um pintor, escultor e arquiteto florentino, filho de um fabricante de

joias. Foi aprendiz de Andrea Pisano e Giotto di Bondone.

Seus irmãos Jacopo di Cione, Matteo di Cione e Nardo di Cione também

foram artistas. (Abaixo, “São Pedro entronizado, entre São Paulo e os fiéis”,

uma obra de seu irmão Jacobo di Cione),

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Em 1943, ingressou na confraria de pintores florentinos e, em 1352, passou

a participar também da confraria de entalhadores.

Recebeu influências tanto do tradicional e solene estilo bizantino como do

novo naturalismo de Giotto e Andrea Pisano, tendo sido considerado o mestre

modelo de seu tempo.

Andrea Orcagna – “Pentecoste” - 1365-1370 circa

Galleria dell'Accademia, Giunti, Firenze

Frequentemente, colaborou com seus irmãos Nardo, Matteo e Jacopo no

desenvolvimento de obras assumidas por estes. Na contrapartida, quando

Andrea morreu, foi Jacopo di Cione que assumiu as obras de Andrea até sua

conclusão.

Entre as pinturas existentes de Andrea Orcagna há uma série de afrescos

pintados em torno de 1350, retratando O triunfo da morte, O Juízo Final e o

Inferno, para a Santa Cruz de Florença.

Há também outra obra, bem elaborada, O Redentor (1357) para o altar da

Capela Strozzi, em Santa Maria Nova, Florença. Neste trabalho, figuras

expressivas e monumentais se sobressaem atrevidamente do fundo dourado

bizantino.

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Andrea Orcagna - Detalhe de afresco na

Igreja de Santa Cruz (Florença) 1344-1345

Em 1355, Orcagna começou a trabalhar no famoso Tabernáculo de São

Miguel, Florença, criando uma bem elaborada estrutura decorada no estilo

gótico tardio, com um forte modelado e uma expressividade emocional que

antecipa o realismo e humanismo renascentistas.

De 1359 a 1362, dirigiu a construção da Catedral de Orvieto e realizou os

mosaicos para a fachada. De 1364 a 1367, dirigiu a construção da Catedral de

Florença.

Encarta online (edição espanhola), Wikipedia e outras fontes.

- 146 –

Tabernacle (detail)– 1359 - Marble on mosaic - Orsanmichele,

Florence – Fonte: Web Gallery of Art

- 147 –

Andrea Orcagna - A vida de São Mateus - c. 1367

Tempera sobre madeira, 291 x 265 cm

Galleria degli Uffizi, Florence

Fonte: Web Gallery of Art

- 148 –

Andrea Orcagna – “Tabernáculo” 1359 – Mármore em “lapis

lazuli”, ouro e incrustração em vidro - Orsanmichele, Florence

Fonte: Web Gallery of Art