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Janeiro Edição nº21 Distribuição a Nível Nacional com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente. Simulação aplicada ao ensino e investigação em saúde

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Simulação aplicada ao ensino e investigação em saúde

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Editorial2

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Vivemos uma época de pleno progres-so. Ano após ano, são vários os investi-mentos científicos e tecnológicos que pro-metem uma sociedade mais segura, pre-venida e saudável à medida que, nos paí-ses mais desenvolvidos, se antecipa um continuado alargar da esperança média de vida. Muito poucas serão, de resto, as áreas do saber que melhor proveito pode-rão retirar dos infinitos desenvolvimentos a que a sociedade moderna tem assistido do que a Medicina, especialmente se atentarmos a disciplinas como a Oncolo-gia.

É com efetiva felicidade que podemos constatar o modo como semelhantes pro-gressos da técnica e da tecnologia tam-bém se têm vindo a fazer sentir no nosso país. Assim sendo, e mediante uma con-juntura em que o alcance dos métodos au-xiliares de diagnóstico e a heterogeneida-de do leque de opções terapêuticas (ca-racterizadas pela sua natureza cada vez menos invasiva) constituem uma crescen-te realidade na boa prática médica nacio-nal, importa que se atente à premência de novos desafios que se farão sentir um pouco por todo o mapa da Saúde.

Da Medicina Dentária à Fisioterapia, sem esquecer, por exemplo, a Oftalmolo-gia ou a Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, multiplicam-se as vozes que, em declarações ao suplemento Perspetivas, reivindicam a importância de um elemen-to que jamais poderá ser preterido, não obstante o impacto e mais-valias dos

avanços tecnológicos e científicos que aci-ma se sublinharam: o fator humano e a necessidade de existir sempre uma genuí-na relação de empatia, diálogo e preocu-pação entre o médico e o paciente. Dito por outras palavras: comunicação, huma-nismo e gestão de expectativas.

Longe de corresponder a um tipo de comportamento necessário apenas no âmbito da Medicina Geral e Familiar, as virtudes desta filosofia – que converte a “ciência exata” dos profissionais do setor da Saúde numa ciência humana – estão mais do que documentadas. Da possibili-dade de estabelecer-se uma contextualiza-ção e diagnóstico mais nítidos do doente, à certeza de que o paciente colaborará de forma bem mais ativa na sua própria re-cuperação, sem esquecer ainda a maior satisfação que ambas as partes sentirão no final de todo o processo, o potencial de continuarmos a aposta numa Medicina de pessoas para pessoas afigura-se óbvio.

É com otimismo que podemos consta-tar o modo como estas práticas também são valorizadas pelos especialistas e pro-fissionais portugueses. Tanto assim é que são já bem conhecidos os desejos e esfor-ços, por parte da Ordem dos Médicos, para elevar a relação médico-doente a Pa-trimónio Cultural Imaterial da Humanida-de da UNESCO, assegurando que as prá-ticas exemplares de hoje – tais como aquelas que nestas páginas narramos – constituam um valioso exemplo para o amanhã.

Poderão passar décadas e séculos, mas o valor e peso social que atribuímos aos profissionais da Medicina permanecerão imutáveis – especialmente enquanto esta continuar a ser uma arte feita de pessoas para pessoas.

A importância da relação médico-paciente: ontem, hoje e sempre

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SaúdeSociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde 3

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O ensino e a investigação em saúde por via da simulação é hoje prática imprescindível em sistemas de saúde que pautem a sua atuação por elevados índices de qualidade, humanização e segurança. Em novembro de 2011, a Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde nasce com o intuito de contribuir para a definição, implementação e monitorização de estratégias nacionais de aplicação da simulação ao ensino das ciências da saúde.

Rede de simulação aplicada às Ciências da Saúde

Atuando como agente de promoção da ação, a SPSim reuniu os centros de simulação e o Colégio de Anestesiologia tendo sido definido um plano de forma-ção dos internos da especialidade a apli-car nos próximos anos.

Outras especialidades demonstram o mesmo interesse, como é o caso da Sociedade Portuguesa de Cuidados In-tensivos que enceta com a SPSim uma parceria no âmbito da formação dos médicos intensivistas; a par de outras áreas da saúde que, tradicionalmente, já incluem a simulação no seu proces-so de formação (enfermagem, por exemplo).

De modo a facilitar a partilha de ex-periências entre os vários centros, insti-tuições de saúde e entidades médicas e científicas, a atual direção da SPSim es-tá a investir no desenvolvimento do seu site para que este “sirva de âncora e ponto de disseminação das atividades dos centros e divulgação dos níveis de especialização, assim como da investi-gação científica em simulação que se produz em Portugal, nomeadamente de tecnologia na área da simulação com projeção mundial”.

Formação pós-graduadaPercebemos que a missão da SPSim

se centra na dinamização da formação, com o principal intuito de melhorar as práticas e a qualidade da saúde em Por-tugal, sempre com o foco na segurança do doente. Um método de ensino dire-cionado tanto para os estudantes das áreas da saúde, como internos, até aos

A Sociedade Portuguesa de Simula-ção Aplicada às Ciências da Saúde (SP-Sim) pauta a sua atividade pelo fomento de ações de formação com base na si-mulação médica, direcionada para pro-fissionais de vários quadrantes da saúde como a enfermagem, a medicina e as tecnologias da saúde.

Junto do seu presidente, o Dr. Miguel Castelo-Branco, percebemos que a si-mulação médica é um instrumento de formação e humanização que visa o treino dos profissionais de saúde para a utilização de técnicas e procedimentos, com o supremo objetivo de se alcançar maior proficiência e segurança nos atos.

Estes aspetos, cruciais ao desenvolvi-mento de um sistema de saúde de exce-

profissionais que prosseguem com a formação ao longo da vida.

Seguindo este último ponto, a SP-Sim “tem vindo a alertar as institui-ções de saúde para a importância da simulação nos contextos de formação pós-graduada”, realidade presente no panorama internacional. Nesse senti-do, esteve já reunida com o Ministério da Saúde, na figura do secretário de Estado Adjunto da Saúde, o Prof. Doutor Fernando Araújo, que “se mostrou recetivo a esta iniciativa e compreende a conveniência da utiliza-ção da simulação em contexto forma-tivo”. De momento, “a Sociedade está no terreno do mapa das instituições de saúde para, localmente, tentar dinami-zar e implementar novas ações de for-mação. Acreditamos que este é um mecanismo importante para o desen-volvimento das competências num contínuo caminho de melhoria dos cuidados de saúde”, complementa o presidente da SPSim.

Panorama Internacional

Seguindo as diretrizes emanadas pe-las grandes congéneres mundiais, a SP-Sim mantém uma estreita relação com a Sociedade Europeia de Simulação Apli-cada à Medicina, a Sociedade America-na de Simulação Clínica e a Sociedade Espanhola de Simulação. Com esta últi-ma está a estabelecer uma parceria que visa encetar uma abordagem junto dos países lusófonos e hispânicos. “Temos o objetivo de criar uma rede ibero-afro--americana de simulação”, manifesta o Dr. Miguel Castelo-Branco. Um projeto arrojado que envolve muitos países e realidades distintas, mas ainda assim concretizável. Angola, Moçambique e Cabo Verde já demonstraram o seu inte-resse em aceder a esta rede cujo méto-do de ação passará pelo intercâmbio de profissionais em processo formativo.

lência, levaram a SPSim a congregar a experiência e o grau de especialização dos diversos centros de simulação exis-tentes em Portugal – a maioria ligados a escolas de saúde –, numa rede de abran-gência nacional.

Tal trabalho tem captado a atenção de associações e profissionais. Podemos referir o Colégio de especialidade de Anestesiologia que está a implementar, como componente obrigatória do pro-grama de formação dos seus internos, ações de simulação. “A Anestesiologia é uma das especialidades médicas mais vanguardistas na utilização de tecnolo-gias inovadoras, aplicadas na formação a nível internacional, estando o Colégio português na mesma senda evolutiva”, enaltece o presidente da SPSim.

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Saúde Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde4

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Regina Rodrigues, diretora clínica do SESARAM, médica anestesiologista e presidente do conselho fiscal da Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências Médicas lança o convite para o Congresso da SPSIM no mês de setembro.

Madeira acolhe o Congresso SPSIM 2018

formação contínua, recorrendo à criação de cenários com recurso a simuladores de alta-fidelidade, semelhantes aos que os profissionais vivenciam no seu dia a dia, reproduzidos e adaptados às condições peculiares de cada local de atuação (dife-renciação dos profissionais, disponibilida-de, tempo) e favorecendo o uso de equi-pas multidisciplinares. São várias as espe-cialidades que usam com frequência o Centro de Simulação (anestesiologia, me-dicina interna, ginecologia-obstetrícia, cardiologia, pediatria, neonatologia, ci-rurgia geral, medicina intensiva, medicina geral e familiar, equipa de trauma, equipa de enfermagem, emergência e catástrofe e procedimentos mini-invasivos, pré-hos-pitalar) e progressivamente, outras vão aderindo a esta ferramenta de formação. Estamos convictos que no futuro a simula-ção integrará os currículos pedagógicos de todas as especialidades clinicas.

Atualmente, os Hospitais de Foucault (Foucault, 1963, “O Nascimento da Clíni-ca”) são verdadeiras organizações de Saúde com um papel fulcral na formação dos seus profissionais, onde o ensino em ciências da saúde e as instituições de saúde têm uma re-lação profunda e interdependente.

Pelo facto de o conhecimento ser um dos pilares fundamentais para o êxito das organizações de serviços de saúde, é es-sencial que as competências dos seus pro-fissionais estejam constantemente atuali-zadas, sendo necessário que se privilegie uma cultura aberta à inovação.

A mudança de paradigma do ensino tradicional para um ensino complementa-do pela Simulação permite que a forma-ção e treino de competências dos profis-sionais de saúde deixa de ser exclusiva-mente realizada no doente e tenderá a ser transferida para um ambiente controlado, realista, aferível e seguro. Afigura-se de especial importância como meio necessá-rio para garantir a qualidade da prestação em cuidados de saúde e baseia-se nas pe-dras basilares do Conhecimento (saber), Competência (saber como fazer), Desem-penho (ver fazer) e Ação (treino).

A inovação é trazer o recurso da simu-lação clínica para dentro do hospital... onde decorre diariamente a ação.

O Centro de Simulação Clínica da Madei-ra constitui a aposta mais recente do Servi-ço de Saúde da Região Autónoma da Ma-deira, SESARAM, E.P.E. na área da forma-ção, mantendo assim o desafio contínuo no treino, na educação, na formação e diferen-ciação dos seus profissionais.

Este Centro só foi possível, graças ao programa da União Europeia, Intervir +, cujo financiamento ajudou a concretizar este projeto inovador, moderno e neces-sário para continuar a garantir a Seguran-ça e a Qualidade da nossa prestação em cuidados de Saúde.

A referência pedagógica do Centro de Simulação Clínica da Madeira, como um forte elemento agregador e dinamizador do ensino biomédico da região em con-texto de formação pré e pós graduada e a experiência do Serviço de Saúde da Re-gião Autónoma da Madeira (SESARAM) na área da formação, não só no ensino da Medicina de Urgência e Emergência, Trauma e Situações de Exceção, contri-buíram certamente para a escolha da Ma-deira para o local do próximo congresso da Sociedade Portuguesa de Simulação, a 21 e 22 de setembro de 2018.

Agradecemos, desde já à Sociedade Portuguesa de Simulação, a escolha da Madeira, pois este é um evento que muito nos honra receber, pelo interesse e pela importância de que se reveste para um ar-quipélago como o nosso e abrimos o con-vite a todos os profissionais de saúde a es-tarem presentes neste encontro.

Pretendemos com este Centro apostar na formação contínua pré-graduada e pós- graduada dos nossos profissionais, lançar as bases para a realização de projetos de inves-tigação nas diferentes áreas, através da si-mulação médica, possibilitando o treino e ao mesmo tempo a avaliação das várias componentes teórica, técnica e comporta-mental, sem colocar em risco o paciente e sempre em ambiente controlado.

Indelevelmente a proximidade de um Centro de Simulação ao hospital e aos cen-tros de saúde, como é o caso do Centro de Simulação Clínica da Madeira, permite uma abordagem direta e clara das necessidades formativas, proporcionando a vivência efe-tiva da simulação in situ, com subsequente melhoria das competências técnicas e com-portamentais dos seus profissionais.

Esta proximidade favorece a aproxima-ção das várias especialidades ao Centro e ao uso da simulação nos seus planos de

Cinco razões para marcar presença no Congresso SPSIM 2018, na Madeira:• Um programa de congresso inspirador dirigido a profissionais de saúde, docentes, investigadores e estudantes com interesse

na simulação biomédica, envolvendo os agentes ativos nas políticas de educação e investigação;• Uma oportunidade de frequentar vários pré cursos e workshops de promoção da excelência no ensino e treino biomédico.

A formação de instrutores de simulação, a simulação em catástrofe e outros temas integram o programa;• Uma oportunidade de partilha de conhecimento e experiência entre os vários Centros de Simulação do país. A organização

dos Centros de Simulação portugueses em análise e debate;• Uma oportunidade de se inspirar num espaço histórico, o Colégio dos Jesuítas. Fundado por alvará do rei D. Sebastião, em

20 de agosto de 1569, o Colégio dos Jesuítas do Funchal marcou, ao longo dos séculos, a vida de toda a ilha da Madeira. Por mais de 400 anos teve vários inquilinos, desde invasores ingleses até à Universidade da Madeira, chegando a funcionar como instalação militar durante mais de um século. Contudo, sempre manteve uma estreita relação com o ensino;

• Uma oportunidade de visitar a ilha da Madeira. A Madeira foi eleita, pela terceira vez consecutiva, o melhor destino insular do mun-do pela nos World Travel Awards (WTA).

Este reconhecimento internacional e o facto de ser uma ilha fazem, da Madeira um dos melhores lugares para a realização de um evento desta natureza.

E é a melhor escolha, fundamentalmente, por duas razões: primeiro, porque os participantes neste encontro poderão verificar, “in loco”, todo o nosso património cultural e natural e desfrutar dele tanto quanto possível.

Segundo, porque perceberão, por outro lado, que esta insularidade que nos distingue é a mesma que nos isola e nos transfere desvantagens competitivas em relação às restantes cidades continentais, pelo que são de destacar iniciativas que, como esta, nos conferem a oportunidade de discutirmos em conjunto questões tão importantes para o futuro da nossa Região.

... e poderíamos continuar, mas o nosso melhor conselho é experimentá-lo por si mesmo! Programe já a sua presença no congresso!

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SaúdeSociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde 5

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Enquanto membro da Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde, a Prof. Doutora Amélia Ferreira aborda a relevância da simulação em contexto da formação médica, em especial da formação pré-graduada.

Relação da simulação com o ensino pré-graduado

dos seja apresentado um contexto de apren-dizagem real de situações menos frequentes, mas que são obrigatórias ser aprendidas e realizadas com competência. Em segundo lugar, a preocupação com a segurança e o conforto do doente deve ser assinalada co-mo alicerce fundamental, mormente em áreas mais críticas em que o respeito pela in-timidade de cada indivíduo tem que ser cum-prido (ginecologia-obstetrícia, coloproctolo-gia, urologia, entre outras). Outro aspeto re-levante centra-se na aprendizagem e prática da comunicação clínica, como o maior para-digma da relação médico-doente, hoje can-didata a Património Cultural Imaterial da Humanidade, com o apoio da Ordem dos Médicos. Esta relação deve, aos olhos da Prof. Doutora Amélia Ferreira “ser trabalha-da em contexto e cenários de simulação, porque há regras que têm que ser cumpridas no respeito do doente e no respeito do pro-fissional de saúde”. Transmitir uma má notí-cia aos familiares é algo que não deve ser aprendido unicamente em contexto real.

O contacto com a diversidade étnica ho-je presente na nossa sociedade, a diversi-dade sexual, o tratamento de situações de desigualdade de género ou homofobia de-ve ser abordado de forma muito clara e nunca deverá ser aprendido em contexto real de consulta. Os centros de simulação estão muito vocacionados para a aprendi-zagem destas e noutras matérias, que aca-bam por ter um resultado final na melho-ria dos indicadores de humanização dos cuidados de saúde. “A simulação biomédi-ca não substitui o doente, de modo algum, mas temos hoje a perfeita noção que a si-mulação pode aumentar o número de vi-das que é salvo pela maior competência que é dada aos profissionais de saúde”, as-sinala a nossa interlocutora. Durante mui-tos anos nos cursos de medicina, ao nível da pré-graduação, esta solução não se apresentava, dado se privilegiar a relação

A SPSim congrega um fórum de perso-nalidades que partilham a preocupação de utilizar a simulação enquanto instrumento para o ensino, aprendizagem e avaliação de procedimentos no âmbito das Ciências da Saúde. “É absolutamente fundamental considerar esta tríada por disponibilizar, de modo integrado e mensurável, um rele-vante conjunto de ferramentas no foro da formação dos profissionais de saúde, en-volvendo a aquisição de competências cognitivas, técnicas (no âmbito psicomo-tor) e competências não técnicas (comuni-cação, trabalho em equipa), que hoje são identificadas como das mais relevantes na relação médico-doente”, salienta a Prof. Doutora Amélia Ferreira.

A simulação é, há muitos anos, utilizada nas mais diferentes universidades e escolas de saúde, tendo alcançado um estatuto de instrumento fulcral para que as escolas pos-sam validar competências clínicas e não clí-nicas dos seus futuros profissionais de saú-de. Este universo de competências não é passível, hoje em dia, por motivos éticos e de formação específica, ser realizado unica-

com o doente; porém, na atualidade, é prática necessária, validada, perfeitamen-te aceitável e apoiada pela investigação na área.

Pese embora todas as vantagens, a Prof. Doutora Amélia Ferreira não foge à apresentação de problemas que se cen-tram no financiamento e na necessidade de aferição da qualidade que deve ser pon-to principal na avaliação dos diferentes centros de simulação. “A SPSim está preocupada com este facto. Penso que Portugal, neste momento, tem condições ideais para alcançar modelos de formação de simulação biomédica, dirigidos para a pré e para a pós graduação e que as dife-rentes sociedades médicas deverão estar ativamente envolvidas neste processo de formação com a SPSim no sentido de in-tegrar esta formação em contexto de si-mulação nos seus programas de formação especializada”.

Outra preocupação que se levanta cen-tra-se na formação dos formadores, que deve passar por certificação internacional, designadamente a europeia.

Numa era de rápidas mudanças e cons-tante atualização do conhecimento, a aprendizagem integral só pode ser conse-guida combinando o conhecimento cogni-tivo com a aprendizagem prática culmi-nando no treino situacional, numa aborda-gem adequada às novas referências de en-sino-aprendizagem na educação médica.

A transversalidade que a simulação bio-médica oferece, promove uma formação de excelência, transferindo as competên-cias adquiridas para a prática clínica, au-mentando a segurança do doente.

mente em contexto clínico. Este paradigma transporta-nos para a noção da clara rele-vância da simulação, realidade para a qual a SPSim tem erigido esforços no sentido acompanhar o desenvolvimento dos novos contextos na área da saúde, designadamen-te o “ensino interprofissional”. “Na área da saúde é crucial aprender a comunicar e a trabalhar em equipas o que em contexto real apresenta grande complexidade por moti-vos éticos e, fundamentalmente, porque os profissionais não podem expor os doentes (nem eles próprios) a aprendizagens que possam ter que decorrer da correção de er-ros, realça. Assim, a preocupação constante com a segurança e conforto do doente, as intervenções complexas, a identificação do erro, e os processos de melhoria têm o seu enquadramento ideal nos centros de simula-ção, em contexto de cenários criados para promover essa tríada de treino-aprendiza-gem-avaliação. Esta prática é feita nos dife-rentes níveis de formação nas ciências da saúde, mas hoje revela-se premente em contexto de pré-graduação. O aumento do número de estudantes, que impede que a to-

Mais-valias da formação com simulação:

– Aprender num ambiente educativo controlado;

– Adaptável a vários tipos de treino, níveis de ensino e especialidades

– Estímulo da aprendizagem através da experiência;

– Possibilidade de erro e correção com base no feedback gerado;

– Proporcionar experiências muito ativas e sistemáticas de aprendizagem;

– Formar para as competências não técnicas, dificilmente realizável noutros ambientes.

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Saúde Sociedade Portuguesa de Anestesiologia6

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A Anestesiologia portuguesa atingiu um patamar científico e técnico de excelência. Sendo uma especialidade âncora, transversal a praticamente toda a atividade médica hospitalar, a Anestesiologia enfrenta atualmente alguns desafios.

Nos últimos 40 anos, a descoberta de novos fármacos, a evolução tecnológi-ca, os novos equipamentos a par da ex-celência dos profissionais, permitiram grandes avanços para a segurança dos doentes.

As consequências das conquistas em segurança serão o aumento da demanda de anestesiologistas, pres-sões sobre as equipas, novas metas de segurança, e aumento do tipo de procedimentos que requere aneste-sia principalmente fora do bloco operatório.

Por outro lado, o aumento da sobrevi-da média da população implica mais cuidados de saúde incluindo de aneste-siologia. De acordo com vários indica-dores, na Europa, nos próximos 15 anos, haverá um aumento de cerca de 13% no número de intervenções cirúr-gicas.

Será um desafio para a próxima déca-da, conseguir aumentar a atividade anestesiológica sem comprometer a se-gurança.

Será difícil manter os standards atuais sem recrutar mais anestesiologistas pa-ra assegurarem a crescente atividade.

Perioperatória em Portugal e, em 2018, o grupo de trabalho que passará a sec-ção, está a elaborar recomendações so-bre Segurança em colaboração com a secção de Qualidade e Segurança da SPA e recomendações sobre Monitori-zação Perioperatória.

Ainda no âmbito da Medicina Perio-peratória, a SPA tem privilegiado a re-flexão sobre Patient Blood Manage-ment, importante questão de saúde pú-blica, em grupos multidisciplinares, cria-do grupos de consensos com outras sociedades científicas elaborando reco-mendações como as de Abordagem da Hemorragia Obstétrica.

Medicina da Dor

Outra das áreas da Anestesiologia é a Medicina da Dor Aguda e Crónica. Se nos lembrarmos que 70% dos doentes continuam a sofrer de dor aguda pós-ope-ratória moderada a intensa com grande impacto pessoal, social e económico, fa-cilmente compreendemos que é urgente alterar a situação.

Muito há a fazer na área da Medicina da Dor Pós Operatória. Em 2017, a Socie-dade Portuguesa de Anestesiologia orga-nizou várias atividades sobre o tema. Em janeiro dedicou o IV Pain School, em Coimbra, à Dor Aguda Pós Operatória, para que Anestesiologistas de várias re-giões do país debatessem e refletissem so-bre o tema. Em novembro, organizou em Leiria As Jornadas de Dor, nom âmbito das comemorações do Dia Mundial da Anestesiologia.

Já em 2016, no Congresso Anual, a SPA organizou uma sessão de Brain Storming com os responsáveis das Uni-dades de Dor Aguda Pós-Operatória e

Diretores de Serviço de Anestesiologia do país para sensibilizar todos para este tema.

Em 2018, serão apresentadas e publi-cadas recomendações da Sociedade so-bre o assunto com o objetivo de melho-rar o tratamento da Dor Pós-operatória em Portugal. “Estamos ainda a planear a realização de um estudo económico sobre Dor Pós operatória para realçan-do o impacto financeiro em associação com o aspeto humano conseguirmos sensibilizar todos os stakeholders”, refe-re a presidente da SPA, Dra. Rosário Orfão.

Medicina Intensiva e de Emergência

A SPA tem procurado proporcionar es-paços de formação e reflexão, este ano esta é uma das áreas privilegiadas no Congresso nacional. A secção de Medici-na Intensiva da SPA coordena o progra-ma.

Em março, indo ao encontro da pro-posta de alguns sócios, e para desenvol-ver atividade de forma regular na área do trauma, será criada a Secção de Trauma da SPA.

Na Medicina de Urgência e na Emer-gência Pré e Intra-Hospitalar, a integra-ção e liderança da Anestesiologia em equipas multidisciplinares e multiprofis-sionais é objeto de reconhecimento.

Na Medicina Intensiva, no apoio ao doente crítico, nos cuidados diferenciados no pós-operatório de doentes submetidos a cirurgia altamente diferenciada ou ainda de doentes vítimas de grande trauma, on-de diferentes saberes integradores e aqui-sição de múltiplas competências tornam a presença do anestesiologista indispensá-vel.

Medicina Perioperatória

A especialidade evoluiu acompanhando as reformas do sistema de saúde, o mode-lo de cuidados em clínicas perioperató-rias, convida o anestesiologista perito em Medicina Perioperatória a assumir um pa-pel de liderança, numa visão de conti-nuum de cuidados desde a avaliação pré--operatória até ao recobro e alta para o domicílio.

Como especialidade evoluiu de um foco estreito de alguém que adormecia e acor-dava um doente, assegurando também a sua sobrevivência, para uma perspetiva mais ampla de prestação de cuidados pe-rioperatórios.

Os anestesiologistas são o ator perfeito para conduzir a orquestra dos cuidados perioperatórios prestados aos doentes em segurança.

Desde o Internato, o anestesiologista deve ser treinado e educado neste concei-to, sendo preparado para assegurar todos os cuidados perioperatórios, incluindo a dor aguda do pós-operatório, integrando e liderando equipas com colegas das vá-rias especialidades cirúrgicas e médicas intervenientes.

Aos anestesiologistas o desafio para a próxima década passa por tomar decisões corretas para garantir a segurança e o melhor outcome possível para todos os doentes.

A SPA tem acompanhado esta evolu-ção da Anestesiologia: em 2016, foi criado o grupo de trabalho de Medicina Perioperatória e organizado o Congres-so da Figueira da Foz sobre o tema; em 2017, participaram na National Village do Congresso da Sociedade Europeia de Anestesiologia, dedicada ao tema apresentando os resultados de um in-quérito sobre a situação da Medicina

A Anestesiologia Portuguesa – SPA 2018

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SaúdeSociedade Portuguesa de Anestesiologia 7

Fev2018

A Sociedade Portuguesa de Anestesio-logia (SPA) vai realizar o seu Congresso Nacional, que decorrerá no Sana Lisboa Hotel nos dias 9 e 10 de março de 2018. Este é o momento anual mais importante de uma Sociedade Científica, espaço on-de são apresentados e discutidos temas de indiscutível interesse científico, local privi-legiado para a reflexão e o debate. É obje-tivo da SPA que o Congresso proporcione aprendizagem e partilha de saberes, cons-tituindo por isso mesmo um momento único para todos os participantes.

O tema central do Congresso “Anaeste-siology the heart of the hospital”. reflete to-da abrangência da Anestesiologia. Com competência em áreas clássicas como a Me-dicina do Per operatório, a Medicina Inten-siva e de Emergência e a Medicina da Dor, a Anestesiologia é uma especialidade cen-tral num hospital moderno. Não se confi-nando ao meio hospitalar, a competência da Anestesiologia extravasa as paredes hos-pitalares e afirma-se em outras áreas como a da emergência pré hospitalar.

Esta diversidade de atuação fazem da nos-sa uma especialidade única, para os que a escolheram e para aqueles que dela necessi-tam todos os dias. Recusamos, linearmente, que esta diversificação de competências possa ser colocada em causa.

nas diversas mesas e cursos pré congres-so. A seleção dos palestrantes e modera-dores nacionais foi feita pelo seu elevado reconhecimento científico e profissional. A todos eles o meu muito obrigado por te-rem aceitado o convite.

Sendo a Anestesiologia uma especiali-dade de mente aberta, foi desejo da Co-missão Científica abrir as portas do Con-gresso a outras áreas profissionais. É com prazer que vamos ter entre nós Ri-cardo Sá Fernandes, mediático advoga-do, polémico e homem de causas. O Dr. Sá Fernandes, para quem a advocacia é uma paixão, envolve-se com unhas e dentes em cada caso que aceita defen-der. Numa mesa dedicada ao Erro e Ne-gligência em Anestesia e Medicina In-tensiva, a par de Ricardo Sá Fernandes, vão participar também o professor dou-tor José Fragata, distinto cirurgião car-diotorácico e um dos melhores oradores portugueses da atualidade, e Luciane Pereira, prestigiada anestesiologista do CHUC.

Será também um privilégio ter como moderador desta mesa o conhecido jorna-lista, Pedro Pinto. Editor e apresentador do Jornal Nacional da TVI, o Dr. Pedro Pinto é licenciado em comunicação e mar-keting pela Universidade de Charlotte na Carolina do Norte, professor na Universi-dade Autónoma de Lisboa desde 1997, escritor e mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional, investigador do Observare e doutorando em Relações Internacionais.

Este é apenas um exemplo das interes-santes e diversificadas mesas redondas e simpósios satélites que o Congresso tem para vos oferecer.

Em simultâneo ao Congresso, vai ter lu-gar o VIII Encontro de Anestesia Pediátri-ca, organizado pela Secção de Anestesia Pediátrica da SPA. Com um programa ex-

tremamente interessante e aliciante, onde não faltam oradores internacionais, este encontro vai decorrer nas instalações do Sana Lisboa Hotel, no dia 10 de março de 2018. Convido assim todos os interessa-dos a participar naquela que é uma opor-tunidade única de atualização, numa área tão particular, sensível e delicada como é a anestesia em Pediatria.

O objetivo major de um Congresso Na-cional deve ser a transmissão pessoal e atualização do saber. Assim, com o fim de incentivar a troca de conhecimentos técni-co-científicos entre pares, e dessa forma melhorar as suas capacidades de desem-penho profissional, foram agendados vá-rios cursos hands-on, que pretendem ir ao encontro das pretensões formativas.

Pretendemos também que o Congres-so, a par da formação científica, permita um alegre convívio e contribua para o es-treitamento de relacionamentos pessoais, nomeadamente com os nossos convida-dos internacionais.

A apresentação de trabalhos sob a forma de comunicações orais e posters, não foi descurada. Acreditamos que partilhar co-nhecimento e experiência é uma obrigação, por isso esperamos o vosso contributo.

Agradecemos a todos os nossos patroci-nadores o apoio indispensável para a con-cretização deste evento científico e à Sky-ros, o nosso parceiro organizativo.

Em nome da Comissão Organizadora convido-vos a fazerem a vossa inscrição, prepararem a viagem e enviarem os vos-sos melhores trabalhos para este Congres-so, o mais importante evento científico da SPA e da Anestesiologia portuguesa.

São inúmeras as razões para não faltarem ao vosso Congresso de 2018. Desde logo o leque de palestrantes estrangeiros de eleva-díssima qualidade onde figuram, entre ou-tros, Hilary P. Grocott, professor da Univer-sidade de Manitoba e da Universidade de Duke na Carolina do Norte, com áreas de pesquisa e investigação centradas no estudo das lesões cerebrais resultantes da cirurgia cardíaca, Mervyn Singer, professor no Uni-versity College em Londres, com áreas de pesquisa e investigação centradas na sépsis, falência multiorgânica, e monitorização he-modinâmica. Autor de centenas de artigos e de vários livros didácticos, como o Oxford Textbook of Critical Care, Mervyn Singer é o responsável pelo desenvolvimento e intro-dução do Doppler Esofágico Contínuo na monitorização per operatória. Os nomes de Federico Billota, professor na Universidade de Roma “La Sapienza” e na faculdade de Medicina Albert Einstein em Nova Iorque, de Andreas Hoeft, professor da Clínica Uni-versitária da Universidade de Bona ou ainda de Daniela Filipescu, professora catedrática da Universidade de Medicina “Carol Davila” de Bucareste figuram entre os mais de quin-ze convidados estrangeiros que vamos ter o prazer de ter entre nós.

Seguindo uma política de aproximação e estreitamento dos laços de amizade e coo-peração entre a SPA e a Sociedade Brasilei-ra de Anestesiologia (SBA), são também nossos convidados três colegas da SBA: o seu presidente, Sérgio Luiz do Logar Mat-tos, Márcio de Pinho Martins, chefe do Ser-viço de Anestesiologia do Hospital Central da Polícia Militar do Estado do Rio de Janei-ro e Guilherme Barros, professor adjunto de Dor e Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo.

A força motriz do nosso Congresso são os participantes e oradores nacionais. Te-remos mais de setenta colegas envolvidas

No âmbito do Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, o Dr. Pais Martins lança o convite a todos os profissionais interessados em marcar presença neste espaço de discussão médico-científica.

“Anaestesiology the heart of the hospital”

Cursos pré congresso:• Curso de Curso de Monitorização

Ecocardiográfica Transesofágica Intra-operatória – Lisboa, 8 de março

• Curso de Simulação de Transporte do Doente Crítico – Coimbra, 8 de março

• Curso de Via Aérea Difícil – Porto, 2 de março

• Curso de Fibroscopia – Porto, 3 de março

• Curso de Introdução à Anestesiologia para Internos do 1º ano – Lisboa, 8 de março

• Curso de Introdução à Anestesiologia para Internos do Ano Comum – Lisboa, 8 de março

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Saúde Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence8

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A apresentação do livro, em Portugal, teve lugar no salão nobre da secção re-gional do Norte da Ordem dos Médicos no dia 2 de fevereiro, às 19 horas. A sessão foi presidida pelo Senhor Basto-nário da Ordem dos Médicos, o Dr. Mi-guel Guimarães e a apresentação foi realizada pelo Presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatolo-gia (SPOT), o Prof. Doutor Fernando Fonseca. João Espregueira-Mendes, o editor principal do livro, fez os agrade-cimentos a toda a equipa. Na mesa pre-sidiu também, o Prof. Doutor Carlos Mota Cardoso em representação do Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

promove a publicação de trabalhos cientí-ficos ao disponibilizar pessoas e recursos que ajudam a ultrapassar limitações de tempo, desafios da redação técnico-cien-tífica, edição e incentiva a formação de jo-vens que pretendam iniciar uma carreira científica. Assim, a DHRC apoiada pela Academia Clínica do Dragão, Espreguei-ra-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, investe recursos na investigação científica e formação médica contínua – aliás uma prioridade também da Ordem dos Médicos, referi-da pelo Dr. Miguel Guimarães, o seu Bastonário: “ ..a Ordem dos Médicos está neste momento interessada em ter, de facto, mais formação médica contí-nua, associar-se às sociedades científi-cas e associar-se aquilo que são os cen-tros de formação médica e o Professor João Espregueira-Mendes tem um exce-

lente centro de formação médica…”. De facto, as atividades da DHRC através da Academia Clínica do Dragão, uma plata-forma física e virtual de ensino das dife-rentes valências da medicina e reabilita-ção dedicadas ao desporto e à atividade fí-sica, tem vindo a servir este desígnio. No-te-se que a V edição das Jornadas Saúde Atlântica, que ocorrerá nos dias 30 de no-vembro e 1 de dezembro de 2018, já tem o programa científico – ver em www.aca-demiaclinicadragao.com – definido e de-dicado a temas da maior importância e grande impacto na saúde pública – Reabi-litação Desportiva, Atividade Física & Nu-trição. O programa da V edição procura também contribuir para o Plano Nacional de Saúde convergindo com Programas Nacionais, como é o caso da Promoção da Atividade Física e da Alimentação Sau-dável. Adicionalmente, a Academia Clíni-ca do Dragão também oferece o curso Avançado de Reabilitação Desportiva, com aulas à distância e formação clínica prática na Clínica do Dragão, Espreguei-ra-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence.

O Prof. Doutor Fernando Fonseca, Presidente da SPOT, sublinhou a impor-tância do livro, referindo que vai além

A apresentação do livro foi acompa-nhada por várias dezenas de ilustres con-vidados, entre os quais muitos autores Portugueses que contribuíram brilhante-mente para a afirmação contínua da Es-cola de Ortopedia e Traumatologia, Medi-cina e Reabilitação Desportiva e da Medi-cina em geral do Porto e de Portugal.

Este livro resulta do trabalho da equipa da Dom Henrique Research Centre (DH-RC), criada no Porto em 2015, em ho-menagem ao seu homónimo, Infante Dom Henrique (nascido no Porto, a 4 de março de 1394). A DHRC é uma associa-ção sem fins lucrativos que reúne e apoia investigadores portugueses na área da in-vestigação científica e educação médica,

Publicada a “Bíblia” das lesões do Futebol

Injuries and Health Problems in Football. What Everyone Should Know – é o título do livro de Medicina do Futebol coordenado pelo Prof. Doutor João Espregueira-Mendes – Diretor Clínico da Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence. A obra está publicada pela Springer Nature, a mais credenciada editora de medicina do mundo, tendo sido já considerada pela FIFA como a - Bíblia da Medicina do Futebol. Este livro conta com contribuições de 153 especialistas de renome mundial em cooperação com a Sociedade Mundial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Ortopédica Desportiva (ISAKOS). O livro será traduzido em português, russo e chinês.

O Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr Miguel Guimarães, Prof. Doutor Espregueira Men-des, editor principal do livro e Diretor da Clínica do Dragão Espregueira-Mendes Sports Cen-tre, FIFA Medical Centre of Excellence e Prof. Doutor Fernando Fonseca, Presidente da Socie-dade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

O Prof. Doutor Carlos Mota Cardoso e Prof. Doutor Espregueira-Mendes

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SaúdeClínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence 9

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siasmo a apresentação do décimo livro, referiu que o ato repetir-se-á muitas ve-zes para assinalar a conclusão de outras obras no âmbito da produção e publica-ção científica em desenvolvimento na DHRC com o apoio de parceiros como o grupo de investigação 3B’s, a Escola de Medicina e a Escola de Engenharia da Universidade do Minho, a Faculdade de Medicina e o INEGI da Universidade do Porto, a Porto Business School e muitos outros que se relacionam e tra-balham em conjunto com as equipas da DRHC e da Clínica do Dragão, Espre-gueira Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence.

Sobre a Clínica do Dragão – Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence – Estádio do Dragão

A Clínica Espregueira Mendes nasceu em 1986 e resulta do trabalho de três gerações de ortopedistas que desde 1926 e, ao longo dos anos, procuraram um objetivo em comum: servir os doen-tes. O nosso objetivo é proporcionar um espaço de saúde dirigido ao Sistema Locomotor, onde é possível realizar consultas, exames auxiliares e trata-mentos médicos. Para isso, reúne um grupo de médicos, enfermeiros e técni-cos de excelente formação, reputação e experiência. Disponibilizamos consultas de Ortopedia e Traumatologia, Trauma-tologia Desportiva, Fisiatria, Reumato-logia, Podologia, Fisioterapia, Avalia-

da medicina do futebol “…este livro uti-liza o futebol, porque é aquele que tem maior expansão, que tem maior relevo e maior, digamos, conhecimento, mas, utiliza esse livro transmitindo os conhe-cimentos da área da traumatologia des-portiva.” O livro oferece uma visão abrangente do conhecimento atual so-bre os problemas de saúde e lesões as-sociadas com o futebol e o seu trata-mento. Depois de uma secção de aber-tura sobre aspetos técnicos e princípios fundamentais, são abordadas todas as áreas de Traumatologia do futebol. In-clui músculo, tendão, as lesões por stress dos membros inferiores e outras lesões do tornozelo e pé, joelho, anca, coluna e cabeça, e membros superiores.

Uma secção individual também é dedi-cada a condições cardíacas e outras com importante impacto de saúde que podem ser encontradas em jogadores de todas as idades e níveis de competição. Adicional-mente, o Presidente da SPOT referiu ficar orgulhoso com o facto do livro apresenta-do reunir muitos autores portugueses e constituir um legado para o futuro “…e o que nós vemos claramente é que este livro tem muitos nomes portugueses, uma imensa maioria de nomes portugueses, is-so deixa-nos extremamente orgulho-sos…”. Assim mesmo, servirá como uma referência incontornável para todos os agentes de saúde e do desporto ligados ao futebol.

Por sua vez, o Prof. Doutor Espre-gueira-Mendes, editor principal do livro, discursou sobre a evolução da Medicina

ção Médico-Desportiva, Provas de Es-forço Cardio-Pulmonares, Enfermagem e muitas outras.

O exercício físico é importante na saúde e no bem-estar, por isso, a clínica dedica especial atenção à Medicina Des-portiva (Dr. João Pedro Araújo – Al Ja-zira; Dr. Nuno Loureiro – Paços de Fer-reira), tendo o privilégio de apoiar, en-tre muitos outros, os atletas amadores e profissionais do grupo Futebol Clube do Porto. Pretende ser uma clínica acessí-vel e aberta a todos, apoiada em segu-ros e subsistemas.

A Clínica do Dragão, localizada no Estádio do Dragão, é um projeto de saú-de dirigido pelo Prof. Doutor Espreguei-ra-Mendes. O objetivo é proporcionar uma resposta global de saúde para toda a família, onde é possível realizar con-sultas, exames auxiliares e tratamentos médicos em ambulatório. Para isso, a clínica reúne um grupo de médicos, en-fermeiros e técnicos de excelente for-mação, reputação e experiência. Exis-tem diversas especialidades: Traumato-logia Desportiva, Ortopedia, Fisiotera-pia com várias piscinas, Check-ups, Radiologia, Análises Clínicas, Endosco-pias Digestivas, Avaliação Médico-Des-portiva, Avaliação Saúde Atlântica Car-dio-Vascular, Saúde Oral, Saúde Mater-no-Infantil, Medicina do Trabalho, Tra-tamento da Obesidade e Diagnóstico Oncológico Precoce, entre outras. Tem uma vocação especial para a Traumato-logia Desportiva recebendo atletas de todo o Mundo para cirurgias.

Desportiva, sobre a equipa da DHRC e os seus propósitos, sublinhou a impor-tância determinante dos parceiros e a necessidade de apoiar a produção e dis-seminação científica como veículo para a credibilização internacional e tradução da reconhecida e elevada qualidade dos padrões de práticas clínicas da Medici-na, da Fisioterapia e Enfermagem Por-tuguesas. Acrescentou e agradeceu o apoio de todos os autores, com particu-lar ênfase para os Portugueses, que têm vindo a contribuir para que a as obras sejam uma referência em todo o mun-do. Muito grato à secção regional do Norte da Ordem dos Médicos por ter re-cebido incondicionalmente e com entu-

A Equipa da Dom Henrique Research Centre e da Clínica do Dragão Espregueira-Mendes Sports Centre, FIFA Medical Centre of Excellence

O Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr Miguel Guimarães na sua intervenção.

A obra

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Saúde Centro de Urologia de Coimbra10

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Visitámos este espaço de saúde onde os urologistas Belmiro Parada, Pedro Nunes e Pedro Simões desenvolvem uma prática clínica que aposta na per-sonalização e na diferenciação. Consi-derando que o trabalho individual não se coaduna com as exigências da medi-cina moderna, encetaram um projeto próprio no foro da medicina privada, apadrinhado pelo Prof. Doutor Alfredo Mota, reconhecido urologista de Coim-bra.

O Centro de Urologia de Coimbra (CUC) nasce assim para dar resposta a uma lacuna “na abordagem do doente com problemas urológicos”, oferecen-do a assistência, o tratamento e o acompanhamento mais personaliza-do, dirigido sempre pelo mesmo espe-cialista – “realidade por vezes impossí-vel de garantir em grandes instituições de saúde”.

sensíveis, e a adoção de estratégias tera-pêuticas minimante invasivas, com perío-dos de internamento curtos, a prática de um estilo de vida saudável é o primeiro passo para prevenir patologias como a li-

tíase, as disfunções sexuais, e até alguns problemas oncológicos – sabemos que al-guns comportamentos, como o tabagis-mo, estão, claramente, envolvidos em múltiplas neoplasias, como a da bexiga.

A relação médico-doente desenvolve--se segundo uma filosofia onde impera a relação de confiança, a par do tempo para ouvir, informar e tratar. As consul-tas com marcação prévia permitem que os doentes sejam atendidos com toda a atenção e privacidade, estando, porém, diariamente disponíveis vagas para con-sulta de situações urgentes. A garantia de assistência permanente tranquiliza os doentes que encontram neste espaço a abertura e a disponibilidade para res-ponder a cada caso.

Apesar de vivermos numa sociedade mais informada e consciente dos benefí-cios de uma ação preventiva no campo da saúde, o Prof. Doutor Belmiro Parada alerta que “a consulta não deve ter como objetivo único tratar, mas deve servir para informar, prevenir e realizar diagnósticos precoces”. Pese embora a instituição de medidas de diagnóstico cada vez mais

O Centro de Urologia de Coimbra desenvolve, desde 2006, um forte trabalho de sensibilização, diagnóstico e tratamento das patologias do trato urológico.

A medicina tem como base a relação entre médico e paciente

FilosofiaA Medicina revela hoje a pertinência de algumas componentes que se consubstan-

ciam na missão e na prática clínica desenvolvida no Centro de Urologia de Coimbra. - Falamos em primeiro lugar da componente humana – o doente é parte ativa na

tomada de decisões, tendo sempre lugar a explicação devida das circunstâncias; o doente é tratado de forma respeitosa, com acesso a todas as condições logísticas co-mo o tempo e espaços dignos.

- Em segundo lugar encontra-se a componente técnico-científica – sendo impossí-vel para um profissional abranger de uma forma profunda todas as áreas da especia-lidade, o trabalho em equipa revela-se um meio mais facilitado para responder de forma adequada a todas as questões que se apresentam: a tomada de decisões é par-tilhada e a minimização dos erros é evidente.

- Em último lugar, a componente formativa revela-se uma mais-valia através da partilha com profissionais mais jovens, “tradicionalmente irriquietos, cuirosos, que querem enfrentar desafios”.

“A relação médico-doente desenvolve-se segundo uma filosofia onde impera a relação de confiança, a par do tempo para ouvir, informar e tratar com o recurso a tecnologias e tratamentos avançados”

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SaúdeCentro de Urologia de Coimbra 11

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áreas de interesse, enriquecendo de for-ma consistente o projeto e a resposta diferenciada apresentada aos pacientes. “É sempre vantajoso poder partilhar dú-vidas, poder esclarecer alguma situação que, eventualmente, possamos não es-tar a compreender e isso é uma mais--valia para nós e para o doente”, refor-ça o Dr. Pedro Simões.

Esta dinâmica de entreajuda revela-se também na relação com colegas mais jovens que encontram no Centro de Urologia de Coimbra abertura para a formação em contexto clínico. “É nosso intuito estimular a aprendizagem da Urologia. Temos sempre colegas mais novos a trabalhar connosco em contex-to de formação”, expõe o Prof. Doutor Belmiro Parada. Opinião partilhada pe-lo Dr. Pedro Simões: “A competividade é muito grande nos jovens em forma-ção, que manifestam a ambição de que-rer mais e saber mais, algo que nem sempre conseguem obter em ambiente hospitalar e encontram aqui uma com-plementariedade que é útil para a sua formação”.

Desde a sua génese, o Centro de Uro-logia de Coimbra trabalha de forma au-

“O cancro da próstata que antigamente era diagnosticado em fases tardias e apre-sentava, quase sempre um prognóstico sombrio, hoje em dia se for diagnosticado precocemente, pode ser tratado com ele-vadas taxas de sucesso”, adianta o Dr. Pe-dro Nunes. “No caso do tumor do testícu-lo, tumor sólido mais frequente no ho-mem jovem, se for diagnosticado numa fase precoce a cura é de 100%”, conti-nua.

O trabalho em equipa e o relaciona-mento de proximidade que os três pro-fissionais mantêm, permite-lhes desen-volver as suas carreiras dentro das suas

tónoma, mas em parceria com a Casa de Saúde de Santa Filomena (Grupo Sanfil), permitindo aos seus profissio-nais ter acesso a um vasto leque de ofer-ta de serviços. “É a aliança entre as van-tagens de uma unidade de pequena di-mensão, em que os doentes nos conhe-cem, sabem por quem vão ser atendidos, e as vantagens de estarmos associados a uma instituição de saúde detentora de equipamentos e instalações de ponta”, assinala o Dr. Pedro Simões.

Este projeto começou com a valência de consulta, mas paulatinamente mani-festou-se premente a necessidade de ex-pansão dos serviços. A Medicina Uroló-gica tem revelado uma forte evolução, a qual o CUC tem acompanhado e dado resposta. Falamos de um centro que abrange todo o leque de patologias e de ofertas urológicas, passando pela pre-venção, diagnóstico, tratamento e se-guimento, com recurso às tecnologias mais atuais. O contacto com especialis-tas diferenciados em várias áreas supor-ta esta resposta assertiva a todas as si-tuações, sejam elas do foro pediátrico ou adulto, de rastreio, diagnóstico ou tratamento.

Acompanhamento ao longo da vida- Durante a gravidez algumas das malformações mais frequentes que se verificam

no feto são do foro genito-urinário. As dilatações do rim, por exemplo, necessitam de uma opinião urológica logo após o nascimento da criança.

- Devemos incutir desde cedo nos jovens a importância de realizar a palpação tes-ticular com regularidade, como forma de detetar precocemente o cancro do testícu-lo. O tumor sólido mais frequente em adolescentes e jovens adultos até aos 30 anos.

- Os homens, a partir dos 40-50 anos, devem fazer precocemente exames de diag-nóstico como o toque retal e o doseamento do antígenio específico da próstata (PSA).

- Perante sintomas como perda de urina, jato fraco, vontade de urinar mais fre-quente, urina com sangue, dor no fundo das costas na zona dos rins, alteração dos genitais, entre outros, contacte um urologista ou o seu médico de família.

Avenida Emídio Navarro, N.º8 • 3000-150 Coimbra T. 239 091 051 • E. [email protected]

“O contacto com especialistas diferenciados em várias áreas suporta esta resposta assertiva a todas as situações, sejam elas do foro pediátrico ou adulto, de rastreio, diagnóstico ou tratamento”

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Saúde Instituto de Terapia Focal da Próstata12

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A próstata é uma glândula que integra o sistema urinário e sexual masculino. Si-tua-se imediatamente após a saída da be-xiga, envolvendo a uretra. A sua principal função passa pela produção de substân-cias que mantêm os espermatozóides viá-veis para o processo de fecundação.

Segundo o urologista Sanches Maga-lhães, é conveniente que, em indivíduos que não apresentem sintomatologia, a despista-gem de doenças que afetam a próstata se inicie a partir dos 50 anos. No entanto, há nichos da população com maior propensão para o desenvolvimento de patologias pros-táticas, nomeadamente, indivíduos de raça negra ou com antecedentes familiares dire-tos. A esses recomenda-se uma ação pre-ventiva logo a partir dos 40 anos.

Alerte-se, porém, que a atenção a sinais de funcionamento anormal da bexiga é o primei-ro passo para a deteção precoce. Perante a presença de sintomas como dor, dificuldade em urinar, jato de urina mais fraco, sangue na urina, entre outros, o doente deve procurar o seu médico de família ou um especialista em Urologia, com vista a controlar de forma efi-ciente a patologia existente.

Em ambiente de consultório, o toque retal – exame físico presente na rotina de uma consulta de Urologia – revela-se uma das mais comuns técnicas de prevenção. Este é feito numa primeira abordagem, especialmente, se existirem os referidos sintomas urinários, e permite ao especia-lista ter a perceção do volume prostático, verificar a existência de nódulos na prós-tata, que indiciam uma maior probabilida-de de cancro, fornecendo ainda informa-ções sobre o resto da ampola retal.

O teste ao Antigénio Específico da Próstata (PSA), substância doseada ao ní-vel do sangue, serve como patamar se-guinte, dentro das técnicas de rastreio de doenças da próstata.

Patologias mais comunsNo Instituto de Terapia Focal da Prós-

tata, encontramos as mais avançadas respostas no tratamento de todas as doenças que afetam esta glândula, no-meadamente a prostatite, a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e o cancro da próstata.

Passemos a clarificar os sintomas asso-ciados a cada uma destas doenças e as técnicas mais ajustadas para o seu trata-mento. Dentro das doenças benignas mais comuns encontram-se a prostatite e a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP).

A prostatite é a doença da próstata mais frequente em homens com idade in-ferior a 50 anos. Estudos indicam que cerca de metade da população masculina desenvolverá sintomatologia de prostatite em algum período da sua vida. Falamos de inflamações prostáticas que se caracte-rizam por provocar dor e sintomas uriná-rios como a frequência elevada, diminui-ção da força e calibre do jato, ardor na micção, retenção urinária, entre outros. A prostatite bacteriana aguda é a causa mais frequente da infeção urinária no ho-mem.

Não raras vezes, algumas patologias não específicas assumem esta designa-ção, como é o caso da dor pélvica cróni-ca. Neste caso, os indivíduos apresentam sintomatologia pélvica que, para além da dor, “revela sintomas como ardor durante o ato de urinar e irradiação da dor para o ânus ou para os testículos”. Essas são, re-gra geral, patologias crónicas que não po-dendo ser tratadas, são controladas, atra-vés de medicação ou por recurso a outras terapêuticas como o bloqueio anestésico dos nervos pudendos.

Sendo esta uma doença benigna co-mum, o nosso entrevistado realça a im-portância da intervenção do especialista

O Instituto de Terapia Focal da Próstata apresenta respostas altamente diferenciadoras em termos do tratamento de doenças que afetam a próstata. Junto do diretor clínico, o urologista Sanches Magalhães, procurámos conhecer as terapias e as patologias que afetam esta glândula.

Terapia Focal da Próstata alcança resultados altamente positivos

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SaúdeInstituto de Terapia Focal da Próstata 13

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secundários significativos, sem qualquer tipo de necessidade. Assim, naturalmen-te, têm vindo a ganhar grande adesão en-tre os especialistas as estratégias de vigi-lância ativa, que consistem no acompa-nhamento regular dos doentes, iniciando tratamento apenas quando estritamente necessário. Esta abordagem é aplicada em indivíduos com doença pouco agressi-va, ou naqueles que, detentores de outras comorbidades, são afetados negativamen-te na sua qualidade de vida.

Com o recurso a técnicas de imagem, como a Ressonância Magnética Multipa-ramétrica da Próstata (RM-MP), é possível ao especialista detetar com enorme preci-são os focos de doença clinicamente sig-nificativa, realizar biópsias dirigidas e, por seu turno, proceder a um tratamento fo-cal. Existem vários tipos de energia que podem ser utilizados para destruir tecido prostático e, na maioria dos casos, a pes-soa consegue voltar à rotina em dois a três dias.

Estes doentes necessitam de ser alvo de uma vigilância médica constante, porque

na tarefa de tranquilizar o doente: “A in-certeza de se saber o que se tem é uma angústia que torna a dor ainda mais insu-portável”.

No que concerne à Hiperplasia Be-nigna da Próstata (HBP), esta patologia caracteriza-se por um aumento do volu-me da glândula. O desenvolvimento desta doença está intimamente associa-do a sintomas como a dificuldade em es-vaziar a bexiga, jato fraco, necessidade de urinar com maior frequência, entre outros. Estes sintomas surgem pela pro-ximidade da próstata à bexiga, o que compromete o seu correto esvaziamen-to e a ejeção de urina.

O tratamento da HBP pode ser realiza-do com recurso a terapêutica farmacoló-gica: “Falamos de fórmulas de tratamento sintomático, que vão ajudar a esvaziar a bexiga, relaxando as fibras musculares que existem ao nível da próstata e preve-nindo o seu crescimento”, explica o Dr. Sanches Magalhães. Sendo fármacos sin-tomáticos, com a interrupção da medica-ção a situação tende a reverter-se. Este tratamento é o primeiro recurso numa es-cala crescente de agressividade terapêuti-ca, sendo utilizado nos casos em que se verifica que a qualidade de vida do doente já está afetada, mas não de forma expo-nencial.

Os patamares seguintes, utilizados em estados mais avançados, passam quer por tratamentos minimamente invasivos, que podem ser realizados em ambiente de consultório, como por intervenções cirúr-gicas que exigem recurso a bloco opera-tório.

o restante tecido prostático apresenta ris-co acrescido de recidiva, no entanto o doente beneficia da redução dos efeitos secundários associados às técnicas clássi-cas, “que passam sempre por incontinên-cia urinária e disfunção sexual”.

Em doenças multifocais, que atingem ambos os lados da próstata, sendo evi-dente para o profissional que não exis-tem vantagens em fazer uma terapêuti-ca focal, surgem as terapêuticas clássi-cas de tratamento da totalidade da glân-dula, como seja a cirurgia radical, a braquiterapia, a radioterapia externa, entre outras.

Em final de conversa, o Dr. Sanches Magalhães reforça que “o cancro da prós-tata é uma doença, na maioria dos casos, controlável, com baixa interferência na qualidade de vida dos doentes. Mesmo em situações de doença avançada existem técnicas e tratamentos que permitem um adequado controlo da patologia e que conferem um aumento significativo da qualidade de vida, com menores efeitos secundários”.

Hoje em dia, o laser é uma das técnicas mais inovadoras no tratamento da HBP, apresentando vantagens como uma he-morragia menor, um período de interna-mento mais curto e, por conseguinte, o retorno mais célere a uma vida normal.

Cancro da PróstataEspecialista em Urologia desde 2005, o

Dr. Sanches Magalhães exerce no Institu-to de Terapia Focal da Próstata uma ativi-dade muito focada na oncologia urológi-ca, nomeadamente o adenocarcinoma da próstata, a neoplasia masculina mais fre-quente.

Sabemos que cerca de 1 em cada 6 ho-mens desenvolve cancro da próstata ao longo da sua vida. No entanto, também sabemos que a taxa de mortalidade que inflige é relativamente baixa. Este é o tu-mor sólido mais frequente nos homens, “mas não é, de longe, o mais mortal”. O diagnóstico de cancro da próstata, muitas vezes, não pressupõe um tratamento mui-to agressivo. Pressupõe apenas a vigilân-cia, ou uma terapia focal, que não afeta sobremaneira a qualidade de vida do doente.

Nos últimos anos, a comunidade médi-ca tem verificado que o cancro da prósta-ta exibe um espetro de gravidade muito heterogéneo, como nos revela o especia-lista: “Existem cancros da próstata muito agressivos e outros altamente indolen-tes”. Perante esta realidade, oferecer o mesmo tratamento a todos os doentes é um erro, dado que se submete uma gran-de percentagem de indivíduos a efeitos

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Saúde Clínica Dr. António Sérgio14

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A cirurgia é a última forma de tentativa de tratamento da Obesidade. Apresen-tando resultados bastante positivos, quan-do os doentes cumprem todas as reco-mendações médicas. É importante, po-rém, alertar que todas as cirurgias reve-lam uma taxa de recidiva da doença e estão sujeitas a inúmeras variáveis. O Dr. António Sérgio, médico cirurgião a ope-rar na cidade do Porto, esclarece-nos so-bre todos os tratamentos existentes fo-cando os prós e os contras de cada inter-venção.

A cirurgia da Obesidade tem vindo ao longo dos tempos a apresentar novas téc-nicas com o objetivo major de promover a perda de peso e restituir qualidade de vi-da aos doentes. “A cirurgia é uma tera-pêutica fantástica que cumpre estes obje-tivos com resultados evidenciados, por-que aumenta o tempo de vida dos pacien-tes, com qualidade”, explica o cirurgião.

Falamos de pessoas que aos olhos da sociedade padecem de excesso de peso, mas que para o médico cirurgião são doentes com elevado grau de complexida-de e gravidade proporcional ao aumento do Índice de Massa Corporal (IMC).

Reforce-se que a obesidade é uma doença crónica com várias patologias as-sociadas e que, mesmo face a uma inter-venção cirúrgica bem sucedida, necessita de ser controlada e responder a condutas alimentares e de exercício físico. Por si só a cirurgia não é garantia de sucesso tera-pêutico.

O Balão Intragástrico é a medida me-nos invasiva de tratamento. Consiste na introdução de um balão que, insuflado, ocupa parte do estômago, provocando assim sensação de saciedade com a in-gestão de uma quantidade mais reduzi-da de comida. Este tratamento é aplica-do, habitualmente, em pessoas com um

IMC entre os 27 e 30, que não conse-guem baixar o peso apesar dos esfor-ços. Em 50% a 60% dos casos os resul-tados revelam-se positivos. Nos restan-tes, o efeito manifesta-se nos primeiros dias, até que o organismo se adapta a esse corpo estranho.

Em doentes com um IMC superior a 30 as cirurgias revelam-se mais eficientes. As diferentes técnicas de tratamento enqua-dram-se em três grandes grupos: restriti-vas, mistas e malabsortivas.

Técnicas Restritivas

Banda gástrica ajustável

Dentro das técnicas restritivas, a Ban-da Gástrica apresenta-se como a mais comum. Este mecanismo é colocado em torno da parte alta do estômago e tem como objetivo reduzir a dimensão do es-tômago. Estudos revelam que esta técni-ca permite que o doente perca cerca de 40% do peso inicial. Entre algumas das complicações inerentes a este tratamen-to, destacamos o refluxo gastroesofági-co (GER); e, num número reduzido de casos, a possibilidade de a banda migrar para o interior do estômago, sendo ne-cessário retirá-la via cirurgia endoscópi-ca.

Apesar destes resultados positivos, con-vém alertar que todas as intervenções têm riscos associados, que aumentam con-soante a complexidade da cirurgia e a gravidade da doença.

As cirurgias mais complexas são, habi-tualmente, realizadas em doentes mais graves. Esta escolha é feita com base no grau da doença, pesando os benefícios que vai apresentar na qualidade de vida do indivíduo, face aos índices de risco e de recidiva. Duas pessoas com o mesmo peso, sujeitas à mesma cirurgia vão apre-sentar resultados diferentes. Cada pessoa é dona de um organismo diferente e co-mo tal a resposta manifestada após o tra-tamento varia. “As pessoas têm que saber que em todos os casos a cirurgia pode ter implicações, por via de circunstâncias, muitas vezes, impossíveis de controlar pe-lo médico cirurgião”, alerta o especialista.

A Obesidade é uma doença crónica que afeta uma elevada franja da população mundial. Quando as dietas e o exercício fisico não permitem controlar este problema, a cirurgia bariátrica apresenta-se como uma solução que oferece resultados.

Os avanços da cirurgia bariátrica

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SaúdeClínica Dr. António Sérgio 15

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Informe-se que à semelhança do Slee-ve Gástrico, esta técnica produz um dé-fice de Vitamina B12 e de ferro, às quais acresce o ácido fólico e o cálcio. A fístula de anastomoses surge como uma das

Principais complicações associadas: o risco de trombose venosa deve ser tam-bém avaliado, ocorrendo em cerca de 3% dos casos, nesta e em todas as ou-tras cirurgias bariátricas complexas. No Sleeve Gástrico pode acontecer, mas numa probabilidade mais reduzida de 1%. Ademais, o risco de recidiva ronda os 30-40%.

Cirurgias Malabsortivas

Derivação biliopancreática com switch duodenal

Diversão biliopancreática

As cirurgias malabsortivas induzem uma significativa má absorção intesti-nal. Permite volumes maiores de ali-mento, com perda de peso efetiva. Está

Plicatura gástrica

A Plicatura Gástrica Laparoscópica envolve a costura de uma ou mais pre-gas do estômago. Durante este proces-so o volume gástrico é reduzido cerca de 70%, dando a sensação de plenitude gástrica mais precoce. Não há cortes ou remoção do estômago ou do intestino durante esta cirurgia, podendo, inclusi-ve, ser revertido ou convertido noutro processo se necessário. A estadia hospi-talar na maior parte dos casos é de 1 a 2 dias. As possíveis complicações estão associadas à quebra e consequente in-flamação dos pontos.

Gastrectomia tubular (Sleeve Gástrico)

O Sleeve (Gastrectomia Vertical) é uma técnica cirúrgica que tem como ba-se o corte do estômago, reduzindo a sua dimensão a um tubo estreito (tuboliza-ção gástrica). Com a tubolização gástri-ca o estômago passa a suportar um me-nor volume de alimentos, promovendo uma perda de peso que ronda os 40%. Hoje sabe-se que esta intervenção afeta a parte do estômago que produz a greli-na, a enzima responsável pela sensação de fome, promovendo uma saciedade mais precoce. 

As implicações decorrentes deste ato são o défice de Vitamina B12 e de fer-ro, que passam a ser compensados com a toma de suplementos vitamínicos. Em 0,5% dos casos, ocorre a formação de

mais indicada em pacientes grandes obesos. Embora seja bastante efetiva, podem ocorrer as complicações descri-tas no supracitados tratamentos, acres-cendo o défice de proteínas e de vitami-nas lipossolúveis (A, D, E, K), sendo co-mo tal necessário um seguimento cons-tante, com exames e toma de suplementos vitamínicos, ao longo da vida.

Neste campo surge a derivação bilio-pancreática por switch duodenal e a de-rivação biliopancreática  por operação de Scopinaro. Em ambos os casos, além de ser submetido a um procedimento tecnicamente complexo, um número considerável de doentes vem a sofrer de efeitos como diarreia, flatulência com forte odor. 

Na Clínica Dr. António Sérgio, o doente em processo de cirurgia bariátri-ca é acompanhado por uma equipa mul-tidisciplinar antes, durante e depois da intervenção. Numa primeira fase, junto do médico cirurgião, são avaliadas as in-dicações cirúrgicas. À posteriori, o doente passa por um processo que abrange as áreas da Psicologia e da Nu-trição. Após a cirurgia o doente não de-ve deixar de ser seguido pelo cirurgião, sendo fundamental que comunique quaisquer alterações não especificadas.

fístulas na linha de sutura e a conse-quente saída de conteúdo do estômago para a cavidade abdominal, originando infeção.

Apesar de esta ser uma cirurgia irre-versível, apresenta-se ainda a possibili-dade (em 30-40% dos casos) de o estô-mago dilatar, com consequente aumen-to de peso.

Técnicas Mistas

Bypass Gástrico

O Bypass Gástrico é a cirurgia bariá-trica mais utilizada pelas vantagens que apresenta face às eventuais complica-ções, concedendo uma perda de peso na ordem dos 40%. Neste campo sur-gem duas variáveis da técnica: Y Roux e o Bypass Mini-gástrico.

Esta é, pelos seus efeitos colaterais, uma das cirurgias mais utilizadas em doentes com diabetes. “85% a 90% das pessoas com diabetes, realizando By-pass Gástrico, têm uma alta probabilida-de de controlar a doença, sem recurso a medicação”, explica-nos o Dr. António Sérgio. Esta evidência advém do facto de a cirurgia “quebrar” a passagem dos alimentos pelo duodeno. “A chegada de comida mais doce ao intestino distal vai impulsionar a libertação de neuropeptí-deos que vão atuar no pâncreas, pro-movendo a libertação de insulina boa, assim como o aumento das células de Langerhans”. A Associação Americana de Diabetes e a Sociedade Americana de Endocrinologia já têm nas suas gui-delines de tratamento de diabetes a ci-rurgia, como técnica que melhora signi-ficativamente a qualidade de vida dos doentes e a sua sobrevida.

Clínica Dr. António SérgioAv. Da Boavista nº117 6º Andar sala 607

4050-115 PortoTelefone: 226 104 394

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Saúde Clínica Liberty do Porto16

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A hiperhidrose é uma patologia que afeta perto de 500 mil portugueses. Es-tudos demonstram que o seu impacto na qualidade de vida dos doentes é equi-parável a situações de doença renal ter-minal, esclerose múltipla ou artrite reu-matóide.

Pela natureza dos seus sinais e sinto-mas, muitos doentes coibem-se de falar sobre este tema, não sendo do conheci-mento geral que o seu tratamento pode ser abordado por três especialidades médicas – a Dermatologia, a Cirurgia Vascular e a Cirurgia Estética. Na Clíni-ca Liberty do Porto, a direção clínica as-sumida pelos cirurgiões vasculares, Joa-na Carvalho e Sérgio Sampaio, permite ao projeto oferecer múltiplas respostas no diagnóstico e tratamento das doen-ças vasculares, com especial foco na hi-peridrose, desde tratamentos minima-mente invasivos até à cirurgia.

a Dra. Joana Carvalho, “no caso da hi-peridrose primária, o problema não tem nada de orgânico na sua etiologia. É al-go que nasce com a pessoa e se mani-festa, normalmente, entre a puberdade e os 30 anos”. A hiperidrose primária é focalizada, mais frequentemente nas axilas, nas mãos e nos pés. Habitual-mente, os sinais agravam-se com o stress, não se manifestando durante o repouso noturno.

A hiperidrose secundária está, por seu turno, associada a algum distúrbio (distúrbios hormonais, como a diabetes, problemas oncológicos, toma de fárma-cos específicos, etc.). Esta manifesta-se mais tardiamente e surge mais frequen-temente como uma sudação generaliza-da. Em raros casos, quando a transpira-ção se revela focalizada, habitualmente é unilateral, “algo pouco frequente e que exige um estudo mais aprofunda-do”.

Paradoxalmente, outra das situações que pode espoletar uma hiperidrose se-cundária é a cirurgia para a hiperidrose.

A especialista explica as razões: “O úni-co tratamento definitivo que existe para a hiperidrose das mãos é a simpatecto-mia (corte de nervo simpático, respon-sável pelo processo que leva à transpira-ção das mãos e axilas). Esta cirurgia é realizada com técnicas minimamente in-vasivas, conferindo uma resposta positi-va e imediata”. A taxa de sucesso ronda os 100% no caso das mãos, sendo me-nor no caso das axilas. O maior proble-ma que apresenta é a possibilidade de desencadear uma hiperidrose compen-satória, que se manifesta em cerca de 40% dos casos. Estes doentes começam então a transpirar mais por outros sí-tios, mais frequentemente peito e cos-

HiperidroseSendo a transpiração uma resposta

biológica necessária para regular a tem-peratura corporal, a hiperidrose pode ser definida como um desajuste que pro-voca um excesso de sudorese face às necessidades do organismo de regular a temperatura corporal, mesmo em am-bientes climatizados, independentemen-te de o indivíduo sentir calor ou não.

Esta é uma patologia que pode ser classificada como primária ou secundá-ria. Acredita-se que a hiperidrose pri-mária tenha uma base genética, dado que até 65% dos doentes apresentam histórico familiar positivo. Crê-se que o desencadear desta anomalia se deve à presença de um gene com penetrância incompleta que conduz a um excesso de atividade do sistema nervoso simpático, responsável pelas várias respostas do corpo humano ao stress. Como salienta

Milhares de portugueses sofrem de hiperidrose, uma doença benigna que afeta a qualidade de vida dos doentes, e à qual a ciência e a tecnologia vêm apresentando variadas respostas. Na Clínica Liberty do Porto, procurámos conhecer as condicionantes desta patologia e os tratamentos existentes.

Clínica Liberty do Porto comemora um ano

"A evolução das tecnologias ao serviço da saúde permite hoje oferecer uma solução definitiva e não invasiva aos doentes com hiperidrose axilar. Foi na Clínica Liberty no Porto que conhecemos o MiraDry, um tratamento exclusivo para tratamento axilar, presente em Portugal unicamente nas Clínicas Liberty"

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dora dos EUA, para o tratamento da hi-peridrose (excesso da quantidade de suor) e da bromohidrose (excesso de odor, incontrolável apesar dos maiores cuidados de higiene, decorrente da ati-vidade excessiva das glândulas apócri-nas). O único efeito secundário definiti-vo deste tratamento é a rarefação pilosa a nível axilar.

No que concerne ao tratamento da hi-peridrose plantar, a cirurgia não é aplicá-vel, dado que a estrutura análoga daquela que é intervencionada na cirurgia indica-da para as mãos, para os pés se situa a ní-vel lombar; tal implicaria uma abordagem cirúrgica muito mais invasiva e com taxas de sucesso e de hiperidrose compensató-ria desanimadoras. “É um risco que não compensa o benefício”, expõe a cirurgiã vascular. Para responder a estes casos, a Clínica Liberty apresenta o Palmadry, um dispositivo baseado no princípio de ionto-forese e que pode ser utilizado para as mãos e para os pés.

Falamos de um aparelho que dispõe de dois tabuleiros – na base têm uma placa metálica que emite uma corrente eléctrica muito reduzida – que, em con-tacto com a água da torneira, vai provo-car uma alteração das cargas iónicas das glânduals sudoríparas quer das plan-tas dos pés quer das palmas das mãos. O processo terapêutico consiste, numa fase inicial, em ter estas partes do corpo mergulhadas durante 15 minutos, uma vez por dia, pelo período de uma sema-na a 10 dias. Não sendo este um trata-mento definitivo, numa segunda fase o doente deve fazer um tratamento de manutenção que pode implicar a reali-zação deste procedimento uma vez por semana ou até menos. A particularidade da terapêutica com o PalmaDry prende--se com o facto de ser realizada median-te a aquisição do equipamento. Pode assim ser feita no conforto de casa, con-soante a disponibilidade da pessoa. A primeira sessão realiza-se em consultó-rio, com formação e supervisão clínica e, posteriormente, o contacto mantém-

tas. “Não conseguimos prever que ca-sos vão padecer de hiperidrose com-pensatória. Quem é sujeito a esta cirur-gia tem que ter noção deste risco”, alerta. Na sua opinião, se para as mãos, por vezes, compensa correr esse risco, dado que, no limite, o doente passa de uma hiperidrose com grande exposição para uma hiperidrose menos exposta, no caso das axilas tal não se verifica.

A evolução das tecnologias ao serviço da saúde permite hoje oferecer uma so-lução definitiva e não invasiva aos doen-tes com hiperidrose axilar. Foi na Clíni-ca Liberty no Porto que conhecemos o

-se com regularidade para controlo clí-nico e otimização dos resultados. Esta é, atualmente, a solução mais viável pa-ra a hiperidrose dos pés.

A aplicação de BotoxÒ apresenta-se ainda como uma solução ajustada para a resolução da hiperidrose, através da sua ação de “paralisação” das glândulas sudoríparas. Pode ser utilizado em qual-quer área do corpo, apresentando co-mo único ponto negativo a perda de efi-cácia à medida que vai sendo eliminado pelo organismo (média de durabilidade de seis meses).

A comemorar um ano de aniversário na cidade do Porto, a Clínica Liberty tem granjeado grande aceitação junto de doentes de toda a região Norte até à Ga-liza, em Espanha. Reconhecendo que a cirurgia do nervo simpático não era a me-lhor solução para o tratamento da hiperi-drose axilar, o aparecimento no mercado do Miradry revelou-se a alavanca que im-pulsinou a abertura deste espaço por es-tes cirurgiões vasculares, Joana Carvalho e Sérgio Sampaio. Dada a área de espe-cialização da direção clínica, a Clínica Li-berty do Porto oferece também respostas para a doença vascular, por via do diag-nóstico com eco-Doppler e tratamentos como a microscleroterapia e a esclerote-rapia ampliada, ou, intervenções minima-mente invasivas, como a escleroterapia com espuma e a ablação de varizes por radiofrequência.

MiraDry, um tratamento exclusivo para tratamento axilar, presente em Portugal unicamente nas Clínicas Liberty, e que resolve definitivamente este problema sem os riscos inerentes à cirurgia. O Mi-raDry é um aparelho que utiliza ondas eletromagnéticas que vão ter um efeito muito focalizado ao nível das glândulas sudoríparas, eliminando-as. O trata-mento é feito com anestesia local, habi-tualmente em duas sessões, havendo casos em que apenas uma sessão é sufi-ciente. Este tratamento está já aprova-do, desde 2011, pela FDA (Food & Drug Administration), entidade regula-

LISBOA

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Tel.: (+351) 213 420 680

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Saúde Centro Clínico Santos Ferreira18

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A experiência acumulada ao longo de duas décadas de serviço no campo da Medicina Dentária permite aos médicos dentistas, Sandra Santos e Fernando Ferreira, apresentarem ao público um espaço diferenciado, que tem no sorriso o ponto de partida para uma abordagem personalizada ao paciente.

Juntos criaram um projeto que encon-trou nas novas instalações, situadas no número 676 da rua Godinho, em Mato-sinhos, a possibilidade de expansão e incremento de um conceito que conver-ge a Medicina Dentária com outras áreas e especialidades médicas.

Durante anos, sob a designação de Clínica Médico-Dentária Dr. Fernando Ferreira e Dra. Sandra Santos, este es-paço de saúde foi conquistando uma só-lida carteira de clientes que concedeu garantias de sucesso no plano de cresci-mento sustentado do projeto.

Em vinte anos de carreira muitas pes-soas passaram pelas mãos destes profis-sionais que, com base nessa experiên-cia, compreenderam que a Medicina Dentária, por vezes, não se revela sufi-ciente para tratar a génese dos proble-mas que se lhes apresentam. “Com es-tes anos de experiência o que podemos fazer de diferente pelas pessoas?”. Foi esta a dúvida que se levantou. A respos-ta a esta questão consubstancia-se no Centro Clínico Santos Ferreira, inaugu-rado em 2016: “Somos médicos dentis-tas, mas não podemos olhar para o pa-ciente apenas do pescoço para cima, há que entender a pessoa como um todo, observar a sua linguagem corporal, a

cina Familiar, a Pediatria, a Pedopedia-tria de Desenvolvimento e valências co-mo a Medicina Integrativa, a Psicologia, a Terapia da Fala e a Formação, tratan-do o indivíduo como um todo, “não só os aspetos físicos, mas também os emo-cionais”. Para a abordagem a cada pa-ciente são criados – consoante as neces-sidades e objetivos identificados – gru-pos de trabalho, constituídos por profis-sionais credenciados em cada especialidade que, muito para além do tratamento dentário, se focam na valori-zação da autoestima do paciente, utili-zando algumas das já referidas metodo-logias de desenvolvimento pessoal.

Esta experiência e saber têm conquis-tado clientes portugueses e até além--fronteiras, que procuram a excelência dos cuidados prestados pelos profissio-nais portugueses, aproveitando a apete-cível relação de qualidade e preço.

Tratamento ajustado a cada indivíduo

Reforce-se que em todos os tratamen-tos dentários realizados no Centro Clíni-

co Santos Ferreira a comunicação com o paciente é um pilar essencial para que todos os passos sejam dados com total conforto e confiança. Fundamental é conhecer os objetivos e as pretensões de cada pessoa. Cada rosto e personali-dade são estudados para que o trata-mento final se apresente de forma har-moniosa.

Neste caminho é fundamental o traba-lho com parceiros de confiança, nomea-damente laboratórios e protésicos. A exigência é um pilar fundamental neste processo, pois “o resultado final não se-gue apenas parâmetros de funcionalida-de, a estética também é importante”. Ou seja, a qualidade de vida conquistada manifesta-se tanto no âmbito funcional como na autoestima do paciente e na forma como se sente e move em socie-dade.

“Independentemente da idade da pessoa, da condição socioeconómica, há que ter qualidade de vida”, expõe a Dra. Sandra Santos. Efetivamente – realidade consolidada neste espaço de saúde – é crescente a procura por par-te de pessoas com mais de 65 anos de

sua aparência, tom de pele, formas de se expressão, etc.”, salienta a médica dentista Sandra Santos.

Fruto de um percurso onde investiram na formação, sempre com forte espírito de abertura ao diálogo com profissio-nais de outras áreas, encontraram um novo caminho para a Medicina Dentária no tratamento mais personalizado do paciente. Sabemos hoje que a popula-ção em geral está muito mais disponível para ouvir falar e colocar em prática fi-losofias e metodologias de desenvolvi-mento e capacitação humana como o coaching, a meditação, o reiki, o yoga, entre outras. Uma realidade muito co-mum noutros países, mas que só nos dias de hoje tende a generalizar-se entre os portugueses. “Não podemos separar o corpo da alma e temos que trabalhar o subconsciente, uma ampla parte do nosso cérebro, desconhecida e de uma enorme importância no comportamen-to”, reitera a Dra. Sandra Santos.

Nesse sentido, o Centro Clínico San-tos Ferreira para além da Medicina Den-tária – Ortodontia, Dentisteria, Perio-dontologia, Cirurgia Oral, Prótese Fixa, Prótese Removível, Endodontia, Odon-topediatria e Implantologia – abrange outras especialidades médicas, a Medi-

Sorrisos que se constroem de dentro para fora

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SaúdeCentro Clínico Santos Ferreira 19

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trada da criança (a partir dos oito anos) sozinha no consultório, após uma conversa e autorização dos pais. Para além de o comportamento se apresentar mais ajustado, sozinhas as crianças desenvolvem a sua autono-mia e confiança. Uma filosofia interio-rizada por educadores e crianças que se tem revelado um sucesso.

Inovadora e vanguardista em muita das suas práticas, no âmbito da forma-

tratamentos de implantologia. Porém também há pacientes mais jovens a colocarem implantes. Apesar de se-rem procedimentos consideravelmen-te onerosos, a profissional verifica que os pacientes que decidem iniciar este tratamento estão conscientes que se tra-ta de um investimento na sua saúde e qualidade de vida. Falamos de um pro-cesso que tende a estender-se por um ano, dependendo da complexidade de cada situação. Numa primeira aborda-gem, dirigida pelo implantologista Fer-nando Ferreira, procede-se ao preen-chimento da ficha clínica do paciente procurando perceber se existem doen-ças ou medicação que impeçam o início do processo. Em alguns casos, a equipa do Centro Clínico Santos Ferreira ence-ta diálogo direto com o médico de famí-lia do paciente, de forma a ajustar ou suspender algum tratamento ou medi-cação. Tudo é feito de forma escrupu-losa e organizada com o profissional de Medicina Geral e Familiar defen-dendo sempre a qualidade do proces-so e a saúde do paciente.

Educar para a Saúde Oral

A Dra. Sandra Santos, ortodontista, realça o facto de muitas doenças que surgem na boca, como infeções dentá-rias, afetarem e manifestarem-se, mais tarde, noutros órgãos, sendo por isso fundamental a apresentação assídua em consulta desde tenra idade. Os educadores que escolhem o Centro Clínico Santos Ferreira para acompa-nhar a saúde oral dos seus filhos têm

ção o Centro Clínico Santos Ferreira ambiciona ainda no primeiro semestre deste ano abrir as portas da sua sala de formação a cursos para Assistente de Dentária, com possibilidade de cursos nas diversas áreas da Medicina Dentá-ria. A abertura de pós-graduações para médicos dentistas é outro dos objetivos traçados.

www.ccsantosferreira.pt

já esta consciência da importância de oferecerem um acompanhamento as-sente neste conceito de saúde inte-gral.

No processo de educação para a hi-giene e saúde oral, fundamental é o compromisso dos pais e a conscien-cialização para a necessidade de leva-rem os filhos ao médico dentista. A nossa entrevistada denota que esse es-forço de sensibilização tem sido feito também por profissionais de saúde da Medicina Geral e Familiar como da Pediatria. “Desde o nascimento do primeiro dente é importante que pais e criança visitem o consultório dentá-rio, aprendam a escovar e interiori-zem a necessidade de o fazer”, co-menta. Também junto de pais e crian-ças a equipa do Centro Clínico Santos Ferreira expõe métodos inovadores que visam criar um reforço de confian-ça entre médico dentista e criança e pais, nomeadamente, através da en-

Rua Godinho, 676 4450-147 MatosinhosT. +351 229 350 097

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Saúde João Bravo Ferreira20

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Em entrevista ao Perspetivas, João Bravo Ferreira fala-nos das principais evoluções que o universo da Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética presenciou no nosso país, antes de nos esclarecer sobre os propósitos das Mamoplastias de Redução e de Aumento.

também em entidades como o Hospital de Jesus e o Hospital do SAMS (onde ain-da exerce funções), às quais se veio acres-centar a Ginalto – Clínica de Ginecologia e Cirurgia Plástica.

Evolução tecnológica e estéticaPropagando-se por múltiplas décadas

de trabalho, um percurso profissional co-mo este constitui uma útil oportunidade para melhor se compreender o desenvol-vimento da Cirurgia Plástica, Reconstruti-va e Estética em Portugal. Uma vez ques-tionado sobre essa mesma evolução, João Bravo Ferreira começa por constatar que, em termos gerais, “a técnica cirúrgica bá-sica continua – com maior ou menor re-

quinte – a ser a mesma”. No entanto, e em oposição ao que se verifica no caso de outras especialidades médicas, este é um universo em que “não existem dois pa-cientes iguais”, afigurando-se necessário “conjugar os gestos básicos que são aprendidos na forma ideal de solucionar cada caso”.

Nesse contexto, o especialista sublinha “a grande evolução tecnológica” que se refletiu no surgimento de novos aparelhos e mecanismos que, por sua vez, “permiti-ram coadjuvar ou substituir os antigos tra-tamentos cirúrgicos”. A título de exem-plo, pode referir-se o advento da técnica laser para procedimentos como o resurfa-cing (combate ao envelhecimento facial), a substituição de arames por placas de ti-tânio no tratamento de fraturas da face, ou o desenvolvimento da microcirurgia. Dinâmicas por natureza, as evoluções em torno da Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética têm vindo a refletir-se também no facto de, atualmente, “se efetuarem in-tervenções mais pesadas do que há dez anos, embora com uma taxa de complica-ções muito menor” em regime pós-opera-tório.

Todos estes correspondem a progres-sos científicos ou tecnológicos que, no en-tender de João Bravo Ferreira, não te-riam exercido o mesmo impacto na espe-cialidade caso não tivessem sido devida-mente acompanhados por uma maior preocupação social em torno da estética. “A partir dos anos 1980, começou a no-tar-se uma grande divulgação da Cirurgia Estética”, verifica o nosso entrevistado, acreditando que este terá sido o principal agente catalisador da especialidade. Ano após ano, e de forma gradual, a realiza-ção de intervenções desta natureza trans-formou-se “num dado socialmente positi-vo”, não tendo sido, para tal, pequenos “os impulsos oriundos do Brasil – país que

Licenciado em Medicina pela Universi-dade de Lisboa e especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, João Bravo Ferreira corresponde a um dos no-mes mais experientes e marcantes da área em Portugal. A comprová-lo, impor-ta salientar que após o período enquanto interno no Hospital Dr. Egas Moniz, o nosso interlocutor desempenhou a fun-ção de médico consultor em unidades co-mo o Hospital de Sant’Ana, a Clínica Mé-dica Dr. Tallon e o Centro de Medicina Fí-sica e de Reabilitação do Alcoitão.

Experiências como estas complemen-tam-se, todavia, num currículo que inclui não apenas o trabalho desempenhado enquanto cirurgião plástico no Hospor (atual Hospital da Luz de Setúbal), mas

teve uma explosão a nível do desenvolvi-mento desta especialidade”.

Consequência natural de tal ciclo, assis-tiu-se a “uma vulgarização e democratiza-ção da Cirurgia Estética”, num aspeto que conduziu “à crescente procura de técnicas que permitissem tratar mais pessoas a menores custos”, prossegue o nosso en-trevistado. Foi precisamente nesse âmbito que os tratamentos complementares esté-ticos de natureza não-cirúrgica ganharam um valioso destaque. Como tal, e parale-lamente à adoção da tecnologia a laser, este transformou-se num universo cada vez mais associado à utilização do peeling químico, à microdermoabrasão, fillers, to-xina botulínica e – mais recentemente – à aplicação de células estaminais ou à admi-nistração de fatores de crescimento.

Mamoplastia de ReduçãoUm elemento que João Bravo Ferrei-

ra faz questão de salientar é que as in-tervenções cirúrgicas desempenhadas no âmbito desta especialidade poderão atender a uma necessidade maior do que o mero imperativo estético. Fazen-do jus à sua designação, esta correspon-de à circunstância mediante a qual “es-tamos a lidar com um elemento do cor-po que se encontra em estado normal, mas que se pretende melhorar”. Exis-tem, por outro lado, situações em que o tratamento efetuado tem em vista “a re-paração de um dano verificado no orga-nismo, com o objetivo de repor-se a normalidade” – tratando-se esses de ca-sos em que a intervenção cirúrgica assu-me, essencialmente, um caráter funcio-nal.

Um dos melhores exemplos dessa ne-cessidade reside na Mamoplastia de Re-dução, que consiste numa intervenção cirúrgica tendo em vista a diminuição

Mamoplastia: do desejo estético ao imperativo funcional

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SaúdeJoão Bravo Ferreira 21

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como as características do seu tronco ou o local a partir do qual será efetuada a in-cisão.

Neste âmbito, e lembrando a insistên-cia de alguns mitos que ainda perduram, João Bravo Ferreira esclarece que não há necessidade de remover ou substituir as próteses – mesmo após um intervalo de dez anos –, caso o seu desempenho permaneça intacto e não se verifique qualquer problema através da informa-ção recolhida em ecografias e mamo-grafias. Ainda a este respeito, o espe-cialista verifica que “a qualidade das próteses disponíveis no mercado – e a confiança dos principais fabricantes – é de tal ordem que as duas principais mar-cas a nível mundial oferecem uma ga-rantia vitalícia nas suas gamas mais ele-vadas”.

Ptose mamária e gestão de expectativas

Um fenómeno que, por outro lado, se revela bastante comum em contexto de pós-gravidez e amamentação é a ptose mamária, vulgarmente designada como o fenómeno dos seios “descaídos”. Sa-lientando que este constitui um proces-so natural, subjacente ao crescimento da mama nos períodos mencionados antes do seu posterior atrofiamento, João Bravo Ferreira verifica que a com-

do tamanho dos seios femininos. Ainda que geralmente associado a uma sim-ples decisão estética este corresponde a um tratamento que, não raras vezes, se justifica pela preservação da saúde e bem-estar da paciente. “Cerca de 70% das doentes que opero para redução mamária são encaminhadas por Orto-pedistas ou Neurocirurgiões”, esclarece o nosso interlocutor. Na grande maioria destes casos, o excessivo peso dos seios afigura-se como um elemento potencia-dor de problemas na coluna vertebral.

Lembrando que “existem técnicas descritas de redução mamária desde há mais de 50 anos”, João Bravo Ferreira constata como as mesmas foram evo-luindo, consoante o seu principal objeti-vo: privilegiar o formato do seio ou pro-curar reduzir o impacto da consequente cicatriz. Mais complexa do que a moda-lidade de aumento, a Mamoplastia de Redução deve levar em consideração a idade da paciente. “Para uma mulher jo-vem que ainda não tenha tido filhos, nesta cirurgia – quer seja feita por moti-vos funcionais, quer estéticos – deve ser utilizada uma técnica que, tanto quanto possível, preserve a parte central do seio e mantenha a continuidade entre a mama e o mamilo”, explica o João Bra-vo Ferreira, pelo que nestes casos “a re-dução é conseguida fundamentalmente pela excisão da parte periférica da ma-

plexidade das intervenções estéticas po-derão variar, consoante a paciente. “Existem casos simples em que bastará colocar uma prótese para que a mama fique bem composta, mas há também outros em que teremos de remover pele – pois há um volume que agrada à mu-lher, mas que se encontra dentro de um saco de pele muito grande”.

Porventura, na mais complexa das circunstâncias, poderá ser necessário conciliar a reposição de volume (por in-termédio de uma prótese) com a remo-ção de pele. É nesse contexto que o es-pecialista realça, de resto, a importân-cia de existir uma boa comunicação pré-via entre paciente e cirurgião, com o objetivo de compreender a que tipo de expectativas se procura atender e de que modo o procedimento será efetua-do. A relevância desta conversa justifi-ca-se, ainda, pelo combate a alguns mi-tos, como o de que o levantamento da glândula mamária se resolve pela colo-cação de uma prótese, quando a finali-dade da mesma passa por “empurrar” o seio para à frente e não de o erguer. Significa isto que a prossecução dos ob-jetivos e de uma autoestima apenas se conseguirão por intermédio de um es-clarecimento integral, transparente e realista.

www.joaobravoferreira.pt

ma”, garantindo a sua posterior funcio-nalidade.

Mamoplastia de Aumento

Já de cariz puramente estético, a Ma-moplastia de Aumento constitui o pro-cedimento cirúrgico mediante o qual o volume dos seios é incrementado pela aplicação de próteses. Ainda que, pelas suas características, esta seja uma ope-ração que não corra qualquer risco de interferir na funcionalidade das glându-las mamárias, a sua realização é efetua-da apenas em pacientes com mais de 18 anos de idade, uma vez que é essen-cial que o desenvolvimento de todo o organismo esteja concluído antes de qualquer intervenção.

Em consonância com o restante univer-so da estética, também a Mamoplastia de Aumento testemunhou o surgimento de progressivas evoluções, nomeadamente no que às próteses utilizadas diz respeito. Se, posto isto, as primeiras “assemelha-vam-se a um disco voador”, posterior-mente, surgiram outras “mais anatómi-cas, em forma de gota”, lembra o espe-cialista. Hoje em dia, no entanto, a diver-sidade de próteses é tão ampla quanto a finalidade pretendida, pelo que para além do tamanho, é possível que o cirurgião e a paciente levem em consideração fatores

Mamoplastia de Redução

Mamoplastia de Aumento

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Saúde Medifranco22

Fev2018

De portas abertas em Setúbal há pre-cisamente dezoito anos, a Medifranco é o culminar de um projeto dinamizado pelo oftalmologista António Franco. Assente na prestação de cuidados de saúde em duas grandes especialidades médicas – a Oftalmologia e a Medicina Dentária –, esta corresponde a uma clí-nica cujo trabalho se caracteriza pelo cariz familiar do atendimento e acom-panhamento proporcionado aos pa-cientes. Na prossecução deste objetivo, importa referir a existência de um cor-po clínico que, para além de se encon-trar devidamente especializado e em constante atualização de conhecimen-tos técnico-científicos, conhece o verda-deiro significado de primar pelo bem-es-tar do paciente.

Uma prova dessa mesma sensibilização reside na forma como o relacionamento

carreira que tem atravessado múltiplas dé-cadas de conhecimento e experiência, António Franco constata que a especiali-dade médica a que sempre se dedicou co-nheceu enormes evoluções, não apenas no que às capacidades de diagnóstico diz respeito, como também no manancial de respostas a que hoje os profissionais têm acesso, por forma a combater ou minorar o impacto das principais patologias que afetam a visão.

Um aspeto que o nosso interlocutor lamenta, todavia, é que semelhantes progressos não tenham sido acompa-nhados pelo desenvolvimento de uma mentalidade preventiva e sensibilizada para a importância da deteção precoce – e, desde logo, atempada – das anoma-lias oculares. Consciente de que as pa-tologias podem surgir em qualquer ida-de, o diretor clínico salienta, por exem-plo, que qualquer criança deve ser alvo de uma consulta de Oftalmologia “entre os quatro e os cinco anos”, na medida em que fenómenos tais como a aniso-metropia (em que cada olho transmite a informação visual ao cérebro com um grau diferente de nitidez, resultando na inibição gradual do órgão mais fraco) poderão acarretar danos irreversíveis, caso não se proceda a uma intervenção atempada.

Igualmente essencial, de resto, é a monitorização regular do aparelho ocu-lar a partir dos 50 anos de idade, mes-mo em pessoas sem registo de patolo-gias. Uma precaução como esta expli-ca-se pelo risco de degenerescência ma-cular ligada à idade, uma doença “cada vez mais frequente e associada ao enve-lhecimento da população” e cujo diag-nóstico precoce se afigura extremamen-te decisivo, sob pena de consumar-se o risco de cegueira. Outra patologia que

exige um regime anual de vigilância é o Glaucoma, associado à pressão ocular alta que, por norma, se caracteriza pela perda progressiva do campo visual peri-férico, num processo que “evolui lenta e insidiosamente, sem queixas”, constata o especialista.

A importância do Oftalmologista

É no contexto do eventual surgimento de problemas desta natureza – mas tam-bém a pensar nas complicações ocula-res de doenças sistémicas como a Dia-betes Mellitus – que António Franco en-fatiza a necessidade de a população co-nhecer a diferença de papéis entre um Oftalmologista e um Optometrista. Este último corresponde, efetivamente, a um profissional capacitado para “corrigir erros de refração” (ou seja, para aferir a graduação que deve ser aplicada nas lentes dos óculos), mas nunca habilitado para “analisar o fundo de um olho e efe-tuar o diagnóstico” de patologias como as que acima se mencionaram – o que apenas se torna possível mediante a formação continua e a experiência de um médico especialista em Oftalmolo-gia.

entre médico e paciente é estabelecido desde o primeiro contacto, até porque “a Medicina não se trata de uma ciência exa-ta, mas de algo que precisa de tempo”, contextualiza o diretor clínico, antes de revelar que “a maioria dos diagnósticos é feita na base de uma conversa com o doente” e não apenas na prescrição dos exames que se possam afigurar necessá-rios. Semelhante filosofia, caída em desu-so numa grande parte dos contextos de saúde, tem vindo a ser partilhada pelos fi-lhos Helena e Pedro Franco, que também exercem a sua especialidade – a Medicina Dentária – na clínica setubalense.

Sensibilizar para a saúde ocularProporcionando consultas de Oftalmo-

logia (bem como tratamentos a laser e ci-rurgias oculares) consolidadas por uma

Oftalmologista de formação, António Franco reflete sobre a importância de uma atitude preventiva no combate às principais patologias que afetam o aparelho ocular, lembrando ainda a importância da relação médico-doente como fundamental e a base de toda a prática clinica.

Clinica Familiar que dá especial atenção à prevenção

Rua dos Comediantes nº 13 r/c - C, 2910-468 Setúbal

Telefone: 265 540 990Telemóvel: [email protected]

www.medifranco.pt

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Saúde nas Caldas da Rainha

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Saúde Cardiologia24

Fev2018

Questionado sobre o porquê das Caldas

da Rainha para exercer a sua profissão,

Ernesto Carvalho responde prontamente:

“sou e serei sempre um homem e um mé-

dico da e de província, um apaixonado

pela região Oeste, única razão para exer-

cer Cardiologia no concelho onde nasci”.

E continua: “hoje considero a clínica e a

relação médico-doente o pilar essencial

para o exercício da Medicina e da Cardio-

logia em particular, embora os exames

complementares de diagnóstico sejam

fundamentais para um perfeito diagnósti-

co”.

Quando o abordamos acerca do com-

bate às doenças cardiovasculares na re-

gião Oeste, salienta que este é um dos

pilares da sua atividade, quer em pre-

venção primária, quer na prevenção se-

cundária, tentando manter um diálogo

constante com a Medicina Geral e Fa-

miliar. “É importante desfazer equívo-

cos e sensibilizar particularmente os

doentes para o tratamento da dislipidé-

mia e da hipertensão arterial”. Neste

contexto, acrescenta ainda: “Não há

dúvida de que o tratamento não-farma-

lhores estratégias terapêuticas”, pelo que “fazemos, com alguma periodicidade, re-uniões com outras especialidades sendo importante uma partilha de conhecimen-tos entre os profissionais de saúde. Hoje, existem normas de orientação terapêutica que defendem como valores normais pa-ra a pressão arterial 120/80 mmHg e que dão importância a medições da pres-são arterial no domicílio”.

No nosso diálogo com Ernesto Carva-lho, refletimos ainda sobre a existência de fatores de risco para o tratamento da doença cardiovascular, bem como sobre o que se tem feito na região Oeste. “É im-portante o diagnóstico dos fatores de ris-co da doença cardiovascular e temos efe-tuado algumas palestras e dado algumas diretrizes com ênfase para a dieta medi-terrânea, o combate à obesidade e a ces-sação tabágica e diabetes, tendo uma boa relação com a consulta de cessação tabá-gica e com os diabetologistas”. Mas a maior mensagem é que “o tratamento não-farmacológico e farmacológico de hi-pertensão arterial diminuem o risco car-diovascular”.

Posto isto, “tentamos também morali-zar os nossos doentes que a perda de peso, a diminuição de ingestão de sal e

o exercício físico são um dos pilares pa-ra o tratamento da hipertensão arte-rial”. Nesse âmbito, é fundamental não esquecer a importância da realização de alguns exames complementares de diag-nóstico, nomeadamente as análises “di-tas de rotina”, que devem incluir o he-mograma completo, glicemia, “ficha li-pídica”, estudo da função renal e da função tiroideia, bem com o eletrocar-diograma, o Mapa e, ainda, o ecocar-diograma.

Quando o questionamos em relação ao futuro da Cardiologia na região Oes-te, o nosso entrevistado revela ser “um otimista por natureza”: “Gosto muito da região Oeste e faço votos para que o poder político olhe para esta região”. Para terminar, deixa outra reflexão: “o balanço da atividade da Cardiologia na região Oeste é positivo e considero-me recompensado pelo meu esforço e dedi-cação – é claro que ainda há muito por fazer e para realizar, mas tenho espe-rança no futuro”.

cológico e farmacológico está associado a uma redução do risco cardiovascular e dos eventos ‘major’ vasculares - redução de LDL-C - como é evidente baseado em diversos estudos multicêntricos. “Tento sempre passar a mensagem de que a redução da LDL-C é proporcional à redução dos eventos cardiovasculares na prevenção secundária – morbilidade e mortalidade – não podendo haver equívocos”.

Por outro lado, e quando lhe pergunta-mos sobre a hipertensão arterial na re-gião Oeste, o especialista responde que o seu controlo “passa por escolher as me-

Ernesto Carvalho nasceu em 1956 em Salir do Porto, então freguesia do concelho de Caldas da Rainha – que deixou, em 2013, de ser freguesia por uma decisão política discutível – onde fez alguns dos anos de instrução primária. Após terminar o curso de Medicina, Ernesto Carvalho escolheu a Cardiologia por ser – no seu entender – uma área aliciante, com enorme dinamismo e em permanente evolução.

A Cardiologia na região Oeste

CARDIOLOGIA• Electrocardiograma • Ecocardiograma

• ECG com Prova de Esforço • Mapa • Holter

OUTRAS ESPECIALIDADES• Cirurgia Vascular • Cirurgia Geral • Clinica Geral e Medicina Familiar• Dermatologia • Endocrinologia • Pneumologia • Medicina no Trabalho

• Medicina Interna • Nefrologia • Neuropsicologia• Ortopedia • Psicologia Clinica

• Psiquiatria • Reumatologia • Urologia

Consultórios Médicos das Caldas da Rainha, Lda.Tel.: 262 840 390

“Considero a relação médico-doente o pilar essencial para o exercício da Medicina e da Cardiologia em particular”

“É importante desfazer equívocos e sensibilizar particularmente os doentes para o tratamento da dislipidémia e da hipertensão arterial”

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SaúdeCedima 25

Fev2018

A Cedima foi criada em 1992, tendo como socios os médicos radiologistas Dr. Francisco Rita, o Dr. Vinagre e eu pro-prio, com um único sonho: ser numa re-ferência na área da imagiologia na zona Oeste. A área de influência desta unidade estendeu-se durante vários anos aos dis-tritos de Leiria, Santarém e região de Tor-res Vedras, tendo nomeadamente dado suporte de exames ecográficos e de TAC aos hospitais de Santarém, Tomar, Abran-tes, Leiria, Peniche, Alcobaça, Caldas da Rainha, Torres Vedras e Nazaré. Em 1996, a Cedima ganhou o concurso pú-blico para instalação de um aparelho de TAC no Serviço de Imagiologia do Hospi-tal de Santarém, em regime de explora-ção privada, concorrendo, entre outras, contra uma das empresas mais prestigia-das no distrito de Lisboa: o IMI.

Neste mesmo ano, a Cedima instala um aparelho de Ressonância Magnética, na Rua Capitão Filipe de Sousa, dado o Montepio Rainha D. Leonor – onde de-sempenhava a sua atividade – não lhe po-der disponibilizar o espaço necessário. Em 1998, instala neste local um segundo

gicos, tendo em conta o grupo em que es-tá integrado. Neste momento, em Caldas da Rainha realizamos exames de Ecogra-fia, Eco doppler cardíaco e vascular, TAC, Osteodensitometria, Ortopantomografia, Mamografia, Estudos Mamários e Citolo-gias/histologias. Atualmente, a ressonân-cia magnética é efetuada em Leiria ou em Lisboa, marcada através dos nossos servi-ços. O estudo das coronárias por TAC pode ser feito num equipamento topo de gama no IMI República em Lisboa. Tam-bém fazemos colonoscopia por TAC nas Caldas da Rainha.

Temos, neste momento, a trabalhar connosco um grupo de cardiologistas, in-cluindo a cardiologia pediátrica e cirur-giões vasculares de grande qualidade, oriundos de unidades hospitalares da Grande Lisboa. Além dos estudos ecográ-ficos com doppler destas especialidades, possuímos também há algum tempo Hol-ter e Mapa e respetivos eletrocardiogra-mas. Fazemos igualmente provas de es-forço.

Qualidade e parceriasA Cedima foi, desde sempre, pioneira

nas novas tecnologias radiologicas no Oeste, tendo instalado os primeiros equi-pamentos de imagiologia. Apraz-nos in-formar que os nossos patrões têm-nos ajudado a manter o nível tecnologico, da-do que recentemente instalámos um ma-mografo digital, mais dois equipamentos de topo de gama de ecografia.

Registo, com profundo regozijo, que continuamos a ser procurados não so pelos Caldenses, mas por inúmeros pacientes desta extensa zona Oeste, desde Alcobaça a Torres Vedras. Que-ro salientar que a Cedima é um impor-tante parceiro do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que a esta recorre frequentemente como parceiro com-plementar de retaguarda, de grande ri-gor, qualidade e disponibilidade para o diálogo clínico. Durante anos, mantive uma reunião às terças-feiras na Medi-cina e na cirurgia, para discussão de casos clínicos.

Neste contexto, a associação mutualista Montepio Rainha D. Leonor tem sido um parceiro muito importante para nos. Pos-so afirmar – com grande convicção – que tem sido um casamento feliz e com votos recentemente renovados para o futuro, a bem – no meu entender – da saúde da po-pulação.

O futuroAs perspetivas parecem-nos muito ri-

sonhas, tendo em conta que, num futu-ro proximo, a parceria entre Cedima e Montepio Rainha D. Leonor vai melho-rar, com a mudança para as novas insta-lações adquiridas pela associação mu-tualista, em que a Cedima vai instalar uma unidade com as diferentes valên-cias da imagiologia, incluindo ressonân-cia magnética. A parceria foi agora re-forçada por mais 20 anos e representa-rá um investimento adicional de 1M€ em 2020. Assim sendo, as condições de atendimento vão pautar-se ao nível das melhores unidades de Saúde em Portu-gal. Posto isto, tenho muita confiança no futuro, dado que continuaremos a ter as melhores instalações, com equi-pamentos de nova geração e a melhor equipa.

aparelho de TAC, assim como um tercei-ro ecografo. Em 2003, adquire instala-ções concebidas especialmente para esta área de atividade, na Rua 31 de Janeiro em Caldas da Rainha, nas quais se encon-tra até à data, apesar de ter tido de sacri-ficar o equipamento de Ressonância Mag-nética de corpo, devido a limitações de espaço. Em 2005, fomos integrados num grande grupo de Saúde, onde destacamos o IMI, com o qual mantínhamos relações cordiais desde longa data, mantendo-se no entanto o espírito inicial da Cedima.

Áreas de intervençãoA Cedima orgulha-se de ter um corpo

clínico de grande qualidade nas diferentes áreas da imagiologia. Os cardiologistas que trabalham connosco são uma refe-rência para nos, bem como os cirurgiões vasculares. Todos os nossos médicos têm origem em serviços de Radiologia hospi-talares de referência em Lisboa e Coim-bra.

A Cedima consegue fornecer pratica-mente todos os tipos de exames imagiolo-

Em entrevista ao Perspetivas, o Dr. Alves Dias apresenta o trabalho desempenhado pela Cedima, enfatizando a sua política de qualidade e as parcerias-chave.

25 anos na vanguarda da Imagiologia

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Saúde Associação Mutualista Montepio Rainha D. Leonor26

Fev2018

João Marques Pereira (presidente do Conselho de Administração), José Manuel Netas e António Graça Santos (vogais) falam-nos da missão e trabalho desenvolvidos pela associação mutualista Montepio Rainha D. Leonor e, mais concretamente, pela sua Casa de Saúde.

nismo que passou a fornecer, aos associa-dos e restante comunidade, toda uma sé-rie de novas valências e infraestruturas, entre as quais se chegou a incluir a pri-meira maternidade existente no concelho (entretanto encerrada). Volvidas cinco dé-cadas, no entanto, o leque de cuidados e serviços médicos proporcionados é mais amplo do que nunca, sendo a Casa de Saúde sobejamente reconhecida pela qualidade e modernidade dos mesmos.

Serviços de saúde e bem-estarConsciente da importância de unir es-

forços tendo em vista uma maior amplitu-de de soluções, desde a primeira hora que a instituição apostou no estabelecimento de relações de parceria com diferentes serviços médicos e agentes do setor. A tí-tulo de exemplo, os nossos interlocutores destacam o trabalho desempenhado na Unidade de Imagiologia, para o sucesso da qual não têm sido pequenos os esfor-ços de constante atualização tecnológica levados a cabo pela Cedima, Lda. (empre-sa parceira, inserida no grupo IMI – Ima-

gens Médicas Integradas). Mais do que “assegurarem todas as exigências técni-cas e humanas que são necessárias” para atender à elevada procura em torno dos variados meios auxiliares de diagnóstico, estes constituem-se – nas palavras de João Marques Pereira – como “parceiros de primeira linha, nomeadamente pela expansão e cobertura que fazem do terri-tório nacional”.

Mas a ligação que a associação mutua-lista Montepio Rainha D. Leonor tem vin-do a estabelecer também, num amplo le-que de Consultas de Especialidade, ali-mentadas por um corpo clínico que, de forma regular, colabora com a instituição. Neste contexto – e dentro de um universo que, entre muitos outros serviços, inclui a Cardiologia, a Neurologia, a Cirurgia Plástica, a Nutrição, ou a Ortopedia – “existe uma área em que somos muito fortes não apenas a nível regional, como também nacional: a Gastroenterologia”, esclarece José Manuel Netas.

A este respeito, “temos uma unidade de técnicas endoscópicas (convencionada com o SNS) para endoscopias digestivas altas e colonoscopias que é das maiores, a nível nacional, em termos de número de exames realizados”, acrescenta o porta--voz, confirmando que o trabalho desen-volvido em torno desta especialidade se-rá, juntamente com o supramencionado serviço de Imagiologia, “dos pontos de re-ferência da nossa instituição”. Já em regi-me de funcionamento diário entre as 8h00 e as 22h00, a Casa de Saúde ofere-ce um Serviço de Atendimento Alargado, através do qual é possível o acesso a con-sultas de Clínica Geral e de enfermagem, sem marcação prévia, bem como a trata-mentos de urgência.

Paralelamente, no entanto, a Casa de Saúde encontra-se equipada com uma área de Internamento (dispondo de 37 ca-

Fundado há 157 anos, o Montepio Ra-inha D. Leonor é uma associação mutua-lista cuja missão e consequente papel so-cial se tem vindo a confundir, mediante largas décadas de história, com o próprio desenvolvimento do concelho das Caldas da Rainha, onde esta instituição abriu portas e ainda hoje permanece. Pura-mente indissociável do culminar desse es-tatuto tem sido o trabalho desempenhado pela Casa de Saúde, uma infraestrutura cuja origem remonta aos princípios do sé-culo XX. Assim sendo, e numa conjuntu-ra em que o apoio social prestado a mu-lheres viúvas ou a crianças órfãs era nulo, a associação mutualista assumiu como seu dever proporcionar a melhor assistên-cia que os seus meios lhe permitissem.

Pioneira por natureza, a generosidade destes atos sociais paulatinamente se foi multiplicando por novos tipos de respos-tas, entre os quais se passaram a incluir serviços de enfermagem e consultas mé-dicas. Mas se existe um período marcante no historial da Casa de Saúde, tal corres-ponderá a 1960, ano em que foram inau-guradas as atuais instalações de um orga-

mas), no que corresponde a outra das suas mais importantes valências. Consti-tuída por dois pisos, e assegurada por uma equipa de médicos internistas que garante uma cobertura médica 24 horas por dia, esta é uma resposta que – num protocolo celebrado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo – inclui uma Unidade de Convales-cença inserida na Rede Nacional de Cui-dados Continuados Integrados com 12 camas, para períodos de internamento até 30 dias. Anexo a estas instalações existe, por sua vez, um pequeno ginásio de Fisioterapia, que permite o acompa-nhamento, por parte de uma equipa de especialistas, dos utentes internados.

Já funcionando em regime de ambula-tório, o Centro de Medicina Física e de Reabilitação consiste, por outro lado, num serviço (convencionado com o SNS) com capacidade para 125 utentes diários, afirmando-se como outra importante re-ferência para a região – tal como se afigu-ra, de resto, o funcionamento da sua far-mácia hospitalar, ao abrigo da qual o Montepio Rainha D. Leonor tem proto-coladas relações diretas com alguns labo-ratórios do setor, permitindo-lhe comprar medicação ao melhor preço de mercado.

Respostas sociaisEspecialmente atento às necessidades e

características da região, bem como ao imperativo de contribuir para a qualidade de vida da população idosa, o Montepio Rainha D. Leonor é proprietário do Cen-tro de Apoio aos Idosos Dr. Ernesto Mo-reira, uma estrutura residencial capacita-da para 60 utentes e convencionada com a Segurança Social. Lembrando que esta é uma unidade devidamente preparada para acolher pessoas com elevados graus de dependência proporcionando-lhes um

A excelência ao serviço da saúde e bem-estar

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SaúdeAssociação Mutualista Montepio Rainha D. Leonor 27

Fev2018

medida em que “existe um acompanha-mento paliativo que é feito até ao final da vida das pessoas, sempre com dignida-de”, no que corresponde a um contributo social de extrema importância”.

Fatores como este ajudam a explicar o porquê de uma associação mutualista co-mo o Montepio Rainha D. Leonor – com cerca de oito mil sócios ativos, no que corresponde a mais de 25% da população caldense – se ter transformado “numa marca” que tem vindo a atravessar gera-ções, “havendo uma ligação entre ela e as pessoas que é completamente diferente da relação que se tem com outras institui-ções”, sintetiza António Graça Santos.

Um projeto de futuroConsciente da necessidade de melhorar

a sua capacidade de resposta, permitindo não apenas a satisfação da comunidade e do corpo clínico, como também a máxi-ma rentabilização possível dos novos meios e progressos tecnológicos, a admi-nistração do Montepio Rainha D. Leonor assumiu um importante passo estratégico rumo a um futuro que “lançará a Casa de

acompanhamento permanente, carinho-so e digno, José Manuel Netas constata que “em 2017, a idade média dos nossos utentes rondava os 87 anos”, evidencian-do as vantagens da íntima ligação entre esta resposta social e a Casa de Saúde.

Sempre num esforço para complemen-tar o seu conjunto de serviços, o Monte-pio Rainha D. Leonor é também proprie-tário de um Condomínio Residencial, constituído por 95 apartamentos autóno-mos de tipologia T0 ou T1. Originalmen-te pensadas com o intuito de “oferecer uma solução a pessoas que tivessem ne-cessidade de uma eventual institucionali-zação, mas para as quais o Lar pudesse não ser a resposta ideal”, estas residên-cias permitem aos seus residentes o con-fortável acesso a variáveis Serviços de Apoio Domiciliário (da alimentação e lim-peza do espaço à administração de medi-camentos ou higienização), bem como a cuidados permanentes de enfermagem.

Uma marca na comunidadeEmpregando atualmente um total de

220 colaboradores, o Montepio Rainha

Saúde para mais 50 a 60 anos”: a aquisi-ção, já protocolada, das instalações da EDP situadas na entrada sul da cidade, que serão posteriormente requalificadas, prevendo-se que a eventual inauguração da nova unidade de saúde possa coincidir com o 160º aniversário da associação mutualista, em março de 2020.

Dividido em sete pisos, e descrito como “um edifício muito vantajoso do ponto de vista estrutural”, o futuro hospital privado permitirá que a instituição reforce não apenas o pioneirismo que sempre a ca-racterizou, mas também a relevância das parcerias já firmadas. A comprová-lo, im-porta ressalvar que o serviço de Imagiolo-gia (a operar com o apoio da já mencio-nada Cedima/Grupo IMI) receberá uma “gama completa de novos equipamentos, incluindo algo que ainda nem nós, nem Caldas da Rainha, temos: a Ressonância Magnética”, completa João Marques Pe-reira antes de concluir que o principal be-nefício desta evolução será o reforço da-quilo que considera mais importante: “a qualidade” do serviço e de uma missão que, atravessadas tantas décadas, ainda permanece.

D. Leonor goza de um incontornável pa-pel social que tem vindo, todavia, a reno-var-se com o surgimento de novas con-junturas e desafios – sejam estes no âmbi-to da saúde e bem-estar, sejam na dimen-são social. Nesse contexto, “e embora se verifique uma proliferação, a nível regio-nal, de clínicas e outras unidades de saú-de, continuamos a sentir imensa procura e a necessidade de desenvolver mais e melhores espaços para prestar os nossos serviços”, revela João Marques Pereira, que sublinha também o papel de “com-plementaridade” assumido pela Casa de Saúde às instituições do SNS, quer no concelho das Caldas da Rainha, quer em territórios limítrofes como Bombarral ou Óbidos.

Ainda a este respeito, José Manuel Ne-tas salienta o facto de o Montepio Rainha D. Leonor ser o detentor, no concelho, da única infraestrutura privada com modali-dade de internamento e bloco operatório. Lembrando que “os critérios para manter um doente internado numa unidade hos-pitalar pública são muito restritivos”, o porta-voz assegura que a Casa de Saúde oferece uma importante alternativa, na

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Saúde Ortholab28

Fev2018

Uma intervenção baseada na cooperação

Situada nas Caldas da Rainha, e pro-pondo à comunidade uma resposta dife-rente dos padrões típicos de saúde e bem-estar proporcionados no concelho, a Ortholab é uma clínica fortemente es-pecializada no universo da Ortopedia e da Fisioterapia, seguindo uma filosofia de trabalho muito própria, que remonta à génese do espaço (de portas abertas desde 2006) e que se tem vindo a solidi-ficar ao longo do tempo. Para o sucesso de um plano de atuação como este, não será pequeno, todavia, o especial con-tributo de um corpo clínico caracteriza-do não apenas por uma larga experiên-cia profissional na área, mas também pelos continuados esforços de conver-gência entre diferentes disciplinas médi-cas e científicas.

pós-cirúrgicas (sejam estas artroplastias do joelho, da anca ou do ombro, sejam ligamentoplastias ou cirurgias menis-cais) ou na intervenção sobre alterações crónicas da coluna vertebral algumas das suas principais áreas de atuação.

Mas se patologias como as hérnias dis-cais, as tendinopatias ou os problemas crónicos da coluna vertebral correspon-dem a alguns dos focos típicos a que uma clínica como a Ortholab procura dar res-posta, será lícito salientar que “o modo como eles são aqui abordados não será, porventura, assim tão convencional”, res-salva Carlos Cruz. Mais concretamente, o diretor clínico salienta o facto de os trata-mentos de Fisioterapia decorrerem sem-pre em gabinetes individuais e caracteri-zados pela garantia de privacidade, na medida em que cada especialista deposita toda a sua atenção e esforço na recupera-

ção de um só paciente (ao invés de inter-vencionar sobre vários em simultâneo).

Igualmente decisiva, por outro lado, é a preocupação de “tentarmos obter o maior resultado possível, mediante o menor número de sessões”, enfatiza Carlos Cruz, antes de acrescentar que este acompanhamento – devidamente adaptado às necessidades e característi-cas do utente em questão – “oferece re-sultados de outra natureza”, que se re-velam simultaneamente eficazes e mais económicos. Por outro lado, e na medi-da em que “uma sofisticação técnica muito elevada per se não garante quais-quer resultados, seja em que área for”, é política da Ortholab privilegiar elemen-tos como a terapêutica manual, devida-mente alicerçada na elevada formação profissional do seu corpo clínico.

A relação com o pacienteSe há um elemento absolutamente

indissociável do modus operandi assu-mido na Ortholab tal corresponde à im-portância de uma boa relação e comuni-cação entre o especialista e o paciente, mediante um acompanhamento que se pretende individualizado e, acima de tu-

Incluídos nesse mes-mo leque de especialis-tas, poderemos encon-

trar nomes marcan-tes da Ortopedia na-cional, tais como os de Carlos Cruz (que tem vindo a diferen-ciar-se nas áreas de artroplastia total da anca, artroplastia to-tal do joelho e na re-

visão de artroplastias que entram em falên-

cia) e Tiago Marques (mais centrado na patologia desportiva relacionada com o ombro e o joelho). Por ou-tro lado, e já no âmbito da Fisioterapia, importa ressal-var o contributo de profis-

sionais como Nídia Santos ou Fábio Silva, em cujo corpo de conhecimentos se in-cluem formações adicionais em Osteopa-tia e em Reeducação Postural Global.

Diferenciação no acompanhamento

Procurando oferecer um acompanha-mento específico em áreas determinan-tes – tais como a patologia degenerativa do ombro, do joelho e da anca, bem co-mo a recuperação cirúrgica a elas subja-cente – a Ortholab caracteriza-se ainda pela especial atenção que é atribuída ao doente em toda a sua dimensão huma-na. Semelhante filosofia exprime-se, de resto, na Fisioterapia aqui exercida, que encontra na reabilitação de condições

A Ortholab aposta numa Ortopedia e numa Fisioterapia marcadas por uma abordagem diferenciada, em que a importância de uma recuperação atempada, o respeito pelas etapas de todo este processo e a colaboração com o paciente se revelam essenciais para o alcance do bem-estar.

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SaúdeOrtholab 29

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diamente irá, inevitavelmente, sofrer com isso”, vaticina o especialista. Por outro lado, afirma-se igualmente decisi-vo que o fisioterapeuta e o paciente possam estabelecer, em sintonia, qual a expectativa e objetivos que se visam al-cançar ao longo de todo este processo e, concomitantemente, “definir o cami-nho que será traçado para lá chegar no período mais curto de tempo que seja possível”.

São, em suma, três os grandes vetores ao abrigo dos quais se torna possível asse-gurar um seguro retorno do paciente ao seu bem-estar: um início atempado, o res-peito pelo rigor na manutenção e evolu-ção da recuperação e, por fim, a plena colaboração do doente. Intimamente liga-dos pela sua natureza, estas correspon-dem a práticas asseguradas (e constante-mente aprimoradas) no dia-a-dia da Or-tholab.

do, transparente em nome de uma recu-peração célere que permita o retorno ao bem-estar e à qualidade de vida. Pa-ra a prossecução deste objetivo há, to-davia, um primeiro passo que se afigura essencial: “é necessário compreender-mos o que provocou um determinado problema e que fiquemos a conhecer al-gumas das suas especificidades”, na me-dida em que “a mesma patologia pode apresentar-se de forma algo diferente consoante o doente”, esclarece o nosso interlocutor.

Neste contexto, e mais decisiva do que a realização de múltiplos testes clínicos ou a administração de um tratamento de ca-riz estandardizado, é valioso o tempo que o fisioterapeuta e o paciente partilham na simples troca de informações e resulta-dos. De facto, “algum do nosso tempo é passado a conversar com os doentes e a escutá-los, algo que infelizmente parece

Desafios e futuroQuestionado sobre quais os principais

desafios que antecipa no contexto da sua especialidade médica, bem como em todo o âmbito de atuação que diz respeito à clí-nica caldense, Carlos Cruz é perentório ao afirmar que as incógnitas do futuro se poderão dividir em dois grandes fatores. Um deles diz respeito ao envelhecimento da população e consequente aumento da esperança média de vida, que tem vindo a refletir-se também no nosso país, acarre-tando novos fenómenos e expectativas que no início do século ainda não se adi-vinhavam no contexto da Ortopedia. A tí-tulo exemplificativo, o especialista salien-ta o facto de doentes em faixas etárias ca-da vez mais avançadas requererem inter-venções cirúrgicas que outrora não seriam equacionadas.

Já um segundo aspeto que também se adivinha desafiante para os profissionais da Ortholab corresponde à crescente exi-gência, por parte de doentes de meia-ida-de portadores de problemas degenerati-vos, de uma intervenção cirúrgica de re-sultado funcional mais imediato, que a classe médica procura protelar até idades mais avançadas, proporcionando trata-mentos de natureza mais intermédia mas funcionalmente mais insatisfatórios, na expectativa de manterem uma melhor qualidade de vida. No fundo, “julgo que o maior desafio que se coloca no contexto da Ortopedia é a mudança de paradigma dos nossos doentes”, finaliza o nosso in-terlocutor.

www.ortholab.pt

estar a cair em desuso na prática médi-ca”, lamenta Carlos Cruz. Não questio-nando que esta corresponde a uma filoso-fia que “exige tempo” da parte dos profis-sionais, os resultados assumem-se, por seu turno, evidentes: “se a pessoa não de-senvolve nenhuma empatia com o médi-co ou o fisioterapeuta, a confiança não existe e o próprio doente acaba por cola-borar pouco na sua recuperação ou por fazê-la cheio de dúvidas e interrogações”, conclui o porta-voz.

Posto isto, e uma vez constatado que “o exercício da Medicina não consiste apenas em debitar conhecimentos cien-tíficos altamente sofisticados”, Carlos Cruz acredita que também o processo de recuperação de cada doente deve ser considerado ao abrigo de circunstâncias próprias. “É muito importante saber quando uma recuperação deve ser ini-ciada, pois uma que seja efetuada tar-

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Educação

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A Fundadora da QES, como súbdita britânica, pretendia que as tradições culturais do Reino Unido não se per-dessem, pelo que fazem parte da cul-tura desta escola, a celebração do “Guy Fawkes”, “Remembrance Day”, “St George’s Day”, “Sports Day” e nos últimos anos o “Halloween”; bem como, a realização do “Nativity Play”, uma peça de Natal escrita por Denise Lester em Inglês, que é apresentada nessa língua pelos alunos do 4º ano aos encarregados de educação inte-grando os cânticos de Natal “Christ-mas Carols”.

ção de um modelo integrado de ensino bi-lingue, português-inglês, com recurso a um sistema de imersão parcial, nas valên-cias de berçário, creche, educação pré-es-colar e na utilização de uma metodologia inovadora aplicada em alguns países da União Europeia no domínio da Aprendi-zagem Integrada de Línguas e Conteúdos (AILC) – Content and Language Integra-ted Learning (CLIL), que associa a apren-dizagem de uma segunda língua ao ensino de certos conteúdos disciplinares e temá-ticas transversais a todas as áreas curricu-lares, do programa oficial português, sen-do uma mais-valia e um fator de diferen-ciação.

No 1º ciclo do ensino básico, os alunos da Queen Elizabeth’s School, são prepa-rados para realizarem com sucesso os exames das disciplinas Primary Maths, Primary Science e Primary English as a Second Language do Programa Primário Internacional de Educação da Universida-de de Cambridge (http://www.cambrid-geinternational.org/), em complementa-ridade com o programa oficial português do 1º Ciclo do Ensino Básico. O número total de horas semanais de Inglês, incluin-

do as duas horas semanais contempladas para a disciplina dessa língua no currículo nacional para o 1º ciclo do ensino básico, é de nove horas e meia. A acrescer a este número a Queen Elizabeth’s School ainda tem a funcionar, duas a três vezes por se-mana, os Clubes de Inglês para os atuais e antigos alunos que proporcionam o aperfeiçoamento e desenvolvimento de certas competências linguísticas, assim como a preparação para os exames: Cambridge Primary Checkpoints, Integra-ted Skills in English do Trinity College London (ISE I, ISE II), Graded Examina-tions in Spoken English (GESE VII), First Certificate (FCE), Certificate in Advanced English (CAE) e Certificate of Proficiency in English (CPE) da Universidade de Cam-bridge, correspondentes aos níveis A2, B1, B2, C1 e C2 do Quadro Europeu Co-munitário de Referência para as Línguas (QECR).

O ensino do Inglês na educação pré--escolar é validado internacionalmente pelo exame de Artes Performativas

Embora a maioria dos alunos da Queen Elizabeth’s School sejam crianças portu-guesas ou nativas da língua inglesa, a mesma tem vindo a receber cada vez mais alunos de outras nacionalidades, devido à crescente internacionalização do merca-do de trabalho de uma economia global.

Ensino Bilingue Português-Inglês

O Projeto Educativo da Queen Elizabeth’s School assenta no estreita-mento dos laços históricos e culturais en-tre Portugal e o Reino Unido, e na ado-

A Queen Elizabeth’s School (QES) foi concebida em 1935, como um estabelecimento de ensino inglês, para crianças portuguesas e nativas da língua inglesa residentes em Portugal. Os ideais que a fundadora, Miss Margaret Denise Eileen Lester preconizou, consistem na promoção de uma educação bilingue desde tenra idade, em que as crianças estudem aquelas duas línguas e simultaneamente se familiarizem com a cultura e história desses países de uma forma natural em ambiente escolar, constituindo esta instituição mais um elo na aliança luso-britânica que há tantos anos une os povos do Reino Unido e de Portugal.

A Riqueza da Diversidade Cultural

Testemunho de uma aluna chinesaA primeira vez que eu saí de China e vim para Portugal, eu tinha nove anos. Quan-

do eu entrei no colégio, os colegas, os professores e diretores foram muito simpáticos. Antes eu tinha um pouco de medo, agora já passou.

Nas aulas, os professores ajudaram-me a ler e escrever. Depois das aulas os meus co-legas gostavam muito de brincar comigo e convidavam-me para as festas.

Eu gosto muito do Natal porque fizemos o “Nativity Play” com todos os colegas. Pas-saram uns anos, e já estou no quinto ano, noutro colégio. Eu tenho saudades dos meus amigos e professores.

Gosto muito da Queen Elizabeth’s School.Emília

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“Trinity Stars: Young Performers in En-glish Award” (Stage III) do Trinity Colle-ge London e no 1º Ciclo pelos “Young Learners English Tests” (Starters, Mo-vers e Flyers) da Universidade de Cam-bridge, correspondentes aos níveis A1 e A2 do QECR.

Na área da Educação e Expressão Musical, a Queen Elizabeth’s School é parceira da Foco Musical, sendo esta membro da Associated Board of the Ro-yal Schools of Music (ABRSM https://us.abrsm.org/en/home), líder mundial na área de avaliações e exames de mú-sica, investida da autoridade de quatro dos mais destacados conservatórios do Reino Unido – Royal Academy of Music de Londres, Royal College of Music de Londres, Royal Northern College of Music Manchester e Royal Scottish Aca-demy of Music and Drama, Glasgow. A Queen Elizabeth’s School tem proposto alunos com êxito a estes exames na ini-ciação à aprendizagem de um instru-mento musical, piano e guitarra clássi-

ca, no nível preparatório e primeiro grau.

Num percurso educativo de qualidade é essencial descobrir vocações, estimular os discentes a desenvolver todo o seu poten-cial nas várias áreas, responsabilizá-los pelas suas aprendizagens e pela constru-ção do seu saber de forma a que se sin-tam valorizados, motivados e realizados a nível pessoal.

A Queen Elizabeth’s School tem dado, desde sempre, muito valor à Expressão Dramática e Musical como um instrumen-to de excelência na aprendizagem da lín-gua inglesa, um desafio para abraçar no-vas iniciativas, projetos, descobertas e um incentivo à criatividade.

A Queen Elizabeth’s School tem par-ticipado em parcerias no âmbito de pro-gramas de intercâmbio educativo e cul-tural a nível nacional e internacional, é membro do Instituto Britânico no Pro-grama de Parceria de Exames denomi-nado “Addvantage”, Centro de Exames do Trinity College London, Cambridge

International School, Cambridge Pri-mary School e Exam Preparation Cen-tre da Cambridge English.

Educação para os valores

A política educativa desta escola cen-tra-se numa boa formação de base, res-peitando a individualidade do aluno e potenciando o seu desenvolvimento in-tegral na componente física, intelectual, espiritual, estética, cívica, do pensa-mento crítico, da flexibilidade mental e da capacidade de adaptação às novas tecnologias; tendo como objetivo pri-mordial preparar os seus alunos para o exercício de uma cidadania ativa e res-ponsável numa sociedade cada vez mais global e inclusiva.

A Queen Elizabeth’s School é uma esco-la católica que prepara os seus alunos para os Sacramentos da Iniciação Cristã; contu-do, todas as outras confissões religiosas são respeitadas e aceites. A educação para os

valores faz parte integrante do projeto edu-cativo desta escola, assim como a promo-ção do diálogo inter-religioso.

A Fundação Denise Lester e a Queen Elizabeth’s School, têm vindo a desen-volver vários projetos na área da educa-ção para a cidadania e da proteção dos direitos humanos, nomeadamente, na colaboração com algumas organizações não-governamentais e instituições de solidariedade social, em campanhas de sensibilização para angariar fundos e géneros alimentares para lares de ter-ceira idade, centros de apoio a crianças desfavorecidas e a pessoas portadoras de deficiência.

Na sua ação educativa, a Queen Elizabeth’s School promove valores de so-lidariedade, tolerância, paz e amor num mundo caracterizado pela riqueza da di-versidade cultural, sensibilizando os seus alunos para o papel preponderante da so-ciedade civil como força que dá expressão às necessidades de interesse geral dos ci-dadãos num Estado de Direito.

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Testemunhos de antigos alunos que estudam nos Clubes de Inglês da QES (Ensino Secundário)

Os meus anos no Queen foram cheios de experiências alegres e surpresas diver-tidas. Com a ajuda dedicada dos professores e auxiliares, a minha infância foi completa e feliz. A minha aprendizagem no campo da Língua Inglesa proporcio-nou-me a oportunidade de atingir resultados escolares excecionalmente bons.

As diversas atividades propostas pela escola durante os sete anos em que fui alu-no ofereceram-me a convicção, a eloquência e astúcia que hoje me ajudam no mundo académico, e certamente me ajudarão na minha futura vida profissional.

Para além disso, o acompanhamento da escola após o ensino primário, através das atividades extracurriculares do Clube de Inglês, foi crucial para o meu sucesso em provas importantes como o Certificate in Advanced English (CAE) da Cam-bridge University.

Em suma, a minha educação no Queen tem sido essencial para me delinear co-mo pessoa.

João, Rafael, Ana, Amélia

Intenções dos alunos do 3º ano aquando da Canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto

“Jesus, Peço-te para ter um bom dia e agradeço-Te por tudo. Desejo uma boa e santa pe-

regrinação a Fátima para o Papa Francisco e que o ajudes a ter coragem para enfren-tar e resolver as guerras nos países.”

Xavier

“Meu Deus,Peço que ajudes o Papa Francisco na sua grande missão, de ser o chefe da Igreja

Católica.”Margarida

“Senhor meu Deus,Obrigada pelo dia de hoje. Peço-Te que ajudes as pessoas com fome a terem comi-

da e que abençoes o Papa Francisco e o ajudes a cumprir a sua missão.”Swailla

Comemoração do Centenário das Aparições de Fátima – Trabalhos dos Alunos

“Pai Nosso,Peço-Te que protejas os que mais sofrem e que ajudes aqueles que têm dificuldades. Traz o amor ao mundo, querido anjinho da guarda. Por favor, protege o Papa Francis-co. Obrigado!”José

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Começou como “parte de um ideal e de um sonho” assumido por uma família e, volvidos 50 anos, o desejo de alcançar es-se desígnio permanece. Situado na Capa-rica, o Colégio Campo de Flores é uma instituição de ensino que sempre se sa-grou pelo pioneirismo, alicerçado na vir-tude de uma educação holística que fez deste espaço uma referência para todo o concelho de Almada. Descrita pelo atual diretor, João Rafael, como “uma escola aprendente e humilde”, este é um local consciente da vastidão do horizonte, abraçando essa mesma diversidade no contexto do seu projeto educativo.

De portas abertas desde 1967, o Co-légio Campo de Flores iniciou o seu pri-meiro ano letivo com um grupo de 150 alunos – número que não mais cessaria de crescer. Longe, todavia, de desenvol-ver um trabalho pedagógico uniforme e formatado, a escola soube reconhecer o valor das características individuais de cada criança, numa filosofia que se pre-

o trabalho e do seu perfil final”, revela o nosso interlocutor.

Arrojo curricularSe existe um aspeto que ao longo de

um historial de cinco décadas se revelou constante, tal corresponde à postura de inovação com que podemos caracterizar o trabalho do Colégio Campo de Flores. A título exemplificativo, João Rafael sa-lienta evoluções como a utilização de no-vos métodos pedagógicos para o ensino da Matemática no contexto pré-escolar e de 1º ciclo, bem como a importância atri-buída à consciência fonológica na apren-dizagem da leitura e da escrita.

Por outro lado, e aproveitando o conti-nuado contacto que esta instituição tem vindo a desenvolver junto de escolas além-fronteiras, o processo de aprender a ler é efetuado com o apoio de dois profes-sores, com o intuito de assegurar que a cada criança é prestado um cuidadoso

acompanhamento, independentemente do seu ritmo individual. Mas porque são já amplamente reconhecidas as mais-valias de estimular o desenvolvimento intelec-tual das crianças desde tenra idade, o en-sino do Inglês a partir dos três anos de idade corresponde a um dos mais recen-tes avanços pedagógicos assumidos pela escola.

Igualmente introduzida no âmbito do atual ano letivo (no seguimento de um de-safio colocado pelo Ministério da Educa-ção), a disciplina de Probótica – Progra-mação e Robótica permite que os estu-dantes que agora se iniciam no Ensino Básico desfrutem da possibilidade de ad-quirir importantes competências numa área científica em sintonia com o progres-so tecnológico. Semelhante imperativo conduziu, de resto, o Colégio Campo de Flores a recorrer, já em pleno Ensino Se-cundário, ao uso de manuais escolares em formato digital e à adoção do iPad como plataforma de aprendizagem.

Projetos para educarCiente da exigência e responsabilidade

de materializar um projeto educativo cuja abrangência tem vindo a crescer a cada ano – dizendo atualmente respeito a nada mais, nada menos do que 1.240 crianças e jovens –, esta é uma instituição de ensi-no predisposta a um constante esforço de auto-análise e evolução, revelando-se mais preocupada com “o apoio a todos os alunos, sem deixar nenhum para trás” do que a indicadores externos de classifi-cação. Por outro lado, e em sintonia com o princípio da formação integral, o Colé-gio Campo de Flores não subestima o co-nhecimento, experiência e vivências que podem ser adquiridos fora do tradicional contexto de sala de aula.

Não se poderia deixar de referir, como tal, a Cátedra do Tempo Presente/Pensar Global – uma carismática iniciativa da esco-

serva ainda hoje. Se há algo de que, neste contexto, João Rafael efetivamen-te se orgulha é “das flores coloridas, di-ferentes e multifacetadas” que ano após ano aqui se desenvolvem, proporcio-nando à instituição de ensino “uma ale-gria e alma enorme” – numa referência ao especial carinho nutrido pelas crian-ças e jovens que por aqui passam, rumo ao porvir.

Inicialmente vocacionado para o ensino pré-escolar, foi de modo gradual que o Colégio Campo de Flores alargou a sua oferta curricular atendendo às necessida-des da região envolvente. Posto isto, e uma vez alcançado o cinquentenário, esta é uma instituição capaz de proporcionar uma resposta de excelência aos patama-res do sistema educativo nacional que se estendem até ao Ensino Secundário. Sub-jacente a esta decisão, existiu uma persis-tente vontade de “completar o ciclo de es-tudos dos nossos alunos e garantir um acompanhamento mais próximo de todo

Mais do que um local onde se aprende, o Colégio Campo de Flores é uma instituição onde crescer é sinónimo de experimentar, desafiar e encarar o horizonte. Do ensino pré-escolar ao 12º ano, aqui formam-se as sementes que se traduzirão nas cores e pétalas do amanhã.

Uma educação holística

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siasmado com a possibilidade de “observar as práticas mais inovadoras e partilhá-las” com outras instituições, à medida que “so-mos desafiados a introduzir uma parte ou a totalidades das novas práticas e experiên-cias”. No seguimento dessa ação, o desen-volvimento de programas individuais de in-tercâmbio – que permitirão aos alunos o acesso a experiências curriculares em paí-ses como, por exemplo, Itália, Áustria, Po-lónia ou Finlândia – será outra das apostas assumidas por João Rafael.

O porvirPotenciando o seu legado de 50 anos,

o Colégio Campo de Flores é uma insti-tuição que procura e antecipa, com iguais doses de entusiasmo e ânsia, as vicissitu-des e desafios do amanhã. Longe, como tal, de querer praticar apenas “a inovação pela inovação”, não são poucos os para-digmas que se preparam para ser coloca-dos à prova nos próximos anos letivos, em nome de um processo de aprendiza-

la, mediante a qual os estudantes do Ensino Secundário são convidados a refletir e a de-senvolver o seu espírito crítico em torno de uma temática que, consoante o orador con-vidado, poderá relacionar-se com universos tão díspares quanto a Saúde, a Economia, a Política, a Sociedade ou a Globalização. Colocando a tónica em assuntos e persona-lidades exteriores ao ambiente escolar típi-co, a expectativa passa por contribuir para uma mais adequada preparação dos futuros cidadãos para uma informada e autónoma vida em sociedade.

Jamais descurado, por outro lado, é o desenvolvimento de protocolos com or-ganismos do Ensino Superior, ao abrigo dos quais os jovens têm a oportunidade de conceber – sempre monitorizados por um docente – um projeto de investigação científica em colaboração com departa-mentos de universidades associadas. De cariz pioneiro, esta corresponde a uma iniciativa que visa estreitar laços entre os estudantes em vias de concluir o 12º ano e a realidade que os aguarda nesse con-texto científico.

Claro está que um projeto educativo fo-cado apenas na componente intelectual revelar-se-ia profundamente incompleto. João Rafael faz, posto isto, uma especial referência ao projeto Consigo, no segui-mento do qual todos os alunos do ensino secundário têm de desempenhar 25 ho-ras de serviço comunitário por ano. Ten-do por objetivo despertar a consciência

gem cada vez mais completo e enriquece-dor. Essencial para tamanho propósito deverá ser, entre outras reformas curricu-lares, a introdução da disciplina de Filoso-fia em contexto de 1º ciclo, uma vez que “a capacidade de pensar e de dar-se tem-po para pensar é essencial”.

Por outro lado, e ao abrigo do Programa de Autonomia e Flexibilidade Curricular, é expectável que a tradicional divisão do ano escolar em trimestres possa vir a ser substi-tuída por uma organização do período leti-vo em dois semestres, dado que tamanha modalidade “permitiria trabalhar a avalia-ção de uma outra forma”, consubstanciada na “elaboração de menos testes”, bem co-mo na adoção de “estratégias mais qualita-tivas e formativas”. Ainda que em fase em-brionária, estas correspondem a algumas ideias que asseguram, acima de tudo, que “o compromisso com a inovação e a apren-dizagem será sempre contínuo” para que as flores, essas, continuem a ser tão coloridas, diversas e felizes como há precisamente 50 anos.

social, a solidariedade e o contacto huma-no, esta é uma iniciativa que une o Colé-gio Campo de Flores a instituições tais co-mo a Associação Almadense Rumo ao Futuro, o Centro Juvenil e Comunitário Padre Amadeu Pinto ou a pediatria do Hospital Garcia de Orta.

Horizontes além-fronteirasAberta a novos desafios e experiências,

esta é uma escola que tem vindo a cele-brar relações informais de parceria com algumas instituições de ensino estrangei-ras – nomeadamente em países como Holanda e Finlândia. Mais do que funcio-nar como um momento de relacionamen-to intercultural, esta afigura-se como uma inusitada “oportunidade de trocar impres-sões” com a realidade educativa aplicada no exterior. Encontros desta natureza “permitem que tenhamos a clara noção de que o Ensino Secundário em Portugal – especialmente na área das Ciências e Tecnologias – é mais exigente do que em qualquer país da Europa”, na medida em que os estudantes nacionais demonstram importantes doses de “maturidade, ambi-ção e capacidade de comunicação”.

O contacto com novos horizontes pro-mete, contudo, não ficar por aqui. “Con-corremos e ganhámos a candidatura a um projeto Erasmus+ subordinado ao tema A Diversidade e A Empregabilidade”, revela o diretor do Colégio Campo de Flores, entu-

Comemoração do 50ºaniversárioConferência “Só foco ou Sufoco no sucesso”

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Ensino Colégio Académico36

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Situado em pleno coração de Lisboa, o Colégio Académico é uma histórica insti-tuição de ensino, que mais do que poder orgulhar-se de um percurso de nove déca-das, tem vindo a contribuir – sempre com uma identidade muito própria – para questionar, testar ou alterar as típicas me-todologias e padrões educativos. Fazendo efetivamente de uma máxima como “Edu-car para a Mudança” a síntese de um tra-

balho iniciado no longínquo ano de 1926, esta corresponde a uma escola que tem vindo a rimar, nas últimas décadas, com o significado de uma verdadeira autonomia pedagógica.

Ciente de que o universo em sala de aula e o mundo exterior correspondem a contextos autónomos que se influen-ciam mutuamente, é através de fatores como o dinamismo e a inovação que o Colégio Académico tem vindo – mais particularmente ao longo dos últimos anos – a cimentar um estatuto de dife-renciação, assente na importância de bem preparar e adaptar as novas gera-ções para as vicissitudes de um futuro em constante evolução. Englobando atualmente cerca de 160 alunos (desde o nível de educação pré-escolar aos di-versos patamares do ensino básico), o alargar de horizontes, a promoção do humanismo e da singularidade de cada um são tão ou mais valiosos do que o mero sucesso curricular.

Combate ao paradigmaDe que forma poderíamos, posto isto,

caracterizar o projeto educativo do Co-légio Académico? O diretor da institui-ção, Duarte Paiva, começa por salientar que uma das “pedras basilares” desta es-cola é o desejo de “desenvolver seres pensantes”, capazes de saber interpre-tar o mundo com uma atitude crítica, in-formada e – acima de tudo – autónoma. Claro está que o enraizar de uma filoso-fia como esta se inicia dentro da sala de aula, não devendo constituir surpresa que, neste espaço, seja atribuída “a mes-ma oportunidade a todas as crianças que

a queiram aproveitar”, à medida que se acredita, valoriza e se aposta no poten-cial único de cada aluno.

Se há, efetivamente, algo que a expe-riência de Duarte Paiva lhe permitiu comprovar é que “as crianças, por natu-reza, gostam de aprender”, não hesitan-do em fazê-lo caso sintam a motivação necessária. “Mas o que acontece, na prática, é que a escola – tal como hoje existe – tende a matar essa curiosidade e a desincentivar a criatividade”, consi-dera o diretor do Colégio Académico, que lamenta o facto de que as conven-ções em torno do sistema educativo português “estejam a beneficiar quem tem uma boa capacidade de memoriza-ção”, ao invés de competências como o raciocínio, os talentos individuais ou uma verdadeira assimilação dos conhe-cimentos teóricos.

Ainda neste contexto, e fazendo jus ao caráter diferenciador do projeto educativo aplicado no dia-a-dia do Colégio Acadé-mico, Duarte Paiva acredita que “a escola assume, cada vez mais, um papel impor-tantíssimo na sociabilização dos alunos”, sendo função das instituições de ensino “procurar fazer das crianças e jovens pes-soas com sentimentos e respeitadoras das desigualdades de cada um”, numa clara oposição ao tipo de metodologias educa-tivas que “fazem dos alunos aquilo que eles naturalmente não são”, ignorando o valor por detrás da irrepetível especifici-dade de cada um.

Motivar a aprendizagemAcreditando que a motivação e a

curiosidade corresponderão aos mais importantes catalisadores para o suces-so dos alunos, o Colégio Académico tem protagonizado um conjunto de es-forços e pequenas inovações programá-ticas. A título exemplificativo, o nosso interlocutor destaca o crescente papel e adesão em torno dos Projetos de Traba-lho – uma atividade curricular desenvol-

Ensinar através da curiosidade, da motivação e da diferenciação com o objetivo de contribuir para uma geração de crianças autónomas, de espírito aberto e devidamente preparadas para os desafios de um mundo em constante mudança. Ousadas por natureza, estas correspondem apenas a algumas das linhas orientadoras do Colégio Académico, a emblemática escola lisboeta que conhece um dos maiores segredos para o sucesso dos alunos: surpreendê-los e garantir que sejam felizes.

Educar com inovação

“Os pais já compreendem que a escola dos seus filhos não pode ser a mesma que eles tiveram”

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devidamente aproveitado, ou não cor-respondesse este a um importante ele-mento para incentivar a curiosidade e o entusiasmo por um raciocínio que se pretende lógico e autónomo. Assegu-rando que “se não inovarmos, estamos em risco de formatar as crianças”, Duar-te Paiva constata que a grande maioria dos encarregados de educação tem en-carado de modo favorável o apelo e a mais-valia por detrás desta diferencia-ção pedagógica. De facto, “os pais já compreendem que a escola dos seus fi-lhos não pode ser a mesma que eles ti-veram”.

Antecipar o futuro

Consciente de que a educação consti-tui um desafio que jamais poderá vir a deter-se no tempo, não deverá consti-tuir surpresa que o diretor do Colégio Académico se demonstre continuada-mente atendo a novas oportunidades de

vida em grupo, mediante a qual é atri-buída aos alunos a oportunidade de, ao longo de cinco semanas, escolherem uma temática sob a qual haverão de in-vestigar e refletir, apresentando poste-riormente as suas conclusões perante a comunidade escolar.

Assegurando que compete às crianças e jovens estabelecer qual o tema e a composição dos referidos grupos (que podem integrar alunos de diferentes anos de escolaridade), a expectativa do Colégio Académico é que, pelo desafio da automotivação, os alunos possam

inovação pedagógica. Existem, a este respeito, algumas questões que o porta--voz não se inibe de partilhar. “Duas áreas que me parecem completamente desvalorizadas pelo sistema escolar são a Educação Física e as Atividades Curri-culares Práticas”, lamenta Duarte Paiva, atentando ao elevado cariz prático que este tipo de atividades acarreta, poten-cializando outro tipo de competências individuais.

Potencializar parece, de facto, uma das palavras mais repetidas num estabe-lecimento de ensino que incentiva, inclu-sivamente, os alunos a complementar o seu percurso educativo através de ativi-dades extracurriculares realizadas nou-tros locais que não o seio escolar, preci-samente porque a saída da zona confor-to, o contacto com novas realidades e o alargar de horizontes constam entre os principais objetivos de um Colégio que, acima de tudo, quer contribuir para uma geração de jovens felizes, independentes e curiosos com o mundo.

Não escondendo que uma das suas ambições futuras passará pela eventual implementação de uma sala de realida-de virtual, Duarte Paiva mostra-se, pos-to isto, apostado numa metodologia de ensino que permita reforçar, progressi-vamente, a dimensão sensorial e a inte-ratividade na aprendizagem. Significa isto que, nos próximos anos, o Colégio Académico continuará a desenvolver a sua atividade rumo àquilo que considera essencial: “surpreender as crianças é muito importante para as motivar” até porque, tal como conclui, “as aulas não podem ser todas iguais”.

crescer e desenvolver importantes com-petências – da proatividade à capacida-de para resolverem problemas de forma criativa. Estas correspondem, por seu turno, a pequenas alterações no para-digma educativo que se unem a impor-tantes iniciativas já adotadas em anos anteriores, tais como a possibilidade de os educandos poderem utilizar os seus manuais escolares em formato papel ou digital.

Do mesmo modo, o potencial da ado-ção de ferramentas tecnológicas como o tablet em contexto de sala de aula é

“As crianças, por natureza, gostam de aprender, mas o que acontece, na prática, é que a escola – tal como hoje existe – tende a matar essa curiosidade e a desincentivar a criatividade”

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Em diálogo com dois ex-alunos do Externato da Luz, procurámos captar a essência desta Instituição e a importância desta passagem na formação curricular e humana dos seus estudantes.

Ensino focado na pessoa e na promoção das suas dimensões física, psíquica, social e espiritual

Maria Gonçalves Fernandes Neves Soares, aluna do Externato da Luz no 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico. Estudante de Economia do Instituto Superior de Economia e Gestão

“Foi no Externato da Luz que ad-quiri as bases essenciais para o meu percurso escolar e para o meu cresci-mento como pessoa. Notei isso quan-do passei para a Escola Secundária onde, comparativamente com os ou-tros alunos, tinha métodos de estudo bem definidos e conhecimentos ante-

riores muito bem consolidados. Através dos ideais franciscanos, são transmitidos aos alu-

nos valores como a simplicidade, a humildade, a gratidão, o empenho e o esforço. Mais do que os resultados académicos, o Externato da Luz recompensa todos os alunos que se mos-tram esforçados para adquirir os melhores resultados ao lon-go do ano. O Externato da Luz é uma escola que também va-loriza muito o desporto e a competição e, por isso, nesse do-mínio levo valores como a espírito de equipa e o fairplay.

Sendo católica praticante, considero que foi essencial ter frequentado um colégio católico para a minha formação pes-soal e para o crescimento da minha Fé. No Externato da Luz, aprendi a dar mais valor aos outros. Já fiz voluntariado no ReFood e faço, atualmente, voluntariado num bairro em Lis-boa dando explicações a jovens sem recursos financeiros.

Aos futuros pais e estudantes do Externato da Luz posso garantir que será um dos períodos mais felizes das vidas de ambos. Considero que tive os melhores professores até hoje que me deram as bases científicas e os métodos de trabalho essenciais para um caminho de sucesso. Com toda a certeza, os alunos transitam para o ensino Secundário com valores e objetivos bem definidos, cheios de vivências e experiências adquiridas nas inúmeras visitas de estudo e atividades feitas. Um dos aspetos que mais recomendo é a Viagem de Finalis-tas, que encerra o nosso percurso académico nesta escola e que geralmente tem como destino Assis, em Itália. Esta via-gem foi marcante na minha vida, especialmente por amigos que fiz e por ter estado nesse local mágico. Uma outra inicia-tiva, ainda mais marcante que a primeira foi a Caminhada a Santiago de Compostela, experiência única de convívio, ca-maradagem e descoberta entre todos os participantes. São recordações como estas, que levo comigo para a vida.”

Miguel Mendes, aluno do Externato da Luz durante o 2º e o 3º Ciclos do Ensino Básico. Mestre em Arquitetura pela  Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa

“Avalio a minha experiência no Externato da Luz como muito positiva pelos excelentes métodos de estudo e trabalho. A excelência dos professores foi in-discutível e a forma como me ensinaram a trabalhar em equipa, a ser humilde e a respeitar a diferença levou a que, profissionalmente, seja uma pessoa mais completa e aceite, com o máximo respeito, a sociedade e a diversidade.

A presença organizada do desporto no dia-a-dia dos alunos foi um aspeto crucial para o meu desenvolvimento, tornando-me colaborante e responsável, nunca mais tendo deixado de praticar desporto regularmente. O estudo, no fi-

nal do dia, foi igualmente importante para a criação de métodos e hábitos de estudo regulares e or-ganizados.

Também os ideais franciscanos deixaram uma marca profunda na formação da minha personalida-de, ajudando-me, em plena adolescência, a admirar a natureza, os meus pares e Deus.

Os valores assimilados durante este caminho centram-se no lema que não esqueço, Paz e Bem, as-sim como na solidariedade, responsabilidade e respeito.

O Externato da Luz foi, sem dúvida, a minha escola e gosto, sempre que posso, de por lá passar e de o publicitar como uma escola de excelência e revelando orgulho por lá ter passado.”

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Ensino Externato Mãe de Deus40

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Desenvolvido e orientado pela Congre-gação das Religiosas Escravas da Santíssi-ma Eucaristia e da Mãe de Deus, este cor-responde a um estabelecimento de ensino particular, sediado na freguesia de Penha de França, em Lisboa. Pautando-se, des-de a primeira hora, por uma missão e um conjunto muito próprio de valores, a es-cola dispõe de um edifício com salas ade-quadas e equipadas para o bom funciona-mento das atividades educativas, contan-do ainda com largos espaços livres para o recreio e para a prática de variadas ativi-dades com a Comunidade, na qual se in-cluem as famílias dos educandos.

Proporcionando um serviço de Educa-ção para o nível Pré-Escolar, bem como para o 1º Ciclo do Ensino Básico, o Ex-ternato Mãe de Deus assume o árduo e nobre objetivo de “colaborar com a famí-lia na educação humana e religiosa dos seus filhos”, que se fixam essencialmente no concelho de Lisboa. É, por outras pa-lavras, missão da escola “acolher as crian-ças”, auxiliando-as “a crescer em todas as

ça, da verdade, da fraternidade, da solida-riedade, da tolerância, da paz, do respeito pelo outro, da honestidade, da correspon-sabilidade, da consciência crítica e do com-promisso na construção da sociedade”, en-fatiza a porta-voz.

Um Projeto Educativo integralAcreditando desde sempre na impor-

tância de considerar “o ser Humano no seu todo, como ser biológico, cultural e transcendente”, o Externato Mãe de Deus proporciona a toda a comunidade educa-tiva “um ambiente estável e acolhedor”, capaz de permitir que “cada criança de-senvolva o seu potencial e seja, efetiva-mente, o agente da sua própria educa-ção”. O Projeto Educativo desta institui-ção distingue-se, portanto, através da sua abrangência, dinamismo e inovação.

A heterogeneidade desta mesma propos-ta educativa verifica-se numa miríade de fa-tores, entre os quais poderemos salientar a aposta no cultivo de “Inteligências Múlti-

plas”, através do “estímulo sensorial, emo-cional e cognitivo”. Deste modo, e em no-me do harmonioso desenvolvimento dos valores culturais, sociais, humanos e cris-tãos, o Externato Mãe de Deus procura ain-da que os alunos se possam transformar em indivíduos autónomos, dotados da “destre-za de pensamento que lhes permitam resol-ver problemas e tomar decisões responsá-veis”, assegura a irmã Rosa Freitas.

O sucesso escolar das 182 crianças que frequentam esta instituição pressupõe, pa-ralelamente, o desenvolvimento de “atitu-des de cooperação, de autoestima, de res-peito mútuo e de regras de convivência”, prossegue a diretora titular, antes de acres-centar que apenas deste modo se torna possível formar “cidadão felizes, livres e au-tónomos, justos e solidários, tolerantes, or-ganizados e criticamente responsáveis”. O papel do Externato Mãe de Deus afigura-se, nesse âmbito, fulcral ainda para que os edu-candos possam ter um conhecimento pleno do mundo que os rodeia, sendo expectável que as crianças de hoje se transformem nos agentes catalisadores do amanhã.

dimensões e ajudando cada uma a encon-trar o seu próprio caminho de realização e felicidade”, começa por explicar a irmã Rosa Freitas, diretora titular da institui-ção. Assumindo uma já nítida marca na sociedade portuguesa – caracterizada por um historial que tem vindo a alastrar-se por décadas de trabalho árduo, mas tam-bém pelo compromisso com a qualidade e a excelência educativa, esta é uma enti-dade eminentemente ligada e atenta às evoluções do mundo exterior.

Posto isto – e apresentando-se à socieda-de enquanto uma instituição “aberta e aco-lhedora, baseada na inovação e na capaci-dade de adaptação à realidade e à mudan-ça” – o Externato Mãe de Deus caracteriza--se ainda pela “visão evangelizadora” com que assume todo o seu compromisso peda-gógico. Neste contexto, “o desenvolvimen-to da dimensão espiritual da pessoa e a edu-cação cristã fazem parte da nossa ação edu-cativa”, sendo ao abrigo desta filosofia que “procuramos estimular os nossos alunos a abrirem-se aos valores evangélicos da justi-

Conjugando a importância de três grandes pilares – a Fé, a Cultura e a Vida –, o Externato Mãe de Deus é uma instituição de ensino que se demarca pela heterogeneidade de valores que convivem na sua proposta educativa, onde também a família assume um papel fulcral.

Cinco décadas ao serviço da Educação

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EnsinoExternato Mãe de Deus 41

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tar e reforçar “a pedagogia baseada no Amor, na felicidade e na esperança” com que a Fundadora, Madre Trindade Carre-ras Hitos, idealizou a instituição.

Uma família chamada Comunidade

Longe de circunscrever toda a atividade ao seu próprio universo, o Externato Mãe de Deus corresponde a uma entidade preo-cupada em integrar-se e interagir junto do meio envolvente, ou não fosse o conceito da Família interpretado como um agente essencial para o trabalho em equipa junto da educação, crescimento e elevação de to-das as crianças. Nesse sentido, a escola faz questão de participar “em atividades e even-tos festivos, tomando sempre que possível um papel ativo conjuntamente com a popu-lação local”. Entre as diversas iniciativas, poderíamos enumerar a organização de vi-

Já em contexto extracurricular, a escola promove um conjunto de atividades, em que se incluem o karaté, o ballet, o teatro, o piano, a flauta de bisel, guitarra clássica e o canto (em grupo coral). Seja pela sua natu-reza artística ou desportiva, as iniciativas ex-tracurriculares “são encaradas como essen-ciais para contribuir e complementar a for-mação académica e cultural dos alunos, bem como para fomentar e fortalecer as ati-tudes e a formação em termos de valores”. O envolvimento das crianças desde tenra idade justifica-se por esta se tratar de uma fase decisiva na qual elas demonstram um grande potencial de desenvolvimento, que deve ser alimentado pela existência de boas e diferentes possibilidades.

Qualidade e autonomia pedagógica

Todos os valores e elementos que consti-tuem o supramencionado Projeto Educati-vo desaguam, por seu turno, no desejo de proporcionar a todos quantos passem por esta casa “uma visão cristã da vida, de mo-do que cada educando se torne capaz de criar uma síntese entre Fé, Cultura e Vida”, conclui a nossa interlocutora. Não se pou-pando a qualquer esforço para a administra-ção de um ensino e acompanhamento de elevada qualidade – complementados pela virtude dos valores éticos e morais, bem co-mo pela importância dos hábitos de traba-lho –, a grande finalidade do Externato Mãe de Deus é o pleno florescimento do poten-cial de cada aluno.

As portas, essas, estão sempre abertas: “Acolhemos todos os que nos procuram – desde que tenhamos vaga – e cujas famí-lias aceitem o nosso Projeto Educativo”, esclarece a nossa entrevistada. Caracteri-

sitas de estudo, encontros desportivos, fes-tas recreativas, passeios e outras atividades, para as quais se revela essencial a presença de educadores, alunos, pais e, inclusiva-mente, da família mais alargada.

Tudo isto até porque as ligações de pa-rentesco entre a comunidade lisboeta e o Externato Mãe de Deus adivinham-se, sob diversos aspetos, especialmente amplas: “É para nós gratificante e motivo de orgulho termos alunos que são filhos de antigos alu-nos”, pois tal constitui “sinal de que reco-nhecem e valorizam o nosso Projeto Educa-tivo”, reconhece a irmã Rosa Freitas. Posto isto, a nossa interlocutora aproveita o mo-mento para deixar uma “palavra de grati-dão” aos encarregados de educação que, ao longo dos anos, foram deixando os seus fi-lhos na escola “dando-nos a oportunidade de colaborarmos com eles na sua educa-ção”, e de contribuir, dessa forma, para o seu sucesso no amanhã.

zados pelo seu profissionalismo, capaci-dade de trabalho em equipa e muita dedi-cação, importa realçar o contributo pres-tado quer pela equipa de 13 professores, quer pelo conjunto de colaboradores não docentes que, dia após dia, se afiguram como peças vitais para a educação das crianças. Sempre pautando, de resto, a sua ação educativa “num clima de simpli-cidade e alegria, em confiança e autentici-dade”, esta é uma escola de cariz exem-plar e devidamente ajustada à legislação em vigor, tal como às orientações prove-nientes do Ministério da Educação.

Importa, no entanto, ressalvar que o Externato Mãe de Deus beneficia de um regime de autonomia pedagógica, que lhe permite proporcionar “outras atividades e áreas do saber que enriquecem a forma-ção e educação” das suas crianças. A títu-lo exemplificativo, a irmã Rosa Freitas fa-la-nos da importância da aprendizagem – desde tenra idade – da língua inglesa. “To-dos os alunos do Ensino Pré-escolar têm, desde os três anos de idade, aula de Inglês quatro vezes por semana”, sendo inclusi-vamente intenção da Direção que este se-gundo idioma possa vir a ser, nos próxi-mos anos letivos, trabalhado de segunda a sexta-feira.

Outra área de grande relevo são as no-vas tecnologias, na medida em que “as aulas de informática também fazer parte da nossa oferta educativa para o 1º Ci-clo”, afirma a diretora titular, para quem a autonomia pedagógica “permite gerir os programas e horários de acordo com a nossa realidade concreta, tendo sempre em conta o maior bem dos alunos, indo de encontro às necessidades e aspirações das famílias”. Todos estes correspondem, claro, a elementos que visam complemen-

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Ensino Colégio dos Salesianos do Porto42

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A chegada dos Salesianos à cidade do Porto remonta aos anos 40 do século XX, com presença na designada Oficina de S. José, um lar de acolhimento de crianças e jovens em risco, onde se man-tiveram até à década seguinte. Nessa épo-ca, a Câmara Municipal do Porto, gesto-ra do legado do padre Baltazar Guedes, nomeadamente do imóvel do Colégio dos Meninos Órfãos da Cidade do Porto, en-tregou aos Salesianos a orientação peda-gógica da instituição e a gestão do edifí-cio. A necessidade de retirar aqueles jo-vens da situação de exclusão social em que se encontravam levou os Salesianos a abrirem a instituição ao exterior, num ca-minho progressivo e natural que foi acom-panhando as necessidades sociais da pró-pria cidade do Porto.

No pós 25 de Abril, por ação do Esta-do Central e do Ministério dos Assuntos Sociais, surgem plataformas que retiram peso ao serviço camarário e, paulatina-mente, nas décadas que se seguiram, a obra dos Salesianos foi equilibrando os in-teresses da Segurança Social, dos Servi-

biente de família e de acolhimento, per-mitindo que todos os intervenientes se sintam em casa, se conheçam e cresçam em segurança.

Focando a nossa atenção neste proje-to educativo, entendemos que, para além do acompanhamento personaliza-do e do rigor do ensino, a diferenciação centra-se na organização das atividades letivas que marcam presença em todos os graus de escolaridade. Desde a entra-da no ensino pré-escolar, as crianças são confrontadas com uma metodologia de aprendizagem e interação com dife-rentes professores e ambientes, uma fórmula que torna natural a transição para a realidade dos níveis de ensino subsequentes. Saliente-se que o ensino da Língua Inglesa é introduzido na for-mação das crianças a partir dos três anos, sendo acompanhado pela profes-sora de Inglês. Outras ações como a Ex-pressão Musical a Expressão Dramática (Jogos Dramáticos e Dança) ou a Ex-pressão Físico-motora seguem esta prá-tica, sendo atividades lecionadas por professores das respetivas áreas.

Esta metodologia prossegue no 1º Ci-clo de estudos, sendo as turmas de 1º e 2º anos dirigidas por um professor titular. Já no 3º e 4º anos inicia-se um “processo de especialização pedagógica”, sendo os dois professores titulares especializados, um no ensino da Língua Portuguesa e o outro na Matemática. A par disso, os alu-nos interagem com os outros docentes nas matérias de Educação Moral e Reli-giosa Católica, Educação Musical, Ex-pressão Físico-motora, Expressão Dra-mática e Língua Inglesa, facto que “po-tencia a aquisição de conteúdos de forma mais apelativa e especializada.

Ao longo de todo o 1.º Ciclo de estu-dos, acompanhadas por uma professora de Biologia, as crianças aprofundam as

atividades propostas no programa de Es-tudo do Meio em ambiente de Laborató-rio.

Na passagem para o 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, mantém-se a preocupa-ção em oferecer unidades curriculares no âmbito das Artes Performativas. No 2º Ciclo, “dentro dos apoios ao estudo, a aposta recai na diversificação”, com um contínuo reforço nas matérias de Língua Portuguesa e da Matemática, tendo sido introduzido em 2017 a Ofici-na de Teatro. No 3º Ciclo, o Teatro sur-ge como opção curricular oferecida pe-la Escola, com reflexos positivos em to-das as outras áreas de estudo, ao confe-rir competências no âmbito da linguagem corporal e discurso para o público, ferramentas cruciais em atos de apresentação de trabalhos, e que se re-velam de extrema importância no res-tante percurso académico e profissional do estudante.

No que concerne a atividades extra-curriculares, o Colégio dos Salesianos do Porto mantém o projeto ArtiSport com ofertas nas áreas desportiva e artís-tica. São disso exemplo, o Futsal, o Ju-do, o Karaté, o Voleibol, e o clube de Basquetebol do CAAS (Centro de Anti-gos Alunos Salesianos). Já no foro das Artes Performativas surge a Música com o ensino de vários instrumentos, o Teatro e a Oficina de Arte (Pintarte), es-ta última direcionada para os alunos mais novos.

Mais do que preparar jovens para as matérias teóricas e técnicas, o Colégio dos Salesianos valoriza o desenvolvimen-to das suas competências sociais e com-portamentais (soft skills). “Em Portugal, como lá fora, as soft skills são fundamen-tais. A capacidade de estar com os outros, de trabalhar em equipa, de percorrer o chão da vida, que nem sempre é estável, é fundamental”, salienta o Vice-Diretor da instituição. Nesta visão integrada, evi-dentemente, todos os alunos são incenti-vados a criar rotinas de estudo e de traba-

ços Sociais do município do Porto e os da própria instituição.

Já na década de 90, as crianças e jo-vens que chegavam à instituição não eram encaminhadas, como até então, pe-los serviços sociais da Câmara Municipal do Porto, mas pela Segurança Social, com a qual a Fundação mantém o proto-colo para o Lar Nossa Senhora da Graça, Casa de Acolhimento.

Mais recentemente, já no correr deste século, a Câmara Municipal do Porto ven-de o imóvel aos Salesianos.

Ao longo de todas estas mudanças, o Colégio dos Salesianos foi traçando o seu caminho educativo, dando sempre aten-ção ao Ensino Profissionalizante na pro-cura de respostas ajustadas às necessida-des formativas dos seus jovens.

Esta resenha histórica foi-nos relatada pelo Pe. Rui Alberto, Vice-Diretor do Co-légio dos Salesianos do Porto. Percebe-mos que a instituição acolhe, no tempo atual, os diferentes graus de ensino. Esta abrangência permite acolher e acompa-nhar o percurso académico de crianças e jovens do ensino pré-escolar até ao ensi-no secundário (regular e científico-tecno-lógico). A escola orgulha-se de oferecer um bom gabinete psicopedagógico para as situações especiais.

Projeto EducativoProcuramos conhecer esta “forma de

educar” que tem cativado gerações. Efeti-vamente, são muitos os casos de pais e fi-lhos que partilham a passagem pela insti-tuição como etapa fulcral na sua forma-ção pessoal e académica.

A diretora pedagógica, Dra. Sofia Bar-ros, fala-nos de um projeto que tem na qualidade pedagógica a sua pedra basilar. Num espaço que acolhe crianças e jovens dos três até aos 18 anos, vive-se um am-

Mais que uma instituição de ensino, o Colégio dos Salesianos do Porto assume a sua matriz católica no ato de educar as novas gerações para a cidadania, para a liberdade e para o respeito ao próximo.

Ensino integral focado na dimensão humana do aluno

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EnsinoColégio dos Salesianos do Porto 43

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lho com vista à conquista das suas ambi-ções de prossecução de estudos, necessi-tando de se empenhar sempre com o apoio e acompanhamento dos docentes.

Dimensão Espiritual e Religiosa

Escola de matriz católica, segue-se uma oferta educativa específica que, respeitan-do as diretrizes emanadas pelo Ministério da Educação, se transmite “num ambien-te de forte qualidade relacional”. Alunos, pais, professores e pessoal não docente são peças fundamentais na dinâmica da instituição.

Pese embora este compromisso com os ideais cristãos, no Colégio dos Salesianos vive-se em espírito de respeito pela liber-dade de escolha individual, que tem por base um projeto educativo para todos, “aberto e construtivo, independentemen-te das filiações religiosas, políticas e so-ciais de cada um”.

Apesar deste princípio, a direção não foge à sua missão de estimular os alunos “na procura do sentido da vida, numa perspetiva libertadora”, refere o Pe. Rui Alberto. A vertente religiosa, parte inte-grante na dinâmica do Colégio, apresen-ta-se “numa lógica de oferta e experimen-tação”, ativando nas crianças e jovens a consciência de si, das suas limitações nu-ma perspetiva integradora e de cresci-mento pessoal. Inseridos numa atmosfera onde se vivem os valores transmitidos por Jesus Cristo, colocados em prática nos pormenores do quotidiano, cada indiví-duo é livre para assumir as suas convic-ções sempre numa dimensão de respeito ao próximo. “Temos a preocupação de chegar a todos e de encontrar uma lingua-gem, categorias, comuns a todos. Na nos-sa direção Salesiana a evangelização acontece sempre em parceria com a edu-cação, ou seja, há uma mensagem que vem de Deus, que estamos a propor às pessoas, e que considero ser a resposta para perguntas que cada um de nós le-vanta”, reforça o Pe. Rui Alberto.

Este modo de evangelizar através do convívio e das boas práticas consubstan-cia-se num momento diário de formação, reflexão e oração – os “Bons dias” – rea-lizado em sala de aula, nos primeiros 5 minutos antes da primeira aula da manhã. Para além disso, uma vez por semana uma turma (do ensino pré-escolar ao 9º ano) trabalha um tema que apresenta aos colegas e aos pais. “Esta dimensão educa-tiva de pôr aquilo que é a vida deles, os seus anseios e as suas capacidades a fun-cionar, permite criar um ambiente muito saudável, livre e estimulante”, reforça o educador. Esta mais-valia é reforçada pela diretora pedagógica que valoriza o facto de estas sessões serem trabalhadas, sema-nalmente, em contexto de aulas, permi-tindo que os alunos interiorizem os con-ceitos e valores a expor.

Bebendo deste projeto e comungando das práticas de ensino ali ministradas, o corpo docente encontra espaço para ex-pandir a sua experiência profissional e a sua dimensão humana. O convívio cons-tante e a partilha dos momentos em sala de aula possibilitam o convívio informal, a troca de impressões, preocupações ou ocorrências que facilitam uma atuação rá-pida e concertada.

Como referimos inicialmente este é um ensino que cativa através das gerações, algo que se reflete na relação que os antigos alu-nos mantêm com a instituição, nomeada-mente nas datas comemorativas – “em ca-da período existe um dia de paragem letiva. No primeiro período celebra-se a Festa da Santidade Juvenil; no segundo período, a 31 de janeiro, comemora-se o dia do Patro-no da Instituição, S. João Bosco; e, no ter-ceiro período, 24 de maio é dedicado a Ma-ria Auxiliadora”. Nesses dias decorre uma celebração aberta a todos os antigos alunos, funcionários e familiares, com participação religiosa ativa dos alunos, professores e co-laboradores do Colégio. Ao longo do dia desenvolvem-se outras atividades lúdicas em que os pais e Antigos Alunos são convi-dados a participar num momento de profí-cua partilha e convívio.

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Ensino Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro44

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Tendo comemorado no passado mês seis décadas de existência, recordamos que a primeira preocupação do Pe. Mari-nho Cia passou por “dar resposta aos problemas sociais existentes” na cidade Invicta. À época, perante a parca assis-tência médica prestada aos mais necessi-tados, o nosso protagonista iniciou a sua obra com a oferta de cuidados de saúde, na travessa de São Marcos. Mais tarde, apostou no ensino direcionado para jo-vens mulheres que, trabalhando, aprofun-davam conhecimentos em dactilografia e costura; avançando depois para o acom-panhamento e formação de crianças e jo-vens.

Durante largos anos, o Centro de Cari-dade Nossa Senhora do Perpétuo Socor-ro foi difundindo a sua obra com o reduzi-do apoio estatal e a forte presença de benfeitores – “de todo o país e até do es-trangeiro” –, pessoas que “tornaram pos-sível fazer crescer a instituição”.

Quem conheceu o Pe. Marinho recor-da-o com saudade, caraterizando-o como um sonhador, um ser humano que semea-

meira escola profissionalizante privada do país, vocacionada para o ensino de jovens que concluíam o 9º ano de escolaridade e procuravam uma formação para entrar no mundo do trabalho, sem obrigatoria-mente necessitarem de prosseguir estu-dos universitários.

Com a esperança média de vida a au-mentar, também a população sénior foi alvo do olhar atento do Pe. Marinho Cia. O benfeitor procurou prestar apoio a um nicho da população que carecia de assis-tência, muito dado ao isolamento, fruto da radical mudança de estilo de vida das populações. “Por conseguinte, ele pen-sou na necessidade de ter um espaço on-de os mais velhos pudessem conviver e continuar o seu percurso de crescimento enquanto pessoas”, expõe a Dra. Rosa Maria dos Santos. Assim, surge o Centro de Dia que, atualmente, acolhe 42 idosos.

Com parcos recursos financeiros, real-ce-se o rasgo de “genialidade” do Pe. Ma-rinho Cia que, sabendo ser necessário ter algum suporte económico para a susten-tabilidade do projeto, projetou uma gara-gem que o Centro passou a gerir.

A atual sede do Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (presentemente alvo de melhorias na sua estrutura) funciona como um polo “muito interessante” que congrega todos os gru-pos etários com todas as vantagens asso-ciadas ao convívio intergeracional.

Hoje, com toda a evolução decorrente de seis décadas de trabalho, a presidente assegura que o ensino do Perpétuo So-corro “pretende marcar a diferença do concreto com acompanhamento e inova-ção”. Em todas as suas áreas, prevalece uma grande preocupação de aproxima-ção às pessoas como relata a nossa inter-veniente: “Os alunos e os idosos não são um número. Procuramos, através de ativi-dades organizadas ao longo de todo o

ano, integrar os pais e os familiares de crianças e idosos para que sintam que fa-zem parte deste todo. Isto não se faz ape-nas com reuniões formais. Este ano, por exemplo, estamos ainda mais focados em envolver os pais, não só através do for-malismo da associação de pais, mas dina-mizando debates de sensibilização que os tragam à escola para discutir as necessi-dades reais, e convidando-os a vivenciar algumas atividades, porque sentimos que precisam de sentir o que se vive aqui den-tro”.

Ainda no âmbito social, entendendo que a união de esforços produz resultados muito mais amplos e efetivos, o Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro fundou, juntamente com a paró-quia do Marquês e a Escola Paula Frassi-netti, o projeto “Porta Solidária”, que consiste na distribuição de sopa aos mais necessitados. Esta ação decorre, diaria-mente, nas instalações da paróquia do Marquês. Neste âmbito, surge também o Centro Fraterno que fornece uma refei-ção a pessoas sinalizadas pela obra de S. Vicente de Paulo da Paróquia das Antas.

O protocolo com a Caso - Católica So-lidária possibilita ainda que jovens estu-dantes da Universidade Católica do Porto participem nas iniciativas de voluntariado levadas a cabo.

“Evocamos a nossa história, amamos o presente e projetamos o futuro”, realça a presidente Dra. Rosa Maria dos Santos. Com um passado que orgulha a atual di-reção e um presente de trabalho e dedica-ção a este projeto, que procura manter o seu cunho de atualidade, o futuro está em constante laboração: “Há mais a fazer, olhamos para a sociedade de hoje e per-cebemos quem está a precisar de apoio. Falamos de uma faixa da população que não encontra alternativas na velhice”. A presidente expõe o projeto de criação de uma Residência Sénior, direcionado para quem procura um espaço onde os valores humanitários e a qualidade dos serviços lhe permitam seguir uma vida ativa, res-peitando a sua singularidade.

Apresentamos-lhe de seguida os proje-tos educativos de cada nível de ensino, abordados na primeira pessoa pelas res-petivas diretoras pedagógicas. Três níveis de ensino com um projeto comum, de continuidade, trabalhado em profunda parceria e discussão de ideias.

va bondade com um sorriso contagiante. “Um homem que nunca parou de so-nhar”, recorda a atual presidente da insti-tuição, a Dra. Rosa Maria dos Santos, fi-gura presente na instituição há cerca de quatro décadas.

O sonho e a persistência permitiram que o Pe. Marinho Cia construísse uma obra social abrangente e integradora. A presidente traça-nos a realidade atual des-ta casa que, no âmbito dos cuidados de saúde, disponibiliza consultas de Medicina Dentária e, em regime de voluntariado, Pediatria e Otorrinolaringologia e e “está apostada em crescer, por forma a dar res-posta aos seus utentes, como a toda a po-pulação que precise de recorrer a estes serviços”.

Paralelamente, ao longo dos anos, o Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi crescendo no setor educativo, sempre com atenção às neces-sidades sociais da cidade. Já com os servi-ços de apoio à infância (Creche e Jardim de Infância) e o Ensino Básico a funcio-nar, no seu seio nasceu, em 1984, a pri-

O Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi fundado pelo padre Marinho Apezteguia Cia, membro da Ordem do Santíssimo Redentor, a 26 de janeiro de 1958, na cidade do Porto.

Projeto social com 60 anos de história

Da esquerda para a direita: Cláudia Leitão, Carla Lage, Joana Veiga Dias (diretoras pedagógicas), Rosa Maria dos Santos (presidente), José Matos (diretor executivo)

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EnsinoCentro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro 45

Fev2018

Dra. Carla Lage - Diretora Pedagógica da Creche e Educação Pré-escolarJunto da Diretora Pedagógica da Creche e Pré-Escolar, Dra. Carla Lage,

procuramos conhecer os fatores diferenciadores na Educação das crianças. Trabalhando em metodologia de projeto, este é um caminho percorrido com a participação dos pais, que incita o espírito de investigação, pesquisa e ação sobre o seu saber. Assim, em ambiente educativo, as crianças criam o seu próprio projeto que, a título de exemplo, pode ser sobre a vida dos di-nossauros. Mantendo sempre uma relação de parceria com os níveis de en-sino superiores, por exemplo, os alunos do 3º CEB são convidados a dar

uma aula aos mais pequenos sobre o tema do projeto iniciado na sala dos 4 anos “Pedras e Caver-nas”, enquanto estes apresentarão depois aos mais velhos o projeto concluído. Já os estudantes do Ensino Profissional (Técnico de Apoio à Infância) visitam com regularidade a sala dos mais jovens numa dinâmica de “aprendizagem e experimentação com consciência”.

Simultaneamente, através do projeto CLIL, o ensino da Língua Inglesa é introduzido “como se a criança fosse nativa”. Em contexto educativo, a professora de Inglês adapta o seu discurso à temá-tica lecionada encetando um diálogo em Inglês com os mais novos. Assim, as crianças familiarizam--se com a língua, “numa idade em que existe boom linguístico”, interiorizando com facilidade os vo-cábulos que vão sendo verbalizados.

Sendo esta uma escola que valoriza e trabalha a inteligência emocional, o projeto do Jardim de Infân-cia, lançado este ano, designa-se “Trilho das Emoções”. Este visa a descodificação gradual da linguagem/inteligência emocional. Sabemos que emoções revelam-se em tenra idade por via de manifestações co-mo o choro, sendo a forma de a criança comunicar. O adulto não necessita do discurso oral para perce-ber estas manifestações, apenas necessita de estar atento às expressões corporais da criança, e muitas vezes àquilo que lhe diz o seu coração. À medida que a linguagem se desenvolve, vamos perdendo a ca-pacidade de manifestar as nossas emoções de forma tão natural, “no entanto estas continuam presen-tes”. Neste sentido, é importante que as crianças aprendam “a reconhecer o que motivou certos senti-mentos”. Até porque, “sabemos que as emoções não controlamos, no entanto despoletam comporta-mentos e esses sim, podemos controlar”, refere. Para isso, “a criança tem que passar por um processo de reconhecimento das suas próprias emoções, perceber que a nossa emoção pode provocar uma emo-ção no outro e vice-versa. Podemos assim criar um universo de respeito, onde nós nos identificamos e nos damos a conhecer sem máscaras, sendo possível uma comunicação mais consciente”.

No J.I. as educadoras recorrem a dinâmicas que apelam à Educação Emocional. Este ano, por exemplo, através de um inquérito procurou-se saber o que cada criança gostaria de ver presente no seu dia-a-dia dentro da Instituição. A partir das respostas foi elaborado um gráfico que pretende re-presentar as vontades individuais e a sua prioridade para “o grande grupo”. São ainda trabalhadas competências tais como, a resiliência, a persistência, a democracia, a cooperação, e a coopetição.

Este percurso tem a capacidade de trabalhar a paciência: “Todos devem manter a esperança em alcançar o seu objetivo, percebendo que nem todos os desejos podem ser concretizados no momen-to imediato. Não devem perder o seu foco de interesse, antes têm que perceber que há prioridades que devem ser respeitadas, sendo que surgem implicações… Trabalhamos para que eles percebam que a felicidade não é sinónimo de riqueza. Podem ser felizes num ambiente em que há necessida-des que não são totalmente satisfeitas, aqui e agora. Por vezes é necessário planear, em equipa, es-tratégias que nos levem a alcançar o que sonhamos, tornando o sonho real.”

Na sala dos 5 anos a responsabilidade é trabalhada através de diversas atividades. Por exemplo, após diálogo entre crianças, nutricionista e educadoras, estas crianças começam a servir-se às refeições colo-cando em prática a aprendizagem alcançada. Esta tarefa acontece após um compromisso manifestado pelas partes. “Eles sabem que a partir do dia em que o assumem, fazem-no com responsabilidade, ser-vindo-se seguindo a aprendizagem interiorizada, sempre com supervisão do adulto”.

O mesmo acontece quando acompanham a diretora em visitas com pais interessados em conhe-cer a instituição. Se porventura alguma criança se recusar a realizar a tarefa é ouvida na manifesta-ção da sua opção. “Algumas disseram, declaradamente, que tinham vergonha. Esta identificação e expressão da emoção é muito importante em crianças com 4/5 anos, ao mesmo tempo que é acei-te a ajuda do adulto para conseguir ultrapassar a vergonha”. Metaforicamente, se a vida é feita de escadas, por cada degrau que subimos, conquistamos mais uma etapa.” Neste caso, a criança foi ca-paz de subir o degrau da vergonha e se continuar a subir mais uma e outra vez alcançará o da con-fiança e assim é sucessivamente na escada da vida”!

Dra. Cláudia Leitão, Diretora Pedagógica do 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico

Ao nível do 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, o pro-jeto educativo correlaciona-se com o praticado no Jardim de Infância, numa forte lógica de continuidade como é dis-so exemplo o projeto CLIL.

A Dra. Cláudia Leitão apresenta-nos um projeto eclético que estabelece uma ponte entre o “Saber Ser”, o “Saber Saber” e o “Saber Fazer”. A aprendizagem por via da emoção e do sentimento é um “ponto forte” em todas es-

tas dimensões. A esfera do “Saber Ser” prepara os alunos na sua dimensão humana. No centro

deste trabalho está o projeto “Vida”, individual e diferenciado. “Não fazemos todos o mesmo percurso, não traçamos todos o mesmo trajeto, somos pessoas diferen-tes”, é a esta consciência da individualidade que se busca dar continuidade no Ensi-no Básico. Um caminho realizado “sempre de mãos dadas com a família” e que fo-ca a sua ação na formação integral da pessoa humana. Não sendo, evidentemente, prática transversal a todas as situações, “a maioria dos problemas disciplinares são resolvidos com uma palavra de compreensão”, facto que, nos últimos, anos se re-flete na considerável diminuição dos problemas disciplinares. “Procuramos ouvir, compreender e promover a compreensão da criança perante a posição da Escola”, revela.

Ainda neste universo – no seguimento da atividade de Yoga que surge no Jardim de Infância – os alunos do Ensino Básico têm prática de mindfulness, com o objeti-vo de trabalhar a sua inteligência emocional, ensinando-os a lidar com o stress e os dissabores que surgem no percurso de vida.

Outras das dimensões trabalhadas na Escola centra-se no conceito “Ser Livre e Responsável”. Este trabalho começa numa Assembleia de Turma, sendo os proble-mas diagnosticados levados à Assembleia de Alunos. Nesta etapa os estudantes de-batem os pontos fracos e os pontos fortes da Escola. Uma autonomia que os incen-tiva a ser mais interventivos e responsáveis na apresentação de problemas. Por exemplo, numa destas recentes reuniões, os alunos do 3º Ciclo manifestaram, jun-to da Diretora Pedagógica, o desejo de utilizar um espaço da instituição como sala de convívio. Foi acordado que esse espaço e a sua dinâmica ficariam sob a respon-sabilidade da Assembleia de Alunos. “Eles já foram ver a sala e fazer o levantamen-to de necessidades”, conta a Dra. Cláudia Leitão. O passo seguinte passa pela ges-tão de um fundo de maneio para a resolução das situações prioritárias.

Com o lema “Juntos Aprendemos Melhor”, faz-se a ponte para as aprendiza-gens: “Como Escola Aprendente que somos, os professores trabalham em conjun-to, assim como os alunos. Temos inclusive uma tarde durante a semana em que só trabalhamos pedagogia do projeto. Na disciplina de Pensamento Crítico e Cidada-nia e TIC os alunos dos diferentes anos trabalham em conjunto mediante o projeto que escolheram”, expõe a diretora pedagógica. Uma abordagem pedagógica onde são trabalhados vários temas, muitas vezes aplicados ao dia-a-dia da escola.

Como nos explica a diretora pedagógica Cláudia Leitão, no Externato Nossa Se-nhora do Perpétuo Socorro, são prática comum as parcerias disciplinares – consis-te na lecionação transversal de conteúdos, por mais do que uma disciplina e, por ve-zes, por meio de apoio prestado pelos alunos mais velhos aos mais jovens em ma-térias comuns de ensino. Uma interação muito comum no quadro formativo dos di-ferentes anos e que pretende demonstrar que “o conhecimento não é estanque, não está restringido a uma disciplina”. Obviamente esta prática incute responsabilidade nos alunos mais velhos, diluindo divergências que possam existir entre diferentes idades, permitindo também que os professores trabalhem em equipa.

Sentimento partilhado por toda a direção pedagógica, a Dra. Cláudia Leitão mos-tra-se orgulhosa ao reportar que estas crianças e jovens se tornam pessoas bem for-madas, que aceitam a diferença e estão muito atentas às necessidades do próximo.

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Ensino Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro46

Fev2018

Dra. Joana Veiga Dias, Diretora Pedagógica do Ensino ProfissionalA Escola Profissional Nossa Senhora do Perpétuo Socorro iniciou o seu trabalho de formação

com os cursos profissionalizantes no final da década de 80, tendo conquistado grande reconhe-cimento nas áreas da Eletrónica e da Informática. Respondendo às solicitações do mercado, a direção pedagógica traçou um novo caminho de formação, em parceria com a Área Metropo-litana do Porto e com a Direção Regional de Educação do Norte. Assim sendo, as sete turmas de ensino profissional da Escola Profissional Nossa Senhora do Perpétuo Socorro estão dividi-das entre os cursos de Técnico de Apoio à Infância; Técnico Auxiliar de Saúde; e Técnico de Ge-riatria. Estes cursos fazem a ponte com as valências que a Instituição oferece. Uma dinâmica

que a Dra. Joana Veiga Dias classifica como “muito importante” para a Escola e para os alunos que dispõem assim de condições de formação prática ao longo do triénio; “mas acima de tudo é importante para a direção do Centro que considerou que todos os níveis de ensino têm que estar interligados”. Uma tentativa de apresentar ao jovem uma forte componente técnica e humana no convívio diário com as diferentes valências da Instituição: Creche e Jardim de Infân-cia, Primeiro Ciclo do Ensino Básico, Centro de Dia e Posto Médico.

As parcerias criadas com estruturas residenciais para idosos, jardins de infância, instituições hospitalares e centros médicos, etc. revelam-se de extrema importância para a formação dos estudantes em contexto de trabalho, assim co-mo no desenvolvimento dos “mini projetos” e “grandes projetos”. A metodologia de projeto é neste nível de ensino co-locada em prática, pretendendo mais do que formar jovens para o mercado de trabalho, formar o ser individual. Uma vez mais, nesta dinâmica integrativa e de formação contínua, todos os níveis de ensino são chamados a participar na formação ativa destes estudantes. Nestes estágios, os alunos levam grelhas de observação que são projetadas por todas as disciplinas e depois trabalhadas em contexto de sala de aula.

No âmbito da saúde, a Escola mantém uma importante relação com o Hospital dos Lusíadas, no Porto, permitindo que os alunos façam observação em contexto hospitalar, ou na participação ativa de alguns enfermeiros que se dispo-nibilizam para na instituição apresentarem o seu testemunho enquanto profissionais. Esta partilha enquadra-se no tra-balho prático e interativo que se concretiza também em ações como o “Hospital dos Bonecos”. Os alunos de saúde si-mulam um ambiente hospitalar, com sala de espera, sistema de triagem de Manchester, salas de especialidades, etc. e convidam os alunos da Creche, Pré-escolar e do Primeiro Ciclo do Ensino Básico a trazerem um boneco”, explica a Dra. Joana Veiga Dias. Este processo permite aos mais novos trabalhar as emoções e aos mais velhos aplicar conheci-mento e desenvolver competências. Novamente, a interação e o trabalho de grupo manifestam-se num ensino profis-sional muito experimental.

Outro dos pontos apresentados pela diretora pedagógica centra-se na (re)integração de muitos jovens no sistema de ensino, através do reforço positivo. Falamos de alguns jovens institucionalizados, outros retidos com notas negativas em disciplinas do ensino secundário regular. “Muitos alunos chegam pensando que não são capazes, mas aqui aprendem fazendo e conseguem atingir os seus objetivos”.

No final do terceiro ano de ensino, os alunos apresentam a Prova de Aptidão Profissional a um público composto por professores e representantes dos parceiros da Escola. Um projeto alicerçado ao longo dos três anos de ensino, em diá-logo com o aluno e o seu orientador, e que envolve todas as disciplinas e todos os professores.

A taxa de empregabilidade destes cursos revela-se elevada, sendo frequente a possibilidade de os alunos ficarem a tra-balhar nos seus locais de estágio, alguns até no Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Porém, mais importante é o facto de mais de 50% destes estudantes prosseguirem estudos para o Ensino Superior. Um caminho se-guido pela Instituição e que muito orgulha os seus membros dado que as suas competências técnicas e humanas são sempre realçadas pelas instituições de ensino superior e empresas que os acolhem.

No âmbito Psicossocial, a psicóloga trabalha, junto do primeiro ano de ensino, a sensibiliza-ção para importância do curso profissional, nu-ma perspetiva de tentar reduzir o índice de de-sistências. São também abordadas com estes jo-vens temáticas de educação sexual e sensibiliza-ção, antes da formação em contexto de trabalho (sobretudo nas áreas da Saúde e da Geriatria).

Toda a formação é acompanhada por um cor-po docente estável que, em parceria com a Uni-versidade Católica, integra um projeto de apoio às escolas para melhoria e inovação pedagógi-ca.

Testemunho: Isabel Grilo

“Entrei no Externato há 33 anos, no primeiro ciclo (hoje 5º ano) onde fiz o meu percurso até ao 9º ano.

Aqui vivi cinco anos de plena felicidade que recor-do ainda hoje com muita saudade. Neste percurso, conheci grandes mestres, grandes professores. Ti-nham sempre um discurso, que muitas vezes não es-tava dentro das temáticas pedagógicas, mas revelava o cuidado em perceber como nos sentíamos. Éramos uma identidade e não um número, quer para o cor-po docente como para a direção. Tive ainda o prazer de contactar com o fundador desta obra, o Pe. Mari-nho Cia, uma pessoa fantástica. Recordo que entra-va nas salas de aula para nos ver. Os olhos dele bri-lhavam e o seu sorriso era aberto. Daqui, levei para a vida afetos, valores éticos, morais e educacionais e alicerces pedagógicos fantásticos. Posso dizer que criei pilares para me estruturar enquanto pessoa, en-quanto estudante e enquanto mãe.

Nesse sentido, não tive dúvidas em optar por colo-car os meus filhos a estudar no Centro (Francisco Grilo, estudante do 8º ano e a Sara Grilo, estudante do 4º ano).

A mensagem que deixo aos pais, aos presentes e aos vindouros, é que todos fazemos a instituição e te-mos que ser participativos, sem ser invasivos, e cola-borar com a instituição, participando com os valores, estando atentos aos nossos filhos e sendo parte ativa desta grande comunidade.

Fui convidada pela direção para representar os an-tigos alunos e pais de alunos e gostava de deixar um agradecimento muito especial pela honra do convite à Dra. Rosa Maria Santos e à Dra. Cláudia Leitão, e uma palavra muito sentida à memória do Pe. Mari-nho Cia fundador desta obra a quem eu muito agra-deço.”

Rua Costa Cabral, 120 Porto

[email protected]

T.: 225 095 043

www.perpetuo-socorro.pt

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