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INSTITUTO MATERNO-INFANTIL DE PERNAMBUCO (IMIP) PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL EM ADOLESCENTES: ESTUDO SÉRIE DE CASOS. CONCIANA DUARTE MONTE RECIFE - 2004

SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL EM ADOLESCENTES: …05101020;... · da Respiração Bucal ... sucintamente a anatomia e a fisiologia do sistema ... um processo passivo. A respiração

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INSTITUTO MATERNO-INFANTIL DE PERNAMBUCO (IMIP)

PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL

SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL EM

ADOLESCENTES: ESTUDO SÉRIE DE CASOS.

CONCIANA DUARTE MONTE

RECIFE - 2004

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SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL EM

ADOLESCENTES: ESTUDO SÉRIE DE CASOS.

DISSERTAÇÃO APRESENTADA BANCA EXAMINADORA DO CURSO DE

MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL DO INSTITUTO MATERNO-

INFANTIL DE PERNAMBUCO COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A

OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE EM SAÚDE MATERNO INFANTIL.

ORIENTADOR: Prof. Dr. JOSÉ EULÁLIO CABRAL FILHO

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. CARLOS MURILO AMORIM DE BRITTO

RECIFE – 2004

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DEDICATÓRIA

Esta dissertação é dedicada a:

A essência da minha família, meus pais Fausto Duarte Cabral e Mireile

de O Guedes Cabral, minhas irmãs Ceres Almeida e Cecile Cabral, meu marido

Bruno Monte, meu cunhado Brivaldo Almeida e meu filho Bruno. Cada um

deles com sua contribuição valiosa:

Meus pais, meus ídolos e grandes amigos, procurando incentivar a busca do

conhecimento através do aperfeiçoamento da profissão.

Minha irmã, Ceres minha grande amiga, por fazer despertar a importância do

mestrado na minha carreira acadêmica. E pela contribuição através dos seus

conhecimentos como mestra e apoio incondicional em tudo da minha vida.

Minha irmã, Cecile, pelos conhecimentos na área de fisioterapia e por estar

presente em minha vida.

Meu marido, Bruno, por ter contribuído para mais esta etapa de minha vida e

entender a minha ausência em alguns momentos.

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Meu cunhado, Brivaldo, pelo seu temperamento prestativo e amigo.

Meu querido, Bruno Filho, que esteve presente no período mais importante da

minha vida, proporcionando alegrias na conclusão desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser um espírito de luz na minha vida.

Ao IMIP pela viabilidade da realização deste sonho profissional ser alcançado.

Ao meu Orientador, Prof. José Eulálio Cabral Filho, por acreditar nesse estudo e

com seus sábios conhecimentos ter contribuído para sua finalização.

Ao meu co-Orientador, Prof. Murilo Amorim Britto, por contribuir com grandes

sugestões na metodologia.

Aos pacientes e responsáveis, pois a sua participação foi imprescindível.

A Dra. Tânia Moísa Marinho, por ter contribuído de forma substancial,

encaminhado os indivíduos com SRB para o ambulatório de fonoaudiologia.

A minha amiga Lúcia Salerno pela alegria e atuação especialmente recebidas, o

que me fez sentir uma profunda admiração revertida em amizade verdadeira.

A minha amiga e colega de trabalho Cleide Teixeira pelo incentivo e apoio na

realização deste curso.

As estagiárias Taciana, Mirella, Bábara e Márcia por suprir a minha ausência

nas avaliações auditivas.

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A funcionária do Ambulatório Especializado Marlene Rosendo pela

colaboração na marcação dos adolescentes.

A secretária do mestrado Odimeres Oliveira da Silva, pela paciência e

compreensão nos momentos difíceis.

Ao Prof. Manoel Costa, por permitir a realização deste estudo no laboratório de

ed.física da UPE.

A Profa. Terezinha Lima, por contribuir com seus conhecimentos.

Aos secretários do Laboratório de Educação Física da UPE, Nídia e Eduardo,

pela paciência com os adolescentes ao realizarem os exames.

A Dra. Dione do Valle, pelas discussões durante a elaboração dos primórdios

objetivos deste estudo.

A Dra. Niedje Fiqueira de Lima, pelo esforço para servir, nos momentos

difíceis, comprovando o grande valor do seu caráter.

Aos estatísticos Prof. Natal Figuerôa e Prof Edimilson Mazza pelas análises

estatísticas.

Aos colegas de turma e ao corpo docente do Mestrado em Saúde Materno

Infantil do IMIP, pelo companheirismo e conhecimentos transmitidos.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS

LISTA DAS ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

RESUMO

ABSTRACT

I. INTRODUÇÃO 02

II. OBJETIVOS 14

2.1. Geral 14

2.2. Específicos 14

III. MÉTODOS 16

3.1. Local do estudo 16

3.2. Desenho do estudo 16

3.3. População do estudo 17

3.4. Período do estudo 17

3.5. Critérios e procedimentos para a seleção de sujeitos 17

3.6. Variáveis estudadas 18

3.7. Definição dos termos e variáveis 19

3.8. Técnicas, testes, exames e procedimentos 22

3.9. Processamento e análise de dados 25

3.10. Revisão bibliográfica 26

3.11. Aspectos éticos 27

IV. RESULTADOS 29

V. DISCUSSÃO 37

VI. RECOMENDAÇÕES 45

VII. CONCLUSÕES 47

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49

ANEXOS 60

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LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Distribuição de adolescentes com SRB de acordo com

avaliações espirométricas, telerradiográficas e postural.

29

Tabela 2. Distribuição de adolescentes com SRB segundo discrepância

do padrão facial avaliado pela altura facial ântero-inferior.

30

Tabela 3. Distribuição dos adolescentes com SRB conforme alterações

posturais.

31

Tabela 4. Valores percentuais médios em relação ao padrão das medidas

espirométricas e telerradiográficas dos adolescentes com SRB.

32

Tabela 5. Valores percentuais médios com relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e Volume Expiratório Forçado conforme

altura facial ântero-inferior (leve/moderada e acentuada).

32

Tabela 6. Valores percentuais médios em relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e Volume Expiratório Forçado dos

adolescentes com SRB conforme alterações posturais.

33

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Tabela 7. Valores percentuais médios em relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e do Volume Expiratório Forçado dos

adolescentes com SRB conforme a presença de uma ou mais alterações

posturais.

34

Tabela 8. Coeficiente de correlação de Pearson entre comprimento

efetivo da maxila (Co-A), comprimento efetivo da mandíbula (Co-Gn) e

altura facial ântero-inferior (AFAI) com Capacidade Vital Forçada e

Volume Expiratório Forçado.

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ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

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ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS SRB Síndrome da Respiração Bucal

CVF Capacidade Vital Forçada

VEF Volume Expiratório Forçado

AFAI Altura da face ântero-inferior

Co-A Distância entre os pontos Côndilo (Co) e o ponto mais profundo da

concavidade da maxila (A)

Co-Gn Distância entre o côndilo (Co) e o gnátio (Gn)

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RESUMO

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RESUMO

OBJETIVOS: Investigar as alterações faciais, posturais e a Capacidade Vital

Forçada e Volume Expiratório Forçado em adolescentes com Síndrome da

Respiração Bucal (SRB).

SUJEITOS E MÉTODOS: foi realizado um estudo descritivo do tipo série de

casos com 31 adolescentes apresentando Síndrome da Respiração Bucal (SRB)

na faixa etária de 13 a 18 anos. Realizaram avaliação telerradiográficas e

espirométrica para a obtenção dos valores das seguintes variáveis Altura da face

ântero-inferior (AFAI), Comprimento efetivo da maxila (Co-A) e Comprimento

efetivo da mandíbula (Co-Gn), Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume

Expiratório Forçado (VEF), bem como a avaliação postural por computador.

RESULTADOS: Dos 31 adolescentes iniciais, 24 realizaram a avaliação

telerradiográfica, 26 a avaliação espirométrica e 20 a avaliação postural. Na

telerradiografia 16 apresentaram alteração da AFAI de grau acentuado, sete de

grau leve/moderado e um foi normal. Todos os pacientes tinham alteração

postural (hipercifose, hiperlordose, escoliose e protusão abdominal). A maior

incidência foi de protusão abdominal. Não foi observada diferença nos dados

espirométricos (CVF e VEF) entre os padrões de AFAI nem em relação à

postura.

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CONCLUSÕES: 1. Adolescentes com SRB apresentam alterações posturais,

tipo protusão abdominal, escoliose, hipercifose e hiperlordose, em geral

múltiplas; 2. A função respiratória não está comprometida no respirador bucal

em esforço leve; 3. Não há relação entre alteração do padrão facial com a

capacidade vital forçada ou com o volume expiratório forçado; 4. Não há

relação entre alterações posturais com a capacidade vital forçada ou com o

volume expiratório forçado.

PALAVRAS-CHAVES: respiração bucal, postura, adolescentes, espirometria,

face.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

OBJECTIVE: The investigate alterations in the face, posture, forced vital

capacity and forced expiratory volume of adolescents.

SUBJECTS AND METHODS: This is a case series study including 31

adolescents suffering Breathing Mouth Syndrome (BMS) aged 13 to 18 years.

Telerradiography, spirometric, lower anterior facial height and posture

evaluation by computer were performed.

RESULTS: Although 31 patients have been included at begin of the study, only

24 were submitted to teleradiographic examination, 26 to spirometric evaluation

and 20 to posture evaluation. Twenty-three patients presented lower anterior

facial height alterations (16 intense, 7 light/moderate degree). Twenty patients

presented posture alterations (abdomen protusion, scoliosis, hipercyphosis and

hiperlordosis), abdomen protusion being the more frequent. There was no

difference in spirometric values between upper anterior facial height degrees

(light and light/moderate). There was no difference in spirometric values of

forced vital capacity or forced breathing volume among postures as well.

CONCLUSIONS: 1. Adolescents suffering mouth-breathing syndrome have

posture alteration such as abdomen protusion, scoliosis, hipercyphosis and

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hiperlordosis. As a rule they are multiple. 2. In mouth breathing individuals,

respiratory function is not disturbed. 3. There is no a relationship between face

alterations and forced vital capacity or forced breathing volume. 4. There is no

relationship among posture alterations and forced vital capacity or forced

breathing volume.

Key words: mouth breathing; posture; adolescents; spirometry; face.

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INTRODUÇÃO

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I. INTRODUÇÃO

Considera-se atualmente, que a normalidade da função naso-

respiratória é um importante estímulo, entre outros, do crescimento e

desenvolvimento facial normal. Caso esta função seja prejudicada, poderão

acontecer desequilíbrios entre vários componentes morfo-funcionais e

neuro-musculares provocando conseqüentemente alterações faciais e

posturais. Uma das situações nas quais a função respiratória é prejudicada é

Síndrome da Respiração Bucal.

Pode-se afirmar que, dentre as patologias respiratórias, a Síndrome

da Respiração Bucal (SRB) figura como de grande importância não só pelas

perturbações funcionais do sistema respiratório que causam ao indivíduo,

como pelas conseqüências deletérias para outros sistemas orgânicos

(estruturas ósseas da face e do tronco) (Freitas et al., 2001).

Trata-se de uma condição patológica crônica na qual o indivíduo

respira predominantemente pela boca e que provoca alterações

morfofuncionais no organismo (Petrelli, 1992; Carvalho, 1996). Ainda que

importante devido à natureza dos sintomas que provocam no indivíduo não

existem ao nosso conhecimento, informações sobre prevalência desta

síndrome em populações de adolescentes conforme revisão em várias bases

de dados.

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Normalmente, esta síndrome ocorre devido a processos obstrutivos

na região das vias aéreas superiores que pode instalar-se por vários motivos

como, edema da mucosa nasal, pólipos nasais, hipertrofia de cornetos,

rinite alérgica, hipertrofia de adenóide, aumento das amígdalas palatinas e

desvio de septo (Marchesan, 1998; Prates, 1997 e Freitas et al., 2001). No

entanto, considera-se que a hipertrofia de adenóide é a principal causa da

respiração bucal (Freitas et al., 2001; Prates et al., 1997). Evidências de

muitos estudos, indicam que pessoas com este modo respiratório

inadequado apresentam características estruturais e funcionais específicas,

tais como: lábios entreabertos, protusão da arcada dentária superior,

mordida cruzada, mordida aberta anterior, respiração oral crônica,

deglutição atípica, infecções repetitivas das vias aéreas superiores, olhos

inclinados para baixo e olheiras (dando-lhes um aspecto facial de tristeza)

(Carvalho, 1996; Ricketts, 1968; Prates et al., 1997; Petrelli, 1992 e Faria et

al., 2002). Além destas, podemos citar alterações de comportamento como

irritação, desatenção, ansiedade, impaciência, medo de realizar tarefas,

depressão, sono agitado e claustrofóbico (Queluz, 2000). Vários autores

concordam que a respiração bucal isolada é muito rara sendo mais

freqüentemente encontrada a respiração mista: bucal e nasal (Carvalho,

1996 e Segóvia, 1979).

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Para que se possa entender como estas alterações da respiração

podem comprometer outros órgãos e estruturas, é importante rever

sucintamente a anatomia e a fisiologia do sistema respiratório. Este sistema

é um conjunto de órgãos tubulares e alveolares situado na cabeça, pescoço

e cavidade torácica. Durante a inspiração o ar entra por sucção, circula pela

cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traquéia e brônquios antes

de chegar aos pulmões. Um adulto inspira em média 7 litros de ar por

minuto e, quando em exercícios físicos intensos, pode inspirar até 100 litros

por minuto. O recém-nascido faz 40 inspirações por minuto, a criança de

um ano, 24 e o adulto apenas 14. Enquanto a inspiração é um processo

ativo, sendo o efeito da ação muscular voluntária e reflexa, a expiração é

um processo passivo.

A respiração predominantemente nasal além do seu papel fisiológico

em relação às trocas gasosas, permite a olfação, condiciona o

direcionamento e filtra o ar, auxilia a fala e tem extrema importância no

adequado crescimento e desenvolvimento crânio-facial (Queluz, 2000). Em

contrapartida, a respiração predominantemente bucal perturba o

desenvolvimento normal, não somente da face como também do tronco

(Prates et al., 1997).

Para o bom funcionamento da respiração nasal é necessário que a

boca se feche em algum ponto, anteriormente pelo selamento dos lábios, na

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porção média com o dorso da língua em contato com o palato duro e,

posteriormente, pela base da língua com o palato mole. Quando não há o

selamento de pelo menos um destes pontos, ocorre flacidez dos músculos

da face, o que pode levar a boca a se abrir durante o ato inspiratório,

originando assim a respiração bucal (Marchesan, 1998). O hábito deste tipo

de respiração, impede que a língua pressione o palato, ocasionando

compressão externa da maxila pelo desenvolvimento dos sistemas ósseo e

muscular da face. Nesta situação o palato duro apresenta-se ogival e a

arcada dentária superior tende a deslocar-se para frente e para dentro,

provocando mordida cruzada e outras alterações oclusivas, o que leva à

modificação da altura da face ântero-inferior (AFAI) (Cintra et al., 2000).

Esta medida corresponde a região que vai do ponto referente a concavidade

máxima da maxila até o ponto anterior do mento (McNamara Jr, 1984).

Weider et al. (2003), Faria et al. (2002), Bresolin et al. (1983) e Yang et al.

(2002) mostraram que a persistência da respiração bucal interfere no padrão

de oclusão dentária, por causa do posicionamento errôneo da língua e da

mandíbula. Alterações estruturais foram também encontradas por Faria et

al. (2002) que em estudo realizado com crianças na faixa etária de sete a 10

anos apresentando respiração bucal verificaram retrusão maxilo-mandibular

em relação à base do crânio.

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Em conseqüência da falta de aeração nasal, as pressões e distensões

das estruturas que asseguram a correção dos seios maxilares deixam de

ocorrer, isto é, o vedamento labial é executado de forma inadequada. Com

isso são utilizadas intensamente as partes laterais do músculo orbicular dos

lábios, dando a estes uma curvatura para baixo que compromete os grupos

musculares do mento, e acarreta constantemente dores no pescoço ou na

nuca, bem como alterações osteomusculares da região (Aragão, 1988).

Quando há obstrução das vias aéreas superiores por longo período, agrava-

se a mecânica ventilatória e ocorre um desequilíbrio das forças de distensão

e contração dos músculos da porção inferior da face (principalmente o

orbicular e o bucinador), provocando disfunções temporomandibulares.

Para que o padrão respiratório aconteça de modo funcionalmente

apropriado, é imprescindível que durante a infância sejam eliminados

hábitos errôneos, adquiridos, os quais estão diretamente relacionados com

sucção de chupeta, de mamadeira, do dedo polegar e da falta de aleitamento

materno e, contribuem para deformações do palato, com o conseqüente

desencadeamento da respiração bucal (Prates et al., 1997). Devido à forma

anatômica do bico da mamadeira, a criança apresenta dificuldade para

respirar pelo nariz, o que difere do ato da amamentação, pois nesta a sucção

do leite ocorre quando o mamilo encontra-se entre os rebordos gengivais.

De fato, ao realizar a sucção no peito, a mandíbula é posicionada para

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frente, função esta auxiliada pelos músculos pterigóideos externos,

exercendo estimulação dos côndilos mandibulares e levando à estimulação

da musculatura da face. Isto proporciona o desenvolvimento adequado das

estruturas do sistema estomatognático e favorece a respiração nasal

(Aragão, 1988).

Devido às alterações citadas, a musculatura e as estruturas

esqueléticas faciais apresentam também modificações. É preciso salientar

que, mesmo após tratamento cirúrgico que desobstrua as vias aéreas

superiores, faz-se necessário um tratamento fisioterápico para reeducação

muscular e postural, um tratamento ortodôntico e ortopédico bem como,

paralelamente, terapia fonoaudiológica a fim de estabelecer padrões ideais

do sistema estomatognático, recuperando suas funções e evitando recidiva.

Além das assimetrias faciais citadas, a respiração inadequada

acarreta prejuízos posturais bastante perceptíveis (Marchesan, 1998). É

bem conhecido que na ontogênese a formação inicial da coluna vertebral é

uma cifose a qual dura todo o período embrionário. Por outro lado a

sustentação do corpo surge desde antes do nascimento e continua até os 2

anos de idade, ocorrendo neste período todo um desenvolvimento postural

sendo no recém nascido uma lordose cervical, é uma extensão do pescoço

aos 3 ou 4 meses e uma lordose lombar entre 12 e 18 meses (Lima, 2001).

Durante o desenvolvimento dos indivíduos com respiração normal os

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movimentos da flexão e extensão do tronco garantem a harmonia e o

equilíbrio das cadeias musculares antero-posterior e ântero-medial do

corpo. Nos casos em que surgem modificações do padrão postural normal,

como nos respiradores bucais, a sinergia entre a primeira cadeia e a

segunda se desfaz, por causa da inversão do ponto de inserção de alguns

músculos, provocando assim uma lordose cervical. Esta desarmonia

propicia uma má postura, pois a respiração bucal determina também uma

anteriorização da cabeça proveniente das modificações no movimento de

flexão que impedem a criação do espaço necessário para articulação entre

as duas primeiras vértebras cervicais (Marins, 2001).

Conhecendo melhor o desenvolvimento corporal é possível entender

as seqüelas possíveis de ocorrer devido à obstrução nasal. Crianças com

respiração bucal permanecem com a postura semelhante a menores de 8

anos enquanto que aquelas com respiração nasal, melhoram sua postura

corporal após esta idade (Krakauer & Guilherme, 2000). Aragão (1988) e

Gomes (1999), mostraram que, os respiradores bucais, a fim de facilitar a

chegada do ar aos pulmões, sofrem distorções na postura tais como, flexão

do pescoço para frente perdendo a sinuosidade natural. É interessante notar

que esta alteração está conjugada a elevação das omoplatas e a depressão

da região anterior do tórax, o que produz um perfil muito típico desta

síndrome.

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As alterações posturais têm sido fartamente descritas pela literatura,

sendo relacionadas a diversas causas, entre elas a SRB. Segundo Lima

(2001), tais alterações se originam de hipotonias musculares, distúrbios

emocionais e hábitos nocivos adquiridos pela prática de posições corporais

(estáticas e dinâmicas) inadequadas. Vários estudos verificaram que

crianças ou adultos com respiração bucal apresentam, dentre as alterações

posturais mais freqüentes, ombros anteriorizados, escápulas salientes,

assimetria torácica, coluna cervical flexionada, hiperlordose, hipercifose e

compressão do tórax (Köhler et al., 1995 e Felício, 1999). Devido a tais

modificações, o movimento do diafragma se altera, os músculos

abdominais tornam-se flácidos e os membros tanto inferiores como

superiores assumem uma posição não anatômica comprometendo sua

funcionalidade (Krakauer & Guilherme, 2000). Conforme indicam esses

autores a harmonia morfo-funcional entre crânio, coluna cervical e sistema

estomatognático garante a estabilidade da posição ereta do crânio

(ortostática) através de um complexo mecanismo muscular do pescoço e da

escápula. O equilíbrio da cabeça depende da sua porção posterior, dos

músculos cervicais e suboccipitais, que relacionam o crânio com a coluna

vertebral e a cintura escapular (Rahal & Krakauer, 2001). Os demais

sistemas, isto é, o sensorial e o dentário também necessitam de uma relação

sinérgica da anatomia do tronco em relação ao pescoço (Rolf, 1990). No

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caso de distúrbios do padrão respiratório, esta sinergia é comprometida por

causa das transformações das estruturas envolvidas a fim de o organismo se

adaptar às exigências do padrão respiratório alterado. Assim, Weber et al.

(1981), Bresolin et al. (1983), Kumar et al. (1995) e Wenzel et al. (1983)

indicam que o modo respiratório (nasal e/ou oral), pode influenciar

indiretamente a morfologia crânio-facial, através da mudança da posição da

cabeça, sendo a extensão desta uma das características mais freqüentemente

encontradas.

A possibilidade desta Síndrome não ser detectada durante a infância,

transformando os referidos sintomas em danos permanentes na

adolescência, exige uma investigação melhor desta faixa etária.

Segundo a OMS, a adolescência é definida cronologicamente pela

idade dos 10 aos 20 anos. Nesta faixa etária observa-se que o pico de

velocidade do crescimento segue a desaceleração gradual do ganho

estatural até a parada de crescimento ao redor dos 15 a 16 anos para

meninas e 17 a 18 para os meninos (Marcondes et al., 2002). No presente

trabalho a população estudada foi composta por adolescentes. O motivo de

escolha da faixa etária de 13 a 18 anos deu-se com o intuito de investigar as

alterações posturais já instaladas decorrente da SRB.

Se a respiração bucal não for diagnosticada e tratada precocemente

os prejuízos posturais poderão transformar-se em deformidade esquelética

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degenerativa provocando graves conseqüências na adolescência (Marins,

2001). Rahal & Krakauer (2001) constataram que a análise de postura

corporal é fundamental para que a avaliação das conseqüências provocadas

pela respiração bucal seja completa e com isso, se obtenha o diagnóstico

preciso. As técnicas usualmente empregadas por fonoaudiólogos e outros

profissionais que atuam com esta patologia, são observacionais através de

exames clínicos, fotografias e filmagens posicionando o indivíduo em pé e

avaliando-o nos planos frontal, sagital e dorsal. Entretanto análise da

postura pode ser feita métodos computacionais (Costa et al., 1998).

Diante desta apreciação verifica-se que em crianças, há abundante

literatura da associação entre problemas estruturais, funcionais e

emocionais com a respiração bucal (Bresolin et al., 1983; Faria et al., 2002;

Weider et al., 2003). Para solução deste modo respiratório inadequado é

necessária não só a remoção dos fatores que a produziram como também a

sua reeducação e readaptação da musculatura envolvida visando uma

melhor qualidade de vida (Araújo, 1988). O tratamento deverá ser iniciado

na infância, pois é nesta fase que a prevenção evitará seqüelas, para os

adolescentes com SRB, quando somente a cirurgia ortognática poderá

recuperar as estruturas ósseas da face (Bresolin et al. 1983).

Embora exista uma vasta literatura abordando separadamente os três

grupos de alterações, isto é, alterações faciais, posturais e respiratórias –

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produzidas pela respiração bucal, são poucos estudos que investigaram as

relações funcionais entre estes fatores, exceto alguns em crianças. Após

extensa revisão da literatura nos bancos de dados (VIDE Métodos - item

3.10) entretanto não encontramos trabalhos buscando determinar estas

possíveis associações em adolescentes.

Em virtude da carência de dados, a relação da função respiratória

com essas alterações nos adolescentes com a SRB, precisam ser melhor

investigadas. De fato, é possível que nesta população as modificações

faciais e posturais associam-se em variações respiratórias. Esta foi à razão

que nos levou a investigar as modificações faciais, posturais e funcionais

do aparelho respiratório em adolescentes com SRB.

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OBJETIVOS

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II. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Descrever as alterações faciais, posturais e a expirométricas em

adolescentes com Síndrome da Respiração Bucal (SRB).

2.2 ESPECÍFICOS

Em adolescentes com Síndrome da Respiração Bucal verificar a

associação entre valores espirométricos com:

Altura facial ântero-inferior (AFAI)

Comprimento efetivo da mandíbula (Co-Gn)

Comprimento efetivo da maxila (Co-A)

Alterações posturais

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MÉTODOS

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III. MÉTODOS

3.1. LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado no ambulatório de Adolescente do Instituto

Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), localizado na cidade do Recife -

Pernambuco. O IMIP é uma instituição de referência Nacional do

Ministério da Saúde, no que diz respeito à assistência materno-infantil, e

reconhecida pelo Ministério de Educação como Hospital de Ensino. Dispõe

de diversas especialidades, entre elas otorrinolaringologia e fonoaudiologia

(audiologia, motricidade oral, linguagem e voz). No ambulatório de

otorrinolaringologia são realizadas mensalmente cerca de 170 consultas.

Quanto às cirurgias de hipertrofia de adenóide, hipertrofia de tonsilas

palatinas e desvio de septo, no período de 2001 a 2004 foram realizadas

505 adenoidectomias, 215 amigdalectomias e 119 e septoplastias.

3.2. DESENHO DO ESTUDO

Estudo descritivo do tipo série de casos, indicado para esta pesquisa

pela disponibilidade apenas de um grupo pequeno de indivíduos portadores

de SRB que freqüentaram o ambulatório de pediatria da Instituição.

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3.3. POPULAÇÃO DO ESTUDO

Participaram desse estudo 31 adolescentes de ambos os sexos, na

faixa etária de 13 a 18 anos apresentando características da SRB. Deste total

24 avaliação telerradiográfica, 26 realizaram avaliação espirométrica e 20

avaliação postural.

3.4. PERÍODO DO ESTUDO

O estudo desenvolveu-se durante os meses de janeiro a julho de

2003.

3.5. CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DOS

SUJEITOS

3.5.1. Critérios de Inclusão

• Síndrome da Respiração Bucal.

• Faixa etária de 13 a 18 anos.

• Sexos masculino e feminino.

3.5.2. Critérios de Exclusão

• Doenças genéticas, endócrinas e cardiovasculares que interfiram no

crescimento e desenvolvimento.

• Fissuras labiais, palatinas, lábio-palatinas.

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• Doenças neurológicas que afetem o crescimento e desenvolvimento.

• Asma.

• Doenças ortopédicas congênitas ou traumáticas.

3.5.3. Procedimentos para a seleção dos sujeitos:

• Identificação por médico pediatra do indivíduo com SRB, a partir do

diagnóstico de distúrbios de vias aéreas superiores e seu

encaminhamento ao ambulatório de Fonoaudiologia.

• Realização da anamnese e avaliação fonoaudiológica (pela

pesquisadora) a fim de complementar o diagnóstico da SRB.

• Esclarecimento aos responsáveis quanto ao objetivo e procedimentos do

estudo e solicitação da participação do menor mediante assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO III).

• Após concordância os pacientes eram encaminhados para realização dos

exames específicos desta pesquisa.

3.6. VARIÁVEIS ESTUDADAS

• Medidas telerradiográficas (mm): Altura facial ântero-inferior (AFAI),

Comprimento efetivo da maxila (Co-A) e Comprimento efetivo da

mandíbula (Co-Gn).

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• Medidas Espirométricas (cm3): Capacidade Vital Forçada (CVF) e

Volume Expiratório Forçado (VEF).

• Alterações Posturais: Hiperlordose, Hipercifose, escoliose e protusão

abdominal.

3.7. DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS

1) Síndrome da Respiração Bucal: presença de qualquer obstáculo no

sistema respiratório, especialmente na região nasal e/ou faríngea, que

ocasiona obstrução nasal, obrigando o indivíduo a utilizar a cavidade

bucal como um conduto passivo na respiração caracterizando-se por:

face alongada, base do nariz alargada, olheiras (aspecto cansado),

estreitamento da arcada superior, do palato e das narinas, alteração de

tônus na musculatura dos lábios, aumento das infecções próprias do

aparelho respiratório, músculos abdominais flácidos (Marchesan, 1997).

2) Doenças genéticas: são doenças que ocorrem como conseqüência de

anomalias hereditárias da estrutura genética e que interfiram no

crescimento e desenvolvimento ósseo do indivíduo, tais como, nanismo

e Síndrome de Pierre Rubin.

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3) Fissuras labiais, palatinas, lábio-palatina: são fendas decorrentes de

malformações congênitas que ocorrem no período embriológico e

provocam diversas seqüelas, podendo ocorrer isoladamente (labiais ou

palatinas) ou associadas (lábio-palatina) (Lofiego, 1992 e Cardim,

1992).

4) Doenças neurológicas: as que atingem o sistema nervoso central

alterando o mecanismo motor ou postural.

5) Asma: condição que se caracteriza por acessos recorrentes de dispnéia,

tosse e sensação de constrição por efeito da contração espasmódica dos

brônquios.

6) Doenças Ortopédicas Congênitas: doenças caracterizadas por defeitos

ósseos ou das articulações adquiridas intra-útero, tais como, pé torto

eqüinovaro congênito; pé plano/pé chato; escoliose congênita; joelho

varo (genu varum); joelho valgo (genu valgum); torcicolo muscular

congênito; luxação congênita do quadril; coxa valga; coxa vara; pé

escavado ou pé cavo.

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7) Altura Facial Ântero-inferior - AFAI: (relação maxilo-mandibular)

sendo classificada como leve (até 2 mm), moderada (2 – 5 mm) e

acentuada (>5 mm).

8) Comprimento efetivo da maxila - Co-A: distância entre os pontos

côndilo (Co) e o ponto mais profundo da concavidade da maxila (A).

9) Comprimento efetivo da mandíbula - Co-Gn: distância entre o

côndilo (Co) e o gnátio (Gn).

10) Alterações Posturais:

• Hiperlordose: aumento do ângulo de inclinação pélvica entre a

superfície superior do sacro e a horizontal, ultrapassando 550

(Lima, 2001).

• Hipercifose: aumento anormal da concavidade posterior da

região torácica da coluna vertebral. A deformidade pode tomar a

forma de uma curva longa com o eixo em T7-T9, de uma cifose

com o ápice em T11-T12 ou uma angulação posterior aguda

localizada (Lima, 2001).

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• Escoliose: diminuição do espaço transverso do lado côncavo, um

desvio do espaço espinhoso de sua linha de simetria e uma

projeção lateral e anterior das costas. Do lado convexo, há uma

projeção posterior do quadril costal e um aumento do espaço

intercostal (Lima, 2001).

• Protusão abdominal: aumento anterior do volume abdominal

por flacidez da musculatura.

11) Medidas Espirométricas:

• Capacidade Vital Forçada (CVF): o volume de ar exalado com

esforço máximo, a partir do ponto de máxima inspiração. Esta

grandeza é expressa em cm3 (Pereira et al., 1996).

• Volume Expiratório Forçado (VEF): volume de ar exalado no

primeiro segundo da manobra de CVF. Esta grandeza é expressa em

cm3 (Pereira et al., 1996).

3.8.TÉCNICAS, TESTES, EXAMES E PROCEDIMENTOS

As medidas de estatura, peso e avaliação postural bem como, os

laudos foram realizadas no Laboratório de Performace Humana da Escola

Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco pela

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professora de Educação Física. As medidas antropométricas foram

realizadas com estadiômetro para adultos, com precisão de 1 mm (altura) e

balança tipo Filizola com precisão de 100g (peso). A avaliação postural foi

feita através da técnica de Avaliação da Postura por Computador (Costa et

al., 1996) utilizando uma câmara Panasonic modelo M3000, com uma

placa digitalizadora de vídeo PRO MOVIE STUDIO (fabricação Media

Vision) que permite a captura de imagens em tempo real. As informações

eram processadas em um computador PC compatível 486 DX2/66, com 4

MB de memória. A câmera era posicionada perpendicularmente ao solo,

com a lente posicionada a 105cm deste. O nivelamento da câmera foi

ajustado através do tripé. O processo de análise da imagem iniciava-se com

a calibração do fio de prumo da fotografia com o programa a fim de

corrigir medidas de eventuais desníveis na captura, possibilitando às

imagens uma referência absoluta para a precisão das medidas. A

mensuração do ângulo de cada região foi feita com o auxílio do mouse

posicionando a seta sobre cada um dos pontos, conforme as orientações do

programa. Para obtenção destas medidas os participantes usavam trajes de

banho (ANEXO I). Este método foi validado anteriormente para

adolescente em Pernambuco (Lima, 2001).

A espirometria foi realizada no IMIP por um médico pediatra

pneumologista. Para determinação dos valores foi utilizado o espirômetro

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pneumotacógrafo de fluxo MULTISPIRO SX/PC, sendo os resultados

registrados em cm3. Para registro deste procedimento o indivíduo mantinha

a boca no aparelho sendo-lhe solicitado que realizasse movimentos

respiratórios (inspiração e expiração) forçados a pequenos intervalos, em

período de três vezes consecutivas. O valor mais alto das três respirações

era considerado como o melhor desempenho respiratório. O volume era

medido em relação ao tempo expirado. Conforme este procedimento o

relatório gerado (expresso como um gráfico) corresponde à tradicional

curva tempo / volume que é chamada de espirograma. A partir desses

procedimentos era calculada a capacidade vital forçada (CVF) e o volume

expiratório forçado (VEF).

A telerradiografia é um tipo de radiografia que no presente estudo foi

realizada à distância de 1,69 m da face do paciente, estando o mesmo em

posição de perfil. A tomada da telerradiografia foi feita por técnicos em

raio-X e seus laudos por dentistas especialistas em radiologia, utilizando o

aparelho ORTHORALIX 9.200 em uma clínica especializada do Recife

(Face Imagem). Através deste exame era traçado um mapa cefalométrico

utilizando a imagem “scaneada” e delimitando-se os pontos faciais através

do software CEF X 2001. Os valores do padrão facial (AFAI, Co-A e Co-

Gn) foram determinados através da análise de McNamara Jr (1984)

(ANEXO II).

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Os dados da telerradiografia e espirometria foram descritos no

presente trabalho como percentuais dos valores encontrados nos pacientes

em relação aos padrões de normalidade segundo McNamara Jr (1984) e

Pereira et al. (1996), respectivamente. Para a obtenção destes percentuais

utilizou-se a seguinte expressão:

% Obsevado = MD x 100 MP

Onde: MD é a medida da variável determinada no paciente com SRB.

MP é a medida padrão correspondente à mesma variável.

3.9. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos foram digitados e armazenados no programa

Microsoft Excel. O banco de dados foi exportado para o SAS (Statistical

Analysis System) versão 8, a fim de serem realizadas as análises

estatísticas.

Para análise quantitativa dos dados foram utilizadas técnicas de

estatística descritiva e inferencial. As técnicas de estatística descritiva

envolveram a obtenção de distribuições freqüência absolutas e percentuais,

bem como média, desvio padrão, coeficiente de variação e o coeficiente de

correlação de Pearson. As técnicas de estatística inferencial envolveram a

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utilização do teste “t” de Student para variâncias iguais. O erro α adotado

para as decisões estatísticas foi de 5,0% (α ≤0,05).

3.10. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Embora estejam disponíveis pesquisas relacionando alterações

posturais e faciais em crianças com SRB, o mesmo não ocorre com relação

a adolescentes. A presente revisão bibliográfica foi realizada nos seguintes

bancos de dados: MEDLINE (1966-2004), LILACS, OVID, SICENCE

DIRECT, CLINICAL QUEERIES e através dos serviços do COMUT e da

Biblioteca Central e do Centro de Ciências da Saúde da UFPE. Para isto

foram usados os seguintes unitermos do Medical Subject Headings (MeSH)

combinados entre si pelas sintaxes booleanas AND e OR: “mouth

breathing”, “spirometry”, “long-face syndrome”, “spirometry”, “long-face

syndrome”, “capacity thoracic”, “lung”, “face”, “growth”, “development”,

“syndrome mouth breathing”, “dentalfacial alterations”, “craniofacial

growth”, “corporal posture”, “cephalometric”, “mouth breatinhg”,

“respiratory pattern”, “mouth breathing”, “skeletal”, “change breathing

mouth”, “posture”, “mouth breathing”, “pulmonary function”, “mouth

breathers”, “capacity thoracic lung”.

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3.11. ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo atendeu as normas da Declaração de Helsinque e

da resolução número 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa

em seres humanos. O projeto inicial foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do IMIP. A coleta dos dados foi iniciada após a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo responsável do menor

(ANEXO III). Após a obtenção das medidas os adolescentes eram

encaminhados ao ambulatório de Fonoaudiologia e Otorrinolaringologia

para tratamento da SRB.

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RESULTADOS

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IV – RESULTADOS

Os 31 adolescentes que atenderam aos critérios de inclusão e

exclusão se submeteram inicialmente a avaliação otorrinolaringológica

tendo sido constatado, na anamnese, que a grande maioria apresentava

queixas de ronco, pausas respiratória durante o sono (apnéia), sonolência

diurna, alterações comportamentais (irritabilidade, agressividade ou atitude

depressiva) e preferência por alimentos pastosos e líquidos. Ao exame

físico verificou-se, com grande freqüência, hipertrofia de adenóide, desvio

de septo e rinite alérgica. Conforme informações do responsável pelos

pacientes (pai ou mãe) nenhum deles recebeu tratamento clínico ou

cirúrgico anteriormente.

Em virtude de recusa ou problemas técnicos de aparelhagem somente

26 pacientes se submeteram a avaliação espirométrica, 24 à avaliação

telerradiográfica e 20 à avaliação postural (Tabela 1).

TABELA 1. Distribuição de adolescentes com SRB de acordo com

avaliações espirométricas, telerradiográficas e postural.

ESPIROMETRIA TELERRADIOGRAFIA AVALIAÇÃO POSTURAL

Masculino 10 11 09

Feminino 16 13 11

TOTAL 26 24 20

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Na Tabela 2 pode-se verificar que dos 24 adolescentes selecionados

para os quais foi possível determinar a altura facial ântero-inferior, quase

70% (16 pacientes) tinham discrepância acentuada, três tinham o padrão

facial levemente discrepante,quatro tinham discrepância moderada e apenas

um tinha padrão normal.

TABELA 2. Distribuição de adolescentes com SRB segundo discrepância

do padrão facial avaliado pela altura facial ântero-inferior.

Padrão facial

n %

Normal 1 4,2 Leve 3 12,5 Moderado 4 16,7 Acentuada 16 66,7 Total 24 100,0

Na tabela 3 verifica-se que o problema de postura mais freqüente foi

protusão abdominal, com 12 casos. Ressalta-se ainda que todos estes 20

pacientes tinham pelo menos um problema de postura.

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TABELA 3. – Distribuição dos adolescentes com SRB conforme alterações

posturais.

* Um mesmo paciente pode apresentar mais de uma alteração postural.

Como se pode observar, na tabela 4, as medidas espirométricas (CVF

e VEF) apresentaram valores próximos aos padrões de normalidade (107,30

e 99,17% respectivamente) enquanto os valores das medidas do

comprimento efetivo da mandíbula (Co-Gn) e da altura da face ântero-

inferior (AFAI) mostraram muito maior afastamento do padrão 78,52 a

125,87% respectivamente. O comprimento efetivo da maxila (Co-A)

entretanto mostrou-se próximo ao padrão. Verificou-se ainda que as

medidas espirométricas apresentaram uma maior variabilidade do que com

as medidas telerradiográficas.

Alterações Posturais*

Hiperlordose Protusão

Abdominal

Hipercifose Escoliose

n % n % n % n % Sim 7 35 12 60 8 40 6 30

Não 13 65 8 40 12 60 14 70

Total 20 100 20 100 20 100 20 100

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TABELA 4. Valores percentuais médios em relação ao padrão das medidas

espirométricas e telerradiográficas dos adolescentes com SRB.

Variáveis* n ± dp CV (%) CVF 26 107,30 ± 14,71 13,71 VEF 26 99,17 ± 14,75 14,88 Co-A 24 96,40 ± 5,50 5,71 Co-Gn 24 125,87 ± 8,01 6,37 AFAI 24 78,52 ± 7,72 9,83 * Os dados correspondem ao percentual do valor determinado no paciente com SRB em relação ao valor de um adolescente normal de mesma idade (padrão): CVF (Capacidade Vital Forçada) e VEF (Volume Expiratório Forçado), Co-A (comprimento efetivo da maxila), Co-Gn (Comprimento efetivo da mandíbula), AFAI (Altura facial ântero-inferior), CV (Coeficiente de Variação).

Comparando-se os valores espirométricos (tanto o CVF como o

VEF) do grupo AFAI leve/moderada com os do grupo AFAI acentuada

(Tabela 5), não foram observadas diferenças estatísticas (p>0,05).

TABELA 5. Valores percentuais médios com relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e Volume Expiratório Forçado conforme altura

facial ântero-inferior (leve/moderada e acentuada).

Altura da face ântero-inferior Leve/Moderada Acentuada

Espirometria* n ± dp n ± dp p

CVF 7 109,00 ± 9,97 16 107,71 ±14,91 0,874

VEF 7 99,80 ± 15,52 16 99,96 ± 14,15 0,984 *Os dados correspondem ao percentual do valor determinado no paciente com SRB em relação ao valor de um adolescente normal de mesma idade (padrão).

X

XX

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As medidas de espirometria conforme as alterações posturais podem

ser observados na tabela 6. Verificamos que os valores da Capacidade Vital

Forçada variaram de 99,43 a 109,85%, enquanto os do Volume Expiratório

Forçado variaram de 91,07 a 105,66% com relação aos padrões de

normalidade. Por outro lado, analisando-os para cada postura não se

observou diferença significante das medidas espirométricos entre os

indivíduos com alteração postural e os indivíduos sem alteração postural.

TABELA 6. Valores percentuais médios em relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e Volume Expiratório Forçado dos adolescentes

com SRB conforme alterações posturais.

ESPIROMETRIA

Alteração Postural

Presença de Alteração

CVF ± dp

p VEF ± dp

P

Sim 99,43 ± 15,43 91,07 ± 16,20 Hiperlordose 0,489 0,350 Não 103,54 ± 8,74 97,83 ± 12,39 Sim 101,29 ± 9,06 93,75 ± 13,86 Protusão Abdominal

0,738 0,561

Não 103,23 ± 14,53 97,86 ± 14,31 Sim 97,73 ± 7,43 97,73 ± 7,43 Hipercifose 0,317 0,662 Não 103,91 ± 12,30 103,91 ± 12,30 Sim 109,85 ± 9,92 105,66 ± 9,48 Escoliose 0,117 0,089 Não 99,70 ± 10,84 92,30 ± 13,57

X X

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Comparando-se os valores médios da Capacidade Vital Forçada e do

Volume Expiratório Forçado entre o grupo de adolescentes com apenas

uma alteração postural e os do grupo com mais de uma, não se encontrou

diferença estatística (Tabela 7).

TABELA 7. Valores percentuais médios em relação ao padrão da

Capacidade Vital Forçada e do Volume Expiratório Forçado dos

adolescentes com SRB conforme a presença de uma ou mais alterações

posturais.

ESPIROMETRIA Presença de Alteração Postural

CVF ± dp

p VEF ± dp

P

Uma 104,3 ± 11,6 96,7 ± 13,2

0,41 0,51

Mais de uma 99,8 ± 10,2 92,2 ± 13,2

O coeficiente de correlação de altura facial ântero-inferior com

Capacidade Vital Forçada foi 0,136 (p=0,575) com Volume Expiratório

Forçado foi de 0,111 (p=0,651), resultados estes que indicam não haver

correlação entre estas variáveis (Tabela 8).

X X

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TABELA 8. Coeficiente de correlação de Pearson entre comprimento

efetivo da maxila (Co-A), comprimento efetivo da mandíbula (Co-Gn) e

altura facial ântero-inferior (AFAI) com Capacidade Vital Forçada e

Volume Expiratório Forçado.

Espirometria

CVF VEF Telerradiografia r* p r* p

Co-A 0,035 0,885 -0,063 0,797

Co-Gn 0,256 0,289 0,154 0,527

AFAI 0,136 0,575 0,111 0,651 * A correlação foi calculada considerando os valores das variáveis em percentual dos padrões de normalidade.

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DISCUSSÃO

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V – DISCUSSÃO

Com base nos resultados do presente estudo verificou-se que na

população investigada a maioria apresentou a altura da face ântero-inferior

(AFAI) com discrepância acentuada. Embora este seja um achado

interessante, não encontramos na literatura pesquisada (VIDE Métodos –

item 3.10) informações sobre este aspecto especificamente, ou seja,

alteração de dimensões faciais em adolescentes com a Síndrome da

Respiração Bucal. Existem entretanto trabalhos investigando pacientes com

SRB no início da adolescência ou crianças em idades próximas a esta fase.

Assim Woodside et al. (1994) estudando, mediante análise cefalométricas,

indivíduos de seis a 12 anos com respiração bucal, verificaram alteração do

crescimento facial. Embora não caracterizando quais as dimensões ou eixos

da face modificaram o grau de discrepância com relação a indivíduos

normais, os autores citaram que houve mudança do padrão facial de

crescimento. Faria et al. (2002) empregando também uma análise

cefalométrica para avaliar a relação maxilo-mandibular em crianças de sete

a 10 anos portadoras da SRB verificaram que tanto a maxila como a

mandíbula estavam retraídas, o que provocava uma modificação daquela

relação. Trask et al. (1987), também estudando crianças com SRB

observaram que a mandíbula foi retrognática em relação à base do crânio,

indicando que a respiração bucal pode predispor a outros problemas como

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má oclusão dentária. É interessante notar que no presente estudo foi

detectada uma importante mudança no padrão facial pois os indivíduos

apresentaram uma grande protusão mandibular, isto é, um comprimento

efetivo da mandíbula (Co-Gn) 25% acima do respectivo padrão e que uma

redução de cerca de 22% da altura facial ântero-inferior, ao passo que a

maxila apresentava um valor muito próximo ao normal. Assim sendo, a

relação de crescimento maxila-mandibular estava profundamente alterada.

Dessas observações é plausível sugerir que indivíduos com respiração

bucal (ou predominantemente bucal), podem desenvolver distorções na

configuração da face que lhes confere aspectos característicos. Vale

salientar ainda que esta associação entre respiração bucal e estrutura facial

tem sido suportada por estudo com modelos animais (Klein, 1986).

Investigando relações anatomofuncionais este autor demonstrou que

respiração bucal experimentalmente provocada em macacos, resulta

também em modificação da altura da face anterior. A partir dos seus

resultados ele sugeriu que a obstrução nasal crônica pode contribuir para a

protusão da mandíbula. Estas evidências foram apoiadas por outros autores

em estudo realizado com crianças apresentando respiração bucal e

avaliadas durante um ano, antes de realizar cirurgia adenoidectomia e

tonsiloctomia (Weider et al., 2003) verificando que a obstrução nasal

realmente modifica a oclusão dentária. Esta hipótese é ainda mais reforçada

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porque crianças com problemas respiratórios, tipo respiração bucal nas

quais são desobstruídas as vias aéreas superiores e posteriormente

recebendo acompanhamento para readaptação da musculatura e reeducação

da função respiratória, com melhora do fluxo nasal, não desenvolvem

alterações faciais. Assim Klein (1986) através de estudo longitudinal

verificou que crianças que realizaram cirurgia de adenóide e tonsilas

palatinas apresentaram desenvolvimento crânio facial adequado enquanto

as que não realizaram estes procedimentos cirúrgicos não apresentaram

nenhuma adequação, desenvolvendo alterações pronunciadas. De maneira

semelhante Fujiki & Rossato (1999), Bresolin (1984), Krakauer &

Guilherme (2000), Behlfet et al, (1989) e Tourne (1990) encontraram que

respiradores bucais com aumento de tecido linfoideano (adenóide),

provocando obstrução nasal podem em longo prazo, ter num padrão de

exagerado crescimento vertical da face. Em vista das evidências

mencionadas e de que nos adolescentes avaliados na presente pesquisa, era

freqüente a ocorrência de hipertrofia de adenóide, rinite alérgica e desvio

de septo podemos supor que a persistência desses fatores provocam de fato

o quadro de alterações faciais encontrado. Isto é ainda corroborado pelos

achados de outros autores como Smith & Gonzalez (1989) e Klein (1986).

Além disso, é provável que a não realização de tratamento

desobstrutivo (cirúrgico) na infância, como foi registrado na anamnese,

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poderia ter induzido modificações no padrão facial não apenas de grau leve

mas de grau acentuado, fato que ocorreu na maioria dos casos. Merecem

atenção as informações da literatura de que as modificações na estrutura

facial terminam por comprometer processos mastigatórios e funções

digestivas. Quanto a estes aspectos Marchesam (1998) e Tomé et al. (2000)

verificaram que as alterações faciais provocam dificuldade não só de

oclusão dentária como também no vedamento labial favorecendo, uma

disfunção mastigatória e levando os indivíduos preferirem a ingestão dos

alimentos líquidos e pastosos o que aliás ocorreu com os nossos pacientes.

Quanto à avaliação da postura corporal as alterações mais

encontradas neste estudo, foi protusão abdominal, hipercifose, escoliose e

hiperlordose. Em crianças os distúrbios posturais freqüentemente

encontrados com a SRB são escápulas salientes, assimetria torácica, coluna

cervical flexionada, hiperlordose, hipercifose e flacidez da musculatura

abdominal (Aragão, 1988, Lima, 2001 e Marchesan, 1998), embora a

literatura consultada não comente sobre escoliose. Marins (2001) e Pereira

et al. (2001), observaram que a flacidez abdominal e a leve distensão da

musculatura abdominal em crianças com SRB pode ser justificada devido a

uma deglutição excessiva de ar, a posição protusa da mandíbula e a língua

que se encontra na porção inferior da cavidade oral, facilitando com isso, a

passagem do ar. Isso pode também ser explicado por Akerman (1997) que

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estudando crianças até sete ou oito anos identificou que a musculatura

abdominal não estava plenamente desenvolvida, o que viria a ocorrer a

partir desta idade, sendo este desenvolvimento importante para estabilidade

do esterno, costelas e coluna, contribuindo para a respiração adequada.

Vale salientar que em vários trabalhos (Rahal & Krakauer, 2001; Marins,

2001) a população estudada é de crianças, as quais estão portanto no

período de maior velocidade de crescimento e desenvolvimento. É possível

que um aumento da nossa casuística permitisse detectar outros tipos de

alterações posturais como nas crianças. Não as encontramos, mas

certamente as alterações aqui observadas representam seqüelas

conseqüentes a falta de correção do distúrbio respiratório em um período da

vida no qual o organismo tem grande plasticidade e poderia ser recuperado.

Por outro lado, na adolescência as alterações posturais decorrentes do mau

hábito respiratório, já estão instaladas, com pouca possibilidade de

modificação caso não se realize o tratamento específico (Rahal &

Krakauer, 2001; Marins, 2001). Portanto isso nos leva a admitir que a

respiração bucal desde a infância, quando não tratada devidamente, como

em nosso estudo, poderá determinar protusão abdominal e escoliose além

da hiperlordose e hipercifose.

Apesar de todos esses comprometimentos, merece atenção nos

nossos resultados o fato de que os valores da capacidade vital forçada e do

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volume expiratório forçado apresentaram-se dentro dos padrões de

normalidade. Isto é, mesmo com o modo respiratório do tipo bucal, grande

variação das dimensões da mandíbula (Co-Gn) e da face (AFAI) e a postura

corpórea em desequilíbrio a função pulmonar parece não ser atingida.

Resultados em grande parte similares foram observados por Moreira (1993)

que também não encontrou relação entre as alterações da maxila com as

variáveis que avaliam a capacidade respiratória em crianças com respiração

atípica de sete a 12 anos. Isto poderia ser explicado porque na adolescência

a postura corporal apresenta uma compensação já instalada para facilitar a

respiração (Aragão, 1988 e Gomes, 1999). De maneira semelhante Fujiki et

al. (1999) relatam que o espaço nasofaringeo adequado à respiração, se

mantém através de uma alteração compensatória na postura cefálica, que é

causada pelo aumento da angulação craniocervical. Dessa forma na SRB

desenvolve-se uma protusão de cabeça com a finalidade de manutenção da

via respiratória, sendo essas mudanças acompanhadas de movimentos

adaptativos do corpo em busca de uma posição mais confortável e de

equilíbrio ainda que em posturas alteradas (Aragão, 1988 e Krakauer &

Guilherme, 1998). Além disso, a coluna vertebral passa a funcionar

utilizando mecanismos compensatórios à ação da gravidade (Lima, 2001).

Neste estudo verificou-se também que não houve diferença da

capacidade vital forçada ou do volume expiratório forçado entre os graus

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leve/moderado e acentuado da AFAI. Igualmente não se verificou

diferenças dessas variáveis respiratórias quando se comparou indivíduos

com comportamento postural mais ou menos graves (mais de uma alteração

ou uma só, respectivamente). Avaliando as alterações morfológicas

resultantes da respiração bucal Woodside et al. (1994) observaram que o

grau das alterações morfológicas não depende da quantidade de ar que

passa pela boca ou do nariz, mas das características funcionais musculares

e da adaptação dos tecidos moles. Fields et al. (1991) estudando indivíduos

na faixa etária entre 11 e 17 anos de idade mostraram que nem sempre o

modo respiratório está relacionado à capacidade das vias aéreas. Estes

achados apóiam os nossos resultados quanto às análises espirométricas as

quais estavam normais mesmo naqueles adolescentes que apresentavam

alteração facial de grau acentuado.

Apesar dos resultados espirométricos terem-se mostrado

praticamente invariáveis em relação aos padrões de normalidade, não

podemos excluir a possibilidade de que haja algum grau de limitações da

função pulmonar. Na realidade os testes espirométricos aqui realizados não

mediram a função respiratória após atividades físicas intensa. É possível

então que no caso de maiores exigências musculares (e portanto de

oxigênio) possam ser detectadas profundas alterações respiratórias. Em

apoio a esta hipótese podemos citar Jabur et al. (1997) e Marchesan (1998)

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que relatam em seus estudos que crianças apresentam rejeição para realizar

atividades físicas comuns na infância (futebol e natação).

No presente estudo algumas limitações podem ser apontadas tais

como:

O reduzido número de casos e a inclusão apenas de indivíduos com a

doença sem o controle com indivíduos normais. A análise realizada tem

apenas validade interna. Assim sendo as conclusões do estudo não podem

ser extrapoladas para populações.

Em suma, sendo este é um estudo preliminar as suas conclusões são

ainda limitadas. Por isso mesmo, é importante o seu desdobramento através

de outras investigações sobre o tema.

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RECOMENDAÇÕES

A partir desse estudo preliminar temos como sugestão:

1. Promover a prevenção das alterações faciais e posturais em

adolescentes com SRB através do incentivo ao aleitamento materno

exclusivo e à eliminação dos hábitos nocivos tais como uso da

mamadeira e chupeta.

2. O diagnóstico e o tratamento da SRB em crianças devem ser

realizados precocemente evitando o agravamento e a permanência de

problemas faciais e posturais no indivíduo.

3. A execução de estudos analíticos e mais profundos, baseados em

uma amostra maior, e incluindo não só adolescentes com SRB, como

também adolescentes sem a Síndrome.

4. A realização de novos estudos em adolescentes com SRB através de

outros equipamentos que sejam capazes de avaliar medidas

espirométricas com esforço físico intenso e/ou prolongado.

5. A realização de estudos quanto a prevalência da SRB em crianças e

adolescentes, afim de notificar a magnitude do problema.

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CONCLUSÕES

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VI – CONCLUSÕES

1. Adolescentes com SRB apresentam alterações posturais, tipo

protusão abdominal, escoliose, hipercifose e hiperlordose, em geral

múltiplas;

2. A função respiratória não está comprometida no respirador bucal em

esforço leve;

3. Não há relação entre alteração do padrão facial com a capacidade

vital forçada ou com o volume expiratório forçado;

4. Não há relação entre alterações posturais com a capacidade vital

forçada ou com o volume expiratório forçado;

5. Apesar de existência de grandes alterações em dimensões faciais

estas, não se refletem na resposta respiratória.

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REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

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ANEXO

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ANEXO III CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(De acordo com os critérios da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa)

Eu, __________________________________________, responsável pelo menor ________________________________________________paciente matriculado no IMIP com o registro , declaro que fui devidamente informada pela Dra. ________________________________ sobre as finalidades da pesquisa "SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL EM ADOLESCENTES: ESTUDO SÉRIE DE CASOS." e estou perfeitamente consciente de que: 1. Continuarei sendo atendida no IMIP/UFPE e dispondo de toda a atenção

devida no ambulatório especializado, independente de minha participação na pesquisa.

2. Para a prática clínica, terá grande importância a minha participação neste estudo a fim de identificar possíveis alterações em portadores da Síndrome do Respirador Bucal.

3. As informações aqui presentes podem ser utilizadas para a referida pesquisa e publicação de artigos científicos.

4. Poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo sem que isto traga prejuízo a continuação do tratamento do adolescente.

5. O adolescente está participando deste estudo, com a finalidade de estimar medidas da AFAI, espirométricas e avaliação postural no Laboratório de Educação Física da Universidade de Pernambuco, coordenado pelo Profo Manoel Costa.

6. Não existem relatos que esta técnica que será utilizada tenha causado algum tipo de dano físico ou reações tóxicas.

7. Receberei resposta a perguntas ou esclarecimentos a qualquer dúvida acerco dos procedimentos relacionados a pesquisa;

Declaro finalmente, que concordei em participar da pesquisa sem que recebesse nenhum tipo de pressão. PESQUISADORA: Nome: Dra. Conciana Duarte Monte CRFa. 6686-PE Fone: 9968.9078.

Recife,_____ de _________ de ________.

________________________ ___________________________ Assinatura do responsável Assinatura da pesquisadora