132
Sistema de Inspecção de ultra-sons por Phased Array para Materiais Compósitos Aplicados à Indústria Aeronáutica João Paulo Borlido de Amorim Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientadores: Prof. Maria Luísa Coutinho Gomes de Almeida Dr. Nuno Miguel Carvalho Pedrosa Júri Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista Orientador: Prof. Maria Luísa Coutinho Gomes de Almeida Vogal: Prof. Telmo Jorge Gomes dos Santos Novembro 2014

Sistema de Inspecção de ultra-sons por Phased Array para ... · ... minha orientadora, o meu obrigado pela ... Daniel Leitão e João Pedro Borges. Ao Senhor ... dando me a liberdade

Embed Size (px)

Citation preview

Sistema de Inspecção de ultra-sons por Phased Array para Materiais Compósitos Aplicados à Indústria Aeronáutica

João Paulo Borlido de Amorim

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof. Maria Luísa Coutinho Gomes de Almeida

Dr. Nuno Miguel Carvalho Pedrosa

Júri

Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista

Orientador: Prof. Maria Luísa Coutinho Gomes de Almeida

Vogal: Prof. Telmo Jorge Gomes dos Santos

Novembro 2014

i

Agradecimentos

Querendo agradecer a todos os envolvidos nesta dissertação, sem esquecer ninguém, gostaria de

começar por manifestar os meus mais sinceros agradecimentos a todos os que me acompanharam

ao longo deste ano e que tornaram tudo possível.

À Professora Maria Luísa Coutinho, minha orientadora, o meu obrigado pela oportunidade que me

proporcionou e por tornar possível o meu desejo de fazer uma tese em ambiente empresarial.

Ao Professor Nuno Miguel Pedrosa, meu co-orientador, o meu sincero obrigado por me ter recebido

no ISQ, por me ter integrado de forma calorosa no seu grupo de trabalho, pelos conhecimentos

transmitidos, pela paciência demonstrada e pela confiança que depositou em mim ao me incorporar

num projecto tão ambicioso.

A todo o grupo de trabalho do LABEND do ISQ, agradeço por me terem tão bem recebido, pela

valiosa transmissão de conhecimentos e por todo o apoio demonstrado na execução deste projecto,

em especial aos Engenheiros José Pedro Sousa, Daniel Leitão e João Pedro Borges.

Ao Senhor Sanches, da escola de soldadura do ISQ, agradeço os conhecimentos técnicos

transmitidos e toda a disponibilidade demonstrada no que respeita às soldaduras.

Aos meus colegas de curso e amigos que sempre me acompanharam desde do início da aventura

IST, por terem sido, das mais diferentes formas, muito importantes para mim e para o trabalho que

desenvolvi ao longo de todo este tempo, em especial aos futuros Mestres André Cereja, Sara Santos

Silva e Tiago Neves e à Engenheira Rubina Marques.

Aos meus amigos, José Miguel Furtado, Tomás Freitas e Joana Matoso, o meu profundo

agradecimento por sempre me terem apoiado e por terem sido em diferentes momentos a minha

força para ultrapassar algumas barreiras e conseguir concluir esta etapa.

Aos meus primos Ferreira, agradeço todo o apoio que me deram ao longo do meu percurso

académico.

Deixando o mais importante para o fim, gostaria de agradecer aos meus pais, Jorge Amorim e Maria

Clarisse Amorim e ao meu irmão Pedro Amorim o facto de sempre me terem apoiado e sempre terem

confiado em mim, dando me a liberdade para escolher o meu percurso e aconselhando me sempre a

cada passo que dava. Graças a eles tudo isto foi possível.

Não podia de deixar de agradecer a minha avó Gracinda Borlido que infelizmente não me pode ver

concluir esta etapa da minha vida mas que certamente estará orgulhosa do meu percurso.

ii

Resumo

Os materiais compósitos são elementos de elevada resistência estrutural, elevada rigidez, baixa

densidade, são resistentes à corrosão e têm a capacidade de serem aplicados na produção de peças

com geometria complexa. O custo de fabrico destes tem vindo a diminuir, tornando-os cada vez mais

uma alternativa viável para quase todo o tipo de indústrias, como por exemplo a indústria automóvel e

aeronáutica.

Dado a crescente utilização de compósitos surge a necessidade de haver sistemas de ensaios não

destrutivos eficazes na inspecção e avaliação dos mesmos. Visto que actualmente existe uma falta de

sistemas eficazes para inspeccionar compósitos de diferentes geometrias e composição estrutural,

procedeu-se ao desenvolvimento de um sistema capaz de inspeccionar não só placas planas de

compósitos mas também placas com geometrias complexas de uma forma autónoma.

O presente sistema consiste na utilização da técnica de ultra-sons por imersão, recorrendo à variante

avançada por Phased Array. O sistema possui cinco graus de liberdade, e é capaz de fazer um

varrimento de uma área útil de cerca de 3 m2.

Para validação do presente sistema foi utilizada uma placa plana de compósito, com vários defeitos

representativos no que diz respeito à sua morfologia e localização. Os resultados finais da validação

do sistema permitiram concluir a sua eficiência relativamente à flexibilidade e sensibilidade de

detecção.

Palavras-Chaves

Sistema de inspecção automatizado

Indústria Aeronáutica

Compósitos

Ensaios não destrutivos

Phased Array

Inspecção por imersão

iii

Abstract

Composite materials have high structural strength, high stiffness, low density, they are resistant to

corrosion and have the ability to be applied in the production of pieces with complex geometry. The

manufacturing cost has decreased, making them increasingly viable alternative to almost all kinds of

industries such as automotive and aviation industries.

The increasing use of composites leads to the need for effective non-destructive testing systems.

Since there is currently a lack of effective systems for inspecting composites of different geometries

and structural composition, we developed a system able to inspect not only composite flat plates but

also plates with complex geometries in autonomous way.

The present system consists in the use of ultrasound technique by immersion using the advanced

variant, Phased Array. The system has five degrees of freedom, and is able to make a scanning of an

area of approximately 3 m2.

In order to validate this system it was used a composite flat part with several representative defects

concerning their morphology and location. The final results of the validation system allowed concluding

its efficiency with regard to its flexibility and sensitivity of detection.

Key Words

Automated inspection system

Aeronautics industry

Composites

Nondestructive testing

Phased Array

Inspection by immersion

iv

Índice

Agradecimentos ......................................................................................................................................... i

Resumo .................................................................................................................................................... ii

Palavras-Chaves ...................................................................................................................................... ii

Abstract.................................................................................................................................................... iii

Key Words ............................................................................................................................................... iii

Índice de Figuras ..................................................................................................................................... vi

Índice de Tabelas .................................................................................................................................... xi

Terminologia Utilizada ............................................................................................................................ xii

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1. Motivação ................................................................................................................................ 1

1.2. Objectivo .................................................................................................................................. 1

1.3. Estrutura .................................................................................................................................. 1

2. Estado da Arte .................................................................................................................................. 3

2.1. Compósitos .............................................................................................................................. 3

2.1.1. Introdução ........................................................................................................................ 3

2.1.2. História ............................................................................................................................. 4

2.1.3. Reforços .......................................................................................................................... 5

2.1.4. Matrizes ........................................................................................................................... 6

2.1.5. Sumário ........................................................................................................................... 7

2.2. Ensaios Não Destrutivos ......................................................................................................... 8

2.2.1. Introdução ........................................................................................................................ 8

2.2.2. Breve História dos ultra-sons .......................................................................................... 9

2.2.3. Ultra-sons ........................................................................................................................ 9

2.2.4. Vantagens e Desvantagens dos ensaios de Ultra-sons ............................................... 11

2.2.5. Inspecção por imersão .................................................................................................. 12

2.2.6. Phased Array ................................................................................................................. 12

2.2.7. Sistemas de Phased Array ............................................................................................ 13

2.2.8. Princípio de funcionamento do Phased Array ............................................................... 13

2.2.9. Formas de Representação dos resuldtados de Phased Array ..................................... 14

2.2.10. Uso dos sistemas Phased Array ................................................................................... 16

2.3. Estudos de Ensaios não Destrutivos em compósitos ........................................................... 17

v

2.4. Conclusões ............................................................................................................................ 27

3. Sistema de Inspecção Phased Array - Projecto ............................................................................ 29

3.1. Pré-Requisitos ....................................................................................................................... 29

3.2. Mercado ................................................................................................................................. 29

3.3. Concepção............................................................................................................................. 30

3.3.1. Sistema Estrutural ......................................................................................................... 31

3.3.2. Sistema Mecânico ......................................................................................................... 42

3.3.3. Sistema Recirculação de Água ..................................................................................... 52

3.3.4. Sistema Eléctrico ........................................................................................................... 52

3.4. Sistema de Inspecção Completo ........................................................................................... 53

4. Sistema de Inspecção Phased Array – Construção e Montagem ................................................. 55

4.1. Sistema Estrutural ................................................................................................................. 55

4.1.1. Tanque para inspecção ................................................................................................. 55

4.1.2. Mesa de Rotação........................................................................................................... 63

4.1.3. Suportes dos Actuadores .............................................................................................. 64

4.2. Sistema Mecânico ................................................................................................................. 65

4.2.1. Actuadores lineares deslizantes .................................................................................... 65

4.2.2. Braço de acoplamento da Sonda .................................................................................. 66

4.3. Sistema Recirculação de Água ............................................................................................. 67

4.4. Sistema Eléctrico ................................................................................................................... 69

5. Validação do Sistema..................................................................................................................... 75

5.1. Caracterização do painel ....................................................................................................... 75

5.2. Parâmetros da sonda usada para validação do sistema ...................................................... 78

5.3. Aquisições feitas pelo sistema .............................................................................................. 79

6. Conclusões ..................................................................................................................................... 81

6.1. Projecto .................................................................................................................................. 81

6.2. Construção ............................................................................................................................ 81

6.3. Validação de Resultados ....................................................................................................... 82

6.4. Propostas para desenvolvimentos Futuros ........................................................................... 82

7. Bibliografia ...................................................................................................................................... 84

8. Anexos ........................................................................................................................................... 88

vi

Índice de Figuras

Figura 1 - Formas usuais de reforço das fibras. Em geral os reforços podem ser de fibras continuas

rectas, fibras descontinuas, partículas ou flocos, fibras continuas tipo tecido, trançadas ou

em malha. (ASM International Handbook Committee, 2001) ................................................ 3

Figura 2 - "Beech Starship" modelo 2000. Os compósitos avançados (principalmente, resinas

epoxídicas reforçadas com fibras de carbono) constituem mais de 70% do peso da

estrutura do avião. (Scherer, 2008) ....................................................................................... 4

Figura 3 - Comportamento tensão-extensão de vários tipos de fibras de reforço. (Smith, 1998) .......... 6

Figura 4 - Arranjos unidireccional e multidireccional para um compósito do tipo laminado, com várias

camadas (Smith, 1998) ......................................................................................................... 8

Figura 5 - Principio do ensaio não destrutivo por ultra-sons (Mathers, 2002) ...................................... 10

Figura 6 - Ângulo de inspecção da sonda em uma soldadura (Mathers, 2002) ................................... 11

Figura 7 - Sonda Phased Array (Nelligan & Kass, s.d.) ........................................................................ 13

Figura 8 - Esquema de um elemento múltiplo (Nelligan & Kass, s.d.) .................................................. 13

Figura 9 - Princípio do feixe focado por uma sonda plana. O valor do atraso depende da abertura dos

elementos, do tipo de onda, da refracção do ângulo e da profundidade focal. (Optel, 2013)

............................................................................................................................................. 14

Figura 10 - Exemplo de uma análise linear realizada por um feixe focado. A digitalização é feita com

um ângulo constante ao longo do comprimento da sonda através de um grupo activo de

elementos. (Optel, 2013) ..................................................................................................... 14

Figura 11 - Princípio da digitalização sectorial. O feixe de som varre a peça através de uma série de

ângulos para gerar uma imagem de corte transversal. (Optel, 2013) ................................ 14

Figura 12 - Inspecção para ser apresentada em A-Scan (Nelligan & Kass, s.d.) ................................. 15

Figura 13 - Imagem de apresentação de uma inspecção em ângulo A-Scan (Nelligan & Kass, s.d.) . 15

Figura 14 - Inspecção para ser apresentada em B-Scan (Nelligan & Kass, s.d.) ................................. 15

Figura 15 - Imagem de uma inspecção por B-Scan. Posição relativa de um furo e profundidade ao

longo do comprimento de uma matriz linear. (Nelligan & Kass, s.d.) ................................. 15

Figura 16 - Inspecção e direcção do movimento. Imagem de um C-Scan convencional mostrando a

posição de um furo. (Nelligan & Kass, s.d.) ........................................................................ 16

Figura 17 - Inspecção e direcção do movimento. Imagem de um C-Scan de Phased Array que mostra

a posição do furo. (Nelligan & Kass, s.d.) ........................................................................... 16

Figura 18 - “Phased Array” Vs Ultra-Som Convencional (Scherer, 2008) ............................................ 17

Figura 19 - Estrutura da superfície traseira de um avião. (Wu, et al., 1998) ........................................ 18

Figura 20 - Exemplos de configurações de inspecções de geometrias complexas (Mahaut, et al.,

2002) .................................................................................................................................... 19

Figura 21 - Simulação e medição das distorções da onda usando uma sonda convencional (Mahaut,

et al., 2002) .......................................................................................................................... 19

Figura 22 - Simulação e medição das distorções da onda usando “Phased Array” (Mahaut, et al.,

2002) .................................................................................................................................... 19

vii

Figura 23 - Exemplos de defeitos em compósitos laminares: porosidade, ondulações nas fibras e

microfissuras (Hsu, 2008) .................................................................................................... 20

Figura 24 - Dois exemplos de danos em compósitos: separação causada por impacto em laminas

sólidas e fractura do núcleo em sanduiches de colmeia de abelha (Hsu, 2008) ................ 21

Figura 25 - Nariz do avião (randome) perfurado por um relampago (Tocknell, 2009) ......................... 21

Figura 26 - Sistema de ultra-sons com acoplamento de ar (Starmans, 2011) ..................................... 21

Figura 27 - Compósito de fibras analisado por THz e ultra-som (Anbarasu, 2008).............................. 22

Figura 28 - Amostra de compósito 1 (Yang & Wang, 2009) ................................................................. 24

Figura 29 - Amostra de compósito 2 (Yang & Wang, 2009) ................................................................. 25

Figura 30 - Imagem obtida por termografia por ultra-sons da amostra de compósito 1 (Yang & Wang,

2009) .................................................................................................................................... 25

Figura 31 - Imagem obtida por termografia pulsada da amostra de compósito 1 (Yang & Wang, 2009)

............................................................................................................................................. 25

Figura 32 - Imagem obtida por termografia por ultra-sons da amostra de compósito 2 (Yang & Wang,

2009) .................................................................................................................................... 26

Figura 33 - Imagem obtida por termografia pulsada da amostra de compósito 2 (Yang & Wang, 2009)

............................................................................................................................................. 26

Figura 34 - Convergência do processamento iterativo quando o transdutor é colocado sob o raio de

canto. (Robert, et al., 2012) ................................................................................................. 27

Figura 35 - Convergência do processamento iterativo quando o transdutor é colocado sobre a

geometria curva de um reforço de compósito (Robert, et al., 2012) ................................... 27

Figura 36 - Equipamento de Inspecção da empresa Marietta NDT (NDT, 2011) ................................. 30

Figura 37- Equipamento de Inspecção da empresa TecScan.ca (TecScan, 2012) ............................. 30

Figura 38 - Esquema Sumário do Projecto ........................................................................................... 30

Figura 39 - Primeira modelação do Tanque de Inspecção ................................................................... 31

Figura 40 - Estrutura de Suporte feito através de Perfil Bosch-Rexroth ............................................... 31

Figura 41 - Versão Inicial do Tanque de Inspecção .............................................................................. 32

Figura 42 - Distribuição da Pressão Hidrostática dentro do Tanque .................................................... 32

Figura 43 - Distribuição das forças aplicadas no Tanque de Inspecção .............................................. 33

Figura 44 - Distribuição de tensões na Versão Inicial ........................................................................... 34

Figura 45 - Distribuição da deformação na Versão Inicial .................................................................... 34

Figura 46 - Versão Inicial reforçada ...................................................................................................... 35

Figura 47 - Vista isométrica da versão intermédia ................................................................................ 35

Figura 48 - Distribuição de tensões na Versão Intermédia ................................................................... 36

Figura 49 - Distribuição da deformação na Versão Intermédia............................................................. 36

Figura 50 - Vista Isométrica do tanque com porta lateral ..................................................................... 37

Figura 51 - Distribuição das tensões na Versão Intermédia 2 .............................................................. 38

Figura 52 - Distribuição das deformações na Versão Intermédia 2 ...................................................... 39

Figura 53 - Vista Isométrica da versão final .......................................................................................... 40

Figura 54 - Distribuição das tensões na versão final ............................................................................ 40

Figura 55 - Distribuição das deformações na versão final .................................................................... 41

viii

Figura 56 - Pormenor da flange de acoplamento do motor para a mesa de rotação ........................... 42

Figura 57 - Estrutura em perfil Bosh-Rexroth........................................................................................ 42

Figura 58 - Pormenor da estrutura em perfil Bosh-Rexroth .................................................................. 42

Figura 59 - Calha IGUS com mesa deslizante através de correia ........................................................ 43

Figura 60 - Guia IGUS com mesa deslizante através de fuso .............................................................. 44

Figura 61- Sistema FESTO de 3 eixos .................................................................................................. 44

Figura 62- Modelo 3D do sistema PARKER de 3 eixos ........................................................................ 45

Figura 63 - Sistema de 3 eixos fornecido pela "MEDITOR" .................................................................. 46

Figura 64 - Flanges de acoplamento dos motores aos actuadores lineares X e Y .............................. 47

Figura 65 - ROBOLINK da IGUS ........................................................................................................... 47

Figura 66 - Abordagem inicial ao dispositivo de fixação da sonda ....................................................... 47

Figura 67 - Vista Isométrica da Versão 1 .............................................................................................. 48

Figura 68 - Sistema para acoplar os motores e para acoplar a sonda da versão 1 ............................. 48

Figura 69 - Vista Isométrica da Versão 2 .............................................................................................. 49

Figura 70 - Sistema para acoplar os motores e para acoplar a sonda da versão 2 ............................. 49

Figura 71 - Vista Isométrica da Versão Final ........................................................................................ 50

Figura 72 - Sistema para acoplar os motores na Versão Final ............................................................. 50

Figura 73 - Mesa de rotação de ajuste fino (Standa, 2000) .................................................................. 51

Figura 74 - Sistema de ajuste fino para rotação e inclinação da sonda proposto pela Meditor ........... 51

Figura 75 - Sistema para acoplar a sonda na Versão Final, com ajuste lateral ................................... 52

Figura 76 - Sistema de Inspecção ......................................................................................................... 53

Figura 77 - Vista Isométrica do Sistema de inspecção ......................................................................... 54

Figura 78 - Vista em pormenor dos Eixos ............................................................................................. 54

Figura 79 - Tubos e cantoneiras usados na construção do Tanque ..................................................... 55

Figura 80 - Chapas quinadas e furadas usadas na construção do tanque .......................................... 55

Figura 81 - Processo Soldadura TIG (Oliveira Santos & Quintino, 1997) ............................................. 56

Figura 82 - Processo Soldadura SMAW/SER (Oliveira Santos & Quintino, 1997) ............................... 56

Figura 83 – Processo Soldadura SW (Technologies, s.d.) ................................................................... 57

Figura 84 - Pontos de soldadura entre a chapa quinada e a chapa traseira ........................................ 57

Figura 85 - Execução do cordão de soldadura ..................................................................................... 57

Figura 86 - Soldadura em Passe Peregrino (Beardsley, 2013) ............................................................ 58

Figura 87- Aspecto final dos cordões após soldadura .......................................................................... 58

Figura 88 - Rectificação das soldaduras com disco de lamelas ........................................................... 59

Figura 89 - Construção do Quadro Frontal ........................................................................................... 59

Figura 90 - Soldadura dos quadros de reforço ..................................................................................... 60

Figura 91 - Soldadura da estrutura da base do tanque e dos pés da mesma ...................................... 60

Figura 92 - Processo para nivelar a estrutura de base ......................................................................... 61

Figura 93 - Soldadura da estrutura de base com o fundo do tanque ................................................... 61

Figura 94 - Soldadura dos pés de canto ............................................................................................... 62

Figura 95 - Furação da placa de acrílico e colocação dos pernos no quadro frontal ........................... 62

Figura 96 - Passivante e decapante usados ......................................................................................... 63

ix

Figura 97 - Aplicação do passivante e posterior lavagem do tanque ................................................... 63

Figura 98 - Comparação do aspecto de uma soldadura antes e após a aplicação do passivante e do

decapante ............................................................................................................................ 63

Figura 99 - Peças fabricadas para a flange de acoplamento do motor da mesa de rotação ............... 64

Figura 100 - Pequena fissura visível após o ensaio por líquidos penetrantes...................................... 64

Figura 101 - Estrutura montada em perfil Bosch-Rexroth ..................................................................... 65

Figura 102- Actuadores lineares instalados .......................................................................................... 65

Figura 103 - Flange de acoplamento dos motores aos eixos XX e YY ................................................ 66

Figura 104 - Braço e dispositivo de acoplamento da sonda Phased Array .......................................... 66

Figura 105 - Especificações da bomba seleccionada (Pumps, s.d.) .................................................... 67

Figura 106 - Sistema de recirculação de água presente no armário e motor ....................................... 68

Figura 107 - Esquema do quadro da água............................................................................................ 69

Figura 108 - Sistema eléctrico montado no armário ............................................................................. 70

Figura 109 - Controlador de posicionamento digital EPOS2 24/2 ........................................................ 71

Figura 110 - Controlador de posicionamento digital EPOS2 24/5 ........................................................ 71

Figura 111 - Componentes constituintes do motor X e Y (Motor, s.d.) ................................................. 73

Figura 112 - Componentes constituintes do motor Z (Motor, s.d.) ....................................................... 73

Figura 113 - Componentes constituintes dos motores de rotação e inclinação da sonda (Motor, s.d.) 74

Figura 114 - Dimensões do painel para validação ................................................................................ 75

Figura 115 - Painel para validação do sistema ..................................................................................... 76

Figura 116 – Painel para validação com indicação dos impactos e dos extensómetros ...................... 77

Figura 117 - Aquisição do eco de fundo após o primeiro ciclo de fadiga ............................................. 79

Figura 118 - Aquisição do eco de fundo após o último ciclo de fadiga ................................................. 80

Figura 119 - Vista 2D isométrica do tanque .......................................................................................... 88

Figura 120 - Vistas gerais do tanque .................................................................................................... 89

Figura 121 - Estrutura de suporte do tanque ........................................................................................ 90

Figura 122 - Quadro frontal do tanque .................................................................................................. 91

Figura 123 - Barra lateral do quadro frontal .......................................................................................... 92

Figura 124 - Barra superior do quadro frontal ....................................................................................... 93

Figura 125 - Acrílico do quadro frontal .................................................................................................. 94

Figura 126 - Barra inferior do quadro frontal ......................................................................................... 95

Figura 127 - Estrutura de reforço da lateral do tanque ......................................................................... 96

Figura 128 - Estrutura de reforço da parte traseira do tanque .............................................................. 97

Figura 129 - Chapa traseira do tanque ................................................................................................. 98

Figura 130 - Chapa quinada do tanque ................................................................................................. 99

Figura 131 - Vista isométrica do braço de acoplamento da sonda ..................................................... 100

Figura 132 - Flange para acoplar o motor de inclinação ao braço ..................................................... 101

Figura 133 - Anel para fixar a flange do motor de inclinação.............................................................. 102

Figura 134 - Suporte do braço............................................................................................................. 103

Figura 135 - Acoplamento entre o suporte do braço e o eixo Z .......................................................... 104

Figura 136 - Flange para acoplar o motor de rotação ao braço.......................................................... 105

x

Figura 137 - Tubo que dará o movimento de rotação à sonda ........................................................... 106

Figura 138 - Veio que dará o movimento de inclinação à sonda ........................................................ 107

Figura 139 - Suporte para dispositivo de ajuste da sonda .................................................................. 108

Figura 140 - Suporte dos rolamentos de inclinação da sonda ............................................................ 109

Figura 141 - Veio principal do ajuste fino da sonda ............................................................................ 110

Figura 142 - Veio para ajuste fino da sonda ....................................................................................... 111

Figura 143 - Suporte da engrenagem do ajuste fino da sonda ........................................................... 112

Figura 144 - Veio do suporte da sonda ............................................................................................... 113

Figura 145 - Veio com rosca para agarrar a sonda ............................................................................ 114

Figura 146 - Suporte da sonda ............................................................................................................ 115

Figura 147 - Suporte ajustável da sonda ............................................................................................ 116

Figura 148 - Detalhes da sonda IMASONIC CDC6091 A102-1.......................................................... 117

Figura 149 - Desenho com os detalhes da sonda IMASONIC CDC6091 A102-1 .............................. 118

xi

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Propriedades de fios de fibras para reforço de plásticos (Smith, 1998) ................................ 5

Tabela 2 - Algumas propriedades das resinas de poliéster e epóxi não - reforçadas (Smith, 1998) ..... 7

Tabela 3 - Propriedades mecânicas de um compósito do tipo laminado unidireccional com fibras de

carbono (62% em volume) e resina epoxídica, fonte Hercules, Inc. (Smith, 1998) .............. 8

Tabela 4 - Métodos para inspecção de compósitos de matriz polimérica ............................................ 23

Tabela 5 - Comparação entre Termografia e ultra-sons C-Scan (Wong, 2008) ................................... 24

Tabela 6 - Comparação dos preços para fornecer tubos e cantoneiras ............................................... 37

Tabela 7 - Comparação dos preços para fornecer a chapa quinada .................................................... 38

Tabela 8 - Sumário da opção tomada em relação aos actuadores (1 - Satisfaz; 0 - Satisfaz

Minimamente; -1 - Não Satisfaz) ......................................................................................... 46

Tabela 9 - Legenda dos componentes do sistema de recirculação de água ........................................ 68

Tabela 10 - Legenda dos itens presentes no armário eléctrico ............................................................ 70

Tabela 11 - Espessuras do painel para validação ................................................................................ 75

Tabela 12 - Propriedades do Material isotrópico .................................................................................. 75

Tabela 13 - Propriedades do material compósito ................................................................................. 76

Tabela 14 - Posição dos impactos efectuados no painel ...................................................................... 77

Tabela 15 - Posição dos extensómetros ............................................................................................... 77

Tabela 16 - Parâmetros de escolha de uma sonda .............................................................................. 78

Tabela 17 - Características da sonda seleccionada ............................................................................. 79

xii

Terminologia Utilizada

AC Alternate Current

CFBG Chirped Fibre Bragg Grating

DC Direct Current

EPI Equipamento de Protecção Individual

END Ensaios Não Destrutivos

g gravidade

h altura

HM High Modulus

HT High Tenacity

HTS High Tensile Strength

PAN Poliacrilonitrilo

POD Probabilidade de Detecção

POF Probabilidade de Falha

SAUL Surface Adaptive Ultrasounds

SER/SMAW Soldadura por Eléctrodo Revestido/Shielded Metal Arc Welding

SW Stud Welding

TIG Tungsten Inert Gas

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÃO

Os materiais compósitos são na actualidade as estruturas mais promissoras em uso devido às suas

características estruturais. Devido às suas propriedades, os materiais compósitos, têm sido

largamente utilizados em diversas indústrias. Os últimos desenvolvimentos tecnológicos nesta área

apontam cada vez mais para a substituição de componentes em ligas metálicas por materiais

compósitos com melhorias significativas no seu desempenho. Um exemplo será o caso da indústria

aeronáutica.

Sabendo que o objectivo será usar cada vez mais este tipo de materiais e com o intuito de melhorar

os processos de inspecção dos mesmos pretende-se desenvolver um sistema capaz de avaliar e

inspeccionar diferentes tipos de compósitos sendo que, ao mesmo tempo o sistema tenha a

flexibilidade suficiente para ser utilizado em outro tipo de materiais, tais como alumínios e aços.

1.2. OBJECTIVO

Pretende-se com esta dissertação obter um sistema capaz de inspeccionar estruturas em compósito

com geometrias complexas. O sistema será projectado segundo as seguintes características:

Uma tina com dimensões de 2500x1300 mm em aço inoxidável para inspecção de

componentes utilizando técnicas de ultra-sons, sendo por contacto directo ou por imersão;

Um sistema autónomo de recirculação de água, utilizando uma bomba de água e filtros

adequados;

Um sistema de controlo centralizado, com toda a electrónica necessária para a movimentação

da sonda;

Um sistema de actuadores lineares, responsável pelo movimento dos eixos X,Y e Z;

Um braço acoplado ao eixo vertical Z, capaz de fixar a sonda e habilitando a mesma com

mais 2 graus de liberdade automatizados.

1.3. ESTRUTURA

Tendo em consideração as diversas fases deste projecto, este documento vai estar dividido na

seguinte estrutura:

O primeiro capítulo é direccionado para a motivação deste trabalho assim como para os objectivos

pretendidos para o mesmo.

O segundo capítulo é dedicado ao estado da arte deste trabalho. Aqui faz-se um sumário explicativo

de alguns temas inerentes ao projecto, como os tipos de compósitos existentes, os tipos de ensaios

não destrutivos mais adequados a este tipo de materiais e os estudos efectuados sobre ensaios não

destrutivos em materiais compósitos.

2

No terceiro capítulo será analisado todo o projecto executado. Aqui aborda-se os pré-requisitos e a

concepção dos vários modelos que farão parte do sistema. Será apresentado o que se pretendeu

para o sistema estrutural e as análises computacionais dos mesmos assim como o que se pretendeu

para o sistema mecânico, sistema eléctrico e sistema de recirculação de água. Também aqui serão

justificadas algumas opções tomadas em termos de fornecedores.

O quarto capítulo vai focar-se sobre a construção dos vários módulos abordados no terceiro

capítulo. Aqui pretende-se evidenciar todo o trabalho construtivo feito ao longo do projecto dos vários

modelos assim como demonstrar as várias etapas do processo construtivo.

O quinto capítulo é orientado para a validação do sistema. Neste capítulo será caracterizada a placa

de compósito utilizada, assim como os referidos parâmetros das sondas usadas para a inspecção da

mesma. Este capítulo será concluído com a apresentação dos respectivos resultados de inspecção.

No sexto capítulo apresentam-se as conclusões deste trabalho e a sua comparação com os

objectivos inicialmente propostos. Serão também aqui apresentadas algumas propostas para

desenvolvimentos futuros.

3

2. ESTADO DA ARTE

2.1. COMPÓSITOS

2.1.1. INTRODUÇÃO

A palavra compósito deriva de composto que significa algo formado por elementos diferentes entre si,

ou seja, “Um material formado por uma mistura ou combinação de dois ou mais, micro ou macro

constituintes que diferem na forma e na composição química e que, na sua essência, são insolúveis

uns nos outros” (Smith, 1998). Entre estes constituintes existe uma interface reconhecível e cada

material mantém a sua identidade física. (O´Brien, 1997) (ASM International Handbook Committee,

2001)

A ideia de compósito é que ao combinar dois materiais distintos consegue se obter um material com

características estruturais, térmicas, tribológicas, eléctricas e de aplicação ambiental, idênticas ou

superiores às propriedades de cada um dos materiais individualmente, tendo como objectivo alcançar

um balanço nas propriedades estruturais, de forma a ter uma variedade de aplicações. (Smith, 1998)

(ASM International Handbook Committee, 2001)

Tipicamente os compósitos para aplicações estruturais são constituídos por uma fase de fibra, mais

forte e resistente, e uma fase de matriz, sendo esta um elemento contínuo. Podemos dizer que os

compósitos são normalmente classificados pelo tipo de matriz ou pela forma do reforço (fibras) usado.

(Smith, 1998) (ASM International Handbook Committee, 2001)

Dentro dos tipos de matrizes existem compósitos de matriz polimérica, compósitos de matriz metálica

e compósitos de matriz cerâmica. A partir dos compósitos de matriz polimérica conseguimos obter os

compósitos com matriz-carbono. (ASM International Handbook Committee, 2001)

Os compósitos podem ser reforçados por reforços de partículas, reforços de partículas descontínuas,

reforços de fibras contínuas laminares e tecidos compósitos. Estes reforços devem existir numa

fracção de volume elevada, mais de 10%, de forma a proporcionar uma melhoria evidente das

propriedades da matriz. (Smith, 1998) (ASM International Handbook Committee, 2001)

Figura 1 - Formas usuais de reforço das fibras. Em geral os reforços podem ser de fibras continuas

rectas, fibras descontinuas, partículas ou flocos, fibras continuas tipo tecido, trançadas ou em malha.

(ASM International Handbook Committee, 2001)

4

2.1.2. HISTÓRIA

O conceito de materiais compósitos surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, começando nessa

época a serem utilizados compósitos de matriz orgânica, com o intuito de fazer frente à necessidade

de obter materiais com valores de resistência e rigidez superiores aos materiais existentes. Os

mesmos seriam utilizados pela comunidade aeronáutica para substituírem as ligas de alumínio, que

eram bastante susceptíveis a fenómenos de corrosão e fadiga.

Devido ao sucesso conseguido na utilização de plásticos reforçados com fibra de vidro em vários

componentes da aeronáutica, estes materiais começaram a ser mais utilizados na década de 50 e 60

do século XX, já que proporcionavam uma boa resposta estrutural.

Na década de 70 do mesmo século, devido à crise energética sentida na altura, os compósitos de

matriz orgânica começaram a ser implementados na aviação comercial, após o sucesso que

apresentaram na aviação militar. Desde então começaram a ser utilizadas fibras de carbono, o que

permitiu a eficiência estrutural dos componentes das aeronaves nessa época.

Contudo, inicialmente os compósitos eram usados em pequena escala, mas com o decorrer dos anos

foi-se investindo mais na pesquisa, desenvolvimento e fabrico de diversos materiais compósitos, com

a finalidade de serem colocados ao serviço da indústria aeronáutica.

Os compósitos são materiais que demonstram elevada resistência estrutural, tendo como vantagens:

elevada rigidez, alta resistência, baixa densidade, resistência à corrosão, resistência às alterações

térmicas e têm a capacidade de poderem ser aplicados em geometrias complexas.

Hoje em dia, a utilização de compósitos de matriz orgânica tornou-se mais vulgar, devido ao facto de

o custo dos materiais ter diminuído e os processos de fabrico se terem tornado mais eficientes. (ASM

International Handbook Committee, 2001)

Figura 2 - "Beech Starship" modelo 2000. Os compósitos avançados (principalmente, resinas epoxídicas reforçadas com fibras de carbono) constituem mais de 70% do peso da estrutura do avião. (Scherer,

2008)

5

2.1.3. REFORÇOS

Os reforços, que no caso da presente tese adoptam a configuração de fibra, são constituintes dos

compósitos capazes de fornecer bons níveis de resistência e rigidez. (ASM International Handbook

Committee, 2001)

Os três principais tipos de fibras sintéticas são as fibras de vidro, as fibras de aramido e as fibras de

carbono. As fibras de vidro são as mais utilizadas devido ao seu baixo custo, sendo que as fibras de

carbono e as de aramido têm resistências mais elevadas e densidades mais baixas. Estas últimas,

são portanto, muito utilizadas na indústria aeronáutica apesar do seu elevado custo, devido ao

elevado valor acrescentado deste tipo de indústria. (Smith, 1998)

Tabela 1 - Propriedades de fios de fibras para reforço de plásticos (Smith, 1998)

Propriedades Vidro E

(HTS)

Carbono

(tipo HT)

Aramido

(Kevlar 49)

Resistência à tracção, MPa 2410 3100 3617

Módulo de elasticidade em tracção, Gpa 69 220 124

Alongamento na rotura, % 3.5 1.40 2.5

Densidade, g/cm3

2.54 1.75 1.48

As fibras de carbono são, actualmente, os reforços mais conhecidos e mais utilizados. O seu fabrico,

embora complexo, é o mais compatível com a produção em larga escala comparativamente com os

restantes reforços. Estas fibras apresentam melhores propriedades mecânicas comparativamente

com as mencionadas anteriormente, o que as leva a ser as mais utilizadas no mercado. (ASM

International Handbook Committee, 2001)

O desenvolvimento das fibras de carbono foi uma evolução natural com vista ao aumento da rigidez

das fibras. As fibras de carbono mais recentes apresentam um módulo de Young quatro vezes

superior ao módulo de Young do aço, sendo a sua densidade menor em relação ao aço. As fibras de

carbono modernas apresentam uma resistência à tracção 40% superior às fibras de vidro, sendo a

sua densidade 30% menor. (Vasiliev & Morozov, 2001)

Na Figura 3 podemos observar o comportamento de vários tipos de fibras de reforço, onde o Grafite é

equivalente ao carbono, HM significa High Modulus e HT significa High Tenacity.

6

Figura 3 - Comportamento tensão-extensão de vários tipos de fibras de reforço. (Smith, 1998)

As fibras de carbono são essencialmente fabricadas a partir de poliacrilonitrilo (PAN), tendo três

etapas de processamento: estabilização, onde as fibras de PAN são esticadas para se conseguir o

alinhamento das redes fibrilares no interior de cada fibra; carbonização, onde as fibras PAN são

aquecidas até se transformarem em fibras de carbono; e, por último, a grafitização, que se usa para

aumentar o módulo de elasticidade, mas que conduz à diminuição da resistência à tracção. (Smith,

1998) Antes das fibras serem usadas como elementos de reforço de compósitos avançados são

sujeitas a um tratamento que previne o dano das mesmas durante o seu processamento e que

proporciona uma melhor ligação entre as fibras e a matriz. (Vasiliev & Morozov, 2001)

2.1.4. MATRIZES

O propósito das matrizes é proceder à ligação dos reforços por meio das suas características

coesivas e adesivas, protegendo os reforços do meio ambiente e do manuseamento. A matriz

também tem a função de transmitir o carregamento exterior para o reforço. A matriz proporciona uma

forma sólida ao compósito, o que auxilia o seu manuseamento durante o fabrico e é especialmente

necessário para o acabamento. Esta forma sólida é particularmente necessária em compósitos com

reforços descontínuos pois os componentes de reforço não são suficientemente extensíveis para

proporcionar um material manuseável. (ASM International Handbook Committee, 2001)

7

Como os reforços são, elementos com melhores propriedades estruturais, a matriz é, deste ponto de

vista, o elemento mais fraco da composição. Apesar disto, a matriz permite a robustez dos reforços,

uma vez que consolida as fibras com a orientação e posição apropriada para que consigam suportar

as cargas pretendidas assim como distribuir as mesmas. (ASM International Handbook Committee,

2001) (Vasiliev & Morozov, 2001)

Para que a ligação entre a matriz e as fibras seja ideal é necessário ter em conta alguns aspectos.

Em primeiro lugar, a matriz líquida deve ter uma viscosidade baixa o suficiente para permitir que esta

penetre entre as fibras. Em segundo lugar, a superfície da fibra deve ter uma boa molhabilidade com

a matriz. Em terceiro lugar, a viscosidade da matriz deve ser suficientemente elevada para reter o

líquido impregnado nas fibras, durante o fabrico do compósito. Finalmente, o processo de fabrico,

para ter a qualidade adequada, não deve ser efectuado a altas temperatura e pressão. (Vasiliev &

Morozov, 2001)

As duas resinas mais usadas para matrizes poliméricas de materiais compósitos são as resinas de

poliéster insaturado e as resinas epoxídicas. As resinas epoxídicas são mais caras, mas apresentam

melhores propriedades de resistência mecânica e menor contracção após cura. Este tipo de resina é

habitualmente usada em conjunto com fibras de carbono e fibras de aramido. (Smith, 1998)

Tabela 2 - Algumas propriedades das resinas de poliéster e epóxi não - reforçadas (Smith, 1998)

Poliéster Epóxi

Resistência à tracção, MPa 40 – 90 55 – 130

Módulo de elasticidade em tracção, GPa 2.0 – 4.4 2.8 – 4.2

Resistência à flexão, MPa 60 – 160 125

Resistência ao impacto (em provete Izod com entalhe), J/m 10.6 – 21.2 5.3 – 53

Densidade, g/cm3

1.10 – 1.46 1.2 – 1.3

2.1.5. SUMÁRIO

Os materiais constituídos por fibras de carbono e uma matriz polimérica, como é o caso da resina

epóxi, são caracterizados por apresentarem baixo peso, elevada resistência mecânica e elevada

rigidez, o que os torna os principais candidatos para serem utilizados na indústria aeronáutica, apesar

do seu elevado custo. (Smith, 1998)

As fibras de carbono permitem boas propriedades de rigidez e resistência à tracção, e a matriz vai

permitir o alinhamento das fibras e contribuir para a resistência ao impacto. Este tipo de materiais tem

vindo a substituir algumas ligas metálicas utilizadas na indústria aeronáutica e aeroespacial. Este

facto deve-se a que os compósitos constituídos com fibras de carbono apresentam valores de

resistência e de módulo de elasticidade elevados e simultaneamente baixa densidade. (Smith, 1998)

Os compósitos com fibra de carbono e resina epóxidica podem ser usados em camadas. Estas

camadas podem ser orientadas de maneira diferente para que o material compósito possa satisfazer

as diferentes exigências de resistência de acordo com a direcção. (Smith, 1998)

8

Tabela 3 - Propriedades mecânicas de um compósito do tipo laminado unidireccional com fibras de

carbono (62% em volume) e resina epoxídica, fonte Hercules, Inc. (Smith, 1998)

Propriedades Longitudinal, 0º Transversal, 90º

Resistência à tracção, MPa 1860 65

Módulo de elasticidade em tracção, GPa 145 9.4

Extensão de rotura em tracção, % 1.2 0.70

Figura 4 - Arranjos unidireccional e multidireccional para um compósito do tipo laminado, com várias camadas (Smith, 1998)

O custo será sempre um factor importante na selecção de materiais e convém ter presente alguns

aspectos para não encarecer ainda mais a opção compósito. Quanto maior for o número de

filamentos por fibra, menor será o seu custo, quanto menor a temperatura de serviço da resina, menor

será o seu custo e quanto maior o lote de produto fabricado, menor será o seu custo. (ASM

International Handbook Committee, 2001)

2.2. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

2.2.1. INTRODUÇÃO

Designa-se por ensaio não destrutivo os ensaios em que após a inspecção das peças, estas

permanecem intactas. Este tipo de ensaios deve adaptar-se às exigências da amostra a ser

inspeccionada a fim de evitar a sua degradação. Para que tal seja possível à que recorrer às

características físicas do material (densidade, condutividade térmica, absorção electromagnética,

índice de refracção). (Almeida, et al., 1992)

Os ensaios não destrutivos permitem fornecer resultados relativamente a todo o volume de uma peça,

ao mesmo tempo que contribuem para melhorar o projecto da mesma ou prevenir a ocorrência de

falhas em serviço. (Almeida, et al., 1992) (Gómez, et al., s.d.)

Este tipo de ensaios é então muito utilizado em soldadura para a verificação da sua qualidade,

atendendo às especificações pretendidas, e para avaliar o estado de degradação da mesma durante

9

o tempo de serviço. Por razões de conservação de material e, consequentemente, por razões

económicas, o uso de ensaios não destrutivos tornou-se mais corrente do que os ensaios destrutivos.

(O´Brien, 1997) (Weman & Lindén, 2006)

Os ensaios não destrutivos mais usados são: inspecção visual com ou sem auxílio de um dispositivo

óptico, líquidos penetrantes, partículas magnéticas, inspecção radiográfica, correntes induzidas, ultra-

sons e emissão acústica. (O´Brien, 1997)

2.2.2. BREVE HISTÓRIA DOS ULTRA-SONS

Os ensaios de ultra-sons têm vindo a ser usados num ambiente industrial há mais de setenta anos.

Desde os anos 40 que as ondas sonoras de alta frequência que atravessam materiais sólidos têm

sido usadas para detectar defeitos contidos nesses materiais, bem como medir espessuras e analisar

propriedades dos mesmos. Este é um processo não destrutivo e seguro, sendo usado em diferentes

ambientes industriais, especialmente naqueles onde estão presentes soldaduras.

O crescimento dos ensaios de ultra-sons tem ocorrido em paralelo com o desenvolvimento

electrónico. Os primeiros trabalhos realizados na década de 30 demonstraram que as ondas sonoras

de alta frequência reflectem-se em falhas ocultas ou em descontinuidades no material, produzindo

ecos distintos que poderão ser exibidos em osciloscópios.

No final dos anos 40, os japoneses foram pioneiros no uso de ultra-sons em diagnóstico médico. Na

década de 60, este processo já era muito utilizado no diagnóstico de tumores, problemas biliares e

condições similares, um pouco por todo o mundo. Na década seguinte, a introdução de equipamentos

de precisão de medida trouxe aos ultra-sons uma maior variedade de operações.

A partir dos anos 80 houve grandes avanços nos sistemas de ultra-sons devido ao desenvolvimento

das técnicas de processamento de sinais digitais e devido ao facto dos microprocessadores

começarem a estar disponíveis a um custo mais baixo. Apenas nos anos 90 começaram a aparecer

os sistemas portáteis de ultra-sons por Phased Array. (Olympus, s.d.) (Linkert, 2014)

2.2.3. ULTRA-SONS

Normalmente, os ensaios não destrutivos por ultra-sons costumam ser os mais adequados à maioria

dos defeitos. Em ensaios desta natureza, as ondas sonoras de alta frequência, entre 2 e 30 MHz, são

enviadas, através do objecto a ser examinado, com um caminho previsível, sendo o feixe reflectido

nas descontinuidades do material. Este feixe reflectido é detectado e analisado de forma a determinar

e localizar as descontinuidades, Figura 5. Esta detecção, avaliação e localização é possível devido ao

facto de a velocidade do som num determinado material ser praticamente constante e a amplitude do

impulso do som reflectido ser dependente do tamanho e da orientação da descontinuidade que o

origina. (O´Brien, 1997) (Weman & Lindén, 2006)

10

Figura 5 - Principio do ensaio não destrutivo por ultra-sons (Mathers, 2002)

Os meios sólidos apresentam um efeito mais ou menos pronunciado da perda de energia de um feixe

ultra sonoro Este efeito conhecido por atenuação normalmente resulta de dois efeitos distintos, a

dispersão e a absorção.

Ambas as componentes da atenuação impõem limitações aos ensaios. A absorção limita a energia

transmitida, absorvendo o eco de uma descontinuidade. Este efeito pode ser contornado aumentando

a tensão no transdutor ou amplificando os sinais, ou então explora-se a menor absorção nas baixas

frequências.

Já a dispersão acaba por ser um efeito mais incómodo, pois mesmo nos casos em que não à redução

significativa da altura do eco de defeito, originam-se numerosos ecos com tempos de chegada

diferentes, nos quais os ecos de interesse se podem perder. Este distúrbio não pode ser contornado

por aumento da tensão do transdutor ou da amplificação, dado que com o aumento destes se verifica

um aumento simultâneo dos ecos sem interesse. Uma solução passa por baixar a frequência,

contudo a detectabilidade dos pequenos defeitos diminui. (Almeida, et al., 1992) (León, s.d.)

O ângulo escolhido para emitir as ondas pode não ser adequado. Por exemplo, pode dar-se o caso

do sinal se perder por este ser reflectido em defeitos com direcções não desejáveis. Nesta situação o

ângulo da sonda deve ser escolhido de forma a optimizar a reflexão da onda sonora. Os ângulos mais

habituais são de 45º, 60º e 70º e as sondas angulares são as mais adequadas para a detecção de

defeitos em ângulo em relação à superfície, Figura 6, tais como faltas de fusão nas paredes do

chanfro de soldadura. (O´Brien, 1997) (Weman & Lindén, 2006)

11

Figura 6 - Ângulo de inspecção da sonda em uma soldadura (Mathers, 2002)

Para o ensaio por ultra-sons por contacto ser bem efectuado é necessário um material acoplante,

para que se consiga uma boa transmissão das ondas no material a analisar. Como acoplante, pode-

se usar água, óleo, celulose, vaselina, entre outros. Para que o acoplamento seja ideal, o cordão de

soldadura deve ser plano e liso e não devem existir muitos salpicos, escórias e outro tipo de

irregularidades. (O´Brien, 1997)

2.2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ENSAIOS DE ULTRA-SONS

Os ensaios de ultra-sons apresentam diversas vantagens e desvantagens.

Como vantagens tem-se que:

Possibilidade de inspeccionar volumetricamente o componente. Consegue-se uma

maior/menor penetração dos feixes de ultra-sonoros na peça e uma maior/menor

sensibilidade, adequando a cada caso a frequência utilizada.

Precisão na localização e dimensionamento de defeitos, podendo facilmente determinar a

profundidade do defeito assim como pode determinar o seu tamanho e forma;

Ideal para a detecção de defeitos planares se orientados com o feixe sonoro;

Só é necessário acesso de um dos lados;

Possibilidade de utilizar equipamento portátil;

Técnica que não acarreta qualquer tipo de perigo para a saúde do operário.

Quanto a desvantagens tem-se que:

Alta sensibilidade ao acoplamento, sendo imprescindível um acoplante entre a sonda e o

material a ser inspeccionado;

Defeitos presentes à superfície são de difícil detecção;

Perda de sinal por atenuação;

A operação exige técnicos treinados e experientes;

De difícil utilização em geometrias complexas, com superfícies irregulares, de dimensões

muito pequenas ou finas;

É necessário um padrão de referência que deve ser do mesmo material a ser examinado,

para calibrar o equipamento e para avaliar o tamanho dos defeitos;

12

2.2.5. INSPECÇÃO POR IMERSÃO

Se a técnica de inspecção por contacto é característica dos ensaios manuais, a inspecção por

imersão é característica dos ensaios através de sistemas automáticos.

Neste tipo de inspecções tanto a sonda como a peça a ser inspeccionada estão submersas,

normalmente em água, garantindo um acoplamento ideal e uniforme.

Para o ensaio ser bem sucedido, a coluna de água ao longo da peça têm de ser constante, sem

haver contacto directo entre a sonda e a peça, sendo que é possível optimizar o sinal de ultra-sons

através de diferentes dimensões de colunas de água. (Gómez, et al., s.d.) (León, s.d.)

A inspecção por imersão apresenta algumas vantagens (Gómez, et al., s.d.) (León, s.d.):

A análise das peças é mais rápida, pois pode-se aumentar consideravelmente a velocidade

de inspecção;

Pode-se automatizar facilmente o processo;

Uma única sonda pode ser usada para inspeccionar com vários ângulos de incidência;

Não existe risco de desgaste do cristal da sonda.

2.2.6. PHASED ARRAY

Phase Array, é uma variante avançada do ensaio não destrutivo por ultra-sons muito utilizada hoje em

dia e que pode ser aplicado em qualquer ambiente onde o ensaio por ultra-sons tradicional é

utilizado. Este tipo de método permite ao utilizador controlar vários parâmetros, tais como o ângulo da

onda e a distância focal, aumentando assim a probabilidade de detecção de defeitos, podendo

também controlar a velocidade do ensaio. (TWI, 2013) (Carneval, et al., 2007)

Os sistemas Phased Array utilizam sondas com múltiplos elementos que são controlados

individualmente. Ao excitar cada elemento de forma controlada será emitida uma onda focalizada.

(TWI, 2013)

Este tipo de tecnologia tem vindo a ser usada na medicina para criar imagens da secção transversal

de órgãos. Contudo, esta tecnologia não está limitada ao diagnóstico médico. Nos últimos anos, os

sistemas de Phased Array têm sido aplicados na indústria para oferecer novos níveis de informação

sobre os equipamentos e materiais em serviço. (Carneval, et al., 2007) (Nelligan & Kass, s.d.)

Enquanto numa sonda de ultra-sons convencional os transdutores só possuem um cristal

piezoeléctrico, nas sondas Phased Array os transdutores possuem vários cristais, sendo possível

actuar cada um deles individualmente. Podemos, assim, inspeccionar os materiais recorrendo a uma

grande variedade de ângulos de inspecção utilizando a mesma sonda e melhorando

significativamente a sensibilidade da técnica em relação à variação da orientação das

descontinuidades. (Carneval, et al., 2007)

13

2.2.7. SISTEMAS DE PHASED ARRAY

Os ultra-sons convencionais consistem num único transdutor que gera e recebe as ondas sonoras de

alta frequência ou 2 transdutores em paralelo, um para transmitir e outro para receber o sinal. Na

variante de ultra-sons por Phased Array as sondas, Figura 7, são compostas por vários transdutores

que podem ser pulsados individualmente ou em conjunto, podendo originar várias configurações de

feixe com a mesma sonda. Este tipo de sistemas, tal como os sistemas convencionais, precisam de

um líquido acoplante e funcionam com frequências nas gamas equivalentes aos ultra-sons

convencionais. As sondas podem ter várias formas na configuração dos elementos de acordo com a

aplicação em causa. Nos sistemas Phased Array os elementos são excitados por software,

necessitando por isso de um processador para receber e digitalizar os ecos de retorno e apresentar

os dados em diferentes formatos. (Nelligan & Kass, s.d.) (Olympus, s.d.)

Figura 7 - Sonda Phased Array (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 8 - Esquema de um elemento múltiplo (Nelligan & Kass, s.d.)

2.2.8. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO PHASED ARRAY

A técnica de ultra-sons por Phased Array utiliza sondas multi-elemento, nas quais a excitação dos

mesmos é feita por sofware de forma a gerar a configuração do feixe acústico pretendido. Os vários

elementos são pulsados de tal maneira que as ondas individuais combinam-se numa frente de onda

única, por interferência construtiva e com a direcção desejada. Da mesma forma, os elementos

receptores combinam os diferentes impulsos de forma a reconstruir o resultado nos canais de

recepção.

Isto é possível fazendo pulsar os diferentes elementos da sonda em instantes de tempo diferentes,

controlados por software, estabelecendo as chamadas leis de atraso. Os elementos são pulsados em

sequências programáveis, com o propósito de melhorar a sensibilidade através do controlo da

abertura, optimizando a energia acústica numa determinada área.

A geração das ondas acústicas pode ser dirigida de forma dinâmica, com vários ângulos, várias

distâncias focais e várias dimensões do ponto focal, de tal maneira que uma só sonda tem a

capacidade de gerar diferentes configurações de feixe conforme o tipo de material e geometria do

componente. Neste contexto, a técnica permite uma inspecção com ângulo fixo variando a sequência

de elementos, o chamado varrimento linear, ou uma inspecção com variação do ângulo de inspecção,

o chamado varrimento sectorial. Por sua vez permite a focalização do feixe a diferentes

profundidades de acordo com aplicação. Esta variação do ângulo ou da distância focal é feita

instantaneamente, o que torna este processo bastante rápido e com maior sensibilidade para

inspeccionar geometrias complexas ou de difícil acesso. Os ecos de retorno, provenientes de

descontinuidades detectadas, são recebidos pelos vários elementos transdutores com tempos

14

diferentes, de forma a compensar os atrasos que possam acontecer nas alterações de ângulos,

focagem ou deslocação da sonda.

A técnica de Phased Array permite também o registo integral dos dados de inspecção, podendo

apresentar os resultados em formas diferentes para facilitar ao operador a sua interpretação.

(Olympus, s.d.) (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 9 - Princípio do feixe focado por uma sonda plana. O valor do atraso depende da abertura dos

elementos, do tipo de onda, da refracção do ângulo e da profundidade focal. (Optel, 2013)

Figura 10 - Exemplo de uma análise linear realizada por um feixe focado. A digitalização é feita com um

ângulo constante ao longo do comprimento da sonda através de um grupo activo de elementos. (Optel, 2013)

Figura 11 - Princípio da digitalização sectorial. O feixe de som varre a peça através de uma série de ângulos para gerar uma imagem de corte transversal. (Optel, 2013)

2.2.9. FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DOS RESULDTADOS DE PHASED ARRAY

Nas detecções de descontinuidades mais comuns e nas medições de espessura, os dados dos testes

de ultra-sons são baseados na informação do tempo e da amplitude dos ecos recebidos pelos

transdutores. Estas formas de onda e a informação extraída delas são normalmente apresentadas

num ou mais dos seguintes formatos: A-Scans, B-Scans ou C-Scans. (Nelligan & Kass, s.d.)

Os A-Scans são uma representação que fornece a amplitude dos ecos recebidos e o tempo de

percurso ou, a distância a que os reflectores se encontram. O A-Scan é, basicamente, um gráfico em

amplitude (eixo yy) em função do tempo (eixo xx). (Almeida, et al., 1992)

15

Na Figura 12 pode-se ver uma sonda numa posição fixa a 45º, capaz de detectar dois furos num

bloco padrão de calibração. Na Figura 13 é apresentado o A-Scan dos furos detectados na Figura 12.

(Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 12 - Inspecção para ser apresentada em A-Scan (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 13 - Imagem de apresentação de uma inspecção em ângulo A-Scan (Nelligan & Kass, s.d.)

Os B-Scans apresentam o tempo de percurso sonoro (eixo yy) em função do deslocamento da sonda

(eixo xx). A imagem B-Scan pode ser imaginada como a secção da peça, num plano que contém a

trajectória da sonda. (Almeida, et al., 1992)

A Figura 14 representa a passagem de uma sonda ao longo de um padrão de calibração e na Figura

15 é apresentado o B-Scan dessa passagem. (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 14 - Inspecção para ser apresentada em B-Scan (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 15 - Imagem de uma inspecção por B-Scan. Posição relativa de um furo e profundidade ao longo do

comprimento de uma matriz linear. (Nelligan & Kass, s.d.)

O C-Scan apresenta os resultados numa vista em planta, ou seja, em função de duas coordenadas

do movimento da sonda. Simultaneamente representa as amplitudes dos ecos obtidos em função de

um código de cores, indicando as amplitudes dos ecos recebidos em relação a um reflector de

referência. (Almeida, et al., 1992)

Na Figura 16 pode-se ver a inspecção de um bloco padrão de calibração através de um sistema

convencional de inspecção por imersão e o seu C-Scan associado. Na Figura 17 pode-se ver a

inspecção do mesmo bloco padrão de calibração a partir de um sistema portátil de inspecção Phased

Array e o seu respectivo C-Scan. (Nelligan & Kass, s.d.)

16

Figura 16 - Inspecção e direcção do movimento. Imagem de um C-Scan convencional mostrando a

posição de um furo. (Nelligan & Kass, s.d.)

Figura 17 - Inspecção e direcção do movimento.

Imagem de um C-Scan de Phased Array que mostra a posição do furo. (Nelligan & Kass, s.d.)

2.2.10. USO DOS SISTEMAS PHASED ARRAY

Os sistemas de ultra-sons Phased Array podem ser utilizados em qualquer ensaio onde é usado um

sistema convencional. A inspecção de soldadura e a detecção de falhas são as aplicações mais

importantes onde este sistema é usado, sendo que estes ensaios são feitos em diferentes indústrias,

tais como aeronáutica, produção de energia, petroquímica, construção e de manutenção em geral.

Os benefícios do Phased Array em relação aos ultra-sons convencionais provêm da sua capacidade

de utilizar sondas com vários elementos de forma a estabelecer a configuração do feixe acústico mais

adequado a uma determinada aplicação. A direcção da emissão pode ser usada com ângulos

apropriados, o que pode facilitar a inspecção de materiais com geometrias complexas e aumentar a

sensibilidade à orientação das descontinuidades. O outro benefício tem a ver com facto de poder

optimizar a inspecção em zonas de difícil acesso mediante a configuração de feixe adequado. A

capacidade de poder analisar soldaduras com vários ângulos com apenas uma sonda pode aumentar

a probabilidade de detectar falhas. A focagem electrónica permite uma melhoria na distribuição da

energia acústica, o que por sua vez melhora a probabilidade de localização do defeito. Com este tipo

de sistemas consegue-se analisar várias profundidades em simultâneo, tendo uma maior capacidade

para localizar defeitos críticos em inspecções volumétricas. A focagem pode melhorar bastante a

relação do sinal-ruído em aplicações complexas, aumentando os níveis de Probabilidade de

Detecção (POD) e reduzindo os níveis de Probabilidade de Falha (POF).

Os sistemas Phased Array apresentam também algumas desvantagens, nomeadamente, o seu custo,

que é bastante superior aos sistemas de ultra-sons convencionais e o facto de ser necessário mais

requisitos de formação do operador. Contudo, estes custos são compensados pela maior

sensibilidade do Phased Array e pela redução do tempo necessário para realizar uma determinada

inspecção, quando se está perante a inspecção de aplicações e componentes críticos, nos quais os

níveis de exigência do controlo da qualidade são elevados. (Olympus, s.d.) (TWI, 2013) (Nelligan &

Kass, s.d.)

17

Figura 18 - “Phased Array” Vs Ultra-Som Convencional (Scherer, 2008)

2.3. ESTUDOS DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS EM COMPÓSITOS

Apesar dos materiais compósitos caminharem para o seu primeiro século de existência, só na última

década começaram a ser usados em larga escala na indústria aeronáutica. Com o crescente uso dos

mesmos veio também a necessidade de garantir a qualidade das estruturas fabricadas com estes,

levando a que o desenvolvimento de estruturas de materiais compósitos estivesse ligado ao

desenvolvimento dos ensaios não destrutivos.

Neste contexto, foram analisados vários artigos sobre técnicas não destrutivas para caracterizar o

estado da arte das últimas décadas. Estas técnicas não só são usadas para inspeccionar os materiais

compósitos em serviço mas também para inspeccioná-los durante o seu processo de fabrico, por

forma a qualificar e optimizar o processo de fabrico.

Nos anos 90 e início de 2000 foram publicados alguns artigos sobre este tema. Em 1995, abordando

o tema dos ultra-sons em compósitos de matriz metálica, previu-se que este tipo de ensaios neste

género de estruturas seria um desafio devido às características microestruturais complexas das

mesmas. Devido à sua estrutura complexa teriam uma grande probabilidade de ter defeitos

prejudiciais sendo que a solução teria que passar pela implementação de ensaios não destrutivos por

ultra-sons logo no processo de fabrico. (Liaw, et al., 1995)

Um ano mais tarde percebeu-se como a termografia por infravermelhos funcionava para detectar

defeitos de separação lamelar em estruturas do tipo sanduiche, com um núcleo de ninho de abelha e

reforçada por fibras de carbono. Aqui, verificou-se que o aquecimento por radiação pode ser usado

para detectar defeitos entre o núcleo de ninho de abelha e a camada de reforço superficial. (Qin &

Bao, 1996)

Na Figura 19 podemos ver longarinas que perderam a aderência com a camada exterior. As linhas

horizontais interrompidas indicam, devido à perda de calor, uma descolagem. Apurou-se também que

a diferença de temperatura entre uma zona defeituosa e não defeituosa é de 1 °C, o que leva a que o

tamanho e a forma do defeito possam ser determinados. (Qin & Bao, 1996)

18

Figura 19 - Estrutura da superfície traseira de um avião. (Wu, et al., 1998)

Pode considerar-se que esta técnica é simples, sendo de fácil operação e com básico pós-

processamento. Tem uma grande aplicabilidade e pode rapidamente capturar as imagens em tempo

real e processar os dados das mesmas. (Qin & Bao, 1996)

Já no ano 2000 fez-se uso dos ensaios não destrutivos para monitorizar o início e a evolução dos

defeitos em materiais compósitos poliméricos. Foram, então, criados micro vazios e micro fissuras em

provetes, sendo que os defeitos não estariam confinados a um só local. Depois, estes provetes foram

sujeitos a ensaios de tracção e analisados por ultra-sons. Chegou-se à conclusão que o coeficiente

de absorção é maior durante a descarga do provete, logo os espaços em vazio vão ser maiores aí.

Este coeficiente foi medido com uma frequência de 8 MHz. No final constatou-se que a absorção de

ultra-sons está correlacionada com o comportamento dos componentes da estrutura em análise,

sendo este processo bastante eficaz. Devido à natureza viscoelástica do material, a análise de

resultados deverá ser feita com cuidado. (Liu, 2000)

No mesmo ano foram verificados alguns parâmetros estruturais e de dimensionamento em

compósitos através dos ultra-sons. Contudo, a compilação de resultados tende a ser complexa devido

à discrepância nas características obtidas, como é o caso do módulo de Young que tem tendência a

ter valores díspares através da análise por ultra-sons. (Nesvijski, 2000)

Com o início do século também vieram os artigos com referência às novas aplicações do Phased

Array. Em 2001, dizia-se que o objectivo desta tecnologia consistia no ajuste instantâneo da onda

sonora, do ângulo de inclinação e do ajuste da focagem da onda para a geometria em teste. (Erhard,

et al., 2001)

Já em 2002, em um artigo intitulado “Development of phased array techniques to improve

characterization of defect located in a component of complex geometry”, tentava-se alcançar novas

técnicas de detecção e localização de defeitos em geometrias complexas através da tecnologia de

Phased Array. Esta inspecção, através de sondas de ultra-sons convencionais, era muito complicada.

No artigo aqui mencionado houve o uso de sondas Phased Array para preservar as características da

emissão sonora, apesar da geometria inspeccionada variar. (Mahaut, et al., 2002)

Podemos ver na Figura 20 um exemplo onde a detecção e localização dos defeitos em geometrias

complexas não é assegurada, uma vez que a inspecção através de uma sonda convencional imersa

leva a uma emissão de onda sem orientação e com anomalias. (Mahaut, et al., 2002)

19

Figura 20 - Exemplos de configurações de inspecções de geometrias complexas (Mahaut, et al., 2002)

Na Figura 21 e na Figura 22 é mostrado o mesmo exemplo utilizando a técnica convencional e a

técnica por Phased Array. Na primeira vemos a distorção das ondas e na segunda vêem-se essas

distorções corrigidas através das leis de atraso que permitem manter o ângulo de posição da sonda.

(Mahaut, et al., 2002)

Figura 21 - Simulação e medição das distorções da onda usando uma sonda convencional (Mahaut, et al., 2002)

Figura 22 - Simulação e medição das distorções da onda usando “Phased Array” (Mahaut, et al., 2002)

Em suma, pode dizer-se que o uso de sondas convencionais na inspecção de geometrias complexas

é pouco eficiente, pois não se consegue preservar as características da onda emitida. Devido a isto

têm sido desenvolvidas leis de atraso computorizadas, adaptadas a geometrias complexas, para

serem usadas com as sondas de Phased Array. Usando técnicas dinâmicas adaptativas (aplicar leis

20

de atraso adaptadas a cada posição de analise da sonda) este processo poderá ser melhorado.

(Mahaut, et al., 2002)

Em 2003, houve uma investigação preliminar sobre ensaios não destrutivos em compósitos através

de “open-ended waveguides”. Este técnica tinha demonstrado até então um bom potencial para

localizar defeitos, tais como separações entre camadas laminares e faltas de ligação existentes em

materiais compósitos usados na indústria aeronáutica. A partir dos ensaios feitos, verificou-se que as

técnicas não destrutivas, sem contacto e utilizando “waveguides” têm potencial para a detecção de

vazios em estruturas em compósito reforçado por fibras de carbono. (Saleh, et al., 2003)

Durante os anos 2000, o tema de ensaios não destrutivos aplicado a compósitos foi investigado e já

mais recentemente, em 2008, vários artigos foram publicados sobre este assunto.

No artigo “Cost optimization of composite aircraft structures including variable laminate qualities”, foi

proposto um método de optimização custo/peso para estruturas de compósito, variando a qualidade

das camadas usadas. As longarinas foram o elemento adoptado, sendo o parâmetro principal de

estudo a variação do tamanho da falha. A partir do tamanho-padrão da falha, foram estudados os

efeitos da qualidade nas camadas em função dos objectivos. O tamanho ideal da falha vai, então,

depender da estrutura, das características do material e da carga aplicada. Tem, portanto, sido

demonstrado que a redução de custos é possível através da inspecção da qualidade das camadas na

fase de projecto. (Kaufmann, et al., 2008)

Neste ano foi também elaborada uma tese sobre sensores para detectar danos em compósitos

laminados e juntas de ligação adesivas com o nome de “Chirped Fibre Bragg Grating” (CFBG).

Incorporando este sensor dentro das camadas laminadas de um compósito de fibra de vidro reforçado

por plástico, verificou-se que este trabalha muito bem na detecção e localização de fissuras, bem

como na monitorização de descolagens, sendo que a sensibilidade deste para detectar estes

fenómenos depende da posição do sensor dentro do adesivo e da distribuição de tensões sentidas no

adesivo. (Palaniappan, 2008)

Durante a conferência mundial de ensaios não destrutivos do mesmo ano foi apresentado um artigo

onde diferentes técnicas de ensaios não destrutivos são aplicados a estruturas laminares de núcleo

em ninho de abelha e em estruturas sanduiche com núcleo de espuma. (Hsu, 2008)

Figura 23 - Exemplos de defeitos em compósitos laminares: porosidade, ondulações nas fibras e microfissuras (Hsu, 2008)

Muitos defeitos significativos surgem devido a impactos mecânicos, Figura 24. Em estruturas

laminares o dano apresenta-se como uma série de separações interlaminares. Estas separações são

21

acompanhadas de microfissuras na matriz. Em estruturas de sanduiche com ninho de abelha os

danos resultam em fractura do núcleo, devido ao impacto. (Hsu, 2008)

Figura 24 - Dois exemplos de danos em compósitos: separação causada por impacto em laminas sólidas e fractura do núcleo em sanduiches de colmeia de abelha (Hsu, 2008)

Alguns componentes em compósito, como o “radome” do avião, Figura 25, podem também ser

danificados por relâmpagos ou descargas de electricidade estática. Tais danos podem produzir furos

que poderão servir para infiltrações de água, produzindo outros danos. (Hsu, 2008)

Figura 25 - Nariz do avião (randome) perfurado por um relampago (Tocknell, 2009)

Antes de serem montadas no avião, as estruturas de compósito principais devem passar por uma

inspecção rigorosa durante o seu fabrico, sendo muito usada a técnica de ultra-sons com jacto de

água, pois consegue ser aplicada em grandes áreas. No entanto, cada vez mais se tem usado o

acoplamento por via de ar, Figura 26. Neste sistema não existe contacto entre a sonda e o material,

nem contaminação do mesmo. Este sistema é bastante indicado para estruturas sanduiche de ninho

de abelha ou materiais sensíveis ao uso de água ou outros líquidos. (Hsu, 2008)

Figura 26 - Sistema de ultra-sons com acoplamento de ar (Starmans, 2011)

Uma técnica desenvolvida recentemente, a “Acoustocam”, que junta a acustografia e uma câmara de

ultra-sons, tem a potencialidade de conseguir analisar grandes áreas em tempo quase real. (Hsu,

2008)

22

Outra técnica que foi estudada é a radiação terahertz (THz), que emite na região entre os 100 GHz e

os 30 THz, muito acima da região dos ultra-sons. Esta técnica pode ser útil para dar informações

sobre a estrutura química e estrutural do material, contudo as amostras onde é usada esta técnica

têm de ser 15-90% transmissivas nesta região. (Anbarasu, 2008)

A título comparativo apresenta-se na Figura 27 uma amostra com defeito analisada por ultra-som e

por terahertz, onde podemos ver que a imagem obtida por terahertz é mais nítida. Contudo, esta

técnica precisa de ser melhorada, de forma a ser mais eficiente e rápida em ensaios de peças em

serviço. (Anbarasu, 2008)

Figura 27 - Compósito de fibras analisado por THz e ultra-som (Anbarasu, 2008)

Aplicando a técnica de ultra-som a diferentes estruturas, como compósitos reforçados por fibras de

carbono, compósitos reforçados por fibras de vidro ou, até mesmo, compósitos com estruturas de

ninho de abelha, verificou-se que é possível detectar defeitos com cerca de 1 mm, o que leva a que

esta técnica tenha sido uma das mais estudadas para ensaios deste género. Os defeitos podem

surgir tanto no produto em bruto, como nas fibras e matriz ou até mesmo na ligação entre as fibras de

reforço e a matriz. Os defeitos também podem surgir de impactos a baixa velocidade, em serviço.

(Wong, 2008)

Apresentamos, então, na Tabela 4 vários ensaios não destrutivos, podendo verificar que os ultra-sons

têm uma grande capacidade para localizar a maioria dos defeitos. Na Tabela 4,Error! Reference

source not found. “O” indica que o ensaio é ainda limitado na detecção da falha, já o “X” indica que o

método descrito já têm provas dadas na detecção da falha. (Wong, 2008)

A maioria dos métodos descritos podem ser usados para detectar falhas em materiais compósitos de

matriz polimérica termoendurecíveis e termoplástica. No entanto factores como o calor, as

propriedades atómicas e as propriedades acústicas podem afectar o método a utilizar na detecção

das falhas.

23

Tabela 4 - Métodos para inspecção de compósitos de matriz polimérica

Visual Ultrasons Shearo-

grafia

Radio-

grafia

Emissão

Acústica

Termo-

grafia

Acousto-

grafia

Espec-

troscopia

Acousto-

cam

Porosidade O X X X

Ligação fibra-

matriz O O

Propriedades

da matriz O X

Desalinhamen-

to das fibras O O

Fracção de

volume X O

Sequência de

empilhamento X X

Descontinuida-

de no fim da

camada X

Inclusões X O X X X

Fissuras inter-

laminares O X O X O X X

Quebra de fibra X

Delaminação X X X O X X X X X

Humidade

Dano de

impacto X X X X

Apesar da eficiência dos ultra-sons, técnicas como a termografia também são importantes, já que

fazem o ensaio sem necessidade de contacto, a uma velocidade considerável. Na Tabela 5 -

Comparação entre Termografia e ultra-sons C-Scan são comparadas estas duas técnicas. (Wong,

2008)

24

Tabela 5 - Comparação entre Termografia e ultra-sons C-Scan (Wong, 2008)

A termografia tem vindo a ser testada pela indústria aeronáutica, como é referido num artigo de 2009.

Aqui testou-se a termografia ultra-sónica e a termografia pulsada, sendo as principais diferenças entre

elas a fonte de excitação, o ultra-som e a luz. Aplicaram-se, então, estas duas técnicas a duas

amostras distintas de fibra de carbono com um defeito previamente conhecido. (Yang & Wang, 2009)

Como pode-se ver na Figura 28 e na Figura 29, as amostras analisadas tinham bem identificada a

área do defeito e uma etiqueta com tamanho conhecido que servira para testar a precisão do método

de cálculo e calibrar os parâmetros reais do defeito. (Yang & Wang, 2009)

Figura 28 - Amostra de compósito 1 (Yang & Wang, 2009)

Defeitos de superfície <

1 mm de profundidade

Dimensionamento

do defeito

Menor tamanho

detectável (mm)

Precisão da

profundidade

Características

do defeito

Ruído da

Imagem

Termografia Dimensionamento

preciso

1-2 Não é nítido Mais ruído que

o ultra-som

Ultra-som Dimensionamento

preciso

1 Pode determinar a

camada (± 0.1 mm)

Nítido Nítido

Defeitos profundos > 1

mm de profundidade

Dimensionamento

do defeito

Menor tamanho

detectável (mm)

Precisão da

profundidade

Características

do defeito

Ruído da

Imagem

Termografia Dimensionamento

preciso

8 Não é nítido Mais ruído que

o ultra-som

Ultra-som Dimensionamento

preciso

1 Pode determinar a

camada (± 0.1 mm)

Nítido Nítido

25

Figura 29 - Amostra de compósito 2 (Yang & Wang, 2009)

Na Figura 30 e na Figura 31 é possível visualizar que a termografia pulsada apresenta melhor

qualidade de imagem. As diferenças devem-se ao tipo de defeito e às restrições que a termografia

por ultra-sons ainda têm, sendo esta mais adequada para ensaios não destrutivos de defeitos

fechados. (Yang & Wang, 2009)

Figura 30 - Imagem obtida por termografia por ultra-sons da amostra de compósito 1 (Yang & Wang, 2009)

Figura 31 - Imagem obtida por termografia pulsada da amostra de compósito 1 (Yang & Wang, 2009)

Contudo, na Figura 32 e na Figura 33, a imagem obtida da termografia por ultra-sons apresenta

melhor qualidade. Isto porque o defeito aqui presente é fechado, sendo este mais fácil de detectar por

termografia por ultra-sons. (Yang & Wang, 2009)

26

Figura 32 - Imagem obtida por termografia por ultra-sons da amostra de compósito 2 (Yang & Wang, 2009)

Figura 33 - Imagem obtida por termografia pulsada da amostra de compósito 2 (Yang & Wang, 2009)

Os resultados experimentais mostram que esta técnica pode avaliar vários tipos de defeitos. Além

disso, o comprimento do defeito é estimado com precisão. Os resultados também mostraram que o

uso de um ou outro método vai depender do tipo de defeito. (Yang & Wang, 2009)

Mais recentemente, abordou-se o tema da dispersão de ultra-sons difusos em compósitos avançados

unidireccionais com análise de variação espacial. Isto serviu para quantificar a dispersão dentro dos

compósitos onde foram impostos diferentes tipos de danos nas fibras. No entanto, os resultados

obtidos têm uma informação muito dispersa para conseguir conclusões claras, conduzindo à

necessidade de investigar mais esta área, de forma a reduzir a dispersão de resultados. (Stenström,

2010)

Em 2012, um artigo onde se abordavam temas como a indústria aeronáutica, as suas estruturas de

geometrias complexas e sistemas de inspecção por Phased Array, foi apresentado e nele constava

um novo algoritmo que não requeria conhecimento prévio das estruturas a serem inspeccionadas.

(Robert, et al., 2012)

Um dos modos de aquisição de dados por Pased Array é o “Paintbruch”. Consiste em transmitir de

uma só vez todos os elementos de uma sonda Phased Array, sem a lei de atraso, e receber os sinais

de todos esses elementos em paralelo, levando a que haja uma grande velocidade de análise. De

forma a melhorar a relação sinal/ruido, uma sub-abertura de alguns elementos consecutivos pode ser

usada para a recepção do sinal, sendo esta sub-abertura movida electronicamente. (Robert, et al.,

2012)

Para peças com geometrias complexas, tais como cantos rígidos, uma das soluções para ser feita a

inspecção consiste em usar sondas de perfil, como transdutores cilíndricos. A sonda é colocada sobre

ou sob a superfície convexa e o seu raio de curvatura assegura uma emissão normal do campo de

ultra-sons, em qualquer ponto da superfície. A inspecção é realizada ajustando mecanicamente a

27

posição durante a inspecção, para haver uma incidência normal. A principal desvantagem deste tipo

de sondas reside no facto de ser necessário um dispositivo de posicionamento de elevada precisão,

para haver eficiência no ensaio num determinado tipo de geometria. (Robert, et al., 2012)

Para resolver essa desvantagem implementou-se uma técnica baseada num processo interactivo de

aquisição de dados através da medição dos tempos de voo da onda. A partir destes tempos é

calculada uma lei de atraso que é aplicado a todos os elementos da sonda, tendo esta técnica o

nome de “Surface Adaptive Ultrasounds” (SAUL), ou numa tradução livre, Ultra-sons adaptados à

superfície. Este algoritmo iterativo vai permitir através da mesma sonda analisar várias estruturas de

geometria complexa, sendo possível uma incidência normal sobre qualquer superfície sem o recurso

a uma sonda de perfil. (Robert, et al., 2012)

A Figura 34 ilustra a adaptação gradual da onda incidente com a superfície frontal do raio de canto.

Nesta figura são apresentados quatro disparos sobre a superfície de canto, que é o número

necessário para alcançar a convergência através do SAUL. Este tipo de geometria é a menos

favorável, no entanto o algoritmo ainda consegue convergir.

Na Figura 35 a sonda é colocada sobre uma geometria curva e pode-se ver a convergência do

algoritmo SAUL ao fim dos mesmos quatro disparos.

Figura 34 - Convergência do processamento

iterativo quando o transdutor é colocado sob o raio de canto. (Robert, et al., 2012)

Figura 35 - Convergência do processamento

iterativo quando o transdutor é colocado sobre a geometria curva de um reforço de

compósito (Robert, et al., 2012)

2.4. CONCLUSÕES

Neste tópico tentou-se abordar os ensaios não destrutivos aplicados aos compósitos, na perspectiva

de caracterização do estado da arte actual. Apesar de ser um tema recente, muitos avanços se têm

feito nesta área e, cada vez mais, se conseguem encontrar artigos ou protótipos capazes de

solucionar eficazmente problemas do quotidiano da indústria aeronáutica.

28

Não obstante dos avanços, algumas limitações ainda são sentidas quando se pretende efectuar um

ensaio não destrutivo com a técnica de Phased Array. Dentro destas limitações encontramos as

geometrias complexas, pois estas levam a um desempenho deficiente das sondas já que as

características do feixe têm uma alteração contínua. Grandes espessuras e variação das mesmas ao

longo de uma análise também traz problemas a este tipo de ensaios pois é necessário diferentes

parâmetros de inspecção para ser possível a leitura optimizada em cada espessura. O facto de se

propor usar Phased Array em compósitos também traz dificuldades, uma vez que este tipo de

materiais é normalmente não homogéneo e a detecção de defeitos depende do tipo e da orientação

dos mesmos, dificultando assim a análise de resultados obtida.

Os defeitos mais comuns dos compósitos são as descolagens e as delaminações. As delaminações

acontecem normalmente no fabrico do compósito quando algum elemento não desejável fica entre

camadas. Já as descolagens podem advir de uma má colagem entre peças ou camadas de

compósito. Para que estes defeitos sejam detectados é conveniente que os mesmos estejam

orientados ao plano da sonda que são a priori sondas direitas. Neste tipo de materiais o efeito de

atenuação é verificado devido às perdas viscoelásticas na matriz e à dispersão no reforço.

Tendo em conta estas limitações o nosso objectivo principal da presente tese foi fazer um sistema

flexível, que será adaptável consoante as diferentes limitações sentidas. Assim sendo, nesta

dissertação, tentou-se, aperfeiçoar o método, defendido no último artigo mencionado, que aborda o

facto de os defeitos encontrados não conseguirem ser perfeitamente caracterizados, devido às

geometrias complexas das peças inspeccionadas. Desta forma, foi pensado um sistema ajustável a

geometrias complexas, como é o caso de raios de curvatura variável, através do qual vai ser possível

uma análise com variações de espessura no material, através da configuração automática dos

parâmetros de medida.

Este tipo de sistemas tem uma componente de constante desenvolvimento, visto que o futuro passa

sempre pela detecção de falhas através de métodos não destrutivos.

29

3. SISTEMA DE INSPECÇÃO PHASED ARRAY - PROJECTO

Tendo por objectivo a construção de um sistema de inspecção por imersão, mais propriamente os

dispositivos que permitem o movimento da sonda, onde fosse possível inspeccionar materiais através

de Phased Array, com um sistema de 5 graus de liberdade, consideraram-se alguns pré-requisitos.

3.1. PRÉ-REQUISITOS

Inicialmente pretendia-se que a tina de imersão fosse construída em aço inoxidável, teria de ter uma

área útil de inspecção de 2500x2000 mm e devia ser capaz de suportar uma altura máxima de água

de 500 mm.

Para conseguir que a inspecção fosse feita através de 5 graus de liberdade haveria a necessidade de

conjugar um sistema de 3 eixos, capaz de transportar a sonda ao longo de X, Y e Z, com um braço

onde seria acoplada a sonda dando a esta a liberdade de rotação e inclinação.

Assim sendo, o curso do eixo X seria de 2500 mm, do eixo Y de 2000 mm e o eixo Z, apesar de haver

uma altura de água de 500 mm, teria um curso de 700 mm devido a pormenores construtivos. Para

estes 3 eixos era pretendida uma velocidade de 100 mm/s e uma precisão de 0.1 mm. Já o braço

onde seria acoplada a sonda teria um comprimento de 700 mm, para ser capaz de fazer todo o curso

do eixo Z.

3.2. MERCADO

Através dos pré-requisitos propostos foi feita uma pesquisa tendo em vista uma avaliação dos

equipamentos existentes no mercado.

Algumas empresas fornecem um produto semelhante ao que se pretende fazer, mas com um custo

muito elevado. Adicionalmente o desenvolvimento de raiz e interno deste tipo de sistema forneceu

know-how e deu a possibilidade de se oferecer um novo serviço capaz de ser aplicado a uma

diversificada gama de materiais, nomeadamente compósitos. Os materiais compósitos são bastante

difíceis de inspeccionar, devido à estrutura e ao facto de os sistemas existentes estarem muito

focados na inspecção de materiais metálicos, havendo aqui uma mais-valia no desenvolvimento deste

equipamento.

A “NDT Services Limited” e a “British Institute NDT” são empresas que fornecem serviços de

inspecção e que têm tanques de imersão para esse fim, no entanto, são especializadas na inspecção

de materiais metálicos não havendo qualquer referência, nas informações obtidas, em inspecção de

materiais do tipo compósito.

Já empresas como a “Marietta NDT” e a “TecScan.ca” fornecem equipamentos idênticos àquele que

se pretende construir. No entanto, as especificações apresentadas não se adequam à solução que se

procura, pois para além dos equipamentos standard não possuírem as dimensões pré-requisitadas, o

sistema de programação usado por ambas as empresas é fechado, o que impossibilita a sua

adaptação às necessidades de implementar algoritmos de processamento adicionais.

30

Figura 36 - Equipamento de Inspecção da

empresa Marietta NDT (NDT, 2011)

Figura 37- Equipamento de Inspecção da empresa

TecScan.ca (TecScan, 2012)

3.3. CONCEPÇÃO

Após análise de mercado e tendo em conta os objectivos para o tanque imersão, foi iniciado o

desenvolvimento do projecto e de todas as partes envolventes a construção do mesmo bem como

dos seus periféricos para conseguir atingir o objectivo primordial que seria a inspecção de

componentes em material compósito com os graus de flexibilidade e de sensibilidade desejados.

Figura 38 - Esquema Sumário do Projecto

31

3.3.1. SISTEMA ESTRUTURAL

Tanque para inspecção

A partir dos pré-requisitos pensou-se nas várias possibilidades para fazer o tanque de inspecção

tendo em conta o custo do material necessário, a capacidade de resistir às forças aplicadas e o

aspecto visual apresentado.

Sabendo isto, o primeiro tanque de inspecção foi pensado para ser construído com chapa quinada

reforçada com tubo quadrado e perfil bosch-rexroth, Figura 40, com diferentes dimensões para

suportar toda a estrutura. No entanto, apesar de poder apresentar um bom aspecto visual, abdicou-se

desta ideia devido ao elevado custo do perfil bosch-rexroth e o facto de que os componentes de

ligação, apesar de resistentes, não ofereciam uma fiabilidade de suporte para a carga máxima a ser

imposta.

Figura 39 - Primeira modelação do Tanque de Inspecção

Figura 40 - Estrutura de Suporte feito através de Perfil Bosch-Rexroth

Não obstante esta opção ter sido revogada, foram aproveitadas algumas ideias aqui incluídas

relativas ao design, o que levou a uma evolução do desenho do tanque de imersão até ser atingido o

resultado final.

Ao longo do desenvolvimento inicial do tanque surgiu o requisito de que uma das laterais de maior

área deveria ser de acrílico, possibilitando, assim, a observação do ensaio em imersão. Isto levou a

um novo design do tanque de inspecção, no qual se continuou a usar chapa quinada com reforço de

tubo quadrado, porém os pés passaram a ser também de tubo quadrado.

32

Figura 41 - Versão Inicial do Tanque de Inspecção

Tendo em conta esta versão, optou-se por fazer algumas simulações estruturais no SolidworksTM

com

vista a obter alguns resultados sobre a abordagem tomada.

Aproximando a massa da água no interior do tanque a 2500 kg, considerando um coeficiente de

segurança de 1.5, atribui-se a cada face e ao fundo do tanque a pressão associada a cada uma das

áreas durante a execução do ensaio.

Para as chapas laterias e para o acrílico, a força foi aplicada não uniformemente, tendo como base o

conceito de pressão hidrostática.

Figura 42 - Distribuição da Pressão Hidrostática dentro do Tanque

Como condição de fronteira foram assumidas que no interior do tanque está presente um fluido e o

exterior está exposto ao ar, contudo a pressão atmosférica é desprezável. Deste modo, permanece

apenas a pressão distribuída do fluido que é uma pressão hidrostática. Esta é proporcional à

densidade do material, que no caso presente é a água, 1000Kg/m3, à gravidade, g=9.81m/s

2 e à

altura, h, desde a superfície livre até ao fundo do tanque. Tem-se, assim, uma pressão crescente

desde a superfície livre do líquido presente no tanque até ao fundo do mesmo.

Para o ensaio, além da pressão hidrostática aplicada no fundo e nas laterais do tanque foi também

aplicada a força da gravidade, e consequente peso próprio, e os pés do tanque foram constrangidos

em todas as direcções.

33

Figura 43 - Distribuição das forças aplicadas no Tanque de Inspecção

Os materiais usados no SolidWorks foram:

AISI 316 Annealed Stainless Steel Bar – Tensão de cedência = 137.9 MPa

AISI 316 Stainless Stell Sheet – Tensão de cedência = 172.4 MPa

Acrylic (Medium-high impact) – Tensão de cedência = 45MPa

Versão Inicial

Nas versões iniciais foram usadas chapas de 2 mm e 2.5 mm e tubo quadrado para reforço de 50X50

mm e 40x40 mm com espessuras de 3 mm. O acrílico usado inicialmente tinha 10 mm de espessura.

Contudo, os resultados obtidos não foram os desejados, havendo picos de tensão superiores à

tensão de cedência máxima suportada pelo material.

34

Figura 44 - Distribuição de tensões na Versão Inicial

Apesar da tensão sofrida ser superior ao desejado, a deformação encontra-se dentro do aceitável.

Figura 45 - Distribuição da deformação na Versão Inicial

Para tentar diminuir a deformada e, principalmente, a tensão foram acrescentados tubos quadrados

com o intuito de reforçar todo o tanque, como podemos ver na Figura 46.

35

Figura 46 - Versão Inicial reforçada

Os modelos reforçados obtidos foram simulados estruturalmente, contudo estas opções foram

abandonadas pois o tanque não apresentava um aspecto estético adequado, devido à quantidade de

tubos quadrados usados.

Com o intuito de ir de encontro ao que se desejava, houve a necessidade de fazer algumas

alterações.

Versão Intermédia 1

A chapa usada permaneceu com 2.5 mm de espessura, mas a espessura do acrílico foi aumentada

para 20 mm. Como, supostamente, a tensão máxima não se fazia sentir no local dos tubos de reforço,

estes foram reduzidos para tubos quadrados 25X25 mm com 2 mm de espessura, tendo sido unidos

com um corte a 45 graus, de forma à união entre os tubos apresentar um bom acabamento.

O número de pés, em tubo quadrado de 50X50 mm com 3 mm de espessura, foi aumentado de 12

para 16, para que as forças no fundo estivessem mais distribuídas. Nesta versão, os pés usados nos

cantos passaram a ser cantoneiras de abas iguais, de 100 mm com 10 mm de espessura.

Figura 47 - Vista isométrica da versão intermédia

36

Com esta configuração os resultados obtidos em termos de deformação são melhores, no entanto os

da tensão são ligeiramente piores. Uma das interpretações possíveis para este resultado é uma

limitação do programa devido às aproximações de cálculo na transição da malha entre materiais.

Figura 48 - Distribuição de tensões na Versão Intermédia

Figura 49 - Distribuição da deformação na Versão Intermédia

Como os resultados ainda não estavam dentro dos limites houve a necessidade de reformular alguns

aspectos do tanque.

Nesta versão intermédia ainda se pensou em equipar o tanque com uma abertura lateral, para ser

possível a inspecção, por imersão local ou com jacto de água, de peças maiores do que a área útil do

tanque. Todavia, devido à necessidade de estanquicidade total do tanque, aumentando a sua

37

complexidade e da utilidade de inspeccionar peças maiores do que a área útil do mesmo esta ideia foi

abandonada.

Figura 50 - Vista Isométrica do tanque com porta lateral

Versão Intermédia 2

Nesta versão, toda a chapa usada passou a ter 3 mm de espessura, os tubos quadrados de reforço

usados passaram a ter 30X30 mm com 2 mm de espessura, os pés passaram a ser tubo quadrado de

50X50 com 2 mm de espessura e os pés do canto passaram a ser cantoneiras de abas iguais de 50

mm com 2 mm de espessura, o que levou à reformulação de alguns pormenores do tanque.

Apesar de ter havido uma pesquisa sobre as chapas e perfis a utilizar para simulação do tanque, foi

necessário contactar fornecedores para a verificação das medidas disponíveis, preços e materiais

que cumprissem todos os parâmetros. Para isso foram contactados vários fornecedores tanto para

adquirir o tubo e a cantoneira como para adquirir as chapas já trabalhadas consoante os requisitos

definidos.

Das várias empresas contactadas para adquirir tubo de secção quadrada e cantoneira, Tabela 6, só a

três delas foi pedido orçamento pois eram as únicas que tinham disponíveis os tubos com a secção

pretendida.

Tabela 6 - Comparação dos preços para fornecer tubos e cantoneiras

Tubo de secção Quadrada e Cantoneira

Empresa Custo Total (€)

Céu Batista & Filhas, LDA. 548

TUBINOX, S.A. 406

Portugal Alves, S.A. 410

38

Uma vez que estas três empresas fornecem o mesmo produto, optou-se pela TUBINOX, S.A., pois

era a que apresentava o custo mais baixo, mantendo os mesmos requisitos de qualidade.

Quanto às chapas, foram pedidos orçamentos a três empresas.

Tabela 7 - Comparação dos preços para fornecer a chapa quinada

Chapas

Empresa Custo Total (€)

S.J Metal Distendido, LDA. 2998

DISNOX, LDA. 2116

Metalomecânica 3Triângulos, LDA.

2531

Neste caso, o factor preço não foi o único a ter em conta. Apesar do fornecedor escolhido, a DISNOX,

LDA., ser o que apresentava menor custo, este era também o único dos três que tinha a possibilidade

de fornecer uma chapa quinada, para o fundo e laterais do tanque, numa única peça com as

dimensões pretendidas.

A partir da informação adquirida dos fornecedores, o aço a ser usado nas simulações passou a ser

AISI 304 - Tensão de cedência = 206.8 MPa.

Utilizando esta configuração, com as dimensões e materiais de acordo com as especificações de

compra foi feita então a simulação em SolidworksTM

e foram obtidos os seguintes resultados de

tensão e deformação.

Figura 51 - Distribuição das tensões na Versão Intermédia 2

39

Figura 52 - Distribuição das deformações na Versão Intermédia 2

Com esta configuração e com a utilização correcta dos materiais obtemos uma estrutura que garante

a segurança pretendida. Para além de a deformação ser de cerca de 2 mm a tensão máxima sentida

na estrutura é de 164.5 MPa.

Como as simulações foram feitas estaticamente, as forças aplicadas tiveram um coeficiente de

segurança de 1.5. A partir dos resultados obtidos, conseguiu-se um coeficiente de segurança de 1.26,

calculando o coeficiente de segurança final obtemos 1.5x1.26=1.9, factor que cumpre os requisitos de

segurança da estrutura.

Versão Final

Devido a questões de logística e de instalação do próprio tanque no local destinado ao mesmo, as

suas dimensões tiveram de ser alteradas, passando assim a ter as dimensões exteriores de 2500 X

1320 mm, o que equivale a uma área útil interior de 3.04x106

mm2. Desta forma, conseguiu-se

poupar, em relação à versão intermédia que cumpria os requisitos, cerca de 0.71 m3 de água.

40

Figura 53 - Vista Isométrica da versão final

Foi também feita a simulação estrutural em SolidworksTM

.

Figura 54 - Distribuição das tensões na versão final

41

Figura 55 - Distribuição das deformações na versão final

Com os resultados obtidos fica assegurada a segurança do projecto. A tensão máxima observada no

tanque foi de 96.7 MPa e a deformação máxima foi de 1.49 mm. Sendo a tensão de cedência do AISI

304, 206.8 MPa, então, obtém-se um coeficiente de segurança 2.13. Multiplicando este valor pelo

coeficiente aplicado à força, alcança-se um coeficiente de segurança final de 2.13x1.5=3.21,

garantindo, assim, que o tanque se encontra em perfeitas condições de segurança e podendo

avançar para a encomenda dos metais necessários ao fabrico do tanque.

Deu-se, assim, por concluído o modelo do tanque que foi usado para a construção do modelo real.

Entre as várias versões, existiram alterações que foram testadas mas não foram aqui referidas pois

não se mostraram relevantes para a obtenção do resultado final e tornariam este capítulo muito

exaustivo.

Mesa de Rotação

Posteriormente foi pensado e desenhado um sistema de rotação na base do tanque o que permitirá

rodar uma mesa, fornecendo mais um grau de liberdade ao sistema de inspecção, passando este a

ter 6 graus de liberdade.

42

Figura 56 - Pormenor da flange de acoplamento do motor para a mesa de rotação

Suportes dos Actuadores

Os suportes dos actuadores, Figura 57, são elementos estruturais usados com a função de suportar e

fixar os actuadores lineares. Estes perfis foram montados em torno do tanque para inspecção, de

forma a constituírem uma estrutura independente. Isto vai evitar que as deformações produzidas no

tanque, devido ao peso da água, se propagem para os perfis, precavendo, a possibilidade de

danificar os componentes mecânicos que serão instalados sobre os perfis bosch-rexroth.

Nos perfis também foram instalados os armários de electricidade e do sistema de recirculação de

água, assim como alguns periféricos necessários ao funcionamento do sistema.

Figura 57 - Estrutura em perfil Bosh-Rexroth

Figura 58 - Pormenor da estrutura em perfil Bosh-Rexroth

3.3.2. SISTEMA MECÂNICO

É através dos dispositivos aqui presentes que vai ser possível fornecer a todo o sistema de inspecção

por phased array a capacidade de analisar peças utilizando os 5 graus de liberdade. Os actuadores

lineares deslizantes irão permitir 3 graus de liberdade, X, Y e Z e o braço de acoplamento da sonda

vai permitir os restantes dois graus de liberdade, rotação e inclinação.

43

Actuadores lineares deslizantes

A partir dos actuadores vai-se obter o movimento em 3 eixos. Estes elementos serão dos mais

importantes de todo o sistema de inspecção, pois serão bastante precisos e com velocidades

superiores ao especificado, tendo em conta o curso para que foram projectados.

O estudo de mercado efectuado sobre este tipo de equipamentos, pode resumir-se a 3 empresas, a

PARKER, fornecida pela MEDITOR, a FESTO e a IGUS. A estas três foram pedidas mais

informações sobre os seus produtos.

Proposta A - Igus

A IGUS foi a única das 3 empresas que não teve a possibilidade de proporcionar um equipamento

completo. Fornecia um conjunto de guias lineares deslizantes que, conectadas entre si, tinham a

possibilidade de formar um sistema de 3 eixos.

Para os eixos de maior dimensão, X e Y, com 2500 e 1900 mm de curso, respectivamente, seria

necessário usar guias deslizantes com carros movidos através de correia para estes terem uma

velocidade de acordo com o pretendido.

Figura 59 - Calha IGUS com mesa deslizante através de correia

Seriam usadas duas calhas, Figura 59, para cada um dos eixos, X e Y, de modo a obter uma

estabilidade tal que permitisse suportar o eixo Z.

O eixo Z seria um eixo mais resistente, pois teria de mover verticalmente uma massa com bastante

precisão. Como o curso do eixo Z é menor, cerca de 700 mm, não necessitava de ter uma velocidade

tão elevada como os outros dois eixos, optando assim por uma guia com um carro deslizante movido

através de um fuso, Figura 60.

44

Figura 60 - Guia IGUS com mesa deslizante através de fuso

Apesar desta solução apresentar o menor custo, cerca 3376 €, apenas estavam incluídas as guias

lineares, excluindo-se a montagem, as calhas articuladas, os sistemas de fixação entre eixos, entre

outros items mecânicos e eléctricos que as outras propostas apresentavam.

Apesar do custo desta proposta ser o mais baixo entre todas as propostas analisadas e dos eixos

apresentarem individualmente uma precisão idêntica a 1 mm (dentro de parâmetros aceitáveis

embora superior à pretendida), a precisão total, com os 3 eixos conectados, seria muito superior à

desejada (superior a 3 mm). Desta forma, esta solução não garantiu a precisão pretendida para se

fazer uma inspecção adequada dos componentes.

Proposta B - FESTO

A segunda proposta analisada foi a da FESTO. Esta empresa fornecia um equipamento completo,

Figura 61, com todos os componentes e montagem incluída, dando muito mais garantias de

estabilidade, velocidade e precisão. O equipamento apresentava, assim, uma velocidade superior a

100 mm/s e precisões de cerca de 0.08 mm, bem como suportava cargas na extremidade do eixo Z

de 15 kg.

Figura 61- Sistema FESTO de 3 eixos

O equipamento completo custaria 14 255 €, excluindo custos de transporte. Contudo, ao negociar

com o fornecedor foram encontrados alguns entraves pois o sistema proposto pela FESTO não era

perfeitamente adaptável ao pretendido.

45

Um dos grandes problemas apresentados nesta proposta estava relacionado com o eixo Z. A FESTO

não conseguia conceber uma solução para que fosse acoplado ao eixo Z um outro mecanismo

(descrito posteriormente) que impedisse que o eixo entrasse dentro de água.

Com a impossibilidade de usar o eixo Z em contacto com a água, esta proposta tornava-se

inexequível. Apesar disso, foi pedida outra solução à mesma empresa, onde seria só considerado o

sistema mecânico, dispensando o sistema motor e eléctrico. Contudo, não houve abertura dos

mesmos para fornecerem este tipo de solução.

Proposta C - PARKER

A última proposta analisada foi a da PARKER. Esta opção era em tudo semelhante à apresentada

pela FESTO, porém a empresa demonstrou maior disponibilidade para encontrar soluções consoante

os problemas apresentados. Desta forma, seria possível um sistema de acordo com as nossas

especificações e que proporcionava os níveis de fiabilidade desejados.

Figura 62- Modelo 3D do sistema PARKER de 3 eixos

Este equipamento, Figura 63, completo fornecido pela MEDITOR teria um custo de 15 915 €, todavia,

devido ao custo elevado, foi solicitada uma nova proposta onde seriam apenas considerados os

dispositivos mecânicos do mesmo. Nesta aproximação a maioria dos motores, controladores e cartas

de comando seriam comprados e implementados à parte do âmbito da tese. Assim sendo, o novo

valor apresentado foi de 8660 €.

46

Figura 63 - Sistema de 3 eixos fornecido pela "MEDITOR"

Por fim, foi decidido avançar com a proposta da MEDITOR, uma vez que foi apresentado um

equipamento com grande fiabilidade e soluções adaptadas às especificações definidas. De modo a

esclarecer a opção tomada, apresenta-se a Tabela 8, onde a empresa com maior pontuação final foi

a seleccionada para fornecer os actuadores.

Tabela 8 - Sumário da opção tomada em relação aos actuadores (1 - Satisfaz; 0 - Satisfaz Minimamente; -1 - Não Satisfaz)

IGUS Parker/Meditor Festo

1 Custo 1 0 -1

2 Velocidade 0 1 1

3 Precisão -1 1 1

4 Adaptação aos requisitos do projecto 1 1 -1

5 Flexibilidade para apresentar soluções 1 1 -1

6 Sistema fornecido completo -1 1 1

7 Tempo de Entrega 1 0 0

Total 2 5 0

Visto não ter sido adquirido o sistema motor, foi necessário, para conectar os motores aos actuadores

lineares o fabrico de flanges de acoplamento, Figura 64, compatíveis com os actuadores lineares

adquiridos.

47

Figura 64 - Flanges de acoplamento dos motores aos actuadores lineares X e Y

Braço de acoplamento da Sonda

Com o objectivo de fornecer mais 2 graus de liberdade ao sistema e acoplar a sonda de inspecção

foram procuradas soluções.

A IGUS apresentava uma solução muito engenhosa conhecida como ROBOLINK.

Figura 65 - ROBOLINK da IGUS

Contudo, este equipamento, apesar de ser um recurso muito funcional, apresentava um grave

problema. Para as dimensões pretendidas a precisão do mesmo seria cerca de 5 mm. Assim sendo, a

solução que se encontrou foi a construção de um sistema rígido de raiz.

Inicialmente, pensou-se em construir um braço para o eixo Z através de uma barra de aço inox

maquinada. Esta barra seria equipada com 2 engrenagens que transmitiam o movimento entre si

através de uma correia. Para garantir a precisão, este sistema teria também um rolamento linear da

SKF. Outra opção seria análoga a anterior, mas desta vez seria usado um sistema de engrenagem e

cremalheira para promover o movimento do eixo Z.

Figura 66 - Abordagem inicial ao dispositivo de fixação da sonda

48

Verificou-se que esta solução não seria viável. Um dos maiores problemas seria a complexidade de

maquinar a peça, pois esta teria um comprimento de 700 mm. Para além disso, este sistema estaria

em contacto com a água, o que levaria a necessidade de uma lubrificação permanente do rolamento

linear, ainda que este suporte ambientes húmidos, mas não a total submersão em líquidos. O mesmo

problema iria também verificar-se nas engrenagens usadas. Por esta razão, tentou-se uma

abordagem diferente para o problema.

Versão 1

A solução encontrada foi utilizar um tubo em aço inox e no mesmo acoplar os motores e

engrenagens, de forma a conseguir fornecer à sonda a inclinação e rotação pretendida.

Figura 67 - Vista Isométrica da Versão 1

Um dos motores seria usado para fazer rodar o tubo, através de um sistema sem fim, dando assim

rotação necessária à sonda. O outro motor daria rotação a um veio que passaria dentro do tubo.

Figura 68 - Sistema para acoplar os motores e para acoplar a sonda da versão 1

Este veio activaria uma engrenagem sem fim, que por sua vez daria inclinação à sonda. A sonda

estaria fixa a um dispositivo lateral ao sistema aqui mostrado. Esta primeira versão não apresentava

49

um design muito apelativo, nem era funcional, pois a sonda não estaria centrada com o veio, o que

traria problemas de acerto e precisão da mesma. Neste contexto houve necessidade de rever o

dispositivo de acoplamento.

Outro problema presente era o facto de os motores estarem dependentes um do outro, o que levaria

a uma correcção da inclinação da sonda quando a mesma estivesse a ser rodada.

Versão 2

Neste modelo optou-se por colocar os motores em paralelo, de maneira a averiguar se os motores

continuariam dependentes, o que acabou por se verificar.

Figura 69 - Vista Isométrica da Versão 2

Figura 70 - Sistema para acoplar os motores e para acoplar a sonda da versão 2

Nesta versão, acabou por se reconfigurar alguns pormenores para resolver os problemas presentes

no braço de acoplamento da sonda. Embora a dependência dos motores não tenha sido resolvida, o

sistema para inclinação da sonda passou a ter uma constituição mais perto do pretendido.

50

Versão Final

Nesta ultima versão, após várias modificações, foi possível obter o movimento independente dos dois

motores.

Figura 71 - Vista Isométrica da Versão Final

Através de um conjunto de rolamentos, tornou-se o movimento dos dois motores independente, tal

como desejado. Com isto, é necessário apenas ter cuidado para limitar a rotação do tubo em 360º de

modo a não haver problemas de enrolamento de cabos no próprio sistema.

Figura 72 - Sistema para acoplar os motores na Versão Final

Para acoplar a sonda foi necessário recorrer a alguma criatividade, não só para ter um sistema que

agarrasse a sonda mas que permitisse dar um ajuste lateral preciso para efectuar os ensaios.

Inicialmente este ajuste lateral foi pensado recorrendo a mesas de ajuste fino. Contudo as opções

encontradas no mercado não eram possíveis de submergir.

51

Figura 73 - Mesa de rotação de ajuste fino (Standa, 2000)

Foi então encontrada uma solução através da Meditor que propôs um sistema em polímero duro para

que o mesmo pudesse ser utilizado em ambiente submerso e com o grau de precisão pretendido.

Figura 74 - Sistema de ajuste fino para rotação e inclinação da sonda proposto pela Meditor

Contudo a proposta apresentada tinha um custo elevado o que levou ao desenvolvimento de raiz de

um novo sistema. Neste desenvolvimento o ajuste lateral passou assim a ser efectuado através de

um conjunto de engrenagem/sem fim que funciona dentro do veio e que dará a inclinação a sonda.

Este conjunto vai permitir efectuar um pequeno ajuste até ao limite imposto pelo próprio sistema

permitindo ajustar manualmente a sonda de acordo com as necessidades pretendidas.

52

Figura 75 - Sistema para acoplar a sonda na Versão Final, com ajuste lateral

3.3.3. SISTEMA RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA

O sistema de recirculação de água vai ser essencial para conseguir a reutilização da água do tanque.

Previsivelmente, o tanque conterá, no máximo, cerca de 1500 litros de água, o que representa um

grande volume de água e que não poderá ser constantemente trocado. Por este motivo, foi

incorporado um sistema de recirculação, podendo assim reutilizar-se a água e manter a sua isenção

de partículas. Este sistema é composto por válvulas de retenção manuais, filtros de água, bomba

hidráulica, para além de todas as ligações entre o tanque, o ponto de reabastecimento e estes

elementos.

Com este sistema vai ser também possível a instalação futura de um jacto de água para inspecções

localizadas sem a necessidade de imersão.

3.3.4. SISTEMA ELÉCTRICO

Este sistema vai permitir todo e qualquer funcionamento do sistema mecânico sendo o mesmo

constituído por disjuntores, temporizador, relés, bornes, botões, luzes e todas as ligações necessárias

para construir o circuito. Três elementos de relevância deste sistema são os disjuntores, os relés e o

transformador.

Os disjuntores são dispositivos que são usados como interruptores automáticos com a função de

proteger todo o circuito eléctrico contra possíveis curto-circuitos ou sobre cargas de electricidade. Os

disjuntores usados são do tipo B, ou seja, são disjuntores que actuam instantaneamente numa faixa

entre 3 a 5 vezes a corrente nominal. Isto é, num disjuntor de 16 A este vai actuar entre valores de 48

A a 80 A. Foi usado um disjuntor para os motores de actuação dos sistemas mecânicos, outro para a

bomba de recirculação de água e outro para a fonte de alimentação. Paralelamente, implementou-se

um disjuntor diferencial cuja função é desligar o circuito quando este detectar uma fuga de corrente

superior à do valor nominal.

Os relés podem ser considerados dispositivos electromecânicos que são accionados quando a

corrente eléctrica percorre as espiras da bobine dos mesmos que, por sua vez, criam um campo

magnético capaz de alterar a mudança de estado dos contactos. Normalmente, um relé está ligado a

dois circuitos eléctricos. Quando uma corrente de um dos circuitos passa pela bobine esta gera um

53

campo magnético que activa o relé, proporcionando o funcionamento do segundo circuito. O relé vai

permitir que baixas correntes possam activar circuitos com correntes mais altas.

Os transformadores são dispositivos que usam dois circuitos em paralelo com o objectivo de

transformar altas tensões AC em baixas tensões DC. Como a tensão da rede eléctrica é alta, quando

comparada com a tensão nominal de funcionamento de alguns dispositivos, o transformador vai

permitir a redução dessa tensão para a mesma ser utilizada nos dispositivos que necessitam de uma

tensão mais reduzida, isolando os mesmo do circuito de maior tensão.

3.4. SISTEMA DE INSPECÇÃO COMPLETO

Após abordar os vários componentes presentes no sistema de Inspecção por Phased Array,

apresenta-se de seguida o conjunto integrado.

Figura 76 - Sistema de Inspecção

54

Figura 77 - Vista Isométrica do Sistema de inspecção

Figura 78 - Vista em pormenor dos Eixos

55

4. SISTEMA DE INSPECÇÃO PHASED ARRAY – CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

4.1. SISTEMA ESTRUTURAL

4.1.1. TANQUE PARA INSPECÇÃO

Processos de Soldadura Utilizados

Após ter sido adquirido todos os componentes necessários em aço inoxidável, AISI304, Figura 79 e

Figura 80, os mesmos foram ligados recorrendo a processos de soldadura. O processo mais utilizado

foi o Tungsten Inert Gas (TIG) (Oliveira Santos & Quintino, 1997), sendo que processos como

Soldadura por eléctrodo revestido (SER)/Shielded Metal Arc Welding (SMAW) (Oliveira Santos &

Quintino, 1997) ou o Stud Welding (SW) (CENTER, s.d.) também tiveram um aspecto relevante na

construção do tanque de imersão.

Figura 79 - Tubos e cantoneiras usados na construção do Tanque

Figura 80 - Chapas quinadas e furadas usadas na construção do tanque

O TIG, Figura 81, acabou por ser o processo usado preferencialmente pois este é muito utilizado para

soldar chapas finas e realizar passes de raiz. É um processo de soldadura por arco eléctrico o qual é

estabelecido através de um eléctrodo não consumível de tungsténio e a peça que se pretende soldar

num meio protegido através de um gás inerte. Neste caso em particular o gás usado foi árgon,

promovendo um arco mais estável e uma melhor acção de limpeza, sendo o mais aconselhado para

as espessuras que foram soldadas.

Este processo foi o mais usado na maioria das soldaduras efectuadas uma vez que possibilita um

controle mais preciso da entrega térmica e permite a realização de cordões de soldadura de boa

qualidade, com geometrias de cordão suaves e uniformes.

56

Figura 81 - Processo Soldadura TIG (Oliveira Santos & Quintino, 1997)

Para soldar o aço inoxidável pretendido (AISI 304), com espessuras, na sua maioria, a rondar os 2

mm é aconselhado o uso de corrente continua com polaridade directa. Na sua generalidade o

soldador utilizou correntes na ordem dos 80A com débitos de gás à volta dos 10l/min, utilizando

muitas vezes varetas de material de adição específicas para o aço AISI 304.

O SMAW/SER, Figura 82, é um processo em que a ligação dos metais é feita pela sua fusão, sendo

esta obtida pelo calor gerado a partir do arco eléctrico produzido entre o eléctrodo revestido e a peça.

Figura 82 - Processo Soldadura SMAW/SER (Oliveira Santos & Quintino, 1997)

Neste processo foram utilizados eléctrodos do tipo AWS A 5.4, visto estes serem aconselhados para

uso com aços inoxidáveis. São eléctrodos resistentes à corrosão com revestimento rutílico, que

contém uma elevada quantidade de óxido de titânio e produz uma escória abundante, densa e de

fácil remoção, obtendo com os mesmos uma boa qualidade do cordão.

O tipo de eléctrodos usado é apropriado para soldadura de progressão descendente sendo esta

efectuada com maior corrente e velocidade do que a progressão ascendente. Isto leva a uma alta

taxa de deposição minimizando a transferência térmica para o metal base, sendo um bom método de

soldadura de aço inoxidável, minimizando também o empeno da junta. (ESAB, s.d.)

No caso da presente tese foi usada corrente contínua com polaridade inversa.

57

O SW, Figura 83, utiliza o mesmo princípio de um processo de soldadura por arco eléctrico, pois um

arco eléctrico é usado para fundir o final de um pino fazendo a ligação entre o perno e o material

base. A pistola usada pode ser manual ou automática, sendo que o aperto no gatilho produz em

casos normais a soldadura do perno a peça pretendida. Existem três tipos de processos para este

tipo de soldadura, arco eléctrico, arco gasoso ou o usado no nosso caso, por descarga capacitiva.

Figura 83 – Processo Soldadura SW (Technologies, s.d.)

Construção do tanque de inspecção

O primeiro passo foi unir a chapa traseira à chapa quinada, formando o fundo e as laterais do tanque.

Para tal posicionou-se a chapa traseira, através da utilização de grampos, para assim dar alguns

pingos de soldadura, Figura 84, através da técnica TIG. Com a chapa traseira posicionada realizou-se

o cordão de soldadura, Figura 85, de forma a tornar estas duas peças estanques.

Figura 84 - Pontos de soldadura entre a chapa quinada e a chapa traseira

Figura 85 - Execução do cordão de soldadura

58

Tanto este cordão como os que se seguiram foram realizados em passe peregrino, Figura 86, ou

seja, com um avanço reduzido e intervalos, de modo a evitar uma grande entrega térmica no material

base e assim poder reduzir os empenos provocados pela soldadura. Este método é adequado para

soldaduras progressivas de costuras longitudinais. (H., et al., 1974)

Figura 86 - Soldadura em Passe Peregrino (Beardsley, 2013)

Figura 87- Aspecto final dos cordões após soldadura

Após cada soldadura optou-se por passar nestas um disco de lamelas, Figura 88, para remover o

excesso de material proveniente da soldadura. Com isto conseguiu-se obter um melhor acabamento

tornando a superfície mais lisa para que fosse mais fácil montar os quadros de reforço da estrutura do

tanque.

59

Figura 88 - Rectificação das soldaduras com disco de lamelas

De seguida, utilizando os processos já referidos, foram soldadas as quatro chapas constituintes do

quadro frontal, quadro este que mais à frente seria preparado para receber a placa de acrílico. Para

tal, estas foram posicionadas na chapa quinada recorrendo à ajuda de grampos sendo assim possível

aplicar uns pingos de soldadura, que mantiveram o quadro no local, tendo sido feito de seguida um

cordão de soldadura de forma a garantir também a estanquicidade deste elemento.

Figura 89 - Construção do Quadro Frontal

Com a estrutura base do tanque construída o passo seguinte foi a construção dos quadros de reforço.

Para tal foram usados os tubos de secção quadrada que foram previamente cortados à esquadria e

ligados entre si através de TIG. Em certos pontos houve a necessidade de utilizar material de adição,

Figura 90, para compensar algumas faltas de material na ligação dos componentes soldados.

60

Figura 90 - Soldadura dos quadros de reforço

Estando o módulo do tanque completo montou-se o suporte do mesmo, Figura 91. Em primeiro lugar

soldou-se a estrutura de reforço da base do tanque e só depois se soldaram os pés. Uma vez que a

estrutura seria montada na parte inferior do tanque foi de extrema relevância que esta tivesse o

mínimo de empeno possível, de modo a que o fundo do tanque ficasse o mais nivelado possível, pois

este servirá de referência aquando a realização dos ensaios em imersão. Com a estrutura de reforço

inferior soldada foram preparados os pés para estes serem soldados a essa estrutura.

Figura 91 - Soldadura da estrutura da base do tanque e dos pés da mesma

61

Com a estrutura da base completa houve necessidade de nivelar a mesma para ajudar a anular as

deformações existentes no fundo do tanque.

Para eliminar os empenos existentes na estrutura da base derivados da soldadura, foi aplicado um

processo de aquecimento, seguido de arrefecimento, Figura 92, à estrutura de forma a conseguir

nivelar a mesma. Para isso aqueceu-se os tubos de secção quadrada junto a soldadura com oxi-

acetileno arrefecendo de seguida com ar comprimido conseguindo assim através do gradiente de

temperatura aplicar um empeno no sentido oposto ao existente nivelando assim estrutura.

Figura 92 - Processo para nivelar a estrutura de base

Com a estrutura da base nivelada a mesma foi acoplada ao tanque através de soldadura SER, Figura

93, pois este processo permite uma menor entrega térmica evitando assim novos empenos no fundo

do tanque. Apesar de o nivelamento da estrutura da base ter sido demorada esta trouxe grandes

melhorias ao fundo do tanque eliminado praticamente todos os empenos existentes no mesmo, o que

é de extrema relevância tendo em conta que o fundo d tina é um elemento essencial para referenciar

as aquisições feitas. Apesar disso foi adquirido um fundo falso para o fundo da tina com pés

reguláveis para assim ser possível ter um sistema de referência de acordo com o pretendido.

Figura 93 - Soldadura da estrutura de base com o fundo do tanque

Para finalizar a soldadura do tanque de imersão foram montadas neste as cantoneiras que funcionam

como pés de canto, conferindo assim uma maior estabilidade ao tanque.

62

Figura 94 - Soldadura dos pés de canto

Concluídas as ligações soldadas, preparou-se então o quadro frontal para ser colocado o acrílico.

Inicialmente a ideia seria colocar o mesmo só com silicone, no entanto para garantir que o acrílico

ficaria bem fixado ao quadro com uma camada uniforme de silicone, optou-se por colocar pernos no

quadro frontal.

O acrílico foi furado recorrendo a um engenho de furar para garantir o correcto posicionamento dos

furos. Posicionou-se então o acrílico sobre o quadro frontal para que os pernos fossem colocados,

nas posições coincidentes dos furos, recorrendo ao processo de stud welding.

Figura 95 - Furação da placa de acrílico e colocação dos pernos no quadro frontal

Para finalizar a construção do tanque passou-se a fase de passivação do mesmo. (Chemicals, s.d.)

Este processo pretende assegurar uma melhor resistência à corrosão e consequentemente permitir

uma maior durabilidade do inox. Foi também aplicado um decapante que permite remover alguns

resíduos que ainda possam ter persistido provenientes da soldadura ou das operações de

acabamento com a rebarbadora. (Chemicals, s.d.)

63

Figura 96 - Passivante e decapante usados

.Os dois produtos tinham sinalética de perigo, indicando como sendo tóxicos e corrosivos. Devido a

isto houve a necessidade de tomar o máximo cuidado na aplicação dos mesmos utilizando

equipamentos de protecção individual (EPI’s). Com uma trincha os produtos foram aplicados,

deixando actuar durante 50 minutos. Após este período o tanque foi lavado com água pressurizada.

Figura 97 - Aplicação do passivante e posterior lavagem do tanque

Ambos os produtos permitem a recuperação das superfícies, como por exemplo os cordões de

soldadura, removendo os óxidos provenientes dos processos de soldadura dando um melhor aspecto

final à superfície.

Figura 98 - Comparação do aspecto de uma soldadura antes e após a aplicação do passivante e do decapante

4.1.2. MESA DE ROTAÇÃO

Foram construídos diversos componentes em aço inox, Figura 99, que permitiram fixar o motor à

parte inferior do tanque, para além disso vão permitir a rotação de uma mesa onde poderão ser

64

inspeccionadas peças com movimento de rotação. Estes foram soldados a parte inferior do tanque

recorrendo ao processo TIG.

Figura 99 - Peças fabricadas para a flange de acoplamento do motor da mesa de rotação

Após a soldadura realizou-se um ensaio por Líquidos Penetrantes, Figura 100, para verificar se

existia algum tipo de fissura que pudesse colocar em causa a estanquicidade do tanque. Terminada a

etapa de revelação, foi possível detectar uma pequena fissura, visível a vermelho no interior do

rectângulo a preto.

Figura 100 - Pequena fissura visível após o ensaio por líquidos penetrantes

Com a detecção da fissura procedeu-se à eliminação desta refazendo o cordão de soldadura,

conseguindo-se desta vez um cordão limpo e isento de defeitos.

4.1.3. SUPORTES DOS ACTUADORES

Os suportes dos actuadores lineares são elementos muito importantes pois são estes que vão

sustentar os actuadores. Estes têm pés reguláveis para ajustar o melhor possível os actuadores em

relação ao tanque de inspecção e foram aplicados também alguns elementos de borracha entre a

estrutura e o tanque e nos pés, criando assim uns sinoblocos para que durante a deslocação dos

eixos vibração sentida não tivesse influência significativa na precisão global do sistema de

movimentação.

65

Figura 101 - Estrutura montada em perfil Bosch-Rexroth

4.2. SISTEMA MECÂNICO

4.2.1. ACTUADORES LINEARES DESLIZANTES

Com o fornecedor seleccionado para a aquisição dos actuadores lineares a encomenda foi efectuada

com a maior brevidade possível, contudo os prazos de entrega não foram compridos. Este

contratempo implicou um atraso na montagem do tanque de inspecção em cerca de 2 meses.

Figura 102- Actuadores lineares instalados

Após montagem dos actuadores, na estrutura desenvolvida para o efeito, foi necessário modelar e

maquinar uma flange, Figura 103, que fizesse a ligação entre os motores e os actuadores lineares.

66

Figura 103 - Flange de acoplamento dos motores aos eixos XX e YY

As mesmas tiveram de ser alteradas em relação às pensadas inicialmente pois o CAD fornecido das

mesmas não era concordante com a estrutura fornecida.

4.2.2. BRAÇO DE ACOPLAMENTO DA SONDA

Com as peças modeladas, foi realizada então a maquinação das mesmas. Apesar do modelo 3D do

mecanismo estar com as tolerâncias correctas ao montar as diferentes peças surgiram alguns

problemas de ajuste.

Ao desmontar os diferentes componentes foram encontrados e resolvidos os problemas de ajuste

conseguindo assim o movimento adequado dos vários componentes constituintes do braço e do

suporte da sonda.

Figura 104 - Braço e dispositivo de acoplamento da sonda Phased Array

De forma a eliminar alguma folga existente entre os dentes das engrenagens que dão o movimento

de inclinação à sonda foi instalado posteriormente à maquinação do mesmo dispositivo duas molas

que obrigam o dispositivo a estar sempre encostado a um dos lados reduzindo assim a folga

existente.

67

4.3. SISTEMA RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA

Uma vez adquiridas as peças necessárias para o armário da água, foi necessário fazer um estudo

para avaliar como este seria montado. Posto isto, realizaram-se, as ligações necessárias entre os

vários constituintes do armário de forma a obter um circuito fechado e com a direcção do fluxo

adequado.

Inicialmente, ao invés de uma bomba de água, tinha sido montado um recirculador da “Efaflu” que se

pensou que pudesse cumprir os requisitos definidos, recircular cerca de 1.5 m^3 de água no tempo

máximo de 1 hora, o que não se veio a verificar. Assim sendo foi então estudada a hipótese de

adquirir uma bomba de água. Após analisar várias bombas existentes no mercado optou-se por uma

bomba “Pentax” PM80, Figura 105, devido a sua relação qualidade/preço/tamanho.

Figura 105 - Especificações da bomba seleccionada (Pumps, s.d.)

68

Figura 106 - Sistema de recirculação de água presente no armário e motor

Tabela 9 - Legenda dos componentes do sistema de recirculação de água

Item Nome Descrição

1 Passa painel de aperto

rápido para tubo 16/12

Entrada da água vinda do tanque para recirculação.

2 Passa painel de aperto

rápido para tubo 16/12

Entrada da água da rede.

3 Torneira manual ½” Torneira de segurança para abrir ou fechar a água que

vem do tanque.

4 Filtro de água (copo +

elemento de filtragem)

Permite filtrar e remover as impurezas e detritos mais

pequenos presentes na água.

5 Joelho de aperto rápido

para tubo 16/12

Acessório que conduz a água para o tanque.

6 Válvula anti - retorno Possibilita que a água circule num único sentido, neste

caso apenas permite que a água que vem da recirculação

circule em direcção ao tanque, funcionando como um

elemento de segurança do sistema.

7 Passa painel de aperto

rápido para tubo 16/12

Saída de água para o esgoto.

8 Passa painel de aperto

rápido para tubo 8/6

Saída da água para as sondas.

9 Motor Usado para extrair água do tanque tanto para a

recirculação como para o esgoto.

Apesar de haver a possibilidade de colocar a bomba seleccionada dentro do armário optou-se por

esta ser montada com sinoblocos numa estrutura junto aos pés do tanque de forma a evitar vibrações

maiores provenientes da mesma.

Para facilitar a compressão sobre o funcionamento do sistema de água é apresentado o seguinte

esquema da Figura 107:

69

Figura 107 - Esquema do quadro da água

4.4. SISTEMA ELÉCTRICO

Sendo este sistema bastante mais complexo do que o anterior, exigia necessariamente mais cuidado

devido ao perigo de manipular sistemas eléctricos.

Após adquirir o material necessário, este foi montado no quadro, Figura 118Figura 108, optimizando o

espaço e criando uma sequência lógica em cada nível. No primeiro nível foram colocados os

dispositivos distribuidores de corrente, no segundo os bornes de conexão entre as cartas e os

motores e no terceiro as cartas de controlo dos motores.

70

Figura 108 - Sistema eléctrico montado no armário

Tabela 10 - Legenda dos itens presentes no armário eléctrico

Item Nome Descrição

1 Disjuntor Diferencial Em caso de fuga de corrente, faz corte geral ao quadro.

2 Disjuntor 16 A Funciona como interruptor do disjuntor diferencial e do temporizador

analógico, permitindo corte de corrente destes elementos

independentemente.

3 Temporizador

Analógico

Permite Actuar a bomba de água durante um determinado intervalo

de tempo.

4 Disjuntor 6 A Funciona como interruptor do transformador, permitindo o corte de

corrente deste.

5 Transformador

220V AC - 24V DC

Através deste dispositivo é possível a entrada de uma tensão

eléctrica de 220V AC e uma saída de tensão de 24V DC.

6 +24V/-24V DC Bornos para alimentação das cartas e de outros elementos que

funcionem com tensões de 24V.

7 Relés Permite activar um circuito de maior tensão através de outro de

menor tensão (Circuito de 24V activado por um de 5V).

8 Bornos de ligação Usados para fazer as ligações necessárias dentro do quadro.

Permitem a distribuição de tensão entre os vários motores e a

ligação entre as cartas e os motores.

9 Cartas Controlo Permitem o controlo de cada motor individualmente através do PC

10 Barra de ligação

terra

Todas as ligações à terra são feitas através desta barra

71

No exterior do quadro eléctrico também foram montados alguns dispositivos úteis ao bom

funcionamento do mesmo. Na lateral foram montadas duas tomadas eléctricas, uma ficha USB para

ligação ao computador e duas fichas para comunicação de posicionamento dos encoders. Foi

também montado na porta do quadro eléctrico um botão on/off e uma luz LED para indicar o estado

do mesmo.

Cartas de Controlo

Para controlar os motores presentes no sistema de inspecção recorreu-se às cartas de controlo. No

quadro eléctrico estão presentes cartas EPOS2 24/5, Figura 110, que permitem o controlo dos

motores dos eixos X, Y e Z e futuramente da mesa de rotação que estará no fundo do tanque. Já as

cartas EPOS2 24/2, Figura 109, estão presentes no braço de acoplamento da sonda pois estas

controlam os motores de rotação e inclinação da sonda.

Figura 109 - Controlador de posicionamento digital EPOS2 24/2

Figura 110 - Controlador de posicionamento digital EPOS2 24/5

Tanto a EPOS2 24/2 como a EPOS2 24/5 são controladores digitais de posicionamento, no entanto a

EPOS2 24/2 é utilizada para controlar motores Brushed DC com encoders até 48 watts e a EPOS2

24/5 é utilizada para controlar motores Brushed DC com encoders ou com os motores Brushless EC

com sensores Hall ou encoders, estando estes entre 5 e 120 watts.

EPOS2 24/2

Permite operar vários tipos de motores maxon DC e EC até 48 watts.

Controlo ponto a ponto (1 eixo)

Interpolação do modo posição (Posição, Velocidade, Tempo)

Combinação de vários dispositivos através de vias CAN

Utilização do protocolo CANopen

6 inputs digitais

2 outputs digitais

2 inputs analógicos

72

Design compacto

Pode ser usado como “escravo” através de um mestre CAN ou através do PC via USB

Aplicações:

Pequenos aparelhos

Tarefas de sistemas de automação

Tecnologia drive

EPOS2 24/5

Permite operar motores maxon DC e EC até 120 W

Controlo ponto a ponto (1 eixo)

Interpolação do modo posição (Posição, Velocidade, Tempo)

Combinação de vários dispositivos através de vias CAN

Utilização do protocolo CANopen

6 inputs digitais

2 outputs digitais

2 inputs analógicos

Design compacto

Pode ser usado como “escravo” através de um mestre CAN ou através do PC via USB

Aplicações:

Ferramentas de construção

Equipamentos de produção

Tarefas de sistemas de automação

Motores

Para atribuir o movimento aos vários graus de liberdade foram usadas 3 combinações distintas de

motores da Maxon motor, que se dividem em engrenagem, motor e sensor.

Para o Eixo X e Y foi utilizada a seguinte combinação:

73

Figura 111 - Componentes constituintes do motor X e Y (Motor, s.d.)

Para o Eixo Z foi utilizada a seguinte combinação:

Figura 112 - Componentes constituintes do motor Z (Motor, s.d.)

Para a rotação e inclinação da sonda foi utilizada a seguinte combinação:

74

Figura 113 - Componentes constituintes dos motores de rotação e inclinação da sonda (Motor, s.d.)

Para a mesa de rotação que vai estar presente no fundo do tanque ainda não foi possível seleccionar

nem adquirir nenhum motor, por limitação de tempo.

75

5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA

5.1. CARACTERIZAÇÃO DO PAINEL

O painel usado para validação do sistema, Figura 114, pretende simular uma secção de uma

fuselagem de avião com reforços longitudinais. Este componente consiste num painel monolítico de

carbono, ao qual são colados três reforços em ómega de modo a aumentar a sua resistência a cargas

de flexão.

Figura 114 - Dimensões do painel para validação

Tabela 11 - Espessuras do painel para validação

Área Bordo Painel Reforço

Espessura 6 mm 2 mm 3 mm

Segundo o fabricante do painel, o material usado apresenta as seguintes propriedades:

Tabela 12 - Propriedades do Material isotrópico

Material E (Mpa) Coeficiente Poisson Densidade (kg/mm3)

Adesivo 2 500 0.3 1.5E-6

76

Tabela 13 - Propriedades do material compósito

Material E11

(MPa)

E22

(MPa)

G12

(MPa)

S11t

(MPa)

S22t

(MPa)

S11c

(MPa)

S22c

(MPa)

T12

(MPa)

ILSS

(MPa)

Densidade

(Kg/mm3)

T1000 GB UD

MTM49-3/36%

155 000 6 800 3 090 2 999 19.3 1 431 199 132 105.1 1.54E-6

O material considerado para o fabrico do painel utiliza camadas com espessuras de 0.145 mm.

O painel para validação do sistema apresenta o seguinte aspecto:

Figura 115 - Painel para validação do sistema

Durante o processo de inspecção do painel e consequente processo de validação do sistema o painel

foi sujeito a diferentes testes de fadiga e impacto para verificar alterações ao longo dos vários ensaios

não destrutivos.

O painel foi sujeito ao conjunto seguinte de ensaios:

1. Efectuou-se um ensaio não destrutivo ao painel

2. Executou-se um ensaio estático (tensão e compressão, 1 ciclo) – Carregamento na direcção

X: +15 kN <>-15 kN

3. Efectuou-se um ensaio não destrutivo ao painel

4. Executou-se como definido os ensaios de impacto ao painel

5. Mediu-se a profundidade do entalhe imediatamente após o impacto e passadas 48 horas do

impacto

6. Efectuou-se um ensaio não destrutivo ao painel, medindo e identificando as áreas danificadas

7. Colocaram-se os extensómetros

8. Realizaram-se os testes de fadiga seguindo os seguintes parâmetros:

a. Carregamentos feitos na direcção X: +10kN<>-10kN

b. Número de ciclos, N=20 000 ciclos

c. A cada 5000 ciclos efectuou-se um ensaio não destrutivo medindo as áreas afectadas

77

Foram efectuados 5 impactos na placa com cargas diferentes. Esses impactos e os extensómetros

estão indicados na Figura 116:

Figura 116 – Painel para validação com indicação dos impactos e dos extensómetros

Os impactos encontram-se situados nas seguintes coordenadas:

Tabela 14 - Posição dos impactos efectuados no painel

Impacto Coordenadas (X,Y)

A (110, 130)

B (590,130)

C (400,225)

D (720,255)

E (250,380)

Os extensómetros numerados de 1 a 5 foram colocados o mais perto quanto possível da área

danificada por impacto. Os restantes foram colocados nas seguintes coordenadas:

Tabela 15 - Posição dos extensómetros

Extensómetro Coordenadas (X,Y)

6 (400, 505)

7 (740, 505)

8 (300,630)

78

5.2. PARÂMETROS DA SONDA USADA PARA VALIDAÇÃO DO SISTEMA

Para validação do sistema optou-se por sondas Phased Array para imersão. As principais razões que

levaram à utilização deste tipo de sondas são:

Desenhadas para operarem debaixo de água principalmente o seu encapsulamento;

Indicadas para a inspecção de peças com geometrias complexas;

Recomendadas para um processo de inspecção mecanizado e automático;

Permitem que o feixe sonoro seja focado, diminuindo o tempo de inspecção e melhorando os

resultados obtidos;

Adequadas à inspecção de defeitos de reduzida dimensão e localizados perto da superfície.

Os principais parâmetros a ter em atenção na escolha de uma sonda matricial são:

Tabela 16 - Parâmetros de escolha de uma sonda

Parâmetro Descrição

Frequência

nominal

A frequência nominal é a frequência média de todas as sondas do mesmo tipo.

É o principal parâmetro que influencia a resposta aos defeitos. A forma do

campo acústico e o comportamento dos reflexos são fortemente dependentes

da frequência. Baixas frequências (0,5 MHz – 2,25 MHz) permitem uma maior

penetração, enquanto altas frequências (15 MHz – 25 MHz) têm penetrações

mais baixas mas maior sensibilidade a pequenos defeitos.

Largura de

banda

A largura de banda de uma sonda representa o leque de frequências na

resposta do eco, cuja amplitude é no máximo 6dB menor que a amplitude

máxima. Para materiais com elevada atenuação, como o CFRP, a frequência do

sinal reflectido diminui, quando comparado com a frequência nominal, à medida

que a profundidade de inspecção aumenta.

Número de

elementos

Tipicamente existem sondas com 16, 32, 64 ou 128 elementos. Um maior

número de elementos aumenta a capacidade de focagem assim como a

capacidade de direccionamento do feixe, podendo também aumentar a área de

cobertura. Cada um destes elementos é activo individualmente para criar a

frente de onda desejada.

Área activa

(abertura)

A abertura da sonda caracteriza o tamanho da sua área activa.

79

A partir dos parâmetros acima mencionados foi seleccionada a sonda do fabricante francês

IMASONIC com as seguintes características:

Tabela 17 - Características da sonda seleccionada

Parâmetro IMASONIC CDC6091

A102-1

Frequência nominal 10 MHz

Largura de banda (-6dB) >60%

Número de Elementos 32

5.3. AQUISIÇÕES FEITAS PELO SISTEMA

Para efectuar as aquisições foi necessário confirmar a precisão e as velocidades que eram

pretendidas inicialmente. Para tal o sistema de actuadores lineares teve de ser ajustado de forma a

garantir a sua precisão mediante a utilização do programa. As folgas foram eliminadas e com a sonda

seleccionada e com o sistema calibrado para o painel, usado para validar o sistema foram feitas

diferentes aquisições. Ao todo foram feitas 4 aquisições através deste sistema. Essas aquisições

fazem parte do procedimento teste do painel e foram feitas a cada ciclo de fadiga dado ao painel.

A Figura 117 e na Figura 118 representam os ecos de fundo do painel de compósito após o primeiro

ciclo de fadiga e após o último ciclo de fadiga, respectivamente.

Figura 117 - Aquisição do eco de fundo após o primeiro ciclo de fadiga

80

Figura 118 - Aquisição do eco de fundo após o último ciclo de fadiga

Nas duas figuras estão representados vários quadrados para ser possível visualizar melhor a

evolução dos defeitos presentes no painel.

Estes quadrados representam:

Nos quadrados 1 e do 3 até ao 5 existem uma série de áreas de “pin hole” devida a pequenas

faltas de resina localizadas nas zonas de concordância da orientação das fibras

Nos quadrados 1 e 5, existem defeitos de delaminação à volta dos sensores.

No quadrado 2 é possível ver um defeito devido ao ensaio de impacto efectuado durante o

procedimento de ensaios mecânicos.

Através de uma análise das duas aquisições é possível verificar que existe um aumento das áreas

dos vários quadrados assinalados. Esse aumento, como seria de esperar, é mais proeminente na

direcção na qual foram aplicados os esforços de fadiga.

81

6. CONCLUSÕES

O presente trabalho surge como resposta aos novos matérias compósitos cada vez mais usados nas

diversas indústrias como seja a indústria aeronáutica. Devido ao crescente uso destes materiais

houve a necessidade de fabricar o sistema descrito para avaliar os compósitos através de ensaios

não destrutivos, neste caso particular através da técnica de Phased Array por imersão.

As conclusões relativas a todo o trabalho efectuado para esta dissertação de mestrado e as

considerações finais são apresentadas neste capítulo.

Tendo sido este trabalho dividido em três grandes áreas vão ser apresentadas conclusões em relação

a cada uma delas para uma melhor compreensão.

6.1. PROJECTO

Aqui é de referir que esta etapa foi concretizada com sucesso e dentro do tempo previsto.

Para além de se ter conseguido desenvolver desde o “zero” todo um sistema capaz de colmatar as

exigências definidas foram também feitos vários contactos com diversos fornecedores de todos os

elementos necessários ao sistema, de forma a comparar as várias opções existentes e optar pelo

melhor fornecedor possível.

Com o projecto desenvolvido e finalizado foi efectuado a encomenda do material necessário para a

construção do sistema.

6.2. CONSTRUÇÃO

Em relação à construção do sistema, pode-se concluir o seguinte:

Foi adquirido material e construído, com sucesso, um tanque de imersão com as dimensões

exteriores de 1320 mm por 2500 mm em aço inoxidável AISI304 que vai permitir imergir os

componentes em água para inspeccionar as peças

Com os componentes necessários para montar o sistema de recirculação de água e após

adquirir a bomba com eficiência suficiente para cumprir o que se pretendia inicialmente, o

quadro para este sistema foi montado, com sucesso, cumprindo o objectivo para que foi

concebido, conseguir recircular cerca de 1500 litros de água em menos de 1 hora.

O sistema de controlo centralizado foi uma das componentes que exigiu mais trabalho devido

a complexidade do mesmo. Foi necessário um cuidado redobrado nas várias ligações feitas

devido ao risco de um eventual curto-circuito ou até mesmo da possibilidade de queimar

algum elemento importante ao bom funcionamento do sistema. No final foi conseguido com

sucesso controlar a partir das cartas montadas no sistema o conjunto de 6 motores que

fazem parte do sistema de inspecção. Também foi verificado que o temporizador que controla

a bomba de recirculação de água cumpre o seu objectivo.

O sistema de actuadores lineares X, Y e Z é um dos elementos mais importantes de todo o

sistema devido à sua função e precisão exigida. Este sistema foi o que exigiu menos trabalho

82

em termos de montagem, pois os fornecedores do mesmo ficaram encarregues dessa tarefa,

contudo o atraso na entrega dos actuadores lineares atrasou a execução desta dissertação.

Com os actuadores montados e equipados com os motores foi verificado que os mesmos

cumpriam a precisão e a velocidade pretendida inicialmente.

O braço acoplado ao eixo vertical Z, acabou por ser um dos elementos mais complexos de

projectar, fabricar e montar, devido ao objectivo que se pretendia do mesmo. Este teria de ser

capaz de rodar e inclinar a sonda, sendo que o mesmo teria de possuir um dispositivo capaz

de ajustar a sonda em relação a peça que estaria a inspeccionar. Após alguns ajustes

efectuados durante a montagem o braço foi capaz de prover a sonda de todos estes

movimentos sendo assim possível inspeccionar as peças nas condições desejadas.

6.3. VALIDAÇÃO DE RESULTADOS

Com os objectivos concretizados com sucesso houve a necessidade de validar o sistema. Para isso e

apesar de não estar previsto inicialmente, no âmbito desta dissertação, foram feitas algumas

aquisições a um painel de compósito de forma a comprovar a capacidade e utilidade de todo o

trabalho efectuado. Para além do painel de compósito inspeccionado e apresentado nesta

dissertação foram feitas também outras inspecções em diferentes painéis de compósito com

diferentes geometrias.

Para que estas aquisições fossem possíveis foi programado, em paralelo durante o desenvolvimento

desta dissertação, um programa em LabVIEW capaz de operar o sistema de inspecção por Phased

Array, no que diz respeito à movimentação das sondas. Este programa tem várias funcionalidades,

com ele é possível comandar os motores individualmente, sendo que este também está preparado

para programar diferentes tipos de varrimentos automáticos de inspecção.

Apesar do sistema desenvolvido não ser portátil devido às suas dimensões, vai ser utilizado para criar

métodos de inspecção que serão num futuro próximo utilizados em ambiente industrial através de

equipamentos portáteis capazes de fazer inspecções de ultra-sons por phased array com jacto de

água.

Como conclusão final, resta referir que o sistema desenvolvido permitiu alcançar o grau de

sensibilidade desejado e que o seu potencial para inspeccionar geometrias complexas é evidente.

6.4. PROPOSTAS PARA DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Destacam-se as seguintes propostas para desenvolvimento futuro, no âmbito do trabalho realizado:

Finalizar o fabrico e montagem da mesa de rotação, que irá permitir futuras inspecções de

peças com movimento de rotação;

Melhorar o sistema de recirculação de água e desenvolvimento de um sistema de limpeza

da tina;

Projectar e fabricar uma mesa nivelada para o fundo da tina. A mesma servirá de referência

para as aquisições feitas pelo sistema;

83

Efectuar mais testes, através do sistema, em diferentes tipos de compósitos com diferentes

tipos de geometrias e diferentes defeitos;

Melhorar a utilização do sistema, com o algoritmo SAUL, nas aquisições efectuadas em

componentes de geometria complexa;

Melhorar o programa LabVIEW, do sistema, corrigindo alguns erros detectados durante as

aquisições-teste efectuadas e tornando-o cada vez mais um programa robusto;

Desenvolver diversas técnicas e metodologias de inspecção, para diferentes sondas, em

função do tipo de compósito, da espessura do compósito e em função do tipo de defeito e

da sua profundidade.

84

7. BIBLIOGRAFIA

Almeida, F. P., Barata, J. & Barros, P., 1992. Ensaios Não Destrutivos. Lisboa: ISQ.

Anbarasu, A., 2008. Characterization of Defects in Fiber Composites Using Terahertz Imaging,

Georgia: Georgia Institute of Technology.

ASM International Handbook Committee, 2001. ASM Handbook: Composites. 9ª Edição ed. s.l.:ASM

International.

ASM International Handbook Committee, 2001. ASM Handbook: Nondestrutive Evaluation and Quality

Control. 9ª Edição ed. s.l.:ASM International.

Beardsley, K., 2013. How to Control the Warping of Parts in Thin Sheet Metal. [Online]

Available at: http://dc434.4shared.com/doc/yeEwh9Fe/preview.html

[Acedido em 21 04 2014].

Carneval, R. et al., 2007. Uso das Técnicas de END. [Online]

Available at: http://www.ndt.net/article/panndt2007/papers/29.pdf

[Acedido em 8 Setembro 2013].

CENTER, s.d. Nelson Stud Welding. [Online]

Available at: http://www.centerindustrial.com/nelson-stud-welding/

[Acedido em 25 04 2014].

Chemicals, A. F., s.d. Avesta Cleaner 401 – A heavy-duty stainless steel cleaner. [Online]

Available at: http://www.avestafinishing.com/products/cleaning/cleaner-401.aspx

[Acedido em 03 06 2014].

Chemicals, A. F., s.d. Avesta Pickling Paste 101. [Online]

Available at: http://www.avestafinishing.com/products/pickling-paste/paste-101.aspx

[Acedido em 28 4 2014].

Erhard, A., Schenk, G., Hauser, T. & Völz, U., 2001. New applications using phased array techniques.

Nuclear Engineering and Design, pp. 325-336.

ESAB, s.d. Eletrodos Inoxidáveis. [Online]

Available at:

http://www.esab.com.br/br/por/Instrucao/apostilas/upload/1901101rev0_ApostilaEletrodosInoxidaveis.

pdf

[Acedido em 25 04 2014].

Gómez, R. et al., s.d. Métodos de Ensayos No Destructivos. Cuarta ed. Madrid: INTA.

H., D., F., S., C., B. & A., L., 1974. Manual Da Construcao de Maquinas. s.l.:Hemus .

85

Hsu, D. K., 2008. Nondestructive inspection of composite structures: Method and Practice. Iowa,

Center for Nondestructive Evaluation.

Kaufmann, M., Zenkert, D. & Mattei, C., 2008. Cost optimization of composite aircraft structures

including variable laminate qualities. Composites Science and Technology, pp. 2748-2754.

León, E. G., s.d. Ensayos No Destrutivos - Ultrasonidos Nivel II. Madrid: Asociación Española de

Ensayos no Destructivos.

Liaw, P. et al., 1995. Nondestrutive characterization of material properties of metal-matrix composites.

Materials Chemistry and Physics, pp. 220-228.

Linkert, G., 2014. Nondestructive Testing, Then, Now and in the Future. Aircraft Maintenance

Technology, January/February, p. 21.

Liu, C., 2000. Monitoring damage initiation and evolution in a filled polymeric material using

nondestructive testing techniques. Computers & Structures, pp. 57-65.

Mahaut, S., Roy, O., Beroni, C. & Rotter, B., 2002. Development of phased array techniques to

improve characterization of defect located in a component of complex geometry. Ultrasonics, pp. 165-

169.

Mathers, G., 2002. The Welding of Aluminium and its Alloys. 1ª Edição ed. Cambridge: Woodhead

Publishing Limited.

Motor, M., s.d. [Online]

Available at: http://www.maxonmotor.com/maxon/view/content/index

[Acedido em 22 04 2014].

NDT, M., 2011. IT Immersion Tanks. [Online]

Available at: http://www.marietta-ndt.com/index.php/ultrasonic/it_immersion_tanks1/

[Acedido em 29 10 2013].

Nelligan, T. & Kass, D., s.d. Introdução à tecnologia de ultrassons Phased Array. [Online]

Available at: http://www.olympus-ims.com/pt/ultrasonics/intro-to-pa/

[Acedido em 4 Setembro 2013].

Nesvijski, E. G., 2000. Some aspects of ultrasonic testing of composites. Composite Structures, pp.

151-155.

O´Brien, R. L., 1997. Jefferson's Welding Encyclopedia. 18ª Edição ed. Miami: American Welding

Society.

Oliveira Santos, J. F. & Quintino, L., 1997. Processos de Soldadura. Lisboa: Edições Técnicas do

Instituto de Soldadura e Qualidade.

86

Olympus, s.d. Tutorial do Phased Array. [Online]

Available at: http://www.olympus-ims.com/pt/ndt-tutorials/phased-array/

[Acedido em 9 Setembro 2013].

Optel, 2013. Phased Array 32 – Channel Multiplexer. [Online]

Available at: http://www.optel.pl/manual/english/oppa.htm

[Acedido em 2 Outubro 2013].

Palaniappan, J., 2008. The use of a CFBG sensor for detecting damage in composite laminates and

adhesively bonded joints, s.l.: University of Surrey.

Pumps, P., s.d. [Online]

Available at: http://www.pentax-pumps.it/website/Prodotti.aspx?F=Periferiche&idc=12

[Acedido em 20 05 2014].

Qin, Y. & Bao, N., 1996. Infrared Thermography and its Application in the NDT of Sandwich

Structures. Optics and Lasers in Engineering, pp. 205-211.

Robert, S., Casula, O., Roy, O. & Neau, G., 2012. Real Time Nondestrutive Testing of Composite

Aeronautical Structures With a Self-Adadptive Ultrasonic Technique, France: IEEE.

Saleh, W., Qaddoumi, N. & Abu-Khousa, M., 2003. Preliminary investigation of near-field

nondestructive testing of carbon-loaded composites using loaded open-ended waveguides. Composite

Structures, pp. 403-407.

Scherer, R., 2008. rps3. [Online]

Available at: http://rps3.com/Images/Pages/Starship/Starship%20page/star1385%2012x9%20lg.jpg

[Acedido em 20 Setembro 2013].

Smith, W. F., 1998. Princípio de Ciência e Engenharia dos Materiais. 3ª Edição ed. Lisboa: McGraw-

Hill de Portugal, Lda.

Standa, 2000. Mini Rotation Stage. [Online]

Available at:

http://www.standa.lt/products/catalog/translation_rotation?item=55&prod=mini_rotation_stage

[Acedido em 25 02 2014].

Starmans, 2011. Air-Coupled Ultrasonic Testing. [Online]

Available at: http://www.starmans.net/starmans/applications/applications-air-coupled-ultrasonic-testing

[Acedido em 16 Setembro 2013].

Stenström, C., 2010. Diffuse Ultrasonic Scattering in Advanced Composites , Lincoln: University of

Nebraska.

87

Technologies, K. F., s.d. Capacitor Discharge Stud Welding: The Process. [Online]

Available at: http://www.keystonefastening.com/capacitor-discharge-stud-welding-process.html

[Acedido em 15 06 2014].

TecScan, 2012. Phased Array Immersion Scanners. [Online]

Available at: http://www.tecscan.ca/products/ultrasonic-immersion-scanners/phased-array-immersion-

scanners/

[Acedido em 29 10 2013].

Tocknell, P., 2009. What happens when an aircraft is struck by lightning?. [Online]

Available at: http://www.askacfi.com/914/what-happens-when-aircraft-struck-by-lightning.htm

[Acedido em 15 Setembro 2013].

TWI, 2013. Phased Array Ultrasonic Testing. [Online]

Available at: http://www.twi.co.uk/technologies/ndt/advanced-ndt/phased-array-ultrasonic-testing/

[Acedido em 8 Setembro 2013].

Vasiliev, V. V. & Morozov, E. V., 2001. Mechanics and Analysis of Composite Materials. 1ª Edição ed.

Oxford: Elsevier Science, Ltd..

Weman, K. & Lindén, G., 2006. MIG Welding Guide. 1ª Edição ed. Cambridge: Woodhead Publishing

Limited.

Wong, B. S., 2008. Non-Destructive Testing of Fiber Reinforced Composites and Honeycomb

Structures, Singapore: Nanyang Technological University.

Wu, D., Zweschper, T., Salerno, A. & Busse, G., 1998. Lock-in Thermography for Nondestructive

Evaluation of Aerospace Structures. [Online]

Available at: http://www.ndt.net/article/ecndt98/aero/018/018.htm

[Acedido em 18 Setembro 2013].

Yang, B. & Wang, C., 2009. Thermal Nondestructive Testing Technology of Aircraft Composite

Material. Beihang, IEEE.

88

8. ANEXOS

Desenhos técnicos do tanque de inspecção

Figura 119 - Vista 2D isométrica do tanque

89

Figura 120 - Vistas gerais do tanque

90

Figura 121 - Estrutura de suporte do tanque

91

Figura 122 - Quadro frontal do tanque

92

Figura 123 - Barra lateral do quadro frontal

93

Figura 124 - Barra superior do quadro frontal

94

Figura 125 - Acrílico do quadro frontal

95

Figura 126 - Barra inferior do quadro frontal

96

Figura 127 - Estrutura de reforço da lateral do tanque

97

Figura 128 - Estrutura de reforço da parte traseira do tanque

98

Figura 129 - Chapa traseira do tanque

99

Figura 130 - Chapa quinada do tanque

100

Desenhos técnicos do braço de acoplamento da sonda

Figura 131 - Vista isométrica do braço de acoplamento da sonda

101

Figura 132 - Flange para acoplar o motor de inclinação ao braço

102

Figura 133 - Anel para fixar a flange do motor de inclinação

103

Figura 134 - Suporte do braço

104

Figura 135 - Acoplamento entre o suporte do braço e o eixo Z

105

Figura 136 - Flange para acoplar o motor de rotação ao braço

106

Figura 137 - Tubo que dará o movimento de rotação à sonda

107

Figura 138 - Veio que dará o movimento de inclinação à sonda

108

Figura 139 - Suporte para dispositivo de ajuste da sonda

109

Figura 140 - Suporte dos rolamentos de inclinação da sonda

110

Figura 141 - Veio principal do ajuste fino da sonda

111

Figura 142 - Veio para ajuste fino da sonda

112

Figura 143 - Suporte da engrenagem do ajuste fino da sonda

113

Figura 144 - Veio do suporte da sonda

114

Figura 145 - Veio com rosca para agarrar a sonda

115

Figura 146 - Suporte da sonda

116

Figura 147 - Suporte ajustável da sonda

117

Desenhos técnicos e Parâmetros da sonda

Figura 148 - Detalhes da sonda IMASONIC CDC6091 A102-1

118

Figura 149 - Desenho com os detalhes da sonda IMASONIC CDC6091 A102-1