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Rio de Janeiro 2007 Maj Eng CÉSAR ALEXANDRE CARLI Sistema Engenharia: uma proposta para a Atividade Especial de Mergulho

Sistema Engenharia: uma proposta para a Atividade Especial de … · 2017. 5. 19. · A ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO Tese apresentada à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

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Rio de Janeiro

2007

Maj Eng CÉSAR ALEXANDRE CARLI

Sistema Engenharia: uma proposta para

a Atividade Especial de Mergulho

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Maj Eng CÉSAR ALEXANDRE CARLI

SISTEMA ENGENHARIA: UMA PROPOSTA PARA

A ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO

Tese apresentada à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências Militares.

Orientador: Maj Eng Paulo Afonso Bruno de Melo

Rio de Janeiro

2007

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Maj Eng CÉSAR ALEXANDRE CARLI

SISTEMA ENGENHARIA: UMA PROPOSTA PARA A ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO

Tese apresentada à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, para obtenção do título de Doutor em Ciências Militares.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Paulo Afonso Bruno de Melo - Maj Eng - Dr. Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

________________________________________ Gen Div Carlos Norberto Lanzellotte - Dr. Membro

Diretoria de Especialização e Extensão

_____________________________________________ Arnaldo Alves da Costa Neto - Ten Cel Cav - Dr. Membro

Escola de Instrução Especializada

_______________________________________________ João Maurício da Rocha Silva - Ten Cel Eng - Dr. Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

__________________________________________________ Amaury Simões dos Santos Júnior - Ten Cel Eng - Dr. Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

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À Josiane Tavares Guimarães Carli, minha esposa, Isabelle e Juliana Guimarães Carli, minhas filhas, a quem dedico todo o meu carinho e respeito, pois souberam compreender a minha ausência para poder levar a bom termo esta tese.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e pela graça de ter concluído este trabalho.

Aos meus pais, Pedro Ivo Carli e Mariene de Almeida Carli, pelo carinho, exemplos e

pela segurança que sempre me deram em todas as oportunidades da minha

existência.

Ao Major Paulo Afonso Bruno de Melo pela firme orientação e pela grande ajuda na

realização deste trabalho.

À todas as pessoas que colaboraram comigo na realização desta tese, em especial

o Coronel José Luis de Paiva, meu primeiro instrutor de mergulho, oficial de elite da

Arma de Engenharia, em cujo trabalho e exemplo pude me inspirar.

Aos companheiros mergulhadores da ECEME, cujas opiniões, sugestões e críticas

foram de suma importância para uma melhor elaboração desta pesquisa.

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“Os Engenheiros, com seus sofisticados processos de combate e trabalho, abrem caminhos, rompem brechas nos dispositivos fortificados, abreviando prazos, economizando vidas. É por isso que, na guerra moderna, mais Engenharia significa menos tempo, menos sangue...” Gen Ayrton Pereira Tourinho.

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RESUMO

O tema investigado aborda a situação atual e faz uma proposta para o futuro acerca

da atividade especial de mergulho, no que se refere ao seu emprego doutrinário,

formação de recursos humanos e amparo legal no contexto do Sistema Engenharia.

Trata-se de um tema de importância, pois se fundamenta na necessidade contínua

de aperfeiçoamento e desenvolvimento da doutrina das operações militares, um dos

pilares básicos de uma Força Terrestre. O estudo é baseado nos exemplos da

Marinha do Brasil, Exército Argentino e Exército dos EUA, com suas doutrinas de

emprego, estruturas organizacionais e estruturas de formação de mergulhadores.

Esse estudo serve de referência para a proposta que o autor sugere ser adotada

pelo Exército Brasileiro. Esta proposta está baseada, além dos casos da MB e dos

exércitos de nações amigas já citadas, em bibliografia, na opinião de especialistas

da área de mergulho e no que ocorre nas OMEM de Engenharia.

Palavras-chave: Proposta. Doutrina. Formação. Amparo legal. Mergulho. Sistema

Engenharia.

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ABSTRACT

The theme investigated deals with the actual situation and purpose something new

for the future when we discuss about a special activity for diving, referring about its

doctrine usage, formation of human resources and legal support in context of

Engineering System. It is a theme really important grounds the continuous needed of

improving and developing of the doctrine in military operations, one of the powerful

points of the Land Power. The study is based in examples of the Brazilian Marine,

Argentinean and American Army, with their doctrines of usage, organizational

structures and struturation of divers’ formation. This study serves of reference for the

purpose of the actor. He gives as suggestion for being used by the Brazilian Army.

This propose is based not only in Brazilian Marine’s situations already quotten, in

bibliography, in specialist’s opinion about diving’s area and what is continually

happening in Engineering’s Specific Diving Military Organization.

KeyWords: Propose. Doctrine. Formation. Legal Suport. Diving. Engineering System.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Correspondência entre a graduação e os níveis de

mergulho.............................................................................

116

QUADRO 2 Tempos e profundidade para a manutenção da

qualificação de mergulhador.............................................. 119

QUADRO 3 Número de OM pesquisadas................................................. 152

QUADRO 4 Classificação das missões empregando mergulhador......... 160

QUADRO 5 Modificações na estrutura organizacional das OM valor

companhia.............................................................................. 167

QUADRO 6 Códigos dos cursos/estágios de mergulho cadastrados

no DGP em 2006................................................................

170

QUADRO 7 Base doutrinária, legal e técnica de amparo para a Atv

Esp de Mergulho................................................................ 184

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Desenho de um mergulhador encapuzado com bolsa de couro

ligado à superfície (1511)............................................................ 42

Figura 2 Guerreiro persa provido de um odre............................................

43

Figura 3 Urinatore....................................................................................... 44

Figura 4 Equipamento de mergulho de Da Vinci...................................... 45

Figura 5 Sino de Halley (1690)..................................................................... 46

Figura 6 Equipamento de Lethebridge (1716)........................................... 46

Figura 7 Primeira roupa selada para mergulho......................................... 47

Figura 8 Válvula de demanda de Rouquayrol (1866)..............................

48

Figura 9 Escafandro rígido articulado (1882)..........................................

48

Figura 10 Aparelho de respiração de Davis, usado para escapes de

submarinos...............................................................................

49

Figura 11 Lambertsen Anphibious Respiratory Unit (LARU)……….…….

51

Figura 12 Mergulhador de combate inglês durante a 2a

GM................... 52

Figura 13 O regulador de demanda Cousteau-Gagnan........................... 54

Figura 14 Equipamento com o regulador a demanda de Cousteau-

Gagnan (1943)......................................................................... 54

Figura 15 Capacete rígido usado para escafandria................................. 56

Figura 16 Cadetes de Engenharia realizando mergulho em água doce

turva em 1999........................................................................... 68

Figura 17 Cadetes de Engenharia realizando a reflutuação de um painel

de passadeira em ambiente controlado.....................................

69

Figura 18 Organograma do ComForS......................................................... 75

Figura 19 Foto do Navio K11, FELINTO PERRY, atracado ao cais da

BACS........................................................................................

77

Figura 20 Brasão do GRUMEC....................................................................

77

Figura 21 MEC instalando uma mina imantada em um casco de

navio..............................................................................................

80

Figura 22 Brasão do CIAMA............................................................................ 81

Figura 23 Distintivo do curso de escafandria............................................... 83

Figura 24 Distintivo do curso de mergulhador de combate.........................

86

Figura 25 Distintivo do curso de Buzo de Ejército....................................... 90

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Figura 26 Distintivo do curso de Instrutor de Buzo de Ejército................... 94

Figura 27 Organograma do Batalhão de Engenharia Anfíbio.................... 99

Figura 28 Organograma da Companhia de Buzos de Ejército.................. 103

Figura 29 Mergulhador utilizando o traje MK-V entrando na água

durante a II Guerra Mundial..................................................... 108

Figura 30 Embarcação atingida por mina fluvial norte-vietnamita e

reflutuada por mergulhadores................................................. 109

Figura 31 Barcos patrulha (soviéticos), reflutuados por mergulhadores

em Mogadishu (1993)............................................................. 110

Figura 32 Mergulhadores preparando a destruição de obstáculos

subaquáticos no Iraque........................................................... 111

Figura 33 Símbolo do Naval Diving and Salvage Training Center........... 114

Figura 34 Mergulhadores utilizando a motosserra hidráulica...................

115

Figura 35 Distintivos da hierarquia do mergulho......................................... 118

Figura 36 Demolição da represa de Embrey (Fredericksburg-Virginia),

realizada pelo 544th Engineer Dive Team.............................. 120

Figura 37 Composição dos meios para a operação “Chosin Action” –

exercício de transposição de curso d’água, ocorrido em

1995. Destaque para o 551th Engineer Dive Team................. 121

Figura 38 Rede antimergulhadores inimigos............................................

122

Figura 39 Disposição das missões de mergulhadores de Engenharia

no Teatro de Operações......................................................... 124

Figura 40 Relação de subordinação da Engenharia do Teatro de

Operações............................................................................... 126

Figura 41 Organograma da Equipe de Mergulho de Engenharia............ 128

Figura 42 Organograma de uma Brigada de Engenharia de Corpo de

Exército, destaque para a Equipe Leve de Mergulho............. 129

Figura 43 Organograma da Equipe Leve de Mergulho........................... 131

Figura 44 Principais bacias hidrográficas brasileiras.................................. 137

Figura 45 Mergulhadores em atividade no ambiente operacional

característico da Engenharia...................................................... 138

Figura 47 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “b”..............................................................................

155

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Figura 48 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “c”.............................................................................. 155

Figura 49 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “d”..............................................................................

156

Figura 50 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “e”..............................................................................

157

Figura 51 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “f”...............................................................................

158

Figura 52 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “g”............................................................................ 158

Figura 53 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “h”..............................................................................

159

Figura 54 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “i”............................................................................... 160

Figura 55 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “j”.................................................................................. 161

Figura 56 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “l”............................................................................... 162

Figura 57 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “m”.............................................................................

163

Figura 58 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “n”..............................................................................

164

Figura 59 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “p”..............................................................................

165

Figura 60 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “q”..............................................................................

166

Figura 61 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “r”...............................................................................

167

Figura 62 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “s”.............................................................................. 168

Figura 63 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “t”...............................................................................

169

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Figura 64 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “a”..............................................................................

171

Figura 65 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “b”..............................................................................

172

Figura 66 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “c”.............................................................................. 173

Figura 67 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “d”..............................................................................

174

Figura 68 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “e”............................................................................. 175

Figura 69 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “e”............................................................................. 176

Figura 70 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “a”..............................................................................

177

Figura 71 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “b”..............................................................................

178

Figura 72 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “c”.............................................................................. 179

Figura 73 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “a”..............................................................................

180

Figura 74 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “b”..............................................................................

181

Figura 75 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “c”.............................................................................. 182

Figura 76 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “d”..............................................................................

185

Figura 77 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “e”..............................................................................

186

Figura 78 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “f”...............................................................................

187

Figura 79 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “g”..............................................................................

187

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Figura 80 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “h”..............................................................................

189

Figura 81 Representação gráfica correspondente às respostas da

pergunta “i”............................................................................... 190

Figura 82 Visualização do apoio de Engenharia...................................... 219

Figura 83 Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb das Bda Inf Mtz.........

241

Figura 84 Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb das Bda Mec.............

242

Figura 85 Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb da Bda Inf Pqdt......... 243

Figura 86 Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb da Bda Inf Sl............. 244

Figura 87 Organograma do Pel E Cmb L / Cia E Cmb da Bda Inf L........ 246

Figura 88 Organograma da Engenharia Divisionária............................... 247

Figura 89 Organograma da E Ex..............................................................

249

Figura 90 Organograma do Pel E Merg - tipo I........................................ 253

Figura 91 Organograma do Pel E Merg - tipo II....................................... 256

Figura 92 Organograma do Pel Cmdo da Cia E Merg............................. 259

Figura 93 Organograma da Cia E Merg / E Ex.........................................

261

Figura 94 Organograma da Cia E Merg / ED........................................... 261

Figura 95 Organograma do Comando de Engenharia do CLTOT........... 262

Figura 96 Computador de mergulho............................................................ 276

Figura 97 Telefone com máscara para rosto inteiro.................................

277

Figura 98 Telefone de mergulho, versão meia-face.................................. 277

Figura 99 Caixa estanque com controles mecânicos...............................

279

Figura 100 Câmara anfíbia com flash........................................................ 279

Figura 101 Câmara de vídeo em caixa estanque..................................... 280

Figura 102 Lift bag com capacidade para levantar 50 kg........................... 281

Figura 103 Mergulhadores utilizando um Lift bag com capacidade para

levantar 500 kg....................................................................... 281

Figura 104 Funcionamento de um rebreather........................................... 282

Figura 105 Rebreather................................................................................. 283

Figura 106 Mergulhador utilizando um Scooter ou DPV............................ 284

Figura 107 Cilindro com Nitrox................................................................ 285

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACO Adicional de compensação orgânica

ALT Altitude

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras

AMRJ Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro

AOC Área Operacional Continental

Ap Cj Apoio ao Conjunto

Ap Dto Apoio Direto

Ap Ge Eng Apoio Geral de Engenharia

Ap Spl Apoio Suplementar

ASCC Army Service Component Command

ASG Area Support Group

Atv Esp Atividade Especial

BACS Base Almirante Castro e Silva

BAvEx Batalhão de Aviação do Exército (BAvEx)

Bda Inf Pqdt Brigada de Infantaria Pára-quedista

Bda Op Esp Brigada de Operações Especiais

BDO Basic Diving Officer

BE Anf Batalhão de Engenharia Anfíbio

BEC Batalhão de Engenharia de Combate

BEC DE/Bda Bld Batalhão de Engenharia de Combate de Divisão de

Exército ou de Brigada Blindada

BE Cnst Batalhão de Engenharia de Construção

BEsEng Batalhão de Escola de Engenharia

BFEsp Batalhão de Forças Especiais

BI Boletim Interno

Bld Blindado(a)

Btl Batalhão

CAvEx Comando de Aviação do Exército

CBM Corpos de Bombeiros Militares

CC Carro de Combate

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CECLTOT Comando de Engenharia do Comando Logístico do Teatro

de Operações Terrestres

C Eng Curso de Engenharia

CEP Centro de Estudo de Pessoal

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

Cia E Cmb Companhia de Engenharia de Combate

Cia E Cmb/Bda Companhia de Engenharia de Combate de Brigada

Cia E F Paz Companhia de Engenharia de Força de Paz

Cia E Pnt Companhia de Engenharia de Pontes

Cia Prec Pqdt Companhia de Precursores Pára-quedista

CIAMA Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila

Monteiro Aché

CIASM Centro de Instrução e Adestramento de Submarinos e

Mergulho

CI Op Esp Centro de Instrução de Operações Especiais

CLAnf Carro sobre Largata Anfíbio

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CMAut Clube de Mergulho Autônomo

CMAut/AMAN Clube de Mergulho Autônomo da AMAN

CMAS Confédération Mondiale des Activités Subaquatiques

CMbld Contramobilidade

ComForS Comando da Força de Submarinos

COMMZ Communications Zone

COTER Comando de Operações Terrestres

CPOR/SP Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São

Paulo

C-SAR Resgate em combate

Ct Op Controle operacional

CZ Combat Zone

DF Distrito Federal

DEE Diretoria de Extensão e Especialização

DEM Departamento de Ensino de Mergulho

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DES Departamento de Ensino Submarino

DME Diretoria de Material de Engenharia

DOE Departamento de Operações Especiais

DQBN Defesa Química Biológica Nuclear

EAS Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento

EB Exército Brasileiro

EBOS Empresa Brasileira de Operações Subaquáticas

EE Estabelecimento de Ensino

EK Escafandristas

EME Estado-Maior do Exército

Eng Engenharia

ENCOM Engineer Command

EsIE Escola de Instrução Especializada

EsSA Escola de Sargento das Armas

EOD Explosive Ordnance Disposal

EUA Estados Unidos da América

FAB Força Aérea Brasileira

F Esp Forças Especiais

FT 90 Força Terrestre 90

Gab Cmt Ex Gabinete do Comandante do Exército

Gp E Cmb Grupo de Engenharia de Combate

GRUMEC Grupo/Grupamento de Mergulhadores de Combate

GU Grande Unidade

JLOTS Joint Logistics Over-The-Shore Operations

LARU Lambertsen Anphibious Respiratory Unit

LAT Limite Avançado de Trabalho

MB Marinha do Brasil

MCP Mobilidade, Contramobilidade e Proteção

MEC Mergulhadores de Combate

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

Mtz ou Mec Motorizada ou Mecanizada

NAUI National Association of Underwater Instructors

NGA Normas Gerais de Ação

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Obt Obstáculo

OM Organização(ões) Militar(es)

OMEM Organização(ões) Militar(es) Específica(s) de Mergulho

Op Rib Operações Ribeirinhas

OT Organização do Terreno

PADI Profissional Association of Diving Instructors

PARA-SAR Sigla internacional utilizada para designar pára-quedistas

de salvamento aéreo e resgate

PCI Pedido de Cooperação de Instrução

PDE Plano Diretor do Exército

PDIC Professional Diving Instructiors Corporation

Pel C Ap Pelotão de Comando e Apoio

Pel E Cmb Pelotão de Engenharia de Combate

Pel E Ap Pelotão de Engenharia e Apoio

Pel Eq Ass Pelotão de Equipagem e Assalto

Pel Eq L Pelotão de Equipagem Leve

PF Profundidade fictícia

PlaDis Plano de Disciplinas

Plj Planejamento

PR Profundidade real

Pra Dbq Praias de Desembarque

Pqdt Pára-quedista

QBN Químico, Biológico e Nuclear

QCP Quadro de Cargos Previstos

QDE Quadro de Distribuição de Efetivos

QDM Quadro de Dotação de Material

QG Quartel General

RJ Rio de Janeiro

SAR Serviço de Busca e Salvamento

SBS Special Boat Section

SCUBA Contained Underwater Breating Apparatus

SEAL Sea, Air and Land (Mar, Ar e Terra)

SIPLEx Sistema de Planejamento do Exército

Sv Serviço

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TOE Tropas de Operações Especiais

TTM Tanque de Treinamento de Mergulho

TTTS Tanque de Treinamento de Salvamento de Submarino

Tu Turma

TO Teatro de Operações

UD Unidades didáticas

UDT Underwater Demolition Team (Equipe de Demolição

Subaquática)

Unidade K Kommando der Kleinkampfmittel

USAES United States Army Engineer School

USASOC United States Army Special Operations Command

Z A Zona de Administração

Z Cmb Zona de Combate

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................

30

2 REFERENCIAL CONCEITUAL............................................

34

2.1 TEMA.................................................................................... 35

2.2 PROBLEMA.......................................................................... 35

2.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA......................................... 36

2.4 ALCANCES E LIMITES........................................................ 36

2.5 JUSTIFICATIVA....................................................................

37

2.6 CONTRIBUIÇÕES................................................................ 38

3 REFERENCIAL TEÓRICO................................................... 39

3.1 CONCEITOS IMPORTANTES..............................................

39

3.1.1 Doutrina de emprego..........................................................

39

3.1.2 Formação de recursos humanos...................................... 39

3.1.3 Adestramento de mergulhadores......................................

40

3.1.4 Estrutura organizacional....................................................

41

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ATIVIDADE DE MERGULHO

41

3.2.1 Considerações iniciais....................................................... 41

3.2.2 Evolução histórica do mergulho no mundo.....................

42

3.2.3 Evolução histórica do mergulho no Brasil.......................

55

3.2.4 Considerações finais..........................................................

57

3.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERGULHO NAS FORÇAS

ARMADAS DO BRASIL........................................................ 58

3.3.1 Marinha do Brasil................................................................

58

3.3.1.1 Generalidades.......................................................................

58

3.3.1.2 Os Mergulhadores de Combate (MEC)................................ 59

3.3.1.3 Os Escafandristas (EK).........................................................

59

3.3.2 Força Aérea Brasileira (FAB)............................................. 60

3.3.3 Exército Brasileiro (EB)......................................................

61

3.3.3.1 Generalidades.......................................................................

61

3.3.3.2 Companhia de Precursores Pára-Quedista (Cia Prec Pqdt) 62

3.3.3.3 Brigada de Operações Especiais..........................................

62

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3.3.3.4 Serviço de Busca e Salvamento do Comando de Aviação

do Exército............................................................................ 64

3.3.3.5 Arma de Engenharia............................................................. 65

3.3.3.5.1 Generalidades.......................................................................

65

3.3.3.5.2 Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).................... 66

3.3.3.5.3 Escola de Sargentos das Armas (EsSA).............................. 70

3.3.3.5.4 Batalhão Escola de Engenharia (BEsEng)........................... 70

3.3.3.5.5 Atividades recentes e atuais................................................. 72

3.3.4 Considerações finais.......................................................... 73

3.4 O MERGULHO NA MARINHA DO BRASIL..........................

74

3.4.1 Generalidades..................................................................... 74

3.4.2 Comando da Força de Submarinos (ComForS)...............

74

3.4.2.1 Base Almirante Castro e Silva (BACS)................................ 75

3.4.2.2 Navio de socorro submarino Felinto Perry.......................... 76

3.4.2.3 Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC).... 77

3.4.3 Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Aché

(CIAMA)................................................................................

81

3.4.3.1 Departamento de Ensino de Mergulho (DEM)...................... 82

3.4.3.2 Departamento de Operações Especiais (DOE).................... 85

3.4.3.3 Departamento de Ensino de Submarino (DES).................... 86

3.4.4 Considerações finais.......................................................... 87

3.5 O MERGULHO NO EXÉRCITO ARGENTINO..................... 87

3.5.1 Histórico.............................................................................. 87

3.5.2 Formação de Pessoal......................................................... 90

3.5.2.1 Curso de formação de Buzo de Ejército............................... 90

3.5.2.1.1 Finalidades e objetivos......................................................... 90

3.5.2.1.2 Condições de admissão........................................................

91

3.5.2.1.3 Descrição geral do curso...................................................... 92

3.5.2.2 Curso de formação de instrutores e monitores de Buzo de

Ejército.................................................................................. 93

3.5.2.2.1 Finalidades e objetivos......................................................... 93

3.5.2.2.2 Descrição geral do curso e condições de admissão.............

94

3.5.2.3 Procedimentos pedagógicos.................................................

95

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3.5.2.4 Classificação após o curso e aperfeiçoamentos...................

96

3.5.3 Manutenção da Especialidade de Buzo de Ejército....... 97

3.5.4 O Batalhão de Engenharia Anfíbio (BE Anf).................... 99

3.5.4.1 Generalidades.......................................................................

99

3.5.4.2 Elementos de Buzos de Ejército........................................... 100

3.5.4.2.1 Capacidades......................................................................... 101

3.5.4.2.2 Limitações ............................................................................ 102

3.5.4.3 A Companhia de Buzos de Ejército...................................... 103

3.5.4.4 Emprego dos Buzos de Ejército............................................

105

3.5.4.4.1 Características das operações............................................. 105

3.5.4.4.2 Execução do apoio em operações........................................

106

3.5.5 Considerações finais.......................................................... 107

3.6 O MERGULHO NO EXÉRCITO DOS EUA.......................... 108

3.6.1 Histórico.............................................................................. 108

3.6.2 Formação de pessoal......................................................... 111

3.6.2.1 Generalidades.......................................................................

111

3.6.2.2 Curso de formação de Engineer divers................................ 112

3.6.2.2.1 1a

fase...................................................................................

112

3.6.2.2.2 2a

fase................................................................................... 113

3.6.2.3 Estrutura hierárquica.............................................................

116

3.6.2.3.1 Mergulhador de 2a

classe.....................................................

117

3.6.2.3.2 Mergulhador de salvamento ................................................ 117

3.6.2.3.3 Mergulhador de 1a

classe..................................................... 117

3.6.2.3.4 Master Diver..........................................................................

118

3.6.2.3.5 Basic/Salvage Diving Officer ................................................

118

3.6.2.3.6 Manutenção da Qualificação................................................ 119

3.6.3 Emprego dos mergulhadores de Engenharia.................. 119

3.6.3.1 Missões dos mergulhadores de Engenharia ........................

119

3.6.3.1.1 Mobilidade e Contramobilidade............................................ 120

3.6.3.1.2 Operações de transposição de curso d’água....................... 120

3.6.3.1.3 Abertura, construção e restauração de instalações

portuárias.............................................................................. 122

3.6.3.1.4 Busca, salvamento e recuperação........................................

122

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3.6.3.1.5 Proteção................................................................................

122

3.6.3.1.6 Manutenção de embarcações...............................................

123

3.6.3.1.7 Joint Logistics Over-The-Shore Operations (JLOTS)……… 123

3.6.3.1.8 Outras missões subaquáticas............................................... 124

3.6.3.2 Organizações Militares (OM) de Mergulho de Engenharia.. 125

3.6.3.2.1 Equipe Pesada de Mergulho ou Equipe de Mergulho de

Engenharia........................................................................... 126

3.6.3.2.2 Equipe Leve de Mergulho..................................................... 129

3.6.3.3 Emprego dos Mergulhadores de Engenharia....................... 132

3.6.3.3.1 Comando e Controle.............................................................

132

3.6.3.3.2 Prioridade para o apoio dos mergulhadores de Engenharia 133

3.6.3.3.3 Procedimento para solicitar o apoio de mergulhadores........

133

3.6.4 Fatores que afetam as operações das equipes de

mergulho..............................................................................

134

3.6.4.1 Tipos de mergulho................................................................ 134

3.6.4.1.1 Mergulho autônomo.............................................................. 134

3.6.4.1.2 Mergulho dependente.......................................................... 135

3.6.4.2 Considerações do ambiente................................................. 135

3.6.5 Considerações finais..........................................................

135

3.7 O MERGULHO DE ENGENHARIA.......................................

137

3.7.1 O Ambiente operacional do mergulhador de

Engenharia.......................................................................... 137

3.7.1.1 O mergulho em água doce................................................... 138

3.7.1.1.1 A altitude............................................................................... 138

3.7.1.1.2 A densidade da água............................................................ 139

3.7.1.1.3 A visibilidade......................................................................... 140

3.7.1.1.4 As correntes.......................................................................... 140

3.7.1.1.5 A temperatura....................................................................... 142

3.7.1.1.6 A poluição............................................................................. 142

3.7.1.1.7 Outras observações.............................................................. 142

3.7.1.2 O mergulho noturno.............................................................. 143

3.7.2 Considerações finais.......................................................... 144

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO..................................... 146

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4.1 OBJETIVOS..........................................................................

146

4.1.1 Geral.................................................................................... 146

4.1.2 Específicos.......................................................................... 146

4.2 HIPÓTESES.........................................................................

147

4.3 VARIÁVEIS........................................................................... 147

4.4 METODOLOGIA................................................................... 148

4.4.1 Tipo de pesquisa.................................................................

148

4.4.2 Método................................................................................. 148

4.4.3 A população........................................................................ 148

4.4.4 Técnicas de coleta de dados............................................. 148

5 RESULTADOS..................................................................... 151

5.1 A ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO NAS

ORGANIZAÇÕES MILITARES DE ENGENHARIA DE

COMBATE............................................................................ 151

5.1.1 Generalidades.................................................................... 151

5.1.2 Questionários aplicados nas OM Eng Cmb..................... 151

5.1.2.1 Discussão............................................................................. 153

5.2 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NOS OFICIAIS

MERGULHADORES DE ENGENHARIA.............................. 169

5.2.1 Generalidades..................................................................... 169

5.2.2 Quanto ao emprego de mergulhadores............................

171

5.2.2.1 Discussão.............................................................................

171

5.2.3 Quanto à formação de Mergulhadores............................. 176

5.2.3.1 Discussão............................................................................. 176

5.2.4 Quanto à legislação, doutrina e material de mergulho... 180

5.2.4.1 Discussão............................................................................ 180

6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES................................. 192

6.1 DOCUMENTAÇÃO REGULADORA DA ATIVIDADE

ESPECIAL DE MERGULHO.................................................

192

6.1.1 Legislação em âmbito nacional......................................... 192

6.1.1.1 Generalidades.......................................................................

192

6.1.2 Norma Regulamentadora nº 15 - Atividades e opera-

ções insalubres................................................................... 193

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6.1.3 Norma da Autoridade Marítima para Atividades

Subaquáticas (NORMAN-15).............................................. 198

6.1.4 Legislação no Âmbito Militar............................................. 200

6.1.4.1 Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002, regulamenta a

medida provisória que dispõe sobre a reestruturação da

remuneração dos militares das Forças Armadas................. 200

6.1.4.2 Portaria nº 236, de 06 de maio de 2003, do Comando do

Exército................................................................................. 200

6.1.4.3 Portaria nº 051/DGP, de 18 de agosto de 2000................... 205

6.1.5 Documentação técnica....................................................... 206

6.1.5.1 Boletim Técnico no

20, da Diretoria de Material de

Engenharia (DME), de 1993................................................. 206

6.1.5.2 Boletim Técnico Especial Nr 10 – DME, Atividades de

Mergulho...............................................................................

206

6.1.5.3 Manual de Campanha C 5-34 – Vade-Mécum de

Engenharia............................................................................

207

6.1.6 Considerações finais.......................................................... 207

6.2 PROPOSTA DE DOUTRINA DE EMPREGO PARA A

ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO DENTRO DO

SISTEMA ENGENHARIA..................................................... 208

6.2.1 Considerações iniciais....................................................... 208

6.2.2 Características da Arma de Engenharia evidenciadas

no emprego de mergulhadores......................................... 210

6.2.1.1 Durabilidade dos trabalhos................................................... 210

6.2.2.2 Progressividade dos trabalhos..............................................

211

6.2.2.3 Amplitude de desdobramento............................................... 211

6.2.2.4 Apoio em profundidade.........................................................

212

6.2.2.5 Canais técnicos de Engenharia............................................ 212

6.2.3 Princípios gerais de emprego da Arma de Engenharia

evidenciados no emprego de mergulhadores................. 213

6.2.3.1 Emprego com Arma técnica..................................................

213

6.2.3.2 Emprego centralizado........................................................... 213

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6.2.3.3 Permanência nos trabalhos.................................................. 213

6.2.3.4 Utilização imediata dos trabalhos......................................... 214

6.2.3.5 Manutenção dos laços táticos...............................................

214

6.2.3.6 Engenharia em reserva.........................................................

215

6.2.3.7 Prioridade e urgência............................................................

215

6.2.3.8 Emprego por elementos constituídos................................... 216

6.2.4 As formas de apoio e as situações de comando da

Engenharia no emprego de mergulhadores.....................

216

6.2.4.1 Formas de apoio................................................................... 216

6.2.4.1.1 Apoio ao conjunto (Ap Cj)..................................................... 217

6.2.4.1.2 Apoio suplementar (Ap Spl).................................................. 217

6.2.4.1.3 Apoio direto (Ap Dto)............................................................ 218

6.2.4.2 Situações de comando......................................................... 218

6.2.5 O apoio de Engenharia prestado pelos elementos de

mergulho..............................................................................

219

6.2.5.1 Aspectos introdutórios.......................................................... 219

6.2.5.2 Trabalhos técnicos de Engenharia....................................... 220

6.2.5.2.1 Reconhecimentos especializados.........................................

220

6.2.5.2.2 Estradas................................................................................ 221

6.2.5.2.3 Pontes...................................................................................

222

6.2.5.2.4 Organização do terreno (OT)................................................ 222

6.2.5.2.5 Instalações............................................................................ 223

6.2.5.2.6 Assistência Técnica.............................................................. 225

6.2.5.2.7 Cartografia............................................................................ 225

6.2.5.2.8 Manutenção de equipamento de Engenharia....................... 226

6.2.5.3 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às

operações de transposição de curso d’água........................ 226

6.2.5.3.1 Reconhecimentos especializados.........................................

227

6.2.5.3.2 Pontes................................................................................... 228

6.2.5.3.3 Operações de dissimulação tática........................................ 229

6.2.5.3.4 Proteção de pontes............................................................... 229

6.2.5.3.5 Segurança dos locais de travessia....................................... 230

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6.2.5.4 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às

Operações Anfíbias.............................................................. 231

6.2.5.5 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às

operações na selva........................................................................... 232

6.2.5.5.1 Desminagem e minagem fluvial na Amazônia...................... 233

6.2.5.6 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às

Operações Ribeirinhas (Op Rib)...........................................

234

6.2.5.7 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio à

função logística salvamento .................................................

236

6.2.5.8 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às

ações subsidiárias e de interesse econômico...................... 236

6.2.6 Considerações finais..........................................................

238

6.3 A ATIVIDADE DE MERGULHO E A ESTRUTURA

ORANIZACIONAL DA ARMA DE ENGENHARIA................ 239

6.3.1 Generalidades .................................................................... 239

6.3.2 O Apoio dos mergulhadores de Engenharia no Escalão

Brigada.................................................................................

240

6.3.2.1 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de

Infantaria Motorizada (Cia E Cmb / Bda Inf Mtz).................. 240

6.3.2.2 Companhia de Engenharia de Combate de Brigada

Mecanizada (Cia E Cmb / Bda Mec)................................... 241

6.3.2.3 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de

Infantaria Pára-quedista (Cia E Cmb / Bda Inf Pqdt)............

243

6.3.2.4 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de

Infantaria de Selva (Cia E Cmb / Bda Inf Sl)...... 243

6.3.2.5 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de

Infantaria de Leve (Cia E Cmb / Bda Inf L)........................... 245

6.3.2.6 Observações.........................................................................

246

6.3.3 O apoio dos mergulhadores de Engenharia no Escalão

Divisão de Exército (DE).................................................... 247

6.3.3.1 Generalidades.......................................................................

247

6.3.3.2 Batalhão de Engenharia de Combate (BEC)........................ 248

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6.3.4 O apoio dos mergulhadores de Engenharia no Escalão

Exército de Campanha (Ex Cmp)...................................... 249

6.3.4.1 Generalidades.......................................................................

249

6.3.4.2 Batalhão de Engenharia de Combate...................................

250

6.3.5 Companhia de Engenharia de Mergulho (Cia E Merg) –

Uma Proposta......................................................................

250

6.3.5.1 Generalidades.......................................................................

250

6.3.5.1.1 Missão.................................................................................. 250

6.3.5.1.2 Mobilidade.............................................................................

251

6.3.5.1.3 Possibilidades....................................................................... 251

6.3.5.1.4 Limitações.............................................................................

252

6.3.5.1.5 Pessoal................................................................................. 253

6.3.5.2 Pelotão de Engenharia de Mergulho (Pel E Merg) – Tipo I 253

6.3.5.2.1 Estrutura organizacional....................................................... 253

6.3.5.2.2 Atribuições............................................................................ 253

6.3.5.2.3 Principais equipamentos e materiais.................................... 254

6.3.5.2.4 Pessoal................................................................................. 254

6.3.5.3 Pelotão de Engenharia de Mergulho (Pel E Merg) – Tipo II 256

6.3.5.3.1 Estrutura organizacional....................................................... 256

6.3.5.3.2 Atribuições............................................................................ 256

6.3.5.3.3 Principais equipamentos e materiais.................................... 257

6.3.5.3.4 Pessoal................................................................................. 257

6.3.5.4 O pelotão de comando e apoio (Pel Cmdo Ap).................... 259

6.3.5.4.1 Estrutura organizacional....................................................... 259

6.3.5.4.2 Missão...................................................................................

259

6.3.5.4.3 Atribuições............................................................................ 260

6.3.5.5 Organogramas...................................................................... 260

6.3.5.5.1 Organograma da Cia E Merg/ E Ex...................................... 260

6.3.5.5.2 Organograma da Cia E Merg/ ED.........................................

261

6.3.6 O apoio dos mergulhadores de Engenharia na ZA......... 261

6.4 FORMAÇÃO DE MERGULHADORES DE ENGENHARIA -

PROPOSTAS........................................................................

263

6.4.1 Generalidades.....................................................................

263

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6.4.2 Situação atual .....................................................................

264

6.4.3 Proposta de formação de mergulhadores na AMAN

– O Estágio de Mergulho.................................................... 265

6.4.4 Proposta de especialização de mergulhadores da ESIE

– O Curso de Mergulho...................................................... 269

6.4.5 Proposta de formação de mergulhadores nas OMEM

– O Curso de Formação de Cabos Mergulhadores

(CFC/Merg) nas OMEM ...................................................... 273

6.4.6 Obervações.........................................................................

275

6.5 PROPOSTA DE NOVOS DE EQUIPAMENTOS DE

MERGULHO......................................................................... 275

6.5.1 Generalidades..................................................................... 275

6.5.2 Computadores de mergulho.............................................. 275

6.5.3 Telefone para mergulho ou intercomunicador................ 277

6.5.4 Câmaras fotográficas........................................................ 278

6.5.4.1 Caixas estanques................................................................. 278

6.5.4.2 Câmaras anfíbias..................................................................

279

6.5.5 Flash.....................................................................................

279

6.5.6 Câmara de vídeo................................................................. 280

6.5.7 Lift bag................................................................................. 280

6.6 REBREATHERS OU EQUIPAMENTO DE MERGULHO

AUTÔNOMO DE CIRCUITO FECHADO..............................

281

6.7 DPVs OU SCOOTERS......................................................... 283

6.8 CILINDROS CARREGADOS COM NITROX........................ 284

7 CONCLUSÃO....................................................................... 286

REFERÊNCIAS ................................................................ 290

APÊNDICE A QUESTIONÁRIO PARA AS OM DE ENGE-

NHARIA DE COMBATE........................................................

299

Apêndice B QUESTIONÁRIO PARA OFICIAIS DE ENGE-

NHARIA .............................................................................. 305

Apêndice C TABELA RESUMO DAS CARACTERÍSTI-

CAS DAS TÉCNICAS DE MERGULHO .............................. 309

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Anexo A PORTARIA No

236/COMANDO DO EXÉRCITO...

312

Anexo B PORTARIA No

051/DGP....................................... 317

Anexo C PADRÕES PSICOFÍSICOS PARA MERGULHA-

DORES (NR-15)................................................................... 319

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30

1 INTRODUÇÃO

A arte da guerra sofreu mudanças consideráveis a partir da segunda metade

do século XX. Tais evoluções impactaram diretamente sobre a doutrina de emprego,

os materiais e a concepção logística das forças em campanha, fazendo parte do rol

de inquietudes dos estudiosos da profissão militar.

Há muito tempo o Exército Brasileiro (EB) busca desenvolver uma doutrina

própria, ajustada às peculiaridades do ambiente operacional, do povo, das

condicionantes materiais e da concepção estratégica de emprego da Força

Terrestre. Há de se considerar, para o desenvolvimento de uma doutrina própria, a

multiplicidade de ambientes geográficos que o País dispõe, nos quais a Força

Terrestre pode ser empregada, as idiossincrasias do povo brasileiro, os recursos

disponíveis para o aparelhamento das tropas e as demandas de emprego do EB –

as clássicas e as atuais.

Dentro dessas premissas, cabe ressaltar a necessidade de crescente

evolução do emprego da atividade especial de mergulho como meio para a

realização das ações táticas e técnicas, que caracterizam o Sistema Engenharia, o

qual tem por objetivo proporcionar às tropas o apoio à mobilidade, à

contramobilidade e à proteção, além do apoio geral de Engenharia, caracterizando-

se como um fator multiplicador do poder de combate.

Ressalta-se que o mergulho é uma atividade especial e de risco, que exige

técnica especializada, material específico e regras de segurança estritas, além de

prática constante por parte dos especialistas militares.

No Exército Brasileiro o mergulho militar está compartimentado em três

ramos distintos: as atividades de operações especiais, desenvolvidas na Brigada de

Operações Especiais e de Infantaria Pára-quedista; as atividades de busca e

salvamento, desenvolvidas pelo Serviço de Busca e Salvamento da Aviação do

Exército; e as atividades de apoio ao combate, realizadas pela Arma de Engenharia.

A atividade de mergulho na Arma de Engenharia, desde a década de 60,

quando o Curso de Engenharia da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)

dedicava um tempo de instrução ao assunto “equipamento de mergulhador”, evoluiu

de forma considerável. No entanto, essa evolução ocorreu sem que o Sistema

Engenharia possuísse uma estrutura e uma doutrina bem definidas para o emprego

do mergulho militar.

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31

Os Cursos de Engenharia da AMAN e da Escola de Sargentos das Armas

(EsSA) vêm realizando um grande esforço para implementar o mergulho como mais

uma ferramenta à disposição da Força Terrestre. Não obstante, a Arma de

Engenharia ressente-se de uma estrutura de ensino capaz de profissionalizar seus

quadros na atividade especial de mergulho, condição fundamental para o emprego

dos equipamentos de mergulho na tropa, seja na instrução ou em operações.

A Marinha do Brasil, há vários anos, presta inestimável apoio aos quadros da

Arma de Engenharia, formando mergulhadores autônomos no Centro de Instrução e

Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA). Porém, essa formação tem

atendido somente parte das necessidades operacionais do sistema Engenharia, uma

vez que sua atividade é vocacionada, mais especificamente, para trabalhos em

ambiente marítimo. Da mesma maneira, os Corpos de Bombeiros Militares (CBM)

dos diversos estados da federação estão formando mergulhadores para o Exército,

aptos a trabalharem em vias interiores, porém focados nas atividades de busca e

recuperação.

O fato é que a atividade de mergulho no EB utiliza-se, primordialmente, da

água doce como meio, em lagos de pontagem ou em rios caudalosos, para a

construção e/ou destruição de pontes, a navegação, os reconhecimentos espe-

cializados, o resgate de material etc. Esse é o ambiente operacional característico

do Sistema Engenharia, no qual existe a velocidade da correnteza e o alto índice de

turbidez da água, dentre outros, como fatores complicadores ao mergulho.

Observa-se, ainda, que o mergulho, como qualquer atividade de natureza

especial, oferece riscos a quem não possua o devido preparo técnico, físico e

psicológico, tornando-se necessário o perfeito conhecimento do emprego dos

materiais e das medidas de segurança para seu manuseio. Tal fato indica a

necessidade de formação especializada, treinamentos - como forma de manter a

operacionalidade - e adestramento operacional – cumprindo missões específicas.

No tocante aos equipamentos de mergulho distribuídos às Organizações

Militares (OM) de Engenharia, a falta de conhecimento especializado para a

manutenção, o uso inadequado ou o pouco uso desse material, têm contribuído para

a sua deterioração nas reservas das subunidades ou pelotões e, em conseqüência,

para o desperdício dos recursos financeiros alocados pela União. Pode-se otimizar a

utilização dos meios disponíveis com o devido critério e, para tanto, se faz

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necessária a definição de atribuições e o aperfeiçoamento da atual legislação que

ampara a atividade de mergulho no âmbito do EB.

A perspectiva do combate moderno mostra uma realidade que desperta

atenção. Trata-se da Amazônia, cujo esforço de estudo da Doutrina Gama tem

recebido grande enfoque na atualidade, perante a possibilidade de uma intervenção

estrangeira. Em se tratando da região cuja bacia hidrográfica é a maior do mundo e,

como não poderia deixar de ser, tendo como prioritário o meio fluvial de

deslocamento, cresce a importância da necessidade de operações de mergulho

naquela área e o desenvolvimento de uma doutrina de emprego específica.

Verifica-se, então, que o Sistema Engenharia ressente-se de uma estrutura

capaz de formar e especializar seus integrantes como mergulhadores, bem como de

uma doutrina de emprego em que se tenha claramente estabelecida as missões,

possibilidades e limitações dos militares mergulhadores de Engenharia.

Muito se fez nas últimas décadas, principalmente pelo empenho pessoal de

alguns profissionais. Todavia, para uma Força Armada que se prepara para assumir

o seu papel em uma sociedade cada vez mais exigente, torna-se necessária a

normatização do emprego dos mergulhadores, desde sua formação, passando pelas

especializações necessárias, pelo desenvolvimento de estruturas compatíveis de

trabalho nas OM até uma doutrina de emprego.

Para reverter essa situação, deve-se intervir no processo, por meio de novas

perspectivas, idéias, propostas e análises, as quais poderão alicerçar,

confiavelmente, as evoluções necessárias ao mergulho de Engenharia.

O que se pretende estudar com esse trabalho é uma proposta para a

atividade de especial de mergulho, dentro do Sistema Engenharia. Serão abordados

aspectos relativos à doutrina de emprego para os mergulhadores da arma de

Engenharia, bem como serão realizados questionamentos acerca da atual estrutura

organizacional da Arma, com relação à atividade de mergulho, verificando se a

mesma atende as necessidades do Sistema Engenharia. Além disso, verificar-se-á

qual seria a quantidade mínima de militares para se formar uma turma especializada

em mergulho, sendo factível ou não cedê-la em apoio às armas-base. Ainda serão

apresentados equipamentos de mergulho necessários ao incremento da atividade na

Área Operacional Continental (AOC) e será analisada a questão da formação

adequada para os mergulhadores de Engenharia.

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Esta busca foi metodológica, documental, bibliográfica e focada na

ocorrência do problema que foi investigado e analisado e, em seguida, foram

apresentadas algumas conclusões e propostas que poderão ser úteis para eventuais

reformulações na organização, missão e emprego de mergulhadores da Arma no

Sistema Engenharia.

Portanto, em função do exposto anteriormente, esse trabalho teve por

objetivo apresentar uma proposta para a atividade especial de mergulho na

realização de trabalhos técnicos em proveito do Sistema Engenharia, analisando-se

a doutrina de emprego a formação de recursos humanos, além da atual situação

dessa atividade na Arma de Engenharia, propondo-se as alterações julgadas

necessárias. Tal estudo também está amparado em experiências colhidas junto à

Marinha do Brasil, ao Exército Argentino e ao Exército Estadunidense.

Assim sendo, procurou-se apresentar uma linha de ação factível e coerente

de como a Arma de Engenharia poderá apoiar as operações militares e assim

continuar contribuindo para a manutenção da soberania e integridade nacionais.

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2 REFERENCIAL CONCEITUAL

A doutrina militar terrestre é definida como sendo o conjunto de conceitos

básicos, princípios gerais, processos e normas de comportamento que sistematizam

e coordenam as atividades do Exército de uma nação. Tem como finalidade

precípua, orientar, sistematizar e coordenar todas as atividades da força e, assim,

estabelecer as bases para a sua organização, o seu preparo e emprego. Esse

processo deve ser entendido como contínuo e sistemático, evoluindo a cada

novidade introduzida na arte da guerra tanto pela tecnologia como pela real

necessidade de enfrentamento do inimigo (PERET, 2002).

De acordo com o manual C 5-1 (BRASIL, 1999), a evolução qualitativa e

quantitativa do apoio de Engenharia às operações é uma necessidade constante da

concepção do combate ar-terra, com o emprego de forças altamente móveis,

sistema de armas de maior poder, alcance e precisão, além de operações com

maior profundidade e dispersão. Ao mesmo tempo, a Engenharia deve estar

capacitada para atuar em diversos ambientes operacionais, como o combate

convencional aproximado, de resistência, de manutenção da paz ou de defesa

interna.

Portanto, não basta ao EB possuir militares habilitados como mergulhadores,

torna-se premente promover as mudanças necessárias para a evolução do mergulho

militar a fim de capacitá-los às necessidades da Engenharia.

Segundo a Política de Defesa Nacional (BRASIL, 2005), o fortalecimento da

capacitação do País no campo da defesa é essencial e deve ser obtido com o

envolvimento permanente dos setores governamental, industrial e acadêmico,

voltados à produção científica e para a inovação.

Assim entendido, o presente trabalho atende ao chamado feito no

documento que condiciona o mais alto nível do planejamento da defesa, buscando

apresentar propostas inovadoras para a situação do mergulho militar no EB.

Cabe ressaltar, no entanto, que o Plano Diretor do Exército (PDE)

2003/2007, em seu Livro 1, aprovado pela Portaria N° 327- Gabinete do

Comandante do Exército (Gab Cmt Ex), de 24 de junho de 2003, afirma-se que:

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“Em organizações como o Exército Brasileiro, nenhuma ação deve ser iniciada sem que se estude, detidamente, a sua necessidade dentro do contexto global de todas as ações e as conseqüências, nas esferas operacional e administrativa, que advirão de sua implantação” (BRASIL, 2003).

A abrangência do presente trabalho vai ao encontro do preconizado no

Plano Diretor do Exército (PDE), no que se refere ao aspecto operacional, pois

considera-se primordial o aperfeiçoamento do processo de formação, organização e

emprego dos mergulhadores militares, tendo em vista que o Sistema Engenharia

como um todo pode beneficiar-se com um melhor desempenho de um de seus

componentes.

No entanto, infelizmente, ainda pode-se verificar que a situação do mergulho

militar de Engenharia no EB é bastante incipiente, deixando uma lacuna na

excelência operacional da Instituição.

Assim, a realização do presente trabalho toma um aspecto de grande

importância para o Exército Brasileiro.

2.1 TEMA

O tema do trabalho a ser realizado é “Sistema Engenharia: uma proposta

para a atividade especial de mergulho”.

2.2 PROBLEMA

A Engenharia, fator multiplicador do poder de combate, por meio do apoio à

mobilidade, contramobilidade e proteção, destaca-se pelo pioneirismo e importância

dos trabalhos que executa. Muitos desses trabalhos, os quais exigem técnica e

equipamentos especializados, necessitam empregar a atividade especial de

mergulho e, de acordo com PAIVA (1997),

...propostas foram elaboradas para se alterar o estado letárgico e incipiente do mergulho militar no Exército Brasileiro e, em particular, na Arma de Engenharia. Essa situação não pode continuar, pois o amadorismo não deve fazer carreira em um Exército profissional que se deve valer de todos os instrumentos de combate disponíveis para manter a integridade de um território de mais de 8 milhões de km2. Território esse que é recortado por mais de 40 mil km de vias fluviais e lacustres, das quais cerca de 31.500 km navegáveis no seu estado natural, estando ainda grande parte delas situadas em meios favoráveis a ações militares ou paramilitares, internas ou externas. É um campo por demais fértil para o intenso emprego do mergulho militar.

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Na atualidade, a atividade especial de mergulho no Exército Brasileiro

encontra-se regulada, primordialmente, pela Portaria número (Nr) 236, do Comando

do Exército, de 06 de maio de 2003, e pelo Boletim Técnico Especial Nr 10,

Atividades de Mergulho, da Diretoria de Material de Engenharia, de 1996. Sobre o

assunto ainda existem alguns trabalhos monográficos na Escola de Aperfeiçoamento

de Oficiais e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

Em 2000, por meio da Portaria Nr 001, do Comando de Operações

Terrestres, foi aprovada a Diretriz de implementação da instrução de mergulho

operacional nas Unidades de Engenharia. As atividades programadas pela Portaria

ocorreram, entre 02 de julho e 31 de agosto de 2001, no Batalhão Escola de

Engenharia, gerando um relatório com parecer favorável à execução do mergulho

operacional nos moldes previstos pelo Comando de Operações Terrestres (COTER).

Porém, desde 2002, data final das atividades previstas pelo documento, nenhuma

outra atividade foi programada na área de mergulho. Tal fato pode ser constatado

pela ausência do tema nas conclusões do IV Seminário de Engenharia, realizado no

ano de 2004, em Brasília.

2.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O problema, enfoque central do estudo, pode ser condensado no seguinte

questionamento: pode-se afirmar, hoje, que o Sistema Engenharia está em

condições de prestar apoio às operações militares, utilizando-se da atividade

especial de mergulho, da forma mais adequada?

2.4 ALCANCES E LIMITES

Baseado no tema proposto, o trabalho abordará os conceitos relacionados

com a atividade de mergulho de uma forma genérica. Será estudada a história do

mergulho, a evolução do mergulho nas Forças Armadas, o ambiente operacional do

mergulhador de Engenharia e os novos equipamentos de mergulho, bem como a

legislação brasileira pertinente ao assunto, a doutrina e a estrutura organizacional

atuais do mergulho de Engenharia. Os ensinamentos colhidos poderão ser úteis

para a evolução organizacional e doutrinária da Força.

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O capitão Linhares, em dissertação realizada em 2003, destaca o seguinte:

Diferente da Marinha do Brasil (MB), a Engenharia do Exército Brasileiro ainda não possui suas missões de mergulho bem definidas. Nossos manuais de campanha, no tocante a estas atividades, são muito genéricos e atribuem tarefas de mergulho bastantes vagas... Embora seja conhecido que a formação de mergulhadores da Marinha seja excelente, convém que seja realizado um estudo para a implantação de um curso de mergulho no Exército com características próprias, focado para as necessidades de emprego da arma de Engenharia (LINHARES, 2003).

Daí a necessidade de se buscar medidas plenamente eficazes que

possibilitem implementar modificações na atual situação da atividade especial de

mergulho.

Com prioridade, foram buscadas opiniões das Organizações Militares de

Engenharia, nível Unidade e Subunidade, e de militares de Engenharia que tenham

experiência em mergulho, tanto prática como em docência.

Procuraram-se, também, informações a respeito de sistemas congêneres na

Marinha do Brasil e em exércitos de outros países - Argentina e Estados Unidos da

América (EUA) - e passíveis de serem adaptados à realidade brasileira e do EB.

2.5 JUSTIFICATIVA

A modernização do Exército Brasileiro é um processo continuado. Tal fato

torna conveniente o estudo das possibilidades de apoio do Sistema Engenharia às

operações militares, utilizando-se da atividade especial de mergulho.

O trabalho a ser realizado justifica-se pela inexistência de uma doutrina de

emprego de mergulhadores de Engenharia em combate pelo Exército, bem como

uma estrutura própria de formação e adestramento.

O problema levantado poderá trazer sérios prejuízos para a Força Terrestre

quando empregada em operações, devido à inexistência da doutrina citada

anteriormente. Desta forma, nos dias atuais, o Exército Brasileiro, apesar de poder

contar com a valorosa colaboração dos engenheiros mergulhadores para auxiliar na

consecução de seus objetivos, não existe a certeza da eficácia e eficiência desses

militares em combate, fruto dos problemas apresentados.

A proposta de estudo apresentada poderá apontar soluções para os

referidos óbices, desejando indicar novos caminhos a serem trilhados para colocar o

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Sistema Engenharia, por meio da atividade de mergulho, em condições de

responder às necessidades dos sistemas operacionais Manobra e Logística.

2.6 CONTRIBUIÇÕES

O trabalho procurou abordar a atividade especial de mergulho, dentro do

Sistema Engenharia, tratando o assunto como artigo científico. Assim, vários

conhecimentos práticos e teóricos foram somados objetivando a apresentação de

uma proposta a ser empregada pelo EB.

Essa proposta poderá trazer benefícios diversos para o Exército Brasileiro. O

primeiro e mais importante deles será a oferta de importante ferramenta para balizar

o aperfeiçoamento da atividade especial de mergulho, baseada em informações

provenientes das OM e dos Oficiais mergulhadores. Outro benefício importante será

despertar os chefes militares para as possíveis soluções a serem implementadas em

operações, como, por exemplo, uma transposição de curso d’água, valendo-se da

atividade especial de mergulho para a realização de trabalhos técnicos do Sistema

Engenharia.

Conseqüentemente, este trabalho pretende influenciar no aperfeiçoamento

da legislação, formação, estrutura organizacional e doutrina da Instituição. Com essa

finalidade, serão feiras propostas de modificação nos campos acima citados, com

algumas medidas simples e possíveis de serem implementadas, outras que

demandariam maior tempo de maturação, mas sempre tendo em vista a realidade

do Exército.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONCEITOS IMPORTANTES

3.1.1 Doutrina de emprego

Peret (2002), afirma que a doutrina é o ponto de partida para o planejamento

de preparo e emprego do Exército. Ela define desde as linhas gerais até as mais

particulares, do estratégico ao tático, para a atuação da força em operações. Norteia

o preparo dos recursos humanos, tanto os quadros quanto a tropa de maneira geral,

ou seja, direciona o adestramento institucional e coletivo. Dessa forma, torna-se

importante o estabelecimento de considerações doutrinárias sólidas para o mergulho

de Engenharia, a fim de permitir sua evolução e aprimoramento.

Para Linhares (2003), assim como a Marinha do Brasil, a Engenharia do EB

poderia dividir suas missões de mergulho em logísticas e operacionais, podendo,

desta forma, melhor organizar suas responsabilidades e tarefas. Além desta

vantagem, possibilitaria uma divisão dos treinamentos em uma parte mais técnica,

voltada para a logística e uma parte mais operacional, voltada para o combate. Esse

autor, em seu trabalho, permitiu-se fazer essas considerações que serão úteis na

formulação de conceitos doutrinários de emprego da presente pesquisa.

3.1.2 Formação de recursos humanos

Segundo Paiva (1997), em se tratando da formação de mergulhador, pode-

se dizer, categoricamente, que esse foi o ponto falho no currículo de várias gerações

de oficiais. Devido à acanhada qualificação, resultante da diminuta carga horária

destinada à instrução de mergulho, os oficiais de Engenharia, quando investidos em

funções em que poderiam implementar ou propor mudanças na atividade de

mergulho, não se sentiam seguros para tal.

Oliveira (1999), afirma que não há como imaginar uma estrutura de

mergulho na qual a atividade é desempenhada apenas por Oficiais e sargentos.

Embora se pareça afirmar o óbvio, não existe hoje documentação que regule e

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ampare o ensino da atividade de mergulho a cabos e soldados na tropa. Tal

assertiva continua verdadeira na atualidade.

De acordo com Bendini (2004), faz dez anos que o Curso de Formação de

Mergulhadores é ministrado no Exército Argentino, o que deu grande impulso de

desenvolvimento para a atividade, graças a dois aspectos centrais: em primeiro

lugar, iniciou-se a elaboração de uma base doutrinária da atividade especial de

mergulho; em segundo lugar, iniciou-se a ministrar a capacitação profissional de

mergulho para soldados voluntários. Dessa forma, pode-se afirmar que o Exército

Argentino teve como desenvolver uma doutrina de emprego a partir do momento que

passou a ministrar cursos de mergulho internamente, o que também possibilitou a

formação de cabos e soldados mergulhadores.

3.1.3 Adestramento de mergulhadores

Sobre o adestramento, Peret (2002) afirmou que sua importância está no

fato de ser a preparação de qualquer Exército para o cumprimento de sua

destinação constitucional. É a atividade mais importante em tempo de paz. Toda a

estrutura deverá estar voltada para permitir que ele seja realizado nas melhores

condições, ou seja, realisticamente. O adestramento nada mais é do que a

simulação do combate. Assim sendo, faz-se necessária a verificação da estrutura

organizacional da atividade de mergulho no Sistema Engenharia, propondo

mudanças que permitam um melhor adestramento da tropa.

Esse adestramento constante é executado pelo Exército dos EUA. Tal fato é

exemplificado por Rupp (1997), afirmando que embora não exista uma doutrina para

o emprego de destacamentos de mergulho em operações de transposição de curso

d’água, sua capacidade de produzir levantamentos hidrográficos nos eixos de

travessia, identificar as condições subaquáticas próximas e afastadas das margens,

e abrir brechas em obstáculos submersos, foi essencial na determinação de um local

de travessia. Tal assertiva foi realizada no contexto de um exercício de

adestramento, a Operação Chosin Action, a qual rendeu valiosos ensinamentos para

aquela força armada.

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3.1.4 Estrutura organizacional

De acordo com Oliveira (1999), em função do ambiente operacional e da

manobra tática a apoiar, algumas unidades e subunidades devem possuir pessoal

adestrado e material adequado para permitir o apoio adicional de Engenharia a

elementos de manobra. Dessa feita, torna-se válido propor alterações na estrutura

organizacional existente, a fim de possibilitar a realização do apoio adicional citado,

utilizando-se da atividade especial de mergulho de forma eficiente e eficaz.

De acordo com manual C 5-1 (BRASIL, 1999), existe, na organização da

Engenharia, um número variado de equipes técnicas, como a de trabalhos

subaquáticos. Essas equipes são reunidas para formar grupos e pelotões, de acordo

com a natureza e a finalidade da missão, podendo ser atribuídas a unidades de

Engenharia ou a unidades das outras armas e serviços. Assim sendo, é mister

estudar a equipe especializada de trabalhos subaquáticos, suas possibilites e

limitações, estrutura organizacional e dotação de material.

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ATIVIDADE DE MERGULHO

3.2.1 Considerações iniciais

A grande massa oceânica, que cobre cerca de dois terços da superfície

terrestre, possuindo uma profundidade média de 4.100 metros, viria a despertar no

homem o desejo de aproveitar seus recursos. Dessa forma, a necessidade de o ser

humano conseguir alimentos de várias fontes, seja da terra ou da água, deu origem

à atividade de mergulho, pois só assim o homem seria capaz de sair da terra firme e

enfrentar o desconhecido mundo subaquático em busca de alimentos para a sua

sobrevivência. Naturalmente, o método utilizado foi o do mergulho livre, isto é, sem

qualquer auxílio respiratório.

Não existe uma fonte bibliográfica que possa determinar com precisão

quando o homem percebeu, pela primeira vez, que podia prender sua respiração e

mergulhar. Entretanto, estima-se que o início do mergulho como atividade

profissional ocorreu há mais de 5.000 anos, quando o homem primitivo,

mergulhando em águas relativamente rasas (menos de 30 metros) buscava coletar

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uma variedade de materiais de valor comercial como alimento, pérolas, corais e

esponjas.

3.2.2 Evolução histórica do mergulho no mundo

O homem primitivo percebeu que, prendendo a respiração, poderia realizar

pequenos mergulhos em águas pouco profundas. Apesar da grande habilidade

desenvolvida por alguns povos primitivos, o mergulho livre é, sem dúvida, bastante

limitado, quer em profundidade quer em tempo útil de trabalho.

A busca por soluções que permitissem aumentar a capacidade do

mergulhador de permanecer imerso por um maior período de tempo foi um objetivo

importantíssimo para a evolução da atividade de mergulho. Todavia é muito difícil

precisar quando e como o homem se valeu do primeiro recurso para mergulhar mais

fundo e por mais tempo.

Acredita-se que nas primeiras tentativas foram utilizados pedaços de junco

oco para ligar o mergulhador à superfície, entretanto não foi obtido um resultado

relevante na ampliação de sua capacidade de trabalho. Porém, estes tubos

passaram a ser utilizados taticamente em operações militares, pois permitiam uma

aproximação discreta às posições inimigas.

Em antigos livros da História da humanidade existem gravuras datadas de

nove séculos antes de Cristo representando guerreiros assírios respirando em sacos

de couro e nadando sob o mar, enquanto gravuras gregas e macedônias mostram

mergulhadores em atividade, usando o que hoje chamamos de sino aberto de

mergulho (figura 1).

Figura 1 - Desenho de um mergulhador encapuzado com bolsa de couro ligado à superfície (1511). Fonte: CIAMA (2000).

Outro dado significativo se refere à descoberta, dentro das ruínas do palácio

do rei persa Assurbanipal II, de um desenho em baixo relevo procedente do ano de

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880 a.C., no qual se constata, perfeitamente, a figura de um guerreiro provido de um

odre (saco feito com pele de carneiro), abaixo de seu peito, como se fosse um saco

respirador, em posição de natação. Parece que representa o próprio rei cruzando

um rio à frente de seu exército, como retrata a figura 2.

Figura 2 - Guerreiro persa provido de um odre. Fonte: http://www.patadacobra.com.br/godive_hp/artigos/historia2. Acesso em: 28 mai. 2005.

Heródoto (484-420 a.C.), o pai da História, nascido na Grécia, conta em

seus manuscritos sobre o cerco da Sicília. Na batalha do Cabo Ártemis, entre gregos

e persas, ocorreu uma ação subaquática contra navios persas, que teria acontecido

no ano 484 a.C. Mergulhadores gregos submergiram protegidos pela escuridão da

noite e, debaixo de uma forte tormenta, conseguiram chegar sem serem avistados

até onde estavam ancorados os barcos persas, cujas amarras cortaram, causando

um verdadeiro desastre que valeu-lhes a vitória.

Existem registros escritos em que Xérxes, o grande rei da Pérsia, teria

utilizado mergulhadores de combate. Heródoto escreveu, há mais de 2.400 anos, a

história de um famoso mergulhador chamado Scyllis, que foi contratado por Xérxes

para recuperar tesouros de navios persas afundados. Xérxes teria também usado

mergulhadores com o propósito de invadir barcos inimigos.

Acreditam, ainda, alguns historiadores que Alexandre, “o Grande”, rei da

Macedônia (353-323 a.C.), também utilizou mergulhadores em combate no ano de

333 a.C. Aristóteles descreveu a aventura de Alexandre no mundo subaquático em

um equipamento tipo “sino”, feito em bronze, que submergia emborcado devido ao

seu peso, mantendo uma quantidade de ar para que os “mergulhadores”, em seu

interior, pudessem chegar mais perto dos artefatos a serem recuperados. Consta,

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ainda, que o próprio Alexandre teria mergulhado com tal equipamento, que ficou

conhecido como o Skaphê andros1.

Também nessa época, mergulhadores de Rhodes usavam caniços ocos

como único equipamento para resgatar os tesouros dos navios que afundavam no

porto. Para estas perigosas operações, os mergulhadores eram recompensados

pelos donos das embarcações com a participação no que havia sido recuperado, a

qual variava de acordo com a profundidade do naufrágio.

Já Flavius Vegetius Renatus, autor do século IV, em sua obra De Re Militare

(Da Arte Militar), descreveu um sistema utilizado por homens da Legião Romana, os

Urinatores2, o qual consistia de um saco de pele ligado a um tubo que aflorava na

superfície. Estes homens eram excelentes nadadores e mergulhadores em apnéia.

Entre suas missões mais importantes, destacam-se: atacar as defesas dos portos

inimigos; afundar os barcos fundeados e transferir seus estoques de armas,

alimentos e mensagens às guarnições sitiadas.

Estas unidades chegaram a alcançar um grau de operacionalidade tão alto

que contra elas foram concebidos vários engenhos, desde uma simples rede cheia

de campainhas que denunciavam sua presença, até máquinas providas de rodas

com afiadas machadinhas que funcionavam na entrada dos portos e arsenais e que

mutilavam os aguerridos mergulhadores.

Com o declínio do Império Romano, no entanto, os “urinatores” foram

obrigados a realizar trabalhos, como resgate de embarcações afundadas, operações

em portos ou troca de mensagens entre ilhas, o que viria a culminar na formação

dos primeiros mergulhadores profissionais da história (figura 3).

Figura 3 - Urinatore. Fonte: http://www.masdebuceo.com/manual_buceo/capitulo1. Acesso em: 15 abr. 2006.

1 Etimologia da palavra escafandro. 2 Do sânscrito: Uri = água; Nator = submergido

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Na época medieval se perdeu o interesse pelas coisas do mar, de onde as

pessoas somente viam monstros em suas profundidades, e daquela antiga pujança

marinha e subaquática, somente os romano-bizantinos mantiveram alguma

atividade, ainda que sem apontar nada de novo. Também nas regiões de grande

desenvolvimento desta atividade, como a Grécia e a Sicília, havia alguns

mergulhadores que se dedicavam à coleta de esponjas e corais.

Com a chegada do Renascimento, a comunidade científica renovou seu

interesse pela conquista do fundo dos oceanos. Um exemplo disso foi Leonardo Da

Vinci (1452-1519), que publicou uma série de desenhos nos quais apareciam, entre

outros, um capuz de couro com pontas agudas em seu contorno e luvas para as

mãos, ligeiramente espalmadas - inspiradas nas rãs - com garras de felino para

proteger o mergulhador das “feras marinhas”. Além disso, foi incluída uma espécie

de tubo que permitia ao mergulhador tomar ar da superfície. Considera-se que essas

peças formam o primeiro equipamento leve de mergulho da história (figura 4).

Figura 4 - Equipamento de mergulho de Da Vinci. Fonte: http://www.masdebuceo.com/manual_buceo/capitulo1. Acesso em: 15 abr. 2006.

Dentro da evolução da atividade de mergulho, o sino foi o primeiro

equipamento realmente prático a ser utilizado pelos mergulhadores. O sino

desenvolvido por Edward Halley, em 1690, constituía-se de uma câmara que era

imersa a determinadas profundidades, possuindo uma única abertura na sua parte

inferior e uma plataforma interna, na qual os mergulhadores poderiam depositar o

material recuperado no mergulho e recuperar o fôlego, aumentando, dessa forma, o

tempo de permanência no fundo (figura 5).

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Figura 5 - Sino de Halley (1690). Fonte: http://www.masdebuceo.com/articulo. Acesso em: 15 abr. 2006.

O inglês John Lethebridge inventou, em 1716, um aparelho que consistia em

uma espécie de tonel construído de madeira reforçada com aros de ferro, no qual se

introduzia o mergulhador; para os braços dispunha de orifícios revestidos em couro;

o ar era fornecido por intermédio de uns tubos à altura da boca, enquanto o ar

expirado saía pela parte inferior do tonel. Na realidade, era uma adaptação da

clássica campana para o uso individual (figura 6).

Figura 6 – Equipamento de Lethebridge (1716). Fonte: http://www.patadacobra.com.br/godive_hp/artigos/historia2. Acesso em: 15 abr. 2006.

A próxima fase da evolução do mergulho foi a busca pela redução do sino ao

tamanho de um capacete, que recebia ar bombeado da superfície. Este capacete,

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preso a uma roupa impermeável, daria origem ao escafandro tradicional, ainda hoje

em uso, dominado a atividade de mergulho por um longo período.

Em 1837, Augustus Siebe inventou o primeiro escafandro funcional, usado

até nossos dias, com pequenas modificações posteriores. Siebe projetou um selo

entre o capacete e a roupa, que permitia ao ar exalado sair por baixo do capacete,

impedindo, ao mesmo tempo, a entrada de água no equipamento. Eram utilizados

sapatos de chumbo para manter o escafandrista ao fundo.

Em 1840, o mesmo inventor desenvolveu uma roupa estanque e adicionou

uma válvula de descarga ao sistema. Este equipamento constitui-se no antecessor

direto do traje de mergulho profundo. O escafandro de Siebe resultou em êxito e foi

adotado pelas marinhas militares de muitos países, assim como pelos profissionais

da época (figura 7).

Figura 7 - Primeira roupa selada para mergulho. Fonte: CIAMA (2000).

Em 1866, o francês Benoist Rouquayrol, patenteou o primeiro e satisfatório

regulador de demanda para circuito aberto, “Self - Contained Underwater Breating

Apparatus” (SCUBA).

Este regulador constituiu o primeiro marco nos esforços do homem para

conseguir liberdade de mobilidade debaixo d'água. O único problema era a falta de

um conveniente suprimento de ar em alta pressão, como os atuais. Apesar de o

equipamento desenhado ser uma tentativa de livrar-se da dependência da conexão

com a superfície, facilitando a mobilidade do mergulhador, fornecendo-lhe uma

maior liberdade sob a água, teve que ser modificado e redesenhado para uma

unidade dependente (figura 8).

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Figura 8 - Válvula de demanda de Rouquayrol (1866). Fonte: http://www.masdebuceo.com/articulo. Acesso em: 15 abr. 2006.

No decorrer da história, também surgiram algumas invenções curiosas,

como o escafandro rígido articulado criados pelos irmãos franceses Alphose e

Theodore Carmagnole, em 1882, na primeira tentativa de levar o homem ao fundo

do mar “a seco”. Este modelo, além de não ser estanque o suficiente, tinha um peso

elevado, impedindo a locomoção do mergulhador no fundo do mar (figura 9).

Figura 9 - Escafandro rígido articulado (1882). Fonte: http://www.patadacobra.com.br/godive_hp/artigos/historia2. Acesso em: 15 abr. 2006.

H.A. Fleuss, em 1878, trabalhando na companhia Siebe-Gorman,

desenvolveu um sistema de respiração de circuito fechado com reaproveitamento do

oxigênio. Fleuss, juntamente com R.H. Davis, adaptou a este aparelho um cilindro

de oxigênio e uma válvula automática, propiciando um melhor rendimento. Esse

equipamento foi utilizado como material de segurança para permanência em locais

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contendo gases tóxicos e também para o escape de submarinos durante a Primeira

Guerra Mundial (figura 10).

Figura 10 - Aparelho de respiração de Davis, usado para escapes de submarinos. Fonte: http://www.bahiascuba.com.br/HISTMERGULHO. Acesso em: 15 abr. 2006.

Paralelo a tudo isto, a partir da segunda metade do século XIX, as principais

marinhas do mundo começaram a usar mergulhadores militares, inclusive usando os

novos escafandros. Os mergulhadores normalmente eram usados em operações de

salvamento, construção e manutenção de navios e algumas missões de combate,

como desarmamento de minas.

Em agosto de 1864, na Batalha de Mobile Bay - Alabama, no ataque a Fort

Morgan, durante a Guerra Civil norte-americana, mergulhadores foram enviados à

frente dos navios do Almirante David Farragut, Comandante da Armada da União,

para desarmar um novo armamento empregado pelos confederados: o torpedo. Os

torpedos eram minas subaquáticas baratas, facilmente produzidas, que poderiam

danificar seriamente ou afundar navios e que tinham sido lançados para bloquear a

entrada da baía.

Junto com o desenvolvimento do traje de mergulho, outros inventores

trabalhavam para aperfeiçoar o sino de mergulho, aumentando seu tamanho e

adicionando compressores de ar de maior capacidade, fornecendo pressão

suficiente para manter a água completamente fora do sino.

O uso do escafandro se popularizou. Nessa ocasião, começaram a aparecer

os primeiros casos da doença descompressiva, resultante da formação de bolhas na

corrente sangüínea. No início, o mal era confundido com a indigestão e o

reumatismo e, foi somente em 1878 que Paul Bert conseguiu definir suas causas

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clinicamente e passou a recomendar a subida lenta e gradual do mergulhador,

caracterizando, assim, a descompressão.

Em pouco tempo começaram as operações com câmaras de

descompressão, que permitiram tratar as vítimas da doença descompressiva.

Porém, somente em 1908, o fisiologista inglês John Scott Haldane, por meio de

cuidadosos estudos experimentais, elaborou um método de descompressão gradual

que permitia mergulhos a profundidades em torno de 200 pés (60 metros). As

tabelas de descompressão de Haldane, publicadas primeiramente naquele ano,

foram as precursoras das tabelas utilizadas hoje em dia.

Os mergulhadores do século XIX e do início do século XX foram verdadeiros

aventureiros, avançando ante o desconhecido. Na maior parte dos casos, eles não

possuíam nenhum conhecimento real de como seus equipamentos funcionavam.

Certamente, havia um completo desconhecimento em áreas como as conseqüências

da alta pressão exercida pela água nos mergulhadores, bem como a respiração do

ar comprimido.

Em 1902, Fleuss e Robert H. Davis, aperfeiçoaram seu equipamento de

circuito fechado. Com o novo século também surgiu um grande interesse por uma

nova arma: o submarino. Muitas foram as Marinhas que se interessaram por esta

arma. Porém o desenvolvimento do submarino para operações bélicas resultou em

uma série de acidentes, colisões e afundamentos, o que resultou em um rápido

crescimento da utilização de mergulhadores militares.

Foi a Itália o primeiro país a conceber a utilização em combate dos

mergulhadores, desenvolvendo, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, um

programa de formação e treinamento de mergulhadores especializados em

demolição submarina.

Perto do final da Guerra, em 1o

de novembro de 1918, dois mergulhadores

de combate italianos (Raffaele Rossetti e Raffaele Paolucci) foram infiltrados por um

veículo submersível no Porto de Pula (pertencente à atual Croácia), onde estava

atracada a pouco empregada esquadra do Império austro-húngaro, e afundaram o

Viribus Unitis, nau-capitania do Império austro-húngaro. Após a guerra os italianos

dinamizaram, ainda mais, o seu grupo de mergulhadores de combate, melhorando

seu material, recrutando e preparando mais recursos humanos.

Em 1925, o oficial naval francês, Capitão Yves Le Prieur, desenvolveu um

equipamento com cilindros carregados com ar, basicamente um circuito aberto

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(equipamento autônomo), porém insatisfatório, porque o fluxo de ar era regulado

manualmente, o que resultava em uso excessivo do limitado suprimento de ar. O

dispositivo era um cilindro de aço com ar comprimido.

O mergulhador teve uma mangueira de ar conectado a um bocal; usava-se

um clipe de nariz e um óculos de proteção, que protegiam e ajudavam a visão, mas

não permitiam igualar a pressão. O cilindro de 2000 psi de ar permitiu ao

mergulhador permanecer menos de 15 minutos submerso.

Na década de 40, Christian J. Lambertsen criou e demonstrou o seu

reinalador de oxigênio (equipamento de circuito fechado), o “Lambertsen Anphibious

Respiratory Unit” (LARU). Inicialmente foi adotado para uso pelo Escritório de

Serviços Estratégicos dos EUA. Os primeiros mergulhadores começaram a treinar

em 1942. Mais tarde, o LARU foi adotado pela equipe de demolição submarina da

Marinha dos EUA, a “Underwater Demolition Team” (UDT), para uso em operações

que requeriam invisibilidade à superfície (figura 11).

Figura 11 - Lambertsen Anphibious Respiratory Unit (LARU). Fonte: http://www.scubatoys.com/navy/history. Acesso em: 19 abr. 2006.

Os mergulhadores tornaram-se elementos importantes no cenário militar a

partir da Segunda Guerra Mundial, sobretudo os italianos, britânicos e norte-

americanos que estiveram envolvidos em numerosas missões de combate. Os

mergulhadores realizaram ataques furtivos a embarcações, destruindo-as com minas

e explosivos; limpeza de obstáculos de praia, antes de um desembarque anfíbio; ou

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realizando silenciosas missões de reconhecimento ou de sabotagem em território

inimigo (figura 12).

Figura 12 - Mergulhador de combate inglês durante a 2a

GM. Fonte: http://www.acrtecnologia.com.br/clubedomergulhador. Acesso em: 16 abr. 2006.

O mergulho realizado com aparelhos de circuito fechado obteve maior

sucesso que o de circuito aberto e dominou o campo do mergulho autônomo até a

época da Segunda Guerra Mundial. Este foi utilizado tanto pelos Aliados como pelo

Eixo, principalmente por sua característica de não liberar bolhas, o que facilitou seu

emprego em combate.

Em agosto de 1943, os homens-rã italianos demonstraram a importância e o

valor militar do equipamento autônomo, quando os mergulhadores do Grupo Gamma

(Nuattatori Guastatori), em missões de sabotagem, afundaram cerca de duas

dezenas de navios, entre eles cargueiros e petroleiros, estabelecendo, inclusive,

uma base secreta em um antigo cargueiro italiano afundado nas águas espanholas

de Gibraltar. Essa operação e outras se seguiram, despertando as demais Marinhas

para o desenvolvimento de equipamentos de mergulho autônomo e treinamento de

pessoal.

Os britânicos passaram, então, a enxergar as grandes vantagens desse tipo

de operação e criaram um programa de emergência de formação e treinamento de

mergulhadores de combate. Entre as unidades formadas pelos britânicos, tem-se as

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tripulações de torpedos humanos (Human Torpedo), chamadas também de

“Chariots”; o “Special Boat Section” (SBS), constituído por pequenas unidades de

canoagem que operaram na Europa, África e Mediterrâneo, realizando ações de

comandos e sabotagem contra instalações navais e embarcações e os “Clearance

Divers”, que eram grupos encarregados de demolição de obstáculos.

No início de 1944, a Marinha alemã, reduzida à uma função defensiva,

decidiu criar uma unidade de mergulhadores de combate chamada de “Kommando

der Kleinkampfmittel”3 ou simplesmente Unidade K.

Os mergulhadores da Unidade K participaram de missões contra pontes e

diques nas Holanda em junho e novembro de 1944 e também realizaram operações

no Báltico até abril de 1945.

Os alemães também usaram os mergulhadores de combate quando os

norte-americanos tomaram a ponte de Remagen, sobre o Rio Reno, enviando-os em

missões suicidas para destruir a ponte. Porém, a maioria foi morta ou capturada,

sem alcançar o seu objetivo. Já os japoneses empreenderam, também em 1944, a

criação de uma unidade de mergulhadores de combate kamikazes, chamada

“Fukuryu”4, com sucessos quase nulos.

Entretanto, o verdadeiro ponto de partida para o mergulho de circuito aberto

ocorreu em 1943, quando o Capitão Jacques Yves Cousteau, oficial da marinha

francesa, e Emile Gagnan, um engenheiro mecânico canadense da Air Liquide

(companhia Parisiense de gás), apresentaram o Aqualung5.

Basicamente idêntico ao desenho de Rouquaryol, o Aqualung também

utilizava cilindros de ar comprimido, mas era equipado com uma novidade: a válvula

reguladora de demanda. Esta supria o mergulhador com ar de acordo com a sua

necessidade.

Dessa forma, montou-se o primeiro equipamento de circuito aberto

verdadeiramente eficiente, trazendo o aqualung para um elevado nível de

desempenho, o que permitiu ao homem uma liberdade nunca antes alcançada sob

as águas.

O regulador tinha incorporado dois tubos traqueais: um de admissão de ar e

o outro de expulsão, que ia desde a boquilha até a câmara de pressão ambiente, da

3 Grupo de engenheiros de assalto da Marinha 4 Fukuryu (Fuku = felicidade, Ryu = dragão) 5 Aqualung (em inglês, pulmão aquático)

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qual sai o ar para o exterior. Este sistema facilitava a respiração, tornanso-a

bastante cômoda até profundidades muito aceitáveis, até então vedadas ao homem.

Outra das vantagens do novo aparelho era a autonomia que davam as três garrafas

de aço de 5 litros cada uma, carregadas a 150 atmosferas de pressão (figura 13).

Figura 13 - O regulador de demanda Cousteau-Gagnan. Fonte: http://planetazul.org.ar/nota137.htm. Acesso em: 19 abr. 2006.

A partir de então, e principalmente após o término da 2ª Grande Guerra, a

atividade subaquática contou em todo o mundo com um número cada vez maior de

adeptos. O invento do “escafandro” autônomo facilitou de grande maneira a

penetração do homem no mundo subaquático, porém este aparato também teve - e

continua tendo - suas limitações, pois se sabe que, com o ar comprimido, a

profundidades superiores de 60 metros, a exposição ao perigo é uma constante

(figura 14).

Figura 14 - Equipamento com o regulador a demanda de Cousteau-Gagnan (1943) Fonte: http://www.masdebuceo.com/articulo. Acesso em: 19 abr. 2006.

Outro avanço na área de mergulho surgiu na década de 60, quando vários

cientistas desenvolveram o conceito de mergulho de saturação. Devido ao fato do

gás inerte finalmente equilibrar-se com a pressão ambiente em todos os tecidos, um

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mergulhador permanecendo a uma determinada profundidade pelo tempo suficiente

saturará todos os tecidos corporais. Após a saturação ter sido alcançada, o tempo

para descompressão é o mesmo, independente do tempo utilizado em uma

determinada profundidade. Este conceito permitiu a permanência de mergulhadores

sob pressão por mais de um mês, durante o qual executam trabalhos submersos,

retornando para a câmara hiperbárica entre os mergulhos.

Nos últimos anos, os limites de pressão aos quais o homem pode ser

submetido têm sido testados, tanto na França quanto nos EUA. Neste último, sob a

liderança do Dr. Petter Bennett, da Universidade de Duke, mergulhadores têm sido

submetidos a mergulhos simulados que excedem 2000 (dois mil) pés (600 metros),

em câmaras hiperbáricas. Os problemas decorrentes da utilização da mistura heliox

(hélio e oxigênio) nessas profundidades foram resolvidos pela adoção da mistura

TRIMIX, formada pelos gases hélio, nitrogênio e oxigênio.

Recentemente testemunhou-se o desenvolvimento de novos capacetes de

mergulho, mais leves, roupas de mergulho aquecidas com água quente, novas

tabelas de descompressão para ambos os gases inertes (hélio e nitrogênio),

experiências com a mistura hidrogênio - oxigênio, e a aplicação de oxigênio

hiperbárico em desordens médicas não relacionadas com o mergulho.

Atualmente, apesar de se investir pesado em centros de pesquisa na área

de medicina e fisiologia do mergulho, há uma tendência de não se expor o homem a

profundidades cada vez maiores, devido ao alto risco das operações, além de gerar

sérios problemas trabalhistas. Isto, certamente, explica o fato do crescente

desenvolvimento de pesquisas no campo da criação de robôs e submersíveis,

inclusive no Brasil.

3.2.3 Evolução histórica do mergulho no Brasil

No Brasil, os primeiros registros de mergulho foram os dos indígenas.

Diversos cronistas, como Gabriel Soares, Hans Staden, José de Anchieta e Jean de

Lery, entre outros, dão conta desse fato, descrevendo os silvícolas como exímios

mergulhadores que nadavam sob o mar com olhos muito abertos. Anchieta

descreveu a destreza dos índios no combate aquático, como em um episódio no

qual combatem a nado como baleias e com uma fúria que pasmou a multidão na

praia.

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Durante o período da ocupação francesa - França Antártica/1555 - a

destreza dos indígenas em combates aquáticos foi evidenciada em outras

narrativas, como a do assalto as naus francesas em Cabo Frio, onde o Governador

Geral Salvador Corrêa foi salvo por três vezes pelos índios Tupiminós, que na água

“são como peixes”. Em outro episódio, Araribóia, teria atravessado a nado o braço

de mar que separava a ilha de Serigipe (atual Ilha de Villegagnon) do continente e

ateando fogo aos paióis franceses, assegurando a vitória portuguesa, agindo em

uma manobra típica dos atuais mergulhadores de combate.

Em 1867, durante a Campanha da Tríplice Aliança, por ocasião da conquista

da Fortaleza de Humaitá, presume-se que mergulhadores brasileiros tenham

destruído pesadas correntes lançadas de uma margem a outra do Rio Paraguai.

Estas correntes foram lançadas pelos paraguaios com a finalidade de impedir a livre

navegação no rio e, também, a passagem da esquadra brasileira.

Ao final do século XIX e início do século XX, a modalidade de mergulho mais

evidenciada foi a de salvatagem. Nessa modalidade, os mergulhadores, geralmente

de nacionalidade grega, utilizando escafandros e bombas manuais, exploravam

naufrágios nas costas brasileiras.

No início do mergulho no Brasil, foram utilizados equipamentos de

escafandria durante a construção do cais Pharus (Praça XV – Rio de Janeiro) no

Período Imperial; nas construções dos cais da Gamboa e de São Cristóvão, por

firmas francesas; do píer da Praça Mauá (1945), do Cais de Minério (1949) e do

antigo Cais de Carvão (1960), por firmas estadunidenses (Christiane Nielsen e

outras), nas quais ainda foram empregados os escafandros de capacete Siebe -

traje fechado (figura 15).

Figura 15 - Capacete rígido usado para escafandria. Fonte: CIAMA (2000).

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Porém, em 1958, surgiu a primeira firma totalmente nacional voltada

exclusivamente às atividades subaquáticas, a Empresa Brasileira de Operações

Subaquáticas (EBOS), atuando, pioneiramente, na derrocagem de pedras do porto

carvoeiro Henrique Laje em Ibituba, Santa Catarina.

As atividades de mergulho amador iniciaram-se na década de 1940, quando

alguns pilotos da antiga PANAIR, entre eles o Comandante Paulo Lefévre, traziam

do exterior equipamentos de mergulho, contribuindo, sobretudo, para o

desenvolvimento da caça submarina. A caça submarina teve grande impulso na

década de 1950, com a criação de vários clubes, equipes e a fundação da

Associação Brasileira de Caça Submarina, que promoveu, em 1959, o Campeonato

Internacional de Caça Submarina, em Angra dos Reis - RJ.

Desde então, o mergulho amador no Brasil evoluiu ascendentemente, tendo

uma grande expansão após o lançamento da revista Mergulhar, em 1982, quando

houve o aumento do número de escolas, cursos e fábricas de artigos voltados para a

atividade.

Na década de 1980, o mergulho profissional obteve um grande impulso,

graças à Petrobras, com as prospecções petrolíferas na bacia de Campos e no

litoral do Espírito Santo, atingindo-se a profundidade de 350 (trezentos e cinqüenta)

metros para a execução de trabalhos submarinos. Além disso, com recursos da

Petrobras, foi criado o maior centro hiperbárico do Brasil, localizado na Base Naval

Almirante Castro e Silva, na Ilha de Mocanguê - RJ, objetivando a realização de

pesquisas e treinamento na área de mergulho saturado.

A prospecção de petróleo na plataforma continental deu origem a uma

verdadeira corrida tecnológica, tendo havido a formação de inúmeras companhias

especializadas. Essa corrida, certamente, levou o homem a progressos difíceis de

imaginar no setor, e, não haverá surpresas se pesquisas científicas, muitas já em

andamento, propiciarem, em poucos anos, graus de liberdade, autonomia e

segurança jamais imaginados pelos pioneiros da atividade subaquática.

3.2.4 Considerações finais

De acordo com o exposto, pode-se dizer que todos os avanços tecnológicos

e científicos, alcançados principalmente nos séculos XIX e XX, fizeram que o

mergulho deixa-se de ser limitado às buscas e explorações de materiais submersos

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e passasse a ter uma grande importância dentro da estratégia militar de guerra. O

mundo despertou para o aperfeiçoamento do mergulho militar, desenvolveram-se

equipamentos mais eficientes e foram criados grupos de elite adestrados para o

cumprimento de missões que empregassem o mergulho como meio de infiltração e

exfiltração, além da realização de trabalhos técnicos submersos.

3.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERGULHO NAS FORÇAS ARMADAS DO

BRASIL

3.3.1 Marinha do Brasil

3.3.1.1 Generalidades

Na Marinha o mergulho desenvolveu-se principalmente ao redor da atividade

de desativação de artefatos explosivos, quando o pessoal especialista em torpedos

e minas recebia instruções específicas de mergulho. Importantes serviços foram

realizados pelos mergulhadores navais, tendo sido a Marinha do Brasil, durante

muito tempo, a única instituição com capacidade para exercer trabalhos de vulto no

setor. Com o tempo, houve a necessidade de maior especialização na atividade

subaquática, existindo, na atualidade, diversos ramos do mergulho militar naval, tais

como: mergulho autônomo, mergulho de combate, mergulho de salvamento,

escafandria e o mergulho profundo com misturas especiais (PAIVA, 1997).

Atualmente a Marinha dispõe de um centro de referência voltado para as

atividades de mergulho, o Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila

Monteiro Aché (CIAMA), situado na Ilha do Mocanguê Grande, em Niterói-RJ. As

origens do CIAMA remotam à antiga Escola de Submersíveis que, embora não fosse

uma organização autônoma, iniciou suas atividades em 1915, ano em que foi

formada a primeira turma de oficiais submarinistas. O CIAMA, como organização

militar, originou-se da Escola de Submarinos, formalmente criada em 1963 e extinta

em 1973, ano em que foi criado o Centro de Instrução e Adestramento de

Submarinos e Mergulho (CIASM). Sua denominação foi alterada em 1978 para

Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché (www.mar.mil.br,

2006).

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3.3.1.2 Os Mergulhadores de Combate (MEC)

Os primeiros Mergulhadores de Combate brasileiros foram dois oficiais e

duas praças que concluíram o curso de UDT-SEAL6 norte-americanos, em 1964.

Fruto da experiência desses pioneiros foi criada, em 1970, a Divisão de

Mergulhadores de Combate na Base Almirante Castro e Silva. No ano de 1971, mais

dois oficiais e três praças, foram qualificados pela Marinha Francesa como “nageurs

de combat” e, em 1974 foi formada no Brasil, pelo atual CIAMA, a primeira turma de

Mergulhadores de Combate (DAVID, 2005; MAIA, 2003).

A fim de atender, adequadamente, às crescentes solicitações da Esquadra e

dos Distritos Navais, a Divisão de Mergulhadores de Combate foi transformada, em

1983, no Grupo de Mergulhadores de Combate, chamado GRUMEC, como parte

integrante do Comando da Força de Submarinos. Esta nova força era baseada na

experiência adquirida pelos militares na França e nos EUA.

No dia 12 de dezembro de 1997, o então Ministro da Marinha criou o

Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC). Essa Organização Militar

está sediada na cidade de Niterói-RJ e é diretamente subordinada ao Comando da

Força de Submarinos, tendo sido efetivamente ativada em 10 de março de 1998

(DAVID, 2005).

3.3.1.3 Os Escafandristas (EK)

Apesar de existirem relatos de atividades de escafandria realizadas por

especialistas da Marinha, em Spezia - Itália, como palombaro (escafandrista) de

primeira classe, essas atividades só começaram a ser exercidas organizadamente

quando a Base Almirante Castro e Silva (BACS) se instalou na ilha do Mocanguê,

em janeiro de 1947 (CAPETTI, 2005).

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, oficiais brasileiros foram

para Miami, Flórida – EUA, para realizarem o curso de mergulho no “Naval Diving

and Salvage Training Center”7. Os Capitães de Corveta Vergueiro e Mesquita foram

os dois primeiros oficiais mergulhadores da Força de Submarinos, pelos idos de

1948 (DAVID, 2005).

6 UDT - Underwater Demolition Teams (Equipe de Demolição Subaquática) e SEAL - Sea, Air and Land (Mar, Ar e Terra). 7 Centro de Treinamento de Mergulho e Salvamento da Marinha.

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Há indícios de que a atividade de mergulho com escafandro já era exercida

pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), mas essa nada tinha a ver com

o emprego dos submarinos, e que mais tarde foi emprestado à BACS, pelo AMRJ,

um escafandro, dando início a essas atividades.

Dos braços armados da Força de Submarinos, quais sejam: os submarinos,

a escafandria e o mergulho de combate, estes dois últimos, por assim dizer,

englobam praticamente todas as atividades de mergulho hoje exercidas na Marinha

de Guerra, sendo os elementos-chave da atividade do mergulho militar naval

(DAVID, 2005).

3.3.2 Força Aérea Brasileira (FAB)

Em 1959, formou-se a primeira turma de pára-quedistas militares da

Aeronáutica, no Núcleo de Divisão Aeroterrestre do Exército Brasileiro, composta

por três oficiais e cinco sargentos. Estes militares tinham como objetivo a execução

de duas missões: a instrução dos Cadetes da Escola de Aeronáutica e a de busca,

salvamento e resgate, por meio da Diretoria de Rotas Aéreas, atualmente, Diretoria

de Eletrônica e Proteção ao Vôo (www.leao.mil.br, 2006).

Com o crescente desenvolvimento das técnicas e o grande acúmulo de

missões que necessitavam da presença desses especialistas, surgiu a necessidade

da criação de uma única doutrina de emprego e a formação de uma Unidade

Especial. Destarte, foi criada, em 1963, a 1ª

Esquadrilha Aeroterrestre de

Salvamento, com sede na antiga Escola de Aeronáutica - atual Base Aérea dos

Afonsos, Rio de Janeiro - RJ. Em 1973, a Esquadrilha foi extinta, sendo criado o

Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) (DINIZ & KARINA, 2006)8.

Na FAB, a atividade especial de mergulho é desenvolvida pelo EAS, mais

comumente conhecido como PARA-SAR9 (Parachutist - Search and Rescue/ Pára-

quedista - Busca e salvamento).

O Esquadrão Aéreo Terrestre de Salvamento prepara seus homens para a

realização de resgate em combate (C-SAR), buscando tripulantes de aeronaves

abatidas em vôo. Em tempos de paz, o PARA-SAR presta atendimento em

8 Cap Inf Diniz. Ten QCOA Karina – Jornalista. Revista AEROVISÃO. Brasília – DF, 2003. 9 Sigla internacional utilizada para designar pára-quedistas empregados em missões de busca e salvamento.

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acidentes aeronáuticos, náufragos e desaparecidos em locais hostis. A equipe é

treinada para realizar os salvamentos nos mais diferentes ambientes operacionais,

como montanhas, selvas, oceanos, rios, caatinga, etc (www.leao.mil.br, 2006).

O treinamento de um militar do PARA-SAR dura em média um ano, período

no qual fazem cursos de salvamento e resgate, pára-quedismo, salto livre, mergulho,

entre outros. O mergulho, como atividade operacional, é utilizado com vista à

recuperação de carga ou peças de aeronaves acidentadas e submersas

(www.leao.mil.br, 2006).

Essa atividade pode bem ser exemplificada pela notícia publicada no jornal

“O Globo”, de 10 de abril de 2006, intitulada “Equipe da FAB retira monomotor do

mar”. Um avião, modelo T-25, que realizou uma amerrisagem forçada, foi localizado

na baía de Sepetiba, próximo à Ilha dos Marinheiros, pelo PARA-SAR. Com o auxílio

de mergulhadores, foram instaladas bóias em alguns pontos da aeronave, que,

depois de infladas, levaram o avião até a superfície. Após isso, o avião foi rebocado

por um barco até próximo a Base Aérea de Santa Cruz.

3.3.3 Exército Brasileiro (EB)

3.3.3.1 Generalidades

Devido a uma situação incipiente do mergulho e também ao fato de que a

Força Expedicionária Brasileira não participou de operações que utilizassem o

mergulho militar, os fundamentos basilares da atividade especial de mergulho

operacional não foram difundidos para o EB, tal como ocorreu com outras técnicas a

partir do final da Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, diversos setores da Força

Terrestre ao longo da segunda metade do século XX buscaram conhecer melhor tal

atividade e empregá-la em suas tarefas específicas.

Dentro da instituição são quatro os segmentos que utilizam as técnicas de

mergulho para cumprirem suas missões, a saber:

I. Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda Inf Pqdt), por meio da

Companhia de Precursores Pára-quedista (Cia Prec Pqdt);

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II. Brigada de Operações Especiais (Bda Op Esp), por meio do Centro de

Instrução de Operações Especiais, da 3ª

Companhia de Forças

Especiais e do 1º

Batalhão de Forças Especiais (1º

BFEsp);

III. Comando de Aviação do Exército, por intermédio do Serviço de Busca

e Salvamento; e

IV. Arma de Engenharia, por intermédio de todas as suas Organizações

Militares (OM) de combate e dos cursos de formação de oficiais e

sargentos.

3.3.3.2 Companhia de Precursores Pára-Quedista (Cia Prec Pqdt)

Com origem no Pelotão de Precursor de 1951, foi criada em 1988, a

Companhia de Precursores Pára-quedista, por evolução do Destacamento Precursor

Pára-quedista. Integrada por profissionais especializados, a Cia Prec Pqdt é uma

unidade orgânica da Bda Inf Pqdt, podendo cumprir sua missão de maneira isolada,

infiltrando-se no território inimigo por qualquer meio (terrestre, aéreo ou aquático), a

fim de atuar em proveito da Grande Unidade (GU) Pára-quedista (Pqdt), quando da

realização do assalto aeroterrestre e o estabelecimento de uma cabeça-de-ponte

aérea (www.exercito.gov.br, 2006).

Para cumprir suas missões doutrinárias, dentre elas o reconhecimento e

operação zonas de lançamento, zonas de pouso para aviões e zonas de pouso de

helicópteros, a equipe precursora pode realizar sua infiltração, com a antecedência

necessária, por meio dos processos terrestre, aquático, subaquático, aéreo ou por

uma combinação destes. Assim sendo, essa OM planeja e conduz os adestramentos

de infiltrações e exfiltrações aquáticas e subaquáticas (mergulho) de pessoal e

material operacional, buscas de pessoal e material naufragados, inspeção de

estruturas e demolições subaquáticas com objetivos militares, havendo a

possibilidade de operar em conjunto com o PARA-SAR e/ou GRUMEC (FREITAS,

2002).

3.3.3.3 Brigada de Operações Especiais

Os militares do 1º

BFEsp foram os primeiros a sentirem a necessidade das

atividades subaquáticas. No ano de 1957 introduziram, ainda que de forma

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rudimentar, as técnicas de mergulho livre na matéria “natação” no 1º

Curso de

Operações Especiais. Até o ano de 1972 essa situação pouco evoluiu. Somente

naquele ano foram realizados os primeiros intercâmbios com a Marinha visando a

busca de novos conhecimentos. Porém, outro fato contribuiu com a evolução da

atividade, um grupo de 03 oficiais e 03 praças realizaram o curso “Special Force

Underwater Operations”10 em Fort Bragg, nos Estados Unidos, tomando contato com

os mais diversos equipamentos de mergulho, inclusive o equipamento de mergulho

autônomo de circuito fechado. Após o retorno desta equipe, o então Destacamento

Operacional de Forças Especiais foi aparelhado com equipamentos de mergulho

autônomo (PAIVA, 1997).

Durante as décadas de 1970 e 1980, a atividade evoluiu e passou a ser

considerada um estágio, com cerca de 10 dias e, posteriormente, 15 dias, com

instruções teóricas e práticas. Destaca-se que, em 1979, o Curso de Forças

Especiais realizou um estágio de mergulho na Marinha. Em 1996, por meio da

Portaria Ministerial Nr 133, o 1º

BFEsp foi reconhecido como entidade habilitada à

formação de mergulhadores autônomos, sendo a única no Exército que estava

autorizada a fazê-lo, o que não impediu dos militares desta Organização Militar

freqüentassem os cursos ofertados pelo CIAMA, continuando o intercâmbio de

conhecimentos com a Marinha do Brasil (PAIVA, 1997; OLIVEIRA, 1999).

Em 2003, juntamente com a Brigada de Operações Especiais, foi criado o

Centro de Instrução de Operações Especiais (CI Op Esp). O CI Op Esp é um

Estabelecimento de Ensino (EE), subordinado à Bda Op Esp, sendo vinculado, para

fins de ensino, à Diretoria de Especialização e Extensão. Desta forma, a atividade

especial e mergulho cresceu de importância, tendo sido enviado um oficial do CI Op

Esp para a Espanha, a fim de freqüentar o Curso de Zapador Anfíbio11. Esse curso,

no país ibérico, de acordo com a Resolução 551/02236/0612 é exclusivo da Arma de

Engenharia e está centrado na construção, obstrução e destruição de obras de arte

(www.ciopesp.ensino.eb.br, 2003).

10 Operações subaquáticas para forças especiais. 11 Informação baseada em conversas com o ex-comandante do CIOpEsp Ten Cel MARCELO e com o Cel DEVIVEROS, Instrutor espanhol da ECEME. 12 Resolución 551/02236/06. Publicada no BOD. núm. 32 de 15 de febrero de 2006 Convocatória para XXIX Curso de Buceador de Asalto e XXV Curso de Zapador Anfibio.

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Atualmente, o CI Op Esp ministra, além de outros cursos de interesse da

Bda Op Esp, o curso de mergulho a ar e resgate, o curso de mergulho com oxigênio

e o estágio de operações aquáticas (www.ciopesp.ensino.eb.br, 2006).

Assim sendo, o CI Op Esp realizou em caráter experimental, no período de

05 de setembro a 07 de outubro de 2005, o Curso de Mergulho a Ar e Resgate. O

objetivo principal do curso foi habilitar os alunos a planejar, conduzir e executar

missões de busca, salvamento e resgate de pessoal e material, bem como prepará-

los para o curso de mergulho com oxigênio. Durante o curso, os alunos utilizaram

equipamento de mergulho autônomo de circuito aberto e equipamento de mergulho

dependente.

Visando a incrementar o intercâmbio com o meio civil, que realiza atividades

desta natureza, o CI Op Esp contou com a parceria da Escola de Mergulho

Profissional Divers University, situada em Santos -SP. Realizaram-se atividades em

ambiente controlado e não controlado, com instruções no CI Op Esp e na Divers

University. Ao término do curso, os concludentes receberam a certificação de

mergulhadores profissionais e também de mergulhadores desportivos.

Da mesma maneira, o CI Op Esp realizou, também em caráter experimental,

o curso de mergulho com oxigênio. Este curso teve por finalidade habilitar

mergulhadores a utilizarem equipamento autônomo de circuito fechado no emprego

da técnica de ataque mergulhado, na qual se pode introduzir pequenos efetivos, em

áreas cobertas por massas d’água, sob a presença ou forte vigilância do inimigo,

para missões de ação direta, no qual o sigilo, a descrição e a surpresa sejam fatores

fundamentais para o êxito da missão.

Já o estágio de operações aquáticas visa a adestrar as frações constituídas

e tem como objetivos habilitar o aluno a planejar, conduzir e executar infiltrações

aquáticas de longo alcance (6 km), utilizando o nado de superfície; planejar,

conduzir e executar a infiltração em meio aquático, por meio de salto de pára-

quedas semi-automático e desembarque por “helllocasting”; e realizar infiltração e

reconhecimento, utilizando bote e caiaque.

3.3.3.4 Serviço de Busca e Salvamento do Comando de Aviação do Exército

Segundo o Comando de Aviação do Exército (CAVEX), de todos os

segmentos praticantes da atividade de mergulho no Exército, este é o mais recente,

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tendo iniciado suas atividades em 1990, com o envio de um oficial e quatro

sargentos para a FAB a fim de se especializarem nas atividades de Busca e

Salvamento. O serviço foi criado com a finalidade de resgatar vítimas de acidentes

aéreos e equipamentos aeronáuticos, inclusive em ambiente aquático

(www.cavex.eb.mil.br, 2006).

O Serviço de Busca e Salvamento (SAR) não dispõe de uma estrutura para

a formação de mergulhadores autônomos, porém noções de mergulho livre,

fisiologia e medicina de mergulho são ministradas aos sargentos que freqüentam o

Curso de Bombeiro, Resgate e Prevenção de Acidentes e aos cabos que

freqüentam o Treinamento Específico de Auxiliar SAR13. Além disso, os militares

deste serviço freqüentam os cursos de mergulho na Marinha do Brasil, Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo e empresas civis especializadas

(OLIVEIRA,1999).

Atualmente, o SAR está presente em toda a Aviação do Exército, seja com o

Pelotão de Busca e Salvamento, orgânico do 2°

Batalhão de Aviação do Exército

(BAvEx), apto a realizar operações de resgate em qualquer ambiente operacional,

ou com pequenos grupos em todas as Unidades Aéreas (www.alide.com.br, 2006).

3.3.3.5 Arma de Engenharia

3.3.3.5.1 Generalidades

Na observação dos quadros de distribuição de material de diversas

Unidades da Arma de Engenharia, verifica-se a existência de equipamentos de

mergulho autônomo e dependentes, pressupondo a utilização dos mesmos em

atividades técnicas específicas, tais como buscas, salvamento, reconhecimentos,

demolições etc. desde a inclusão em carga dos mesmos. Tal fato não corresponde à

realidade dos fatos.

Muitos foram os equipamentos que se deterioraram ainda em suas caixas.

Tal era o receio em empregá-los, devido a falta de legislação que aparasse

executantes e mandatários, a falta de conhecimento de emprego e manutenção,

aliados ao custo elevado dos materiais existentes, que muitos encarregados de

13 Informação obtida por meio de entrevistas informais com o Maj Marcos Melo e o Maj Alves Negrão, pilotos da Av Ex.

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material relutavam em colocar o equipamento em uso, já que os Oficiais também

não faziam questão de fazê-lo.

Porém, na década de 1990, momento de grande reestruturação do Exército

Braseiro, no âmbito da Força Terrestre 90 (FT 90), a antiga Diretoria de Material de

Engenharia (DME) adquiriu materiais de mergulho de última geração e os distribuiu

para as OM de Engenharia de Combate, com a preocupação de modernizar a

atividade e garantir a segurança dos mergulhadores. Paralelamente a essa compra

de novos equipamentos, vários Oficiais passaram a freqüentar os cursos de

mergulho oferecidos pelo CIAMA e pelos diversos Corpos de Bombeiros Militares do

País, o que dinamizou a atividade.

Apesar desse impulso às atividades de mergulho dado pela DME, da

existência de dotação de material de mergulho nos Batalhões e Companhias de

Engenharia de Combate, da implementação de Portaria do Comando do Exército

regulando a atividade, ainda hoje permanece a situação da inexistência de uma

doutrina de emprego para os mergulhadores de Engenharia, mesmo com a alocação

de vagas em Quadro de Cargos Previstos (QCP) para militares habilitados na

atividade.

Segundo PAIVA (1997),

Deve-se buscar as origens da atividade nas duas principais vertentes da formação de seus quadros - a Academia Militar das Agulhas Negras e a Escola de Sargentos das Armas. Nelas são dados os primeiros passos na atividade, os quais basicamente visam a despertar o gosto pelo mergulho, pois as escolas de formação não estão autorizadas a formarem o mergulhador militar.

Atualmente, os Oficiais e praças de Engenharia que desejarem freqüentar

um curso de mergulho e tornarem-se aptos, habilitados e reconhecidos pelo Exército

Brasileiro para realizarem atividades de mergulho voltadas para a área operacional,

devem realizar o curso do CIAMA ou dos diversos Corpos de Bombeiros Militares,

desde que esses últimos sejam reconhecidos pela MB.

3.3.3.5.2 Academia Militar das Agulhas Negras

Desde o ano de 1964, o Curso de Engenharia (C Eng) da AMAN já se

preocupava com as atividades de mergulho, dedicando um tempo de instrução ao

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assunto equipamento de mergulhador. Somente em 1979 e, posteriormente, em

1982 as cargas horárias destinadas ao assunto foram aumentadas, tornando o

contato do Cadete com o material mais profícuo. Naquela época, os estágios de

instrução de mergulho eram ministrados pelos Oficiais possuidores do curso de

Forças Especiais lotados na Seção de Instrução Especial (PAIVA, 1997).

Em 1987 houve um novo incremento na atividade, quando a instrução

passou a ser ministrada pelos oficiais do próprio C Eng. Desta maneira, a equipe

chefiada pelo então Tenente Coronel Silva Filho, Comandante do C Eng, e

composta pelo Capitão Da Cás, Capitão Maas e 1º

Tenente Paiva, instrutores do

Curso à época, assumiu a responsabilidade de habilitar o futuro oficial de

Engenharia, que seria o futuro responsável pelo material, a realizar atividades de

mergulho. Sistematizando a instrução, eles implantaram uma técnica de ensino que,

até hoje, é seguida naquele Estabelecimento de Ensino (EE), servindo de modelo

para o método preconizado no Boletim Técnico Especial Nr 10 (1996) - DME.

No período de 1994 a 1996, a AMAN foi contemplada com um total de 07

vagas para Oficiais no Curso Expedito de Mergulho Autônomo do CIAMA. Cumpre

ressaltar que os 06 Oficiais de Engenharia indicados para freqüentarem o referido

curso obtiveram êxito no mesmo e puderam incrementar a atividade no âmbito do

Curso de Engenharia (C Eng) e do próprio Corpo de Cadetes, por meio do Clube de

Mergulho Autônomo Agulhas Negras (CMAut/AMAN). Esse Clube é uma entidade

reconhecida pela Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticas, e

forma, no âmbito da AMAN, mergulhadores desportivos de todas as armas.

Nos anos de 1994 a 1997, a AMAN contou com um número que variou de

quatro a oito oficiais de Engenharia com o referido curso, o que propiciou incremento

nas atividades de mergulho (CARLI, 1998). Em 2006, mesmo tendo recebido um

menor número de vagas para curso de mergulho, o C Eng/AMAN contou com oito

oficiais mergulhadores, cinco com o curso da MB e três com curso nos CBM. Dentre

esses Oficiais, dois possuiam o Curso de Demolições Subaquáticas da MB

(comunicação pessoal)14.

Em 1997, a reformulação do Plano de Matérias em Plano de Disciplinas

(PlaDis) propiciou um aumento de carga horária, passando o assunto a contar com

14 Em conversa com o Cap Paulo da Silva Nogueira, chefe da 1a

Seção do C Eng/AMAN, em de 2 de maio de 2006.

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41 horas de instrução, distribuídas entre os 3º

e 4º

anos, sendo executados

mergulhos em ambiente controlado (piscina), no mar e atividades práticas em água

doce turva, futuro ambiente operacional do mergulhador de Engenharia (figura 16)

(CARLI, 1998).

Figura 16 - Cadetes de Engenharia realizando mergulho em água doce turva em 1999. Fonte: Linhares (2003, p.26).

Com a modernização do ensino ocorrida em toda estrutura educacional

ligada ao Departamento de Ensino e Pesquisa, houve nova reformulação dos PlaDis

no C Eng.

Segundo Linhares (2003), em 2001, o PlaDis contemplava para o assunto

“mergulho autônomo” uma carga horária de cinqüenta e duas horas. Dentro dessa

carga horária, ministravam-se instruções em que o Cadete recebia noções básicas

de vários aspectos ligados ao assunto, tais como: fundamentos, manutenção de

equipamentos, resgate de material, orientação e demolição subaquáticas. Na

atualidade, o C Eng ministra para os 3º

e 4º

anos uma carga horária de 50 horas,

abrangendo os mesmos temas do PlaDis de 2001, acrescidos do assunto

“planejamento de operações de mergulho” (BRASIL, 2006) (figura 17).

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Figura 17 - Cadetes de Engenharia realizando a reflutuação de um painel de passadeira em ambiente controlado. Fonte: http://www.aman.ensino.eb.br/ceng/atividades.htm. Acesso em: 22 abr. 2006.

Segundo Paiva (1997), o C Eng, ao assumir a responsabilidade pela atividade

de mergulho, sistematizou a instrução, estabeleceu novos parâmetros a serem

cumpridos pelos Cadetes em ordem crescente de dificuldade, ao mesmo tempo em

que estabeleceu critérios para a avaliação do desempenho. Dessa forma, ocorreu

melhora sensível no rendimento dos Cadetes na execução das técnicas de

mergulho.

Vale ressaltar que, em 2002, a AMAN, por iniciativa do C Eng, encaminhou

proposta ao escalão superior para que referido Curso fosse reconhecido como órgão

formador de mergulhadores de Engenharia. Tal proposta não teve uma resposta

afirmativa15.

De acordo com o Capitão Paulo da Silva Nogueira16, outro fato que merece

destaque é que o C Eng não recebeu, em 2004 e 2005, verbas para realizar a

manutenção ou para a aquisição de qualquer novo equipamento de mergulho,

apesar do uso intenso que faz dos que possui. A reposição de materiais em mau

estado tem sido garantida pelo Clube de Mergulho Autônomo (CMAut), que

contando com militares e equipamentos de mergulho do C Eng, vem ministrando

estágios de mergulho autônomo para o Corpo de Cadetes e para a família

acadêmica mediante indenização, o que possibilitou a aquisição de material de

mergulho, já que o Clube é uma entidade sem fins lucrativos.

15 Informação obtida pelo autor dessa tese quando foi instrutor do C Eng em 2003 e 2004. 16 Chefe da 1a

Seção do C Eng/AMAN.

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Pode-se concluir, pelos dados apresentados anteriormente, que a formação

de mergulhadores está implantada no Curso de Engenharia da AMAN, verificando-

se a nítida evolução ao longo dos anos, tanto no aspecto quantitativo como

qualitativo.

Porém, há de se ressaltar, que o C Eng não é reconhecido como órgão

formador de mergulhadores e que ainda, persiste a falta de uma doutrina que

operacionalize o emprego dos mergulhadores de Engenharia. Destarte, o maior

trabalho dos instrutores é a conscientização dos Cadetes para a importância do

mergulho como atividade técnica de Engenharia e a necessidade de um judicioso

emprego dos meios existentes em material e pessoal.

3.3.3.5.3 Escola de Sargentos das Armas (EsSA)

Em 1986 iniciaram-se os trabalhos relativos à atividade de mergulho naquele

EE, quando o Plano de Matérias do Curso de Engenharia destinava 02 horas para o

assunto “equipamento para mergulhador”. Somente em 1990 foi estabelecido o

objetivo de praticar o mergulho, além de que o aluno deveria ficar em condições de

descrever os princípios de mergulho e distinguir as partes componentes do

equipamento. De 1990 até os dias de hoje, a atividade sofreu um acréscimo de

carga horária passando de oito horas àquela época para 18 horas em 1998

(SIQUEIRA, 1998) e para 20 horas em 2007.

Pode-se afirmar que, apesar de pequena, a carga horária sofreu um

acréscimo considerável e o PlaDis passou a exigir dos alunos a execução do

mergulho, o que é fundamental para o incremento da atividade e para o

desempenho dos futuros sargentos em determinadas funções nas OM de

Engenharia de Combate.

3.3.3.5.4 Batalhão Escola de Engenharia (BEsEng)

Em dezembro de 1985 foi criado no então 1º

Batalhão de Engenharia de

Combate, atual BEsEng, o grupo de mergulho Villagran Cabrita, o qual visava a

manter os militares mergulhadores daquela OM adestrados na atividade. Na época o

Batalhão abrigava em seus quadros militares habilitados pelo CIAMA, Corpo de

Bombeiros do Rio de Janeiro e em empresas civis. Esse grupo foi reconhecido pela

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Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos, possuindo plano de

provas aprovado pela 1ª

Divisão de Exército (OLIVEIRA, 1999).

A atividade passou a ser praticada de forma sistematizada no âmbito da OM,

mesmo que sob a luz das normas para prática de mergulho da Marinha do Brasil.

Essa situação permaneceu até 1996, quando entrou em vigor a Portaria Ministerial

Nr 133, que restringiu a atividade na OM.

Em 2000, o Comando de Operações Terrestres (COTER) expediu a Portaria

Nr 001, que aprovava a diretriz para o planejamento das ações de implementação

de mergulho operacional nas Unidades de Engenharia. Esta Portaria vigorou nos

anos de 2000, 2001 e 2002, sendo automaticamente revogada em 31 de dezembro

de 2002. De acordo com citada portaria, em 2000, o BEsEng e o 3o

Batalhão de

Combate (3º

BEC) deveriam realizar treinamento específico para a atividade de

mergulho, sendo o ápice do cronograma estabelecido a realização de um estágio

avançado de mergulho, que foi realizado pelo BEsEng em 2001.

Tal Portaria tinha como anexo um plano de matérias que enfocava todos os

fundamentos a serem ministrados aos estagiários, perfazendo um total de 270 horas

de instrução. Tal plano, além das unidades didáticas (UD) comuns a todo o curso

básico de mergulho autônomo e semi-autônomo (dependente), possuía uma UD

tipicamente militar: o Emprego do Mergulho em Operação. Essa UD foi contemplada

com 42 horas diurnas e 15 horas noturnas de instrução, totalizando 57 horas de

atividade. Seus principais objetivos estavam relacionados com os trabalhos técnicos

de reconhecimento, organização do terreno (destruições e obstáculos) e a busca e

recuperação de material.

O BEsEng realizou o referido Estágio17 de mergulho no período de 02 de

julho a 31 de agosto de 2001, em conformidade com o as diretrizes COTER. No

relatório produzido pela 3a

Seção da OM, pôde-se constatar a necessidade de

aperfeiçoamentos no Plano de Matérias, principalmente por esse omitir o assunto

tabelas de descompressão. Assim sendo, segue a transcrição da conclusão do

referido relatório:

17 Ordem de Instrução Nr 013 – S/3 do Batalhão Escola de Engenharia, de 22 de junho de 2001 Estágio de Especialização de Mergulho, assinada por Renato Marcos – Ten Cel Eng QEMA Comandante do BEs Eng - SANTA CRUZ, RJ.

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...concluímos que o BEsEng encontra-se em condições de realizar o Estágio Avançado de Mergulho (3ª

Fase) para as OM de Engenharia que

possuam a função de mergulhador em seus Quadros de Cargos Previstos (QCP), conforme prevê a Portaria 001-COTER, de 05 Jan 00 e quaisquer outras atividades de mergulho, no âmbito do Exército.

Desta forma, entendemos que o prosseguimento das atividades de mergulho, realizadas no BEsEng, permitirá que muito brevemente a Força Terrestre não necessitará realizar cursos na Marinha do Brasil ou nas organizações das Policias Militares. (BEsEng, 2001, p.518)

O último evento expressivo relacionado ao mergulho militar, para a Arma de

Engenharia, foi a realização do estágio de mergulho, em 2001, no BEsEng. Após

isso, a OM não mais realizou qualquer atividade relativa à portaria do COTER.

3.3.3.5.5 Atividades recentes e atuais

Cabe ressaltar que o Plano Diretor do Exército 2003/2007, em seu Livro 1,

aprovado pela Portaria n° 327- Gabinete do Comandante do Exército (Gab Cmt Ex),

de 24 de junho de 2003, afirma-se que:

O PDE é o instrumento que permite planejar e executar, no campo administrativo, as medidas que objetivam satisfazer as solicitações derivadas dos Planejamentos do Emprego e do Preparo Operacional e outros constantes do Sistema de Planejamento do Exército (SIPLEx), mediante a definição, obtenção e manutenção dos meios eficazes para alcançar uma situação desejada.

Em consonância com o PDE, no anexo 1 do capítulo IV - anexo 2d, Tabela

de Níveis de Completamento - relação dos materiais de emprego militar essenciais

para a Engenharia, foram destinados 06 equipamentos de mergulhador autônomo

para os Batalhões de Engenharia de Combate e BEsEng, além de 02 equipamentos

de mergulhador autônomo para as Companhias de Engenharia de Combate.

Ressalta-se que todas essas OM foram contempladas com 01 compressor

de ar de alta pressão para o referido equipamento. Em se confirmando essa

distribuição de material, a Engenharia de combate terá aumentada em muito sua

capacidade subaquática.

18 Relatório Nr 014-S/3 do Batalhão Escola de Engenharia – Relatório do Estágio de Especialização de Mergulho - Santa Cruz, RJ, 06 de novembro de 2001, assinada por Renato Marcos – Ten Cel Eng QEMA Comandante do BEs Eng.

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Em julho de 2004, durante a realização do IV Seminário de Engenharia, em

Brasília-DF, o assunto mergulho passou praticamente despercebido, ante a gama de

complexas e importantes decisões a serem tomadas para o futuro da Arma. Mesmo

assim, naquele encontro, decidiu-se manter no Quadro de Dotação de Material

(QDM) da Companhia de Engenharia de Força de Paz (Cia E F Paz) a dotação de

03 equipamentos de mergulho autônomo completos e de 01 conjunto de compressor

para recarga de equipamento de mergulho autônomo (BRASIL, 2004).

Assim sendo, coerentemente com essa decisão, o Seminário concluiu pela

necessidade da existência de pessoal qualificado em mergulho na Cia E F Paz,

demonstrando a importância e atualidade do tema.

Por fim, ressalta-se que na atualidade encontra-se em estudos na Diretoria

de Extensão e Especialização (DEE) a criação de um curso de mergulho autônomo

para a os integrantes da Arma de Engenharia, a funcionar na Seção 7 - Engenharia,

da Escola de Instrução Especializada. O projeto inicial desse curso, concebido em

2005, consiste de sete módulos didáticos, desenvolvidos em dez semanas de

instrução em jornadas de quarenta horas semanais 19.

O currículo do curso abrangeria os seguintes módulos: módulo teórico de

mergulho autônomo; e módulo prático de mergulho autônomo, que englobaria,

dentre outros assuntos, as seguintes técnicas: salvamento e primeiros-socorros;

mergulho com baixa visibilidade; mergulho embarcado; mergulho em correnteza e

mergulho confinado. Além disso, seria abordado o planejamento do mergulho e

realizada a adaptação ao mergulho semi-autônomo; módulo de manutenção de

equipamentos de mergulho; módulo de emprego tático do mergulho e; módulo de

mergulho operacional de Engenharia, constituído de busca e recuperação de

materiais/corpos; demolição e desativações subaquáticas; inspeções; corte e solda

subaquáticos e a realização de reconhecimentos subaquáticos especializados.

3.3.4 Considerações finais

Ao término do século XX a estrutura do mergulho militar no Brasil

encontrava-se bastante definida para a MB e para a FAB. No início do século XXI,

tanto as Forças Especiais e a Arma de Engenharia do Exército Brasileiro, principais

19 Esses documentos são minutas entregues ao Diretor de Especialização e Extensão.

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74

interessados nessa atividade especial, estão buscando delimitar seus espaços e

atribuições.

O CIOpEsp já conta, ainda que de maneira experimental, com um cursos de

mergulho que atendem às necessidades das tropas de Forças Especiais (F Esp). A

Engenharia, que dos fins dos anos 80 do século XX até a presente data evoluiu de

maneira acentuada, ainda não traçou os rumos que deseja para a atividade especial

de mergulho.

Esforços estão sendo realizados nesse sentido, a começar pela

implementação de um curso de mergulho na Escola de Instrução Especializada

(EsIE), o que poderá dar um salto de qualidade na formação dos recursos humanos

e na formulação e validação da doutrina de emprego da atividade.

3.4 O MERGULHO NA MARINHA DO BRASIL

3.4.1 Generalidades

Segundo Paiva (1997), a atividade de mergulho está estruturada na Marinha

do Brasil em duas categorias distintas, de acordo com sua finalidade. A primeira tem

por objetivo a execução de operações de combate; a segunda destina-se à

execução de atividades das funções logísticas Manutenção e Salvamento.

3.4.2 Comando da Força de Submarinos (ComForS)

A Força de Submarinos é uma Organização Militar da Esquadra brasileira

destinada ao trato dos assuntos de submarino e mergulho. O Comando da Força de

Submarinos é o comando superior dos Submarinos, da Base Almirante Castro e

Silva (BACS), do Centro de Instrução Almirante Áttila Monteiro Aché, do Grupamento

de Mergulhadores de Combate e do Navio de Socorro Felinto Perry (figura 18)

(CAPETTI, 2005).

De acordo com o manual ComForS 263 - Normas para a Atividade de

Mergulho (2005), o Comando da Força de Submarinos tem por missão, no que

concerne à essa atividade:

o controle da atividade especial de mergulho na MB;

o estabelecimento das diretrizes para formação de pessoal;

o desenvolvimento da técnica,

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a manutenção do adestramento;

a catalogação de material;

o pagamento do adicional de compensação orgânica.

Figura 18 - Organograma do ComForS. Fonte: https://www.mar.mil.br/forsub/subordinacao.Acesso em: 11 set. 2006.

Além disso, o ComForS também possui as seguintes atribuições

(www.mar.mil.br, 2006):

garantir o aprestamento dos meios subordinados;

assessorar no estabelecimento da doutrina de emprego e estabelecer a

doutrina de condução de meios subordinados;

manter atualizados os conhecimentos, normas e procedimentos

referentes à atividade de mergulho na MB;

dirigir a faina, quando determinado, a fim de contribuir para a eficácia

do emprego dos meios navais subordinados na aplicação do Poder

Naval .

3.4.2.1 Base Almirante Castro e Silva (BACS)

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A BACS é a Base Naval destinada ao apoio das atividades de submarinos e

mergulho. Sua missão é apoiar os submarinos a fim de mantê-los operando.

Atualmente, a BACS é uma OM Prestadora de Serviço Industrial,

subordinada ao comando da Força de Submarinos, devendo apoiar,

administrativamente, o COMFORS e suas OM subordinadas, prover serviços de

manutenção e reparos de 2º

escalão aos seus navios subordinados e,

subsidiariamente, aos demais navios da MB. Além de prover serviços de escafandria

e de medicina hiperbárica, contribui para o aprestamento dos meios navais e para a

manutenção das OM subordinadas ao COMFORS. Secundariamente, a BACS

atende aos pedidos de serviços industriais e de mergulho de Organizações Militares

da MB no Rio de Janeiro e de outras localidades (CAPETTI, 2005).

A BACS possui um Departamento de Mergulho, que tem a capacidade de

cumprir as seguintes missões:

serviços de manutenção e reparos de navios: inspeções submarinas

(com fotografias e filmagens); limpeza de casco; tamponamentos e

bujonamentos; reparo e/ou substituição de peças;

serviço de socorro e salvamento: busca; procura; reflutuação; auxílio à

vida humana e resgate em alto mar; e

demolição submarina e de superfície: desobstrução de canais com

emprego de explosivos, por drenagem, por corte elétrico (corte e

retirada de barcos ou navios soçobrados); afundamento controlado de

cascos de navios com emprego de explosivos e desativação de

artefatos explosivos subaquáticos.

3.4.2.2 Navio de socorro submarino Felinto Perry

De acordo com Capetti (2005), o navio de socorro submarino é uma

embarcação especialmente projetada para realizar operações de salvamento de

submarinos que sofrem acidentes durante operações e ficam impossibilitados de

retornar à superfície. Além disso, apóia as atividades de instrução do CIAMA e de

mergulho profundo (até 300m), esta última, com a finalidade de contribuir para a

segurança das operações de submarinos e de mergulho, e para a manutenção das

condições operativas do pessoal e dos meios da Força de Submarinos.

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Esse navio conta com um sino de salvamento (câmara especial que pode

ser baixada até o submarino sinistrado, nele se acoplando e permitindo a retirada do

seu pessoal), com equipamentos e pessoal qualificado em mergulho a ar

comprimido e a mistura hélio-oxigênio20 (figura 19) (CAPETTI, 2005).

Figura 19 - Foto do Navio K11, FELINTO PERRY, atracado ao cais da BACS. Fonte: http://paginas.terra.com.br/relacionamento/submarinosdobr/navsoc.htm. Acesso em: 11 set. 2006.

3.4.2.3 Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC)

O GRUMEC é a Unidade da Força de Submarinos que possui organização,

adestramento e equipamento para conduzir operações especiais. Composta por

mergulhadores de combate selecionados e adestrados, com condicionamentos físico

e psicológico adequados, destina-se ao exercício de atividades complexas em

ambiente de risco elevado (figura 20) (PAIVA, 1997).

Figura 20 - Brasão do GRUMEC. Fonte: http://www.acrtecnologia.com.br/clubedomergulhador. Acesso em: 16 abril 2006.

20 Técnica que permite aos mergulhadores descerem a maiores profundidades.

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Entre as muitas missões que os mergulhadores de combate podem

desempenhar em meio marítimo ou próximo da costa nos dias atuais estão

(Siqueira, 1998; Comando de Operações Navais - 310 A, 1995 - ComOpNav-310,

1995):

limpeza de portos, canais de acesso, minas e destroços;

abertura e demarcação de canais;

demolição de obstáculos e minas existentes em praias, antes e após os

desembarques anfíbios;

demolições durante uma retirada;

detecção e desativação de engenhos explosivos convencionais e

improvisados; bem como localizar e destruir minas e abrir canais em

campos minados;

ataques de sabotagem, interdição e diversionários contra navios (com

minas imantadas, de retardo, que são presas aos cascos), instalações

portuárias, pontes, diques, comportas, defesas costeiras, plataformas

petrolíferas, refinarias, terminais de petróleo e outras instalações de

interesse em áreas de ambiente marítimo ou ribeirinho;

reconhecimento e vigilância de praias, rios, canais e portos;

apoio a operações de guerra anfíbia. Essas operações têm, nos

mergulhadores de combate, elementos indispensáveis. Entre as

informações vitais para um desembarque bem-sucedido está o

conhecimento preciso do gradiente (inclinação) da praia escolhida, a

partir de uma profundidade de cerca de sete metros até a vegetação

que circunda a areia. A carta a ser preparada pela patrulha de

reconhecimento também deve contar com dados sobre o tipo de solo

(areia, pedra, lama, etc) obstáculos naturais e artificiais, minas e a

existência de edificações e habitantes da área. Igualmente importante

será a avaliação das forças de oposição, o que deve ser feito sem que

os mergulhadores de combate entrem em contato com o inimigo

(embora estejam, sempre, fortemente armados para um possível

confronto);

apoio a operações C-SAR;

resgate de prisioneiros em áreas inimigas;

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condução de reconhecimentos, vigilância e outras tarefas de coleta de

inteligência, incluindo captura de pessoal (seqüestro de pessoal

selecionado);

buscas subaquáticas;

patrulhas de segurança;

ações de contra-terrorismo e resgate de reféns;

coletar informações de partes submersas de navios inimigos em

potencial;

infiltrar e retirar de território inimigo agentes sabotadores;

emboscar e interditar linhas de comunicação e suprimento inimigos em

rios e canais;

contribuir para o adestramento de defesas de portos e plataformas, de

Unidades e estabelecimentos navais, figurando como inimigo;

contribuir para a segurança de unidades navais e estabelecimentos,

protegendo locais sensíveis; e

auxiliar na recuperação de mísseis, armamentos, submarinos e

engenhos especiais; entre outras.

Para a realização de suas missões, evoluindo basicamente a partir do mar,

os mergulhadores de combate usam os mais variados meios de transporte. Os

submarinos são usados há muito tempo para operações especiais, levando os

mergulhadores até a área de operações de forma discreta. Os mergulhadores de

combate também podem ser inseridos próximos a seus objetivos por navios de

superfície, veículos terrestres, aeronaves, pára-quedas ou barcos, o que lhes

proporciona uma grande flexibilidade de emprego (PAIVA, 1997).

Os Mergulhadores de Combate (MEC) estão organizados, adestrados e

equipados para o desembarque e infiltração através de praias hostis, águas restritas

ou áreas ribeirinhas. Seu adestramento inclui a prática de natação utilitária;

mergulho com todos os tipos de equipamentos; orientação e navegação; guerrilha e

contraguerrilha; ações antiterroristas; sobrevivência em qualquer ambiente; uso de

explosivos; combate corpo-a-corpo; pára-quedismo e o uso dos mais diversos tipos

de armas (figura 21).

Empregado equipamentos de mergulho silenciosos e discretos, uma vez que

não desprendem bolhas, os MEC aproximam-se de seus objetivos sem serem

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percebidos. Essa característica permite aos MEC obter a iniciativa das ações e

surpreender o oponente, sendo a discrição e o sigilo características presentes em

todas as suas operações (PAIVA, 1997).

Figura 21 - MEC instalando uma mina imantada em um casco de navio. Fonte: http://www.tropaselite.com.br/mergulhadores de combate. Acesso em: 26 set. 2005.

Dentre outros eventos, que incluem o intercâmbio com mergulhadores de

combate de Marinhas amigas, os MEC da Marinha do Brasil têm participado em

todas as Operações Anfíbias da Esquadra; apoiado o lançamento de torpedos e

mísseis; realizado exercícios de ataques a navios; participado de Operações

Ribeirinhas, tanto na Amazônia, quanto no Pantanal Mato-grossense; executando

exercícios de retomada de navios, plataformas de petróleo e de resgate de reféns; e

conduzido testes com armamento submarino, além de operar em operações

combinadas.

Além do GRUMEC, o Batalhão de Operações Especiais do Corpo de

Fuzileiros Navais também utiliza o mergulho em operações especiais, executando

infiltração submersa em proveito de ações de reconhecimento, apoiando a Força de

Desembarque ou Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais em operações

anfíbias e ações de comandos.

Acrescenta-se, ainda, que como missão adicional de mergulho, esse

Batalhão apóia as OM subordinadas à Força de Fuzileiros da Esquadra nas

operações e exercícios de travessia com Carro Sobre Largata Anfíbio (CLAnf) e em

transposições de cursos d’água com meios blindados (PAIVA, 1997).

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3.4.3 Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA)

O CIAMA (figura 22) tem o propósito de capacitar pessoal para o exercício

de cargos e funções relacionadas com as atividades de submarinos, mergulho e

operações especiais. Para isso, realiza cursos de formação, especialização e

aperfeiçoamento nessas áreas, além de medicina submarina, para Oficiais e Praças

da Marinha do Brasil e de outras Forças Armadas e Forças Auxiliares, estando,

ainda, disponíveis diversos cursos para civis nas áreas de mergulho e medicina

submarina.

Figura 22 - Brasão do CIAMA. Fonte: https://www.mar.mil.br/ciama/index brasao. Acesso em: 15 jul. 2006.

Além disso, desenvolve estudos e pesquisas de novas técnicas para

aplicação na instrução e no adestramento; e realiza testes e pesquisas hiperbáricas.

Dentre os cursos oferecidos pelo CIAMA, relacionados com a atividade

especial de mergulho, pode-se enumerar: escafandria; mergulhador autônomo;

demolição submarina; mergulho a ar com equipamento dependente; corte e solda

submarina; fotografia submarina; mergulho saturado; supervisão de mergulho

profundo; desativação de artefatos explosivos; salvamento para mergulhadores;

mergulhador de combate; mergulho autônomo com circuito fechado; medicina de

submarino e escafandria; emergências médicas para mergulhadores; emergências

em medicina submarina; medicina no mergulho saturado e enfermagem em

medicina hiperbárica.

Para cumprir sua missão, o CIAMA está estruturado em três departamentos:

Departamento de Ensino de Mergulho, Departamento de Operações Especiais e

Departamento de Ensino de Submarino. Conta ainda com os seguintes simuladores

na área de mergulho (FERRO, 2003):

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1) Tanque de Instrução de Mergulho (TIM) é destinado a proporcionar os

primeiros contatos dos alunos, em ambiente controlado, com os

equipamentos de mergulho e ao desenvolvimento prático de exercícios,

testes e adestramentos de superfície e submersos;

2) Tanque de Treinamento de Mergulho (TTM) que tem a finalidade de

proporcionar aos alunos a aprendizado das técnicas de corte e solda

submarinas utilizando o equipamento dependente, além de diversos

trabalhos práticos submersos;

3) Tanque de Treinamento de Salvamento de Submarino (TTTS). Esse

tanque, com vinte metros de profundidade, permite a simulação de um

salvamento submarino em várias profundidades. Além disso, permite o

treinamento de diversos procedimentos de mergulho, como a

realização de subidas de emergência. Dispõe, ainda, de uma câmara

de recompressão no piso superior, destinada a ser empregada em

caso de uma anomalia apresentada durante os adestramentos.

O autor desta tese acha necessário fazer constar que esses simuladores são

utilizados em testes e provas específicas durante os cursos de mergulho, já que o

CIAMA, estando localizado na Baía da Guanabara - Ilha do Mocanguê, conta com

uma grande área de cais e praia, onde a maior parte dos exercícios de mergulho são

realizados.

O CIAMA conta, ainda, com um Centro Hiperbárico. Inaugurado em 13 de

março de 1989, resultado de convênio firmado entre a Marinha do Brasil e a

Petrobras, o Centro Hiperbárico é o instrumento que permite ao Brasil realizar o

preparo e o adestramento de pessoal nas técnicas de mergulho de saturação,

pesquisas e desenvolvimento em medicina hiperbárica, além da efetivação de

experimentos e testes hiperbáricos em materiais e engenhos submarinos. Por

intermédio deste Centro, o Brasil conseguiu, em pouco tempo, o domínio da

complexa tecnologia do mergulho profundo em geral, fato alcançado por poucos

países no mundo.

3.4.3.1 Departamento de Ensino de Mergulho (DEM)

O DEM tem por atribuições a formação de militares e civis nas técnicas de

mergulho a ar, de mergulho saturado e desenvolver procedimentos que visem a

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aumentar a segurança do mergulhador e a análise de novos equipamentos, que

propiciem melhores resultados na condução de atividades de mergulho e de

salvamento (FERRO, 2003).

Em diversos cursos são alocadas vagas para civis que, se encaminhados

por entidades e sindicatos contribuintes do Fundo de Ensino Profissional Marítimo,

têm prioridade de matrícula sobre os demais e isenção de pagamento (FERRO,

2003).

Para a realização dos cursos ministrados pelo DEM, o militar deverá estar

apto em uma série de exames e testes, a saber: exame psicológico, exame médico,

teste da câmara de recompressão realizado no CIAMA a uma profundidade

correspondente a 60 (sessenta) pés, cerca de 18 (dezoito) metros; e testes físicos

que incluem corrida, natação e apnéia (dinâmica e estática).

Dentre os cursos que são de responsabilidade do DEM, destacam-se os de

escafandria, mergulho autônomo, desativação de artefatos explosivos e medicina de

submarino e escafandria.

O curso de escafandria (figura 23), com duração de 29 (vinte e nove)

semanas, tem por finalidade preparar o pessoal para operar equipamentos de

mergulho, ferramentas, equipamentos de corte e solda, explosivos e embarcações

específicas, bem como conhecer as técnicas necessárias ao desempenho das

tarefas previstas para o escafandrista no salvamento de navios, desobstrução de

portos, reparos e construções submarinas e levantamentos expeditos de praia.

Figura 23: Distintivo do curso de escafandria. Fonte: https://www.mar.mil.br/ciama/index_cursos. Acesso em: 10 set. 2006.

Segundo Capetti (2005), na MB os Escafandristas (EK) realizam as

chamadas atividades de mergulho de emprego geral, relacionadas com as funções

logísticas Manutenção e Salvamento. Essas atividades, realizadas pelos Grupos de

Mergulho da MB, são:

recuperação de objetos submersos perdidos;

salvamento de material e embarcações acidentadas e afundadas;

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mergulho em águas poluídas;

corte e solda submarina;

demolições submarinas;

resgate de vítimas em naufrágios;

resgate de corpos submersos;

limpeza de cascos.

Paiva (1997), aponta ainda:

reparo de instalações;

inspeções em estruturas ou em instalações submersas;

auxílio à manutenção e reparo de meios flutuantes;

auxílio às fainas de docagem e desdocagem de navios;

auxílio no reboque de alvos;

auxílio à manutenção de sinalização náutica;

apoio às atividades da força de minagem e varredura;

apoio à pesquisa arqueológica e à pesquisa científica;

realização de serviços de desativação de artefatos explosivos;

instrução e adestramento em mergulhos, com misturas respiratórias

artificiais;

adestramento das tripulações dos submarinos nos procedimentos

padrão para salvamento individual;

reflutuação de submarino avariado no fundo;

atendimento de mergulhos a grande profundidade ou que necessitem

apoio de navio;

auxílio às fainas de desencalhe de embarcações de desembarque;

fainas específicas relativas à guerra com minas e;

outros trabalhos submarinos.

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Segundo Capetti (2005), os EK utilizam-se desde o mergulho livre até o

emprego de vestes e equipamentos especiais, apropriados à cada situação, tais

como “aqualang”, roupas secas e roupas molhadas, escafandros, sinos, câmaras de

descompressão, habitat para mergulho saturado, etc, podendo mergulhar com ar ou

com mistura de gases.

Após a conclusão do curso, os EK poderão ser classificados nos Grupos de

Mergulho dos Distritos Navais, da Esquadra, do Comando da Força de Minagem e

Varredura, do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro e do Centro de Instrução e

Adestramento Aeronaval (PAIVA, 1997).

Já o curso de mergulhador autônomo, com a duração de 5 semanas, tem

por objetivo qualificar em mergulho com equipamento autônomo de circuito aberto

para a execução de trabalhos tais como: procura e recuperação de objetos;

pesquisa e inspeções; pequenos reparos em obras vivas de materiais flutuantes,

operações diversas que requeiram o uso de equipamentos autônomos e operações

de câmara de recompressão sob supervisão médica.

Outro curso ministrado pelo DEM é o curso expedito de desativação de

artefatos explosivos, com 9 semanas de duração. Esse curso tem por objetivos

suplementar a habilitação técnico-profissional dos oficiais e praças cursados em

Mergulho e Mergulho de Combate, de modo a capacitá-los a planejar e executar

operações de procura, identificação, desativação e destruição de artefatos

explosivos de uso corrente na MB, armadilhas e artefatos não convencionais.

Além disso, o CIAMA é responsável por conduzir o Adestramento de

Escafandria, com a duração de 10 dias úteis, que tem por finalidade adestrar oficiais

e praças já qualificados (escafandristas e mergulhadores) no uso das técnicas e

equipamentos empregados nas operações de mergulho. Do adestramento consta

uma parte prática, na qual são realizados exercícios reais de mergulho autônomo,

mergulho dependente, demolição e corte e solda submarina.

3.4.3.2 Departamento de Operações Especiais (DOE)

Criado em 1996, tem como objetivo principal formar Oficiais e Praças da

Marinha como Mergulhadores de Combate (figura 24), capacitando-os a executar

tarefas especiais e diversas, tais como: reconhecimento, ações diretas e contra-

terrorismo.

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Os Mergulhadores de Combate realizam atividades destinadas a levar a

guerra ao campo inimigo. Essa especialidade exige dos mergulhadores o constante

exercício da coragem, da inteligência, do vigor físico e do preparo psicológico

(CAPETTI, 2005).

Para a realização dos cursos ministrados pelo DOE, o militar deverá estar

apto na mesma série de exames e testes necessários para a realização dos cursos

de mergulho.

Dentre os cursos que são de responsabilidade do DEM, destacam-se o de

mergulhador de combate e o de mergulho autônomo com circuito fechado.

O curso de mergulhador de combate, com a duração de 32 semanas, tem

por objetivo habilitar pessoal para operar equipamentos de mergulho, armamento,

explosivos, utilizar técnicas e táticas para guerra não convencional e conflito de

baixa intensidade, além de capacitar para as operações previstas no Manual de

Operações Especiais da Marinha do Brasil. Vale destacar que durante o curso os

alunos são testados física e psicologicamente.

Figura 24 - Distintivo do curso de mergulhador de combate. Fonte: https://www.mar.mil.br/ciama/index_cursos.html Acesso em: 10 set. 2006.

Já o curso expedito de mergulho autônomo com circuito fechado, com a

duração de 04 (quatro) semanas, tem por finalidade suplementar a habilitação

técnico-profissional dos Oficiais e Praças do Corpo de Fuzileiro Navais (CFN),

Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira, para executarem as técnicas de

mergulho autônomo de circuito fechado, necessário ao emprego nas missões de

Operações Especiais.

3.4.3.3 Departamento de Ensino de Submarino (DES)

A sofisticação crescente da guerra submarina exige tripulações altamente

profissionais e preparadas. Para atender a essas necessidades, o CIAMA conta com

o Departamento de Ensino de Submarinos (DES), setor responsável pela formação

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e adestramento de submarinistas. Para a consecução de suas tarefas o DES é

constituído de duas divisões: a de Ensino de Submarinos e a de Simuladores. A

Divisão de Ensino de Submarinos é a responsável pelos diversos cursos e

adestramentos ministrados e a Divisão de Simuladores é a responsável pela

operação dos vários Simuladores do Centro.

3.4.4 Considerações finais

A Marinha do Brasil possui uma estrutura de mergulho muito bem definida,

englobando os dois ramos dessa atividade especial: o mergulho de combate, voltado

para as operações especiais; e o mergulho de emprego geral, voltado para atender

as necessidades das funções logísticas Manutenção e Salvamento.

O mergulho na MB conta, ainda, com um centro de instrução de renome, o

CIAMA, que ministra cursos tanto para militares como para civis. Este centro dedica-

se a conduzir, pesquisar e atualizar as atividades de mergulho dentro da Força,

proporcionando à MB um grande legado de experiências nessa atividade especial.

Diferentemente do EB, a Força Naval possui um campo muito amplo no que

se refere ao emprego de mergulhadores, pelo fato de suas atividades estarem

intimamente relacionadas com os mares e rios de grande vulto. Infere-se, então, que

a Engenharia, que tem parte de suas atribuições voltadas para o ambiente aquático,

poderá valer-se da grande experiência acumulada no CIAMA e nos Grupos de

Mergulho da MB para uma melhor capacitação operacional de seus recursos

humanos, visando ao incremento da atividade de mergulho nas operações militares.

3.5 O MERGULHO NO EXÉRCITO ARGENTINO

3.5.1 Histórico

Com o objetivo de desenvolver a capacidade anfíbia da instituição, o

Exército Argentino delegou à sua Arma de Engenharia a responsabilidade de

capacitar parte de seus integrantes para a execução de tarefas específicas que

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possibilitassem a projeção da Força Terrestre através e ao longo de cursos de água,

áreas lacustres interiores e, eventualmente, em zonas do litoral (BENDINI, 2004)21.

Ao finalizar a II Guerra Mundial e ante as importantes ações empreendidas

pelos homens-rã, o Exército decidiu capacitar seu pessoal nessa nova

especialidade. No ano de 1948, um oficial e dois sargentos de Engenharia

participaram, pela primeira vez, de um curso de mergulho, ministrado pela Marinha

Argentina, no Centro de Instrução e Adestramento de Salvamento e Mergulho, na

Base Naval de Mar del Plata. A capacitação de pessoal prosseguiu sendo realizada

dessa forma até 1952, ano em que foi implementado pelo Exército o primeiro curso

de mergulho, ministrado no Batalhão de Sapadores Pontoneiros de Grandes Rios,

com uma posterior especialização na Marinha. A partir de 1955, o curso de mergulho

passou a ser ministrado integralmente pelo Exército, com duração de quatro meses.

Tempos depois, mediante a criação da Companhia de Sapadores Anfíbios,

orgânica do mencionado Batalhão, deu-se o passo seguinte na busca do

desenvolvimento dessa atividade especial. A subunidade reuniu a totalidade dos

mergulhadores autônomos, antiga denominação dos atuais Buzos de Ejército22

(BENDINI, 2004).

Ao princípio dos anos sessenta, construiu-se o primeiro tanque para

atividades subaquáticas e criou-se a Escola de Mergulho, no Agrupamento de

Engenheiros Anfíbios 601, atual Batalhão de Engenheiros Anfíbios 121.

Até 1976 a capacitação como mergulhador estava limitada ao pessoal da

Arma de Engenharia, porém, em 1977, o Exército Argentino decidiu se deveria

incluir os membros das demais Armas.

Conforme o RFP-64-01(2001) em 1978, a responsabilidade pela execução

do curso passou para a Escola da Arma de Engenharia, tendo sido criada uma

Seção de Mergulho, cuja missão era capacitar Oficiais e Praças das Armas como

Buzos de Ejército.

Com a mudança de local da Escola de Engenheiros, ocorrida há cerca de

dez anos, o curso de formação de mergulho passou a ser ministrado no Batalhão de

Engenheiros Anfíbios 121, Unidade que incorpora como elemento orgânico a

Companhia Buzos de Ejército.

21 General Roberto Fernando Bendini, Chefe de Estado-Maior e General de Exército Argentino - Mensaje del jefe del Estado Mayor General del Ejército con motivo de conmemorarse el día del buzo de Ejército, 16 de noviembre de 2004. 22 Mergulhadores do Exército.

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A partir de então, deu-se um grande impulso ao desenvolvimento da

atividade, graças a dois aspectos centrais. Em primeiro lugar, iniciou-se a

elaboração de uma doutrina de emprego para a atividade. Em segundo lugar,

começou-se a ministrar o curso de capacitação de mergulhador do Exército para

soldados voluntários (BENDINI, 2004).

Desde o final do século XX, e como parte de um programa de intercambio do

Exército, militares dos exércitos da Bolívia, do Uruguai, do Paraguai e do Chile têm

participado desse curso. Dessa mesma forma, Oficiais e praças do Exército

Argentino realizam curso de mergulho na Espanha. Deve-se mencionar ainda, a

realização de exercício de adestramento avançado com mergulhadores do exército

do Canadá, a tradicional Operação Roguish Buoy (CALDERÓN & CÁMARA, 2001).

Cabe destacar, também, a participação de mergulhadores do Exército em

cursos de formação de pára-quedista militar e de “Cazador de Monte”, o que

contribui para o desenvolvimento das capacidades e a para a busca de auto-

suficiência tática da Companhia de Buzos de Ejército. Isso permite ao comando da

Força Terrestre da Argentina dispor de um elemento especialmente apto para operar

em ambientes geográficos particulares, caracterizados pela presença de grandes

espelhos d’água e também para integrar as forças de ação rápida (BENDINI, 2004).

Os Buzos de Ejército, nascidos da Arma de Engenharia, foram empregados

em situações reais em numerosas oportunidades desde a sua criação. Em 1982,

durante a Guerra das Malvinas, o então Agrupamento de Engenheiros Anfíbios 601

deslocou um grupo de mergulhadores para as Ilhas Malvinas e destacou pessoal

para integrar a Companhia de Comandos 602, também empregada no citado

arquipélago, que tiveram uma atuação destacada durante o conflito (BENDINI,

2004).

Além disso, os mergulhadores do Exército participam ativamente em

emergências sociais. Destaca-se a participação da Companhia de Buzos de Ejército

no apoio à comunidade, realizado durante as inundações que afetaram a cidade de

Santa Fé, no ano de 2003.

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90

3.5.2 Formação de Pessoal

3.5.2.1 Curso de formação de Buzo de Ejército

3.5.2.1.1 Finalidades e objetivos

O curso de formação de Buzo de Ejército (figura 25), segundo a CM – 037-

DIRECTIVA PARA EL CURSO DE FORMACIÓN DE BUZO DE (2002), tem por

finalidades incrementar o número de mergulhadores no círculo dos Oficiais

subalternos; capacitar militares para conduzir e/ou integrar frações e/ou elementos

de mergulho, desde o menor nível (esquadra e grupo) até o nível pelotão de

mergulho; além de capacitar nessa atividade especial militares de exércitos de

países amigos.

Figura 25 - Distintivo do curso de Buzo de Ejército. Fonte: http://www.binganf121.ejercito.mil.ar/sitio/paginas/cursos.htm. Acesso em: 31 ago. 2006.

No domínio cognitivo, o curso de formação de Buzo de Ejército tem por

objetivo proporcionar aos Oficiais um conhecimento técnico e tático profundo para

planejar e conduzir operações executadas no meio aquático, empregando materiais

e equipamentos de mergulho. Já para as praças, o objetivo é proporcionar profundos

conhecimentos técnicos e tácticos para desempenhar diversas funções em

operações levadas a cabo no meio aquático, empregando materiais e equipamentos

de mergulho.

No que se refere ao campo psicomotor, o curso objetiva proporcionar a

prática nas destrezas, técnicas e procedimentos que permitam ao aluno submergir,

deslocar e sobreviver em meio aquático.

Já no campo afetivo, o curso conduz os alunos a situações de progressiva

complexidade e exigência psicofísica, que materializam as características das

operações realizadas pelos Buzos de Ejército (isolamento em um meio antinatural,

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com limitado apoio de sua própria unidade), para neles desenvolver suas reais

aptidões psicológicas.

3.5.2.1.2 Condições de Admissão

CM – 037- Directiva Para El Curso de Formación de Buzo de Ejercito (2002)

dispõe que o universo de seleção para o curso abrange os Oficiais subalternos de

todas as Armas, além de Oficiais médicos, enfermeiros e especialistas em educação

física. Para as praças o curso será realizado por militares na graduação de cabo ou

sargento das Armas ou auxiliares de enfermagem e mecânicos de Engenharia. Além

disso, os soldados voluntários que sirvam no Batalhão de Engenharia Anfíbio 121

também podem freqüentar o curso, desde que existam claros e sejam cumpridas

todas as exigências necessárias.

Para a realização do curso o militar será submetido a exames de admissão

que constam das seguintes provas: exame intelectual, exames físicos e exames

médicos. As provas são realizadas de maneira contínua, em um único dia, havendo

apenas um intervalo de tempo necessário para a alimentação dos militares inscritos.

O exame intelectual não será causa de eliminação direta, mas será levado

em conta para o preenchimento das vagas disponíveis para o curso. Consta dos

seguintes assuntos: combate anfíbio (emprego da Força Terrestre, emprego da

Engenharia e patrulhas), comunicações, demolições, física (leis e princípios dos

gases e líquidos), geografia militar aplicada (leitura de cartas), obstáculos.

O exame físico consiste na execução de um teste de aptidão física e de

provas de natação. As provas de natação, de caráter eliminatório, são as seguintes:

500 metros de nado estilo crawl (sem interrupção);

deslocamento subaquático em apnéia de 25 metros (sem interrupção);

01 minuto de apnéia estática;

15 minutos de flutuação livre;

02 saltos da plataforma de 5 metros.

O postulante deverá saber que essas exigências são básicas para a

matrícula e que a direção do curso confeccionará uma listagem com os militares em

ordem de mérito para o ingresso, favorecendo aqueles com melhores rendimentos

em tempos de natação, maiores tempos de apnéia, maiores distâncias percorridas

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no deslocamento subaquático e os maiores graus no exame intelectual, nessa

prioridade.

Essa listagem em ordem de mérito será obedecida para o preenchimento

das vagas existentes, tomando-se em conta o número percentual que corresponda

para cada Arma ou Especialidade.

Todos os postulantes deverão comparecer aos exames físicos e intelectual

com os seguintes exames médicos:

exame clínico;

eletrocardiograma de esforço;

radiografia do tórax;

radiografia lumbo - sacra, frente e perfil;

radiografia dos seios da face (frontais e paranasais);

espirometria (teste que permite aferir o fluxo de ar nas vias aéreas);

audiometria;

exame de labirintite;

exame psiquiátrico;

hemograma, eritrosedimentacão, dosagem de uréia, dosagem de

glicose;

eletroencefalograma.

3.5.2.1.3 Descrição geral do curso

Ainda de acordo com a CM – 037- Directiva Para El Curso de Formación de

Buzo de (2002), o curso é desenvolvido em três etapas, a saber: Básica, Avançada

e de Aplicação. Ao finalizar cada etapa é realizado um Conselho de Curso, o qual

seleciona o pessoal que não demonstrou rendimento suficiente em cada período.

A Etapa Básica permite ao aluno que inicie sua adaptação ao meio

subaquático de acordo com as exigências futuras. Está baseada no

desenvolvimento das seguintes disciplinas:

teóricas: equipamentos de mergulho, física e fisiopatologia do

mergulho, câmara hiperbárica e combate anfíbio;

práticas: aquacidade e natação, mergulho prático.

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Essas disciplinas são consideradas essenciais para a formação do futuro

mergulhador, sendo ministradas desde o início do processo ensino-aprendizagem.

Também são desenvolvidas algumas disciplinas denominadas complementares, que

ampliam os conhecimentos e destrezas adquiridas nas matérias básicas, tais como

busca e salvamento e treinamento físico militar, dentre outras. A aprovação nessa

etapa é obrigatória, sendo desligado do curso o militar considerado inapto.

A Etapa Avançada permite que o aluno consolide e incremente os

conhecimentos e destrezas adquiridas na etapa anterior. As disciplinas

complementares possuem uma porcentagem, em horas, equilibrada com as

disciplinas básicas. Essas disciplinas são: busca e salvamento, geografia militar

aplicada, demolições, navegação e segurança fluvial e o treinamento físico militar.

Está caracterizada por um desenvolvimento mais prático do que teórico, com

exercícios no terreno de curta duração, conduzidos sob uma situação tática e com a

execução de um exercício de instrução, incrementando os níveis de exigência com

relação à etapa básica. Sua realização dá-se prioritariamente no terreno.

A Etapa de Aplicação permite que o cursante desenvolva diferentes

atividades no terreno, em distintos tipos de espelhos d’água e em situações de maior

complexidade. Consiste particularmente na execução de exercícios táticos baseados

nos assuntos ministrados nas etapas anteriores. Para usa melhor assimilação, este

módulo está dividido em duas subetapas com exigências claramente diferenciadas:

lago e mar. Sua realização é no terreno.

O curso tem a duração de 67 dias e após a aprovação o militar será

declarado Buzo de Ejército e mergulhador desportivo 3 estrelas da Confédération

Mondiale des Activités Subaquatiques23 (CMAS), além de perceber um adicional de

compensação orgânica, quando desempenhe funções de mergulhador.

3.5.2.2 Curso de formação de instrutores e monitores de Buzo de Ejército

3.5.2.2.1 Finalidades e objetivos

A Directiva Para El Curso de Formación de Instructores y Subinstructores de

Buzo de Ejército (2002) estabelece que esse curso (figura 26) tem por finalidade

23 Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas.

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aperfeiçoar os militares possuidores da especialidade de Buzo de Ejército para

exercer a responsabilidade de planejar, dirigir e executar:

ação educativa na formação de Buzos de Ejército;

operações e adestramento da companhia de mergulho, orgânica de

batalhão;

habilitação e comprovação para a manutenção da especialidade de

Buzos de Ejército.

Figura 26- Distintivo do curso de Instrutor de Buzo de Ejército. Fonte: http://www.binganf121.ejercito.mil.ar/sitio/paginas/cursos.htm. Acesso em: 31 ago. 2006.

No domínio cognitivo, esse curso tem por objetivo proporcionar aos Oficiais

e praças conhecimentos profundos sobre didática geral e militar que lhes permitam

planejar, supervisionar e avaliar instruções, exercícios, matérias, cursos ou

atividades próprias da ação educativa da atividade especial de mergulho.

3.5.2.2.2 Descrição geral do curso e condições de admissão

O curso é desenvolvido em apenas uma etapa, com a duração de 15

(quinze) dias. Para poder ser matriculado no curso, o militar deverá:

possuir a especialidade de Buzo de Ejército;

estar aprovado na habilitação anual de mergulho nos dois últimos anos

de forma consecutiva;

ser aprovado em um exame intelectual de ingresso, com um mínimo de

70 pontos, sobre aspectos doutrinários da atividade especial de

mergulho; e

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possuir uma média de 100 pontos nos últimos testes de aptidão física,

devidamente certificada pelo oficial de treinamento físico da Unidade

de origem.

O universo de seleção para o curso abrange os Oficiais subalternos no posto

de 2º

ou 1º

Tenente da Arma de Engenharia, do serviço de Saúde e especialistas

em educação física. Para as praças o curso será realizado por militares na

graduação de sargento da Arma de Engenharia, auxiliares de enfermagem,

mecânicos de Engenharia e das outras armas, sempre que houver necessidade de

recompletamento de claros no quadro de praças especialistas em mergulho.

Após a aprovação no curso, o militar será declarado instrutor/monitor de

Buzos de Ejército e Instrutor Nacional de Mergulho pela CMAS.

3.5.2.3 Procedimentos pedagógicos

Durante o horário de funcionamento do curso, os instrutores devem levar em

consideração os seguintes procedimentos:

tratar os alunos de maneira rígida, visando a forjar uma marcante

disciplina como base indispensável para superar exigências de risco

sem exitações;

fomentar a responsabilidade individual e o correto exercício do

comando, necessários para enfrentar contingências no seu

desempenho como membro de uma fração de Buzos de Ejército,

operando de maneira isolada e sem apoio;

organizar os cursantes por duplas, para conscientizar os futuros

mergulhadores, tanto técnica como taticamente, de que nunca se deve

executar uma atividade de mergulho sozinho;

submeter o aluno a um progressivo e sistemático fustigamento durante

as atividades de combate anfíbio, aquacidade e natação, tanto física

como psíquica, para obter do futuro mergulhador o autocontrole

adequado para vencer o estresse que produzem essas atividades sob

uma situação real de combate;

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desenvolver a atividade de mergulho em um ambiente de tranqüilidade

e permanente controle por parte dos supervisores de mergulho e

pessoal especialista em medicina subaquática; e

incutir, de forma constante, uma profunda consciência de manutenção

das armas, materiais e equipamentos de dotação do futuro

mergulhador, levando-se em conta que o apoio a um Buzo de Ejército

somente é realizado antes e após o cumprimento da missão.

Após o término das atividades de ensino são obrigatórios os seguintes

procedimentos:

descanso de 08 horas noturnas;

adequada dieta de conteúdo calórico balanceado, sem ingestão

excessiva de alimentos;

atividade física compatível com o futuro esforço na água;

permanente controle sanitário;

não ingerir bebidas gasosas em excesso ou bebidas alcoólicas, em

particular próximo as imersões; e

incutir nos mergulhadores o prejuízo que pode produzir o fumo sobre a

atividade subaquática.

3.5.2.4 Classificação após o curso e aperfeiçoamentos

Após a conclusão do curso, de acordo com a REGLAMENTACIÓN PARA LA

APTITUD ESPECIAL DE BUZO DE EJERCITO (2002), os novos Buzos de Ejército

poderão prestar serviço em qualquer Unidade ou Organização da Força, porém é

estabelecida a seguinte prioridade de classificação:

Companhia de Buzos de Ejército, do Batalhão de Engenharia Anfíbio

121;

Pelotão de Reconhecimento da Companhia de Comando de Batalhão

de Engenharia;

Subunidades de tropas de Operações Especiais;

Demais Unidades da Arma de Engenharia; e

Demais Unidades da Força.

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O aperfeiçoamento dos Buzos de Ejército é realizado mediante a execução

de cursos e estágios, tendo prioridade para a participação de militares que estejam

desempenhado a função em suas Unidades. Esses cursos e estágios seão

realizados no Batalhão de Engenharia Anfíbio 121.

Os cursos são o de Instrutor de Mergulho para Oficiais e de Monitor de

Mergulho para praças. Os estágios são os seguintes:

geral: estágio de atualização técnico-profissional;

para Oficiais superiores e Suboficiais superiores: planejamento e

condução de operações em meio aquático; fisiopatologia do mergulho;

operador de câmara hiperbárica; e instrutor/subinstrutor de demolições

subaquáticas;

para Suboficiais subalternos: auxiliar de câmara hiperbárica;

especialista em demolições subaquáticas; comunicações em

operações em zonas abundantes de cursos de água e banhados; tiro

de combate anfíbio; cartografia e navegação anfíbia; paramédico de

combate anfíbio; manutenção de material de mergulho.

3.5.3 Manutenção da Especialidade de Buzo de Ejército

Os militares que possuem o curso de Buzo de Ejército deverão manter seu

treinamento e incrementar os conhecimentos afins ao mesmo, sem descuidar nem

afetar a sua preparação profissional referente ao seu posto/graduação ou Arma.

Dessa forma, os Oficiais e praças Buzos de Ejército deverão se apresentar

no Batalhão de Engenharia Anfíbio 121, na cidade de Santo Tomé, província de

Santa Fé, para se submeterem a duas avaliações anuais, a saber: Habilitação Anual

e Comprovação Mensal Voluntária.

A Habilitação Anual é aquela em que os Buzos de Ejército se apresentam de

forma obrigatória, entre os meses de julho e dezembro, para serem examinados,

com a finalidade de manter a habilitação e obter autorização para realizar atividades

subaquáticas durante o ano seguinte. Caso o militar não realize esse exercício, ele

não poderá realizar imersões até o próximo período de habilitação. A Habilitação

Anual é composta de vários exames, a saber:

exame médico, incluindo-se um teste de câmara hiperbárica;

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exame físico (teste de aptidão física executado na Unidade de origem);

exame de natação, realizado com equipamento básico de mergulho em

um rio;

exame de aquacidade, realizado em tanque de imersão;

exame de mergulho prático;

exame teórico escrito, com 60 (sessenta) minutos de duração, no qual

são cobrados assuntos referentes às matérias básicas do curso de

Buzo de Ejército e de aspectos de atualização técnico-profissional

enviados pelo sistema de educação a distância;

exercício no terreno ou na carta, de acordo com uma situação proposta

pela Seção Escola do Batalhão de Engenharia Anfíbio 121.

Já a Comprovação Mensal Voluntária é aquela em que os Buzos de Ejército

se apresentam, voluntariamente, para serem examinados pela Seção Escola do

Batalhão de Engenharia Anfíbio 121, com a finalidade de manter sua habilidade e

destreza subaquáticas; incrementar sua contagem de tempo de serviço na atividade;

e perceber a compensação orgânica correspondente. O militar deverá comparecer

para essa comprovação pelo menos uma vez ao ano, previamente ao período da

Habilitação Anual, na qual são exigidos apenas os exames de natação, de

aquacidade e de mergulho prático.

Essas exigências têm por finalidade controlar o estado de saúde, a aptidão

psicofísica, o grau de atualização sobre conhecimentos técnico-profissionais (de

acordo com os diversos níveis hierárquicos), tanto sobre as atividades de mergulho

profissional/desportivo e de operações de combate em meio aquático, além de

manter os quadros de mergulhadores informados e atualizados sobre a situação da

atividade subaquática no âmbito do Exército, de outras forças armadas e no meio

civil.

Os Buzos de Ejército que, durante dois anos consecutivos ou que

acumularem um total de 6 (seis) anos de forma alternada sem cumprir as exigências

anteriormente descritas, perderão a especialidade e o direito de usar seu distintivo,

excetuando-se os Oficiais Superiores e as praças de graduação superior a 1º

sargento.

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3.5.4 O Batalhão de Engenharia Anfíbio (BE Anf)

3.5.4.1 Generalidades

De acordo com a ROP-04-02 EL BATALLÓN DE INGENIEROS ANFIBIOS

(2001), o Batalhão de Engenharia Anfíbio é o a Unidade do Exército Argentino apta

a participar de operações em grandes cursos de água, operações anfíbias e

operações de transporte aquático. Para isso está organizado, doutrinariamente, da

seguinte maneira (figura 27):

comando do batalhão;

01 companhia comando;

01companhia de assalto anfíbio;

01companhia de mergulho;

01 companhia de transbordo.

As possibilidades do BE Anf relacionadas com a companhia de mergulho

são as seguintes:

apoiar operações de transposição de cursos de água;

construir, instalar, remover e/ou destruir todo tipo de obstáculos

subaquáticos; e

executar reconhecimentos anfíbios, reunir as informações obtidas e

distribuí-las aos órgãos de interesse.

Figura 27 – Organograma do Batalhão de Engenharia Anfíbio. Fonte: ROP-04-02: El Batallón de Ingenieros Anfibios

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O BE Anf será empregado, prioritariamente, em operações de transposição

de cursos de água de vulto. Para isso o batalhão operará centralizadamente e sob o

controle direto do Comando que conduz a operação de transposição.

Para cumprir essas missões, o Exército Argentino conta com o Batalhão de

Engenharia Anfíbio 121. Essa Unidade surgiu na necessidade de o Exército contar

com um elemento orgânico que assegurasse a transposição de grandes cursos de

água no nordeste do país, sem ter que depender da infra-estrutura portuária

existente.

Além de suas subunidades doutrinárias, esse batalhão, “veterano” da Guerra

das Malvinas, conta com o Centro de Medicina Hiperbárica Santo Inácio de Loiola e

uma Seção Escola. A Seção Escola é o elemento de capacitação e aperfeiçoamento

dos mergulhadores e instrutores de mergulho do Exército. Já o Centro de Medicina

Hiperbárica, que é orgânico da Companhia de Comando e Serviços, realiza dois

tipos de atividades: as operacionais (instrução e adestramento), relacionadas com o

mergulho, como prova de resistência a pressão, prova de oxigênio, simulador de

imersão; e tratamento médico para certas patologias e acidentes de mergulho.

3.5.4.2 Elementos de Buzos de Ejército

Segundo ROP-04-02 EL BATALLÓN DE INGENIEROS ANFIBIOS (2001),

Elementos de Buzos de Ejército são aqueles militares que integram a estrutura

orgânica do Exército que se encontrem organizados, equipados e instruídos para

levar a cabo operações, procedimentos e técnicas do combate anfíbio24.

A missão primordial dos Buzos de Ejército é apoiar as ações desenvolvidas

pela Força Terrestre mediante a execução de operações, procedimentos e técnicas

do combate anfíbio, com a finalidade de criar condições favoráveis para a eficácia

das operações próprias e limitar ou restringir as operações do inimigo.

No que diz respeito ao apoio à mobilidade das forças em campanha, os

mergulhadores podem apoiar a realização da transposição de obstáculos e auxiliar

no melhoramento da transitabilidade em obras de arte, dentre outras. No que diz

respeito ao apoio à contramobilidade, os mergulhadores podem realizar a instalação

de obstáculos e demolições diversas. No apoio à proteção, os mergulhadores

24 O combate anfíbio: é a sucessão de ações violentas executadas normalmente no meio aquático e no espaço terrestre de interesse.

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podem realizar medidas de dissimulação tática, bem como, complementarmente à

essas tarefas, dar apoio geotopográfico e apoiar a inteligência no que concerne a

materiais específicos.

Possuem as seguintes características:

formam parte da estrutura organizacional da Arma de Engenharia,

como um de seus elementos de apoio ao combate;

integram o BE Anf, com uma subunidade, contribuindo para o

cumprimento das missões específicas dessa Unidade;

poderão formar parte orgânica dos demais elementos da Arma de

Engenharia, mediante frações de nível grupo ou formando equipes,

para cumprir missões que lhes são próprias;

poderão integrar elementos de combate, de operações especiais e de

apoio ao combate com frações nível pelotão e inferiores.

3.5.4.2.1 Capacidades

Os Buzos de Ejército podem realizar operações de combate, mediante a

combinação de procedimentos e técnicas de combate anfíbio, para o qual deverão:

executar infiltração, exfiltração e retirada aquática, mediante o emprego

de materiais de mergulho e acessórios, e/ou combinando com outros

modos (aéreo, terrestre);

executar golpe de mão e emboscadas no dispositivo inimigo que se

encontre sobre ou próximo a um espelho de água inacessível para

outra força (incursão ribeirinha e anfíbia);

efetuar bloqueios de vias de comunicações tanto em território próprio

como em poder do inimigo mediante a instalação de obstáculos

costeiros ou fluviais, e destruição ou inutilizarão de obras de arte;

participar em operações de junção, ou em apoio de outros elementos

de combate, efetuando orientação, sinalização, balizamento ou

demarcação nas proximidades da linha de contato;

proporcionar sua própria segurança em todo tipo de operação, antes,

durante e depois de sua execução; e

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efetuar reconhecimentos anfíbios e exploração, para obter informações

necessárias de cursos e/ou espelhos de água, e do espaço terrestre de

interesse.

Além disso, operando em cursos de água, zonas lacustres e marítimas,

podem executar as seguintes tarefas:

busca, localização, salvamento e resgate de pessoal, materiais e

equipamentos;

reparações de materiais e equipamentos de interesse, que tenham sido

perdidos ou danificados por ação do inimigo ou outras causas no meio

aquático;

efetuar aberturas de brechas e remoção de obstáculos costeiros,

fluviais ou minados;

apoiar as Tropas de Operações Especiais (TOE) antes, durante ou

depois da execução de suas ações, efetuando reconhecimento de vias

de infiltração aquática, abertura de brechas, demolições

especializadas, transporte, dissimulação, sinalização e segurança que

imponham o emprego do meio aquático em qualquer de suas fases.

3.5.4.2.2 Limitações

O tamanho do elemento de mergulho e sua organização, além da

disponibilidade de pessoal e meios, limitarão a execução simultânea de múltiplas

tarefas, devendo se considerar no planejamento, a designação de prioridades e o

tempo disponível para cumprí-las. Existe, ainda, a necessidade de meios técnicos de

apoio, para a execução de tarefas de particular especificidade ou envergadura.

A capacidade defensiva dos Buzos de Ejército é reduzida, sendo uma

conseqüência do armamento, efetivos e isolamento em que se desenvolvem

algumas ações, se limitando a sua segurança imediata. Além disso, possuem

limitada potência de fogo, a qual é determinada pelas características de seu

armamento e pela dotação de munição que é levada pelo homem, podendo contar,

eventualmente, com armas leves de tiro curvo (morteiros leves).

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Há ainda dificuldades para recompletamento de pessoal, que é dada pela alta

capacitação técnica e tática dos recursos humanos, pois o tempo que se leva para

adquiri-la é grande e o efetivo que possui o curso de Buzo de Ejército é pequeno.

3.5.4.3 A Companhia de Buzos de Ejército

A Companhia de Buzos de Ejército está organizada em pelotões de

mergulhadores de assalto (dois a três), um pelotão de mergulhadores de apoio e um

pelotão de comando e serviço, podendo este último estar desdobrado em um

pelotão de comando e um pelotão de serviços, quando essa subunidade operar fora

de estrutura da arma de Engenharia (figura 28) (ROP-64-01, 2001).

O Pelotão de Comando e Serviço cumpre as funções relativas ao comando,

controle e comunicações (C3) e ao elemento logístico (pessoal e material),

proporcionando apoio aos elementos dependentes orgânicos ou agregados.

Figura 28 – Organograma da Companhia de “Buzos de Ejército”. Fonte: ROP-04-02: El Batallón de Ingenieros Anfibios

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104

A responsabilidade dos Pelotões de Mergulhadores de Assalto é

desencadear a ação principal das operações de combate executadas pela

subunidade, constituindo-se no seu elemento de manobra. Está composto por uma

seção de comando, um grupo de assalto e um grupo de apoio.

Os Grupos de Assalto são os elementos de manobra do pelotão e estão

constituídos basicamente por pessoal especializado em mergulho com equipamento

de circuito fechado; orientação e navegação, demolições especializadas, emprego

de armas silenciosas, pára-quedismo e primeiros socorros em combate.

Já o Grupo de Apoio proporciona o apoio de fogo à manobra com suas

armas de dotação. Está integrado por pessoal especializado em mergulho; tiro de

precisão e com armas de apoio; orientação e navegação, pára-quedismo e

comunicações.

O Pelotão de Mergulhadores de Apoio tem a missão de obter informações e

proporcionar apoio à imersão e mobilidade. Está composto por uma seção de

comando, dois grupos de reconhecimento anfíbio, um grupo de salvamento e um

grupo de embarcações médias. Seu comandante é o Oficial de inteligência da

subunidade.

Os Grupos de Reconhecimento Anfíbio têm a missão primordial de obter

informação das características do espelho de água aonde será realizada a

operação, do espaço terrestre de interesse e do inimigo que nele se encontra. Estão

integrados por pessoal especializado em reconhecimentos anfíbios25 e pára-

quedismo. Conta, ainda, com equipes de sondagem e detecção subaquáticas e

observação diurna e noturna.

Já os Grupos de Salvamento têm a missão de efetuar buscas, localização e

salvamento/resgate de pessoal e materiais de interesse. Dispondo de equipamento

adequado, pode executar reparações de material e equipamentos abaixo da linha da

água. Está integrado por pessoal especializado em técnicas de rastreamento e

resgate em todo o tipo de cursos de água e também está dotado com material para

salvamento.

O Grupo de Embarcações Médias têm por missão principal brindar apoio à

mobilidade e o apoio de fogo a toda a subunidade. Está integrado por pessoal

25 Reconhecimento anfíbio: de acordo com o ROP-04-08 Reconocimientos de Ingenieros (1970), é aquele que emprega meio flutuante ou equipes de mergulho autônomo, sobre áreas fluviais, lacustres ou costeiras, com a finalidade de comprovar a viabilidade de se realizar operações anfíbias.

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105

especialista em orientação, navegação a motor e é dotado de lanchas rápidas de

grande autonomia, equipamentos de ecosonda ou detecção subaquática e armas de

apoio.

3.5.4.4 Emprego dos Buzos de Ejército.

3.5.4.4.1 Características das operações

Segundo o ROP-04-02 EL BATALLÓN DE INGENIEROS ANFIBIOS (2001),

as operações executadas pelos Buzos de Ejército são geralmente de curto alcance,

normalmente de caráter ofensivo, planejamento e execução adaptados ao meio

aquático. Elas requerem um planejamento detalhado e uma exatidão na sua

execução, com planos alternativos adequados. São executadas por pequenos

efetivos, apoiados por um adequado dispositivo de segurança para isolar a zona do

objetivo e assegurar o êxito da ação desencadeada.

Para o emprego de mergulhadores deverão ser priorizadas as condições

meteorológicas adversas, o que facilitará o sigilo, a segurança e a surpresa. Além

disso, requerem detalhado e oportuno emprego da inteligência militar, antes e

durante a operação, em especial na área do objetivo.

Essas operações empregam material com alto grau de especificidade para o

desenvolvimento, trabalho e manobra na água sob qualquer condição, a saber:

equipamentos de mergulho autônomo e semi-autônomo;

armamento de características particulares;

meios radio eletrônicos, para operações subaquáticas;

embarcações de superfície e subaquáticas;

equipamentos especiais para busca e salvamento; e

explosivos e iniciadores de diversos tipos.

As missões que os mergulhadores podem executar incluem as seguintes

operações:

infiltração e exfiltração;

incursão;

interdição;

reconhecimento;

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106

evasão;

salvamento.

3.5.4.4.2 Execução do apoio em operações

Em operações ofensivas, os mergulhadores poderão executar

reconhecimento de margens, praias e cursos de água em apoio ao ataque através

dos mesmos. Podem, ainda, efetuar a abertura de brechas e demolições

especializadas, contribuindo para a conquista da cabeça de ponte.

Em operações defensivas, os mergulhadores poderão ser empregados para

bloquear as vias de comunicação, como parte de uma operação de interdição,

instalando obstáculos, minas e armadilhas e realizando demolições, em especial

quando o inimigo esteja executando um ataque através de um curso de água.

Contribuirão com a dinâmica da defesa em desarticulações do dispositivo

inimigo e em ataques com objetivo limitado, mediante a execução de incursões,

integrando escalões defensivos da primeira linha de defesa ou da reserva,

executando suas ações durante a operação defensiva ou, quando assim se

imponha, antes da mesma ter início.

Nos movimentos retrógrados, os mergulhadores poderão efetuar bloqueios

nos eixos de aproximação, incrementando a capacidade dos espelhos e cursos de

água como obstáculos; reconhecimentos e sinalização de caminhos de retraimento

que obriguem uma transposição; instalando obstáculos subaquáticos ou de margem;

e executando demolições de obras de arte. Também podem participar executando

emboscadas fluviais, fechando brechas em zonas de obstáculos ou passagens em

campos minados e instalando minas e armadinhas. No retraimento, podem operar

na retaguarda, a fim de fechar brechas em obstáculos existentes no meio aquático.

Em operações de substituição e junção, os mergulhadores podem facilitar o

movimento através ou ao longo dos cursos de água, mediante o balizamento,

sinalização de lugares de transposição e orientação através de obstáculos

subaquáticos.

Nas infiltrações e incursões, os mergulhadores podem apoiar as fases

previas ou iniciais da operação, participando ou não da mesma, mediante a

execução de demolições, aberturas de brechas e desativação de armadilhas

explosivas. Já nas operações de interdição, os mergulhadores participam instalando

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obstáculos aquáticos, executando demolições especializadas e preparando

armadilhas explosivas.

Em operações de dissimulação tática, os mergulhadores podem realizar

movimentos, demonstrações, execução de fogo e demolições simuladas.

Nas operações de reconhecimento, os mergulhadores podem efetuar

abertura de brechas e assegurar o movimento de tropas através de obstáculos

aquáticos. Também podem colaborar executando ações que devam ser iniciadas a

partir da água.

Em operações de segurança, os mergulhadores podem participar instalando

obstáculos, minas e armadilhas nas margens dos cursos de água ou abaixo da

superfície contra pessoal, viaturas e embarcações.

Os mergulhadores poderão, ainda, realizar operações que provoquem

inundações, destruições parciais ou totais de obras de arte sobre cursos de água e

outras atividades similares que visem a devastar uma determina área ou região.

3.5.5 Considerações finais

Assim como a Marinha do Brasil, o Exército Argentino possui uma estrutura

de mergulho muito bem definida. Porém, diferentemente da Força Naval do Brasil,

as atividades de mergulho não estão separadas em ramos distintos, pois os “Buzos

de Ejército” executam atividades tanto do mergulho de combate como do mergulho

de emprego geral.

A Engenharia da Força Terrestre Argentina, que iniciou as atividades de

mergulho logo após a II Guerra Mundial, possui uma Escola de Mergulho e uma

Subunidade de Mergulho, que lhe proporciona grande vivência no trato dessa

atividade especial.

Diferentemente do EB, o Exército Argentino já possui uma doutrina de

emprego de mergulhadores, encontrada em manuais da Arma de Engenharia. Pode-

se concluir, de maneira parcial, que a Força Armada da Nação amiga poderá

constituir-se de uma fonte de consulta para um melhor emprego dos meio

subaquáticos da Engenharia brasileira, devendo-se estudar seus modelos de

estrutura organizacional e de doutrina de emprego.

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3.6 O MERGULHO NO EXÉRCITO DOS EUA

3.6.1 Histórico

Os US Army Engineer Divers26 surgiram à época da II Guerra Mundial, mas

poucos sabiam da sua existência ou realizações. Durante a guerra, os

mergulhadores foram empregados maciçamente nos Grupos de Construção e

Reparação de Portos. Esses grupos foram treinados no Forte Screven, Geórgia, e

consistiam de 17 oficiais e 235 praças; 16 destes eram mergulhadores treinados

pela Marinha dos EUA.

Uma Unidade típica, o 1056º

Grupo de Construção e Reparação de Portos,

desembarcou na Praia Utah após a invasão da Normandia e deslocou-se para

Cherbourg, França, em 27 de junho de 1944. Enquanto esteve em Cherbourg, o

Grupo foi encarregado de limpar e reparar o porto local. Em 1º

de novembro de

1944, o porto já operava com capacidade de carga de cerca de 25.000 toneladas.

Após o sucesso em Cherbourg, o 1056º

Grupo continuou executando

missões de limpeza na Bélgica. Barcaças afundadas foram removidas, docas e

diques obstruídos foram reparados e pontes danificadas também foram removidas

ou reparadas. Além disso, a área do Canal Alberto foi reaberta para o tráfego

hidroviário em 15 de dezembro de 1944 (figura 29).

Figura 29 - Mergulhador utilizando o traje MK-V entrando na água durante a II Guerra Mundial. Fonte: http://www.wood.army.mil/577th/diver/History.htm. Acesso em: 20 abr. 2006.

26 Mergulhadores de Engenharia do Exército dos EUA.

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O 1056º

Grupo entrou na Alemanha em 13 de março de 1945 e foi

responsável por um dos maiores feitos da Engenharia na guerra. O Grupo,

juntamente com outras Unidades de Engenharia, construiu a primeira ponte

ferroviária fixa através do rio Reno, com um comprimento total de cerca de 675

metros; obra realizada em 10 dias de trabalho, após a colocação da primeira estaca.

Durante a Guerra da Coréia, os mergulhadores fizeram parte das equipes de

reconstrução e restauração de vários portos e ancoradouros em toda a península

coreana. Já durante a Guerra do Vietnã, os mergulhadores mais uma vez

participaram da segurança dos portos e de atividades de construção e reconstrução,

bem como desativaram artefatos explosivos e reflutuaram embarcações submersas

(figura 30).

Figura 30 - Embarcação atingida por mina fluvial norte-vietnamita e reflutuada por mergulhadores. Fonte: http://www.wood.army.mil/577th/diver/History.htm. Acesso em: 20 abr. 2006.

Durante a I Guerra do Golfo, o Destacamento Provisório de Mergulho do

Exército Estadunidense foi desdobrado para ajudar na segurança da Arábia Saudita

e na defesa do Kuwait. Parcela da Unidade executou operações de segurança no

porto de Al Jubail, Arábia Saudita, enquanto outros foram alocados na Cidade do

Kuwait para iniciar a limpeza e reconstrução do país. Várias barcaças e navios foram

removidos e foram enviados para a restauração (DILLARD & SWENSON, 1995).

O destaque dessas operações foi a recuperação e a remoção de um barco

de patrulha iraquiano que carregava mísseis ativos antinavios Styx, com ogivas de

cerca de 360 (trezentos e sessenta) quilogramas de explosivo. As operações

envolvendo a atividade de mergulho nesse conflito somaram cerca de 1.000 (mil)

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horas de fundo (submersas), em cinco portos diferentes entre a Arábia Saudita e o

Kuwait.

Os US Army Engineer Divers estão aptos a cumprir missão em qualquer

parte do globo terrestre. Pode-se citar como exemplos o apoio à Operação Just

Cause, no Panamá (1989); remoção de dois barcos patrulhas, de origem soviética,

do porto de Mogadishu, durante a Operação Restore Hope, na Somália (1993);

participação em outros esforços de limpeza e de recuperação, a fim de auxiliar a

população civil, sob a constante ameaça do fogo de franco-atiradores de vários

membros de gangues locais; execução de missões de construção e restauração no

porto de Porto Príncipe, Haiti, durante a Operação Restore Democracy (1994);

participação nos esforços dos EUA na interdição do tráfico de drogas nas Ilhas

Virgens (1995); participação na ajuda humanitária às vitimas de furacão em

Honduras (2001) e; apoio à força-tarefa norte-americana na Croácia e Bulgária

(2001) (figura 31).

Figura 31 - Barcos patrulha (soviéticos), reflutuados por mergulhadores em Mogadishu (1993). Fonte: http://www.wood.army.mil/577th/diver/History.htm. Acesso em: 20 abr. 2006.

De acordo com West & Inskeep (2003), os US Army Engineer Divers apóiam

às forças norte-americanas no Iraque, por intermédio dos 74º

e 544º

Engineer Dive

Team27.

Essas equipes começaram a atuar no Iraque em 2003, cumprindo diversas

missões, tais como: participação na busca e recuperação de um avião F-18

acidentado e seu piloto; realização do reconhecimento do rio Eufratis, próximo a

Tikrit; realização de levantamento hidrográfico para uma operação de transposição

27 Equipe de Mergulho de Engenharia.

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de curso d’água; recuperação de material da 101º

Divisão Aerotransportada, os

quais haviam sido lançados em um canal ao norte do desfiladeiro de Karbala;

reflutuação de pontões de uma ponte que foi construída pela 671ª

Companhia de

Engenharia, valendo-se de técnicas de corte e solda subaquática; reconhecimento

de área minada fluvial, em uma estação de tratamento de água iraquiana; busca e

recuperação de um helicóptero “Black Hawk” e sua tripulação, acidentado no rio

Tigre, próximo a Samara; e destruição e remoção de escombros de uma ponte

atingida por bombardeio em Tikrit (figura 32).

Figura 32 - Mergulhadores preparando a destruição de obstáculos subaquáticos no Iraque. Fonte: http://www.wood.army.mil/ENGRMAG/PDFs. Acesso em: 21 abr. 2005.

3.6.2 Formação de pessoal

3.6.2.1 Generalidades

O Exército dos EUA possui duas categorias de mergulhadores. A primeira

são os Special Operations Combat Divers28, cuja doutrina e conceitos operacionais

são desenvolvidos pelo Comando Geral do United States Army Special Operations

Command29 (USASOC). Os special operations combat divers são soldados das

Forças Especiais treinados no uso dos equipamentos de circuito aberto (autônomo)

e fechado.

28 Mergulhadores de combate de operações especiais. 29 Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA.

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Normalmente, estão classificados nas equipes de mergulho das Forças

Especiais ou dos Rangers, executando missões de mergulho horizontal, tais como

infiltração e exfiltração, sabotagem de navios e instalações portuárias,

reconhecimento, busca e recuperação.

Já o comandante da United States Army Engineer School30 (USAES) é o

responsável pela política e procedimentos dos mergulhadores de Engenharia,

incluindo o desenvolvimento de doutrina e de liderança, bem como o treinamento,

organização, materiais e conceitos operacionais.

Os Engineer divers31 são soldados treinados no uso de equipamentos de

circuito aberto e equipamentos dependentes. Normalmente, são classificados em

Unidades que realizam missões mergulho vertical, tais como a instalação e

reparação de oleodutos submarinos, conduzindo operações de regate e salvamento

em portos, construindo ou reparando portos e ancoradouros, além de apoiar

operações de transposição de curso d’água.

O ramo de interesse para o presente trabalho é o dos Engineer divers.

3.6.2.2 Curso de formação de Engineer divers

3.6.2.2.1 1a

fase

A 1a

fase do curso de formação de Engineer divers é ministrada na USAES,

localizada no Forte Leonard Wood, Missouri. Para ter acesso ao curso, o candidato

deve estar física e mentalmente apto para ser um mergulhador. O curso dura cerca

de três semanas e funciona com periodicidade mensal, com turmas de 12 a 16

candidatos32, que são acompanhados por dois instrutores.

Nessa fase o militar é exigido física e mentalmente, o que permite aos

instrutores avaliarem as habilidades do candidato ao se deparar com os desafios

físicos, mentais e acadêmicos que lhes serão apresentados durante a 2a

fase do

curso. Cerca de 25% da carga horária do curso é desenvolvida dentro da piscina.

O currículo inclui física do mergulho, fisiologia, medicina de mergulho, cartas

náuticas e sinais subaquáticos. A instrução acadêmica é realizada no nível iniciante

30 Escola de Engenharia do Exército dos EUA. 31 Mergulhadores de Engenharia. 32 O curso é o mesmo para Oficiais e praças, de ambos os sexos.

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e a direção de ensino admite que o candidato não possui conhecimento anterior

acerca dessas disciplinas. A compreensão e retenção do que foi ensinado é avaliada

por meio de testes diários. Ao final do período, o candidato é submetido a um exame

escrito, compreendendo todos os assuntos ministrados.

Os candidatos também deverão mostrar seu nível de resistência durante os

treinamentos físicos e o seu desempenho será avaliado tanto no Teste Físico do

Exército como no Teste Físico para Mergulhadores, com índices iguais para ambos

os sexos. O treinamento físico é conduzido em duas sessões diárias, enfatizando-se

o treinamento em piscina, corrida, flexões de braço, abdominais etc. Ao terminar a 1a

fase, o candidato deverá estar em excelentes condições físicas, bem acima do

mínimo exigido para o ingresso na 2a

fase.

Os candidatos executam, ainda, instrução utilizando equipamento de

mergulho livre. Também é realizado um teste de tolerância a pressão, que tem por

finalidade determinar se os candidatos podem se ajustar às mudanças da pressão

ambiental.

Após conclusão bem sucedida da 1a

fase, o candidato desloca-se para

Panamá City, na Flórida, para freqüentar a 2a

fase do curso de mergulho no Naval

Diving and Salvage Training Center33.

3.6.2.2.2 2a

fase

O Naval Diving and Salvage Training Center (figura 33). forma todos os

mergulhadores militares dos EUA, à exceção dos SEALs34 e das forças especiais. O

Centro é freqüentado por militares da marinha, do exército, da força aérea, da

guarda costeira e pelos mergulhadores de combate do corpo de fuzileiros navais

A 2a

fase do curso tem a duração total de cerca de 20 semanas e pode ser

realizada por militares de diversos países e de qualquer força armada. Nessa fase

são ministradas as disciplinas de física subaquática, anatomia e fisiologia humanas,

psicologia do mergulho, medicina submarina, salvamento básico, dentre outras.

33 Centro Naval de Treinamento de Mergulho e Salvamento. 34 Os “Sea, Air and Land” (Terra, Ar e Mar) são as forças especiais da Marinha dos EUA. No Brasil, poderiam ser comparados aos Mergulhadores de Combate da Marinha.

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Figura 33 - Símbolo do Naval Diving and Salvage Training Center. Fonte: https://www.npdc.navy.mil/ceneoddive/ndstc. Acesso em: 15 jul. 2006.

O aluno também recebe instruções sobre mergulho autônomo (scuba) e

mergulho dependente (com ar fornecido pela superfície). Várias ferramentas e

equipamentos são apresentados aos instruendos para familiarização. Terminado o

treinamento geral na Marinha, o aluno passará por mais seis semanas de

treinamento adicional em uma Unidade de mergulho do Exército, aonde irá se

especializar em demolições subaquáticas, em equipamentos de mergulho e

desenvolverá suas habilidades de liderança.

Durante o curso, os alunos são submetidos a um treinamento da confiança e

a uma avaliação prática de operação do equipamento autônomo. O treinamento da

confiança é a prática da utilização do scuba com vários problemas impostos aos

instruendos pelos instrutores, como, por exemplo, a perda do suprimento de ar e a

perda de parte do equipamento, tal como a máscara e o regulador, além de cintas

de ombro rompidas.

Esses procedimentos são realizados visando ao futuro emprego do

mergulhador em mares agitados ou em situações de emergência. O aluno é treinado

para operar esse tipo de equipamento até uma profundidade máxima de 40 metros.

Em relação ao mergulho dependente, utiliza-se o capacete MK-21,

habilitando os instruendos a mergulharem a uma profundidade de 57 metros. Além

disso, os alunos recebem instrução de como operar câmaras hiperbáricas.

O militar aprende, ainda, a manusear ferramentas hidráulicas subaquáticas,

tais como motosserras (figura 34), furadeiras de impacto, chaves diversas etc, bem

como as técnicas de realização do corte e da solda subaquática. Essas ferramentas

são utilizadas nos projetos de construção ou reconstrução portuária. Tais

habilidades também serão necessárias à manutenção e ao reparo de navios,

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estando o aluno capacitado a inspecionar e reparar embarcações. Para isso, o futuro

mergulhador aprende a substituir os lemes e as hélices das embarcações, além de

praticar a fotografia subaquática.

Cita-se, ainda, outros assuntos ministrados no curso, tais como técnicas de

patrulha, a fim de desenvolver os princípios de liderança necessários ao

mergulhador militar; técnicas de minagem/desminagem terrestre e de demolição. O

aluno aprende a identificar e remover diversos obstáculos que podem interferir na

mobilidade das tropas; reconhecimentos e levantamentos hidrográficos; e

treinamento físico diário, no qual o aluno deverá demonstrar progresso em relação

aos índices obtidos na 1a

fase.

Ao final do curso o militar receberá o diploma de mergulhador de 2a

classe.

Figura 34 - Mergulhadores utilizando a motosserra hidráulica. Fonte: http://www.wood.army.mil/577th/diver/images/concrete. Acesso em: 06 set. 2006.

Para os Oficiais de Engenharia existem dois cursos no Naval Diving and

Salvage Training Center.

O primeiro é o Basic Diving Officer35 (BDO): é um curso com a duração de

80 (oitenta) dias e que fornece aos Oficiais alunos o treinamento necessário para a

execução do mergulho autônomo e dependente, além do conhecimento para

executar as funções Oficial de mergulho. A instrução inclui física e medicina do

mergulho, ferramentas subaquáticas, certificação de sistemas de mergulho e

operações utilizando o mergulho autônomo e o mergulho dependente. O curso

qualifica o militar a operar até a profundidade de até 57 (cinqüenta e sete) metros.

35 Curso Básico de Mergulho para Oficiais.

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O segundo é o Salvage Diving Officer36: é um curso com a duração de 31(trinta

e um) dias, no qual é realizado um treinamento de todas as fases de uma operação

de salvamento. As instruções incluem o conhecimento de embarcações, maquinário

e computação de salvamento, além da experiência prática em operações, tanto

conduzindo como supervisionando salvamentos. Os alunos terminam o curso

executando operações de mergulho em uma missão simulada de salvamento. É pré-

requisito o Oficial possuir o curso de Basic Diving Officer.

Ao concluir o curso de mergulho, o novo mergulhador é classificado em uma

das Unidades de mergulho do exército no Fort Eustis, Virgínia, ou Fort Shafter,

Havaí. Se o mergulhador estiver servindo no Fort Eustis, executará trabalhos de

mergulho em todo os EUA, bem como na Europa e no Oriente Médio. Já se o

mergulhador for classificado no Fort Shafter, trabalhará no Oceano Pacífico e no

Extremo Oriente.

3.6.2.3 Estrutura hierárquica

É política do Exército dos EUA que o novo mergulhador esteja na água o

maior tempo possível. Isso dará a esse militar uma maior experiência, de modo que

ele possa ser promovido, assumindo posições de liderança e avançando na

hierarquia do mergulho, estando adestrado tanto em tarefas de combate como de

construção.

Para as praças existem quatro níveis de mergulho, correspondentes à

graduação do militar, conforme o quadro a seguir.

Graduação Nível de mergulho

Soldado ou Cabo Mergulhador de 2a

classe

Sergeant (3o

Sargento) Mergulhador de salvamento

Staff Sergeants (2º

Sargento) Mergulhador de 1a

classe

Sergeant First Class (1o

Sargento) Master Diver37

Quadro 1 - Correspondência entre a graduação e os níveis de mergulho. Fonte: o autor.

36 Curso de Mergulho de Salvamento para Oficiais. 37Mergulhador-chefe ou Supervisor de mergulho

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3.6.2.3.1 Mergulhador de 2a

classe

O mergulhador de 2a

classe está habilitado a executar trabalhos

subaquáticos, porém sendo orientado por um supervisor. Está apto a operar

equipamento gerador de energia; realizar a minagem e a desminagem subaquática;

colocar cargas de demolição; realizar reconhecimento técnico de Engenharia; além

de operar a câmara hiperbárica e os sistemas de ar durante operações de mergulho.

3.6.2.3.2 Mergulhador de salvamento

O mergulhador de salvamento está apto para liderar a execução de

trabalhos subaquáticos; auxiliar o supervisor na preparação do equipamento

necessário para operações de mergulho; preparar todo o material necessário para

operações de salvamento; preparar explosivos para colocação; preparar o

equipamento e os dispositivos de içamento para o salvamento de objetos

submersos; operar, como operador principal, os sistemas de ar durante operações

de mergulho e operar câmara hiperbárica.

Esse nível exige a realização do Curso Técnico de Construção Subaquática

(Básico) e experiência como mergulhador de 2a

classe (mínimo de dezoito meses),

além de um número mínimo de mergulhos realizados (DILLARD & SWENSON,

1995).

3.6.2.3.3 Mergulhador de 1a

classe

O mergulhador de 1a

classe desempenha as funções de supervisor de

mergulho, dirigindo a preparação e a operação de equipamentos de mergulho, bem

como as plataformas de suporte para as embarcações. Supervisiona o cálculo, o

treinamento e o uso dos explosivos; o uso de equipamentos hidráulicos

subaquáticos e de equipamentos de geração de eletricidade, além de outras

ferramentas subaquáticas especiais. Além disso, supervisiona a operação da

câmara hiperbárica e do equipamento da sustentação da vida durante operações de

mergulho e de emergência.

Para ser promovido a esse nível, exige-se experiência de três anos como

mergulhador de salvamento e a realização de um curso com a duração de setenta

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dias, o qual está direcionado para o planejamento de operações (DILLARD &

SWENSON, 1995).

3.6.2.3.4 Master Diver

O Master Diver desempenha a função de mergulhador-chefe, estando

qualificado para trabalhar nas Equipes Leves e Pesadas de Mergulho. Está apto a

supervisionar operações que envolvam mergulhos mais profundos do que 30 (trinta)

metros; supervisionar terapia na câmara hiperbárica para doenças de mergulho;

coordenar o apoio médico; preparar planos e relatórios detalhados de operações de

mergulho complexas; supervisionar o uso de explosivos, o treinamento e a

segurança durante missões de demolição; e assessorar o comandante da equipe

durante o planejamento e a execução de missões de mergulho.

Para ser promovido a esse nível, exige-se experiência de três anos como

mergulhador de 1a

classe e a conclusão de um curso adicional de vinte dias, no qual

o militar passará por uma rigorosa avaliação de desempenho com a duração de três

dias, além da realização do Curso Técnico de Construção Subaquática (Avançado)

(DILLARD & SWENSON, 1995).

3.6.2.3.5 Basic/Salvage Diving Officer

O Oficial de Engenharia, habilitado para exercer a função de Diving Officer, é

o comandante da Equipe Leve ou Pesada de Mergulho. É responsável pelo

treinamento da equipe em todas as suas atribuições, supervisando as operações de

mergulho e a manutenção dos equipamentos. Além disso, planeja e coordena as

missões de mergulho com os comandantes de níveis mais elevados (figura 35).

Figura 35 - Distintivos da hierarquia do mergulho. Fonte: http://www.answers.com/topic/armydivebadge-jpg. Acesso em: 06 set. 2006.

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119

3.6.2.4 Manutenção da Qualificação

Para manter a sua qualificação de mergulhador, o militar deverá realizar pelo

menos oito mergulhos em um período de 12 meses. Os mergulhos realizados para

manutenção da qualificação devem cumprir o prescrito na tabela abaixo.

Já os mergulhos realizados por militares que estiverem cumprindo missões

regulares de mergulho, contarão para a manutenção da qualificação do

mergulhador, não obstante a profundidade ou a duração dos mesmos. Caso o

mergulhador perca sua qualificação, deixando de mergulhar por um período superior

a 12 meses, ele deverá ser requalificado, realizando dois mergulhos de acordo com

a tabela a seguir.

Quadro 2 - Tempos e profundidades mínimas para manutenção da qualificação de mergulhador. Fonte: http://www.army.mil/usapa/epubs/pdf/r611_75.pdf. Acesso em: 05 set. 2006.

3.6.3 Emprego dos mergulhadores de Engenharia

3.6.3.1 Missões dos mergulhadores de Engenharia

Os mergulhadores de Engenharia asseguram a mobilidade, garantindo o

movimento das tropas e dos equipamentos, além de dificultarem o movimento do

inimigo. Também realizam missões de apoio geral da Engenharia, dentro e em torno

da água, pois possuem recursos variados, desde uma equipe pequena de mergulho

autônomo até as equipes maiores, em uma escala diversa de potencialidades,

incluindo o uso do equipamento dependente e do equipamento pesado. Dessa

forma, os mergulhadores de Engenharia proporcionam apoio aproximado e

especializado em missões subaquáticas em todo o Teatro de Operações. As

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principais missões executadas pelos mergulhadores de Engenharia estão

enumeradas a seguir (FM 3.34.280 – ENGINEER DIVING OPERATIONS, 2004).

3.6.3.1.1 Mobilidade e Contramobilidade

Fazem parte destas missões, o apoio a operações de transposição de curso

d’água; inspeção, reparo e destruição de pontes fixas ou flutuantes; levantamento

hidrográfico; lançamento e remoção de obstáculos; e a realização de operações de

demolição e de minagem ou desminagem subaquática (figura 36) (FM 3.34.280 –

ENGINEER DIVING OPERATIONS, 2004).

Figura 36 - Demolição da represa de Embrey (Fredericksburg-Virginia), realizada pelo 544th Engineer Dive Team. Fonte: http://www.hq.usace.army.mil/cepa. Acesso em: 15 set. 2006.

3.6.3.1.2 Operações de transposição de curso d’água

No Exército dos EUA ainda não existe uma doutrina específica para

emprego de mergulhadores em operações de transposição de curso d´água.

Todavia, os comandantes da manobra tática necessitam ter informações atualizadas

acerca dos locais de travessia, a fim de poder eleger o local mais apropriado para a

transposição. Normalmente, uma Equipe Leve de Mergulho apóia esse tipo de

operação.

Os mergulhadores trabalham próximos às Unidades de pontes, de maneira a

prover a informação mais acurada ao comandante do local de travessia. Os

mergulhadores conduzem reconhecimentos aproximados e afastados das margens,

além de realizar reconhecimentos do leito do rio.

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As informações colhidas incluem largura do rio; velocidade da correnteza;

identificação das condições subaquáticas próximas e afastadas das margens;

composição do leito do curso d´água; levantamentos hidrográficos dos eixos de

travessia; tipos e localização dos obstáculos e; informações para abordagem das

margens e sobre possíveis desvios (figura 37) (FM 3.34.280 – ENGINEER DIVING

OPERATIONS, 2004).

Figura 37 - Composição dos meios para a operação “Chosin Action” – exercício de transposição de curso d’água, ocorrido em 1995. Destaque para o “551th Engineer Dive Team”. Fonte: Rupp (1997,p.64)

Na realização de reconhecimentos para a transposição de cursos d´água,

em locais sem segurança, os mergulhadores de Engenharia podem receber apoio

de uma equipe de segurança.

Para facilitar o lançamento de pontes, os mergulhadores podem neutralizar

ou abrir brechas em obstáculos subaquáticos, construir as estruturas subaquáticas

das pontes, realizar reparos subaquáticos de pontes e embarcações, recuperar

equipamento afundado e realizar a busca e recuperação de baixas.

Uma vez que a ponte esteja instalada, os mergulhadores podem instalar

redes e alarmes contra impacto, minas e mergulhadores inimigos, para prevenir

danos causados por munições flutuantes ou colisões com escombros transportados

pela correnteza.

As redes antimergulhadores são colocadas a montante e a jusante da ponte,

para protegê-las das equipes de demolição (mergulhadores) do inimigo (figura 38).

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Figura 38 - Rede antimergulhadores inimigos. Fonte: https://atiam.train.army.mil. Acesso em: 18 mai. 2007.

Na realização dos reconhecimentos, os mergulhadores de Engenharia

utilizam-se de botes infláveis ou pontões. Quando a distância a ser percorrida é

muito grande e a situação assim o permitir, as equipes podem ser lançadas por

helicópteros. Esses reconhecimentos, rotineiramente, são realizados à noite (FM

3.34.280 – ENGINEER DIVING OPERATIONS, 2004).

3.6.3.1.3 Abertura, construção e restauração de instalações portuárias

Fazem parte o planejamento e inspeção; desobstrução; manutenção e

reparo e; construção subaquática.

3.6.3.1.4 Busca, salvamento e recuperação

É constituída por busca e salvamento de embarcações, equipamentos,

suprimentos, etc; busca e recuperação de baixas.

3.6.3.1.5 Proteção

Segurança de pontes, portos, comportas e represas e; lançamento de

sistema físicos de segurança.

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A título de ilustração, pode-se citar a atuação dos mergulhadores durante a

organização e preparação das tropas para as operações Desert Storm e Restore

Democracy, como sendo dois exemplos de como essas equipes apoiaram a

proteção das forças em campanha (KISIEL, 2000).

Na Operação Desert Storm, as Equipes de Mergulho proporcionaram a

segurança nos portos do Kuwait e na Europa; conduziram inspeções nos cascos das

barcaças de carga e dos navios para assegurar de que esses não estivessem

minados. Essas inspeções foram críticas, tendo em vista a natureza da carga

explosiva existente em muitas das embarcações inspecionadas.

Similarmente, na Operação Restore Democracy, as Equipes de Mergulho

proporcionaram segurança para as embarcações do Exército que entraram nos

portos do Haiti.

3.6.3.1.6 Manutenção de embarcações

São realizadas inspeções subaquáticas do casco, dos sistemas de

propulsão e de navegação; manutenção subaquática e; controle de danos e reparos

em embarcações em perigo de afundamento.

3.6.3.1.7 Joint Logistics Over-The-Shore Operations (JLOTS)38

Para este reconhecimento é realizado o levantamento hidrográfico da

cabeça de praia, realizando a batimetria39 das linhas de praia que necessitam

limpeza para a realização de desembarque; instalação e manutenção de sistemas

de amarrações para prover ancoragem segura para embarcações (ancoradouros); e

instalação e manutenção de sistemas de distribuição de petróleo (oleodutos)

próximos à praia (figura 39).

38 Operação Logística Combinada na Praia (Margem), ou seja, as operações que envolvem a transferência de suprimentos da “água” para a “terra”, a fim de apoiar logisticamente as operações militares. 39 Batimetria é a medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios e é expressa cartograficamente por curvas batimétricas que unem pontos da mesma profundidade com equidistâncias verticais, à semelhança das curvas de nível topográfico.

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Figura 39 - Disposição das missões de mergulhadores de Engenharia no Teatro de Operações. Fonte: http://www.globalsecurity.org/military/library/policy/army. Acesso em: 28 mai. 2005.

3.6.3.1.8 Outras missões subaquáticas

Fazem parte de outras missões subaquáticas o apoio ao Corpo de

Engenheiros nos projetos de represas, canais interiores e em projetos litorâneos; e

no reparo, remoção e implantação de instalações portuárias; apoio a agências do

governo que não possuam os recursos de mergulho para concluir suas tarefas; e

auxilio a empresas civis na pesquisa marítima e no desenvolvimento de ferramentas

e equipamentos subaquáticos que possam ter utilidade militar (PRESTON, 2005).

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3.6.3.2 Organizações Militares (OM) de Mergulho de Engenharia

As equipes de mergulho são organizações especializadas relativamente

pequenas e cada equipe possui suas missões e responsabilidades bem definidas,

sendo flexível o suficiente para apoiar o comando das forças em um grande número

de situações.

No Exército dos EUA, as Equipes de Mergulho, mesmo tendo tomado parte

de inúmeras operações, ainda são freqüentemente negligenciadas, seja por seu

pequeno tamanho ou sua relativa obscuridade.

Existem dois tipos de organizações de mergulho, a saber: Equipe Leve de

Mergulho e Equipe Pesada de Mergulho, também designada como Equipe de

Mergulho de Engenharia40. Elas podem apoiar ou reforçar qualquer Unidade dentro

do Teatro de Operações. Essas OM, normalmente, provem apoio ao Army Service

Component Command41 (ASCC), podendo apoiar os comandos subordinados,

desde que autorizado pelo comandante do ASCC (FM 3.34.280 – ENGINEER

DIVING OPERATIONS, 2004).

A principal diferença entre as equipes leves e pesadas está nas

possibilidades de construção e de salvamento, bem como nos objetivos e nos

recursos de comando e controle. As equipes pesadas possuem equipamento

especializado adicional, utilizando-o com prioridade na construção e no salvamento

pesado nos portos e nos ancoradouros. Os comandantes das equipes pesadas são

mais experientes, sendo empregados extensivamente para planejar e controlar as

missões de mergulho no Teatro de Operações (figura 40).

40 O manual FM 3-34.280, “Engineer Diving Operations”, assim designa essa equipe. Porém, diversas outras fontes, como a página eletrônica da USAES, permanecem com a denominação de Equipe Pesada de Mergulho. No presente trabalho usar-se-á ambas as designações indistintamente. 41 É o Grande Comando do Exército dos EUA que enquadra diversos Comandos Militares do Exército, como, por exemplo, o Comando Sul (“U.S. Army South” – USARSO) e o “U.S. Army Special Operations Command” (USASOC).

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Figura 40 - Relação de subordinação da Engenharia do Teatro de Operações. Fonte: http://www.globalsecurity.org/military/library/policy/army. Acesso em: 19 mai. 2007.

A Engenharia do Exército dos EUA possui quatro Equipes Leves de

Mergulho e duas Equipes Pesadas de Mergulho. As equipes leves estão localizadas

no Fort Eustis, Virgínia, juntamente com uma equipe pesada. A outra equipe está

estabelecida no Fort Shafter, Havaí. As equipes do Fort Eustis estão reunidas na

United States Army Dive Company (Provisional)42 (KISIEL, 2000).

3.6.3.2.1 Equipe Pesada de Mergulho ou Equipe de Mergulho de Engenharia

É a equipe que, normalmente, é designada para apoiar o ASCC, sendo

incluída na composição dos meios do Engineer Command43 (ENCOM) para apoiar

os comandantes dos portos, ancoradouros e zonas costeiras. A equipe pode ser

passada em apoio a um comando subordinado, parar prover apoio especializado de

mergulho, sendo capaz de realizar tarefas de salvamento, construção e

reconhecimento.

Segundo os manuais FM 3.34.280 – Engineer Diving Operations (2004) e

FM 3-34 Engineer Operations (2004), as possibilidades dessa Equipe são as

seguintes:

42 Companhia de Mergulho do Exército dos EUA (Provisória) 43 O ENCOM é o maior comando de Engenharia subordinado ao ASCC. Provê o comando e controle da estrutura central dos esforços de Engenharia no TO.

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realizar mergulho autônomo ou dependente até uma profundidade

máxima de 57 (cinqüenta e sete) metros;

apoiar a construção ou reparação de instalações portuárias,

instalações para realizar JLOTS, barreiras flutuantes ou pontes;

reparar piers, docas, dutos, canais interiores, diques, represas, quebra-

mares, molhes44 e pontes danificados;

realizar a limpeza de obstáculos subaquáticos e demarcar canais de

navegação;

lançar e remover minas e obstáculos subaquáticos;

realizar demolição subaquática;

instalar, manter e reparar oleodutos e sistemas de ancoradouro

próximos à praia;

recuperar material e embarcações afundadas;

inspecionar e reparar embarcações;

coletar informações do leito no mar, portos e rios apoiando abertura de

portos, JLOTS e operações de transposição de cursos d’água;

instalar e manter a porção subaquática dos sistemas de distribuição de

petróleo e água em portos;

instalar sistemas de segurança subaquáticos;

executar missões de natação de segurança em navios e portos;

operar câmara hiperbárica e executar tratamentos médicos de

emergência para mergulhadores;

fazer a manutenção e reparar equipamentos de mergulho;

prestar assessoria técnica e de planejamento ao ASCC e aos

comandantes de Brigada de Engenharia;

instalar e manter sistemas de ancoradouro para embarcações;

proteger as forças terrestres, embarcações e as estruturas submersas

das ameaças subaquáticas, reduzindo a probabilidade de um dano

estrutural e;

apoiar as Equipes Leves de Mergulho.

44 O molhe é um paredão nos portos marítimos, a modo de cais, destinado a proteger das vagas do mar as embarcações, podendo dispor de berços para atracação.

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Como observação, cita-se que os mergulhadores de Engenharia não

desempenham a função de Explosive Ordnance Disposal45 (EOD) subaquáticos,

papel reservado aos mergulhadores da Marinha.

A Equipe de Mergulho de Engenharia é composta por 25 militares, e possui

pessoal e material para conduzir múltiplas operações de mergulho simultaneamente

(figura 41).

Figura 41 - Organograma da Equipe de Mergulho de Engenharia Fonte: FM 3-34.280 - Engineer Diving Operations (2004,p. 2-2)

A composição da Equipe de Mergulho de Engenharia é a que se segue:

comandante da equipe: capitão, qualificado como Diving Officer; oficial de

operações: 1º

tenente, qualificado como Diving Officer; supervisor de mergulho

sênior: 1o

sargento, qualificado como Master Diver; supervisor de mergulho: 2o

sargento, qualificado como mergulhador de 1a

classe; sargento de suprimento: 3o

sargento, responsável pelo suprimento de peças e material de reposição,

principalmente para os equipamentos de mergulho e os armamentos da equipe;

mergulhador líder: 3o

sargento, qualificado como mergulhador de salvamento;

45 Desativação de Artefatos Explosivos: são equipes responsáveis por planejar e executar operações de procura, identificação, desativação e destruição de artefatos explosivos (convencionais ou químicos), armadilhas e dispositivos explosivos improvisados não detonados.

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enfermeiro: 3o

sargento, qualificado como técnico em medicina de mergulho;

mergulhador: cabo ou soldado, qualificado como mergulhador de 2a

classe e;

mecânico de viatura leve sobre rodas: cabo ou soldado mecânico.

3.6.3.2.2 Equipe Leve de Mergulho

Essa equipe tem por missão dar apoio de mergulho às operações ofensivas

ou defensivas, durante a estabilização da frente e também no pós-conflito. A Equipe

Leve de Mergulho pode ser passada ao controle operacional de uma Brigada de

Engenharia para fins logísticos e de comando e controle, podendo, ainda, reforçar as

Companhias de Engenharia de Construção de Portos, o comando do ASCC ou de

um Corpo de Exército (figura 42).

Figura 42 - Organograma de uma Brigada de Engenharia de Corpo de Exército, destaque para a Equipe Leve de Mergulho. Fonte: https://atiam.train.army.mil/soldierPortal/atia/adlsc/view/public. Acesso em: 06 set. 2006.

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De acordo com os manuais FM 3.34.280 – ENGINEER DIVING

OPERATIONS (2004) e FM 3-34 ENGINEER OPERATIONS (2004), as missões dos

mergulhadores de Engenharia dessa equipe incluem os seguintes itens:

realizar mergulho autônomo ou dependente até uma profundidade

máxima de 57 metros;

realizar reconhecimento de locais para transposição de cursos d’água;

lançar e remover minas e obstáculos subaquáticos;

realizar demolição subaquática;

coletar informações do leito do rio, mar, lagos etc;

reparar pontes, represas, dutos, canais e diques danificados;

construir estruturas subaquáticas de pontes;

lançar obstáculos e barreiras flutuantes;

realizar operações de busca e recuperação;

desobstruir e demarcar canais interiores de navegação (hidrovias);

inspecionar e reparar embarcações do Exército;

inspecionar e reparar a porção subaquática dos sistemas de

distribuição de petróleo em portos e dos sistemas de ancoradouro de

embarcações;

instalar sistemas de segurança subaquáticos;

executar missões de natação de segurança em navios e portos;

inspecionar e reparar piers, atracadouros, cais e molhes durante a

construção ou recuperação de portos;

realizar reconhecendo próximo e afastado das margens dos locais de

travessia de curso d´água e demarcar e preparar locais de

desembarque, barrancos e rotas de fuga para as forças da

transposição;

proteger as forças terrestres, o equipamento de transposição de curso

d´água e as estruturas submersas das ameaças subaquáticas, além de

despistar as forças inimigas dos planejamentos que envolvam

atividades aquáticas ou subaquáticas;

prestar assessoria técnica e de planejamento ao ASCC e aos

comandantes de Brigada;

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apoiar as Equipes Pesadas de Mergulho em portos, ancoradouros e

zonas costeiras. Todavia, necessita receber reforço em equipamento

para cumprir missões pesadas de salvamento.

Da mesma maneira que na Equipe Pesada de Mergulho, os mergulhadores

da Equipe Leve não atuam como EODs subaquáticos.

A Equipe Leve de Mergulho é composta por 22 militares, possuindo pessoal

e material para realizar múltiplas operações de mergulho simultaneamente (figura

43).

Figura 43 - Organograma da Equipe Leve de Mergulho Fonte: FM 3-34.280 - Engineer Diving Operations (2004, p. 2-6)

A composição da Equipe Leve de Mergulho é a que se segue: comandante

da equipe: 1o

tenente, qualificado como Diving Officer; supervisor de mergulho

sênior: 1o

sargento, qualificado como Master Diver; supervisor de mergulho: 2o

sargento, qualificado como mergulhador de 1a

classe; sargento de suprimento: 3o

sargento, responsável pelo suprimento de peças e material de reposição,

principalmente para os equipamentos de mergulho e os armamentos da equipe;

mergulhador líder: 3o

sargento, qualificado como mergulhador de salvamento;

enfermeiro: 3o

sargento, qualificado como técnico em medicina do mergulho;

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mergulhador: cabo ou soldado, qualificado como mergulhador de 2a

classe e;

mecânico de viatura leve sobre rodas: cabo ou soldado mecânico.

3.6.3.3 Emprego dos mergulhadores de Engenharia

O objetivo principal das operações, nas quais ocorre o emprego de

mergulhadores de Engenharia, é apoiar à mobilidade e à contramobilidade em

qualquer parte do Teatro de Operações. Os mergulhadores de Engenharia poderão

fazer parte da composição dos meios ou da organização por tarefas dos Grandes

Comandos ou Grandes Unidades para atividades como, por exemplo, a construção

ou recuperação de portos ou pontes; ou a realização de movimentos logísticos nos

portos, nas cabeças de praia ou de ponte.

3.6.3.3.1 Comando e controle

Os Engenheiros do Quartel General (QG) do ASCC e do Theater Support

Command46 (TSC) formulam os planos e as necessidades das instalações portuárias

(locação, capacidade de atracagem, tamanho do cais e capacidade de

armazenagem). O TSC é responsável pela operação dos portos, incluindo a ligação

com a Marinha, Fuzileiros Navais, Guarda Costeira e outras agências militares ou

civis dos EUA e países aliados.

Os mergulhadores de Engenharia, normalmente, fazem parte da composição

dos meios do ENCOM. Dessa maneira, o ENCOM provê o comando e controle para

as tropas de Engenharia do ASCC, além de administrar as tarefas de construção e

reparação que necessitem de mergulhadores.

O número e o tipo de Unidades de Engenharia, incluindo as OM de

mergulho, que compõem o ENCOM, dependerão do planejamento da operação a

ser executada.

46 Comando de Apoio ao Teatro de Operações: é um Grande Comando Logístico do Exército dos EUA responsável por criar uma estrutura de “cidade” aonde seja necessário às operações. É responsável por montar uma estrutura de bombeiros, policiamento, sistema de energia, serviços médicos, serviços bancários, além de centros de recompletamento de pessoal. Além disso, é encarregado do transporte de recursos e equipamentos, operações portuárias e aeroportuárias, bem como tudo o que se referir a JLOTS.

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3.6.3.3.2 Prioridade para o apoio dos mergulhadores de Engenharia.

As habilidades dos mergulhadores de Engenharia são necessárias em todo

o Teatro de Operações. O comandante do ENCOM aloca seus meios na

Communications Zone47 (COMMZ) e na Combat Zone48 (CZ) de acordo com as

prioridades estabelecidas pelo Comandante do Teatro de Operações.

Ciente de que existe um limitado número de mergulhadores, o comandante

do ENCOM tem que escolher aonde alocar seus meios, priorizando as missões mais

críticas. Dessa forma, a participação dos mergulhadores no processo de

planejamento torna-se fundamental para o sucesso das missões de mergulho.

Os mergulhadores de Engenharia apóiam todo o tipo de missão subaquática

na COMMZ e na CZ. Em maio de 1995, o Diretório de Desenvolvimento de Combate

da Escola de Engenharia preparou um documento intitulado “Conceito para as

Forças de Mergulho de Engenharia do Exército dos EUA”, que descreve essas

missões.

O documento acima citado estabelece que as missões de mergulho na CZ

são de apoio a mobilidade, contramobilidade e proteção; e na COMMZ, as missões

são de apoio geral, como abertura de portos, salvamento pesado, buscas, JLOTS e

manutenção de embarcações. Dessa forma, as Equipes Leves de Mergulho são

mais aptas a prestarem apoio na CZ e as Equipes Pesadas de Mergulho na

COMMZ.

3.6.3.3.3 Procedimento para solicitar o apoio de mergulhadores

Após completar a estimativa dos trabalhos de Engenharia, o ENCOM

designará os mergulhadores para cumprirem suas missões. Se algum comando

necessitar de mergulhadores, este deve fazê-lo pelo canal de comando, até chegar

ao comandante do ASCC, que estabelecerá a prioridade para o cumprimento das

missões de mergulho, enviando os pedidos de missões de mergulho para o

47 Zona de Comunicações: no EB, equivale ao conceito de Zona de Administração, onde se desdobram as principais instalações, as Unidades e os órgãos de apoio logístico necessários ao conjunto das forças em campanha. 48 Zona de Combate.

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Comandante do ENCOM. Para missões de curta duração, os mergulhadores são

empregados em apoio direto ao Area Support Group49 (ASG).

Para missões mais longas ou complexas, eles são empregados em reforço a

uma Unidade valor batalhão ou companhia.

3.6.4 Fatores que afetam as operações das equipes de mergulho

Existe um sem número de fatores que afetam as operações das equipes de

mergulho de Engenharia. Devem ser feitas considerações a respeito dos tipos de

mergulho, ambiente, restrições técnicas de emprego do pessoal, equipamento, apoio

externo, avaliação da segurança e dos riscos do mergulho, além da segurança

durante o cumprimento da missão.

A seguir serão descritas as julgadas de maior importância.

3.6.4.1 Tipos de mergulho

3.6.4.1.1 Mergulho autônomo

O Exército dos EUA considera que as operações com mergulho autônomo

permitem ao mergulhador grande mobilidade e possibilitam a cobertura de grandes

áreas. Em condições normais, uma missão utilizando o equipamento autônomo

necessita de uma equipe de 05 (cinco) militares.

As missões utilizando-se do equipamento de mergulho autônomo incluem

busca e recuperação; inspeções; manutenção de embarcações; reconhecimento

hidrográfico; lançamento e remoção de obstáculos; destruição; e apoio a JLOTS.

As vantagens de utilização desse tipo de equipamento, de acordo com os

manuais norte-americanos, são as seguintes: rapidez do mergulhador em se

equipar; ser portátil; necessitar de uma pequena estrutura de apoio; excelente

mobilidade; e a atividade ser pouco afetada pela natureza do fundo.

Da mesma forma, os militares estadunidenses elencam como desvantagens

os seguintes aspectos: duração limitada (profundidade e suprimento limitado de ar);

49 Comando de Apoio de Área: é um Grande Comando Logístico, responsável por todas as funções logísticas em uma determinada área.

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135

proteção física limitada em ambientes contaminados; influenciado pela correnteza; e

normalmente sem comunicação oral ou de qualquer espécie com a superfície.

3.6.4.1.2 Mergulho dependente

É utilizado pelos Mergulhadores de Engenharia do Exército dos EUA que

trabalham em salvamento pesado ou em missões de longa duração, ou ainda

naquelas que necessitem de proteção física para o mergulhador.

Em condições normais, o mergulho dependente exige uma equipe de 10

(dez) homens. As missões de mergulho dependente incluem: desobstrução;

inspeções; salvamento leve ou pesado; manutenção de embarcações; reparação ou

construção de portos; lançamento de obstáculos; destruição; apoio a JLOTS.

As vantagens da utilização desse tipo de equipamento são o ilimitado

suprimento de ar, permitindo mergulhos de longa duração; máxima proteção física e

térmica; capacidade de manter comunicação com a superfície. Já as desvantagens

são a pequena capacidade de movimento e a necessidade de uma preparação

maior que a do mergulho autônomo.

3.6.4.2 Considerações do ambiente

Para a realização de mergulhos, os militares norte-americanos consideram

os seguintes aspectos com relação ao ambiente: a correnteza máxima de até 0,5

m/s para mergulho autônomo e de 1,3 m/s para mergulho dependente; a

profundidade máxima de 130 pés (40 metros) para mergulho autônomo e de 190 pés

(57 metros) para mergulho dependente; a maré; a visibilidade do meio aquático; a

natureza e as condições do fundo; o estado do mar; o tamanho das ondas; a

temperatura do ar; a temperatura da água; e a poluição da água (química,

bacteriológica ou nuclear).

3.6.5 Considerações Finais

Assim como a Marinha do Brasil e o Exército Argentino, o Exército dos EUA

possui uma estrutura de mergulho muito bem definida. Semelhantemente à Força

Naval do Brasil, as atividades de mergulho são separadas em ramos distintos, pois

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os Special Operations Combat Divers executam atividades de mergulho de combate

e os Engineer divers são empregados em atividades de mergulho de apoio geral,

porém sem deixar de realizar as atividades ligadas ao apoio ao combate.

Tendo sido os EUA uma potência mundial no século XX, um dos atores

principais da chamada Guerra Fria, e atualmente, no século XXI, atuado como

superpotência quase que hegemônica no cenário mundial, o seu Exército participou

e continua a participar de diversos conflitos em todo o globo terrestre.

As atividades de mergulho de Engenharia iniciaram-se durante a II Guerra

Mundial, situação em que foi possível comprovar sua utilidade como fator

multiplicador do poder de combate. Desde aquela época até os dias atuais,

passando pelos destacados eventos das Guerras da Coréia, do Vietnã, do Golfo e

do Iraque, as equipes de mergulho de Engenharia cumpriram seu papel no Teatro

de Operações, atuando tanto em proveito da mobilidade ou contramobilidade,

quanto das atividades de apoio logístico.

Pode-se destacar, ainda, que a formação de mergulhadores é realizada de

maneira combinada no Naval Diving and Salvage Training Center, o que

homogeniza a formação, economiza recursos em pessoal e equipamento, além de

possibilitar intercâmbio de experiências.

A estrutura de mergulho é pequena, composta de apenas quatro Equipes

Leves e duas Equipes Pesadas de Mergulho, estrategicamente localizadas a fim de

possibilitar seu emprego em qualquer parte do globo terrestre, de acordo com as

necessidades operacionais do Exército dos EUA.

Dessa forma, pode-se constatar a grande experiência que o Exército dos

EUA possui no trato dessa atividade especial. Tal experiência está consolidada em

uma doutrina de emprego, devidamente explicitada em manuais da Arma de

Engenharia, a qual está sendo validada no dia a dia da Guerra do Iraque.

Conclui-se, parcialmente, que a Engenharia do Exército dos EUA, possuindo

uma doutrina de emprego, estrutura organizacional, pessoal e equipamento

especializado, além de compartilhar de uma estrutura de ensino com a Marinha dos

EUA, pode servir de modelo de estudo para a atividade especial de mergulho no EB.

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137

3.7 O MERGULHO DE ENGENHARIA

3.7.1 O ambiente operacional do Mergulhador de Engenharia

A atividade de mergulho, na Arma de Engenharia, utiliza-se quase que

exclusivamente da água doce como meio, seja em rios caudalosos ou lagos de

pontagem, para a realização de trabalhos técnicos ou atividades logísticas.

O Brasil é um país dotado de vasta rede hidrográfica, sendo que muitos de

seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da

natureza do relevo, predominam os rios de planalto, que apresentam em seus leitos

rupturas de declive, vales encaixados, dentre outras características, que lhes

conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica.

Quanto à navegabilidade, esses rios, dado ao seu perfil não regularizado,

ficam um tanto prejudicados. Dentre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas

e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a

navegação.

Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto. De

maneira geral, os rios têm origem em regiões não muito elevadas, exceto o rio

Amazonas e alguns de seus afluentes que nascem na cordilheira andina.

Em termos gerais, pode-se dividir a rede hidrográfica brasileira em sete

bacias princiais, a saber: a bacia do rio Amazonas; a do Araguaia-Tocantins; a bacia

do Atlântico Sul – trechos norte e nordeste; a do rio São Francisco; a do Atlântico

Sul – trecho leste; a bacia Platina, composta pelas sub-bacias dos rios Paraná,

Paraguai e Uruguai; e a do Atlântico Sul – trecho sudeste e sul (figura 44).

Figura 44 – Principais bacias hidrográficas brasileiras. Fonte: http://www.zeeppa.cnpm.embrapa.br/ppa/mapa/mbaci. Acesso em: 24 mai. 2007.

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3.7.1.1 O mergulho em água doce

Normalmente, a atividade de mergulho está associada ao mar, porém o

ambiente característico das operações na qual atuarão os engenheiros

mergulhadores é o da água doce. Locais como rios, lagos, represas e açudes

poderão ser alvo de reconhecimentos especializados de Engenharia e até mesmo

excelentes locais para formação, treinamento e adestramento de mergulhadores.

Podendo ser iniciado a partir de terra, dispensando o uso de embarcações, o

mergulho em água doce, normalmente, oferece menores dificuldades que o

mergulho no mar. No entanto, cuidados especiais são necessários com relação à

altitude, visibilidade, correntes, temperatura e poluição, já que esses fatores

apresentam faixas de variação muito maiores que as encontradas no mar.

3.7.1.1.1 A altitude

O fator mais importante a ser observado no mergulho em água doce é a

altitude. As tabelas de descompressão normalmente utilizadas, como as baseadas

na Marinha norte-americana, foram criadas tomando como base o fato de o

mergulhador encontrar no retorno à superfície uma pressão atmosférica de 760 mm

(setecentos e sessenta) Hg (uma atmosfera), que é a pressão atmosférica normal ao

nível do mar. No entanto, a maioria dos lagos e represas encontra-se bem acima do

nível do mar, muitas vezes acima de 1.000 metros de altitude (figura 45).

Figura 45 - Mergulhadores em atividade no ambiente operacional característico da Engenharia. Fonte: http://www.binganf121.ejercito.mil.ar/sitio/paginas/reglamentacion. Acesso em: 24 mai. 2007.

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Com o aumento de altitude, a pressão atmosférica diminui gradativamente,

cerca de 8 mm Hg a cada cem metros, atingindo 380 mm Hg (0,5 atmosfera) a 5.500

metros de altitude, metade da pressão ao nível do mar. Isso obriga os

mergulhadores a realizarem ajustes nas tabelas durante o planejamento do

mergulho. Ignorar esses ajustes em um mergulho relativamente fundo, em um lago a

1.500 (mil e quinhentos) metros de altitude, certamente significa que ocorrerá um

caso de doença descompressiva. Normalmente, esse ponto deverá ser discutido

durante um treinamento especial para aqueles que vão mergulhar a mais de 300

(trezentos) metros de altitude.

Alguns modelos de computadores de mergulho se ajustam automaticamente

às variações de altitude, alguns exigem que o mergulhador informe a altitude em que

os mergulhos estão sendo realizados, enquanto outros, simplesmente, não podem

ser utilizados acima do nível do mar.

Para os mergulhadores que irão se valer de tabelas, o princípio básico será

corrigir a profundidade real do mergulho de modo a criar uma “profundidade fictícia”,

utilizada para cálculo nas tabelas. Como a profundidade fictícia é maior que a real,

os limites de mergulho sem descompressão são reduzidos e os tempos de

descompressão aumentam, compensando o efeito da pressão na superfície.

A profundidade fictícia pode ser calculada através da seguinte fórmula:

Na qual PF é a profundidade fictícia (utilizada somente para as tabelas), PR

é a profundidade real do mergulho e ALT é a altitude do local de mergulho. Todos os

valores devem ser fornecidos em metros.

3.7.1.1.2 A densidade da água

A água doce possui densidade menor que a da água salgada. Uma

atmosfera de pressão de água doce equivale a 10,33 metros, já uma atmosfera de

água salgada equivale a 10 metros. Essa diferença cria uma mudança nas taxas de

absorção e eliminação do nitrogênio. Portanto, a subida do mergulhador para a

superfície, onde se faz a eliminação do nitrogênio, deve ser mais lenta que 9 m/min,

que é a taxa de subida em água salgada.

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A densidade da água também influencia na flutuabilidade do mergulhador.

Dessa forma, para a realização de mergulhos em água doce, o mergulhador deverá

retirar cerca e 20% do peso de seu cinto de lastros normalmente utilizado no mar,

para continuar com a flutuabilidade neutra.

Atualmente, existem tabelas nas quais o mergulhador pode encontrar a

velocidade de subida ideal de acordo com a altitude do mergulho realizado, bem

como as tabelas para a correção da pressão atmosférica.

3.7.1.1.3 A visibilidade

Muitas vezes a visibilidade em rios, lagos ou represas, com bastante

sedimento, pode variar de 5 metros a absolutamente zero. Noções de navegação

subaquática serão muito úteis nessas situações.

No Brasil é comum o mergulho em águas com pouca visibilidade, tornando-

se importante o mergulhador estar preparado para isso. A principal causa de

problemas de visibilidade é a existência de sedimento em suspensão na água. Isso

pode acontecer em rios, principalmente nos de maior volume, ou em represas, onde

o fundo lodoso é facilmente levantado por mergulhadores menos experientes.

No caso de rios com correntes fortes não existem muitos cuidados a serem

tomados, mas em águas paradas o principal cuidado é ao nadar, quando se deve

evitar que o movimento das nadadeiras levante o lodo do fundo.

Em águas com muita suspensão as lanternas não são de muita utilidade,

pois acabam ofuscando o mergulhador com a luz refletida nas partículas em

suspensão.

3.7.1.1.4 As correntes

O mergulho em rios com correnteza exige cuidados adicionais, já que a

corrente pode jogar o mergulhador contra obstáculos submersos ou levá-lo para

uma posição onde a saída da água seja difícil ou mesmo impossível. É necessário,

antes de iniciar o mergulho, avaliar a intensidade da corrente, pois muitas vezes não

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será possível conduzir o mergulho contra a correnteza e é preciso planejar um local

de saída diferente da entrada.

Algumas das dificuldades causadas pelas correntes são as seguintes: mais

água penetra e circula na roupa do mergulhador, aumentando a sensação de frio;

aumento da dificuldade em permanecer parado na superfície da água; aumento do

esforço para a natação, o que causa fadiga e cãibras; aumento do consumo de ar,

dificultando o planejamento do mergulho; respiração inadequada (acelerada),

elevando-se rapidamente a taxa de gás carbônico, o que pode causar intoxicação;

pré-disposição à doença descompressiva; e deriva para longe da embarcação.

Em geral, as correntes são mais fortes na superfície e no centro dos rios,

sendo mais fracas no fundo e junto às margens. Caso o mergulhador seja apanhado

de surpresa por uma corrente, torna-se importante não perder a calma e procurar

nadar em direção à margem, buscando um ponto de saída, já que normalmente é

quase impossível nadar contra a correnteza.

Segundo Oliveira (1999), existem três tipos de correntes: a primeira são

correntes de maré, causadas pelo fluxo ou refluxo das marés; a segunda é a

corrente de rios ou correntes oceânicas principais; e a terceira são correntes de

fundo, normalmente com sentido diverso das de superfície.

As correntes dos dois primeiros casos são razoavelmente previsíveis,

permitindo algum planejamento, o terceiro caso, no entanto, pode ocorrer a qualquer

momento. Dessa forma, existe a necessidade de se realizar um planejamento mais

acurado, principalmente nos aspectos de segurança, devendo o mergulhador dispor

de equipamentos adequados.

Ressalta-se, ainda, que o mergulhador autônomo será muito mais afeado

pela correnteza do que o mergulhador que utiliza o equipamento dependente.

Outra consideração que deve ser feita, diz respeito à escolha do método de

acesso ao local do mergulho. Se a correnteza for mais forte na superfície, pode-se

atingir o local de trabalho lançando-se o mergulhador à montante e fazendo com que

ele mergulhe lentamente por um cabo de fundo. Seu recolhimento será feito pela

equipe de superfície.

Quando existe uma corrente forte no local de trabalho, o mergulhador

necessitará de auxílio para se movimentar, requerendo cabos de fundo onde for

possível instalá-los. O mergulhador deve procurar posicionar-se à jusante,

recebendo, dessa forma, alguma proteção contra a corrente, diminuindo seu esforço.

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Ao mergulhar em locais com forte correnteza, deve-se prestar especial atenção para

a fadiga do mergulhador, procurando reduzir o esforço ao estritamente necessário

para a realização do trabalho.

3.7.1.1.5 A temperatura

A temperatura da água causa diferenças no consumo de ar do mergulhador

e na exposição aos gases, pois quanto mais frio, maior será o consumo e maior será

a dissolução do gás no corpo do mergulhador. Torna-se importante a utilização de

roupas completas que aumentam o conforto em baixo da água e protegem de

contato direto com seres e obstáculos.

3.7.1.1.6 A poluição

A poluição em rios, lagos e represas é muito mais comum que a poluição no

mar, principalmente devido ao menor volume de água. Diversas indústrias despejam

produtos químicos diretamente nos rios, além do despejo irregular de esgotos não

tratados. Um mergulho em águas contaminadas pode ser bastante perigoso ou até

mesmo fatal sem o equipamento adequado.

Em tempos de guerra, esse fator de risco torna-se mais grave, pois existe a

possibilidade de o inimigo contaminar a água com agentes químicos ou biológicos.

Dessa forma, antes de iniciar um mergulho em local desconhecido é

importante verificar, junto às autoridades locais, o estado da água e se existem na

região, ou rio acima, indústrias químicas ou estações de tratamento de esgotos que

possam contaminá-la química ou biologicamente.

3.7.1.1.7 Outras observações

As marcações dos profundímetros que trabalham por tubo de Bourdon50 são

ajustadas para a pressão e densidade da água salgada a uma pressão de uma

atmosfera (nível do mar), se forem usados em água doce vão mostrar uma diferença

na profundidade real do mergulho. É possível calcular essa diferença, usando

50 Tipo de manômetro.

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tabelas de correção de profundidade ou mergulhando com computador de mergulho

calibrado para água doce.

Também é importante observar que durante a realização do mergulho deve-

se prestar atenção no local e ao seu redor, pois linhas de pesca, tarrafas, redes de

pesca e galhos de árvores podem causar algum enrosco. Mergulhar com uma faca e

realizar um deslocamento vagaroso ajudam a visualização e a antecipação a algum

tipo problema. Deve-se evitar mergulhar próximo às correntes, ou seja, no meio do

curso d’água e no lado de fora nas curvas de rio, devendo tais aspectos constar do

planejamento do mergulho.

Em lagos e represas, antes de entrar na água, deve-se observar o relevo da

superfície, pois muitas vezes este é uma boa indicação do tipo de fundo que se irá

encontrar. Por exemplo, encostas íngremes geralmente significam lagos com laterais

íngremes e vales podem dar uma idéia da profundidade máxima do local.

Finalmente, mais do que no mar, deve-se tomar cuidado com o tráfego de

barcos, em especial de lanchas rápidas e “jet-skis”, muito comuns em represas.

Bóias de sinalização podem ajudar, mas seu significado normalmente não é

conhecido no Brasil e é importante que ela não esteja presa ao mergulhador e sim

levada por ele, pois a bóia pode ser recolhida como um achado por uma lancha.

3.7.1.2 O mergulho noturno

Segundo Freitas (2002, p.42),

“as técnicas de mergulho noturno se ressaltam de importância no mergulho operacional. Por isso o equipamento mais importante é a lanterna, dela vai depender o conforto e a segurança do mergulhador. Em geral, vale a regra de que quanto mais se puder iluminar, menores serão as surpresas. Entretanto, para mergulhos em águas turvas ou em que se deseje se aproximar do objetivo mantendo o sigilo, uma lanterna muito forte ou de foco aberto pode denunciar a posição, causando o back-scatter51 ou denunciando a presença cedo demais”.

Dessa forma, pode-se afirmar que os cuidados, os equipamentos e o

planejamento para mergulho noturno são fundamentais para a segurança do

mergulhador.

51 Reflexo na suspensão que impede a visão.

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O planejamento deve ser cuidadoso, evitando-se que outros fatores, além da

escuridão e de uma leve desorientação, causem estresse.

Quanto aos equipamentos e procedimentos, torna-se altamente

recomendável a utilização de duas lanternas, uma mais forte (principal) e uma

menor, para o caso de falha da principal.

Além disso, também é possível a utilização de pequenos bastões de luz

química, conhecidos como “cyalume”. Eles são normalmente presos aos cilindros

para facilitar a localização dos mergulhadores e oferecem uma luz difusa, iluminando

suavemente o mergulho. Pequenos flashes à prova d’água, também chamados

“strobe light”, podem ser colocados na embarcação para marcar o local de saída ou

sinalizar situações de emergência na superfície.

Um procedimento a ser adotado com a equipe de mergulho reunida, tendo

iniciado a descida, é a utilização da lanterna para uma varredura inicial, mantendo o

contato entre os mergulhadores. Como à noite existem menores referências visuais,

uma linha de descida ou cabo de âncora, pode ser útil para auxiliar na orientação.

Além disso, como a visão periférica é prejudicada pela escuridão, deve-se nadar

com cuidado redobrado, evitando choques com outros mergulhadores ou com o

fundo.

A adaptação da visão à escuridão leva algum tempo. Assim sendo, não se

deve iluminar diretamente o rosto de outro mergulhador, pois isso dificultará a

adaptação visual ao novo ambiente. Já em águas turvas não se deve apontar a

lanterna diretamente à frente, pois os reflexos impedirão a observação, deve-se sim

iluminar em diagonal para se obter uma melhor visibilidade.

Ao final do mergulho, ao iniciar a emersão, o mergulhador deverá direcionar

o facho da lanterna para a superfície, pois além de checar se não existem

obstáculos tal fato auxiliará o supervisor de mergulho na localização dos

mergulhadores.

3.7.2 Considerações finais

A AOC possui uma rica e extensa rede hidrográfica. Somente esse fato já

justificaria a necessidade do preparo dos mergulhadores de Engenharia para

atuarem em água doce, visando ao cumprimento das missões doutrinarias da Arma.

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Deve-se observar que as OM de Engenharia de combate, em sua quase

totalidade, possuem lagos de pontagem, local propício ao desenvolvimento da

atividade subaquática com as características descritas no presente capítulo.

Evidencia-se que para as instruções, exercícios e adestramentos são

necessários alguns cuidados adicionais a fim de evitar perdas de vidas humanas.

Assim sendo, as observações aqui feitas quanto ao mergulho em água doce

e ao mergulho noturno devem ser estudas e adaptadas para as situações de

emprego em operações reais.

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4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

4.1 OBJETIVOS

Nesta etapa serão definidos os objetivos que pautaram o presente trabalho,

conforme descritos a seguir.

4.1.1 Geral

Determinar se a atual estrutura organizacional e doutrina da Arma de

Engenharia, com relação à atividade especial de mergulho, atendem às

necessidades dos sistemas operacionais Manobra e Logística.

4.1.2 Específicos

Os objetivos específicos a serem alcançados no desenvolvimento da

pesquisa são:

verificar se atual estrutura organizacional da arma de Engenharia, com

relação à atividade de mergulho, atende as necessidades do sistema

Engenharia;

verificar a atual situação da formação de mergulhadores de Engenharia

no EB;

verificar a atual situação do material de mergulho nas Unidades de

Engenharia do EB;

verificar se o material de mergulho de dotação das Unidades de

Engenharia do EB é adequado para as operações nas diversas regiões

da AOC;

verificar quais são as missões possíveis de serem cumpridas pelos

mergulhadores de Engenharia;

verificar a melhor forma de emprego dos mergulhadores de Engenharia

em operações militares;

verificar a legislação vigente sobre mergulho;

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pesquisar sobre a atividade especial de mergulho em Exércitos de

Nações Amigas;

levantar opiniões de amostra significativa de OM e Oficiais de

Engenharia especialistas em mergulhado sobre o tema em questão;

propor mudanças na formação dos mergulhadores de Engenharia;

propor a aquisição de novos materiais de mergulho;

propor uma reformulação na estrutura organizacional do mergulho de

Engenharia;

propor aspectos doutrinários de emprego de mergulhadores de

Engenharia;

propor mudanças na legislação vigente sobre mergulho; e

possibilitar que outros estabelecimentos de Ensino (EE) do EB se

beneficiem deste trabalho.

4.2 HIPÓTESES

É conveniente reformular a formação de mergulhadores e a estrutura

organizacional de mergulho na Arma de Engenharia.

Existe a necessidade da formulação de uma doutrina de emprego para a

atividade especial de mergulho na Engenharia.

4.3 VARIÁVEIS

Considerando o título “Sistema Engenharia: uma proposta para a atividade

especial de mergulho”, de acordo com as hipóteses apresentadas no item anterior, a

pesquisa a ser formulada terá as seguintes variáveis:

variável I - reformulação da estrutura de mergulho da Engenharia;

variável II - concepção de uma doutrina de emprego para os

mergulhadores de Engenharia.

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4.4 METODOLOGIA

Apresenta-se, inicialmente, a caracterização do estudo, o tipo de pesquisa, o

método, a população, as técnicas de coleta e de tratamento de dados utilizadas na

pésquisa, onde se evidenciam a entrevista, a análise documental e o questionário.

4.4.1 Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa que serviu de base para esse estudo foi a pesquisa

qualitativa. Segundo Godoy (1995), esse tipo de pesquisa caracteriza-se por

apresentar como fonte direta de dados o ambiente natural e o pesquisador como

instrumento fundamental. Outra característica desse tipo de pesquisa é o fato de a

mesma ser descritiva.

4.4.2 Método

O método utilizado foi o comparativo, levando em conta o que existe nos

Exércitos Brasileiro, Argentino e Estadunidense, além da Marinha do Brasil.

4.4.3 A população

As pesquisas de levantamentos caracterizam-se pela interrogação direta das

pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à

solicitação de informações a um grupo de pessoas acerca do problema estudado

para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões

correspondentes aos dados coletados (GIL, 1994).

Dessa forma, a população do estudo é constituída por Oficiais de Engenharia,

possuidores de curso de mergulho autônomo, bem como as Unidades e

Subunidades de Engenharia de Combate do Exército Brasileiro.

4.4.4 Técnicas de coleta de dados

As técnicas de coletas de dados utilizadas foram a entrevista semi-

estruturada, a análise documental e o questionário.

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A entrevista, segundo Selltiz et al (1987, p. 273), é bastante adequada para

a obtenção de informações sobre o que as pessoas sabem, crêem, esperam,

sentem ou desejam, pretendem, fazer, fazem ou fizeram, bem como sobre as suas

explicações ou razões a respeito das coisas precedentes.

Segundo Gil (1994), a análise documental consiste em uma série de opera-

ções que visa a estudar e a analisar um ou vários documentos. Ela proporciona ao

pesquisador dados suficientemente ricos para evitar a perda de tempo com

levantamento de campo a partir da análise dos seguintes documentos: arquivos

históricos, registros estatísticos, diários, atas, biografias, jornais, revistas, entre

outros disponíveis nas organizações educacionais. Assim, a análise documental,

tanto favoreceu o desenvolvimento da pesquisa bibliográfica quanto a de campo.

Dessa forma, este estudo foi desenvolvido com base em pesquisa

bibliográfica, documental e de campo. Primeiro foi realizado um estudo descritivo,

baseado no que já se tem realizado nas missões do sistema Engenharia em apoio

às operações, utilizando-se da atividade especial de mergulho.

Para a coleta de material foram realizadas consultas às bibliotecas da Esco-

la de Comando e Estado-Maior do Exército; Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais;

Escola de Guerra Naval e do CIAMA; assim como noticiários de jornais e revistas;

dados, relatórios e manuais do Exército Brasileiro e a rede mundial de computadores

(internet). Após essas buscas de bibliografias e documentos pertinentes, foi possível

obter dados suficientemente ricos à pesquisa, sendo necessário observar se os

dados e informações coletadas representavam, realmente, a realidade, extraindo

assim o que se relacionava com a pesquisa em questão.

No que concerne às técnicas de coletas de dados, foi realizado um

levantamento de informações, por intermédio de questionários, formulários e

entrevistas direcionadas a profissionais que possuam notório conhecimento em

mergulho de Engenharia, assim como o envio de consultas e questionários às

Organizações Militares de Engenharia e ao Centro de Instrução Almirante Átila

Monteiro Aché, da Marinha do Brasil.

Por fim, para análise dos dados foram utilizadas planilhas do programa Excel

do Microsoft Office, versões 2003 e 2007. Desta forma, o trabalho teve

prosseguimento com a elaboração do texto, gráficos e ilustrações, nos quais

constam as questões encaradas como objeto de estudo, enfatizando a doutrina de

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emprego para a atividade especial de mergulho na realização de trabalhos técnicos

do Sistema Engenharia, bem como as conclusões pertinentes a este assunto.

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151

5 RESULTADOS

5.1 A ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO NAS ORGANIZAÇÕES MILITARES

DE ENGENHARIA DE COMBATE

5.1.1 Generalidades

Antecedendo à abordagem da situação atual da atividade especial de

mergulho nas diversas Organizações Militares (OM) de Engenharia de Combate, e

para entender como o Exército Brasileiro define essa atividade, faz-se necessário o

conhecimento de alguns conceitos fundamentais contidos no Plano de Provas e de

Exercícios para a Atividade Especial de Mergulho, cumprindo missão militar, no

âmbito do Comando do Exército (PORTARIA Nr 236, DE 06 DE MAIO DE 2003,

PUBLICADA NO BOLETIM DO EXÉRCITO Nr 19, DE 09 DE MAIO DE 2003 –

Anexo A).

A citada Portaria define a atividade especial de mergulho como aquela

desempenhada por militar do Exército, ocupando cargo de mergulhador

previsto

em Quadro de Cargos Previstos (QCP) e qualificado para tal, envolvendo missões

militares, realizadas com aparelho de mergulho, que atendam às operações de

busca e salvamento, às operações especiais, aos reconhecimentos e

destruições subaquáticas e, ainda, ao adestramento e às instruções de

mergulho

[grifo do autor].

Já Organização Militar Específica de Mergulho (OMEM) é a OM que possui

cargo de mergulhador previsto em QCP e material para a atividade de mergulho

previsto no Quadro de Dotação de Material (QDM).

5.1.2 Questionários aplicados nas OM de Engenharia de Combate

Para verificar dados recentes relativos à situação da atividade especial de

mergulho nas OM de Engenharia de Combate, foi elaborado e distribuído um

questionário a 19 OM (Apêndice A). Destas, apenas 16 responderam à pesquisa,

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152

sendo que uma OM o fez parcialmente52. Assim sendo, verifica-se que 84,21% das

OM responderam ao questionário enviado.

Um teste do questionário foi realizado com dois Oficiais de Engenharia, para

verificar a pertinência e a clareza das perguntas, o que resultou em correções e a

inserção de novas perguntas.

A pesquisa realizada possui pontos em comum com as pesquisas realizadas

por Paiva (1997), Oliveira (1999) e Linhares (2003). Dessa forma, os dados que

forem pertinentes serão analisados comparativamente. O número de OM

pesquisadas por cada Oficial encontra-se especificada abaixo no Quadro 3.

PESQUISADOR

ANO Nr DE OM PESQUISADAS

Paiva 1997 18 (dezoito)

Oliveira 1999 21(vinte e uma)

Linhares 2003 21(vinte e uma)

Carli 2006 16 (dezesseis)

Quadro 3 - Número de OM pesquisadas. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999), Linhares (2003) e o autor.

Para a tabulação dos dados foi utilizada a planilha eletrônica Microsoft Excel,

versões 2003 e 2007, e as percentagens obtidas foram aproximadas, segundo o

critério matemático, até a segunda casa decimal.

A seguir, serão exploradas as respostas obtidas nos questionários

distribuídos às OM de Engenharia de Combate, destacando-se as perguntas

realizadas em itálico.

52 A 3a

Cia E Cmb Mec respondeu até o item 10 do questionário, letra “i” da discussão, o que prejudicou a pesquisa nos itens subseqüentes, principalmente o referente à estrutura organizacional da Cia E Cmb.

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153

5.1.2.1 Discussão

O primeiro questionamento merece ser precedido por um esclarecimento. O

Conceito de OMEM já estava expresso na Portaria Ministerial Nr 133, de 12 de

março de 1996, que aprovava as normas para percepção, incorporação, atualização

e suspensão da gratificação de compensação orgânica para a atividade especial de

mergulho, a qual foi revogada pela Portaria Nr 236/Comando do Exército, de 06 de

maio de 2003. Tal conceito não sofreu alteração com a aprovação da nova Portaria.

Desta forma, o primeiro questionamento foi o seguinte:

a. Com referência ao Nr IV do Art 3o da Portaria Nr 236/Comando do Exército, de 06

de maio de 2003, a Unidade se enquadra como OMEM? Caso afirmativo, complete

as solicitações que se seguem (QCP e QDM - extrato).

Segundo Paiva (1997), apenas quatro OM enquadravam-se com OMEM; tal

fato se repetiu com Oliveira em 1999. Já na pesquisa de Linhares (2003), esse

número cresceu para 06 (seis) OM. Na pesquisa atual, doze OM enquadraram-se

como OMEM. Dessa forma, pode-se inferir que, a partir do início do século XXI,

houve um incremento da atividade de mergulho nas OM de Engenharia de Combate,

fruto de um maior conhecimento da legislação, o que possibilitou às OM atenderem

àquilo que está prescrito na Portaria em tela (figura 46).

Outro aspecto merecedor de destaque é que na maioria das OM,

excetuando-se o 3o

BEC, não existem vagas em QCP que permitam constituir uma

equipe mínima de mergulho, quanto menos uma equipe constituída dentro de uma

das frações da OM, o que prejudica o desenvolvimento dessa atividade. Além disso,

em todas as OM as vagas que exigem a habilitação de mergulhador são referentes a

Oficiais ou Sargentos.

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Figura 46 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “a”. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999), Linhares (2003) e o autor.

b. A Unidade possui material para a atividade de mergulho?

Na pesquisa realizada por Paiva (1997), apenas uma OM não possuía

material de mergulho. Em 1999, Oliveira constatou que sete OM não possuíam tal

material. Na atual pesquisa, das OM consultadas, 100% possuem material de

mergulho – mesmo que extra-QDM (figura 47). Houve uma evolução significativa,

porém alguns problemas que foram constatados por Oliveira permanecem válidos,

tais como:

- algumas OM carecem de determinados equipamentos;

- há diferenças significativas de determinados itens em OM do mesmo tipo;

- há diferenças qualitativas de material;

- inexistência de compressores de alta pressão, o que inviabiliza o emprego

do material autônomo, pois não há como carregar os cilindros de ar

comprimido;

- inexistência de compressor tipo narguilê, um equipamento de grande

utilidade em trabalhos que exigem pouca mobilidade;

- inexistência de bóias de fundeio e de superfície, equipamentos

fundamentais para a segurança do mergulhador;

- falta de conjunto de ferramentas para a manutenção do equipamento, o

que dificulta a manutenção do material e pode diminuir sua vida útil.

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Figura 47 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “b”. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999) e o autor.

c. O Sr considera que o material de mergulho de dotação da OM é adequado para a

área de operações prioritária da(o) GU/G Cmdo apoiada(o)?

Das dezesseis OM consultadas, doze consideraram que o seu material é

adequado. Porém, as OM que responderam negativamente, o fizeram em função da

obsolescência ou falta de determinado material e não em relação ao ambiente

operacional em que atuam, prejudicando a avaliação desse questionamento (figura

48).

Figura 48 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “c”. Fonte: o autor.

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d. A Unidade emprega o material de mergulho em instrução/adestramento? Com

que freqüência?

Figura 49 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “d”. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999) e o autor.

Da análise da figura 49, pode-se inferir que houve um aumento das

atividades de mergulho nas OM de Engenharia de Combate. Observa-se, também,

que na pesquisa realizada em 2006, o número de OM que cumprem o prescrito na

Portaria Nr 236 (emprego quadrimestral, no mínimo) chega a um total de 50% das

OM pesquisadas, o que propicia uma maior segurança institucional e melhor

adestramento aos mergulhadores de Engenharia dessas OM.

e. A OM ministra instrução de mergulho para cabos (Cb) e soldados (Sd)?

Tal questionamento foi respondido afirmativamente por apenas duas SU, ou

seja, 12,5% do universo consultado. Tal fato, todavia, não se encontra normatizado

adequadamente, já que a Portaria Nr 236 somente reconhece como mergulhadores

os militares formados na Marinha do Brasil e nos diversos CBM (figura 50).

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Figura 50 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “e”. Fonte: o autor.

f. Citar a quantidade do pessoal que ministra instrução de mergulho e/ou exerce

essa atividade na OM.

Para esse questionamento, também é válido o que já foi aclarado para o

primeiro quesito, pois a nova Portaria não alterou a relação das organizações que

podem formar mergulhadores.

Apresenta-se, a seguir, um gráfico comparativo, com os resultados obtidos

pelos três pesquisadores em 1997, 1999 e 2006. Observa-se um decréscimo no

número de mergulhadores que possuem outras formações (AMAN, EsSA, civil) não

amparadas pela Portaria que regula a atividade em comparação com os formados

na Marinha do Brasil e Corpo de Bombeiros Militar, habilitações consideradas

válidas pela referida Portaria. Esse fato indica que as OM estão mais atentas ao que

prescreve a legislação, dando respaldo legal para as operações de mergulho que

executam e resguardando legalmente o mergulhador em atividade (figura 51).

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Figura 51 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “f”. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999) e o autor.

g. Dos militares acima, quantos possuem o Curso de Demolições Subaquáticas?

De acordo com a pesquisa, quatro OM possuem pessoal habilitado e doze

não possuem. Dessa forma, pode-se inferir, de forma parcial, que a grande maioria

das OM de Engenharia de Combate não está em condições de cumprir essa tarefa,

que lhe é atribuída pelos manuais doutrinários (figura 52).

Figura 52 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “g”. Fonte: o autor.

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h. A OM possui alguma doutrina, Plano de Provas ou Normas Gerais de Ação (NGA)

para o emprego de mergulhadores ou de seu material de mergulho?

Em 1997, segundo Paiva, inexistiam NGA para a atividade em todas as OM.

O mesmo fato foi constatado por Oliveira em 1999. Já em 2006, houve uma

mudança nessa situação nas OM consultadas, conforme a figura 53.

Figura 53 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “h”. Fonte: Paiva (1997), Oliveira (1999) e o autor.

Essa situação ainda não é a ideal, visto que, doutrinariamente, todas as OM

de Engenharia de Combate devem estar aptas a realizarem trabalhos técnicos de

Engenharia, dentre outras missões, valendo-se da atividade especial de mergulho.

i. A OM já realizou alguma missão com emprego de mergulhadores?

Tais resultados ilustram como a atividade de mergulho ganhou importância

na atualidade, porém o resultado ideal seria próximo a totalidade, visto a obrigação

doutrinária da Arma de Engenharia em cumprir tarefas subaquáticas (figura 54).

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Figura 54 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “i”. Fonte: o autor.

j. Como o Sr enquadraria essas missões?

As OM que já cumpriram alguma missão com o emprego de mergulhadores

classificaram essas tarefas conforme demonstrado no Quadro 3, representado

abaixo:

OM Emprego em

2o

BEC Reconhecimento

3o

BEC Resgate de material, demolição subaquática e reconhecimento

7o

BEC Reconhecimento e resgate de material

9o

BEC Busca de afogado e resgate de material

12o

BEC Busca de afogado e resgate de material

4a

Cia E Cmb Mec Resgate de material

10a

Cia E Cmb Resgate de material e exercício de infiltração.

1a

Cia E Cmb Pqdt Exercício

Quadro 4 - Classificação das missões empregando mergulhador. Fonte: o autor.

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As tarefas anteriormente descritas totalizam quatorze tipos de missões

cumpridas. Verificam-se as percentagens conforme a figura 55.

Figura 55 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “j”. Fonte: o autor.

Dessa forma, verifica-se que o esforço principal das OM, no que se refere ao

mergulho, está em utilizar essa ferramenta como uma maneira de recuperar seu

material carga e realizar a busca de afogados.

l. Foi sentida a necessidade de algum equipamento para o cumprimento da missão?

Caso positivo, quais?

Das oito OM que cumpriram missão de mergulho, cinco sentiram a

necessidade de algum complemento em seu material de dotação. Tal fato sugere a

necessidade de se complementar o material de mergulho das OM, a fim de que elas

possam bem cumprir seu rol de atribuições (figura 56).

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Figura 56 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “l”. Fonte: o autor.

m. Em alguma ocasião a OM teve material extraviado em Op ou instrução por ter

caído em rio, mar ou lago?

Esse foi outro questionamento realizado tanto em 1999 quanto em 2006. Em

1999, das OM consultadas, cinco haviam perdido material dessa forma. Já em 2006,

esse número aumentou para doze dentre quinze OM que responderam ao quesito.

Ao autor parece ter havido um pouco mais de precisão nas respostas do

questionário de 2006, pois a perda de material em rios não é um fato corriqueiro,

mas acontece com certa freqüência em um Exército de conscrição, não

caracterizando um relaxamento nas atividades desenvolvidas pelas OM para evitar

esse tipo de ocorrência, a qual pode ensejar a utilização de mergulhadores (figura

57).

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Figura 57 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “m”. Fonte: Oliveira (1999) e o autor.

Em 50% das OM que afirmaram ter perdido material em instrução ou

operação foram utilizados mergulhadores para efetivar a recuperação do material,

sendo o índice de recuperação igual a 100%. Tal fato atesta a efetividade do

emprego dos mergulhadores nesse tipo de tarefa.

n. Em alguma ocasião a OM perdeu algum militar afogado (acidente de serviço) Sv

ou fora de Sv)? Caso positivo, foi procedida a busca para a recuperação do afogado

com o emprego de mergulhadores?

De 15 OM consultadas, somente 33,33% das OM responderam

afirmativamente a esse quesito, sendo que, desse percentual, apenas 20% não

empregaram mergulhadores no resgate do corpo do militar afogado. A corporação

da qual fazem parte os mergulhadores que realizaram a tarefa do questionamento

estão explicitadas no gráfico a seguir (figura 58).

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Figura 58 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “n”. Fonte: o autor.

Essa foi uma situação que evoluiu desde 1999, quando quatro OM haviam

perdido militares afogados e em apenas um caso foram empregados mergulhadores

próprios na recuperação do militar afogado, porém ainda há uma predominância na

utilização de mergulhadores do CBM.

o. Já ocorreu algum acidente de militar da OM em atividade de mergulho?

Em 100% das OM que atenderam ao solicitado a resposta foi negativa. Tal

fato demonstra que existe uma grande preocupação com as medidas de segurança

e que tais medidas tem sido eficientes até o presente momento.

p. Existe algum médico na Guarnição com conhecimento de medicina hiperbárica?

Caso positivo, existe algum planejamento (Plj) de emprego desse profissional em

caso de atendimento a mergulhador acidentado? Qual seria o procedimento

adotado?

A medicina hiperbárica é uma especialização necessária para o tratamento

dos acidentes de mergulho. Da mesma maneira que 1999, esse fato ocorre em

apenas uma OM das quinze que responderam ao solicitado (figura 59).

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Figura 59 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “p”. Fonte: Oliveira (1999) e o autor.

Já quanto ao procedimento para acionar um médico especialista em

medicina hiperbárica, apenas duas OM possuem uma NGA para tal situação. Pode-

se inferir, de maneira parcial, que os mergulhadores das OM aonde não existem

profissionais habilitados nessa especialidade médica estão correndo um risco

desnecessário, o que em breve poderá ocasionar uma fatalidade por falta de

tratamento adequado se essa situação persistir.

q. Pergunta formulada para OM valor Btl: Doutrinariamente, de acordo com o C 5-7,

ed. 2001, o BEC pode “... construir, lançar e remover Obt, inclusive subaquáticos;...

executar trabalhos de destruição, inclusive subaquáticos...”. Na opinião da OM, qual

seria a melhor estrutura de mergulho para o BEC DE/Bda Bld cumprir essa missão?

De acordo com o questionado, duas das OM sugeriram a criação de um

grupo de mergulho, orgânico do Pel Eq L/Cia E Pnt, e cinco OM deram preferência

por possuir militares habilitados em mergulho nos Pel E Cmb/Cia E Cmb, com o

material concentrado no Pel Eq Ass/Cia E Pnt (figura 60).

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166

Figura 60 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “q”. Fonte: o autor.

Tais respostas mostram que a maioria das Unidades de Engenharia de

Combate visualizam o emprego dos especialistas em mergulho de suas frações de

emprego junto às outras Armas em operações.

r. Pergunta formulada para OM valor companhia: De acordo com o C 5-10, ed. 2000,

a Cia E Cmb pode “.... lançar e remover Obt, inclusive subaquáticos”.

Coerentemente com a especificidade da OM (L, Pqdt, Mtz ou Mec), qual seria a

melhor estrutura de mergulho para Cia E Cmb/ Bda cumprir essa missão?

Os resultados com oito OM consultadas estão representados a seguir, no

quadro 3 e figura 61:

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167

Tipo de OM % Modificação

Cia E Cmb Mtz e

Cia E Cmb Mec

20 Manter a estrutura atual, com o Gp E Cmb/ Pel E Ap realizando as atividades de mergulho.

20 Mat de mergulho no Pel Eq Ass e a Tu de mergulho nomeada em BI.

60 Criação de um Gp de mergulho, orgânico do Pel Eq Ass.

Cia E Cmb Pqdt 100 Criação de um Gp de mergulho, orgânico do Pel E Ap.

Cia E Cmb L 100 Criação de um Gp de mergulho, orgânico do Pel C Ap.

Quadro 5 - Modificações na estrutura organizacional das OM valor companhia. Fonte: o autor.

Dessa forma, evidencia-se que os comandantes de SU preferem manter os

mergulhadores centralizados, com a criação do grupo de mergulho.

Cabe ressaltar que foram sugeridas as seguintes modificações, a saber:

criação, a exemplo da Cia E Cmb Sl, de uma Tu Merg, orgânica do Pel E Ap/ Pel C

Ap; existência de militares habilitados em mergulho nos Pel E Cmb e material

concentrado no Pel Eq Ass ou correspondente (figura 61).

Figura 61 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “r”. Fonte: o autor.

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s. O Sr considera que a sua OM está apta a cumprir as missões citadas nos manuais

C 5-7/C 5-10 (citadas nos itens “q” e “r”) no que se refere à atividade especial de

mergulho?

Figura 62 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “s”. Fonte: o autor.

Estes são números que espelham a realidade da Arma de Engenharia

quanto ao mergulho em quinze OM. Menos da metade das OM consideram-se aptas

a cumprir suas missões doutrinarias, o que em caso de conflito ou operação real

poderá causar sérios prejuízos às manobras concebidas .

t. A OM considera necessário o aperfeiçoamento da Portaria Nr 236/Comando do

Exército, de 06 de maio de 2003, para a realização da Atv Esp de Mergulho?

Tal resultado, obtido sobre as respostas de quinze OM, ilustram que ainda

há espaço para a introdução de aperfeiçoamentos na Portaria que regula a atividade

de mergulho, objeto de estudo do presente trabalho (figura 63).

Das OM que sugeriram aperfeiçoamentos, podem-se destacar idéias como:

possibilitar o adestramento de todos os mergulhadores da OMEM e; permitir o

adestramento de mergulhadores que não estejam servindo em OMEM.

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Figura 63 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “t”. Fonte: o autor.

5.2 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NOS OFICIAIS MERGULHADORES DE

ENGENHARIA

5.2.1 Generalidades

O trabalho de campo com os Oficiais mergulhadores de Engenharia foi

centrado em questionários, por escrito e enviados via correio eletrônico. O público-

alvo foi composto apenas de Oficiais de Engenharia, nos postos de Coronel até 1o

Tenente, possuidores de curso ou estágio de mergulho cadastrado no Departamento

Geral do Pessoal (DGP) (quadro 4), além de dois oficiais que, apesar de não serem

possuidores desses cursos, possuem habilitação por certificadoras civis e foram

instrutores do assunto mergulho na AMAN e no Centro de Preparação de Oficiais da

Reserva de São Paulo (CPOR/SP).

A opinião desses Oficiais foi considerada fundamental, pois o objeto deste

trabalho é justamente conceber propostas para o Mergulho de Engenharia. Em

relação ao questionário (Apêndice B), inicialmente, o mesmo foi enviado para o

maior número possível de Oficiais de Engenharia com os cursos e estágios acima

mencionados, além dos dois ex-instrutores de Estabelecimentos de Ensino (EE).

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170

CÓDIGO DESCRIÇÃO

348 Expedito de Mergulhador Autônomo (Marinha do Brasil)

33-Y Curso de Mergulhador Autônomo Raso Profissional

R4-H Estágio de Mergulhador Autônomo

R-72 Estágio de Equipamento de Mergulho

S-14 Estágio Expedito Modular de Complementação para Mergulhador – demolição submarina e superfície (Marinha do Brasil)53

S-23 Estágio Básico de Mergulhador Autônomo

V-17 Estágio de Mergulho

Quadro 6 - Códigos dos cursos/estágios de mergulho cadastrados no DGP em 2006. Fonte: www.dgp.eb.mil.br . Acesso em 07 set. 2006.

Ao fazer o estudo dos militares possuidores dos referidos cursos, o autor

concluiu que setenta e um Oficiais estavam cadastrados, incluído-se os Oficiais da

ECEME e o próprio autor. Porém, 06 não possuíam endereço eletrônico cadastrado,

vinte e cinco estavam com o endereço desatualizado, pois as mensagens de contato

inicial retornaram para o autor, e um era o próprio autor. Dessa forma, o universo

selecionado restringiu-se a trinta e nove militares.

Das pesquisas enviadas por e-mail, somente vinte e três foram respondidas.

O autor fez, ainda, o envio do questionário para seis Oficiais que serviam ou

cursavam a ECEME em 2006, sendo que todos responderam. Portanto, vinte e nove

Oficiais responderam ao que foi solicitado, correspondendo a 74,36 % do universo

selecionado.

Um teste do questionário foi realizado com dois Oficiais de Engenharia, para

verificar a pertinência e a clareza das perguntas, o que resultou em correções e a

inserção de novas perguntas. Observa-se ainda, que para a tabulação dos dados foi

utilizada a planilha eletrônica Microsoft Excel, versões 2003 e 2007.

O questionário foi dividido em três partes, a saber: emprego de

mergulhadores; formação de mergulhadores; e legislação, doutrina e material de

mergulho, as quais serão identificadas quando da discussão dos questionamentos.

53 Para o Oficial realizar esse estágio é pré-requisito possuir o curso expedito de mergulhador autônomo ou curso de mergulho reconhecido pela Marinha do Brasil

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171

Convém esclarecer que o questionário foi preparado e distribuído antes da

apresentação da banca, que aprovou o prosseguimento desta pesquisa. Portanto,

alguns questionamentos referem-se ao Sistema Mobilidade, Contramobilidade e

Proteção, e não ao Sistema Engenharia, fruto da alteração realizada naquela

oportunidade.

A seguir, serão exploradas as respostas obtidas nos questionários

distribuídos aos Oficiais de Engenharia com os cursos e estágios mencionados no

Quadro 6 (demonstrado anteriormente), destacando-se as perguntas realizadas em

itálico.

5.2.2 Quanto ao emprego de mergulhadores

5.2.2.1 Discussão

a. O Sr considera válido o apoio à mobilidade, à contramobilidade e à proteção

(MCP) das tropas em campanha, valendo-se, para a realização de trabalhos

técnicos de Eng e Atv Log, da atividade especial de mergulho?

O autor considera esta resposta fundamental para o trabalho. Nota-se, pelas

respostas registradas, que houve uma unanimidade entre os entrevistados no que

se refere à realização de trabalhos técnicos de Engenharia e atividades logísticas

valendo-se da atividade especial de mergulho (figura 64).

Figura 64 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “a”. Fonte: o autor.

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172

b. Pode-se afirmar, hoje, que o sistema operacional MCP está em condições de

prestar apoio às operações militares, utilizando-se da atividade especial de

mergulho, da forma mais adequada?

Outra resposta importantíssima, pois indica que a maioria dos entrevistados

não está satisfeita com a situação da atividade especial de mergulho dentro do

Sistema MCP, principal campo de atuação do Sistema Engenharia (figura 65).

Daniel54, afirma que existem OM, como o 3º

BEC e o BEsEng, que receberam

material de mergulho autônomo recentemente e que essas OM, mesmo que

mobiliadas com pessoal habilitado, possuem modestas condições de apoiar às

Operações, pois limitam-se às atividades braçais dentro da capacidade individual de

cada mergulhador. Afirma ainda que isentos de materiais específicos para

emprego submerso, não há como ser eficiente. [grifo do autor].

Já para Marcos Paulo55, em concordância com o que já foi afirmado, apesar

de o sistema possuir meios e pessoal de mergulho, não existe delineação das

verdadeiras missões atribuíveis a esse pessoal, nem adequado treinamento e

adestramento para o cumprimento de tais missões.

Figura 65 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “b”. Fonte: o autor.

54 Daniel Gonçalves, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB. 55 Marcos Paulo Cavaliere de Medeiros, Capitão de Engenharia, 1o

colocado de sua turma, mergulhador formado pelo Corpo de Bombeiros de Pernambuco em 2001.

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c. O Sr considera importante a formulação de uma doutrina específica de emprego

para os mergulhadores de Engenharia?

A grande maioria dos entrevistados é francamente favorável ao

desenvolvimento de uma doutrina específica de emprego para os mergulhadores de

Engenharia, o que vai ao encontro do que o autor se propôs com o presente trabalho

(figura 66).

Para Marcos Paulo, não é apenas importante o desenvolvimento de uma

doutrina específica de emprego, mas imprescindível para se começar a pensar em

qualquer atividade de mergulho com fins militares, e não meramente recreativas

“pintadas de verde”. O entrevistado afirma, ainda, que infelizmente a doutrina de

emprego lhe parece não estar ainda consolidada e que a atividade de mergulho vem

subsistindo muito mais pelo entusiasmo e vontade dos praticantes do mergulho

autônomo do que por doutrinas previstas em manuais, programas-padrão de

instrução ou diretrizes do COTER.

Figura 66 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “c”. Fonte: o autor.

d. A atual estrutura organizacional da Arma de Eng, com relação à atividade especial

de mergulho, atende as necessidades do sistema operacional MCP?

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174

Outra resposta importante para o prosseguimento do trabalho, visto que a

reformulação da estrutura organizacional faz parte dos objetivos do autor. Dentre as

diversas modificações sugeridas, tendo em vista que a grande maioria dos

entrevistados discordaram do questionamento (figura 67).

Figura 67 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “d”. Fonte: o autor.

Para O’ de Almeida56, as OM devem ter uma equipe de mergulho

constituída. Na prática, os militares não constituem uma fração, pois os habilitados

estão espalhados pelas diversas seções da OM e reúnem-se apenas para cumprir

as missões, afirmando ainda que não conhece OM que tenha constituído tal fração.

Robert57 sugere o aumento de claros de mergulhadores nas OM localizadas

nas regiões onde a maioria das operações desenvolve-se em ambientes aquáticos,

como por exemplo, na Amazônia e no Pantanal. Paralelamente, deveria ser

modificada a forma de emprego dos mergulhadores nas operações em apoio às

armas-base.

O entrevistado afirma que devemos nos preocupar em atuar em combate, ao

lado das armas-base, nos adestrarmos para esse fim. Imaginando, por exemplo, que

poderia haver um grande número de mergulhadores apoiando as armas-base em

missões de reconhecimento antes e durante uma operação ribeirinha. Afirma, ainda,

56 Jorge Luiz Abreu do O’de Almeida Filho, Major de Engenharia, ex-comandante da Cia C/1o

Gpt E - João Pessoa/PB, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, possuidor do estágio de Demolições Submarinas, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN e co-autor da proposta feita por aquele Curso, em 2002, para a formação de mergulhadores naquele EE. 57 Robert Maciel de Sousa, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, possuidor do estágio de Demolições Submarinas, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN, atual comandante da 4a

Cia E Cmb Mec – Jardim/MS.

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175

que hoje a estrutura da Engenharia é pequena demais e só permite realizar o apoio

em proveito da própria Arma, em pequenas operações de resgate de materiais.

Mensurar um efetivo para realizar o apoio às armas-base nas operações em

ambiente aquático é hoje algo muito difícil de fazer

[grifo do autor], devido à falta

de experiência, tanto dos mergulhadores, quanto das armas-base.

Para Pedroza58, deveriam se criados grupos de mergulho para a realização

de reconhecimentos especializados e trabalhos de destruição nos Batalhões de

Engenharia de Construção (BE Cnst), além de sugerir que existam grupos de

mergulho nas futuras OM de Engenharia de selva, com atribuições específicas para

apoiar as operações na selva.

e. O Sr crê ser factível ceder um Pel/Gp/Tu Merg em apoio à arma-base? Caso

positivo, qual seria a forma de apoio / situação de Cmdo mais adequada?

Entre os entrevistados, não há consenso de sobre a forma de apoio ou

situação de comando em que a Engenharia deva empregar seus mergulhadores,

porém a maioria dos Oficiais optou pela alternativa mais peculiar à Arma,

centralizando os meios, tanto em pessoal como em material, elegendo a resposta

referente ao apoio ao conjunto (figuras 68 e 69).

Figura 68 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “e”. Fonte: o autor.

58 Mário Pedroza da Silveira Pinheiro, Tenente-Coronel de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, possuidor do estágio de Demolições Submarinas, atual comandante do 7o

BE Cnst – Rio Branco/AC.

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176

Figura 69 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “e”. Fonte: o autor.

Marcos Paulo afirma que diante dessa questão vale a pena ressaltar que as

armas-base conhecem pouco a respeito das possibilidades dos elementos de

mergulho, o que é motivado, principalmente, pela falta de uma delimitação clara a

respeito das missões típicas de mergulho.

Já para Daniel, o ideal é o apoio ao conjunto sempre que possível, mas

conforme o caso pode-se destacar um efetivo para cumprir missões específicas.

Quando não se tratar de apoio ao conjunto, deve-se manter o apoio direto pela

questão de suprimento de meios específicos à missão

(grifo nosso), o que, via

de regra, as armas-base não tem como suprir, por não fazer parte de suas cadeias

logísticas o material de reposição de mergulho.

5.2.3 Quanto à formação de mergulhadores

5.2.3.1 Discussão

a. Qual seria a formação mais adequada para os mergulhadores (Of e Sgt) de Eng?

Esse é outro questionamento de suma importância para a pesquisa, visto

que esse é um dos objetivos da mesma. Porém, os resultados apontaram para

divergências sobre o tema proposto (figura 70).

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Figura 70 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “a”. Fonte: o autor.

O Cel Da Cás59, sugeriu formar na AMAN e EsSA, em um estágio ou curso

básico de mergulho com acréscimo de tempo na formação do militar da Arma, o qual

teria um custo-benefício compensador (abrangência e baixo custo), mas não

descarta a idéia de que em alguns Comandos Militares de Área possuam OM com

essa finalidade. Por exemplo, no Comando Militar do Sul seria no 3o

BEC –

Cachoeira do Sul/RS, por ser uma OM melhor equipada para a atividade. Já na

EsIE, atualmente, considera inadequado, pela falta de estrutura daquele EE, porém

afirma que seria bom manter a possibilidade de alguns militares realizarem cursos

na Marinha ou nos CBM, para atualização de conhecimentos e intercâmbio.

Também pondera que nos BEC escolhidos poderiam ser realizados alguns cursos

avançados, como destruições subaquáticas, manutenção do equipamento de

mergulho, etc.

Em contraponto, o Cel Barroso Magno60 entende que é um desperdício de

recursos a criação de um curso de mergulho no EB, afirmando que a formação

deveria ser totalmente no CIAMA, inclusive para os Cb/Sd, podendo-se realizar

alguns estágios no CBM, bem como no CIOEsp/Bda Op Esp, que possui excelentes

instrutores e instalações.

59 Carlos Alberto da Cás, Coronel de Engenharia, mergulhador formado no CBM/RJ, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN, pioneiro dessa atividade naquele EE, ex-comandante do 6o

BEC – São Gabriel/RS. 60 Aristomendes Rosa Barroso Magno, Coronel de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, ex-instrutor de mergulho do Grupo de Mergulho Autônomo da AMAN, pioneiro dessa atividade naquele EE.

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178

Da mesma forma, ponderou o Ten Ângelo61, afirmando que a estrutura para

a criação de um novo curso dentro do EB seria extremamente onerosa e

desnecessária, uma vez que ela já existe pronta e com experiência de muitos anos

na Marinha, bem como que a utilização apenas do Curso da Marinha poderia nivelar

conhecimentos e padronizar a formação. Já os cursos dos CBM seriam utilizados

para complementar a formação e trazer novos conhecimentos aos mergulhadores.

Esses últimos pontos de vista não estão de acordo com o que a maioria dos

entrevistados respondeu, pois como sugeriu Linhares62, deve existir um curso de

formação de mergulhadores no EB, pois só assim a atividade de mergulho tornar-se-

á viável, porém são argumentos válidos e que devem ser tomados em consideração

quando da proposta para a formação de mergulhadores de Engenharia.

b. Como seriam formados os Cb e Sd mergulhadores necessários à atividade?

Da mesma forma que o questionamento anterior, essa pergunta refere-se a

um dos objetivos da presente pesquisa, Porém, os resultados apontaram para

divergências sobre o tema proposto. Destaca-se que, para os cabos e soldados, a

idéia da grande maioria dos entrevistados está em uma solução caseira, ou seja,

formar no EB seja na OM, em curso ou em estágio militar de área (figura 71).

Figura 71 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “b”. Fonte: o autor.

61 Ângelo Maury Pereira, 1o

Tenente de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, instrutor de mergulho do Grupo de Mergulho Autônomo da AMAN. 62 Marcello Venicius Mota Linhares, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, possuidor do estágio de Demolições Submarinas, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN, e autor da dissertação de mestrado intitulada Apoio de Engenharia às Operações de Combate: O treinamento dos grupos de mergulho das OM de Engenharia visando as operações de combate.

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c. Quais habilitações o mergulhador militar de Eng deveria possuir?

Para essa pergunta foram sugeridas as seguintes habilitações: explosivos e

destruições subaquáticas; resgate de materiais; desminagem e minagem

subaquáticas; busca e salvamento de pessoal; fotografia e filmagem subaquática

(para reconhecimento de Engenharia); inspeção e reparo de estruturas; corte e

solda subaquática; lançamento de obstáculos subaquáticos; técnicas de infiltração e

exfiltração; e outras, que o entrevistado deveria especificar.

As respostas desse questionamento serviram de base para o autor poder

estabelecer as missões dos mergulhadores de Engenharia, bem como a definição

de um currículo para um futuro curso ou estágio de mergulho do EB (figura 72).

Figura 72 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “c”. Fonte: o autor.

Cabe ressaltar que Pedroza sugeriu que fossem apoiadas as atividades de

construção de pontes, bem como segurança nas atividades aquáticas em selva e o

serviço de tripulante obrigatório em embarcação fluvial, a exemplo dos

mergulhadores da MB; além da habilitação pra trabalhar em derrocamento e

dragagens fluviais de interesse do EB.

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180

Já para as praças, Curti63 e Simões64 sugeriram a criação de cursos de

manutenção de equipamento de mergulho, o qual é bastante especializado e de alto

custo.

5.2.4 Quanto à legislação, doutrina e material de mergulho

5.2.4.1 Discussão

a. Qual curso de mergulho autônomo o senhor possui?

O objetivo do autor com essa pergunta foi de avaliar a experiência dos

entrevistados na atividade especial de mergulho, o que daria maior valor às

respostas aos questionamentos feitos. Foi verificado que a grande maioria dos

entrevistados teve a sua formação para a atividade na Marinha do Brasil, realizando

o Curso Expedito de Mergulho Autônomo (figura 73).

Figura 73 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “a”. Fonte: o autor.

63 Paulo Fernando Curci Curti, Major de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, ex-instrutor de mergulho da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas/SP. 64 Amaury Simões dos Santos Júnior, Tenente-Coronel de Engenharia, instrutor de mergulho pela CMAS/CBPDS, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN e co-autor da pesquisa doutrinária intitulada Emprego das Atividades Subaquáticas na Engenharia de Combate.

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181

b. O Sr possui algum outro curso militar/civil de mergulho?

Da mesma forma que na pergunta anterior, esse questionamento teve por

objetivo avaliar a experiência dos entrevistados na atividade especial de mergulho.

Pode-se verificar que 62,07% dos entrevistados possuem algum tipo de

aperfeiçoamento na atividade de mergulho, seja em certificadoras civis ou realizando

o curso de demolições submarinas na MB.

O que chama a atenção do autor é que apenas 24,14% dos entrevistados,

estão aptos a realizarem demolições subaquáticas, atividade de fundamental

importância no cumprimento de missões afetas ao Sistema Engenharia.

Como ponto positivo, o autor constatou que 37,93% dos entrevistados

possuem algum tipo de especialização civil, a qual é de alto custo e certamente

foram realizadas as expensas do próprio militar na busca do auto-aperfeiçoamento

(figura 74).

Figura 74 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “b”. Fonte: o autor.

c. O Sr considera necessário o aperfeiçoamento da Portaria Nr 236 / Comando do

Exército, de 06 de maio de 2003, para a realização da Atv Esp de Mergulho?

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Esse questionamento está no escopo dos objetivos do presente trabalho de

pesquisa, no que se refere à legislação, e foi aquele que apresentou um maior

número de sugestões para aperfeiçoamento. A seguir serão expostas aquelas que o

autor encontrou em maior quantidade e considerou pertinentes com a pesquisa

realizada (figura 75).

Figura 75 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “c”. Fonte: o autor.

Para o Cel Da Cás, a referida portaria “engessou” a atividade ao determinar

a habilitação na Marinha, considerando-se que o escopo daquele curso é específico

para aquela Força; considera, ainda, que outra incoerência é definir que somente o

pessoal previsto em QCP pode mergulhar. Pondera que se o problema é o custo,

então limite-se por um efetivo máximo de mergulhadores, se for o caso.

Sugere, ainda, a publicação da composição de uma equipe de mergulho em

Boletim Interno (BI), bem como que as OMEM seriam definidas melhor como OM

Eng que tivessem equipamento em QDM e com missão de mergulho e não pessoal

previsto em QCP, o que é um fator restritivo.

Da mesma forma se expressou Daniel, para quem a Portaria no 236

“engessou” de tal forma a atividade que ficou extremamente complicado realizar o

mergulho e processar o registro das cotas de compensação orgânica, pois o

processo depende de muita gente que muitas vezes nem sabe que existe tal

Portaria.

Para Linhares, o mergulhador, para realizar a atividade de mergulho, não

deve ocupar, obrigatoriamente, cargo previsto em QCP, tendo em vista que esta

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183

condição restringe muito a atividade de mergulho no EB. A prática do mergulho deve

ser incentivada em todos os postos e graduações nas OM de Engenharia, pois isso

aliará a prática às técnicas e os conhecimentos mais recentes à vivência e a

experiência dos mergulhadores mais antigos.

Já para Silas65 seria interessante que todos os mergulhadores da OMEM

pudessem cumprir o plano de provas independentemente de ocuparem claro

específico, com a finalidade de formar uma equipe mínima necessária para se

realizarem atividades de mergulho. Cita que muitas vezes os claros previstos nas

OMEM, na maioria das vezes de um ou dois mergulhadores, não são suficientes

para as missões a serem realizadas.

Silas destaca, ainda, um fato ocorrido no Curso de Precursores Pára-

quedistas, quando um aluno deixou cair um fuzil no fundo da represa Ribeirão das

Lages. O local provável da perda era uma área de cerca de dois campos de futebol,

com trinta e seis metros de profundidade. Dessa forma, com o equipamento

disponível, o tempo de fundo utilizado foi de oito minutos, deixando-se uma margem

de segurança. Para achar o fuzil foi necessária uma semana, com seis

mergulhadores trabalhando diariamente.

Outra sugestão encontrada com recorrência foi a de que todo o mergulhador

habilitado, em curso específico, pudesse cumprir o plano de provas nas OMEM e

não somente os que ocupam os claros previstos, com o objetivo de atender as

necessidades de mergulho dentro de equipes mínimas, pois muitas vezes os claros

previstos não atendem a estas necessidades mínimas. Além disso, o plano de

provas passaria a ser trimestral e não quadrimestral, equiparando-se aos pára-

quedistas, que em cinco anos incorporam as cotas de compensação orgânica.

d. O Sr considera que a base doutrinária, técnica e legal de amparo para a Atv Esp

de Mergulho é adequada e suficiente para a realização da Atv?

Para essa pergunta levou-se em consideração os dados representados no

Quadro 7:

65 Paulo Silas Gomes Moreira, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, possuidor do curso de Demolições Subaquáticas, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN, atual comandante da 1a

Cia E Cmb Pqdt – Rio de Janeiro/RJ.

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184

Base Doutrinária

C 5-1: Emprego da Engenharia.

C 5-7: Batalhão de Engenharia de Combate.

C 5-10: Ap de Engenharia no escalão Brigada.

Base Legal

Portaria Nr 236 / Comando do Exército, de 06 de maio de 2003 - Plano de Provas e Exercícios para a Atividade Especial de Mergulho. Portaria Nr 051/DGP, de 18 de agosto de 2000 - Normas para Cadastramento de Horas de Mergulho Homologadas.

Base Técnica

Boletim Técnico Especial Nr 10 DME, Atividades de Mergulho. Art II do Cap 14 do C 5-34: Vade-mécum de Engenharia.

Quadro 7 - Base doutrinária, legal e técnica de amparo para a Atv Esp de Mergulho. Fonte: o autor

Essa pergunta é de fundamental importância para a validação do trabalho, já

que está ligada em dois dos objetivos do mesmo, ou seja, a base doutrinária e a

base legal para a atividade de mergulho (figura 76).

Para Marcos Paulo, a base doutrinária é praticamente inexistente, apesar de

já haver alguma base técnica (embora insuficiente) e legal. O entrevistado pensa

que mais importante que a base legal é a base doutrinária, uma vez que é ela quem

norteia o que se deseja obter.

Essa doutrina influi e é influenciada pelo desenvolvimento da base técnica,

que ele acredita estar fundamentada em manuais norte-americanos, em parte

transcritos e adaptados na base técnica mencionada no questionamento (Boletim

DME e C 5-34). O entrevistado afirma que a base legal cumpre a função de apenas

formalizar a consecução dos objetivos propostos pela base doutrinária.

Porém, O’ de Almeida afirma que é necessária uma revisão do C 5-34, pois

o pequeno capítulo de mergulho está “crivado” de erros, os quais o entrevistado

afirma já ter comunicado ao escalão superior.

Para Silva Soares66, há necessidade de maior detalhamento das missões e

atividades do mergulho na base doutrinária, particularmente no emprego em

situação de combate e, também, de paz. Na base técnica o entrevistado acredita

66 Evandro da Silva Soares, Tenente-Coronel de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, atual comandante do Curso de Engenharia da EsAO – Rio de Janeiro/RJ.

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185

que deveria haver uma atualização, particularmente no que se refere aos

equipamentos, à luz de uma doutrina proposta.

Figura 76 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “d”. Fonte: o autor.

e. Quais são as missões possíveis de serem cumpridas pelos mergulhadores de

Eng?

Para essa pergunta foram sugeridas as seguintes missões: demolições

subaquáticas; resgate de materiais; desminagem e minagem subaquáticas; busca e

salvamento de pessoal; reconhecimento subaquático; inspeção e reparo de

estruturas; lançamento de obstáculos subaquáticos; segurança dos locais de

travessia; segurança de instruções; reparo de meios flutuantes pesados; lançamento

e reparo de tubulações submersas ; lançamento de rede submersa para proteção de

pontes; construção e reparação de instalações portuárias e ancoradouros fluviais;

apoio aos mergulhadores da MB em Operações Anfíbias; apoio à remoção de minas

em operações ribeirinhas; e outras, que o entrevistado deveria especificar.

As respostas desse questionamento também serviram de base para o autor

poder estabelecer quais as missões dos mergulhadores de Engenharia devem

cumprir em operações, bem como as atividades a serem desenvolvidas em um

futuro curso ou estágio de mergulho do EB (figura 77).

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Ainda foram sugeridas as seguintes missões: segurança em zonas de

lançamento de pára-quedistas, que segundo Alessandro67, já foi realizada em 1999,

na AMAN, durante a operação Saci; apoio aos mergulhadores da MB/CBM em

operações de calamidades públicas; o apoio a operações de transposição de curso

d’água; e a manutenção do material de mergulho das OM de Engenharia

É importante ressaltar que, para Daniel, o mergulho é uma forma

específica e particular de se realizar qualquer missão necessária;

[grifo nosso]

assim sendo, a diferença entre o mergulhador e o “não mergulhador” é a forma e o

meio no qual se dará a realização do trabalho, pensamento compartilhado pelo

autor.

Figura 77 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “e”. Fonte: o autor.

f. O Sr considera que é necessária a aquisição de novos tipos de materiais de

mergulho para as OM Eng?

Essa pergunta está relacionada com o cumprimento de missão por parte dos

mergulhadores militares. Para a grande maioria dos entrevistados, existe a

necessidade de dotar as OM de Engenharia de novos materiais, os quais poderão

facilitar, em muito, a realização dos trabalhos técnicos e atividades logísticas

referentes ao Sistema Engenharia (figura 78).

67 Alessandro da Silva, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN, atualmente desempenhando a função de instrutor do Curso de Engenharia da EsAO – Rio de Janeiro/RJ

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Figura 78 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “f”. Fonte: o autor.

g. Caso positivo, quais seriam os materiais a serem adquiridos?

Pergunta relacionada com o item anterior, na qual o autor solicitou que os

entrevistados escolhessem, de acordo com uma lista fornecida, os novos materiais

de mergulho que deveriam fazer parte da dotação da Engenharia (figura 79).

Foram sugeridos os seguintes materiais: cilindro e válvula especiais para

Nitrox; caixa estanque para máquina fotográfica; computador de mergulho; caixa

estanque para câmara de vídeo; intercomunicador acoplado à máscara de mergulho;

Rebreather ou equipamento de mergulho autônomo de circuito fechado; veículo de

propulsão de mergulhador – Scooter ou DVP; e Lift Bag, que é um equipamento

utilizado para içar materiais para a superfície.

Figura 79 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “g”. Fonte: o autor.

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Daniel sugeriu a aquisição de um equipamento de “narguillê” móvel, com

compressor acionado por motor elétrico ou à combustível, para ser acoplado em

embarcações, os quais poderiam ser rebocáveis por botes ou embarcações de

manobra de portadas. Para o entrevistado, esse conjunto possibilitaria um

suprimento ilimitado de ar à equipe submersa em trabalhos mais demorados, como

campo de minas, resgates, etc.

Marcos Paulo sugeriu que as Unidades de Engenharia devessem possuir,

pelo menos, uma embarcação de pequeno porte, dotada de sonar e/ou

ecobatímetro, afirmando que os sonares são equipamentos que indicam anomalias

no leito d’água, já os ecobatímetros também disponibilizam o mapeamento do leito

do local e a velocidade da correnteza, viabilizando a reflutuação de materiais de

grande porte e os reconhecimentos de Engenharia.

Outras sugestões foram: a aquisição de compressores de alta pressão

portáteis; material especializado para busca e recuperação; GPS para mergulho,

material para emergências médicas de mergulho; e material para fazer a

manutenção dos equipamentos.

h. Com relação a Atv Esp de Mergulho, em sua opinião, quais são os tipos de

mergulho mais adequados para emprego em Área Operacional Continental (AOC)

pela Arma de Engenharia?

Essa pergunta relaciona-se com as necessidades de formação e

adestramento dos mergulhadores, na qual o autor solicitou que os entrevistados

escolhessem, de acordo com uma lista fornecida, os tipos de mergulho que seriam

mais adequados para emprego na AOC (figura 80).

Foram sugeridos os seguintes tipos: mergulho livre, mergulho autônomo de

circuito aberto, mergulho autônomo de circuito aberto com misturas (por exemplo,

heliox), mergulho autônomo de circuito fechado - rebreather, mergulho autônomo de

circuito semi-fechado, mergulho dependente de circuito aberto com ar leve ou

narguillê, mergulho dependente de circuito aberto com ar pesado, e mergulho com

traje rígido em pressão atmosférica (escafandria).

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Figura 80 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “h”. Fonte: o autor.

Os resultados apontam para a manutenção do equipamento autônomo de

circuito aberto como principal instrumento para se cumprir as missões de

Engenharia, porém destaca-se a importância que foi dada ao narguillê e ao

mergulho com misturas (heliox), bem como a utilização de rebreathers, equipamento

que o autor julga ser mais necessário às operações de Forças Especiais.

i. O Sr crê que é necessário algum tipo de adaptação nos Eqp de Mergulho

existentes nas OM Eng para os mergulhadores trabalharem nas diversas regiões da

AOC? Responda de acordo com as regiões do item 10. (Amazônica, Pantanal,

Centro-Sul, Sudeste e Nordeste)

Essa pergunta visava a dar subsídios ao autor para regionalizar os

equipamentos de mergulho, fato que a maioria dos entrevistados mostrou-se

desfavorável. A discussão do item 10 mostrará, ainda, que não houve idéias que

possibilitassem tal regionalização, como era desejo do autor propor (figura 81).

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Figura 81 – Representação gráfica correspondente às respostas da pergunta “i”. Fonte: o autor.

j. Caso positivo, quais seriam essas modificações?

A grande maioria das modificações sugeridas tem caráter geral e não

regionalizado. As que o autor julgou pertinentes foram as observações feitas por

Marcos Paulo e Daniel de que, dependendo da missão, talvez haja a necessidade

de se modificar os cilindros simples para duplos ou vice-versa, pois o cilindro único

possibilita um tempo de fundo muito reduzido. Além disso, Peres68 sugeriu a adoção

de nadadeiras e outros equipamentos de cor preta ou camuflada, com densidade

superior à da água e a diminuição do peso ou capacidade do cilindro nas missões de

curta duração e com necessidade de longos deslocamentos a pé.

Para a região Amazônica, Feldmann69 sugeriu o uso de compressores de

alta pressão com motor a diesel e Silva Soares destacou o fato de que o mergulho

naquela região é realizado sem visibilidade, sendo necessário um estudo dos

rios/igarapés da região, particularmente no tocante a velocidade da correnteza e a

visibilidade.

68 Francisco Antonio Peres da Silva, 1o

Tenente de Engenharia, mergulhador formado pelo CMB/PE, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN. 69 Itamar Feldmann, Capitão de Engenharia, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN e ex-orientador do Clube de Mergulho Autônomo daquele EE, atual comandante da Cia C/1o

Gpt E - João Pessoa/PB.

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l. Outras informações julgadas cabíveis.

Esse foi um espaço deixado pelo autor para que os entrevistados pudessem

deixar suas idéias expostas de forma aberta. As que foram avaliadas como

coerentes com os objetivos deste trabalho estão transcritas a seguir.

Marcos Paulo levantou que uma proposta de doutrina de emprego, pela sua

importância, pode e deve valer-se das experiências bem sucedidas de outros

exércitos. Afirmou, ainda, que toda a doutrina deve evoluir juntamente com seu

pessoal e seus meios. Nesse ponto, adaptar aquilo que já existe a aquilo que se vive

hoje já seria um passo importantíssimo.

Para Siqueira70, os militares que ocupam cargos de chefia nas OM, como

S3, Cmt SU e Cmt Pel, por exemplo, poderiam ser habilitados a mergulhar. Afirma

que tal fato permitiria um melhor desenvolvimento, na OM, da instrução de formação

do efetivo de mergulhadores, com um maior grau de segurança, e ainda

possibilitaria a esses militares manterem o seu adestramento na atividade, e

desenvolverem técnicas e doutrina de mergulho.

Para o Cel Barroso Magno, o foco da atividade de mergulho é o apoio

aos trabalhos técnicos de Engenharia

[grifo do autor]. Acredita, ainda, que os

Oficiais de Engenharia não podem se deixar seduzir e desviar o foco para criação de

especialistas em operações especiais, pois para isso o EB já possui os elementos

especializados da Bda Op Esp.

70 Rogério Cetrim de Siqueira, Major de Engenharia, ex-comandante da 3a

Cia E Cmb E Mec – Dom Pedrito/RS, mergulhador formado pelo CIAMA/MB, ex-instrutor de mergulho do Curso de Engenharia da AMAN e autor da dissertação de mestrado intitulada Equipamentos modernos de Engenharia - conseqüências para a estrutura organizacional e doutrina de emprego: emprego doutrinário da atividade de mergulho na Arma de Engenharia, face a aquisição de novos materiais.

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6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 DOCUMENTAÇÃO REGULADORA DA ATIVIDADE ESPECIAL DE MERGULHO

Este capítulo tem como objetivo tratar sobre os principais documentos que

regulam as atividades de mergulho e concluir se eles estão proporcionando

condição para que a mesma se desenvolva adequadamente no âmbito do Sistema

Engenharia, propondo alterações naquilo que for necessário.

6.1.1 Legislação em âmbito nacional

6.1.1.1 Generalidades

Segundo Borges (2006), a legislação anterior às Normas Regulamentadoras

de Segurança e Saúde do Trabalho fazia referência apenas às operações do

escafandrista e o tempo útil de trabalho era regulado pela tabela de descompressão,

conforme o parágrafo único da Portaria nº 073, de 02 de maio de 1959.

Borges (2006) cita, ainda, que o Quadro de Atividades e Operações

Insalubres da Portaria 491, de 16 de setembro de 1965, classificava como

insalubridade de grau médio o trabalho com equipamentos ou em ambientes com

excesso de pressão, tais como escafandros e caixões pneumáticos.

Atualmente, as normas que regem as atividades submersas, em âmbito

nacional, são:

a) Anexo nº 6 - Trabalho sob Condições Hiperbáricas, da Norma

Regulamentadora nº 15 (NR 15) - Atividades e Operações Insalubres,

instituída pela Portaria 3.214, de 08 de outubro de 1978, do Ministério

do Trabalho e Emprego (MTE), com a redação dada pela Portaria 24,

de 14 de setembro de 1983 (MTE, 2006);

b) Norma da Autoridade Marítima para Atividades Subaquáticas

NORMAN-15, aprovada pela Portaria 009, da Diretoria de Portos e

Costas, de 11 de fevereiro de 2000.

Destaca-se que a atividade especial de mergulho é considerada como

atividade insalubre em grau máximo [grifo do autor].

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6.1.2 Norma Regulamentadora nº 15 - Atividades e operações insalubres

A referida Norma, em seu Anexo no6, item no 2 - Trabalhos Submersos,

regula as atividades de mergulho âmbito nacional.

Vale ressaltar que, segundo a NR1 – Disposições Gerais, as Normas

Regulamentadoras, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de

observância obrigatória pelas empresas privadas, públicas e pelos órgãos públicos

da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e

Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT). Assim sendo, como os militares não são regidos pela CLT, essas

normas servem apenas como um referencial para a atividade especial de mergulho

no EB (MTE, 2006).

Assim entendido, crê-se que é licito supor que determinados conceitos ali

contidos devem ser de conhecimento por aqueles que conduzem a atividade

especial de mergulho dentro do Sistema Engenharia. São as seguintes as definições

de interesse da NR 15:

Operação de mergulho: aquela que envolve trabalhos submersos e que se estende desde os procedimentos iniciais de preparação até o final do período de observação.

Período de Observação: aquele que se inicia no momento em que o mergulhador deixa de estar submetido a condições hiperbáricas e se estende:

a) até 12 horas para os mergulhos com ar; b) até 24 horas para os mergulhos com misturas respiratórias artificiais. Mergulhador: o profissional qualificado e legalmente habilitado

para utilização de equipamentos de mergulho, submersos. Supervisor de Mergulho: o mergulhador, qualificado e

legalmente habilitado, designado pelo empregador para supervisionar a operação de mergulho.

Trabalho Submerso: qualquer trabalho realizado ou conduzido por um mergulhador em meio líquido.

Essas definições são conceituais e encaixam-se perfeitamente com o que é

realizado pelo EB, que desenvolve operações de mergulho e trabalhos submersos,

nos quais existe a preocupação de se estabelecer um supervisor, normalmente um

Oficial, para a realização das atividades em condições hiperbárica. Todavia, a

preocupação com o período de observação deve ser um procedimento normatizado

pelas Organizações Militares Específicas de Mergulho (OMEM) do EB, a fim de

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prestar o pronto atendimento ao militar que foi submetido a essas condições e que

venha a sofrer algum problema de saúde nesse período.

Outra consideração importante da NR 15, diz respeito às condições

perigosas com relação aos trabalhos submersos:

Condições Perigosas: situações em que uma operação de mergulho envolva riscos adicionais ou condições adversas, tais como:

a) uso e manuseio de explosivos; b) trabalhos submersos de corte e solda; c) trabalhos em mar aberto; d) correntezas superiores a 2 nós; e) estado de mar superior a mar de pequenas vagas

(altura máxima das ondas de 2,00 m;

f) manobras de peso ou trabalhos com ferramentas que impossibilitem o controle da flutuabilidade do mergulhador;

g) trabalhos noturnos; h) trabalhos em ambientes confinados

(NR 15, p.18) [grifo do autor].

Observando-se o prescrito acima, o autor verifica que, em sete das oito

condições perigosas para as atividades de mergulho, encontram-se missões que

são afetas ao sistema Engenharia, a saber:

1) uso e manuseio de explosivos: efetuando demolições subaquáticas, no

lançamento/remoção de minas e obstáculos subaquáticos;

2) trabalhos submersos de corte e solda: na instalação, manutenção e

reparação da porção subaquática de oleodutos/gasodutos; na

recuperação de material, embarcações e viaturas afundadas; na

reparação de embarcações do EB ou de interesse do EB; na

construção de estruturas subaquáticas de pontes;

3) correntezas superiores a 2 nós: quando o trabalho for urgente e

fundamental para a consecução do objetivo militar;

4) estado de mar superior a "mar de pequenas vagas": da mesma

maneira que no item 3), quando o trabalho for urgente e fundamental

para a consecução do objetivo militar;

5) manobras de peso ou trabalhos com ferramentas que impossibilitem o

controle da flutuabilidade do mergulhador: no lançamento e remoção

de minas e obstáculos subaquáticos; na recuperação de material,

embarcações e viaturas afundadas; na instalação, manutenção e

reparação de ancoradouros; no lançamento de obstáculos e barreiras

flutuantes;

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6) trabalhos noturnos: em reconhecimento de locais para transposição de

cursos d’água; na coleta de informações sobre o leito de rio, mar e

lagos; no lançamento de obstáculos e barreiras flutuantes; na

realização de reconhecimento próximo e afastado das margens dos

locais de travessia de curso d`água; ao participar de operações de

dissimulação tática, iludindo as forças inimigas no contexto de uma

operação de transposição de curso d’água; na proteção do

equipamento de transposição de curso d’água e das estruturas

submersas das ameaças subaquáticas;

7) trabalhos em ambientes confinados: quando a missão militar assim o

exigir.

Portanto, faz-se necessário conhecer o que prescreve a NR 15, quando da

ocorrência dessas condições.

Quando da ocorrência das condições perigosas, as NR 15 especificam, no

item “Regras de Segurança do Mergulho”, que passa a ser obrigatório o uso de

comunicações verbais em todas as operações de mergulho realizadas nessas

condições. Além disso, equipamentos de mergulho utilizados deverão possuir

dispositivo de controle de flutuabilidade individual, sendo de uso obrigatório.

Assim sendo, observa-se que o EB ainda não está condições de cumprir

essas regras de segurança no tange as comunicações verbais, já que tal

equipamento não é de dotação de nenhuma OMEM de Engenharia. Quanto ao

dispositivo de flutuabilidade, esse já é de uso comum entre os mergulhadores de

Engenharia, não servindo apenas para ao conforto do mergulhador, mas também

para a sua segurança individual.

Para a execução de trabalhos submersos, a NR 15 determina que a técnica

de mergulho utilizando equipamento a ar comprido suprido pela superfície (mergulho

dependente) seja sempre empregada, exceto em casos especiais, onde as próprias

condições de segurança indiquem ser mais apropriada a técnica de mergulho

autônomo71, devendo esta ser apoiada por uma embarcação miúda.

No que se refere a esse item, as operações militares são particulares e

muitas vezes será necessário valer-se do mergulho autônomo para cumprir missões

71 A técnica de mergulho autônomo utiliza-se do equipamento autônomo de mergulho, que é, de acordo com a NR 15, aquele em que o suprimento de mistura respiratória é levado pelo próprio mergulhador e utilizado como sua única fonte.

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no qual o equipamento dependente fosse o mais indicado. Todavia, sugere-se o

incremento do uso desse tipo de equipamento, a fim de adestrar os mergulhadores

no uso do mesmo, pois, segundo CIAMA (2000), seu uso deve ser preferencial em

fainas de mergulho onde a mobilidade não seja prioridade, constituindo-se, por

excelência, no equipamento do mergulhador profissional [grifo do autor].

Ainda segundo CIAMA (2000), eles possuem as seguintes vantagens:

suprimento ilimitado de ar; comunicação oral ou por sinais de mangueira com a

superfície; contato físico do mergulhador com a superfície, que impede sua deriva e

permite seu recolhimento em situações de emergência; boa estabilidade; e excelente

proteção física e térmica.

Quanto às equipes de mergulho, a NR 15 define que a equipe básica para

mergulho com “ar comprimido”, autônomo ou suprido pela superfície, até a

profundidade de 50 metros, na ausência das condições perigosas, deverá ter a

constituição abaixo especificada, desde que esteja prevista apenas descompressão

na água:

a) 01 supervisor;

b) 01 mergulhador para a execução do trabalho;

c) 01 mergulhador de reserva, pronto para intervir em caso de

emergência;

d) 01 auxiliar de superfície.

Observa, ainda, que em águas abrigadas72, considerada a natureza do

trabalho e desde que a profundidade não exceda a 12 metros, a equipe básica

poderá ser reduzida de seu auxiliar de superfície. Na ocorrência de quaisquer das

condições perigosas a equipe será acrescida de 01 mergulhador passando a ser

constituída por 05 homens.

Além disso, a já referida norma prescreve que:

Em toda operação de mergulho em que para a realização do trabalho for previsto o emprego simultâneo de 2 ou mais mergulhadores na água, deverá existir, no mínimo, 1 mergulhador de reserva para cada 2 submersos.

Em operação a mais de 50,00 m, ou quando for utilizado equipamento autônomo, serão sempre empregados, no mínimo, 2

mergulhadores submersos, de modo que um possa, em caso de necessidade, prestar assistência ao outro (NR15-p. 23) [grifo do autor].

72 A NR 15 define águas abrigadas como toda a massa líquida que, pela existência de proteção natural ou artificial, não estiver sujeita ao embate de ondas, nem correntezas superiores a 1 nó.

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Assim sendo, entende-se que, em tempo de paz, a equipe mínima de

mergulhadores de Engenharia necessária para cumprir uma missão que esteja

sendo executada sob condições perigosas, valendo-se das técnicas de mergulho

autônomo, deve ser constituída com, no mínimo, 05 homens, contando com o apoio

de uma embarcação de pequeno porte, o que poderá ensejar a necessidade de mais

01 militar.

Das referidas normas, julga-se importante conhecer as profundidades

máximas e os tempos de fundo73 para os tipos de mergulho em uso do EB, a saber:

a) mergulho com equipamento autônomo a ar comprimido: profundidade

máxima igual a 40 metros e o tempo de fundo deverá ser mantido

dentro dos limites de mergulho sem descompressão;

b) mergulho com equipamento a ar comprido suprido pela superfície:

profundidade máxima igual a 50 metros e o tempo de fundo deverá ser

inferior aos limites definidos nas tabelas de mergulhos.

Além disso, a NR 15 prevê que o tempo máximo submerso diário, em

mergulhos utilizando ar comprimido, não deverá ser superior a 04 horas [grifo do

autor].

Novamente, frisa-se que a atividade militar é peculiar, mas visualiza-se que

o respeito a tais determinações de uma norma que tem por objetivo a preservação

da saúde e da integridade física dos mergulhadores profissionais, pode muito bem

ser respeitada pelos militares em tempo de paz.

O item no2 do Anexo no6 às NR 15 possui dois anexos, dos quais constam

os padrões psicofísicos para a seleção dos candidatos à atividade de mergulho, os

padrões psicofísicos para controle do pessoal em atividade de mergulho e as tabelas

de mergulho (Anexo C).

Os documentos acima citados podem servir de base para o estabelecimento

desses padrões psicofísicos no âmbito do EB e para a verificação das tabelas de

mergulho em utilização pelos mergulhadores de Engenharia.

73 A NR 15 assim define tempo de fundo: é o tempo total corrido desde o início do mergulho, quando se deixa a superfície, até o início da subida quando termina o mergulho, medido em minutos.

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6.1.3 Norma da Autoridade Marítima para Atividades Subaquáticas (NORMAN-15)

Esse documento possui o propósito de estabelecer normas básicas para

controle e certificação de equipamentos e sistemas de mergulho, cadastramento de

empresas prestadoras de serviços subaquáticos e credenciamento de entidades

para ministrar cursos de mergulho.

As NORMAN-15 são aplicadas a toda empresa ou outra entidade com

finalidade comercial, que execute atividades envolvendo instrução de mergulho

profissional ou realização de serviços profissionais subaquáticos.

Novamente, ressalta-se que o EB não está sujeito a tal Norma, porém deve

estuda-lá, a fim de verificar os pontos onde a atividade especial de mergulho

desenvolvida pelo Sistema Engenharia pode ser aperfeiçoada.

Para efeito das NORMAN, os sistemas de mergulho são divididos em função

da profundidade máxima de trabalho, conforme a seguir:

1) sistemas para mergulhos de profundidade até trinta metros;

2) sistemas para mergulhos de profundidade até cinqüenta metros;

3) sistemas para mergulhos de profundidade até noventa metros;

4) sistemas para mergulhos de profundidade a partir de noventa metros.

Dessa feita, interessam ao presente trabalho os sistemas até trinta metros e

até cinqüenta metros, profundidades em que o mergulhador de Engenharia irá

cumprir a maioria das missões que lhe são afetas. Deve-se ressaltar que para

operação em profundidade maior que 30 metros, torna-se obrigatório estar

disponível uma câmara de recompressão, equipamento que o EB ainda não detém,

e para operação em profundidade maior que 40 metros é obrigatório o emprego de

sino aberto para mergulho74, outro equipamento que não faz parte dos quadros de

dotação do EB.

No que concerne aos requisitos básicos dos sistemas para mergulho de

profundidade até trinta metros, os equipamentos autônomos somente devem ser

empregados para trabalho leves, em mergulho sem descompressão (por exemplo,

em inspeções visuais e fotografias subaquáticas) e na ausência de condições

perigosas.

74 De acordo com a NR15 Sino Aberto de mergulho (Sinete) é uma campânula com a parte inferior aberta e provida de estrado, de modo a abrigar e permitir o transporte de no mínimo dois mergulhadores da superfície ao local de trabalho.

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Já o emprego de equipamentos dependentes para mergulhos de

profundidade até 30 metros, só poderá ser efetivado quando a velocidade da

corrente na área for menor ou igual a 2 nós, a altura das ondas for igual ou inferior a

2 metros, não esteja previsto manobra de peso ou uso de ferramentas que

impossibilitem o controle da flutuabilidade do mergulhador e não se realizem em mar

aberto75. Caso alguma dessas condições esteja presente, serão exigidos os

requisitos previstos para mergulhos de profundidade até 50 metros, sendo a

principal diferença a exigência de equipamentos de comunicação por fio entre o

mergulhador e o controle na superfície, além das já citadas.

Já aqui se apresenta uma oportunidade de melhoria na documentação em

uso no EB, pois o Boletim Técnico Especial no10 – DME, prevê a utilização desse

tipo de equipamento a uma velocidade da corrente de até 2,5 nós.

Somente para ressaltar o fato, também consta dessa Norma, igualmente à

NR 15, que é prioritário o emprego de equipamento dependente, citando que os

equipamentos autônomos deverão ser usados apenas para trabalhos leves, em

mergulho sem descompressão, na ausência de condições perigosas e com apoio de

embarcação inflável ou dotada de plataforma ou escada a partir da linha d’água,

para embarque do mergulhador. Tal Norma frisa, ainda, de igual maneira que a NR

15, que o tempo máximo submerso diário, em mergulhos utilizando ar comprimido,

não deverá ser superior a 4 horas.

Outro ponto de interesse para a Engenharia é o que afirma que a nenhum

mergulhador será permitido permanecer dentro d’água por ocasião de uma explosão

submarina. Para a realização de mergulhos em áreas próximas a locais onde se

esteja trabalhando com explosivos, deverá ser observada uma distância mínima de

segurança a ser calculada em função da quantidade da carga explosiva utilizada.

Obviamente, em situações de emprego real, tal medida de segurança

poderá não ser obedecida, mas essas precauções podem vir a fazer parte do CI 32-

1, Caderno de Segurança na Instrução Prevenção de Acidentes de Instrução, do

Comando de Operações Terrestres (COTER), com o intuito de se preservar as vidas

dos especialistas em mergulho.

75 Mar aberto é toda área que se encontra sob influência direta do mar alto.

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200

6.1.4 Legislação no Âmbito Militar

6.1.4.1 Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002, regulamenta a medida provisória

que dispõe sobre a reestruturação da remuneração dos militares das Forças

Armadas

Esse decreto estabelece, em seu artigo 4o, que o adicional de compensação

orgânica (ACO) é a parcela remuneratória devida ao militar, mensalmente, para a

compensação de desgaste orgânico resultante do desempenho continuado de

algumas atividades especiais, entre elas o mergulho com escafandro ou com

aparelho, cumprindo missão militar.

Estabelece, ainda, em seu artigo 5o, que o ACO é devido durante a

aprendizagem da respectiva atividade especial, a partir da data do primeiro

mergulho com escafandro ou com aparelho e também durante o período em que o

militar qualificado

estiver servindo em OM específica da atividade considerada,

desde que cumpridas missões

e planos de provas ou de exercícios estabelecidos

para a atividade especial de mergulho [grifo do autor].

Dessa forma, verifica-se que o legislador, para compensar o desgaste

provocado ao militar pela realização do mergulho, uma atividade insalubre de grau

máximo, previu o direito ao recebimento da gratificação de ACO pelos militares

qualificados, desde que sirvam em OMEM e cumpram missões

e os planos de

provas ou de exercícios estabelecidos. Tal fato será importante para a apreciação da

portaria que regulamentou o pagamento do ACO aos mergulhadores do EB [grifo do

autor].

6.1.4.2 Portaria nº 236, de 06 de maio de 2003, do Comando do Exército.

A citada Portaria aprova o Plano de Provas e de Exercícios para Atividade

Especial de Mergulho, cumprindo missão militar, no Âmbito do Comando do

Exército. A finalidade dessa norma é definir o exercício da atividade especial de

mergulho e estabelecer as condições a serem satisfeitas pelos militares ligados à

atividade. Ela atende a um anseio dos militares mergulhadores da Arma de

Engenharia, pois regulamenta a atividade e ampara seus praticantes. Porém, ao

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realizar a definição de determinados conceitos, as normas criaram restrições à

atividade de mergulho. Diz a norma:

Art. 3° Para fins deste Plano são adotados os seguintes conceitos: I. atividade especial de mergulho - atividade desempenhada por

militar do Exército, ocupando cargo de mergulhador previsto em

Quadro de Cargos Previsto (QCP) e qualificado para tal, envolvendo missões militares, realizadas com aparelho de mergulho, que atendam às operações de busca e salvamento, às operações especiais, aos reconhecimentos e destruições subaquáticas e, ainda, ao adestramento a [sic] às instruções de mergulho...;

IV. organização militar específica de mergulho (OMEM) - organização militar com cargo de mergulhador previsto em QCP

e material para a atividade de mergulho previsto no Quadro de Dotação de Material (QDM) (BRASIL, 2003) [grifo do autor].

Esse artigo restringiu, em muito, a atividade, pois como demonstra o estudo

dos QCP das OM de Engenharia de Combate, existem poucas vagas de

mergulhadores previstas, normalmente duas e associadas aos postos de Oficial

subalterno, 1o/2o

tenente, e a graduação de 3o/2o

sargento. Nas OM, existem Oficiais

e sargentos que realizaram seus cursos em um centro formador de mergulhadores

reconhecidos pela Portaria, porém não ocupam a vaga prevista em QCP e que por

força do que prescreve esse item do Plano, estão impedidos de realizar tal atividade

com o devido amparo legal.

A exemplo das atividades especiais de pára-quedismo, aviação e

observador aéreo, atividades que fazem jus ao ACO e cujo desempenho independe

de posto ou graduação, o mergulho também deveria ser desvinculado de um

posto/graduação específico para que as missões inerentes às OMEM possam ser

ampliadas a todos os habilitados, permitindo flexibilidade no emprego do pessoal.

A previsão de vaga específica, vinculada ao posto/graduação em QCP,

causa sérias restrições ao cumprimento das missões de mergulho nas OMEM de

Engenharia em diversas situações, tais como:

1) Na falta de tenentes ou sargentos com a habilitação, outros militares

habilitados não podem desempenhar a função, pois não possuem

condições legais de cumprirem os Planos de Provas e de Exercícios,

pré-requisitos aos trabalhos subaquáticos amparados pela Portaria;

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2) A existência de poucas vagas específicas de mergulhadores nas

OMEM impede que a atividade seja desempenhada quando da falta

dos militares que as ocupam (férias, problemas de saúde, missões

destacadas etc), pois a equipe básica de emprego é de dois

mergulhadores submersos em profundidades rasas. A constituição de

uma equipe completa é de, no mínimo, quatro componentes, podendo

chegar a seis militares;

3) Os mergulhos realizados acima de uma determinada profundidade e

por um certo tempo necessitam, obrigatoriamente, de revezamento de

pessoal, para que ocorra a eliminação dos gases absorvidos pelo

mergulhador devido a exposição à pressão da água (condições

hiperbáricas).

Portanto, visando a proporcionar maior flexibilidade às OMEM, sugere-se a

seguinte alteração da definição em questão, de forma a viabilizar legalmente que os

militares habilitados desempenhem suas missões de mergulho:

Art. 3º- Para fins deste Plano são adotados os seguintes conceitos:

I. Atividade especial de mergulho – atividade desempenhada por militar do Exército, servindo em OMEM e qualificado para tal, envolvendo missões militares...

IV. Organização Militar Específica de Mergulho (OMEM) - Organização militar com cargo de mergulhador previsto em QCP, dotada de militar habilitado e material para a atividade de mergulho previsto no Quadro de Dotação de Material (QDM).

Dessa forma, a prática do mergulho passa a ser incentivada em todos os

postos e graduações nas OMEM de Engenharia, aliando-se, na prática e legalmente,

as técnicas e os conhecimentos mais recentes à vivência e a experiência dos

mergulhadores mais antigos, garantindo mais segurança no desempenho das

atividades e a continuidade do apoio de mergulho, quando isso se fizer necessário,

além de cumprir com o estipulado no manual C 5-34 – Vade-Mécum de Engenharia:

Somente militares com experiência comprovada devem executar tarefas subaquáticas, assim como na utilização do equipamento, seja este dependente ou equipamento autônomo (BRASIL,1996).

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Outra definição que carece revisão é a que se segue:

V. Plano de Exercícios - consiste na realização, por mergulhador qualificado, servindo em OMEM, de, no mínimo, duas horas de mergulho, por quadrimestre, no cumprimento de missões militares, por intermédio da realização de exercícios e/ou adestramentos

(BRASIL, 2003) [grifo do

autor].

Entende-se essa definição não contemplou as missões reais de mergulho,

objeto final do adestramento. Assim sendo, um mergulhador que tenha participado

da recuperação de um material de ponte caído em um lago de pontagem, após uma

operação militar, não cumpriu o plano de exercícios, não fazendo, portanto, jus ao

ACO. Como foi explicitado anteriormente, o Decreto nº 4.307 afirma que desde que

sirvam em OMEM e cumpram missões de mergulho, os mergulhadores fazem jus

ao ACO, fato não contemplado pela Portaria. Sugere-se a seguinte redação [grifo do

autor]:

V. Plano de Exercícios - consiste na realização, por mergulhador qualificado, servindo em OMEM, de, no mínimo, duas horas de mergulho, por quadrimestre, por intermédio da realização de exercícios e/ou adestramentos ou no cumprimento de missões militares, devidamente autorizadas pelo comandante da OMEM [grifo do autor].

No que se refere à questão da formação do mergulhador militar, faz-se

necessário comentar a citação abaixo.

Art. 4° O militar somente pode realizar a atividade especial de mergulho, para fins de cumprimento deste Plano de Provas, quando:

I. habilitado em curso de formação de mergulhadores autônomos: a) no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átila Monteiro Aché; b) em outras organizações militares (OM), bem como organizações policiais militares, com o curso reconhecido e homologado pela Marinha do Brasil; ou c) em curso realizado no exterior, quando designado por autoridade competente;

II. considerado apto em exame psicofísico

para mergulhador há menos de um ano; e

III. servindo em OMEM [grifo do autor] (BRASIL, 2003).

No que se refere ao Art. 4°, vale ressaltar que o mesmo modificou a Portaria

anterior, nº 133, de 11 de março de 1996, que permitia ao 1º

B FEsp formar

mergulhadores. De acordo com a nova redação, nenhuma OM do Exército está

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enquadrada como formadora de mergulhadores, pois mesmo os cursos do CIOpEsp

e o que foi realizado no BEsEng em 2001, não são reconhecidos e homologados

pela Marinha do Brasil. Admite-se que não haverá necessidade de mudança nesse

aspecto, bastando apenas o reconhecimento pela MB de algum curso realizado no

EB, como os do CIOpEsp ou os estágios de mergulho autônomo da AMAN e da

EsSA.

Além disso, a Portaria é muito específica ao afirmar que o militar somente

pode realizar a atividade especial de mergulho, para fins de cumprimento do Plano

de Provas, quando habilitado nos cursos de mergulhador autônomo anteriormente

citados. Tal fato teve por conseqüência a inviabilização das atividades das OMEM

de Engenharia, que viessem a implementar a atividade de mergulho em seus

quartéis, mesmo possuído material de mergulho em condições de ser utilizado e

pessoal capaz de fazê-lo, pois existe o dilema do comando da OM em submeter

seus subordinados às condições hiperbáricas sem estar amparado legalmente e

sem poder compensar o desgaste orgânico dos mesmos.

Quanto ao exame psicofísico, destaca-se que, em nenhum documento do

EB, que seja de conhecimento do autor em mais de dez anos de prática de

mergulho, está regulado tal exame. Todavia, a descrição desse procedimento consta

das NR 15 (Anexo C) e da DOUTOMARINST no 20 – 01, do Comando da Marinha,

em seus apêndices II e III ao anexo “F”. Sugere-se, então, ao legislador militar a

consulta a tais fontes de referência e o posterior estabelecimento das condições em

que o mergulhador do EB deva realizar tal exame.

Quanto à perda da qualificação por parte do mergulhador militar, torna-se

necessário comentar as seguintes citações:

Art. 5° O mergulhador perde a qualificação quando: I. tenha sido reprovado ou obtido conceito insatisfatório em

adestramento; II. tenha cometido infração da disciplina exigida para a atividade

especial de mergulho, caracterizada por desrespeito às normas técnicas de segurança estabelecidas em documento específico

(BRASIL, 2003) [grifo do autor];

Art. 14. O Comando de Operações Terrestres deve inserir a atividade de mergulho como um dos “Assuntos que devem merecer atenção especial” da Instrução Individual do Programa de Instrução Militar, com as observações e detalhamentos pertinentes (BRASIL, 2003).

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205

A perda da qualificação poderá ocorrer quando o mergulhador desrespeitar

normas técnicas de segurança estabelecidas em documento específico. O único

documento do EB, que cita normas de segurança para realização de mergulho, é o

Anexo 1 ao Boletim Técnico Especial nº 10 – DME, Atividades de Mergulho, de

1996, o qual se intitula “Regras Básicas de Segurança” e apenas estabelece

procedimentos rotineiros para a realização de um mergulho com segurança.

Portanto, existe a necessidade, de acordo com o Plano em questão, de se

estabelecer normas técnicas de segurança, devidamente regulamentadas. Além

disso, durante o período de realização desta pesquisa (2005, 2006 e 2007),

constatou-se que o COTER ainda não incluía o assunto mergulho como um dos

assuntos que devem merecer atenção especial no Programa de Instrução Militar

(PIM), conforme determina a Portaria nº 236.

53,3% das OM de Engenharia pesquisadas e 85,71% dos Oficiais

entrevistados apontaram para a necessidade de aperfeiçoamento da Portaria nº 236.

Os aperfeiçoamentos aqui apontados atendem a esse anseio e, julga-se,

proporcionam melhores condições de desenvolvimento da atividade especial de

mergulho no EB.

6.1.4.3 Portaria nº 051/DGP, de 18 de agosto de 2000

A Portaria nº 051/DGP, de 18 de agosto de 2000, aprovou as Normas para

Cadastramento de Horas de Mergulho Homologadas (Anexo B), estabelecendo que

a OM que homologar horas de mergulho solicitará diretamente ao DGP, anualmente,

por intermédio de qualquer tipo de documento de correspondência militar, o cadastro

dessas. Além disso, estabeleceu, também, que o DGP deveria fazer constar na

Ficha Individual do militar as horas de mergulho já cadastradas.

O estabelecido nessa Portaria parece de simples realização. A OM que

realiza a homologação é o escalão imediatamente superior que enquadra a OMEM,

o qual muitas vezes necessita ser alertado sobre tal incumbência. Quanto à remessa

de informação para o DGP, para realização do cadastro das horas de mergulho

homologadas, ocorre fato semelhante, porém fora do controle da OMEM e do

próprio mergulhador. Para exemplificar, cita-se o exemplo do autor deste trabalho

que, após 10 anos de atividade devidamente homologada, somente possui os anos

de 2001 e 2003 registrados no Banco de Dados do DGP. Além disso, até os dias de

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hoje, em sua Ficha Individual, não consta esse cadastramento, conforme está

previsto na Portaria.

Pelo anteriormente exposto, crê-se que não seja necessário aperfeiçoar a

Portaria no 50, mas sim divulgá-la para que a mesma possa ser efetivamente

implementada.

6.1.5 Documentação técnica

6.1.5.1 Boletim Técnico no 20, da Diretoria de Material de Engenharia (DME), de 1993

O referido Boletim, afirma em seu Capítulo VI, acerca da atividade especial

de mergulho que:

No Exército Brasileiro, existem militares habilitados na técnica de mergulho autônomo, que exercem esta atividade para cumprirem os programas de instrução previstos nas suas respectivas OM.

Tal documento afirma, ainda, que a DME, por meio de relatórios recebidos

dos usuários do material, verifica a adequabilidade do equipamento de mergulho em

uso pelo EB proporcionando, desse modo, uma melhoria na qualidade da gestão do

material.

Com a extinção da DME e a criação de uma nova estrutura logística para o

material de Engenharia, é licito supor que o Departamento Logístico, por meio de

suas diretorias, tenha continuado com o encargo de melhoria na gestão do material

de mergulho. Dessa forma, verifica-se que a utilização do material, por profissionais

experientes pode em muito contribuir para alcançar tal objetivo.

6.1.5.2 Boletim Técnico Especial Nr 10 – DME, Atividades de Mergulho

Com esse boletim da DME suprimiu uma falha muito grande na

documentação essencial sobre as atividades de mergulho. É um documento

elaborado com esmero e detalhe pelos instrutores do Curso de Engenharia da

Academia Militar das Agulhas Negras, no ano de 1995.

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O boletim técnico serve de fonte de consulta segura para os iniciantes na

arte do mergulho, tratando de todos os assuntos necessários à formação do

mergulhador básico, além de conter um anexo que fornece a seqüência da instrução

prática para essa formação. Esse anexo ficou inviável de ser colocado em prática

pelas Unidades de Engenharia de Combate, que estão impossibilitadas de fazê-lo,

em função da Portaria no

236 exigir o reconhecimento de curso de mergulho pela

MB. Além disso, após mais de 10 anos de sua edição inicial, tal boletim carece de

uma revisão, a fim de incluir o assunto tabelas de mergulho e adequá-lo às novas

tecnologias existentes na área de mergulho.

6.1.5.3 Manual de Campanha C 5-34 – Vade-Mécum de Engenharia

Em seu capítulo 14, artigo II, o referido manual apresenta generalidades

sobre o mergulho de Engenharia, já citadas no corpo do presente trabalho; os tipos

de mergulho e equipamentos; sinais convencionais; e tabelas de mergulho, em

complemento ao Bol Tec Esp no 10 - DME.

Todavia, em 15 de maio de 2000, o Curso de Engenharia da AMAN enviou

para a extinta DME uma série de correções ao capítulo 14 do C 5-34. As mais

importantes delas referem-se às tabelas de mergulho. Sugere-se que tais alterações

sejam realizadas nas próximas tiragens do C 5-34, sob pena da execução de

mergulhos que utilizem essa fonte de consulta como base, incorrerem em erros que

poderão prejudicar a saúde do mergulhador.

6.1.6 Considerações Finais

Verifica-se que, no âmbito do EB, a legislação existente é insuficiente e

carece de aperfeiçoamento, tendo em vista uma atividade especial tão complexa.

Existe uma norma que possibilita a prática do mergulho de maneira

amparada; existe um Boletim Técnico que serve como manual sobre a técnica do

assunto; porém falta a doutrina de emprego do mergulho em operações militares.

O mergulho, semelhante ao pára-quedismo, não é um fim si próprio e sim

um meio a mais que se dispõe para cumprir a missão do Sistema Engenharia.

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Existe a necessidade de a Engenharia possuir um local onde se possam

validar esses conhecimentos, sugerir mudanças, desenvolver doutrina de mergulho

e responder a pergunta fundamental que o militar de Engenharia possuidor de um

dos cursos de mergulho listados na Portaria Nr 236 se faz: em que o Exército espera

que eu utilize meus conhecimentos de mergulho? Certamente não pode ser apenas

para realizar busca e recuperação de material de pontes perdido nos rios ou nos

lagos de pontagem das Cia E Cmb e dos BEC!

6.2 PROPOSTA DE DOUTRINA DE EMPREGO PARA A ATIVIDADE ESPECIAL DE

MERGULHO DENTRO DO SISTEMA ENGENHARIA.

6.2.1 Considerações iniciais

Segundo Paiva (1997)

O Exército Brasileiro não dispõe de uma doutrina para o emprego de mergulhadores, particularmente quanto a operações convencionais. Conjetura-se que essa situação é decorrente do fato de que o surgimento e o conseqüente início da difusão do emprego militar do equipamento de mergulho autônomo de circuito aberto deu-se durante a Segunda Guerra Mundial em 1943.

Face à situação incipiente das operações de mergulho e a não participação da Força Expedicionária Brasileira em tais operações, não houve, portanto, oportunidade de se infundir nessa Força os fundamentos básicos da atividade do mergulho operacional. Além disso, corroborou para a permanência dessa situação o fato de que, após aquele conflito, o Exército Brasileiro não foi mais experimentado nos campos de batalha de uma guerra convencional.

Tendo-se estudado como se realizam as atividades de mergulho na MB, no

Exército Argentino e no Exército dos EUA, pode-se visualizar com mais precisão a

área de atuação do mergulho dentro do Sistema Engenharia.

Como já foi acertado, diferentemente da Força Naval e dos exércitos de

nações amigas estudados, a Engenharia do Exército Brasileiro ainda não possui

suas missões de mergulho bem definidas. Os manuais de campanha da Força

Terrestre, no que concerne à atividade especial de mergulho, são genéricos e

atribuem missões pouco precisas aos mergulhadores de Engenharia.

Como afirmou Linhares (2003), é bem verdade que a Força Naval possui um

campo muito amplo no que se refere ao emprego de mergulhadores pelo fato de

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suas atividades estarem intimamente relacionadas com os mares e rios de grande

vulto, porém, a Engenharia do EB pode tirar proveito dos cursos d’água que não são

de responsabilidade da MB, para melhor desenvolver suas missões.

Ainda no que diz respeito à MB, Linhares (2003) afirma que é extremamente

difícil estabelecer uma rígida demarcação entre os campos de atuação da MB e do

EB. Inicialmente, pode-se partir do pressuposto doutrinário de que a MB está com a

sua atenção focada nas águas marítimas e eventualmente, no caso de operações

especiais, em águas interiores. Já o EB, por sua vez, concentra esforços nas águas

interiores e, esporadicamente, atuará em águas do litoral.

Cabe ressaltar sobre o tema que, como já foi citado, a Portaria Nr 236 define

a atividade especial de mergulho, dentre outros aspectos e no que concerne à

Engenharia, como aquela que envolve missões militares, realizadas com aparelho

de mergulho, que atendam às operações de busca e salvamento, aos

reconhecimentos

e destruições subaquáticas

e, ainda, ao adestramento e às

instruções de mergulho [grifo do autor].

O manual de campanha C 5-34 Vade-Mécum de Engenharia (BRASIL,

1996), afirma que a atividade de mergulho se faz necessária, principalmente nas

atividades de transposição de cursos de água, no resgate de materiais

submergidos

e na instalação e neutralização de cargas explosivas

em

operações [grifo do autor].

Dessa forma, a legislação e o manual de campanha, basicamente, já

definiram o que os mergulhadores de Engenharia devem fazer em um primeiro

momento, porém existem outras tarefas que esses combatentes especializados

poderão realizar e, além disso, esses documentos não explicitam o “como” empregar

os mergulhadores, explorando melhor suas características e possibilidades.

Depreende-se que, à semelhança da Força Naval e do Exército dos EUA, o

Exército Brasileiro pode melhor organizar as missões e responsabilidades de

mergulho ao dividi-las. Diferentemente da MB, no EB essa divisão não seria

realizada em apenas duas partes, mas sim em três, a saber: mergulho de operações

especiais, a cargo da Bda Op Esp e Bda Inf Pqdt; mergulho de apoio ao combate; a

cargo do Sistema Engenharia; e mergulho de apoio logístico, a cargo do Sistema

Engenharia e do Sistema Aviação do Exército.

Existe campo de pesquisa para a possibilidade de emprego de

mergulhadores de Engenharia em apoio às atividades de operações especiais, fato

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210

que necessita de um estudo mais aprofundado, a fim de empregar esses meios

eficientemente e de acordo com a doutrina de emprego de Forças Especiais.

Todavia, o autor acredita ser viável tal apoio, desde que realizado por

mergulhadores convenientemente instruídos e adestrados para tal. Por outro lado,

não se visualizam grandes óbices na atuação em conjunto dos mergulhadores de

Engenharia com os mergulhadores do Sistema Aviação do Exército.

A elaboração de uma proposta de emprego de uma determinada atividade

deve atender à doutrina do segmento a que pertence. Assim entendido, raciocínio

idêntico será utilizado para relacionar o emprego dos mergulhadores com a doutrina

de emprego da Arma de Engenharia.

Ao considerar tais fatos, cita-se o manual de campanha C5-1 (BRASIL,

1999) Emprego de Engenharia:

As características e os princípios gerais de emprego norteiam a organização, o desdobramento, as possibilidades e as limitações do apoio de Engenharia a uma operação. Em função da situação tática, da área de operações, do escalão de planejamento e da análise dos comandantes tático e de Engenharia, algumas dessas características e desses princípios poderão ser evidenciados e outros poderão não ser verificados em sua plenitude.

Do manual de campanha C5-1 Emprego de Engenharia deve-se destacar,

ainda, o fato de que o Sistema Engenharia visa a proporcionar às tropas em

campanha o apoio à mobilidade, à contramobilidade, à proteção e o apoio geral de

Engenharia, realizando ações que são, ao mesmo tempo, táticas e técnicas; e

fornecendo apoio a todos os escalões da Zona de Combate (Z Cmb) e Zona de

Administração (ZA). Dessa maneira, a Engenharia emprega seus meios em missões

ligadas diretamente ao combate, ao apoio logístico e ao sistema de comando e

controle.

6.2.2 Características da Arma de Engenharia evidenciadas no emprego de

mergulhadores

6.2.2.1 Durabilidade dos trabalhos

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Esta característica é verificada em sua plenitude, pois as construções e

destruições realizadas com a utilização de mergulhadores podem influenciar no

posterior desenvolvimento da manobra.

Em tempo de guerra, dentro do apoio à mobilidade, ou em tempo de paz,

realizando trabalhos em apoio às operações subsidiárias ou de interesse sócio-

econômico para o País, observa-se que alguns trabalhos de vulto poderão ser

executados com o auxílio de mergulhadores de Engenharia. Citam-se, como

exemplos, que a construção de atracadouros em localidades, a construção e

manutenção de obras de arte em rodovias, além da sinalização e remoção de

obstáculos naturais ou artificiais das calhas dos rios visando a facilitar a navegação,

apontam para esta característica.

6.2.2.2 Progressividade dos trabalhos

A progressividade dos trabalhos pressupõe o emprego de meios do escalão

superior em condições de melhorar e apoiar os trabalhos mínimos necessários feitos

pelo escalão subordinado. Essa característica também poderá ser verificada em sua

plenitude, pois os mergulhadores das Cia E Cmb ou dos BEC executam os trabalhos

mínimos necessários à Brigada ou Divisão, valendo-se de equipamentos de

mergulho autônomo ou mergulho dependente leve. O escalão superior, dotado de

companhias ou equipes especializadas, com maior número de meios e valendo-se

de outros equipamentos e técnicas de mergulho, poderá melhorar ou ampliar os

trabalhos realizados em função das necessidades.

Cita-se, como exemplos dessa característica, a abertura de obstáculos

subaquáticos e sua posterior remoção, a abertura de trilhas e brechas em campos

minados lançados em aquavias e sua posterior remoção, a construção de pequenos

ancoradouros e o posterior aumento de sua capacidade, dentre outros.

6.2.2.3 Amplitude de desdobramento

Os mergulhadores de Engenharia estão presentes em todos os escalões e

em todas as operações, abrangendo todos os locais da Zona de Combate e da Zona

de Administração.

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212

Na Z Cmb, os mergulhadores de Engenharia realizariam tarefas mais

diretamente ligadas ao mergulho de apoio ao combate, já na ZA essas missões

estariam mais afetas ao mergulho de apoio logístico, tendo em vista, principalmente,

a maior quantidade de meios em material e pessoal da Engenharia da ZA.

6.2.2.4 Apoio em profundidade

Essa característica também será observada, já que os mergulhadores das

Cia E Cmb ou dos BEC podem receber apoio em pessoal e/ou em material que se

fizerem necessários para a execução dos trabalhos mínimos necessários ao escalão

que apóiam, provenientes das companhias ou equipes especializadas do escalão

superior, as quais, além disso, podem se incumbir dos trabalhos na área de

retaguarda dos mesmos, liberando a Engenharia desses escalões para prestarem

apoio mais à frente possível.

6.2.2.5 Canais técnicos de Engenharia

Em operações, os mergulhadores de Engenharia executam missões

simples, como a recuperação de material caído em um curso d’água, como podem

apoiar uma operação complexa tecnicamente, como é o caso de uma reflutuação de

uma viatura, ou complexa taticamente, a exemplo de uma operação de transposição

de curso d’água.

Assim sendo, torna-se necessário que o assessoramento promovido pelo

canal técnico permita que os elementos de mergulho do escalão superior tenham

contato com os responsáveis pelas operações de mergulho do escalão Brigada e

Divisão. A orientação, bem como a coordenação e o controle técnico, dos

engenheiros mergulhadores do escalão superior, que normalmente deverá contar

com militares mais experientes na atividade, poderá ser fundamental para o êxito

das operações.

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6.2.3 Princípios gerais de emprego da Arma de Engenharia evidenciados no

emprego de mergulhadores

6.2.3.1 Emprego com Arma técnica

Em decorrência do caráter técnico de suas missões, a Engenharia é organizada e instruída para realizar trabalhos que exijam técnica aprimorada e equipamentos especiais. Seu emprego em missões de combate é considerado uma medida excepcional (BRASIL, 1999).

O emprego de material e pessoal especializado na realização de trabalhos

técnicos é evidente no que se refere ao emprego de mergulhadores. Entretanto,

apesar de estar doutrinariamente correto que a Arma apoiada forneça a segurança

dos canteiros de trabalho, a carência de efetivos poderá levar a necessidade de a

própria Engenharia prover a segurança aproximada das áreas em que o trabalho de

mergulho esteja sendo realizado.

6.2.3.2 Emprego centralizado

O emprego centralizado permite um melhor aproveitamento dos meios. A capacidade de trabalho ou de apoio de uma unidade de Engenharia é maior que a soma das capacidades de seus elementos componentes, quando operando independentemente (BRASIL, 1999).

O emprego das OMEM deve estar de acordo com esse princípio, pois a

necessidade de manutenção dos equipamentos utilizados e de revezamento dos

mergulhadores nas fainas de mergulho, dentre outros aspectos técnicos da

atividade, impõem uma grande quantidade meios em pessoal e material.

6.2.3.3 Permanência nos trabalhos

Uma unidade de Engenharia deve permanecer, sempre que possível, nos trabalhos que lhe foram designados, até a sua conclusão. A substituição de uma unidade no decorrer de um trabalho acarreta uma solução de continuidade que afeta seu rendimento (BRASIL, 1999).

Esse princípio de emprego deverá ser harmonizado com o do emprego

centralizado.

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A permanência nos trabalhos deverá ser analisada com critério pelo

planejador, pois imposições técnicas de segurança – como a de que o tempo

máximo submerso diário, em mergulhos utilizando ar comprimido, não deve superar

4 horas (na realização dos trabalhos poderão exigir a substituição da tropa

empregada).

Portanto, deve ser realizado um planejamento acurado da quantidade de

meios em pessoal e material a utilizar, com margens de segurança que permitam

evidenciar esse princípio, pois a sua não obediência acarretará em uma queda de

rendimento e no conseqüente aumento do tempo de conclusão da missão.

6.2.3.4 Utilização imediata dos trabalhos

Os trabalhos de Engenharia em campanha devem ser planejados e executados de modo a que possam ser utilizados em qualquer fase de sua construção ou realização. É preferível ter-se uma estrada precariamente trafegável em toda sua extensão, a uma parcialmente concluída (BRASIL, 1999).

Para se obedecer a esse princípio, cresce de importância a otimização do

emprego dos meios de mergulho do Sistema Engenharia, a fim de possibilitar o

apoio a uma maior quantidade de componentes do Sistema Manobra.

Em operações, a Engenharia poderá utilizar equipes de elementos

especializados para a consecução daquelas missões consideradas prioritárias,

empregando de forma judiciosa os seus meios, uma vez que seria praticamente

impossível atender todas as necessidades do combate.

Sendo assim, o aproveitamento dos trabalhos deve ocorrer o mais rápido

possível, assim que os mergulhadores de Engenharia concluí-los, o que garantirá o

melhor emprego dos meios de mergulho disponíveis para o apoio geral de

Engenharia e o apoio à mobilidade, contramobilidade e proteção.

6.2.3.5 Manutenção dos laços táticos

É conveniente que um mesmo elemento de Engenharia seja designado para apoiar um mesmo elemento da arma base. Essa associação continuada resulta em maior eficiência no apoio, em virtude do conhecimento mútuo entre os elementos interessados. É no escalão brigada que a manutenção dos laços táticos se revela de forma mais completa e satisfatória. Devido a diversos fatores, nos escalões mais altos torna-se mais difícil a fiel observância desse princípio. (BRASIL, 1999).

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Sempre que possível, para o apoio a uma tropa da arma-base (Infantaria e

Cavalaria) deve ser designada a mesma fração de Engenharia, resultando em maior

eficiência no apoio. Todavia, as frações de mergulho, por serem constituídas de

elementos altamente especializados, dificilmente poderão obedecer a esse princípio

de emprego, ficando sua atuação mais caracterizada no apoio ao conjunto das

tropas em operações.

6.2.3.6 Engenharia em reserva

Normalmente, meios de Engenharia em pessoal não são mantidos em reserva. Os elementos de Engenharia destinados ao apoio às reservas táticas, enquanto estas não forem empregadas, permanecem executando trabalhos que não prejudiquem seu emprego futuro. Após um período de operações, as tropas de Engenharia deixam de realizar trabalhos durante o tempo necessário para a sua reorganização e recuperação (BRASIL, 1999).

Normalmente, meios de Engenharia em pessoal não ficam mantidos em

reserva, sobretudo os de mergulho. Em operações, certamente, haverá carência

desses meios para atender as necessidades dos trabalhos técnicos. Os elementos

de Engenharia destinados ao apoio à reserva, enquanto essa não for empregada,

permanecerão executando trabalhos que não prejudiquem o seu emprego futuro,

como, por exemplo, os reconhecimentos subaquáticos especializados ou o

balizamento das vias aquáticas.

6.2.3.7 Prioridade e urgência

a)O emprego dos meios de Engenharia decorre, essencialmente, do levantamento das necessidades em trabalhos de Engenharia que interessem à condução das operações consideradas. Essas necessidades são, em geral, numerosas e superiores às disponibilidades em tempo e em meios. É necessário, portanto, fixar as prioridades dos diversos trabalhos a realizar, tomando por base a sua importância relativa para a manobra, a fim de que seja possível atender às operações planejadas, da melhor forma, com os meios disponíveis; b) A urgência de um trabalho, ou seja, o prazo em que o mesmo deve ser concluído, pode estar traduzida na própria prioridade, conforme sua importância para a manobra considerada. Quando isso não acontecer, é possível admitir-se que, dentro de uma mesma prioridade, existam trabalhos com urgências diferentes. Em certos casos, pode haver trabalhos com prioridade mais baixa, que necessitam ser concluídos antes de outros com prioridade mais elevada, em nada alterando o cumprimento da missão recebida. (BRASIL, 1999).

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Os meios de mergulho do Sistema Engenharia são exíguos. A fim de

amenizar o problema deve ser executado um planejamento centralizado e minucioso

do emprego dos meios disponíveis, estabelecendo as prioridades e a seqüência das

missões a serem cumpridas pelas frações.

6.2.3.8 Emprego por elementos constituídos

“A Engenharia sempre deverá trabalhar por frações, subunidades ou unidades constituídas, sob o comando de seus respectivos comandantes” (BRASIL, 1999).

Deve-se procurar obedecer a esse princípio, contudo, devido à

especificidade da atividade especial de mergulho e tendo em vista a racionalização

dos meios, em algumas situações algum elemento de mergulho de Engenharia

poderá vir a ser empregado com dosagem inferior a um pelotão de Engenharia de

mergulho, destacando-se a utilização de grupos de Engenharia, equipes ou turmas

com efetivos variáveis, conforme a natureza da tarefa ou missão a ser cumprida.

6.2.4 As formas de apoio e as situações de comando da Engenharia no

emprego de mergulhadores

6.2.4.1 Formas de apoio

As seguintes formas de apoio poderão ser utilizadas: apoio ao conjunto,

apoio suplementar e apoio direto. Essas formas de apoio apresentam graus

decrescentes de centralização. Nas operações de mergulho, devido às

necessidades técnicas de segurança e de material, haverá o predomínio do

emprego da tropa de maneira centralizada. Isso irá trazer implicações sobre como a

Engenharia será empregada.

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6.2.4.1.1 Apoio ao conjunto (Ap Cj)

Esta forma de apoio caracteriza-se pela realização de trabalhos em proveito do conjunto do escalão apoiado ou em proveito comum de dois de seus elementos componentes. Quando em apoio ao conjunto, as Unidades de Engenharia permanecem centralizadas sob o comando da Engenharia do Escalão considerado. Em situações peculiares, em função da disponibilidade de meios, um elemento de Engenharia poderá realizar trabalhos, em apoio ao conjunto, em proveito de um elemento de manobra (BRASIL, 1999).

De acordo com o resultado da pesquisa realizada, essa deverá ser a forma

de apoio preferencial ao se empregar as frações de mergulho do Sistema

Engenharia. Dessa maneira os meios de mergulho do Sistema permanecem

centralizados, facilitando a manutenção, a logística e o correto atendimento às

prioridades e urgências estabelecidas pelo escalão apoiado.

O apoio ao conjunto poderá ocorrer para as missões em proveito da brigada,

da Divisão, do Exército de Campanha, bem como do Comando de Engenharia do

Comando Logístico do Teatro de Operações Terrestre (CECLTOT).

6.2.4.1.2 Apoio suplementar (Ap Spl)

O apoio suplementar é a forma de suprir a insuficiência de Engenharia de um determinado escalão que já possui Engenharia, orgânica ou não, quando o comando a que pertence o elemento designado para o apoio puder exercer, sobre o mesmo, elevado grau de controle. O apoio suplementar compreende as seguintes modalidades: apoio suplementar por área, apoio suplementar específico e a combinação dessas duas modalidades (BRASIL, 1999).

É importante salientar que, tanto o apoio suplementar por área, com o

estabelecimento de um Limite Avançado de Trabalho (LAT), como o apoio

suplementar específico, serão possíveis de serem realizados, uma vez que poderá

existir uma fração de mergulho em apoio a uma Unidade/Subunidade de Engenharia

em caso de necessidade, ou o escalão superior de Engenharia poderá designar

elementos de mergulho para realizar tarefas específicas, por tempo limitado e em

áreas pré-determinadas.

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6.2.4.1.3 Apoio direto (Ap Dto)

É a forma de empregar um elemento de Engenharia em apoio a um elemento que não a possui, quando o comando a que pertence o elemento designado para o apoio puder exercer, sobre o mesmo, um controle eficiente e eficaz. É a forma normal de apoiar os elementos da arma base empregados de maneira centralizada. O elemento em apoio direto permanece sob o comando da unidade de Engenharia a que pertence. Esta forma de apoio caracteriza-se por uma ligação permanente entre a Engenharia de apoio direto e a tropa apoiada, cabendo a esta última indicar as necessidades e as prioridades dos trabalhos a serem realizados. É, portanto, uma forma de apoio semicentralizado (BRASIL, 1999).

O apoio direto poderá ocorrer, desde que o comandante da OM de

Engenharia de mergulho tenha possibilidade de manter o controle cerrado sobre a

fração que presta o apoio.

Deve-se destacar que, nesse caso, o elemento de mergulho empregado sob

a forma de apoio direto pode receber, cumulativamente, segundo as necessidades

do comando considerado, missões de apoio ao conjunto.

No caso de cessão de elemento de mergulho em apoio a Unidade de arma-

base, como afirmou Daniel em sua resposta à pesquisa sobre o assunto, deve-se

manter o apoio direto pela questão de suprimento de meios específicos à missão, o

que, via de regra, as armas-base não tem como suprir, por não fazer parte de suas

cadeias logísticas o material de reposição de mergulho.

6.2.4.2 Situações de comando

Existem três situações de comando previstas no Manual de Campanha C 5-

1 – Emprego da Engenharia, o comando operacional (Cmdo Op), o controle

operacional (Ct Op) e o reforço (Rfr). Todavia, deve-se evitar ao máximo empregar

as frações de mergulho em qualquer dessas situações de comando, pois elas

caracterizam-se pela total descentralização dos meios de Engenharia (BRASIL,

1999).

Acredita-se que o reforço deverá ocorrer somente nos casos em que o

escalão apoiado já possua elementos de mergulho em sua composição, tendo em

vista as peculiaridades do apoio logístico dessa atividade especial.

O autor admite, em caso de necessidade, o emprego de mergulhadores na

situação de controle operacional, tendo em vista que, apesar de ocorrer o emprego

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descentralizado dos meios de Engenharia, essa situação de comando se torne

viável, tendo em vista as imposições do apoio logístico, principalmente do fluxo de

suprimento da Classe VI, que permanece sob responsabilidade do elemento de

mergulho recebido em apoio; pela razão de que a tropa apoiada não pode empregar

separadamente os elementos recebidos em apoio, evitando-se ainda mais sua

descentralização; e pelo fato de que um comandante só recebe esse grau de

autoridade a fim de capacitar os elementos de mergulho ao recebimento de missões

ou tarefas específicas.

Já na situação de comando operacional, o comandante da tropa apoiada pode

empregar separadamente os elementos de mergulho do Sistema Engenharia

recebidos em apoio. Tal fato poderá acarretar sérios riscos à segurança do

mergulhador, devido às peculiaridades técnicas dessa atividade especial.

6.2.5 O apoio de Engenharia prestado pelos elementos de mergulho

6.2.5.1 Aspectos introdutórios

De acordo com o manual C 5-1, o Sistema Engenharia visa a proporcionar

às tropas o apoio à mobilidade (Mbld), à contramobilidade (C Mbld) e à proteção

(Ptç) e o apoio geral de Engenharia (Ap Ge Eng) (BRASIL, 1999).

Esse apoio é realizado por meios de trabalhos técnicos de Engenharia,

conforme o visualizado na figura 82, abaixo.

Figura 82 - Visualização do apoio de Engenharia. Fonte: BRASIL, 1999.

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220

6.2.5.2 Trabalhos técnicos de Engenharia

6.2.5.2.1 Reconhecimentos especializados

Segundo Paiva (1997), o trabalho técnico de reconhecimento visa à

obtenção, no terreno, de informes pormenorizados para a utilização, dentre outros,

pelo comandante do escalão apoiado e seu Estado-Maior, tendo em vista o

planejamento das operações a serem realizadas. Doutrinariamente, o trabalho

técnico de reconhecimento é realizado em toda a zona de combate, utilizando as

tropas de Engenharias orgânicas dos escalões Brigada, Divisão de Exército e

Exército de Campanha.

De acordo com Oliveira (1999), quanto mais detalhados os dados, mais

preciso é o informe e, conseqüentemente, melhor assessorado estará um

comandante para realizar seu planejamento. Pode-se empregar o mergulhador para

enriquecer esses dados.

Para Freitas (2002), na Engenharia o emprego da atividade de mergulho é

essencialmente técnico e busca o levantamento de dados que, por outros meios,

seriam difíceis ou impossíveis de serem obtidos.

Pode ser visualizado que um reconhecimento subaquático antecederá a

qualquer tipo de faina de mergulho. Como exemplos de reconhecimentos

especializados que poderão valer-se de mergulhadores para obtenção de dados

sobre partes ou áreas submersas, pode-se citar:

1. levantamento hidrográfico dos leitos dos rios, procurando obter dados

sobre a natureza do leito, profundidade, obstáculos submersos (rochas,

bancos de areia, cascos soçobrados, etc.), precedendo a uma

operação de transposição de curso d’água;

2. inspeção de tubulações submersas, como oleodutos ou gasodutos,

com a finalidade de levantamento de necessidades para a execução de

reparos;

3. inspeção de pilares de pontes, ancoradouros, piers, portos, balsas,

embarcações, a fim de instalar armadilhas ou cargas explosivas ou

neutralizá-las;

4. reconhecimento de obstáculos subaquáticos lançados pelo inimigo,

para posterior abertura de brechas e/ou remoção;

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5. reconhecimento de locais de passagem a vau, especialmente aqueles

que não possuírem condições de serem reconhecidos por tropa a pé.

Como exemplo, cita-se as passagens a vau para viaturas blindadas de

1,20 até 2,25 metros de profundidade, no caso do Carro de Combate

(CC) Leopard 1 A1 sem snorkel76 e de até 5,0 metros com esse

acessório; e de 1,20 até 2,40 m de profundidade, no caso do CC M60

A3 TTS, no qual o homem a pé fica prejudicado, ou até mesmo

impedido, de realizar o referido reconhecimento eficazmente. Cabe

ressaltar que as Instruções Provisórias de ambos os CC afirmam que

para a ultrapassagem de vau, antes da execução da travessia, deve

ser executado um reconhecimento pormenorizado; verificando-se a

profundidade, o solo e a correnteza do curso d’água (BRASIL, 2000;

2002).

Outros locais passíveis da utilização da atividade especial de mergulho para

a realização de reconhecimentos e obtenção de dados sensíveis para sua

destruição são as instalações portuárias, canais, pontes, diques, comportas,

terminais de petróleo e outras instalações de interesse em áreas de ambiente

ribeirinho ou, em coordenação com a Força Naval, marítimo.

6.2.5.2.2 Estradas

De acordo com o manual C 5-38 (BRASIL, 2001), os trabalhos de estradas

consistem na construção, conservação e reparação de rodovias, melhoramentos de

pistas e estradas e balizamento e melhoramento de vaus

[grifo do autor].

Dessa maneira, visualiza-se que os mergulhadores poderão participar da

missão destacada. Seu adestramento e seus equipamentos especializados

permitirão, inicialmente, coletar dos dados necessários para cumprir essa tarefa -

profundidade, velocidade da correnteza, comprimento do vau, largura e material do

fundo - com maior segurança e rapidez. Posteriormente, os mergulhadores podem

76 Segundo o Manual C 5-1 (p.8-8) o snorkel é um dispositivo adaptado ao carro de combate, que funciona como um respiradouro, sendo que alguns tipos mais largos permitem a presença de um homem na sua extremidade superior, o que facilita a direção do carro.

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realizar o balizamento, com bóias ancoradas no leito do rio, e auxiliar no

melhoramento de vaus.

6.2.5.2.3 Pontes

Vários aspectos técnicos e doutrinários relacionados com o trabalho técnico

de pontes admitem o emprego de mergulhadores. Esses aspectos serão explorados

quando o presente trabalho abordar as operações de transposição de curso d’água.

6.2.5.2.4 Organização do terreno (OT)

De acordo com o manual C 5-15 - Fortificações de Campanha (BRASIL,

1996), os trabalhos de OT são grupados em fortificações de campanha e

camuflagem, cabendo a Engenharia executar destruições em grande escala, criar

zonas de obstáculos, realizar os trabalhos que exijam equipamentos e técnica

especializados

[grifo do autor], fornecer equipamentos e suprimentos de

Engenharia e proporcionar sugestões e assistência técnica.

Segundo Paiva (1997), dentre os trabalhos de fortificações de campanha,

enquadram-se os obstáculos. Esses, por sua vez, abrangem as destruições de

pontes que são trabalhos específicos de Engenharia. Nesses trabalhos, poderão ser

empregadas técnicas de mergulho, particularmente na instalação de cargas

subaquáticas nos encontros e pilares. Ressalta-se que, nesse caso, fica tipicamente

caracterizado o binômio aptidão especial X equipamento especializado, sendo o

mergulhador a personificação desse binômio

[grifo do autor].

Oliveira (1999) explica que a pressão manométrica exercida sobre uma

carga explosiva realiza o papel de um excelente enchimento, portanto cargas de

ruptura instaladas em pilares de pontes e muros de barragens, por exemplo, devem

estar situadas o mais fundo possível, procurando-se obter o melhor efeito com o

mínimo de explosivos. Muitas das vezes, essa profundidade exigirá a submersão do

homem para a instalação das cargas de modo satisfatório.

Acredita-se ser importante frisar que as demolições subaquáticas têm sido

alvo do adestramento dos mergulhardes de Engenharia, como demonstra o caso da

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destruição subaquática de um registro de vazão de água defeituoso de um açude

por uma equipe de mergulho do 3o

BEC, em 03 de junho de 2004.

Outros exemplos de trabalhos de Organização do Terreno que poderão vir a

ser realizados pelos mergulhadores de Engenharia, em ambiente fluvial, são a

minagem/desminagem das aquavias, influenciando o deslocamento fluvial das

tropas em campanha; o lançamento/remoção de obstáculos e armadilhas

subaquáticas; além da destruição de pontos críticos.

Como exemplo histórico, Pagotti (2002) cita que na Guerra do Vietnã,

mergulhadores australianos, depois de um período de treinamento adicional,

chegaram ao Teatro de Operações (TO) no dia 06 de fevereiro de 1967, sendo

empregados na limpeza de minas aquáticas e armadilhas fluviais, lançadas pelos

vietnamitas nos rios e canais de navegação. Essa, normalmente, era uma tarefa

perigosa, especialmente pelas condições escuras das águas onde os mergulhadores

tiveram de operar.

6.2.5.2.5 Instalações

A construção e manutenção das instalações de campanha se inserem em uma das tradicionais missões afetas à Arma de Engenharia, no contexto das medidas visando à proteção da tropa. Todas as construções são classificadas como trabalhos técnicos de instalações, exceto as que se referem às estradas, pontes e organização do terreno.

Dentre os trabalhos técnicos de instalações destacam-se os estacionamentos de tropas, instalações de comando, logísticas e administrativas, hospitais, depósitos, oficinas, campos de prisioneiros de guerra (PG), oleodutos, campos de pouso, ancoradouros e terminais

[grifo do autor]. (BRASIL, 2002).

Segundo Paiva (1997), cabe à Engenharia o projeto, a construção e a

conservação dos sistemas de oleodutos necessários às operações, incluindo linhas

submarinas navio-praia, ligações das instalações de armazenagem em grosso e

linhas de distribuição dos derivados de petróleo. A tarefa de construção de oleodutos

estará a cargo da Engenharia da ZA que, por intermédio dos Grupamentos de

Engenharia de Construção, planejará e supervisionará a construção. Contudo, na Z

Cmb, caberá à Engenharia de Exército, desde que convenientemente reforçada em

pessoal e equipamentos especializados, a construção de oleodutos temporários ou

de assalto.

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Conforme Siqueira (1998), a construção, reparação e conservação de portos

e das instalações portuárias podem constituir-se em uma responsabilidade da

Engenharia ou em atribuição da Marinha, dependendo do comando das operações.

Caso a Marinha seja encarregada dessas tarefas, caberá à Engenharia da Força

Terrestre o encargo dos trabalhos de pequeno vulto (ancoradouros ou pontos de

parada de embarcações) em aquavias interiores que interessem, diretamente, às

operações terrestres. Sob o mesmo enquadramento atribuído à construção de

oleodutos, a Engenharia da ZA, por intermédio dos Grupamentos de Engenharia de

Construção, planejará e supervisionará a construção ou recuperação das

instalações portuárias.

Assim sendo, pode-se admitir o emprego de mergulhadores em

determinadas fases desses trabalhos de instalações.

As instalações portuárias são um dos pontos-chave de qualquer operação

militar no que se refere à movimentação de pessoal e material. Os mergulhadores

podem ser usados para apoiar o planejamento da entrada em operação de um porto,

auxiliando na determinação de prioridades de trabalho ou preparando as estimativas

dos trabalhos a serem realizados. Os engenheiros mergulhadores poderão levantar

dados acerca das estruturas submersas das instalações portuárias já existentes;

realizar reconhecimento hidrográfico, verificando a profundidade, o contorno do leito

do rio/mar, a localização dos canais de navegação e a existência de obstruções;

fazer recomendações para a restauração de partes submersas; localizar cascos

soçobrados ou outras obstruções no canal de acesso; remover obstáculos; localizar

e destruir minas subaquáticas; auxiliar na construção de pilares, entre outros.

Os ações exemplificadas, anteriormente, facilitarão o trabalho do Comando

de Engenharia responsável pela construção ou reparação de um porto. Como

exemplo desse tipo de trabalho, cita-se que 3o

BEC já auxiliou a construção de um

porto fluvial no rio Jacuí, em Cachoeira do Sul, RS, valendo-se da utilização de

mergulhadores para a realização de trabalhos técnicos.

No que se refere à construção de oleodutos/gasodutos os mergulhadores

poderão receber missões de reconhecimento hidrográfico para determinar o

gradiente da praia e o contorno do leito; limpeza dos obstáculos naturais e artificiais;

apoio ao lançamento dos dutos subaquáticos; conexão de componentes dos dutos;

inspeção dos dutos e seus componentes (valendo-se de técnicas de fotografias e

filmagens sub); realização da limpeza, manutenção e substituição de peças e

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componentes dos dutos subaquáticos; e execução de reparos emergenciais em

seções danificadas dos dutos (utilizando técnicas de corte e solda sub), dentre

outras.

6.2.5.2.6 Assistência Técnica

A E Ex presta assistência técnica às unidades do Ex Cmp nos aspectos referentes à Engenharia, como na construção de abrigos e de obstáculos, nas medidas de camuflagem, na transposição de curso de água, na produção de água tratada e na operação e manutenção de embarcações [grifo do autor] (BRASIL, 1999).

O trabalho de manutenção de embarcações poderá valer-se de

mergulhadores para realizar a inspeção subaquática do casco, sistemas de

propulsão e navegação (com fotografias e filmagens sub); reparação do casco

utilizando técnicas de corte e solda sub; limpeza de casco; tamponamentos e

bujonamentos; reparação e/ou substituição de peças; dentre outros, devido à falta

de carreiras, rampas com trilhos e carros onde se possa adaptar o casco das

embarcações para manutenção nas margens. Podem ainda, auxiliar na recuperação

de hélices e lemes perdidos.

Atualmente, esses trabalhos são realizados por militares do Centro de

Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA), que fazem manutenção

das embarcações em viagens pelos rios amazônicos, por intermédio de trabalhos

submersos, como o da troca de hélice do motor de rabeta, danificada em impactos

com troncos ou bancos de areia. Muitas vezes, utilizam-se técnicas de mergulho

livre, em função da inexistência e militares habilitados a realizarem mergulho com

aparelho, seja autônomo ou dependente77.

6.2.5.2.7 Cartografia

Esta missão da E Ex compreende as seguintes atividades: (1) realização de trabalhos de levantamentos topográficos e

geodésicos necessários às suas próprias atividades ou às de outras armas e serviços;

(2) produção de trabalhos cartográficos de interesse do Ex Cmp, como cartas, cartas-imagem, cartas temáticas;

(3) confecção de relatórios e outros trabalhos de informações topográficas e geodésicas;

77 Conversa informal com militares do CECMA.

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(4) produção de dados digitais do terreno para facilitar o planejamento operacional e logístico e o sistema de comando e controle (BRASIL, 1999).

Os mergulhadores de Engenharia poderão apoiar a realização de

levantamentos hidrográficos de interesse do EB, particularmente das vias interiores,

realizados pelo Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), que é o órgão responsável

pelo planejamento e pela validação dos dados resultantes dos Levantamentos

Hidrográficos destinados à construção das cartas náuticas sob a responsabilidade

da Diretoria e Hidrografia e Navegação da MB (BRASIL, 2006).

6.2.5.2.8 Manutenção de equipamento de Engenharia

Nos escalões exército de campanha e inferiores, as atividades relacionadas à manutenção de engenharia estão assim distribuídas:

(1) as unidades de todas as armas e serviços, inclusive as de engenharia, são responsáveis pela manutenção orgânica do material de engenharia de sua dotação (1º e 2º escalões);

(2) as unidades de engenharia são responsáveis ainda pela manutenção de 3º escalão de seu material de engenharia orgânico;

(3) o 4º escalão de manutenção de campanha e a manutenção de retaguarda constituem responsabilidade dos batalhões logísticos das brigadas/divisões ou dos grupamentos logísticos dos grandes comandos, que para esse fim contam, em sua organização, com elementos de engenharia (BRASIL, 1999).

Dessa forma, e adaptando-se as modificações feitas no novo C 100-10

(2003), verifica-se que existe a necessidade de que as OM de mergulho de

Engenharia possuam especialistas na manutenção dos equipamentos utilizados

pelos mergulhadores até o 2o

(antigo 3o) escalão de manutenção, devendo ser,

preferencialmente, mergulhadores habilitados, a fim de também poderem cumprir

tarefas ligadas à atividade-fim da OM. Além disso, existe a necessidade de se

mobiliar os batalhões logísticos ou os grupamentos logísticos com militares aptos a

manutenir o material de mergulho até o atual 3o

(antigo 4o) escalão de manutenção.

6.2.5.3 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às operações de

transposição de curso d’água

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6.2.5.3.1 Reconhecimentos especializados

Uma operação de transposição de curso de água obedece, geralmente, ao seguinte desenvolvimento:

1. obtenção de conhecimentos; 2. planejamento; 3. execução (BRASIL,1996).

A transposição de um curso de água obstáculo é uma operação especial que apresenta as seguintes características:

1. necessita de grande quantidade de equipamento peculiar e de pessoal especialmente instruído (BRASIL,1996)...

Cada Cmt deverá buscar, não só no âmbito de sua Z Aç mas também de sua área de interesse, o máximo de conhecimentos (terreno, condições meteorológicas, inimigo e forças amigas), negando-os ao oponente (BRASIL,1996).

A obtenção de conhecimentos antes e durante o período de planejamento é

essencial na preparação de um plano exeqüível de transposição de curso de água e

para a escolha do local mais apropriado para a operação. Segundo o manual C 31-

60, dentre os aspectos a serem esclarecidos estão as características do curso

d’água, incluindo (BRASIL, 1996):

1. largura e a profundidade do curso de água;

2. possibilidade de sua transposição a vau por tropas e veículos;

3. velocidade e as características da corrente;

4. existência de correntes transversais, de correntes descendentes e de

correntes de maré;

5. altura, a inclinação e as condições das margens;

6. condições do leito do rio;

7. localização de obstáculos (ilhas, bancos de areia, pontes destruídas,

etc);

8. localização de barragens e outras obras e seus efeitos nas

características do curso de água;

9. possibilidades de inundação e congelamento;

10. Loc Tva, incluindo detalhes sobre a localização e as características de

cada um.

Todos esses aspectos podem ser levantados com o apoio de

mergulhadores, que dotados de equipamentos especializados, como, por exemplo,

ecobatímetros e sonares, podem realizar levantamentos hidrográficos precisos de

grande valia para os planejadores da operação, que necessitam conhecer, em

detalhe, as características do curso d’água.

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A exemplo do Exército dos EUA, o EB poderia contar com um pelotão de

mergulho para apoiar esse tipo de operação, o qual trabalharia próximo às Unidades

de pontes, provendo a informação mais acurada ao comandante da força de

transposição ou aos comandantes da travessia. Esse pelotão, durante a realização

de reconhecimentos em locais sem segurança, deverá receber o apoio de uma

equipe para prover essa necessidade, a fim de melhor poder empregar seus meios

em pessoal.

A realização dos reconhecimentos, preferencialmente, deverá ser executada

no período noturno, priorizando-se a segurança em relação ao rendimento dos

trabalhos. Para cumprir dessa tarefa, os mergulhadores poderão se valer de botes

pneumáticos, pontões, voadeiras, jet skis, caiaques ou até mesmo helicópteros, se a

distância a ser percorrida for muito grande e se a situação tática assim o permitir.

6.2.5.3.2 Pontes

Segundo Paiva (1997), a transposição de um curso de água exige,

normalmente, trabalhos específicos de Engenharia que visam ao estabelecimento de

ligações contínuas (pontes) ou descontínuas (portadas, balsas, embarcações, etc.)

entre as duas margens. A maior ou menor extensão dos trabalhos de Engenharia

dependerá das características do curso d’água.

O conhecimento das características dos cursos d’água que são necessários

à operação de meios flutuantes e ao lançamento de pontes de equipagem é

conduzido pela Engenharia presente na Z Cmb, podendo valer-se de mergulhadores

para obtenção dos dados de interesse.

De acordo com o manual C 5-1, cabe à Engenharia de Exército substituir as

pontes lançadas pelos escalões subordinados por pontes semipermanentes ou por

pontes de equipagem pesadas, seja para liberar o material de equipagem de

assalto, seja para assegurar melhores condições de travessia. Aos escalões de

Engenharia orgânicos das divisões de exército e brigadas cabem as missões de

reparação, reforçamento e construção de pontes, particularmente de equipagem

(BRASIL, 1999).

Em todas as atividades de pontagem desenvolvidas para uma operação de

transposição de curso d’água, o uso da técnica do mergulho pode ser necessário em

várias etapas da execução. Cita-se como exemplos:

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o resgate de material caído acidentalmente no curso d’ água;

a busca e recuperação de baixas;

a liberação de equipamentos porventura presos ao leito do rio, após a

desmontagem das equipagens; e

inspeção subaquática de pontes, visando à verificação de sua

integridade estrutural.

O primeiro desses exemplos ocorre de maneira rotineira nos trabalhos de

pontagem, como demonstrou a pesquisa realizada com as OM de Engenharia no

quesito “Em alguma ocasião a OM teve material extraviado em Op ou instrução por

ter caído em rio, mar ou lago?”, quando 80% das OM responderam afirmativamente.

Com relação à inspeção subaquática de pontes, certas situações na zona de

combate, em que a utilização das pontes de equipagem deva ser feita com cautela

ou perigo, exigem uma inspeção detalhada da ponte após a travessia de cada

viatura. Tal tarefa poderá utilizar mergulhadores de Engenharia para a avaliação de

partes submersas dos suportes fixos ou flutuantes.

6.2.5.3.3 Operações de dissimulação tática.

As operações de dissimulação tática se constituem em um conjunto de medidas e ações que procuram iludir o inimigo a respeito de determinada situação e/ou planos táticos, com o propósito de induzi-lo a reagir de modo vantajoso para nossa manobra. (BRASIL,1997)

Nesse tipo de operação, no contexto da realização de uma transposição de

curso d’água, pode se visualizar o emprego de mergulhadores na realização de

movimentos, fintas, demonstrações e execução de demolições simuladas, a fim de

se atingir os objetivos da dissimulação.

6.2.5.3.4 Proteção de pontes

Segundo Dodge (1946), sobre a travessia a viva força do rio Elba pela 83a

DI, durante a 2a

Guerra Mundial,

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Dois pontos se mostraram de grande importância: (1) o emprego de meios de passagem descontínuos; e (2) a proteção da ponte.

Da experiência colhida nas operações de Nijmegen e Remagen, aprendemos a esperar qualquer uma das seguintes ações inimigas: (1) artilharia; (2) ataques aéreos; (3) minas flutuantes; (4) mergulhadores; (5) lanchas a motor. Em conseqüência foram tomadas as devidas precauções... A montante da ponte foi instalada uma rede contra minas, quinze minas explodiram de encontro a rede e nenhuma atingiu a ponte.

Uma rede extensível de arame farpado foi mergulhada na correnteza e, durante a escuridão e com intervalos de 5 minutos, cargas de trotil eram lançadas à água, de uma lancha ancorada rio acima. Isto evitou que mergulhadores demolissem a ponte. Estes eram submetidos a um treinamento numa escola em Veneza (Itália); vestiam roupas especiais de borracha e dispunham de respiradores de oxigênio e bombas-torpedo. O interrogatório de três mergulhadores capturados revelou que eles ficaram presos na rede e perderam o controle de suas bombas. Um deles foi acometido de câimbras, causadas pelos explosivos e devidas, também, a um rasgão em sua roupa de borracha (DODGE, 1946).

Esses ensinamentos constam dos manuais do EB, pois no manual C 5-1

está previsto que as pontes devem ser protegidas contra as ações do inimigo no

próprio rio (engenhos flutuantes ou submersos, com ou sem propulsão, nadadores

ou mergulhadores) e contra objetos trazidos pela corrente, pelo emprego de

estacadas, redes submersas e postos especiais de vigilância instalados a montante

e a jusante da ponte (BRASIL, 1999).

Dessa forma é possível visualizar que as técnicas de mergulho podem ser

empregadas para o lançamento das redes submersas e para a colocação das

estacadas.

6.2.5.3.5 Segurança dos locais de travessia

Os meios descontínuos utilizados são as embarcações de pequeno porte (militares ou civis), simples ou conjugadas. Ainda como meios descontínuos consideram-se as viaturas anfíbias, que cruzam o rio navegando por seus próprios meios ou submersas pelo fundo. Em ambos os casos sofrem grande influência das características do curso de água (BRASIL, 1999)) [grifo do autor].

Segundo a IP 17-82, o CC Leopard 1 A1 possui um sistema de mergulho

que tem por objetivo possibilitar a ultrapassagem de vaus de até 1,20 metros, sem

preparação, e de até 2,25 metros, com preparação. Além disso o C 5-1, cita que

esse CC pode valer-se de snorkel, superarando vaus de até 5,0 metros. Já o

sistema de mergulho do CC M60 A3 TTS, de acordo com a IP 17-84, possibilita a

travessias de vaus entre 1,2 e 2,4 metros de profundidade. Vale ressaltar que para

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231

esse tipo de travessia a corrente deve ser moderada, o fundo firme e as margens

favoráveis.

Em operações semelhantes no Exército da Rússia, os mergulhadores foram

empregados nos destacamentos de resgate, para assegurar o salvamento da

tripulação de CC submersos. Imediatamente após a identificação de um CC que

estava com problemas, os mergulhadores utilizaram cordas e polias para iniciar sua

recuperação.

Assim sendo, visualiza-se a utilização de mergulhadores na realização da

segurança desse tipo de travessia, além do reconhecimento e balizamento dos vaus,

como foi explicado anteriormente.

6.2.5.4 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às Operações Anfíbias

A abertura de passagens nos obstáculos aquáticos e subaquáticos é encargo das tropas do Corpo de Fuzileiros Navais ou de equipes especializadas de engenharia

das brigadas ou da divisão. Essas equipes devem ser constituídas por elementos habilitados a cumprir todas as missões previstas na limpeza de praias e na demolição submarina (BRASIL, 1999) [grifo do autor].

Eventualmente os mergulhadores de Engenharia poderão participar das

operações anfíbias apoiando o componente naval, devendo tal apoio ser executado

em estreita coordenação com o comando combinado da operação.

Essas equipes, compostas de mergulhadores adestrados nos assuntos

relativos à minagem/desminagem subaquática e no trato com explosivos, devem ser

capazes de cumprir todas as missões previstas na limpeza de praias e nas

demolições submarinas necessárias à operação.

Além disso, os mergulhadores de Engenharia poderão apoiar as Operações

do Grupo de Reconhecimento e Demolição Submarina, que, segundo Batista (2003),

tem por objetivo comprovar os dados existentes, obter novos dados e auxiliar o

desembarque, executando todas ou algumas das seguintes tarefas:

reconhecimento hidrográfico das praias de desembarque (Pra Dbq) e

suas proximidades marítimas (normalmente até a linha de sete metros

de profundidade);

demolição de obstáculos naturais e artificiais, nas proximidades das

Pra Dbq;

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232

limpeza de minas, entre a linha de preamar78 e a isóbata79 de sete

metros;

localização, melhoramento e marcação de canais utilizáveis;

6.2.5.5 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às operações na selva.

O apoio de Engenharia caracteriza-se pela grande diversificação dos trabalhos técnicos a serem realizados. Dentre os mais comuns, destacam-se:

a. reconhecimento de engenharia...; b. construção e/ou preparação de pista de pouso, aeroportos,

ancoradouros e portos fluviais; c. construção e destruição de instalações diversas; d. lançamento, destruição ou remoção de obstáculos, em terra e

nas aquavias; e. construção, lançamento e destruição de pontes e outros

meios de travessia de cursos de água; f. minagem e desminagem de aquavias.

(BRASIL, 1997) [grifo do autor].

Os reconhecimentos devem, ainda, assinalar as características dos cursos de água, em particular, os níveis e traçados nos diferentes períodos do ano e as condições das margens nos locais favoráveis ao desembarque (BRASIL, 1999)

Raramente é possível a utilização das equipagens de pontes. Pontes flutuantes,quando empregadas, são cuidadosamente ancoradas (BRASIL, 1999).

Não são confiáveis os vaus assinalados em carta ou existentes em tempo seco, porque as chuvas podem torná-los impraticáveis em poucas horas. Enchentes repentinas podem destruir as pontes, obrigando a reparação urgente das que forem importantes. (BRASIL,1999).

Caso a região disponha de cursos de água navegáveis, eles comporão a rede de transportes. Cabe à Engenharia cooperar no planejamento de sua utilização, obtendo os dados técnicos sobre os cursos de água, e também no movimento por eles, executando obras complementares (pontos de atracação, ancoradouros). Unidades especializadas de Engenharia terão o encargo do levantamento e atualização dos dados técnicos dos cursos de água

de responsabilidade da Força Terrestre (BRASIL,1999) [grifo do autor].

Com relação às operações na selva deve-se evidenciar que conforme os

itens doutrinários de emprego acima selecionados avolumam-se os trabalhos de

Engenharia. O emprego de mergulhadores adestrados ao ambiente operacional da

Amazônia em muito facilitará a execução dos mesmos, contribuindo para a

consecução dos objetivos traçados pelo planejador militar.

78 Preamar é o ponto mais alto a que sobe a maré; maré-cheia. 79 Isóbata é a linha imaginária, ou linha em um mapa, que une os pontos da mesma profundidade em um mar ou oceano.

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233

6.2.5.5.1 Desminagem e minagem fluvial na Amazônia

Segundo Lampert (2005), no litoral amazônico, as minas deverão ser

colocadas pelos Fuzileiros Navais. Nos rios, a minagem ainda é uma incógnita para

as tropas do Exército. Deverá haver uma coordenação com a Marinha para essa

ação. Caso o EB venha a ter alguma responsabilidade, o que o autor acha provável,

há que se especializar elementos de Engenharia nessa atividade.

Segundo Pagotti (2002), a execução da desminagem fluvial na Amazônia

requer técnicas e conhecimentos específicos para esse ambiente operacional,

considerando principalmente, as características dos cursos d’água existentes na

área. Desse modo, a desminagem fluvial representa um valoroso meio de apoio ao

movimento nas operações militares em rotas fluviais interiores, particularmente nas

áreas onde não houver alternativas para o deslocamento terrestre ou aéreo.

Ainda que o emprego de medidas de minagem e desminagem aquáticas

seja encargo doutrinário da Força Naval, diversos cursos d’água amazônicos

apresentam grande variação de nível, largura, profundidade, velocidade da

correnteza, declividade, raios de curvatura e sinuosidade, dificultando o emprego de

embarcações especializadas para este fim, criando uma lacuna a ser preenchida

pela Força Terrestre, no caso os elementos especializados de Engenharia de selva,

apoiados por embarcações, aeronaves e efetivos próprios.

Afirma Pagotti (2002), que, como exemplo, pode ser citado o trecho do rio

Madeira que só é trafegável, na região do Alto Madeira (rios Guaporé, Mamoré e

Beni), por pequenas embarcações. Assim sendo, caberá aos mergulhadores das

OM de Engenharia de Selva desenvolver reconhecimentos e trabalhos, visando a

consolidar medidas de minagem e desminagem adequadas naquele trecho, a partir

dos planejamentos operacionais existentes.

Deve-se recordar que na região Amazônica, o emprego de minas será

facilitado nos pequenos furos, igarapés e paranás, vias de acesso onde as

correntezas são inferiores aos rios de maior porte.

Dessa forma, acredita-se que seria de grande utilidade para o apoio de

Engenharia às operações na selva, que as frações de mergulho estivessem aptas a

realizar as seguintes tarefas:

localização e o lançamento de minas aquáticas em águas rasas;

desativação de minas inimigas;

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lançamento de minas de superfície em portos ou em instalações

fluviais;

busca e desativação de minas submersas;

busca e desativação de minas de casco temporizadas em navios e

instalações;

remoção de dispositivos explosivos improvisados.

Ainda de acordo com Pagotti (2002), de maneira geral, as minas que contêm

pequena quantidade de explosivos são destinadas, basicamente, contra

embarcações fluviais leves, devendo ser lançadas em rotas fluviais, portos,

ancoradouros e canais, a fim de dificultar ou impedir o uso das vias de acesso pelas

embarcações. Podem, ainda, ser lançadas em pontos de bloqueio, a fim de evitar

reforços vindos através dos cursos d’água.

O emprego das equipes de mergulhadores para a desminagem aquática

exige o desembarque do pessoal (pequenas equipes), utilizando barcos leves ou

aeronaves, nas proximidades das áreas minadas para posterior trabalho de

desativação. Mesmo sendo um método pouco seguro, uma vez que expõe as

equipes contra as medidas defensivas das tropas lançadoras das minas

(emboscadas, tiros diretos, aprisionamento, ativação de minas inteligentes por

ocasião da aproximação dos efetivos), apresenta a grande vantagem de ser utilizado

sob quaisquer condições atmosféricas, e com poucas restrições de emprego em

relação às características dos rios amazônicos, uma vez que os mergulhadores

podem trabalhar mesmo em rios de pequena envergadura. Dessa maneira, acredita-

se que esse seja o método mais adequado para se cumprir a missão de desativação

de minas em águas interiores da Amazônia.

6.2.5.6 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às Operações

Ribeirinhas (Op Rib)

As Op Rib são conduzidas, normalmente, com a finalidade de controlar

áreas ribeirinhas e destruir forças inimigas, desenvolvendo-se tanto a partir de bases

flutuantes como de bases terrestres.

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Na conduta das operações ofensivas, em ambiente ribeirinho, prescreve o Manual Escolar ME 31-75, da ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME), que a vanguarda de um movimento aquático inclui, normalmente, um elemento de segurança contra minas, um de reconhecimento e um de apoio de fogo. O elemento de segurança contra minas constitui-se de uma embarcação da Marinha com equipamento para a varredura de minas que, movendo-se à frente da vanguarda, tem por finalidade limpar a via navegável de minas (PAIVA,1997).

Conforme Paiva (1997), o ME 31-75 prescreve, ainda, que a Engenharia

realiza trabalhos que atendam exigências especiais das operações em ambiente

ribeirinho, entre os quais, está listada a remoção de minas aquáticas em vias

navegáveis. Dessa forma, visualiza-se que ao elemento varredor de minas da MB

pode-se passar, em reforço, especialistas de Engenharia, com o intuito de apoiar as

equipes da MB na remoção e/ou destruição de minas fluviais, visualizando-se que

essa missão será cumprida por mergulhadores de Engenharia.

Segundo Pagotti (2002), no que se refere aos trabalhos de instalações, o

apoio a mobilidade das tropas sofre restrições pela precariedade das instalações

portuárias. À medida que se sobe às cabeceiras dos afluentes avulta, pois, o

planejamento do emprego de portos flutuantes ou balsas aparelhadas para este fim,

onde visualiza-se o emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio a tal

atividade.

No caso da região Amazônica, em especial, observa-se que, além disso, à

medida que se interioriza na floresta, o porte dos rios e igarapés diminui, o que

dificulta as ações das embarcações da Força Naval, tendo em vista o calado das

mesmas, os bancos de areia, os troncos flutuantes e as árvores submersas. Assim

sendo, cresce de importância o apoio de Engenharia, que com seus mergulhadores

deverá realizar desminagem fluvial e a remoção dos demais obstáculos ao

movimento.

Ainda de acordo com Paiva (1997), o ME 31-75 também prescreve que a

Engenharia coordena com a MB a elaboração de levantamentos relacionados aos

cursos de água e terrenos adjacentes e auxilia no balizamento de canais e em

outras atividades necessárias à navegação. Entende-se que tais tarefas poderão ser

cumpridas com o auxilio de especialistas em mergulho.

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236

6.2.5.7 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio à função logística

salvamento

Segundo o manual C100-10, a função logística salvamento é o conjunto de

atividades que são executadas, visando à salvaguarda e ao resgate de recursos

materiais, suas cargas ou itens específicos. Dentre as atividades dessa função

logística, as seguintes podem ensejar a utilização de mergulhadores, desde que

ocorram em ambiente aquático (BRASIL, 2003):

controle de avarias80;

reboque;

desencalhe ou reflutuação de meios;

resgate de materiais acidentados, cargas ou itens específicos;

remoção.

Segundo Oliveira (1999), as missões de busca e salvamento estão diretamente

ligadas aos riscos das atividades em meio aquático e, portanto, são de grande

importância para a Arma de Engenharia. Toda instrução ou operação, em que haja

risco de imersão, exige uma série de cuidados quanto à segurança. Em certas

situações poderá ser necessário o uso de técnicas especiais de salvamento que

exigem a ação de mergulhadores. Ocasionalmente pode ocorrer um acidente com

vítima fatal, conforme 1/3 das OM responderam ao quesito sobre perda de militar por

afogamento. Nesses casos, os mergulhadores também poderão ser empregados na

busca e recuperação de corpos. Todavia, deve-se ressaltar que as habilidades

exigidas de um mergulhador não são as mesmas de um salva-vidas.

6.2.5.8 Emprego de mergulhadores de Engenharia em apoio às ações subsidiárias e

de interesse econômico

O apoio geral de Engenharia em tempo de paz, inclui também os trabalhos em apoio às ações subsidiárias ou de interesse sócio-econômico para a Nação. Algumas dessas tarefas podem ser realizadas em combinação com a Engenharia de outras forças ou com empresas civis especializadas. São exemplos, entre outros, o estudo do terreno, a navegação em vias interiores, a produção de cartas e de água tratada e a construção, reparação, melhoramento e conservação de hidrovias, rodovias e ferrovias, de instalações logísticas ou de comando, de campos de pouso e de sistemas de abastecimento de serviços essenciais (BRASIL, 1999).

80 Entende-se por controle de avarias o procedimento de inspeção e avaliação de danos reais ou potenciais em obras de arte, instalações ou embarcações

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Visualiza-se o emprego de mergulhadores de Engenharia no apoio à

navegação de vias interiores, com trabalhos de demarcação, sinalização e remoção

de obstáculos naturais ou artificiais das calhas dos rios visando a facilitar a

navegação nas hidrovias, a construção de atracadouros em localidades, a

construção e manutenção de obras de arte em rodovias, etc.

Esses trabalhos, se for o caso, devem ser feitos em combinação com as

atividades afins do poder naval, havendo, também, a possibilidade de atuar em

consórcio com empresas civis especializadas em mergulho.

Existe ainda, em apoio às ações subsidiárias, a possibilidade de

mergulhadores de Engenharia trabalharem em prol de comunidades afetadas por

fenômenos naturais, tais como as enchentes, realizando fainas de salvamento, como

a busca e o resgate.

Em relação às atividades de interesse sócio-econômico para a Nação, e em

consonância com a missão da Força Naval, a MB, desde 1989, conta com um

Centro Hiperbárico no CIAMA, resultado de um convênio firmado entre a aquela

Força e a Petrobras. Esse centro possibilita preparar pessoal nas técnicas de

mergulho de saturação, além de pesquisas e desenvolvimento em medicina

hiperbárica e a efetivação de experimentos e testes hiperbáricos em materiais e

engenhos submarinos de interesse da MB e da empresa de energia, o que muito

contribuiu no sucesso alcançado pela Petrobras na exploração de petróleo em

águas profundas.

Ainda sobre o tema, e como forma de destacar sua importância, cita-se a

Diretriz Geral do Comandante do Exército de 2003:

As ações subsidiárias são fator de projeção e afirmação do EB na sociedade e sempre que for viável, deve-se estabelecer cooperação com os diferentes níveis de governo e com a iniciativa privada, com vistas a integrar ações subsidiárias com exercícios ou operações.

As ações subsidiárias não devem comprometer a operacionalidade da Força, porém há que se considerar que têm valor estratégico como veículo de projeção do EB no seio da sociedade. (ALBUQUERQUE, 2003)

Dessa forma, os mergulhadores podem ser empregados em apoio às

Diretorias do Departamento de Engenharia e Construção nos projetos que envolvam

represas, hidrovias e instalações portuárias, dentre outros.

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6.2.6 Considerações finais

De acordo com o que foi explicitado no presente capítulo, visualizando-se as

possibilidades de emprego dos mergulhadores de Engenharia, de acordo com as

características, princípios de emprego, formas de apoio e situações de comando, na

realização de trabalhos do apoio de Engenharia em operações convencionais ou

com características especiais, bem como em apoio à função logística salvamento e

às ações subsidiárias e de interesse econômico. Pode-se inferir que os

mergulhadores, seguindo a característica da Arma de Engenharia a “amplitude de

desdobramento”, deverão estar presentes em todo o Teatro de Operações Terrestre,

tanto na ZA, como na Z Cmb.

De uma maneira geral os mergulhadores atuarão na ZA, realizando:

trabalhos técnicos de instalações, particularmente em portos,

ancoradouros e oleodutos/gasodutos;

reparação de canais interiores, represas e pontes danificadas;

limpeza de obstáculos subaquáticos e a demarcação de canais de

navegação;

instalação, manutenção e reparação de ancoradouros;

coleta de informações acerca do leito no mar, portos e rios em apoio à

abertura e reparação de portos;

instalação, manutenção e reparação da porção subaquática de

oleodutos/gasodutos em portos;

recuperação de material, embarcações e viaturas afundadas;

reparação de embarcações do EB ou de interesse do EB; e

inspeção e avaliação de danos reais ou potenciais em obras de arte,

instalações ou embarcações, dentre outros.

Entende-se que na Zona de Combate, o emprego de mergulhadores estará

presente nos seguintes trabalhos:

reconhecimento de locais para transposição de cursos d’água;

lançamento e remoção de minas e obstáculos subaquáticos;

demolições subaquáticas;

coleta de informações sobre o leito de rio, mar, lagos etc;

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reparo de pontes, represas e canais danificados;

construção de estruturas subaquáticas de pontes;

lançamentos de obstáculos e barreiras flutuantes;

operações de busca e recuperação;

desobstrução e demarcação de hidrovias;

inspeção e reparo de embarcações do Exército;

inspeção e reparo da porção subaquática de ancoradouros;

instalação de sistemas de segurança subaquáticos;

realização de reconhecimento próximo e afastado das margens dos

locais de travessia de curso d´água;

proteção do equipamento de transposição de curso d’água e das

estruturas submersas das ameaças subaquáticas; e

participar de operações de dissimulação tática, iludindo as forças

inimigas no contexto de uma operação de transposição de curso

d’água, dentre outras.

6.3 A ATIVIDADE DE MERGULHO E A ESTRUTURA ORANIZACIONAL DA ARMA

DE ENGENHARIA

6.3.1 Generalidades

Nos manuais de campanha em vigor no EB, atinentes ao Sistema

Engenharia, existe a previsão de missões que devem ser obrigatoriamente

executadas por militares mergulhadores. Tais missões exigem a qualificação

necessária para que possam ser cumpridas a contento. Assim sendo, deve-se

analisar a estrutura existente a fim de se propor os aperfeiçoamentos julgados

necessários.

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6.3.2 O apoio dos mergulhadores de Engenharia no escalão brigada

O manual de campanha C 5-10, o apoio de Engenharia no escalão brigada,

traz em seu capítulo dois, aspectos comuns às companhias de Engenharia de

combate de brigada, a seguinte afirmação (BRASIL, 2000):

2-3. POSSIBILIDADES A Cia E Cmb/Bda tem as seguintes possibilidades: (i) ... lançar e remover obstáculos, inclusive subaquáticos...

Essa é a única referência direta ao emprego de mergulhadores, feita de

maneira geral no escalão brigada, já que o manual de campanha C 5-1, Emprego de

Engenharia, em nenhum momento se refere ao tema nesse escalão. Observa-se

que o doutrinador restringiu as fainas de mergulho ao lançamento e remoção de

obstáculos subaquáticos, subempregando essa técnica especializada. Sugere-se a

revisão desse item mudando a sua descrição para:

2-3. POSSIBILIDADES A Cia E Cmb/Bda tem as seguintes possibilidades: (i) ... lançar e remover obstáculos; (u) realizar trabalhos subaquáticos de pequeno vulto [grifo do autor].

6.3.2.1 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de Infantaria Motorizada

(Cia E Cmb / Bda Inf Mtz)

Dentre as missões dessa SU, o manual C 5-10 atribuiu ao pelotão de

engenharia e apoio (Pel E Ap) a execução de trabalhos subaquáticos necessários à

brigada, designando o subcomandante (SCmt) do pelotão como um especialista no

emprego das atividades subaquáticas. Dentro da constituição desse Pel existe um

grupo de Engenharia (Gp E) de combate, o qual deve possuir pessoal e

equipamento para realizar as atividades subaquáticas necessárias à brigada.

Coerentemente, o doutrinador estabeleceu para esse tipo de Subunidade (SU), que,

dentre outros materiais, ela estaria dotada de conjunto de equipamentos para

mergulho autônomo (figura 83) (BRASIL, 2000).

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Figura 83 - Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb das Bda Inf Mtz. Fonte: Manual C 5-10 p.3-5 (BRASIL, 2000).

Identifica-se, nesse ponto, que as atividades de mergulho desse tipo de SU

estão concentradas em um Gp E, sendo tais atividades de responsabilidade do

SCmt do Pel. De acordo com o que prevê o manual, esse grupo poderá executar

qualquer tipo de trabalho subaquático, porém valendo-se apenas da técnica de

mergulho autônomo. Dessa forma o doutrinador não restringiu as atividades

subaquáticas que serão desenvolvidas pela SU, porém, restringiu essas atividades à

utilização do equipamento de mergulho autônomo. Todavia, em algumas fainas de

mergulho o equipamento dependente será mais adequado. Sugere-se, então, que

seja incluído como um dos principais equipamentos desse tipo de SU o equipamento

de mergulho dependente leve ou “narguillê” [grifo do autor].

De acordo com a pesquisa realizada com as OM dessa natureza, faz-se

necessário propor que seja aumentada a capacidade de apoio desse tipo de SU na

realização de trabalhos subaquáticos. Assim sendo, sugere-se, ainda, a criação de

um grupo de mergulho, orgânico do Pel Eq Ass.

6.3.2.2 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de Mecanizada (Cia E

Cmb / Bda Mec)

De maneira idêntica à Cia E Cmb / Bda Inf Mtz, o pelotão de Engenharia e

apoio recebeu a missão de realizar destruições subaquáticas, também designando o

subcomandante do pelotão como um especialista no emprego das atividades

subaquáticas. Igualmente, dentro da constituição desse pelotão existe um Gp E que

deve possuir pessoal e equipamento para realizar as atividades subaquáticas

necessárias à brigada. De forma diferente à Cia E Cmb / Bda Inf Mtz, o doutrinador

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não estabeleceu para essa SU a dotação de equipamentos para mergulho dentre

seus principais equipamentos e materiais (figura 84).

Figura 84 - Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb das Bda Mec. Fonte: Manual C 5-10 p.4-5 (BRASIL, 2000).

Observa-se, nesse item, que as atividades de mergulho desse tipo de SU

também estão centradas em um Gp E, sendo tais atividades de responsabilidade do

SCmt do Pel. De acordo com o que prevê o manual, esse grupo possui a missão

de

realizar destruições subaquáticas ao mesmo tempo que tem por atribuição

realizar

as atividades subaquática necessárias à brigada. Dessa forma, observa-se que ao

dar a missão a esse Gp E, o doutrinador restringiu o uso da atividade especial de

mergulho, ao passo que ampliou sua utilização ao definir as atribuições desse grupo.

Ressalta-se, também, que nenhum tipo de equipamento de mergulho está citado

dentre os principais equipamentos e materiais desse tipo de SU. Sugere-se:

1) modificar a redação do texto das missões do Pel E Cmb para:

4-12. MISSÃO

O Pel Eng de apoio tem como principais missões:

(g) realizar destruições;

(j) executar trabalhos subaquáticos necessários à Bda [grifo do

autor].

2) incluir o equipamento de mergulho autônomo e o equipamento de

mergulho dependente leve (narguillê), dentre os equipamentos e

materiais da Cia E Cmb Mec.

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6.3.2.3 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de Infantaria Pára-

quedista (Cia E Cmb / Bda Inf Pqdt).

Verifica-se, que nesse tipo de SU o doutrinador estabeleceu que o Pel E Ap

possui a missão de realizar trabalhos subaquáticos, tendo como especialista nessa

atividade o SCmt dessa fração. De forma diferente às organizações já apresentadas,

nesse tipo de SU o grupo de apoio (Gp Ap) recebeu atribuição de realizar as

destruições subaquáticas. Dentre os principais equipamento e materiais da Cia E

Cmb / Bda Inf Pqdt consta o equipamento de mergulho, sem defini-lo como

autônomo ou dependente. No que se refere ao emprego do Pel, essa fração pode

ceder pessoal especializado aos Pelotões de Engenharia de Combate (Pel E Cmb)

para a realização de destruições subaquáticas (figura 85).

Figura 85 - Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb da Bda Inf Pqdt. Fonte: Manual C 5-10 p.4-5 (BRASIL, 2000).

Coerentemente com o que foi sugerido para as SU motorizadas e mecanizadas

e de acordo com a pesquisa realizada com a OM dessa natureza, sugere-se:

1) alterar a redação do item 5-13. Atribuições:

de:

f. O grupo de apoio (Gp Ap) reforça os Pel E Cmb com pessoal, especializado ou não, realiza destruições subaquáticas

e lança campo de minas (C Min) e áreas minadas de interesse da Bda (C5-10, BRASIL, 2000).

para: f. O grupo de apoio (Gp Ap) reforça os Pel E Cmb com

pessoal, especializado ou não, realiza trabalhos subaquáticos e destruições, lança C Min e áreas minadas de interesse da Bda.

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2) o grupo de apoio passaria a ser “totalmente” especializado em

mergulho, tendo todos os seus componentes habilitados nessa

atividade especial, aumentando a capacidade de realização de

trabalhos subaquáticos por parte da SU;

3) especificar os tipos de equipamento de mergulho que a SU deve

possuir, acrescendo os equipamentos de mergulho autônomo e

dependente leve (“narguillê”), dentre os equipamentos e materiais da

Cia E Cmb Mec [grifo do autor].

6.3.2.4 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de Infantaria de Selva

(Cia E Cmb / Bda Inf Sl)

Esse tipo de SU não recebeu do doutrinador possibilidades em relação às

atividades subaquática, mas sim limitações, são elas:

6.6. LIMITAÇÕES A Cia E tem limitada capacidade para: a. apoiar a transposição de obstáculos aquáticos; b. realizar a minagem e a desminagem fluvial (C 5-10, BRASIL,

2000, p.6-2).

Destaca-se que o pelotão de Engenharia de apoio de selva (Pel E Ap Sl) tem

como uma de suas missões principais realizar trabalhos subaquáticos, sendo o

SCmt do Pel o Oficial especialista em atividades desse gênero. Além disso, o Gp Ap

pode reforçar os pelotões de Engenharia de combate de selva (Pel E Cmb Sl) com

pessoal especializado em trabalhos subaquáticos (figura 86).

Figura 86 - Organograma do Pel E Ap / Cia E Cmb da Bda Inf Sl. Fonte: Manual C 5-10 (BRASIL, 2000, p.6-5).

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245

O manual C 5-10 enfatiza que, nos trabalhos de organização do terreno, dar-

se-á ênfase aos assuntos de minagem fluvial, dentre outros. Para cumprir essa

missão, a Cia E Cmb / Bda Inf Sl também possui nos Gp E dos Pel E Cmb Sl,

elementos especializados em mergulho. Para tanto o doutrinador destinou, entre os

principais equipamentos e materiais desse Pel, bem como do Pel E Ap, o

equipamento de mergulho (BRASIL, 2000).

Acerca dessa SU, que ainda não existe fisicamente no EB, deve-se buscar

conhecer a análise feita por Lampert (2005) sobre a experimentação doutrinária

referente ao apoio de Engenharia em operações na selva, conduzida pelo 6º

Batalhão de Engenharia Construção, em 1999. Em seu trabalho o referido autor

aponta para a necessidade de se repensar a quantidade de elementos habilitados

em mergulho, que são apenas seis.

Visualiza-se que a Cia E Cmb / Bda Inf Sl foi a SU que mais recebeu

missões em ambiente subaquático, tendo o doutrinador destinado uma quantidade

maior de Gp com missões de mergulho. Entretanto, o próprio ambiente operacional

da SU induz a uma grande necessidade de trabalhos subaquáticos. Sendo assim

sugere-se:

1) dotar cada Pel E Cmb Sl com um Gp E especializado em mergulho

autônomo, a fim de possibilitar atender as demandas de trabalhos

especializados; e

2) dotar o Pel E Ap Sl de equipamento dependente leve, o qual poderá

ser bastante útil nos trabalhos realizados em apoio ao conjunto.

6.3.2.5 Companhia de Engenharia de Combate da Brigada de Infantaria de Leve

(Cia E Cmb / Bda Inf L)

Nessa SU, o pelotão de Engenharia de combate leve (Pel E Cmb L), possui

um grupo de explosivos e destruições, que detém material e pessoal especializado

para realizar as atividades subaquáticas. Dentre seus principais equipamentos e

materiais não consta o equipamento de mergulho (figura 87).

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Figura 87 - Organograma do Pel E Cmb L / Cia E Cmb da Bda Inf L. Fonte: Manual C 5-10 (BRASIL, 2000, p.7-6).

Em pesquisa realizada foi constatado que as duas OM de Engenharia dessa

natureza sentem a necessidade de incremento da capacidade de realização de

trabalhos subaquáticos. Dessa forma sugere-se:

1) a criação de um grupo de mergulho orgânico do Pel de comando e

apoio; e

2) dotar o Pel E Ap de especialistas na atividade e de equipamento de

mergulho autônomo e dependente leve.

6.3.2.6 Observações

Cabe ressaltar que todos os tipos de SU listadas anteriormente receberam

do doutrinador o equipamento “sonar”, o qual pode ser muito útil nas buscas e nos

reconhecimentos subaquáticos, missão típica dos mergulhadores de Engenharia.

Observe-se que, pela natureza dos trabalhos a serem realizados, ou seja,

aqueles que atendem as necessidades mínimas da brigada apoiada, o autor

destinou-se dois tipos de equipamento para os mergulhadores das SU de

Engenharia, o autônomo e o dependente leve.

Não foi explicitado o apoio de Engenharia às brigadas blindadas,

transformado do nível SU para o nível Unidade, tendo em vista o pouco tempo

decorrido dessa transformação e ainda não existir doutrina específica que oriente o

emprego dos BEC Bld orgânicos desse tipo de brigada. Todavia, existe campo de

pesquisa para tal análise.

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6.3.3 O apoio dos mergulhadores de Engenharia no Escalão Divisão de

Exército (DE)

6.3.3.1 Generalidades

Segundo o C 5-1, a Engenharia Divisionária (ED) tem que estar orientada

permanentemente para a frente de combate e capacitada a atuar próxima do

combate, realizando trabalhos em proveito das tropas empregadas em primeiro

escalão. O quadro tático em que a ED exerce sua ação condiciona, sobretudo, a

natureza e o modo de execução de suas missões e a conduz, na maioria das vezes,

a fazer prevalecer a rapidez de execução dos trabalhos sobre as condições de

durabilidade e de acabamento (figura 88) (BRASIL, 1999).

Ainda de acordo com o C 5-1, em função da missão específica da divisão de

exército apoiada e da(s) hipótese(s) de conflito planejada(s), a ED pode ser

organizada com até quatro batalhões de Engenharia (de combate e/ ou de

construção) e com até cinco subunidades de Engenharia especializadas

[grifo do

autor] (BRASIL, 1999).

No que se refere à atividade especial de mergulho interessa-nos o BEC e as

SU especializadas de Engenharia, uma das quais poderá ser a Companhia de

Engenharia de Mergulho (Cia E Merg).

Figura 88 - Organograma da Engenharia Divisionária Fonte: C 5-1 p.2-20

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6.3.3.2 Batalhão de Engenharia de Combate (BEC)

De acordo com o manual de campanha C 5-7 – Batalhão de Engenharia de

Combate (BRASIL, 2001), duas das possibilidades do BEC, orgânico da DE, estão

relacionadas à atividade especial de mergulho. São elas:

[...] (9) construir, lançar e remover obstáculos, inclusive subaquáticos; [...] (14) executar trabalhos de destruição, inclusive subaquáticos; (C5 -7, BRASIL, 2001, p.2-4).

Ressalta-se que as mesmas possibilidades citadas acima, foram redatadas

pelo doutrinador para as Cia E Cmb orgânicas do BEC/DE. Porém, para os Pel E

Cmb, orgânicos dessas subunidades incorporadas, foi atribuída a missão de

executar trabalhos subaquáticos necessários à DE ou peça de manobra apoiada.

Dessa forma entende-se que o doutrinador inicialmente impôs uma restrição

às atividades de mergulho no nível Btl e SU, atribuindo apenas missões ligadas a

demolições e obstáculos para a atividade especial de mergulho e posteriormente, ao

designar as missões do Pel, permitiu a realização de uma maior amplitude de

trabalhos submersos. Sugere-se manter uma linha de coerência em todos os níveis

passando as atribuições do Btl, SU e Pel a ter redação semelhante à missão

atribuída inicialmente ao pelotão, ou seja, “executar trabalhos subaquáticos

necessários à DE” [grifo do autor].

Além disso, seria importante frisar no manual C 5-7 que os grupos de

Engenharia dos Pel E Cmb também são mobiliados por mergulhadores, sendo

dotados de equipamento de mergulho autônomo e sonares.

A pesquisa realizada com os diversos BEC do Brasil, apontou que o apoio

de Engenharia prestado pelos especialistas em mergulho está estruturado

corretamente nesse escalão. Fruto de experiência pessoal, sugere-se estudos no

sentido de se aumentar esse apoio, dotando as companhias de Engenharia de

pontes (Cia E Pnt) de militares habilitados em mergulho. Como sugestão, esses

militares poderiam estar lotados em um grupo de mergulho (Gp Merg), orgânico do

pelotão de equipagem e assalto (Pel Eq Ass) da Cia E Pnt, sendo dotados de

equipamentos de mergulho autônomo e dependente leve (narguillê), o que em muito

pode vir a incrementar o apoio prestado pelos mergulhadores de Engenharia ao

conjunto da Divisão.

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249

6.3.4 O apoio dos mergulhadores de Engenharia no Escalão Exército de

Campanha (Ex Cmp)

6.3.4.1 Generalidades

De acordo com o manual de campanha C 5-1, o Exército de Campanha

constitui o escalão essencial do emprego da Engenharia, por ser o grande comando

operacional que executa operações estratégicas e que planeja e conduz operações

táticas dos seus elementos subordinados (BRASIL, 1999).

Ainda segundo o C 5-1, tendo o escalão Ex Cmp funções táticas e logísticas,

e apresentando os trabalhos de Engenharia características próprias, particularmente

no que se refere à diversificação e à técnica elevada, sua Engenharia (Engenharia

de Exército - E Ex) atende a esses aspectos peculiares contando com unidades

relacionadas a quase todas as atribuições gerais da Engenharia (figura 89) (BRASIL,

1999).

No que se refere à atividade especial de mergulho, interessa-nos o BEC e as

SU especializadas de Engenharia, uma das quais poderá ser a Companhia de

Engenharia de Mergulho.

Figura 89 - Organograma da E Ex. Fonte: Manual C 5-1 (BRASIL, 1999, p.2-60).

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6.3.4.2 Batalhão de Engenharia de Combate

De acordo com o manual de campanha C 5-7 – Batalhão de Engenharia de

Combate, uma das possibilidades do BEC, orgânico da E Ex, é lançar e remover

obstáculos, inclusive subaquáticos. As mesmas considerações feitas para o BEC/DE

aqui também são válidas, pois os Pel E Cmb orgânicos do BEC/Ex Cmp possuem

missões subaquáticas de maior envergadura que as possibilidades da Unidade

(BRASIL, 2001).

Doutrinariamente, os BEC orgânicos da Engenharia de Exército (E Ex) são

dotados, essencialmente, de pessoal. Dessa maneira, o autor propõe que dentre os

especialistas convocados para mobiliar esses Btl estejam elementos habilitados no

uso de equipamentos de mergulho autônomo e dependente leve.

6.3.5 Companhia de Engenharia de Mergulho (Cia E Merg) – Uma Proposta

6.3.5.1 Generalidades

Dentre as SU especializadas de Engenharia, orgânicas da E Ex e da ED,

poderá haver a necessidade de uma OM voltada especificamente para as atividades

de mergulho. Essa companhia deve ser mobiliada com pessoal especializado e

dotada de material de mergulho diverso, caracterizando o binômio pessoal –

material.

6.3.5.1.1 Missão

Multiplicar o poder de combate do Ex Cmp ou da DE, proporcionando-lhe a

mobilidade, assegurando-lhe a contramobilidade e contribuindo para a sua proteção

em ambiente aquático ou subaquático.

Apoiar a Engenharia dos elementos subordinados ao Ex Cmp ou da DE,

quando necessário.

Executar trabalhos técnicos, mediante a aplicação de técnicas e

procedimentos particulares dos mergulhadores de Engenharia, no meio aquático ou

subaquático, para complementar a ação dos elementos terrestres e aéreos do Ex

Cmp ou da DE.

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6.3.5.1.2 Mobilidade

(1) a do homem a nado ou da propulsão auxiliar, quando em combate.

(2) quando embarcada, limitada pela mobilidade das embarcações de

dotação.

(3) 100% móvel, quando em ambiente terrestre, com transporte orgânico.

6.3.5.1.3 Possibilidades

São possibilidades da Cia E Merg:

1) Assessorar o estado-maior da E Ex no planejamento e na execução de

missões que envolvam o emprego de mergulhadores de Engenharia.

2) Realizar as seguintes atividades especializadas:

(a) executar inspeções em estruturas ou em instalações submersas,

como pontes, ancoradouros, oleodutos, etc;

(b) prestar auxílio à manutenção e reparo de meios flutuantes;

(c) realizar operações subaquáticas de busca, salvamento e coleta

de salvados;

(d) contribuir para a manutenção de sinalização fluvial;

(e) realizar serviços de desativação de artefatos explosivos;

(f) executar desobstrução e demarcação de hidrovias;

(g) realizar a reflutuação de embarcações e viaturas avariadas no

fundo;

(h) prestar auxílio a trabalhos de desencalhe de embarcações;

(i) auxiliar no reparo de instalações de interesse do Ex Cmp (ex:

pontes, ancoradouros, represas e canais danificados);

(j) auxiliar na construção de estruturas subaquáticas de pontes e

oleodutos;

(k) auxiliar os trabalhos de docagem e desdocagem de embarcações

fluviais;

(l) destruir embarcações, instalações portuárias, pontes, comportas,

e outras instalações de interesse em áreas de ambiente ribeirinho;

(m) realizar reconhecimentos de Engenharia, especialmente na coleta

de informações sobre o leito de rio, mar, lagos etc;

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(n) abrir e demarcar canais, demolir obstáculos e destruir minas

existentes em apoio a Op combinadas (ex: desembarque anfíbio);

(o) localizar, destruir minas e abrir brechas em campos minados

fluviais;

(p) lançar e remover obstáculos subaquáticos;

(q) lançar e remover obstáculos e barreiras flutuantes;

(r) efetuar demolições subaquáticas;

(r) instalar sistemas de segurança subaquáticos;

(t) reconhecer locais para transposição de cursos d’água;

(u) realizar reconhecimento próximo e afastado das margens dos

locais de travessia de curso d´água;

(v) proteger o equipamento de transposição de curso d’água e as

estruturas submersas das ameaças subaquáticas;

(w) participar de operações de dissimulação tática, iludindo as forças

inimigas no contexto de uma operação de transposição de curso

d’água; e

(x) realizar a manutenção, até 2o

escalão, de seu material de

Engenharia.

3) Prestar apoio suplementar na atividade de mergulho à Engenharia dos

escalões subordinados.

6.3.5.1.4 Limitações

A Cia E Merg estará limitada pelo material que possuir, de acordo com suas

especificações técnicas; pelo meio ambiente, quando este apresentar condições

desfavoráveis à realização do mergulho; e pelas próprias características da

atividade, que restringe o homem na realização de mergulhos sucessivos e na

possibilidade de realizar deslocamentos aéreos nas horas seguintes a imersão.

Atuar, limitada pelo armamento orgânico, na defesa de seus canteiros de

trabalho e durante seus deslocamentos.

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6.3.5.1.5 Pessoal

São cumpridas as prescrições estabelecidas para o Comandante e seu

Estado-Maior no manual C 5-10 (BRASIL, 2000), acrescidas as peculiaridades das

operações que utilizem a atividade especial de mergulho.

Os elementos de execução da Cia E Merg são, essencialmente, seus

pelotões de Engenharia de mergulho (Pel E Merg).

6.3.5.2 O Pelotão de Engenharia de Mergulho (Pel E Merg) – Tipo I

6.3.5.2.1 Estrutura organizacional

Sua estrutura está descrita conforme o organograma abaixo (figura 90):

Figura 90 - Organograma do Pel E Merg - tipo I. Fonte: o autor

6.3.5.2.2 Atribuições

O pelotão de mergulho tipo I tem por missão realizar missões de apoio ao

combate e logísticas recebidas pela SU de mergulho, constituindo-se em um de

seus elementos de manobra.

O grupo de reconhecimento tem por missão principal realizar

reconhecimentos especializados de Engenharia, podendo buscar dados relativos a

pontes, obstáculos, cursos de água (natureza do leito, profundidade e obstáculos

submersos), instalações e portos, dentre outros.

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254

O grupo de busca e recuperação pode realizar operações subaquáticas de

busca, salvamento e coleta de salvados, inspeções em estruturas ou em instalações

submersas, auxílio ao reparo de meios flutuantes e auxílio à missão de desencalhe

de embarcações.

O grupo de destruição tem por objetivos realizar demolições subaquáticas,

destruição de embarcações, instalações portuárias, pontes, comportas e outras

instalações de interesse; localizar e destruir minas e obstáculos subaquáticos /

flutuantes; abrir passagens em campos minados e obstáculos subaquáticos; efetuar

a demolição de pontos críticos; além de desativar artefatos explosivos quando não

for o caso de destruí-los.

O grupo de comando e apoio é responsável pela guarda e manutenção de

todo o material distribuído ao pelotão.

6.3.5.2.3 Principais equipamentos e materiais

O pelotão de mergulho tipo I é dotado de equipamentos que possibilitam o

cumprimento das missões enumeradas no item anterior.

Além dos equipamentos normais de uso corrente na tropa, o pelotão possui

os seguintes materiais de mergulho: equipamentos de mergulho autônomo (padrão

da DME), dependente leve (“narguillê”), cilindros e válvulas reguladoras especiais

para nitrox; computadores para mergulho; telefones para mergulho; câmaras

fotográficas anfíbias ou com caixas estanques; câmara de vídeo com caixa

estanque; Lift Bags de diversas capacidades; rebreathers; DPVs; sonares ou

ecobatímetros, equipamento para corte e solda subaquáticos; compressores de ar

de alta pressão; número variável de artefatos explosivos de uso subaquático, botes

com motor de popa, caiaques e jet skis.

6.3.5.2.4 Pessoal

O comandante do pelotão será um 1º

tenente, especialista em mergulho

autônomo, tendo por atribuições organizar os planos de provas e implementar

treinamentos, além de planejar e supervisionar atividades subaquáticas.

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255

O pelotão contará com um 2º

sargento adjunto, preferencialmente

aperfeiçoado, o qual será o assessor direto comandante do Pel nos assuntos

referentes as atividade de mergulho. Ele deverá ser um especialista experiente nos

diversos ramos da atividade. Terá por missão primordial auxiliar a condução de

todos os trabalhos de mergulho, podendo vir a executá-los pessoalmente. É o

responsável por providenciar a evacuação aeromédica, em caso de acidentes de

mergulho, para a câmara hiperbárica mais próxima.

O grupo de reconhecimento será comandado por um 2º

ou 3º

sargento,

especialista em fotografia e filmagem subaquática, devendo ainda saber operar os

DPVs. Deverá estar habilitado, juntamente com mais um militar de seu grupo, no uso

dos rebreathers, visto a vantagem que este equipamento oferece para a

manutenção do sigilo em operações. Contará ainda com mais 04 cabos ou soldados

que deverão ser mergulhadores.

O grupo de busca e recuperação será comandado por um 2º

ou 3º

sargento

especialista em técnicas de emergências médicas para mergulhadores; deverá ser

qualificado no emprego das técnicas de busca, salvamento e coleta de salvados,

além das técnicas de corte e solda subaquáticas. O grupo deverá contar com mais

04 cabos ou soldados mergulhadores.

O grupo de destruição também será comandado por um 2º

ou 3º

sargento,

especialista em explosivos e destruições, minas e obstáculos subaquáticos. Deverá

estar habilitado, juntamente com mais um militar de seu grupo, no uso dos

rebreathers, visto a vantagem que este equipamento oferece para a manutenção do

sigilo em operações. Também operará os DPVs. O grupo contará com mais 4 cabos

ou soldados mergulhadores.

Para que estes materiais possam estar em condições de uso, o grupo de

comando possuirá uma reserva de material com um 2º

ou 3º

sargento encarregado,

sendo o mesmo um especialista no assunto. Será o responsável pela manutenção

de 1º

e 2º

escalão do material sob sua responsabilidade. Contará com 03 cabos ou

soldados mergulhadores para auxiliá-lo. Todos poderão, eventualmente, cumprir

missões de mergulho.

Todo o pelotão deverá estar habilitado nas técnicas do mergulho a ar com

equipamentos autônomos e dependentes leves e mergulho autônomo com misturas

(nitrox), além de saber operar computadores de mergulho.

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O efetivo total do pelotão é de 21 homens, atendendo assim as normas

relativas à segurança e medicina do trabalho, que prescrevem a utilização de um

mergulhador a mais quando uma operação de mergulho envolva riscos ou condições

adversas, como o uso e manuseio de explosivos e correntezas superiores a dois

nós, formando equipes de 05 homens. O pelotão possui condições de atuar com até

04 equipes de mergulho independentes, supervisionadas por um Oficial.

6.3.5.3 O pelotão de Engenharia de Mergulho (Pel E Merg) – Tipo II

6.3.5.3.1 Estrutura organizacional.

Figura 91 - Organograma do Pel E Merg - tipo II. Fonte: o autor

6.3.5.3.2 Atribuições

O pelotão de mergulho tipo II tem por missão realizar missões de apoio ao

combate e logísticas recebidas pela SU de mergulho, constituindo-se em um de

seus elementos de manobra.

O grupo de mergulho autônomo tem por missão principal reforçar os

pelotões tipo I, quando necessário, ou apoiar diretamente outro elemento de

manobra. Pode realizar reconhecimentos especializados de Engenharia, realizar

demolições subaquáticas, realizar operações subaquáticas de busca, salvamento e

coleta de salvados, inspeções em estruturas ou em instalações submersas, além de

auxiliar no reparo de meios flutuantes.

O grupo de mergulho dependente leve tem por objetivos executar inspeções

em estruturas ou em instalações submersas; prestar auxílio à manutenção e reparo

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de meios flutuantes; realizar operações subaquáticas de busca, salvamento e coleta

de salvados; contribuir para a manutenção de sinalização fluvial; realizar serviços de

desativação de artefatos explosivos; executar desobstrução e demarcação de

hidrovias; realizar a reflutuação de embarcações e viaturas avariadas no fundo;

prestar auxílio a trabalhos de desencalhe de embarcações; auxiliar no reparo de

instalações de interesse do Ex Cmp.

O grupo de mergulho dependente pesado tem por missão auxiliar na

construção de estruturas subaquáticas de pontes e oleodutos; auxiliar os trabalhos

de docagem e desdocagem de embarcações fluviais; e instalar sistemas de

segurança subaquáticos.

O grupo de comando é responsável pela guarda e manutenção de todo o

material distribuído ao pelotão.

6.3.5.3.3 Principais equipamentos e materiais

O pelotão de mergulho tipo II é dotado de equipamentos que o possibilitam o

cumprimento das missões enumeradas no item anterior.

Além dos equipamentos normais de uso corrente na tropa, o pelotão possui

os seguintes materiais de mergulho: equipamentos de mergulho autônomo (padrão

da DME); equipamentos de mergulho dependente leve (“narguillê”), equipamento

dependente pesado, cilindros e válvulas reguladoras especiais para nitrox,

computadores para mergulho; telefones e intercomunicadores para mergulho;

câmaras fotográficas anfíbias ou com caixas estanques; câmara de vídeo com caixa

estanque; Lift Bags de diversas capacidades; DPVs; sonares ou ecobatímetros;

equipamento para corte e solda subaquáticos; compressores de ar de alta pressão;

número variável de artefatos explosivos de uso subaquático; botes com motor de

popa, caiaques e jet skis.

6.3.5.3.4 Pessoal

O comandante do pelotão será um 1º

tenente, especialista em mergulho

dependente, tendo por atribuições organizar os planos de provas e implementar

treinamentos, além de planejar e supervisionar atividades subaquáticas.

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258

O pelotão contará com um 2º

sargento adjunto, preferencialmente

aperfeiçoado, o qual será o assessor do comandante do Pel nos assuntos referentes

a mergulho. Ele deverá ser um especialista experiente nos diversos ramos da

atividade. Terá por missão primordial auxiliar a condução de todos os trabalhos de

mergulho, podendo vir a executá-los pessoalmente. É o responsável por

providenciar a evacuação aeromédica, em caso de acidentes de mergulho, para a

câmara hiperbárica mais próxima.

O grupo de mergulho autônomo será comandado por um 2º

ou 3º

sargento,

especialista em explosivos e destruições, minas e obstáculos subaquáticos /

flutuantes, com boa experiência no emprego das técnicas de busca e recuperação

de materiais, devendo ainda saber operar os DPVs e câmaras de fotografia e

filmagem subaquática. Contará ainda com mais 04 cabos ou soldados que deverão

ser mergulhadores.

O grupo de mergulho dependente leve um 2º

ou 3º

sargento, especialista

qualificado das técnicas de corte e solda subaquáticas, além de saber empregar as

técnicas de busca, salvamento e coleta de salvados, devendo ainda saber operar e

câmaras de fotografia e filmagem subaquática. O grupo deverá contar com mais 04

cabos ou soldados mergulhadores.

O grupo de mergulho dependente pesado será comandado por um 2º

ou 3º

sargento qualificado nas técnicas de emergências médicas para mergulhadores.

Deve ser um especialista qualificado nas técnicas de construção e corte /solda

subaquáticas. O grupo deverá contar com mais 04 cabos ou soldados

mergulhadores.

Para que estes materiais possam estar em condições de uso, o grupo de

comando possuirá uma reserva de material com um 2º

ou 3º

sargento encarregado,

sendo o mesmo um especialista no assunto. Será o responsável pela manutenção

de 1º

e 2º

escalão do material sob sua responsabilidade. Contará com 03 cabos ou

soldados habilitados no mergulho dependente para auxiliá-lo. Todos poderão,

eventualmente, cumprir missões de mergulho.

Todo o pelotão deverá estar habilitado nas técnicas do mergulho a ar com

equipamento autônomo e mergulho autônomo com misturas (nitrox), além de saber

operar os computadores de mergulho.

Da mesma forma que o pelotão tipo I, o efetivo total é de 21 homens,

atendendo assim as normas relativas à segurança e medicina do trabalho, que

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prescrevem a utilização de um mergulhador a mais quando uma operação de

mergulho envolva riscos ou condições adversas, como o uso e manuseio de

explosivos e correntezas superiores a dois nós, formando equipes de 05 homens. O

pelotão possui condições de atuar com até 04 (quatro) equipes de mergulho

independentes, supervisionadas por um Oficial.

6.3.5.4 O pelotão de comando e apoio (Pel Cmdo Ap)

6.3.5.4.1 Estrutura organizacional

Figura 92 - Organograma do Pel Cmdo da Cia E Merg Fonte: C 5-10 (BRASIL, 2000, p.3-4) e o autor.

6.3.5.4.2 Missão

O pelotão de comando e apoio tem como principais missões:

1) prover os meios para o funcionamento do Posto de Comando (PC);

2) prover as comunicações para a Cia;

3) instalar, mobiliar e operar o Posto de Socorro da Cia;

4) receber, controlar e distribuir todo o suprimento destinado à Cia;

5) executar o suprimento Classe I de toda Cia;

6) realizar a manutenção de 1º

escalão de motomecanização e até 2º

escalão dos equipamentos de Engenharia de toda a Cia E Merg.

Além de suas missões comuns, as turmas orgânicas da seção de comando

mobíliam as diversas seções componentes do Posto de Comando e provém a

segurança aproximada das instalações do PC.

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260

6.3.5.4.3 Atribuições

O grupo de comunicações (Gp Com) instala e opera um centro de

mensagens. É responsável por prover comunicações eficientes e confiáveis a toda

Cia E Merg. Deve desenvolver as atividades de segurança das Com e as medidas

pertinentes de guerra eletrônica (GE), além da execução da manutenção de 2º

escalão no material de Com de uso corrente no EB e de uso subaquático.

O grupo de comando (Gp Cmdo), composto pelas turmas de comando, da 1ª

e 4ª

seções (pessoal e logística) e 2ª

e 3ª

seções (inteligência e operações), é

responsável pela instalação e operação do PC. O chefe da seção de comando é o

encarregado do controle do material.

O grupo de saúde (Gp Sau) instala e opera um posto de socorro

especializado em emergências médicas para mergulhadores, provendo assistência

médica aos integrantes da Cia, e empregado sob o controle direto do oficial médico

da Cia E Merg (especialista em medicina hiperbárica).

O grupo de suprimento (Gp Sup) é responsável por receber, armazenar e

distribuir os suprimentos destinados à Cia.

O grupo de manutenção (Gp Mnt) executa os trabalhos de manutenção de

Esc da motomecanização e até 2º

escalão dos equipamentos de Engenharia da

Cia. Realiza, também, o controle do suprimento de material de motomecanização e

de embarcações.

Todos os integrantes pertencentes à Arma de Engenharia do Pel C Ap,

deverão possuir, no mínimo, habilitação básica de mergulho autônomo, a fim de

cumprir pequenas fainas de mergulho a cargo da Cia E Merg. Aos demais

integrantes será facultada essa habilitação, desde que a mesma seja compatível

com suas funções.

6.3.5.5 Organogramas

6.3.5.5.1 Organograma da Cia E Merg / E Ex

Fruto da maior necessidade do Ex Cmp da realização de trabalhos de

instalações, como ancoradouros, gasodutos/oleodutos e terminais, visualiza-se que

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261

o apoio se dará da melhor forma com a Cia E Merg a dois Pel E Merg tipo II. Assim

sendo:

Figura 93 - Organograma da Cia E Merg / E Ex. Fonte: o autor.

6.3.5.5.2 Organograma da Cia E Merg / ED

Fruto da maior necessidade da DE da realização de trabalhos de

reconhecimento e organização do terreno, visualiza-se que o apoio se dará da

melhor forma com a Cia E Merg a dois Pel E Merg tipo I. Assim sendo:

Figura 94 - Organograma da Cia E Merg / ED. Fonte: o autor.

6.3.4 O Apoio dos Mergulhadores de Engenharia na ZA

De acordo com o manual de campanha C 5-1, na ZA é dada ênfase à

exploração dos recursos locais de Engenharia através da mobilização desses

recursos. Em conseqüência, é normal a existência de empresas civis mobilizadas e

enquadradas na estrutura militar.

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262

O Comando de Engenharia do Comando Logístico do Teatro de Operações

Terrestre (CECLTOT) é o mais alto escalão de Engenharia na ZA, enquadrando

grupamento(s) de Engenharia, Unidades, Subunidades e meios civis mobilizados,

conforme mostrado na figura 95(BRASIL, 1999).

Dessa maneira, visualiza-se que a Cia E Merg da ZA poderá ser mobilizada

com elementos civis que tenham habilitação em mergulho, a qual, fruto da

exploração de petróleo na costa nacional, existe em quantidade e qualidade no

Brasil.

Figura 95 - Organograma do Comando de Engenharia do CLTOT (CECLTOT). Fonte: Manual C 5-1 (BRASIL, 1999, p. 2-2).

O C 5-1 diz ainda, que as atividades de Engenharia executadas com maior

freqüência na ZA são as de apoio geral de Engenharia, englobando os trabalhos de

estradas, pontes, instalações, cartografia, manutenção e suprimento, que exigem

grande capacidade técnica e meios especializados nesse escalão. A Engenharia na

ZA está essencialmente voltada para atender às necessidades logísticas e de

comando e controle do TOT. É normal a necessidade de um grande volume de

trabalhos de construção, reparação, melhoramento e conservação, o que vai exigir

um elevado número de Unidades de construção e de subunidades especializadas.

Assim sendo, visualiza-se que existirá uma demanda maior por atividades de

construção e reparação subaquáticas, para as quais o Pel E Merg tipo II é mais apto.

Assim sendo sugere-se a constituição dessa companhia a três Pel E Merg tipo II

[grifo do autor].

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263

Visualiza-se, como missões diferenciadas dessa subunidade especializada,

o que se segue:

participar dos trabalhos de reparação de danos subaquáticos;

trabalhos técnicos de instalações, particularmente em portos;

a reparação de canais interiores, represas e pontes danificadas;

a limpeza de obstáculos subaquáticos e a demarcação de canais de

navegação;

a instalação, manutenção e reparação de ancoradouros;

a coleta de informações acerca do leito no mar, portos e rios em apoio

à abertura e reparação de portos;

a instalação, manutenção e reparação da porção subaquática de

oleodutos/gasodutos em portos;

recuperação de material, embarcações e viaturas afundadas;

reparação de embarcações do EB ou de interesse do EB;

apoiar a realização de levantamentos hidrográficos de interesse do EB,

particularmente das vias interiores;

na inspeção e avaliação de danos reais ou potenciais em obras de arte,

instalações ou embarcações, dentre outros.

6.4 FORMAÇÃO DE MERGULHADORES DE ENGENHARIA – PROPOSTAS

6.4.1 Generalidades

Para que se compreenda a formação do mergulhador de Engenharia faz-se

necessário o conhecimento de alguns conceitos que estão descritos no Apêndice C -

Tabela Resumo das Características das Técnicas de Mergulho.

6.4.2 Situação atual

Atualmente os Oficiais e praças da Arma de Engenharia habilitam-se para

executar atividades de mergulho freqüentando os cursos oferecidos pela Marinha ou

por entidades reconhecidas por esta, conforme prevê a Portaria Nr 236.

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264

Na AMAN a instrução está bem desenvolvida, porém ela está aquém do

necessário para a formação de um mergulhador. Na EsSA a situação é mais

preocupante, pois a carga horária da instrução é ainda menor. Dessa forma, a única

maneira de o Sistema Engenharia contar com mergulhadores habilitados em seus

quadros, de acordo com a Portaria citada, é a realização de cursos na Marinha e em

organizações de Polícias ou Bombeiros Militares.

Como notícia, podemos dizer que existe um trabalho que vem sendo

realizado na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, por intermédio do Núcleo

de Mergulho Autônomo, que busca despertar o futuro Cadete para a atividade. No

CPOR-SP, apesar do C Eng possuir poucas horas previstas para o assunto

mergulho em seu Plano de Disciplinas, também é realizado um estágio prático, na

forma de atividade extraclasse, que vêm formando mergulhadores amadores nos

últimos anos.

Além disso, de acordo ao Estado-Maior do Exército (BRASIL, 200181) o

número de vagas nos cursos de mergulho da MB ou nos CBM, distribuídas aos

militares de Engenharia, não são suficientes para atender às necessidades da Arma.

Portanto, conforme sugeriram os Oficiais mergulhadores consultados por

ocasião da pesquisa de campo, faz-se necessária a formação de mergulhadores de

Engenharia no EB para se aperfeiçoar a doutrina, atualizar os manuais técnicos e

preparar recursos humanos para ocupar as vagas previstas em QCP das OMEM de

Engenharia.

Para tanto serão realizadas as propostas a seguir: estágio de mergulho na

AMAN, o curso de mergulho na EsIE e o curso de formação de cabos

mergulhadores nas OMEM.

6.4.3 Proposta de formação de mergulhadores na AMAN – O Estágio de

Mergulho

A instrução de mergulho é, incontestavelmente, uma das que mais desperta

interesse nos instruendos dos referidos EE, pois a própria atividade motiva o militar

a tornar-se um mergulhador. Cabe aos instrutores do assunto fornecer “o máximo de

conhecimentos em um mínimo de tempo”. Imagina-se ser lícito supor que se pode

81 Ministério do Exército. Estado-Maior do Exército. Diretriz para a estruturação da atividade de mergulho nas Organizações Militares de Engenharia (Minuta). Brasília - DF, 13 de Setembro de 2001.

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265

aumentar a carga horária do assunto, para que esses futuros Oficiais e sargentos

saiam das respectivas escolas de formação habilitados a praticarem a atividade

básica de mergulho.

Tal assertiva está de acordo com 37,93 % dos oficiais mergulhadores

entrevistados e vai ao encontro do que afirma o EME (BRASIL, 2001), de que se

deve aproveitar a estrutura e experiência do C Eng/AMAN para a formação de

instrutores de mergulho básico (mergulhadores autônomos), considerando as

instalações adequadas daquele EE e a necessária racionalização do emprego de

recursos para atividade. Na EsSA a situação é diferente, porém, de maneira idêntica

ao estágio para Oficiais-alunos da Escola de Administração do Exército e da Escola

de Saúde do Exército, realizado na AMAN, visualiza-se um estágio de formação de

sargentos mergulhadores do C Eng/EsSA na AMAN, a fim de otimizar recursos

materiais e humanos.

A formação de mergulhadores no C Eng / AMAN possui as seguintes

vantagens:

1) o C Eng / AMAN dispõe de ampla experiência na condução da

atividade de mergulho, fruto de muitos anos de instruções ministradas;

2) dispõe de instalações adequadas naquele EE para a prática da

atividade, a saber:

a) possui piscina com razoável profundidade. A caixa-de-saltos da

AMAN possui seis metros de profundidade, a mesma da piscina

do CIAMA;

b) possui duas represas rasas, a da Pista Andrade Neves e a da

Fazenda da Barragem, para execução das missões práticas

iniciais, com toda segurança. Isso proporciona ao militar

aclimatação à água turva e ao fundo lodoso e com vegetação,

normalmente encontrados nas represas e rios, que são a área de

operações mais comum aos militares de Engenharia.

3) está situada às margens do rio Paraíba do Sul e está próxima (cerca de

30 minutos, por via rodoviária) de um espelho de águas profundas

(Represa de Furnas), o que permite a execução de toda sorte de

instruções, como já são rotineiramente feitas pelo C Eng / AMAN;

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266

4) possui material especializado em grande quantidade, não necessitando

de grandes investimentos para a implementação da atividade;

5) normalmente, já possui pessoal habilitado pela MB/CBM para a

instrução;

6) está a três horas de viagem de Angra dos Reis/RJ, sendo possível

deslocar um efetivo pela manhã, via rodoviária, mergulhar e retornar na

mesma jornada. Tal tipo de jornada de instrução tem sido

tradicionalmente realizada com o apoio de embarcações do Colégio

Naval, não representando um grande problema administrativo;

7) possui um Clube de Mergulho Autônomo (levado a efeito pelos

instrutores de mergulho do C Eng) conceituado e devidamente

reconhecido pela Confederação Brasileira de Pesca e Desportos

Subaquáticos (com Alvará de Funcionamento renovado anualmente).

Tal fato, apesar de não ter valor militar, atesta a qualidade da instrução

e a experiência adquirida pelo C Eng na condução de cursos de

mergulho;

8) possui o amparo de uma Seção Técnica de Ensino, para a montagem e

validação das avaliações;

9) a AMAN possui o Hospital Escolar, que, ao habilitar profissionais em

medicina hiperbárica e emergências médicas para mergulhadores,

poderá prestar apoio de saúde adequado, contando, ainda, com o

apoio da Bda Av Ex para evacuação aeromédica já testada e em pleno

funcionamento;

10) o EE possui uma seção psicotécnica, que juntamente com o Centro de

Estudos do Pessoal (CEP), poderá fazer a seleção psicológica dos

candidatos ao estágio de mergulho;

11) o C Eng/AMAN já realiza Pedidos de Cooperação de Instrução (PCI)

com o CIAMA a fim de incrementar a instrução de mergulho e permitir o

intercâmbio de informações;

12) habilita Oficiais instrutores / sargentos monitores básicos de mergulho

para as OMEM de Engenharia em quantidade todos os anos;

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267

13) ao receber um aspirante-a-oficial/3o

sargento já habilitado, o

comandante de uma OMEM de Engenharia estará respaldado a

atribuir-lhes missões de mergulho e a exigir-lhes treinamento, evitando

situações de risco (inclusive legal), hoje existentes. A própria Academia

já habilita o Cadete em algumas atividades, fruto do próprio PlaDis,

como por exemplo, a atividade de montanha, aonde o Aspirante já

chega à tropa com a habilitação de combatente de montanha;

14) esses Asp/Sgt mergulhadores, distribuídos pelo EB, representariam

uma grande economia para o Exército, ao evitar-se o pagamento de

ajudas de custo na chegada e na partida dos militares para realizar os

cursos de mergulho no CIAMA e CBM, além de alojamento, transporte

etc; entre outros encargos; e

15) padroniza a formação dos mergulhadores básicos nas Unidades de

Engenharia, voltados para o emprego específico da Arma, de acordo

com a doutrina vigente.

Para a viabilização desta proposta seriam necessárias algumas

providências, as quais se relatam a seguir:

1) rígido critério de seleção de pessoal a ser habilitado mergulhador

(cadetes e alunos voluntários), o que incluiria uma seleção psicológica,

física e médica; com parâmetros semelhantes aos adotados pelo

CIAMA e de acordo com a NR 15 (Anexo C) em ambas as escolas;

2) aquisição de mais equipamentos para mergulho autônomo (padrão da

DME) e dependentes leves (narguillê), na razão necessária à

quantidade média de mergulhadores a formar e complementando o já

existente no C Eng/ AMAN;

3) nomeação de mais instrutores e monitores com a habilitação

necessária à condução da atividade ou mesmo a designação de

instrutores e monitores já nomeados para realização de cursos que os

habilite;

4) confecção de um Plano de Disciplinas (PlaDis) específico para a

atividade82, baseado na Diretriz de Implantação da Instrução de

Mergulho Operacional nas Unidades e Engenharia do COTER e no

82 Existe uma proposta para um Plano Disciplinas, elaborada pelo Maj Eng Marcos Henrique de Carvalho Gobbi, ex-instrutor de mergulho do C Eng/AMAN, encaminhada para a DME em 1995.

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268

relatório do estágio realizado no BEsEng em 2001, além de

documentos semelhantes existentes na AMAN, no CIAMA, no

CIOpEsp, e em escolas de formação civis;

5) capacitar médicos e enfermeiros em medicina hiperbárica e em

emergências médicas para mergulhadores, o que poderá ser feito no

CIAMA; e

6) alteração da Portaria Ministerial Nr 236, tornando o referido EE em

entidade formadora de mergulhadores ou buscar o reconhecimento da

MB.

Os testes de seleção descritos acima podem ser executados com o apoio da

seção psicotécnica, seção de educação física e serviço de saúde da AMAN. Será

importante ressaltar que nem todos os militares serão habilitados

mergulhadores, porém todos os Cadetes de Engenharia deverão ter conhecimento

da atividade, visando a um melhor apoio para a mesma nos corpos de tropa. O

curso/estágio a ser criado na AMAN não dispensará a realização da instrução de

mergulho atualmente conduzida pelo C Eng [grifo do autor].

A formação será idêntica para os egressos de ambos EE, um estágio

básico de mergulho, desenvolvendo habilidades necessárias a utilização do

equipamento autônomo e dependente leve. Não haverá variação de técnicas de

mergulho para oficiais ou praças, obtendo assim uma instrução padronizada, o que

será importante para o passo descrito a seguir. Visualiza-se uma pequena variação

na formação do mergulhador autônomo entre Oficiais e sargentos, a qual estará em

um módulo de supervisão e instrutoria de mergulho, para Oficiais, e um módulo de

manutenção de equipamento de mergulho, que deve ter maior carga horária para os

futuros sargentos [grifo do autor].

Deve-se estudar, junto a direção de ensino da AMAN e da EsSA a melhor

época para a realização desse estágio, sugere-se:

1) após a declaração de aspirante-a-oficial/3o

sargento;

2) nas férias escolares de meio de ano, para os Cadetes do 4o

ano;

3) nas férias escolares de final de ano, para os Cadetes do 3o

ano já

aprovados; ou

4) durante o ano de instrução, como disciplina do PlaDis da Arma.

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269

Os militares formados no estágio de mergulho estarão habilitados a realizar

os trabalhos de Engenharia visualizados para a Cia E Cmb/Bda, BEC/ED e

BEC/EEx.

6.4.4 Proposta de especialização de mergulhadores da EsIE – O Curso de

Mergulho

A Escola de Instrução Especializada (EsIE), enquadra a Seção 7 –

Engenharia, a qual ministra diversos cursos de interessedo Sistema Engenharia e

pode vir a ser a geratriz do embrião de uma futura seção de mergulho.

Como já foi visto anteriormente, existem condições de se formar o

mergulhador básico na AMAN. Resta agora, especializar esse homem, dando-lhe

chances de progredir dentro da atividade e condições para cumprir missões com a

técnica especial que ele já domina. De acordo com 75,86% dos oficiais

entrevistados, a criação de uma escola de mergulho é uma real necessidade da

Arma de Engenharia.

Por quais razões foi escolhida a EsIE?

1) a EsIE já possui uma estrutura de ensino, o que facilitaria a

implantação de uma escola de mergulho;

2) está próxima de Unidades que são referência em se tratando de

mergulho: CIOpEsp; Grupo de Busca e Salvamento do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (GBS/CBMERJ), que

possui um câmara hiperbárica; Escola de Mergulho do SENAI, única

escola de mergulho profissional do país; e do CIAMA, que é possuidor

de duas câmaras hiperbáricas;

3) conta com uma estrutura física que possui piscina, além de ter espaço

para novas construções que se fizerem necessárias;

4) a Seção 7 já ministra cursos de manutenção de equipamento de

Engenharia, o que facilitaria a correlação com o módulo manutenção

de material de mergulho;

5) a Seção 7 ministra o estágio de desminagem e o estágio preparatório

para Missão de Assistência à Remoção de Minas na América Central e

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270

do Sul, o que facilitaria a correlação com o módulo de demolições

subaquáticas e desativação de artefatos explosivos;

6) a EsIE conta com o curso de meios auxiliares de instrução, onde

poderiam ser buscados conhecimentos que seriam muito úteis para a

especialização referente a foto e vídeo subaquáticos;

7) a escola ministra o curso de Defesa Química Biológica e Nuclear

(DQBN), o qual poderia contribuir na especialização do mergulhador

quanto à realização de operações em ambiente Químico Biológico

Nuclear (QBN);

8) concentrações de profissionais de mergulho no eixo RJ-SP, facilitando

o estreitamento de relações para intercâmbios, principalmente com

entidades civis;

9) facilidade de contar com embarcações da MB para mergulhos no mar;

10) está próxima ao rio Guandu, facilitando o adestramento em águas

turvas e correntosas;

11) está próxima do BEsEng, facilitando o uso do lago de pontagem,

visando a instrução em águas confinadas e com pouca visibilidade; e

12) está próxima ao Centro de Estudos de Pessoal (CEP), o que facilita a

realização de exames psicológicos para seleção dos candidatos ao

curso de mergulho.

As atribuições da escola de mergulho de Engenharia serão:

1) capacitar militares para o exercício de funções que exijam a habilitação

de mergulho;

2) ministrar cursos e estágios, visando a formar e especializar pessoal

para as atividades de mergulho;

3) coordenar, supervisionar e padronizar as instruções de formação de

mergulhadores básicos na AMAN, na EsSA e, se for o caso, nos

CPOR;

4) desenvolver e pesquisar novas técnicas e materiais para serem

aplicados na instrução e no adestramento, principalmente os voltados

para o Sistema Engenharia;

5) desenvolver a doutrina de emprego de mergulhadores de Engenharia; e

6) ser um centro de referência para a atividade de mergulho dentro do EB.

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A EsIE (Seção de Engenharia) terá como missão montar um curso de

especialização com os seguintes módulos, que se necessário, poderão ser

realizados independentemente um dos outros:

revisão de mergulho a ar com equipamento dependente leve e

mergulho autônomo;

supervisão e instrutoria de mergulho;

foto e vídeo sub;

mergulho a ar com equipamento dependente pesado;

mergulho autônomo com NITROX;

corte e solda subaquática;

busca e recuperação de material;

salvamento para mergulhadores;

demolição subaquática;

desativação de artefatos explosivos;

mergulho autônomo com misturas (utilização de rebreathers);

mergulho noturno;

utilização de computadores de mergulho;

manutenção de material de mergulho;

emprego tático e operacional do mergulho de Engenharia;

reconhecimentos subaquáticos especializados;

técnicas de inspeção subaquática;

técnicas de salvamento e primeiros-socorros;

técnicas de mergulho com baixa visibilidade;

técnicas de mergulho embarcado;

técnicas de mergulho em correnteza;

técnica de mergulho confinado;

planejamento técnico de mergulho;

planejamento de operações de mergulho.

Vale ressaltar que esses tópicos vão além do especificado pelo EME83

(2001), no tópico assuntos atinentes à atividade de mergulho no preparo dos

mergulhadores na minuta da Nota Doutrinária no 001 / 3ª

SCh- 2.2.05.

83 Ministério do Exército. Estado-Maior do Exército. Nota Doutrinária no

001/3ª

SCh- 2.2.05. (Minuta). Brasília – DF. Novembro de 2001.

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272

Para que a curso permaneça atualizado, esses módulos deverão ser

dinâmicos e capazes de sofrerem alterações com grande velocidade. Para que isso

ocorra, a direção do curso deverá manter contato constante com entidades de

mergulho, como o CIAMA, o Corpo de Bombeiros, o SENAI e certificadoras

internacionais de mergulho, como a Confederação Mundial de Atividades

Subaquáticas (CMAS), a Professinal Diving Instructors Corporation (PDIC), a

National Association of Underwater Instructors (NAUI) e a Professional Association

of Diving Instructors (PADI); instituições que possuem um alto nível de ensino

referente às técnicas e especialidades do mergulho. Esse intercâmbio e até

assimilação das técnicas de ensino e de utilização de novos equipamentos é muito

importante, pois só assim o curso manter-se-á atualizado.

Os instrutores de mergulho da futura especialidade deverão possuir,

inicialmente, o curso de escafandria da Marinha do Brasil, o qual abrange

praticamente todos os módulos a serem ministrados e já citados anteriormente.

Para os módulos de desativação de artefatos explosivos; mergulho

autônomo com misturas (utilização de rebreathers); e mergulho a ar com

equipamento dependente pesado, visualiza-se a execução por meio de Pedido de

Cooperação de Instrução (PCI) com o CIAMA, tendo em vista a experiência daquele

Centro e o alto custo dos equipamentos de mergulho utilizados nesses assuntos.

Deverá haver um rígido critério de seleção de pessoal a ser habilitado

mergulhador, o que inclui uma seleção psicológica, física e médica nos moldes já

descritos.

A EsIE deverá contar com profissional especializado em medicina

hiperbárica, devido existir a possibilidade de o instruendo sofrer uma embolia

traumática pelo ar ou uma doença descompressiva durante o curso.

Para o início das atividades do curso, visando a habilitar um maior número

de militares, deve-se formar mergulhadores autônomos básicos, missão esta que

permanecerá até a chegada dos primeiros mergulhadores habilitados na AMAN.

Com o mesmo objetivo, pode-se, também, militarizar os conhecimentos das técnicas

de mergulho já adquiridos por militares possuidores de cursos civis. Além disso, com

a finalidade de reciclar os mergulhadores já formados no CIAMA e nos CBM,

visualiza-e um estágio de mergulho de Engenharia, no qual serão ministrados

assuntos referentes aos trabalhos técnicos, de planejamento e de supervisão de

mergulho.

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Os militares formados no curso de mergulho estarão habilitados a realizar os

trabalhos de Engenharia visualizados para a Cia E Merg/ ED e da Cia E Merg/EEx.

Para validação dessa assertiva, visualiza-se a criação de uma Cia E Merg na EsIE

(como já ocorre com o curso de DQBN e a Cia DQBN) ou um Pel E Merg no

BEsEng, com as seguintes finalidades/vantagens:

utilização dos Oficiais e sargentos da Cia E Merg como instrutores e

monitores do curso de mergulho;

economia de meios, pois poderiam ser utilizados os equipamentos de

dotação da Cia E Merg no curso de mergulho;

emprego da Cia E Merg na realização de estudos doutrinários do

emprego de mergulhadores em missões de apoio ao combate e apoio

logístico, podendo contar com a da participação dos alunos para isso.

6.4.5 Proposta de formação de mergulhadores nas OMEM – O Curso de

Formação de Cabos Mergulhadores (CFC/Merg) nas OMEM

Os grupos de mergulho hoje existentes nos QCP das OMEM de Engenharia

são mobiliados, além de Oficiais e sargentos, com cabos e soldados, porém as

Unidades de tropa não dispõem de instrumentos que a habilitem a formar o

mergulhador.

Os programas padrão de instrução em vigor no EB estabelecem um total de

oito semanas, com 168 horas destinadas à instrução peculiar, na fase de

qualificação para a formação do cabo e do soldado de Engenharia. Esse tempo é

mais que suficiente para que se habilite um militar na atividade de mergulho. Para

que isso ocorra, todas as OMEM de Engenharia devem ser contempladas com

vagas para a especialização de Oficiais e sargentos.

Ressalta-se que os mergulhadores formados na AMAN, nos moldes deste

trabalho, estarão aptos a fazê-lo. Esses, ao chegarem à tropa, seriam os difusores

do conhecimento, formando e adestrando os homens com quem trabalharão sob a

água e tendo neles o máximo de confiança. Pode-se, também, adotar o modelo de

estágio de área, pelo qual os instruendos e instrutores seriam reunidos em uma

única OM, a qual deverá ter as melhores condições para realizar este estágio,

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apresentado alojamentos, sala de instrução, material de mergulho suficiente para as

instruções, acesso à piscina, além de ser próxima a curso de água, lago ou açude.

Uma análise dos dados coletados junto às OM de Engenharia, permite

deduzir que as Unidades com melhores condições de realizar um estágio de área ou

um CFC regional de mergulho são o BEsEng, pela experiência adquirida em 2001; o

3o

BEC, que já realizou atividades reais de construção de porto fluvial e demolição

submarina, e o 7o

BEC, que detém 08 militares mergulhadores lotados na OM, fruto

da realização sistemática de curso de mergulho no CBM/PE, possuindo uma grande

mentalidade de mergulho.

Para os militares voluntários ao CFC/Merg deverá haver um rígido critério de

seleção, o que inclui uma seleção psicológica, física e médica nos moldes já

descritos para o estágio da AMAN.

Para que estas idéias sejam implementadas existem as seguintes

necessidades:

criação de uma qualificação militar de Engenharia referente a

mergulho;

acrescer o assunto mergulho (autônomo e dependente leve) ao

programa padrão de instrução de qualificação, definindo as condições

de execução e padrões necessários;

regular a instrução de mergulho, inserida na programação de CTTEP

do PIM, a fim de propiciar a necessária instrução para os quadros das

OM Eng, previstos para a atividade; e

solicitar a modificação da Portaria no

236, para que as OM de

Engenharia sejam consideradas formadoras de mergulhadores

básicos.

Os cabos e soldados formados no CFC/Merg das OMEM estarão habilitados

a realizar os trabalhos de Engenharia visualizados para a Cia E Cmb/Bda, BEC/ED e

BEC/EEx. Para estarem aptos a utilizar os equipamentos e realizarem os trabalhos

de Engenharia empregados pela Cia E Merg/ ED e Cia E Merg/EEx no cumprimento

de suas missões doutrinárias, visualiza-se que esses militares sejam especializados

em curso específico na EsIE.

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275

6.4.6 Observações

Mesmo com a criação dos cursos/estágios acima, os militares de Engenharia

devem continuar a utilizar a experiência da MB e dos CBM na atividade de

mergulho, aproveitando as vagas distribuídas ao militares do EB, por aquelas

entidades, anualmente, como forma de atualização e intercâmbio de conhecimentos.

As OMEM de Engenharia irão necessitar de profissionais de saúde, médicos

e enfermeiros, especialistas em medicina hiperbárica e emergência médica para

mergulhadores. Tais profissionais podem ser especializados no CIAMA.

6.5 PROPOSTA DE NOVOS DE EQUIPAMENTOS DE MERGULHO

6.5.1 Generalidades

Preliminarmente à abordagem deste assunto deve-se esclarecer que nem

todos os equipamentos de mergulho serão tratados no presente capítulo, pois o

mesmo seria redundante com o Boletim Técnico Especial Nr 10 da DME, atividades

de mergulho, que trata, em seu capítulo VI, dos componentes básicos do

equipamento de mergulho autônomo. Pretende-se aqui, propor a aquisição de novos

tipos de equipamentos que possam ter utilização nas atividades desenvolvidas pelo

Sistema Engenharia do EB na área de mergulho.

6.5.2 Computadores de mergulho

Os computadores de mergulho servem para calcular, a partir da

profundidade e do tempo de mergulho, medidos instantaneamente pelo próprio

computador, o tempo de permanência com segurança no fundo, sem o risco de o

mergulhador ser acometido de doença descompressiva. Existem computadores

capazes de fornecer a temperatura da água e também ler a pressão do ar no

aqualung a cada instante, calculando a taxa de consumo do mergulhador e o tempo

de mergulho restante (figura 96).

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Figura 96 - Computador de mergulho. Fonte: http://www.roho.co.uk/acatalog/Robin_Hood_WS_Dive_Computers. Acesso em: 11 set. 2006.

Caso seja necessário o mergulhador realizar uma segunda imersão,

consecutiva a uma anterior, os computadores podem fornecer os novos limites não

descompressivos, ajustados de acordo com o nitrogênio residual e após o homem

ter permanecido um determinado intervalo de tempo na superfície. Os tempos

necessários para a eliminação total do nitrogênio acumulado variam de nove a vinte

e duas horas. Os tempos de espera para voar são, ainda hoje, o ponto em que os

computadores são menos confiáveis.

Outro ponto importante e que deve ser considerado é que o uso dos

computadores deve ser feito de maneira pessoal, não podendo ser utilizados por

outra pessoa em uma segunda imersão, pois as informações fornecidas para esse

segundo mergulho são baseadas no nitrogênio acumulado na imersão anterior.

Em caso de realização de mergulhos sucessivos, não há a possibilidade de

um mesmo computador ser utilizado na parte da manhã por uma pessoa e à tarde

por outra, por isso os mergulhadores que estiverem em operações continuadas

devem procurar sempre utilizar o mesmo aparelho. Mergulhadores que não

estiverem usando o seu próprio aparelho não devem seguir as informações

fornecidas pelo computador da dupla, pois elas são baseadas no perfil de mergulho

do companheiro.

De qualquer forma, é sempre importante que o mergulhador faça o

acompanhamento dos seus mergulhos pelo método tradicional, pois, caso o

computador falhe, os dados da atividade estarão assegurados por um caminho

alternativo.

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6.5.3 Telefone para mergulho ou intercomunicador

O telefone para mergulho permite que dois mergulhadores se comuniquem

entre si ou então que um mergulhador se comunique com a superfície. O sistema é

baseado em ultra-som e já foi testado em diversas profundidades. Podem ser

encontrado em versões com máscara para o rosto inteiro -full face- (figura 97),

apropriado para conversações maiores, ou meia-face (figura 98), para fases curtas.

Figura 97 - Telefone com máscara para rosto inteiro. Fonte: http://www.oceanreefgroup.com/pdf/libretto. Acesso em: 03 jun. 2006.

Figura 98 - Telefone de mergulho, versão meia-face. Fonte: Scuba, 1995.

Existem ainda modelos que ativam automaticamente o circuito de

transmissão, bastando emitir a voz no microfone e outros que necessitam que se

aperte um botão cada vez que se pretenda falar.

Os aparelhos têm limitações, pois como o som viaja pela água em forma de

ondas, elas podem ser interrompidas por obstáculos como corais, pedras ou

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rochedos. Há ainda o problema do termoclima84, que afeta a recepção dos sinais.

Isso acontece devido à dificuldade de propagação das ondas sonoras entre águas

com densidades diferentes.

O alcance do telefone para mergulho varia muito. Os mais sofisticados

funcionam num raio de três quilômetros a uma profundidade de até 120 metros. No

entanto, a maioria desses equipamentos funciona em um raio médio de 300 metros

e a uma profundidade de até 55 metros. Caso o mergulhador queira se comunicar

com alguém que esteja fora da água será necessário um cabo e um pré-receptor,

que deverá ficar abaixo dos 10 metros de profundidade, para evitar o termoclima.

Outro problema a ser considerado no planejamento do mergulho é que

existirá um aumento do consumo de ar. Principalmente com as máscaras full-face,

haverá um aumento no consumo de 15% a 40%, dependendo da quantidade de

conversação.

6.5.4 Câmaras fotográficas

6.5.4.1 Caixas estanques

Qualquer câmara fotográfica comum pode ser utilizada na foto sub, no

entanto o equipamento precisa estar protegido por uma caixa estanque à prova de

água (Figura 99). Existem modelos que suportam profundidades de até 100 metros

(11 atmosferas).

São feitas de vários tipos de materiais. As de alumínio são as mais caras,

porém são as mais resistentes. A vedação dessas caixas é feita através de o rings.

Para se acionar o controle da câmara, dentro da caixa tem dois sistemas distintos:

sistema de controle mecânico e sistema de controle eletrônico.

Figura 99 - Caixa estanque com controles mecânicos. Fonte: http://www.bancodaimagem.com.br/artigos/assets/images/Aquatica. Acesso em: 03 jun. 2006.

84 Súbita mudança de temperatura da água de uma profundidade para outra.

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6.5.4.2 Câmaras anfíbias

As câmaras anfíbias (Figura 100) são aquelas que não necessitam de caixas

estanques para serem utilizadas debaixo da água. Trata-se de uma ótima opção

para a realização de reconhecimentos subaquáticos, pois são menores e fáceis de

manejar. Isso vale para todos os equipamentos, desde a simples câmara

descartável para profundidades de, no máximo, 3 metros, até as mais sofisticadas,

que são totalmente eletrônicas, com sistema auto-focus e resistência para

profundidade de até 100 metros.

Figura 100 - Câmara anfíbia com flash. Fonte: http://www.cadive.com/cdc_cat_cameras.htm. Acesso em: 11 set. 2006.

6.5.5 Flash

A luz artificial é o componente que transforma a fotografia subaquática de

monocromática em multicolorida. A água age como se fosse um filtro, absorvendo as

cores seletivamente. Quanto mais fundo se mergulha mais as cores serão

absorvidas. Tudo aquilo que se fotografar após 15 metros de profundidade, sem a

utilização de um flash, será monocromático, podendo tender para o azul ou cinza

azulado no caso de mergulho marítimo.

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6.5.6 Câmara de vídeo

O vídeo sub é uma atividade pouco difundida no país, onde só começou a

ganhar espaço no início da década de 90. O vídeo sub oferece bons resultados mais

rapidamente que a foto sub, pois captura a imagem em movimento e o som, além de

não necessitar ser revelado, facilitando o trabalho do mergulhador na realização de

um reconhecimento subaquático.

Os equipamentos para gravações em vídeo são a câmara de vídeo, na caixa

estanque (figura 101), e um refletor subaquático. Cada câmara tem uma caixa

estanque específica, mas existem alguns modelos de caixas que servem para mais

de um tipo de câmara.

Um ponto fundamental para a realização de um vídeo sub, são as fontes de

luz, que devem variar de 50 a 100 watts. Um bom sistema de iluminação é

fundamental para a obtenção de imagens nítidas e coloridas.

Figura 101 - Câmara de vídeo em caixa estanque. Fonte: http://www.seadivers.com.br/equiposnovos/w5w7.jpg. Acesso em: 03 jun. 2006.

6.5.7 Lift bag

O Lift bag é um saco feito em nylon polivinil que possui uma válvula de

velocidade. É um equipamento utilizado para levar materiais para a superfície,

bastando para isso enchê-lo com ar comprimido do próprio cilindro. Existem modelos

que podem levantar até 50 quilos (figura 102), muito úteis em tarefas de

recuperação de pequenos materiais, como modelos de maior capacidade (figura

103), tendo o autor encontrado modelos com capacidade para levantar até 5.000 kg,

utilizados na reflutuação de grandes objetos ou trabalhos com peças estruturais.

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Figura 102 - Lift bag com capacidade para levantar 50 kg. Fonte: Scuba, 1996.

Figura 103 - Mergulhadores utilizando um Lift bag com capacidade para levantar 500 kg. Fonte: Arruda, 2004.

6.6 REBREATHERS OU EQUIPAMENTO DE MERGULHO AUTÔNOMO DE

CIRCUITO FECHADO

Os sistemas de respiração de circuito fechado ou rebreathers, existem

desde antes da 2ª

Guerra Mundial, mas só nos últimos anos chegaram a um estágio

técnico que permitiu o seu uso de forma realmente segura em mergulhos.

Caracterizam-se pelo reaproveitamento total (sistema fechado) ou parcial

(semi-fechado) do oxigênio expirado, com isso otimizam o mergulho, possibilitando

mais tempo de fundo, menor necessidade de descompressão, mais silêncio e menos

bolhas. Este último, um fator particularmente importante para as operações que

exijam sigilo absoluto, como, por exemplo, as operações de sabotagem, pois

permitem uma aproximação silenciosa ao objetivo.

Durante a década de 40 o gás utilizado era o oxigênio puro, o que limitava

sobremaneira a profundidade máxima permitida, sob pena de uma intoxicação fatal.

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O máximo que se podia mergulhar sem risco era 6 metros. Nos últimos trinta anos

começou-se a usar misturas que permitem alcançar maiores profundidades.

É um equipamento de alto custo [grifo do autor]. Isto deve-se à

complexidade do sistema, que necessita um controle muito preciso das

concentrações da mistura gasosa fornecida ao mergulhador, como mostra a figura

90. Essa precisão garante que os rebreathers atuais tenham uma grande vantagem

sobre os equipamentos a ar comprimido e mesmo sobre as misturas por si próprias:

menor tempo de descompressão.

O equipamento possui um computador que regula automaticamente a

quantidade de O2 ou Nitrox de acordo com a profundidade em que o mergulhador

está. Assim, o nitrogênio permanece em níveis sempre mínimos, reduzindo as

paradas para descompressão (figura 104).

Figura 104- Funcionamento de um rebreather85. Fonte: Damaro, 1996. p.57.

Além disso, como quase não há desperdício de oxigênio e nitrogênio, as

recargas são bem menos freqüentes. Um cilindro normal de ar comprimido, a 10

metros de profundidade, dura cerca de uma hora, enquanto um rebreather (figura

105) dura aproximadamente seis vezes mais.

85 Os gases expirados passam por um catalisador que retira o CO2. O restante passa por um sensor que mede a quantidade de O2. O computador analisa, com base na profundidade que o mergulhador está, se é necessário injetar mais desse gás ou de Nitrox, em alguns casos. Se preciso, abre a válvula, na medida necessária para recompor a mistura na bolsa de inspiração.

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Figura 105 - Rebreather. Fonte: http://www.thescubaclub.com/dolphin.jpg. Acesso em: 12 set. 2006.

6.7 DPVs OU SCOOTERS

Desenvolvidos com a finalidade de facilitar o trabalho de pesquisadores, os

DPVs86 vem ganhando espaço em outras atividades de mergulho. O aparelho foi

inventado por Jacques Custeau em meados dos anos 50, quando era conhecido

como pulga do mar.

Um DPV (figura 106) é capaz de aumentar em até cinco vezes a velocidade

do mergulhador, com a vantagem de diminuir o esforço físico exercido e, como

conseqüência, reduzir o consumo de ar. Deve-se lembrar sempre onde e quando

usar um DPV, já que eles proporcionam uma velocidade considerável e levam,

assim, à perda de detalhes do mergulho que poderiam ser importantes em um

reconhecimento subaquático.

O uso do scooter requer instrumentos fundamentais para a navegação,

como bússola e profundímetro, principalmente quando a descida é realizada em

lugares sem referências. Com um scooter ganha-se tempo para atingir um ponto

previamente planejado, porém, como todo equipamento, ele pode falhar, tornado-se

conveniente que o mergulhador leve um aparelho reserva entre as pernas.

Os DPVs são movidos a baterias, tendo uma autonomia que varia entre 40 a

120 minutos, alcançando profundidades entre 42 e 122 metros e velocidades de 2,5

a 2,7 nós.

86 DPV ou “diver propulsion vehicles” – veículos de propulsão para mergulhador.

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Figura 106 - Mergulhador utilizando um Scooter ou DPV. Fonte: www.oceanicworldwide.com/img/p_vehicles_main1.jpg. Acesso em: 11 set. 2006.

6.8 CILINDROS CARREGADOS COM NITROX

O Nitrox é uma mistura respiratória que possibilita ganhar mais tempo no

mergulho descompressivo, possuindo os mesmos componentes do ar que se respira

na superfície. A diferença está na concentração de oxigênio, enquanto no ar há 21%

de O2, no Nitrox o percentual é maior. A preocupação em reduzir a proporção de

nitrogênio justifica-se porque, no mergulho, ele é quem provoca a doença

descompressiva ao expandir-se e formar bolhas no sangue, além de reduzir o tempo

de fundo do mergulhador. Além disso, o referido gás afeta o sistema nervoso, a

partir de 33 metros, produzindo a narcose.

Os cilindros carregados com Nitrox (figura 107), na forma de ar enriquecido

(EAN – Enriched Air Nitrox), são usados em duas concentrações de O2 no mergulho:

o EAN32, com 32% de oxigênio e o EAN36, com 36%. No mergulho profundo ou de

saturação, empregam-se misturas nas quais o percentual de O2 é inferior aos 21%

da atmosfera : heliox (hélio-oxigênio) e trimix (hélio-nitrogênio-oxigênio).

O hélio é usado como complemento nessas misturas porque o oxigênio,

apesar de ser um componente fundamental na respiração, também traz limitações e

pode provocar intoxicações. Com o ar comprimido o limite seguro de profundidade é

de 42 metros. No Nitrox EAN32 esse limite diminui para 40 metros e no EAN36 é

ainda menor: 33 metros.

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Figura 107 - Cilindro com Nitrox (observar faixa amarela e verde identificando uso de Nitrox). Fonte: http://www.hkist.com/images/Nitrox_Cylinder.jpg. Acesso em: 03 jun. 2006.

Apesar das restrições impostas pelo oxigênio adicional, o Nitrox permite

aumentar o tempo de fundo e diminuir o intervalo de superfície entre mergulhos.

Também é recomendado para mergulhadores com tendência a acumular nitrogênio,

que praticam algum tipo de atividade física pesada antes ou após o mergulho, ou

que já tiveram caso de doença descompressiva. Os instrutores que fazem muitos

mergulhos diários, descendo e subindo com alunos, estão sujeitos ao aparecimento

de microbolhas de nitrogênio. Para estes, o Nitrox é uma solução, além de provocar

menor fadiga.

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7 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho procurou-se mostrar a situação da atividade de

mergulho dentro do Sistema Engenharia. Para tanto, este autor pesquisou fatos

históricos, bem como buscou conhecer como essa atividade se desenvolve na

Marinha do Brasil e nos Exércitos da Argentina e dos EUA. Após esse estudo e

aplicação de uma pesquisa de campo, foram feitas propostas para a modificação da

estrutura organizacional, do emprego, da legislação regulamentadora e da formação

de mergulhadores da Arma de Engenharia.

Em um primeiro momento, esta tese verificou que devido a vários avanços

tecnológicos e científicos ocorridos nos séculos XIX e XX, o mergulho passou a ter

uma maior importância dentro de uma estratégia militar de guerra. Dessa forma, o

mergulho militar foi aperfeiçoado, tendo sido desenvolvidos equipamentos mais

eficientes e criados grupos de elite adestrados para o cumprimento de missões

subaquáticas.

Ainda no que se refere às condicionantes históricas, verificou-se que a

atividade especial de mergulho vem sendo implementada gradativamente dentro do

Exército Brasileiro desde 1957 e, na Arma de Engenharia, desde 1964. Pode-se

afirmar, também, que atualmente a estrutura do mergulho militar no Brasil encontra-

se bastante definida tanto para a MB como para a FAB e que no início do século

XXI, as Forças Especiais e a Arma de Engenharia do Exército Brasileiro, principais

interessados nessa atividade especial, ainda estão buscando delimitar seus espaços

e atribuições.

No que se refere à Marinha do Brasil, observou-se que esta possui uma

estrutura de mergulho muito bem definida, englobando dois ramos dessa atividade

especial: o mergulho de combate, voltado para as operações especiais; e o

mergulho de emprego geral, voltado para atender as necessidades das funções

logísticas Manutenção e Salvamento. Além disso, conta com um estabelecimento de

ensino, o CIAMA, que ministra cursos tanto para militares como para civis. Este

centro dedica-se a conduzir, pesquisar e atualizar as atividades de mergulho dentro

da Força, proporcionando à MB um grande legado de experiências nessa atividade

especial, o qual vem sendo repassada aos militares do EB que lá se especializam

como mergulhadores.

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Do estudo da atividade especial de mergulho no Exército Argentino, pode-se

constatar que a Força Terrestre dessa Nação Amiga também possui uma estrutura

de mergulho muito bem definida. A Engenharia Argentina iniciou as atividades de

mergulho logo após a II Guerra Mundial, e atualmente conta com uma Escola de

Mergulho e com uma Subunidade de Mergulho, o que lhe proporciona grande

vivência no trato dessa atividade especial. O Exército Argentino possui uma doutrina

de emprego de mergulhadores, descrita em manuais da Arma de Engenharia,

empregando seus “Buzos de Ejército” tanto em atividades de mergulho de combate

como em mergulho de emprego geral.

Já o Exército dos EUA separa as atividades de mergulho em ramos distintos,

tendo os “Special Operations Combat Divers” a missão de executar atividades de

mergulho de combate e os “Engineer Divers” de realizarem as atividades de

mergulho de apoio geral, porém sem deixar de cumprir suas atribuições com relação

as atividades ligadas ao apoio ao combate. Ambos os ramos cumpriram diferentes

missões na II Guerra Mundial e também nas Guerras da Coréia, do Vietnã, do Golfo

e do Iraque. Constatou-se, ainda, que o Exército dos EUA possui uma doutrina de

emprego consolidada, devidamente explicitada em manuais da Arma de Engenharia,

a qual está sendo validada no dia a dia da Guerra do Iraque.

Outro ponto de destaque é que a formação de mergulhadores realiza-se de

maneira combinada no “Naval Diving and Salvage Training Center”,

homogeneizando a formação, economizando recursos humanos e materiais, bem

como possibilitando o intercâmbio de experiências entre as Forças Armadas dos

EUA.

Outro objetivo deste trabalho foi verificar a legislação vigente sobre

mergulho. Observou-se então, por intermédio de pesquisa bibliográfica e de

pesquisa de campo, que, no âmbito do EB, a legislação existente é insuficiente e

carece de aperfeiçoamento, pois existe uma norma que possibilita a prática do

mergulho de maneira amparada, mas que em muito restringe a atividade; bem como

um Boletim Técnico que serve como manual sobre a técnica do assunto, o qual

carece de atualização; porém inexiste uma doutrina de emprego do mergulho em

operações militares. Dessa forma, foram apresentadas sugestões para alterar essa

situação.

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No que se refere à reformulação da estrutura organizacional do mergulho na

Arma de Engenharia, sugere-se a criação de pelotões de mergulho, tipo I e II; e da

Companhia de Engenharia de Mergulho, orgânica da Engenharia Divisionária, da

Engenharia de Exército e do CECLTOT. Considera-se que esses seriam elementos

muito úteis para a Arma, diversificando as maneiras para o cumprimento de sua

missão em combate, sendo, por vezes a “única maneira”. Crê-se, ainda, que essa

companhia será uma necessidade real e por vezes vital em caso de conflito,

qualquer que seja a área de operações em que a Engenharia estiver desdobrada.

No tocante às possibilidades de emprego dos mergulhadores de Engenharia,

os quais deverão estar presentes em todo o Teatro de Operações Terrestre,

visualizou-se que os mesmos atuarão na ZA realizando, dentre outros, trabalhos

técnicos de instalações, particularmente em portos, ancoradouros e

oleodutos/gasodutos; a limpeza de obstáculos subaquáticos e a demarcação de

canais de navegação; a instalação, manutenção e reparação da porção subaquática

de oleodutos/gasodutos em portos; a recuperação de material, embarcações e

viaturas afundadas; a reparação de embarcações do EB ou de interesse do EB etc.

Já na Zona de Combate, o emprego de mergulhadores estará presente no

reconhecimento de locais para transposição de cursos d’água; no lançamento e

remoção de minas e obstáculos subaquáticos; nas demolições subaquáticas; nas

coleta de informações sobre o leito de rio, mar, lagos etc; no reparo de pontes,

represas e canais danificados; no lançamentos de obstáculos e barreiras flutuantes;

na inspeção e reparo de embarcações do Exército; na proteção do equipamento de

transposição de curso d’água e das estruturas submersas das ameaças

subaquáticas; e participando de operações de dissimulação tática, iludindo as forças

inimigas no contexto de uma operação de transposição de curso d’água, dentre

outras.

No tocante à formação de mergulhadores constatou-se que o CIOpEsp,

estabelecimento de ensino que forma os recursos humanos para a Brigada de

Operações Especiais, já conta com cursos de mergulho que atendem às

necessidades das tropas de Forças Especiais. Porém, a Arma de Engenharia,

mesmo tendo evoluído bastante nas últimas décadas no que se refere às operações

de mergulho, ainda não traçou os rumos que deseja para essa atividade especial.

Observou-se que as principais escolas de formação do Exército, AMAN e

EsSA, ainda não estão em condições plenas de formarem seus recursos humanos

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para exercerem a atividade de mergulho na Arma de Engenharia. Dessa forma,

verificou-se que após uma reformulação dos PlaDis de mergulho, existe a

possibilidade de que a AMAN, devidamente aparelhada e com mais algumas

adaptações, seja reconhecida como entidade formadora de mergulhadores,

amparada pela Portaria no

236, documento legal para o qual também propôs-se

aperfeiçoamentos.

Para se ampliar os conhecimentos adquiridos na AMAN, acredita-se que

será necessária a criação de um curso de especialização/extensão na área. Sugeriu-

se, por diversos fatores, que a Seção de Engenharia da EsIE fosse a “escola do

mergulho”. Para os cabos e soldados que, por força de legislação, ainda não podem

exercer a função de mergulhadores com o devido amparo, sugeriu-se a criação do

CFC de mergulho.

A implementação de um curso de mergulho na Seção de Engenharia da

Escola de Instrução Especializada poderá dar um salto de qualidade na formação

dos recursos humanos e na formulação e validação da doutrina de emprego da

atividade.

Na Arma de Vilagran Cabrita muito já foi feito nos últimos 43 anos, porém

muito existe por se fazer. Hoje existem vagas para mergulhadores nos batalhões de

nas companhias de Engenharia de combate, todavia muitos estão sem condições de

praticar a atividade, mesmo possuindo material para fazê-lo, pois a legislação não

lhes ampara. É preciso mudar essa situação, implementado a atividade de mergulho

nessas OM, para que as mesmas possam desenvolver a doutrina de emprego de

mergulhadores de Engenharia.

Se muito se fez até hoje, muito ainda há por se fazer. Acredita-se este

trabalho possa sensibilizar o escalão superior sobre a necessidade de se melhorar

condições de execução da atividade especial de mergulho dentro do Sistema

Engenharia, valorizando elementos altamente especializados, homens que arriscam

suas vidas todas as vezes em que se equipam e submergem para cumprir mais uma

missão.

____________________________ CÉSAR ALEXANDRE CARLI - Maj

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REFERÊNCIAS

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Apêndice A - QUESTIONÁRIO PARA AS OM DE ENGENHARIA DE COMBATE

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Apêndice B - QUESTIONÁRIO PARA OFICIAIS DE ENGENHARIA

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Apêndice C - TABELA RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS TÉCNICAS DE MERGULHO

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ANEXO A - PORTARIA No

236, DE 06 DE MAIO DE 2003, DO COMANDO DO

EXÉRCITO

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ANEXO B - PORTARIA No

051/DGP, DE 18 DE AGOSTO DE 2000.

Aprova as Normas para Cadastramento de Horas de Mergulho Homologadas.

O CHEFE DO DEPARTAMENTO-GERAL DO PESSOAL, no uso da atribuição que lhe foi conferida pelo inciso 2) do Art. 6º do Decreto Nr 78.724, de 12 de novembro de 1976, que aprova o Regulamento do Departamento-Geral do Pessoal e de acordo com o que propõe a Diretoria de Cadastro e Avaliação, resolve:

Art. 1º - Aprovar as Normas para Cadastramento de Horas de Mergulho Homologa-das.

Art. 2º - Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.

NORMAS PARA CADASTRAMENTO DE HORAS DE MERGULHO HOMOLOGADAS

1. FINALIDADE

Estabelecer os procedimentos necessários para cadastramento de horas de mergulho pelo Sistema de Pessoal do Exército Brasileiro.

2. OBJETIVO

- Racionalizar e simplificar o processo de cadastramento de horas de mergulho, no Banco de Dados do DGP.

- Estabelecer responsabilidades pelas informações para o processo de cadastra-mento.

3. CADASTRO DE HORAS DE MERGULHO

a. Somente serão cadastrados pelo DGP as horas de mergulho cumpridas e homologadas de acordo com a Portaria Ministerial 133, de 12 de março de 1996 por militar qualificado para a Atividade Especial de Mergulho.

b. Atribuições do DGP, por intermédio de seu Órgão de Cadastro

- providenciar o registro no Banco de Dados mediante o recebimento de solicitação formal de cadastro expedida pelo Cmt, Ch ou Diretor da OM responsável pela homologação dos resultados obtidos no Plano de Provas ou de Exercícios executados sob responsabilidade de Organização Militar Especial de Mergulho.

- Fazer constar na Ficha Individual do militar as horas de mergulho homologadas já cadastradas.

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c. Organização Militar Homologadora

OM homologadora é o escalão imediatamente superior que enquadra a Organização Militar Especial de Mergulho sob a responsabilidade da qual é executado o Plano de Provas ou de Exercício, incumbindo-lhe:

- remeter, diretamente ao DGP, até 15 de fevereiro de cada ano, a solicitação de cadastro de horas de mergulho homologadas contendo, obrigatoriamente, as seguintes informações:

- nome completo, identidade e CP do militar mergulhador;

- total de horas de mergulho homologadas cumpridas pelo militar no ano anterior;

- data e número do BI em que publicar a homologação das horas de mergulho.

- publicar em BI e informar à OM a que pertencer o mergulhador para que esta transcreva nos assentamentos do militar os dados que constam da solicitação de cadastro.

d. Atribuições do Cmt, Ch ou Diretor da Organização Militar Especial de Mergulho

- providenciar as informações necessárias para que a OM homologadora elabore o processo de homologação e a solicitação de cadastro das horas de mergulho;

- transcrever nos assentamentos do militar os dados informados pela OM homologadora.

4. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a. A solicitação de cadastro será, obrigatoriamente, assinada pelo Cmt, Ch ou Diretor da OM, admitida por delegação quando este for oficial-general. Não é admitida assinatura no impedimento.

b. A solicitação de cadastro quando feita por meio de documento eletrônico ou de acesso direto ao Banco de Dados, deverá observar as normas que regularem a utilização desse meio no âmbito do Exército e no Sistema de Pessoal.

c. A qualquer tempo, poderá o DGP determinar auditoria na documentação utilizada para o cadastro das horas de mergulho podendo esta ser realizada na OM atual do militar, por comissão especialmente designada.

d. Os procedimentos relacionados a Gratificação de Compensação Orgânica estão regulados na Portaria Ministerial 133, de 12 de março de 1966.

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ANEXO C - PADRÕES PSICOFÍSICOS PARA MERGULHADORES

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