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MINISTRO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAIS DIRETOR DA CEPLAC HILTON KRUSCHEWSKY DUARTE SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL ADEMIR CONCEIÇÃO CARVALHO TEIXEIRA SERVIÇO DE PESQUISA RAIMUNDO CARLOS MÓIA BARBOSA SERVIÇO DE EXTENSÃO RURAL CARLOS EDILSON SILVA DE OLIVEIRA SEÇÃO DE GERAÇÃO DE TECNOLOGIA PAULO JÚLIO DA SILVA NETO SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL JOÃO VALÉRIO DA SILVA FILHO SERVIÇO DE PESQUISA CAIO MÁRCIO VASCONCELOS CORDEIRO DE ALMEIDA SERVIÇO DE EXTENSÃO RURAL PAULO GIL GONÇALVES DE MATOS

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA

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SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL Km 7, Rodovia augusto Montenegro, CEP 66.635-110 Caixa Postal 1801, Belém, Pará, Brasil

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL Av. Jorge Teixeira, nº 85, Bairro Nova Porto Velho, CEP 78.906-100, Porto Velho, Rondônia, Brasil

2001

COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA

SISTEMA DE PRODUÇÃO

DE CACAU PARA A

AMAZÔNIA BRASILEIRA

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ORGANIZAÇÃO

Paulo Júlio da Silva Neto - Coordenador

Paulo Gil Gonçalves de Matos

António Carlos de Souza Martins

Acácio de Paula Silva

633.74 S586 Silva Neto, P. J. da et ai

Sistema de produção de cacau para a Amazónia brasileira. Belém, CEPLAC, 2001.

125p.

ISSN 0102-5511

1. Botânica 2. Agricultura 3. Cacau 4. Vassoura-de-bruxa

I. Matos, Paulo Gil Gonçalves de II. Martins, António Carlos

de Souza III. Silva, Acácio de Paula IV. Título.

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APRESENTAÇÃO

Nos últimos anos, e particularmente nesta década, o cenário agropecuário brasileiro tem

passado por profundas transformações. Tais mudanças, sinalizam de forma bastante clara para a

seguinte conjuntura: nos dias atuais, não basta simplesmente que o produtor rural disponha de

determinação, força e terra disponível para plantar. A realidade tem demonstrado, que além

desses fatores, é de suma importância que o homem do campo busque e utilize tecnologias que

viabilizem a produção e o acúmulo de riquezas, ou seja, a qualificação e o uso de tecnologias

apropriadas são condições indispensáveis para que o agricultor não só possa produzir com

segurança e competitividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade económica

de suas ati vidades agropecuárias. Com base nessas considerações e sintonizada com os anseios e

necessidades advindas do meio rural, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira -

CEPLAC tem a satisfação de oferecer ao público em geral - e em particular aos seus parceiros -

clientes (produtores), técnicos, empresários, organizações associativistas ligadas à cadeia

produtiva do cacau e aos estudantes de Ciências Agrárias - a publicação revisada do "Sistema de

Produção de Cacau para a Amazônia Brasileira" .

Dessa forma, este trabalho significa mais uma contribuição atualizada e organizada para

difundir o elenco de tecnologias desenvolvidas através dos resultados da pesquisa e

experimentação agrícola, bem como de experiências bem sucedidas de técnicos e produtores.

Almeja-se desse modo, que as informações e recomendações possam reduzir os custos de

implantação e de manutenção de áreas cacaueiras e gerar aumento de produtividade para os

agricultores amazônidas, através da oferta de opções tecnológicas que sejam adaptáveis e

acessíveis aos produtores tornando os sistemas de produção mais rentáveis técnica e

economicamente.

Hilton Kruschewsky Duarte Diretor Geral – CEPLAC

Ademir Conceição Carvalho Teixeira João Valéria da Silva Filho Superintendente Regional da Amazónia Oriental Superintendente Regional da Amazónia Ocidental

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AGRADECIMENTOS

O Grupo de Trabalho manifesta seu reconhecimento a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste Sistema de Produção:

Aos Srs. Superintendentes, da SUPOR, Dr. Ademir Conceição Carvalho Teixeira e da SUPOC, Dr. João Valério Silva Filho;

Aos colegas interiorizados e aos agricultores, pela solicitude com que nos acompanharam, bem como pelas informações que de certa forma enriqueceram este trabalho;

Agradecemos ainda, às seguintes pessoas:

Cleber Novais Bastos, Jailson Rocha Brandão, Alino Zavarise Bis, Francisco das Chagas de Medeiros Costa, Paulo Herinque Fernandes Santos, Carlos Edilson de Oliveira, Diemerson Corrêa Barile, Paulo Sérgio Beviláqua de Albuquerque, Aliomar Arapiraca da Silva, Jasson Luiz Pinheiro Moreira, Caio Márcio Vasconcelos Cordeiro de Almeida, Gláucio César Vieira da Silva, Fernando António Teixeira Mendes, Ana Maria Duarte Lima, António Hermes Zacchi, Carlos Alberto Corrêa, Olzeno Trevizan, Suely Paraense Vidal, Renata Teixeira da Silva, Dorival Alves de Aguiar, Amintas de Oliveira Brandão, António Francisco Neto, José António Monteiro dos Santos, Pedro Paulo da Costa Mota, Pedro Corrêa do Santos, Admilson Mota de Brito pelas valiosas contribuições, comentários, críticas e sugestões.

Na oportunidade, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, através das Superintendências Regionais da Amazónia Oriental e Amazónia Ocidental, e os autores agradecem o empenho especial do Banco da Amazónia S/A e da Associação de Assistência Técnica de Extensão Rural de Rondônia-EMATER(RO), pelo patrocínio prestado à edição desta publicação.

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .......................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 9

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA ................................................................................................................... 10 Característica da Planta ............................................................................................................................. 10

REGIÕES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZÔNIA ..................................................................... 12

ASPECTOS EDAFOCLIMÁTICOS PARA O CULTIVO ......................................................................... 14 Clima ............................................................................................................................................................ 14 Solo ............................................................................................................................................................... 15

ESCOLHA E PREPARO DE ÁREA ............................................................................................................ 16 Escolha de área ........................................................................................................................................... 16 Preparo de área .......................................................................................................................................... 16 Balizamento ................................................................................................................................................ 16

FORMAÇÃO DE MUDAS ........................................................................................................................... 17 Construção do Viveiro .............................................................................................................................. 17 Semeadura .................................................................................................................................................. 17 Tratos Culturais no Viveiro ...................................................................................................................... 18

PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISÓRIO E DEFINITIVO ....................................................... 21

PLANTIO DO CACAUEIRO ....................................................................................................................... 22

MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO ................................................................................................. 23 Controle de Plantas Daninhas .................................................................................................................. 23 Poda e Desbrota ......................................................................................................................................... 24 Manejo do Sombreamento ........................................................................................................................ 24 Manejo Químico do Solo para o Cacaueiro ............................................................................................ 24 Manejo das Pragas ..................................................................................................................................... 34 Principais Doenças do Cacaueiro e Medidas de Controle ................................................................... 44 Precauções Gerais no Uso de Agrotóxicos ............................................................................................. 50

O CACAUEIRO NOS ECOSSISTEMAS DAS VÁRZEAS DOS ESTADOS DO PARÁ E AMAZONAS .................................................................................................................................................. 54

BENEFICIAMENTO DO CACAU .............................................................................................................. 57

ARMAZENAMENTO DE CACAU ............................................................................................................ 60

PADRONIZAÇÃO DE AMÊNDOAS DE CACAU .................................................................................. 61

APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS E RESÍDUOS DO CACAU .............................................. 63

ENFOQUES SOBRE CACAUEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS .......................................... 67

ÍNDICES TÉCNICOS .................................................................................................................................... 73

CALENDÁRIO AGRÍCOLA PARA O CULTIVO DO CACAUEIRO ................................................... 77

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................ 79

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CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A exploração agropecuária do trópico úmido brasileiro tem se caracterizado como um grande desafio para todos aqueles diretamente envolvidos na elaboração, estabelecimento e condução de programas e projetos agrícolas sustentáveis.

A necessidade de que esse ecossistema seja explorado racionalmente pelo homem, implica, não somente, na colocação em prática de sistemas agrícolas que possam contribuir para o desenvolvimento económico da região e à consequente melhoria de renda e do nível de vida das populações aí estabelecidas, mas, principalmente, com o equilíbrio do ecossistema. Em outras palavras, implica a necessidade do estabelecimento e exploração de atividades que apresentem comprovada relevância económica, bem como, reais possibilidades de incremento à sustentabilidade ambiental.

Dentro desta perspectiva, não há dúvidas que a cacauicultura tem se mostrado um empreendimento apropriado e bastante promissor para a região. Isto porque, essa lavoura, pelas suas características particulares — por possibilitar interessante retorno financeiro, mantenedora do equilíbrio ecológico, fixadora do homem à terra -. além de se enquadrar perfeitamente às peculiaridades agroecológicas dos trópicos úmidos, também tem demonstrado ser uma alternativa segura para a melhoria das condições sócio-econômícas de suas populações.

A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, no início das suas atividades junto aos agricultores e comunidades rurais amazônidas, se por um lado, dispunha de informações relevantes acerca das características, notencialidades e limitações edafoclnnáticas da região. Por outro, contava com limitado grau de informações e de conhecimentos específicos sobre o comportamento e possibilidades de desenvolvimento da cacauicultura nessas novas áreas. Como consequência, veio a conduzir seu programa de expansão da cacauicultura na Região Amazônica, calcada, em grande parte, na adaptação de resultados e procedimentos oriundos de experimentos de pesquisas produzidos no Estado da Bahia.

Somente com o passar dos anos é que, paulatinamente, foram sendo produzidos conhecimentos, bem como, geradas informações mais adaptadas ao comportamento, possibilidades e desempenho dessa lavoura no âmbito desse novo contexto. Dessas observações e resultados de pesquisa, foram produzidos em 1980 e 1985 os Sistemas de Produção de Cacaueiros para a Amazónia Brasileira. O conteúdo de tais publicações, até o presente momento, tem se constituído em peças importantes da CEPLAC, principalmente, no que concerne à orientação e ao trabalho de assistência técnica aos agricultores.

Evidentemente, que daquela época aos dias de hoje, muito já foi observado, estudado e produzido, não só pêlos setores da pesquisa - inclusive com experimentos concluídos e publicados -, como também por agricultores. Ou seja, existe sem dúvida, uma gama de resultados e informações de interesse relevante sobre a exploração racional da cacauicultura em condições amazônicas. Entretanto, a exemplo do que foi feito em anos anteriores, é preciso que todo esse acervo de conhecimentos seja analisado, discutido e repassado à clientela demandante do nosso trabalho, que são os agricultores.

Com base nestas considerações, colocamos à disposição dos interessados esta publicação. Neste trabalho, procuramos revisar a literatura disponível, conversar com técnicos e especialistas que trabalham no setor de pesquisa, visitar áreas de agricultores, trocar ideias com os mesmos, com os extensionistas das diversas localidades, na tentativa de atualizar e consolidar o que de mais relevante e de mais aderente à realidade dos nossos produtores, tem sido produzido sobre a lavoura cacaueira nos trópicos úmidos.

Além deste enfoque relacionado à atualização dos "Sistemas de Produção do Cacaueiro na Amazónia Brasileira", tendo em vista as novas demandas dos agricultores, também nos preocupamos em coletar, revisar e analisar informações disponíveis sobre o cultivo do cacaueiro em áreas de várzeas,bem como, a exploração dessa lavoura associada a outras culturas de reconhecido valor económico.

Sobre estas temáticas, já existem alguns resultados de pesquisa, trabalhos publicados por diversas Instituições com atividades na área, unidades de observação e experimentos conduzidos por especialistas e agricultores com resultados surpreendentes.

Com base nestas informações e dados, discorremos sobre alguns arranjos envolvendo cacaueiros com espécies perenes, semi-perenes e anuais que apresentam características favoráveis ao cultivo consorciado. Tal iniciativa tem por base oferecer novas possibilidades de exploração aos agricultores, que permitam, além de oferecer maior equilíbrio ecológico, maiores ganhos económicos por área explorada.

COMISSÃO ORGANIZADORA

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INTRODUÇÃO

Antonio Carlos de Souza Martins

No Brasil, embora o cacaueiro (Theobroma cacao) se encontrasse vegetando naturalmente como uma parcela significativa do revestimento florestal amazônico, e já fizesse parte da cultura indígena desde muito antes da chegada dos colonizadores – principalmente no que concerne ao aproveitamento da sua polpa para produção de vinho -, as primeiras iniciativas de exploração econômica do produto na Região Amazônica só começaram a ganhar impulso durante o período colonial. Os esforços deflagrados pela Coroa Portuguesa com vistas a solucionar deficiências financeiras irão desencadear uma série de intervenções governamentais, cujo objetivo primordial consistia em fomentar o cultivo deliberado dessa planta e o conseqüente aproveitamento comercial da matéria prima proveniente do seu beneficiamento.

Entretanto, não obstante os significativos resultados obtidos e a constituição da cacauicultura no principal componente da pauta dos produtos vendidos ao exterior pela Amazônia – especialmente no século compreendido entre os anos de 1730 e 1830, com exportações anuais de até 100 mil arrobas de amêndoas secas de cacau para o mercado português -, deve ser ressaltado que o desenvolvimento da lavoura cacaueira no Norte do Brasil sempre se efetivou e se encaminhou centralizado numa forma rudimentar de exploração. Ou seja, alicerçado no aproveitamento e beneficiamento de um produto que vegetava e se reproduzia espontaneamente, sem a menor preocupação com o melhoramento genético das plantações e o conseqüente emprego de práticas direcionadas ao aprimoramento das características de produção, produtividade, resistência as pragas, doenças etc. Tratava-se, na verdade, de uma economia efetuada sob regime eminentemente extrativista e que apresentava uma debilidade latente.

Neste contexto, se de um lado foi uma atividade agrícola surgida como opção econômica viável – e por muito tempo de importância no quadro das exportações regionais – de outro, a falta de preocupação das autoridades governamentais quanto à necessidade do estabelecimento de um programa compromissado com a execução da política cacaueira fundamentada em bases técnicas e racionais de exploração constituiu-se no fator determinante para que o cultivo dessa planta não se desenvolvesse de maneira sustentada e permanente na Amazônia.

Assim, com o decorrer do tempo, a fragilidade de uma economia do cacau calcada primordialmente na exploração extrativa começou a demonstrar sua vulnerabilidade. No início do século XIX, as plantações ingressaram em fase de decadência irreversível, caracterizada pelo declínio sistemático e acentuado na quantidade de frutos colhidos e no volume de matéria-prima produzida, cujos desdobramentos tiveram reflexos significativos no desempenho das exportações.

Tal performance de "débâcle", coligada com alguns acontecimentos desencadeados na primeira metade deste século foi decisiva a perda de hegemonia da cacauicultura e sua paulatina substituição pela exploração econômica da borracha proveniente dos seringais da Amazônia. Isto se deu particularmente graças à descoberta da vulcanização por Goodyear em 1839, que conferiu maior rentabilidade econômica à exploração da seringueira (Hevea brasiliensis) e com isso tornou a atividade agrícola de extração do látex muito mais atraente em termos financeiros do que as demais opções agropecuárias colocadas à disposição dos colonos.

Somente a partir da década de 1960, com o início das atividades da CEPLAC na Região Amazônica e mais precisamente no decorrer de 1976, com o advento do Plano de Diretrizes para Expansão da Cacauicultura Nacional (PROCACAU)1, é que essa atividade iria receber um impulso notável e começar a se constituir em uma atividade econômica explorada de maneira racional e com orientação técnica qualificada nos Estados amazônicos.

1 Com esse programa - que objetivava a maximização da produção brasileira para elevá-la a um patamar de 700 mil toneladas de amêndoas secas/ano e garantir a

consolidação do Brasil como principal produtor mundial -, o Governo Federal deu início, através da CEPLAC, a implantação de 300 mil hectares de novos

cacaueiros e a renovação de outros 150 mil hectares em plantações decadentes e de baixa produtividade da Bahia e Espírito Santo. Além dessa área, tendo em vista a impossibilidade das regiões cacauicultoras tradicionais assumirem sozinhas as diretrizes e metas estabelecidas pelos planos de expansão da cacauicultura, a CEPLAC

sincronizou seus objetivos com as ações do Governo Federal de apoio e incentivo à ocupação da Região Amazônica e também direcionou para o norte do país uma

parcela desse programa.

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No Brasil, o cultivo do cacaueiro encontra-se disseminado por cinco Estados da Federação. No Estado da Bahia figura como principal produto agrícola, bem como, tem sido durante décadas, um dos seus mais importantes fatores de desenvolvimento econômico.

Em conformidade com as diretrizes do Ministério da Agricultura e do Abastecimento para as regiões produtoras do Brasil, a CEPLAC possui um programa de desenvolvimento sustentado na Amazônia com uma estrutura operacional que contempla, para o leste amazônico, a Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR), com sede em Belém-PA e responsável pela coordenação das atividades dos pólos cacaueiros situados nos Estados do Pará e Mato Grosso. O oeste da região é de responsabilidade da Superintendência Regional da Amazônia Ocidental (SUPOC), com sede em Porto Velho-RO, e responsável pela coordenação das atividades dos pólos cacaueiros situados nos Estados de Rondônia e Amazonas.

Desta forma, partindo de uma área inexpressiva em termos de produção de 1.500 toneladas/ano, caracterizada por um estágio incipiente e limitada de conhecimentos tecnológicos, tanto com relação ao cultivo do cacaueiro, quanto ao beneficiamento do cacau e seus subprodutos. A CEPLAC atualmente assessora e orienta tecnicamente nos Estados do Pará, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso o plantio de aproximadamente 90 mil hectares de lavouras cacaueiras. Assiste também a um total de 11.000 estabelecimentos rurais que, juntos, produzem aproximadamente 60.000 toneladas de amêndoas secas de cacau.

Com base nestas considerações, almeja-se que as informações, experiências e conhecimentos oriundos da investigação e experimentação com o cultivo do cacaueiro, bem como as percepções e concepções emanadas dos produtores rurais, contidas neste trabalho, se traduzam não somente em contribuições relevantes aos sistemas de produção em uso pelos agricultores, mas que contribuam principalmente para manter a expansão da cacauicultura em bases técnicas e racionais na Região Amazônica.

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

Paulo Júlio da Silva Neto

O cacaueiro é uma planta da família Sterculiaceae, gênero Theobroma. É uma planta originária do continente Sul Americano, provavelmente das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, onde foi encontrado, em condições naturais, sob o dossel de grandes árvores da floresta tropical.

No início do século XVII, o cacau foi citado pela primeira vez na literatura botânica, por Charles de L’Écluse que o descreveu com o nome de Cacao fructus, porém, em 1737 foi classificado por Linneu como Theobroma fructus, para em 1753 ser modificado para Theobroma cacao, denominação que permanece atualmente.

Característica da Planta

O cacaueiro é uma planta que pode atingir 5 a 8m de altura e 4 a 6m de diâmetro da copa, quando proveniente de semente. Em conseqüência dos fatores ambientais que influenciam no crescimento estas dimensões podem ser ultrapassadas.

Quando o cultivo é feito a pleno sol, sua altura pode ser reduzida, entretanto pode alcançar até 20m em condição de floresta, devido a competição por luz com outras espécies.

O sistema radicular consta de uma raiz pivotante que tem o seu comprimento e forma variando de acordo com a estrutura, textura e consistência do solo. Em solos profundos com boa aeração constatou-se um crescimento da raiz pivotante de até 2m. As raízes secundárias estão localizadas em maior número na parte superior da pivotante e afastam-se desta de 5 a 6 metros. Estas raízes são responsáveis pela nutrição da planta e geralmente encontram-se de 70 a 90% nos primeiros 30cm do solo.

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O caule é ereto, e com a idade aproximada de 2 anos, tem o crescimento da gema terminal detido a uma altura entre 1,0 e 1,5m, surgindo nessa ocasião a primeira ramificação ou coroa, composta de 3 a 5 ramos principais, os quais multiplicam-se em outros laterais e secundários.

Nos primeiros anos, o cacaueiro apresenta a casca do tronco lisa. Mais tarde, em decorrência do permanente desenvolvimento das almofadas florais, a mesma torna-se áspera e rugosa. As folhas, quando novas, apresentam uma gradação de tonalidades a depender de cultivar ou clone, do verde pálido mais ou menos rosado ao violeta, de acordo com a quantidade de pigmentos de antocianina presente. Com o amadurecimento, as folhas perdem sua pigmentação, tornando-se de cor verde-pálidas, e por fim, verde-escuras, adquirindo rigidez. As folhas são oblongas, acuminadas e glabas com nervura central proeminente.

O cacaueiro é uma planta caulifloria, as flores surgem em almofadas florais no tronco ou nos ramos lenhosos, em uma gema desenvolvida no lugar da axila de uma antiga folha. As flores são hermafroditas e possuem a seguinte constituição: cinco sépalas, cinco pétalas, cinco estaminóides, cinco estames e um pistilo cujo ovário possui cinco lojas.

Na Região Amazônica o cacaueiro apresenta dois picos de floração: um menor que coincide com o início do período menos chuvoso e um principal que ocorre no final do período de estiagem e início do período chuvoso. Anualmente, um cacaueiro adulto pode produzir até mais de 100.000 flores, das quais menos de 5% são fertilizadas, sendo que apenas cerca de 0,1% se transformam em frutos. As flores não polinizadas caem no período de quarenta e oito horas.

Os botões florais, atingindo o máximo de desenvolvimento, iniciam a abertura à tarde com a separação das extremidades das sépalas, completando-se na manhã seguinte, nas primeiras horas. Quando as flores, depois de polinizadas, são realmente fertilizadas, permanecem fixadas no pedúnculo, desenvolvendo o ovário em futuro fruto.

As flores do cacaueiro apresentam caracteres estruturais que limitam sua polinização quase que exclusivamente a insetos, apesar de hermafroditas e homógamas. Isto deve-se ao fato do estigma (feminino) encontrar-se envolvido por um círculo de estaminóides (masculino) e de suas anteras apresentarem envolvidas por formação recurvadas das pétalas, denominadas de cógula. Os principais agentes polinizadores do cacaueiro são constituídos por um pequeno grupo de insetos, da família Ceratopogonidae, gênero Forcipomya. A sincronização entre os períodos de floração intensa e o período de maior população de adultos Forcipomya é que permitirá o maior ou menor sucesso no processo reprodutivo do cacaueiro. Por esta razão não é recomendável realizar a aplicação de agrotóxicos, principalmente de inseticidas, evitando-se assim, prejudicar a polinização.

O fruto de cacau apresenta um pericarpo carnoso composto de três partes distintas: o epicarpo que é carnoso e espesso, cujo extrato epidérmico exterior pode estar pigmentado, o mesocarpo, que é delgado e duro, mais ou menos lignificado, e o endocarpo, que é carnoso, mais ou menos espesso.

O fruto está sustentado por pedúnculo lenhoso, proveniente do engrossamento do pedicelo da flor.

Normalmente, os frutos quando jovens apresentam coloração verde, e amarela quando maduros. Outros são de cor roxa (vermelho-vinho) na fase de desenvolvimento e alaranjado no período de maturação.

O período compreendido entre a polinização e o amadurecimento do fruto varia de 140 a 205 dias, com uma média de 167 dias.

O índice de frutos (nº de frutos necessários para obter 1 kg de cacau comercial) é em geral, de 15 a 31 frutos.

A semente de cacau tem a forma que varia de elipsóide a ovóide, com 2 a 3cm de comprimento é recoberta por uma polpa mucilaginosa de coloração branca, de sabor açucarado e ácido. O embrião é formado por dois cotilédones, cujas cores podem variar do branco ao violeta.

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As sementes do cacaueiro são muito sensíveis às mudanças de temperatura e morrem em pouco tempo, quando sofrem desidratação.

A semente é o principal produto comercializado, após fermentação e secagem, para fabricação de chocolate, nas diversas formas. Das sementes extrai-se também a manteiga, muito utilizada na indústria farmacológica e na fabricação de cosméticos. A polpa que envolve as sementes é rica em açúcares, sendo utilizada na fabricação de geléia, vinho, liquor, vinagre e suco.

Com relação ao ciclo de vida, o cacaueiro apresenta características de perenidade, cujo o ciclo pode ultrapassar a cem anos, ainda apresentando desenvolvimento vegetativo com potenciais para boa produtividade.

Na Região Amazônica, em condições naturais, na floresta, existem áreas, principalmente as de várzea, em que os agricultores que cuidam da lavoura cacaueira já estão na 3ª geração da família.

REGIÕES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZÔNIA

Antonio Carlos de Souza Martins Paulo Gil Gonçalves de Matos João Marivaldo Silva de Sousa

A Amazônia brasileira é uma região possuidora de uma vasta extensão de terras, que totalizam 488 milhões de hectares. Destas, aproximadamente 32 milhões de hectares são solos com excelentes características físicas e químicas. No início da década de 70, como diretriz da política de integração nacional, o governo federal passou a incentivar a expansão da fronteira agrícola para a região.

Para o estabelecimento dessa estratégia governamental, grandes rodovias foram abertas, projetos integrados de colonização foram criados, a política de incentivos fiscais facilitou a expansão do capital aos Estados localizados na região e, por conta dessas iniciativas, houve a implantação de um novo modelo agropecuário.

Nesta nova perspectiva, o fato do cultivo do cacaueiro apresentar de um lado, significativo potencial no que diz respeito aos aspectos estratégicos, ecológicos e políticos, e de outro, reconhecida adaptabilidade a sistemas de multicultivos com outras espécies florestais, se constituíram em fatores determinantes para a criação, em parte desta área, dos pólos cacaueiros da Amazônia.

O trabalho de expansão da cacauicultura na Região Amazônica foi efetivado com respaldo institucional da CEPLAC, Órgão do governo federal subordinado ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento. O modelo agrícola usado está embasado na ação de um único órgão integrando todas as atividades necessárias ao desenvolvimento técnico e racional da cacauicultura: pesquisa agrícola, assistência técnica, fomento agrícola e treinamento de mão-de-obra, bem como ao Manejo Integrado de Sistemas Agroflorestais (SAF), com vistas ao enriquecimento das lavouras de cacau já existentes ou que venham a ser implantadas, com essências madeireiras florestais e frutíferas regionais de reconhecido valor econômico.

Atualmente na Amazônia, a região produtora de cacau assistida pela CEPLAC, engloba os seguintes Estados: Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso. Nos Estados de Rondônia e Amazonas as atividades da CEPLAC são coordenadas e executadas pela Superintendência Regional da Amazônia Ocidental (SUPOC).

No Estado de Rondônia, a CEPLAC desenvolve suas atividades em um universo de 6.000 produtores rurais, em 31 Municípios, especificados no mapa político-administrativo de Rondônia (ver mapa nº1). Nesses Municípios estão implantados cerca de 40 mil hectares de cacaueiros, com produção em torno de 16 mil toneladas/ano, de amêndoas secas de cacau.

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No Estado do Amazonas, a CEPLAC atua com 706 famílias, nos seguintes Municípios: Manaus, Manacapurú, Careiro da Várzea, Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Urucurituba, Urucará, Apuí, Manicoré e Novo Aripuanã. Estes 12 Municípios possuem uma área de 5 mil hectares de cacaueiros e produzem mil e quinhentas toneladas de amêndoas secas de cacau/ano.

Torna-se importante salientar que, no Estado do Amazonas, a CEPLAC vem dando ênfase a exploração de cacauais em várzeas, uma vez que o maciço cacaueiro nesse Estado concentra-se nessas áreas. Isso se justifica em função dos seguintes aspectos: essas plantações nativas se constituem na forma tradicional de exploração, tal atividade tem se configurado uma importante fonte de renda para os produtores ribeirinhos, haja vista o baixo custo de sua exploração e os preços praticados atualmente.

Já no tocante aos Estados do Pará e Mato Grosso, os trabalhos estão ao encargo da Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR).

No âmbito do Estado do Pará, a atuação da CEPLAC encontra-se direcionada para o atendimento de agricultores e comunidades rurais estabelecidos em 45 Municípios e 7 pólos espontâneos localizados nas Mesorregiões Metropolitanas de Belém, Baixo Amazonas, Nordeste, Sudoeste e Sudeste Paraense, especificadas no mapa político-administrativo do Pará (ver mapa nº2).

1. Ariquemes

2. Theobroma

3. Machadinho

4. Cacaulândia

5. Cujubim

6. Alto Paraíso

7. Rio Crespo

8. Buritis

9. Campo Novo

10. Monte Negro

11. Gov. Jorge Teixeira

12. Ji-Paraná

13. Presidente Médice

14. Urupá

15. Ouro Preto d'Oeste

16. Jarú

17. Nova União

18. Teixeirópolis

19. Mirante da Serra

20. Alvorada do Oeste

21. Vale do Paraíso

22. Ministro Andreazza

23. Cacoal

24. Rolim de Moura

25. São Filipe

26. Santa Luzia

27. Corumbiara

28. Colorado do Oeste

29. Cerejeiras

30. Pimenteiras

31. Cabixi

Mapa nº1 – Localização dos Municípios assistidos pela CEPLAC/SUPOC no Estado de

Rondônia

Mapa nº2 – Localização dos Municípios

assistidos pela CEPLAC/ SUPOR no Estado

do Pará.

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Baixo Amazonas – Santarém, Alenquer, Óbidos, Curuá e Monte Alegre.

Sudoeste do Pará – Placas, Rurópolis, Itaituba, Aveiro, Trairão, Pacajá, Anapú, Altamira, Senador José Porfírio, Vitória do Xingú, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.

Nordeste do Pará – Tomé-Açu, Acará, Mojú, Concórdia do Pará, Cametá, Mocajuba, Oeiras do Pará, Limoeiro do Ajurú, Garrafão do Norte, Igarapé-Açu, São Francisco do Pará, Terra Alta, Santa Maria do Pará e São Miguel do Guamá.

Metropolitana de Belém - Benevides, Santa Izabel, Santa Bárbara, Castanhal e Inhangapí.

Sudeste do Pará – Tucumã, São Félix do Xingú, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte, Água Azul, Novo Repartimento, Itupiranga e Paragominas.

Pólos Espontâneos: Bannach, Eldorado do Carajás, Curinópolis, Parauapebas, Rio Maria, São Geraldo do Araguaia e Sapucaia.

Nessa área trabalhada existem implantados 50.568,00 hectares de lavouras cacaueiras, um público de 5.664 agricultores e uma produção de 32.000 toneladas de amêndoas secas de cacau/ano. Além da cacauicultura, a CEPLAC também desenvolve um trabalho de diversificação agroeconômica com assessoramento e orientação técnica direcionando as seguintes culturas: coco, cupuaçu, pupunha, açaí, pimenta-do-reino, banana, café, mandioca, maracujá entre outros.

Com relação ao Estado de Mato Grosso as atividades da CEPLAC se desenvolvem nos seguintes Municípios: Alta Floresta, Paranaíta, Carlinda, Nova Bandeirante, Novo Mundo, Apiacá, Terra Nova do Norte e Nova Guarita. O espaço delimitado pela ação da CEPLAC engloba uma área de 2.712,0 hectares de lavouras cacaueiras, um público de 284 agricultores e uma produção de 900 toneladas de amêndoas secas de cacau/ano.

ASPECTOS EDAFOCLIMÁTICOS PARA O CULTIVO

Clima

Ruth Maria Cordeiro Scerne

Para expressarem plenamente seu potencial genético, as plantas necessitam ser cultivadas sob condições ótimas de solo e de clima, principalmente aos fatores relacionados com o crescimento e desenvolvimento vegetal.

Na Amazônia, de um modo geral, o clima caracteriza-se pela abundância das chuvas e pela constância de temperaturas elevadas. O cacaueiro é uma planta típica dos trópicos úmidos, e é cultivado em regiões onde o clima apresenta variações relativamente pequenas durante o ano, especialmente em termos de temperatura, radiação solar e comprimento do dia.

Pelo fato da precipitação pluvial, junto com a radiação global, ser o componente mais importante do clima e de esta apresentar muita variabilidade é que a chuva se constitui um dos principais fatores de risco para a cacauicultura regional. Por esse motivo é que, para o estabelecimento de plantios de cacauais economicamente viáveis, deve ser rigorosamente observado o regime das chuvas, principalmente em relação à sua distribuição ao longo dos meses, nas áreas onde deverão ser instalados os empreendimentos cacaueiros.

A precipitação ideal para o cacau deve apresentar um total anual acima de 1.250mm, bem distribuídos em todos os meses, com mínimas mensais de 100mm e ausência de estação seca bem definida e intensa que apresente meses com menos de 60 mm de chuva.

Por regra geral a quantidade ótima de chuva está entre 1.800 a 2.500mm ao ano. Os períodos secos com mais de três meses são prejudiciais.

Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento, pois em localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, é recomendável a instalação de quebra ventos, para que seja reduzida a evapotranspiração dos cacaueiros, a queima e queda das folhas, principalmente as mais novas, que são sensíveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos a ventos fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento normal.

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Solo

Raimundo Carlos Moia Barbosa

O solo deve apresentar uma profundidade mínima de 1 metro e 20 centímetros sendo ideal em torno de 1 metro e 50 centímetros. Para o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro, o solo não deve conter concreções lateríticas em sua parte superior, bem como não deve possuir camadas pedregosas e compactas no seu perfil. Solos com impedimentos físicos dessa natureza dificultam o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro, provocando principalmente o atrofiamento da raiz principal (Fig. 1).

Deve ser bem drenado e quando apresentar sinais de gleização, mosqueamento ou possuir lençol freático próximo a superfície, deve ser recuperado através da abertura de canais de drenagem. Sua textura deve permitir boa capacidade de retenção de água. Solos argilosos e siltosos são apropriados para regiões com períodos definidos de estiagem, embora possam ocorrer problemas de encharcamento do solo em períodos intensos de chuva. A textura areno-argilosa é apropriada para regiões de altas precipitações pluviométricas, mas bem distribuídas durante o ano. Solos leves, com pouca argila não são recomendados por apresentarem baixa retenção de umidade e permitirem a lixiviação intensa de nutrientes. A fertilidade é fundamental, considerando-se o alto custo dos corretivos e fertilizantes. O cacaueiro desenvolve-se, entretanto, em solos com os mais diferentes níveis de fertilidade, sendo ideal aqueles que apresentam níveis de média a alta fertilidade natural, com pH na faixa de 6,0 – 6,5, onde ocorre disponibilidade máxima de muitos nutrientes (Fig. 2)

Áreas ocupadas com mata, capoeira, outros cultivos ou até pastagem, podem ser selecionadas, desde que o clima e o solo apresentem condições desejáveis para a cacauicultura.

Fig.1 – Desenvolvimento do

sistema radicular do

cacaueiro.

A – Sistema radicular prejudicado

por impedimento físico

(camada pedregosa e/ou

piçarra).

B – Sistema radicular com

desenvolvimento normal

quando em solos profundos e

sem impedimento físico.

Fig. 2 – Relação entre pH e disponibilidade de

elementos no solo (Malavolta, 1980).

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ESCOLHA E PREPARO DE ÁREA

Paulo Júlio da Silva Neto

Escolha de área

Os critérios de escolha de áreas para o plantio de cacau na Região Amazônica brasileira devem levar em conta, preferencialmente, o relevo, a fertilidade e a profundidade efetiva dos solos, além de consulta prévia, em caso de existência, do zoneamento agroecológico de cada Município ou região, sem deixar de levar em consideração os aspectos climáticos, principalmente a precipitação pluviométrica.

Preparo de área

Para o preparo de área há que se considerar inicialmente o sistema de implantação a ser adotado, que por sua vez está condicionado ao tipo de cobertura florística existente e a condição do produtor para instalar e manter o modelo escolhido. Esses aspectos são de grande importância, pois, a partir dessas considerações deverá ser tomada uma decisão que terá implicações diretas no sucesso ou insucesso do empreendimento.

O estabelecimento do cacaual, nas diversas regiões produtoras do mundo, é realizado basicamente de duas maneiras, após a eliminação parcial da vegetação original ou em seguida ao desmatamento completo. O primeiro método é conhecido no Brasil, como ―cabruca‖ e o segundo, como ―derruba total‖.

Têm-se verificado na Região Amazônica que no método de ―cabruca‖ os cacaueiros, quando comparados com os que crescem e desenvolvem-se em áreas de derruba total, apresentam diâmetro do caule inferior, na fase de implantação (até 5 anos) e baixa produtividade na fase produtiva.

Para o plantio do cacaual, a derruba total é o sistema mais utilizado na região e o que tem mostrado melhores resultados. Consiste na eliminação da vegetação primária ou secundária para posterior formação dos sombreamentos provisório e definitivo. Este sistema consiste nas seguintes fases: broca, derruba, queima, balizamento e plantio dos sombreamentos.

Para implementação desse sistema, dependendo do tamanho da área a ser preparada, há necessidade de autorização prévia para desmatamento expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, conforme legislação vigente.

Em áreas já trabalhadas com cultivo (ex.: pastagens, cana-de-açúcar, cultivos anuais etc.) ou em áreas alteradas, inicia-se o trabalho a partir do balizamento, após a limpeza de área.

Balizamento

Após o preparo de área inicia-se o balizamento para o cacaueiro. Recomenda-se o espaçamento de 3,0 x 3,0 metros o que eqüivale a 1.111 plantas/hectare, porém, dependendo das condições poderá ser utilizado 3,5 x 3,5 metros (816 plantas/hectare); 4,0 x 4,0 metros (625 plantas/hectare) e 2,0 x 2,0 x 4,0 metros (1666 plantas/hectare). As balizas marcam os lugares onde serão abertas as covas para plantio das mudas de cacau.

O balizamento tem a vantagem do melhor aproveitamento da área, bem como, permite melhor crescimento e distribuição uniforme da copa dos cacaueiros, permitindo ainda, maior facilidade na execução das práticas culturais como limpeza de área, combate às pragas e doenças, adubação e colheita.

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Fig.3 – Viveiro rústico

FORMAÇÃO DE MUDAS

Paulo Gil Gonçalves de Matos

O plantio de cacaueiros é feito a partir de mudas, por fornecerem vantagens como vigor e uniformidade dos cacaueiros, menor número de falhas nas plantações e provavelmente antecipação da fase produtiva das plantas.

Os trabalhos de formação da muda de cacau devem ser iniciados durante o plantio dos sombreamentos provisório e definitivo. Na formação das mudas, três fases são bem distintas: construção do viveiro, semeadura e tratos culturais.

Construção do Viveiro

Alguns fatores devem ser considerados no sentido de fornecer as condições adequadas ao bom desenvolvimento das mudas e de reduzir seus custos durante a manutenção e transporte para o local definitivo.

Tamanho - Varia em função do número de mudas que se pretende formar. Um método prático para se calcular o tamanho do viveiro é dividir o número de mudas por 30. Assim, se precisamos preparar 15.000 mudas, temos:

15.000 30= 500. O viveiro deverá medir 500 m2, podendo ser de 20x25 metros.

Localização – Deve-se considerar alguns fatores importantes:

Distância – não deve ficar distante da área do plantio definitivo, pois na época do transplantio o custo com transporte será menor. Também não deve ficar distante de uma fonte de água, já que durante o verão será necessário regar as mudas.

Topografia – o local deve ser plano ou levemente inclinado para facilitar a arrumação dos saquinhos.

Drenagem – deve ser construído em local com solos bem drenados para evitar excesso de umidade que possa favorecer o aparecimento de doenças.

Penetração de luz – a penetração dos raios solares é fundamental para permitir maior aeração ao ambiente, diminuindo assim os riscos de doenças. Permite ainda o desenvolvimento mais rápido das plântulas.

Material – Para construção do viveiro devem ser utilizados materiais de baixo custo, de preferência encontrados na propriedade. A altura deve permitir que um homem de estatura média caminhe normalmente dentro do mesmo. Com esteios de 2,50 metros consegue-se uma boa altura. Os esteios devem ser dispostos de 3 em 3 metros e a cobertura é feita com palhas de palmeira estendidas sobre fios de arame. A cobertura deve permitir 50% de entrada de luz e as laterais também devem ser protegidas contra a ação de ventos e animais.

Semeadura

Também devem ser considerados alguns fatores de relevada importância, como:

Escolha e preparo do terriço – O terriço pode ser retirado da manta superficial (até 20 centímetros de profundidade) de solos ocupados com mata primária ou secundária. Quando coletados a maior profundidade, o substrato deve ser misturado na seguinte proporção: utilizar 700 l de terra de subsolo (abaixo de 50 cm) acrescido de 300 l de esterco de galinha + 5,0 kg de Yoorin Master (P, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Si) + 2,0 kg de calcário dolomítico + 0,5 kg de cloreto de potássio.

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A utilização do subsolo diminui as sementeiras de ervas daninhas, nematóides, fungos e pragas do solo.

Tamanho dos sacos – A escolha dos sacos está em função do período de permanência das mudas no viveiro e este período depende das condições do sombreamento provisório, da disponibilidade de sementes e da precipitação pluviométrica na época do plantio e nos meses subsequentes.

Quando as mudas, por quaisquer dos motivos acima citados tiverem de permanecer por maior período no viveiro (cinco a seis meses), devem ser utilizados sacos do tipo padrão (28 centímetros de comprimento por 38 centímetros de circunferência). Se no entanto, a permanência no viveiro for por um espaço de tempo mais curto (dois a quatro meses), devem ser utilizados sacos de dimensões menores (28 centímetros de comprimento por 32 centímetros de circunferência).

Enchimento dos sacos e semeio – Os sacos devem ser cheios até uns 3 centímetros da boca, tendo-se o cuidado de batê-los no chão algumas vezes, para que o terriço não fique muito fofo. Antes de encher as sacolas, deve-se ter o cuidado de abrir um orifício no fundo para facilitar a drenagem e evitar que a raiz principal (pivotante) dobre no seu interior. O terriço deve estar livre de torrões e pedras. Depois de cheios, os sacos devem ser arrumados em faixas de 1 metro de largura deixando-se ruas também de 1 metro.

Após a quebra dos frutos, deve ser retirada a polpa ou mucilagem que envolve as sementes. Esta operação é feita misturando-se as sementes com pó de serra seco, esfregando-se em seguida com as mãos.

O semeio é feito com sementes provenientes de material genético melhorado colocando-se a semente a 1 centímetro da superfície do terriço, com a parte larga voltada para baixo. Em caso de dúvida sobre qual a parte mais larga, pode-se colocá-la ―deitada‖. O restante dos 3 centímetros do saco deve ser preenchido com pó de serra bem curtido. Antes do semeio deve ser feita uma rega nos sacos para que as sementes encontrem ambiente propício ao início do processo de germinação.

O semeio é feito em época que dê condições para a muda ir para o campo com dois a seis meses de idade. Como já foi discutido, o transplantio está em função da disponibilidade das sementes, sombreamento e condições de pluviosidade.

É oportuno ressaltar, que a produção de mudas de cacaueiro e de bananeira, devem estar de acordo com a Portaria emitida pelas Delegacias Federal de Agricultura de cada Estado da Região:

2Estado de Rondônia - Portaria Nº 098, de 19 de Dezembro de 1997 3Estado do Pará - Portaria Nº 069, de 01 de Julho de 1996 4Estado de Mato Grosso - Portaria Nº 098, de 25 de Setembro de 1998

Tratos Culturais no Viveiro

São os cuidados que devem ser dispensados às mudas até a época do transplantio. Basicamente consiste na retirada de plantas daninhas, irrigação, adubação, manejo de sombra e tratos fitossanitários.

a) plantas daninhas – Apesar da proteção exercida pelo pó de serra, periodicamente ocorre plantas daninhas que competem com as plântulas; tais invasoras devem ser eliminadas manualmente, e com zelo, para não abalar o sistema radicular da muda.

b) irrigação – Em dias chuvosos não há necessidade de molhar as mudas, entretanto, após alguns dias de estiagem deve ser feita a irrigação em dias alternados.

2 Normas Técnicas e Padrões para Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Rondônia (atualizada pela Portaria nº 026, de 27 de Maio de 1999). 3 Normas Técnicas e Padrões para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado do Pará (1997). 4 Normas Técnicas para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Mato Grosso (1998).

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c) adubação – Esta prática deve ser realizada somente quando as mudas de cacau apresentarem deficiência de nitrogênio caracterizada pela coloração verde pálido das folhas velhas ou de outros nutrientes. Neste caso, recomenda-se pulverizar quinzenalmente uréia a 0,5% (cinqüenta gramas de uréia em dez litros de água) até que as plantas voltem a mostrar aspecto normal.

d) manejo de sombra – Para permitir melhor arejamento e penetração de luz no viveiro, ao iniciar o período chuvoso, deve-se retirar algumas palhas de sua cobertura. O mesmo procedimento deve ser feito nos dias que antecedem ao transplante, para que as mudas comecem a se adaptar às futuras condições ambientais.

e) combate às pragas e controle de enfermidades – Durante a fase de viveiro, as plântulas estão sujeitas ao ataque de pragas e à incidência de doenças. Nos quadros 1 e 2 estão relacionados às pragas e enfermidades, os danos causados às plantas e os métodos de controle. Tanto no combate às pragas como no controle de doenças é aconselhável usar máquinas manuais com o objetivo de não causar danos às plantas jovens.

Quadro 1 – Ocorrência das principais pragas de mudas enviveiradas, danos e medidas de controle.

Enfermidade Natureza dos

Danos

Medidas de Controle

Inseticida (Principio

Ativo) Formulação

Dosagem e/ou

concentração

Época de aplicação e equipamentos recomendados

Ácaro Mexicano

(Tetranychus mexicanus)

Aparecimento de manchas cloróticas

no limbo foliar

Malatol 50E (malation)

Concentrado emulsionável

0,5% Usar pulverizador

manual

Vaquinhas (Percolaphis

ornata) (Colaspis spp) (Taimbezinha

theobroma)

Rendilhamento das folhas novas,

manifestam-se nas épocas de

lançamento.

Thiodan 20P ou 30P

(endosulfan) malatol 4% (malation)

Pó - Quando observado algum dano usar

polvilhadeira manual

Lagarta enrola-folha

(Sylepta prorogata)

Danifica o limbo das folhas novas

que ficam rendilhadas de

forma irregular e enroladas

Dipterex 2,5% (trichlorfon)

Pó 0,5%

Dipterex 50E (trichlorfon)

Concentrado emulsionável

- Pulverizador

manual

Fonte: CEPLAC/CEPEC – Seção de Zoologia

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Quadro 2 – Ocorrência das principais doenças em viveiros, danos e métodos de controle.

Enfermidade Natureza dos Danos

Medidas de Controle

Fungicida (Principio

Ativo) Formulação

Dosagem e/ou

concentração

Época de aplicação e equipamentos recomendados

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)

O patógeno normalmente ataca

folhas novas causando lesões

circulares isoladas no ápice e nas

margens do limbo.

Dithane M-45 (mancozeb)

Pó molhável 0,2%

15 a 20 dias após a germinação das

sementes realizar pulverizações

quinzenais usando pulverizador

manual.

Queima-das-folhas

(Phytophthora spp.)

Caracteriza-se pelo aparecimento de grandes manchas

irregulares nas folhas.

Cobre Sandoz (óxido cuproso)

Pó molhável 50%

0,3%

Pulverizações mensais intercaladas com os tratamentos para a antracnose.

As folhas apresentam aspecto

de queima.

Funguran (oxicloreto de

cobre)

Pó molhável 50%

0,3% Usar pulverizador

manual.

Em alguns casos, o coleto das plantas é

lesionado, ocorrendo a morte

da planta.

Coprantol (oxicloreto de

cobre) F.W. 30% 0,5%

Kauritol

(oxicloreto de cobre)

Oleosa 35% 0,5%

Cupuran

(hidróxido de cobre)

Pó molhável 45%

0,3%

Se necessário, usar espalhante adesivo a 0,1% em caso de usar pulverizador motorizado (não recomendado) a concentração deve ser de 2%.

Obs.: Pode-se usar Preposan (oxicloreto + zineb + maneb) a 0,5% em pulverização, objetivando o controle às duas enfermidades e, neste caso, basta que se façam pulverizações de 30 dias no período crítico (condições favoráveis à ocorrência de doenças).

Fonte: CEPLAC/CEPEC – Seção de Fitopatologia

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PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISÓRIO E DEFINITIVO

Paulo Gil Gonçalves de Matos

Por suas próprias características, o cultivo do cacaueiro, se constitui naturalmente, num sistema agroflorestal e trata-se de uma espécie que requer uma associação a outras espécies, cuja finalidade é a de sombreá-lo tanto durante a fase de implantação (sombra provisória), quanto durante a fase produtiva (sombra definitiva).

O sombreamento tem como função amenizar os fatores ambientais adversos ao cacaueiro, em excesso não é desejável por propiciar maior umidade ao ambiente, proporcionando assim, condições favoráveis à proliferação de doenças. No entanto, a escassez de sombra permite a incidência direta dos raios solares sobre as copas dos cacaueiros, condicionando as plantas a um intenso metabolismo, exigindo com isso maior suprimento de água e nutrientes do solo. Se houver disponibilidade desses elementos ocorrerá intensa emissão de folhas, fato este desejável, por condicionar à planta um maior crescimento e produção, mas por outro lado, favorece o aparecimento de surtos de pragas que em condições normais não atingiriam níveis tão elevados. A escassez de água e nutrientes, nas quantidades exigidas pelas plantas, desencadeia transtornos fisiológicos graves, provocando efeitos depressivos sobre o rendimento das mesmas. Portanto, aconselha-se o maior cuidado na formação dos sombreamentos. Como regra, recomenda-se que nos primeiros estádios de desenvolvimento seja permitida entrada de luz em torno de 25 a 50%. À medida que as plantas se desenvolvem deve-se aumentar a quantidade de luz para 70% através do desbaste das espécies que foram utilizadas no sombreamento provisório.

Sombreamento Provisório – Protege as plantas durante a fase de crescimento juvenil contra os efeitos maléficos do excesso de sol e ventos.

Recomenda-se o plantio de bananeiras das variedades prata, roxa, terra, caipira, FHIA-01, FHIA-02, FHIA-03, FHIA-20, FHIA-21, PV03-44 e pelipita, por serem mais resistentes às doenças e insetos. A bananeira é plantada em espaçamento de 3,0 x 3,0 metros, ficando cada cova no centro do quadrado formado por quatro balizas do cacaueiro. Em áreas cujo relevo permita o emprego de máquinas agrícolas, a bananeira deve ser plantada na mesma linha do cacaueiro. A bananeira também deverá ser plantada em espaçamentos de acordo com o utilizado no plantio do cacaueiro. Deve-se ter o cuidado de selecionar bananais sadios como fonte fornecedora de mudas. Na época do plantio adicionar na cova das bananeiras 30 gramas de Terracur como tratamento preventivo contra o moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus Germar).

Outras espécies que podem ser utilizadas como sombreamento provisório ou mesmo como complemento deste são: mandioca, macaxeira, feijão guandu e mamona. Estas espécies são plantadas a 1,0 x 1,0 metro ou 1,5 x 1,5 metros de modo a não fechar muito a área. A mamona deve sofrer a ―capação‖ (retirada das flores) permitindo assim maior longevidade vegetativa. O mamão também pode ser utilizado num espaçamento de 2,5 x 2,5 metros ou 3,0 x 3,0 metros.

O sombreamento provisório deve ser plantado de quatro a seis meses antes do plantio do cacaueiro, independentemente da existência de pimentais ou maracujazeiros remanescentes. No caso da área de mamoal, se este ainda apresenta estado vegetativo capaz de permanecer na área por dois anos ou mais, é dispensável o plantio de outras espécies para o sombreamento provisório.

Sombreamento Definitivo – Proporciona condições ambientais mais estáveis, sem oscilações bruscas de temperatura e umidade no cacaual.

Recomenda-se o consórcio entre duas ou mais espécies arbóreas, utilizando-se inclusive plantas nativas, desde que apresentem bom desenvolvimento vegetativo e boa distribuição de

Fig. 4 – Sombreamento provisório

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copa. Dentre as espécies arbóreas, as recomendadas são as seguintes: mogno (Swietenia macrophylla King), freijó (Cordia alliodora), bandarra (Schyzolobium amazonicum) e Eritryna spp.

O espaçamento varia em função do diâmetro da copa, utilizado comumente de 18 x 18 metros, 21 x 21 metros e 24 x 24 metros entre plantas e linhas.

As árvores de sombra podem ser plantadas na mesma linha do cacaueiro, permitindo assim a roçagem mecanizada na fase inicial da plantação. Neste caso é aconselhável utilizar essências florestais de menor competitividade com o cacaueiro.

O plantio do sombreamento definitivo é feito na mesma época do sombreamento provisório, exceto o mogno, cujo plantio poderá ser efetuado de 2 a 3 anos após o plantio das mudas de cacau no campo.

PLANTIO DO CACAUEIRO

Paulo Gil Gonçalves de Matos

Para o plantio das mudas de cacau no local definitivo, dois fatores importantes devem ser considerados: o sombreamento e a distribuição das chuvas. Se o sombreamento provisório já estiver formado, o plantio das mudas deve ser feito no início do período chuvoso, com mudas de dois a seis meses de idade. Em casos excepcionais, as mudas podem ainda ser transplantadas com uma antecedência de dois meses do início do período seco do ano, preferindo-se neste caso, plantas de maior idade, ou seja, de quatro a seis meses.

Após a seleção das plantas vigorosas e sadias o plantio do cacaueiro deve ser feito em covas de 40 x 40 x 40 centímetros removendo-se o saco plástico sem que seja destruído o torrão. A muda deve ser colocada na cova de modo que o nível superior do torrão fique no mesmo plano da superfície do solo. Para isso, coloca-se a terra no fundo da cova até que se consiga a altura ideal e depois se completa com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira pressão no solo. Recomenda-se deixar um montículo ao redor do caule e nunca uma depressão (Fig. 5).

Fig. 5 – Plantio de muda no campo

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MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO

Paulo Júlio da Silva Neto

Controle de Plantas Daninhas

O controle de plantas daninhas no cacaueiro tem como objetivo reduzir a competição pelos fatores do ambiente (luz, água, nutrientes etc.) exercida pelas invasoras sobre a cultura do cacau, bem como facilitar a realização de outras práticas culturais.

Em cacaueiros jovens, a necessidade de controle é indispensável e deverá persistir até que a plantação de cacau atinja o estádio de ―bate-folha‖. Na etapa inicial as plantas daninhas podem ser controladas através de métodos de controle associados, os quais envolvem:

Implantação e manejo do sombreamento provisório – quando realizado, oferece efeitos positivos no controle de invasoras, tendo em vista que a pouca incidência de luz oferece redução no crescimento, no desenvolvimento e na quantidade de plantas daninhas.

Utilização de cobertura morta – o resto de material vegetal proveniente do raleamento e debaste do sombreamento provisório, ou de culturas implantadas na propriedade, deverá ser utilizado como ―mulching‖ ao redor dos cacaueiros, pois tal prática evita a invasão de plantas daninhas e ajuda a conservar a umidade do solo em épocas de déficit hídrico, além de aumentar o teor de matéria orgânica e de fornecer nutrientes às plantas na camada superficial do solo.

Culturas intercalares – o sistema intercalar que é caracterizado pelo plantio de outras culturas de ciclo curto, nas entrelinhas dos cacaueiros, quando realizado de modo racional, considerando com cuidado a cultura intercalar a ser usada, poderá contribuir para reduzir os custos de implantação, além de proporcionar uma renda líquida imediata ao cacauicultor, com melhor uso da terra. Na Região da Transamazônica é comum os produtores realizarem após o preparo da área, o plantio do milho e em seguida o feijão nas entrelinhas no primeiro ano de cultivo do cacau.

Roçagem manual – deve ser realizada de modo a evitar que as plantas daninhas produzam sementes para reinfestar a área.

Emprego de herbicidas – o controle de plantas daninhas através do uso de herbicidas, promove efeito mais prolongado no controle e também na reinfestação do mato. Para se realizar a aplicação dos herbicidas, as plantas daninhas deverão estar a uma altura de, aproximadamente, 30cm do solo. Os herbicidas que estão registrados para serem utilizados na cultura do cacau, desde que observadas as instruções técnicas, eficiência e as precauções na aplicação, são os seguintes:

Quadro 3 – Herbicidas registrados para utilização na cultura do cacau.

Nome comum Nome comercial Formulação Doses (l ou kg/ha) do

produto comercial

atrazine Atrazinax 500, Gesaprim 500, Herbitrim 500

Br e Siptran 500 SC SC, 500 g/l 3,0 – 6,0

glyphosate

Roundup, Glifosato Nortox, Glion e Trop SC, 360 g/l 2,0 – 5,0

Rodeo SA 480 g/l 5,0 – 7,0

Direct GRDA, 720 g/kg 0,5 – 3,5

ghyphosate + simazin Tropazin SC, 115 + 480 g/l 3,0 – 6,0

diuron + MSMA Fortex FW SC, 140 + 360 g/l 8,0

diuron + paraquat Gramocil SC, 100 + 200 g/l 2,0 – 3,0

diuron

Diuron Nortox e Karmex 800 PM, 800 g/kg 1,0 – 4,0

Cention SC, Diuron 500 SC, Herburon 500 BR e Karmex 500 SC

SC, 500 g/l 2,0 – 5,0

linuron Afalon 500 BR e Linurex PM, 500 g/kg 1,5 – 6,0

paraquat Gramoxone 200 SA, 200 g/l 1,5 – 4,0

simazine

Sipazina 800 PM PM 800 g/kg 2,5 – 5,0

Gesatop 500 FW, Herbazin 500 BR e Sipazina 500 BR

SC, 500 g/kg 4,0 – 8,0

Convenções: SA – Solução Aquosa; SC – Suspensão Concentrada; PM – Pó Molhável; GRDA – Grânulos Dispersíveis em Água.

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Em cacaueiros safreiros, o controle de plantas daninhas é realizado somente nos locais onde há penetração de luz, em decorrência de falhas e/ou má formação de cacaueiros. Nestes locais, as plantas daninhas crescem e desenvolvem-se e o controle deverá ser realizado através de roçagens e/ou aplicação de herbicidas. Em época oportuna, realizar o replantio nas falhas com cacaueiro, bananeira, espécies arbóreas ou frutíferas.

Poda e Desbrota

Paulo Júlio da Silva Neto

A poda de formação em cacaueiros jovens deve ser evitada devido aos seus efeitos danosos na planta e conseqüente aumento de lançamentos de brotos e chupões. Entretanto, aproximadamente 96% dos frutos produzidos em cacaueiros safreiros estão de 3,5m para baixo. Assim, surge a necessidade de se controlar a altura do cacaueiro desde a sua formação, eliminando-se ramas que possuem crescimento vertical, principalmente, as ramas chupadeiras, que são vigorosas, semelhantes aos chupões, de coloração marrom brilhante, e tendem, quando desenvolvidos, possuir uma forma achatada, atrofiando as ramas vizinhas e deformando a arquitetura inicial das plantas. Esta prática inicial contribuirá futuramente para redução dos custos de controle cultural da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).

Em cacaueiros safreiros é desejável realizar a poda fitossanitária que consiste na retirada de ramos enfermos, sombreados, mal formados, de frutos secos e doentes. A desbrota ou retirada dos ―chupões‖ deve ser realizada sempre que necessário, durante todo o ano.

Manejo do Sombreamento

Paulo Júlio da Silva Neto

As touceiras de bananeiras devem ser evitadas, mantendo-se no máximo três bananeiras por cova, e as folhas secas também devem ser retiradas. Ao iniciar-se o período chuvoso, que ocorre após aproximadamente 10 a 12 meses após o plantio, eliminar filas alternadas de bananeiras na orientação norte-sul, observando o espaçamento de 3,0 x 6,0 metros. Ao final do segundo ano, no início do período chuvoso, eliminar a outra fila de bananeiras deixando o espaçamento em 6,0 x 6,0 metros. No período final do terceiro ano, o espaçamento deve ser de 12,0 x 12,0 metros, retirando-se filas alternadas do espaçamento de 6,0 x 6,0 metros. O sombreamento provisório deve ser totalmente retirado durante o quarto ano.

As recomendações acima devem ser seguidas até que o sombreamento provisório do cacaueiro deva ser substituído pelo definitivo.

Manejo Químico do Solo para o Cacaueiro

Luiza Hitomi Igarashi Nakayama

O cacaueiro é uma planta tropical de elevada exigência nutricional, encontrando-se, em geral, implantada em solos de média a alta fertilidade e sem limitações nas suas propriedades físicas. Há evidências de que na fase de expansão da cultura, nas principais regiões produtoras de cacau do mundo, os produtores tentaram utilizar solos de baixa fertilidade e, sem êxito, abandonaram as plantações ou substituíram-nas por outras culturas menos exigentes. A melhoria do nível de tecnologia utilizado através do emprego de fertilização da cultura, responsável por grande parte dos incrementos de produtividade alcançados, tem possibilitado o estabelecimento de plantações de cacau em solos de propriedades químicas menos favorecidas. Dentre os fatores de produção, a adubação e a calagem bem orientadas constituem o meio mais rápido e mais barato para aumentar a produtividade, podendo contribuir com até 40% da mesma.

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Exigências nutricionais do cacaueiro

Em termos práticos, o cacaueiro exige a aplicação dos macronutrientes N - Nitrogênio, P - Fósforo, K - Potássio, Ca - Cálcio, Mg - Magnésio e S - Enxofre e micronutrientes B - Boro, Cu - Cobre, Fe - Ferro, Mn - Manganês, Mo - Molibdênio e Zn - Zinco.

As plantas diferem uma das outras quanto às quantidades de nutrientes requeridas, para atingir um determinado potencial de colheita. Além do conhecimento das quantidades dos nutrientes absorvidas, também é importante saber as quantidades exportadas na colheita e a remanescente nos restos de cultura, que podem ser devolvidas ao solo e, consequentemente, reduzir a quantidade de adubo requerida. No Quadro 4 estão apresentadas as exigências do cacaueiro nos diferentes estádios de desenvolvimento e para a produção de 1000 kg de sementes secas.

Quadro 4 – Exigências de nutrientes pelas plantas de cacaueiro nos diferentes estádios de desenvolvimento e para produção de 1000 kg de sementes secas (Thong e Ng, 1978).

Fase da Planta Idade

(meses)

Requerimento Médio de Nutrientes (kg/ha)

N P K Ca Mg Mn Zn

Viveiro 5-12 2,4 0,6 2,4 2,3 1,1 0,04 0,01

Desenvolvimento 28 135 14 151 113 47 3,9 0,05

Início Produção 39 212 23 321 140 71 7,1 0,09

Plena Produção 50-87 438 48 633 373 129 6,1 1,5

Sementes (1) 50-87 20,4 3,6 10,5 1,1 2,7 0,03 0,05

Casca (1) 50-87 31,0 4,9 53,8 4,9 5,2 0,11 0,09

(1) Nutrientes extraídos em sementes e casca de uma plantação com 50-87 meses de idade e produtividade de 1000 kg/ha de sementes secas de cacau.

A ordem de extração dos nutrientes, portanto para plantas em plena produção, é: K > N > Ca > Mg > P > Mn > Zn.

Verifica-se que os nutrientes K, Ca e N são removidos em maior quantidade pelo cacaueiro de 50-87 meses de idade. Para manter seu crescimento e produzir 1000 kg de sementes secas por ano, precisa-se de 824 kg de K2O, 529 kg de CaO, 469kg de N, 212 kg de MgO e 121 kg de P2O5.

Avaliação da fertilidade do solo

Existe um grande número de métodos para a avaliação da fertilidade do solo, todos apresentando vantagens e desvantagens, dependendo do propósito da avaliação. A escolha de um dos métodos depende da precisão exigida para melhor interpretar e manejar os solos.

Os métodos mais utilizados para avaliar a fertilidade do solo são:

a) diagnose visual – avaliação dos sintomas de deficiências e toxidez, onde a falta ou excesso de um determinado elemento provoca sempre a mesma manifestação visível da anormalidade, visto que as funções exercidas pelo elemento na vida da planta são sempre as mesmas. Nas figuras (6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15) observam-se os principais sintomas de deficiências de nutrientes em folhas de cacaueiro.

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Fig. 9 – Deficiência de Potássio

Fig. 11 – Deficiência de Enxofre

Fig. 13 – Deficiência de Manganês

Fig. 14 – Deficiência de Cobre

Fig. 10 - Deficiência de magnésio

Fig. 12 – Deficiência de Zinco

Fig. 15 – Deficiência de Boro

Fig.6 – Deficiência de Nitrogênio

Fig. 7 – Deficiência de Fósforo

Fig. 8 – Deficiência de Cálcio

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b) diagnose foliar – análises dos tecidos vegetais. O uso deste método baseia-se na premissa de que, dentro de certos limites, devem existir relações diretas entre: b1) dose de adubo (ou nível de fertilidade do solo) e produção; b2) dose do adubo e teor foliar; e b3) teor foliar e produção. Neste caso a avaliação do estado nutricional depende de um órgão representativo. De um modo geral, a folha recém madura, a 3ª folha a partir da ponta de lançamento recém-amadurecido, reflete bem o estado nutricional da planta inteira.

c) análises químicas do solo – entre os métodos de avaliação da fertilidade, a análise do solo é o método mais difundido e utilizado devido as seguintes vantagens: c1) pode ser feita em tempo relativamente curto e permitindo analisar um grande número de amostras; c2) as análises podem ser feitas em qualquer época do ano, são relativamente baratas e oferecem boa precisão nas determinações; e c3) os resultados obtidos podem ser aplicados para a cultura do ano. Entretanto, o sucesso na interpretação correta de uma análise de solo exige um bom conhecimento dos solos de uma região, dos sistemas de produção utilizados e do meio ambiente (clima).

Dentre as fases citadas acima, a amostragem do solo é a mais crítica, devido a heterogeneidade do solo. Uma amostragem mal feita pode causar facilmente erros de 50% ou mais na avaliação da fertilidade.

A amostragem do solo em áreas para plantio deve ser coletada antes e depois da queima, a fim de considerar o efeito das cinzas como corretivo de solo e teor de nutrientes, principalmente cálcio e magnésio. O procedimento para a retirada de amostras a uma profundidade de 0 – 20 cm, deve ser efetuado da seguinte maneira: divide-se a gleba ou quadras em áreas homogêneas de 1,0 a 2,0 hectares, após esta etapa, percorre-se a área demarcada em ―zigue-zague‖, retirando amostras de solos, procurando-se cobrir toda a área. Cada amostra deve ser composta de, no mínimo, 15 amostras simples (sub-amostras) para cada quadra. As manchas de fertilidade de determinada área devem constituir amostras a parte. Em plantações que vem sendo adubada, a cada 2 a 3 anos é interessante retirar amostras para monitorar a fertilidade da mesma.

A interpretação dos dados para o fósforo e potássio está dividida em três classes de teores, enquanto que para o Ca+ Mg e Al em duas classes.

Quadro 5 – Interpretação dos teores de P, K, Ca + Mg e Al em solos (Garcia et al, 1985).

Teor P (mg/dm3) K (meq.100-1g) Teor Ca + Mg Al

Baixo 6 0,12 meq.100-1g

Médio 7 – 15 0,13 – 0,30 Baixo < 3,0 < 0,5

Alto > 15 > 0,30 Médio/Alto 3,0 0,5

Quanto ao pH, há predominância de amostras com valores abaixos de 5,5 em todos os pólos, exceção para o pólo de Altamira, que apresenta 50% das amostras com pH > 5,6 (Pereira e Morais, 1987). No Quadro 5 está apresentada a correspondência entre pH em H 2O, a percentagem de saturação de bases (V%) e a saturação em alumínio (m).

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Quadro 6 – Relação aproximada entre parâmetros associados à acidez do solo.

pH em H2O V % m %

4,4 4 90

4,6 12 68

4,8 20 49

5,0 28 32

5,2 36 18

5,4 41 7

5,6 52 0

5,8 60 -

6,0 68 -

6,2 76 -

6,4 84 -

6,6 92 -

6,8 100 -

Calagem

Os dados de pesquisas obtidos nos solos da Amazônia, têm mostrado que o crescimento e produção do cacaueiro não apresentaram resposta à calagem (Campos, 1981; Morais e Campos, 1984; Pereira e Morais, 1987). No Latossolo Amarelo, argiloso da série Manaus, Campos (1981) observou somente melhoria nas propriedades químicas deste solo quanto ao aumento do pH, dos teores trocáveis de Ca e Mg e diminuição do alumínio trocável. Pereira e Morais (1987) mostraram que os solos das áreas Bragantina e de Tomé-Açu(PA) apresentaram teores de Ca + Mg < 3,0 meq. 100-1g, considerados baixos, numa freqüência de 60 a 95% das amostras analisadas. Apesar destes resultados é interessante considerar que:

A calagem bem efetuada traz inúmeros benefícios, dentre os quais podem ser citados: a) fornece Ca2+ e Mg2+ como nutrientes; b) neutraliza o Al 3+ e Mn2+ tóxicos às plantas; c) aumenta a disponibilidade de P e do Mo; d) favorece a mineralização da matéria orgânica; e) aumenta a fixação simbiótica do N; f) estimula o desenvolvimento do sistema radicular e a absorção de água e nutrientes; e g) melhora as propriedades físicas do solo (devido ao fato do Ca2+ e Mg2+ serem elementos floculantes)

Apesar de todos estes benefícios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir a disponibilidade de K+ e de micronutrientes. A resposta da cultura à calagem depende de uma série de fatores ligados à planta, ao solo e ao corretivo utilizado, a conjugação destes fatores, leva à obtenção da máxima eficiência desta prática agrícola. Assim, deve-se considerar que o cacaueiro não foge a regra das outras culturas, necessitando-se de cálcio e magnésio como nutrientes para o crescimento, desenvolvimento, início e plena produção, principalmente quando esta cultura está localizada na região com Latossolo Amarelo distrófico e de textura média, necessitando elevar os teores de cálcio e magnésio trocáveis, no mínimo, para 3, 0 meq.100-1g (ou 30 mmolc. kg-1).

A calagem tem um efeito residual prolongado, que perdura por vários anos, sendo o retorno deste investimento, cumulativo.

Os produtos considerados corretivos da acidez dos solos são aqueles que contêm como ―constituinte neutralizante‖, carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de Ca2+ e/ou Mg2+.

Os calcários agrícolas passam a ter as classificações:

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I - Quanto à concentração de MgO

a) calcítico – menos de 5%

b) magnesiano – de 5 a 12%

c) dolomítico – acima de 12%

II – Quanto ao PRNT (Poder Real de Neutralização Total)

a) Faixa A – PRNT entre 45,0 e 60,0

b) Faixa B – PRNT entre 60,1 e 75,0

c) Faixa C – PRNT entre 75,1 e 90,0

d) Faixa D – PRNT superior a 90,0

Os corretivos de acidez deverão ser comercializados de acordo com suas características próprias e com valores mínimos constantes no quadro a seguir:

Quadro 7 – Corretivos de acidez.

Materiais corretivos de acidez Poder de Neutralização Soma

% CaCO3 % CaO + % MgO

Calcários 67 38

Cal virgem agrícola 125 68

Cal hidratada agrícola 94 50

Escórias 60 30

Outros materiais 67 38

Critério de Recomendação:

Calcário (t/ha) = 1,5 x Al Onde: Al = teor de alumínio trocável do solo

Adubação verde e orgânica

Em áreas de solos de textura média a arenosa é de extrema importância a utilização da adubação verde e orgânica.

A adubação verde é prática agrícola muito antiga, porém de utilização restrita. Consta da incorporação ao solo de qualquer material vegetal, ainda não decomposto, produzido no próprio terreno, visando a incorporação de nutrientes e produção de húmus, com conseqüente aumento do teor de matéria orgânica do solo.

As leguminosas são as plantas preferidas para a formação desta matéria orgânica, em virtude da grande massa produzida por unidade de área, da sua riqueza em elementos minerais, do seu sistema radicular bastante profundo e ramificado, capaz de uma melhor mobilização dos nutrientes minerais do solo e, principalmente pela possibilidade de aproveitamento no N atmosférico, através das bactérias nitrificadoras. Com base nestas informações, é possível a utilização da Pueraria phaseoloides, como adubo verde mais apropriado, em solos pobres, para o cacaueiro em formação e produtivo.

Quanto à utilização de adubos orgânicos, tem-se verificado resultados positivos, principalmente quando utilizado para viveiro (Campos, 1982) e no plantio de mudas (Campos et al, 1982). Os estercos poderão substituir parcialmente a adubação de plantio, devendo-se, no entanto, proceder a análise do material, em termos de % de N, de P2O5 e de K2O e do teor de umidade.

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Quadro 8. Composição aproximada (%) de alguns adubos orgânicos

Material C/N C Umid N P2O5 K2O CaO MgO S Cu Zn

g/kg mg/kg

Esterco de gado 20 100 620 5 3 6 2 1 1 6 33

Esterco de galinha 10 140 550 14 8 7 23 5 2 14 138

Torta de cacau - - - 26 6 16 - - - - -

Torta de mamona 10 450 90 45 7 11 18 5 - 73 128

Torta de algodão 10 - - 70 25 120 - - - - -

Torta de filtro 27 80 770 3 2 0,6 5 0,8 3 13 20

Casqueiro de cacau - - - 21 1 6 7 5 - - -

Composto - - - 8 4 6 - - - - -

Adubação mineral

A adubação é uma prática indispensável para o acréscimo ou manutenção da produtividade em níveis adequados e que a mesma exerce influência no custo de produção, torna-se cada vez mais necessário o uso correto e racional da adubação, a fim de obter produções mais econômicas.

Adubação com macronutrientes

Nitrogênio

A recomendação de nitrogênio é um dos poucos casos em que a análise do solo não é levada em conta. Isto se deve, principalmente, a própria dinâmica do N no solo. São considerados o manejo e histórico da área, a produtividade esperada e, para algumas culturas, o teor de N foliar. O nitrogênio juntamente com o potássio é um dos nutrientes absorvidos pelo cacaueiro, daí sua alta exigência.

As principais fontes de N comercializadas no Brasil estão apresentadas no Quadro 9. O nitrogênio pode estar na forma amídica (uréia), amoniacal ou nítrica e todas as fontes são solúveis em água e apresentam elevado índice de salinidade. Uma vez aplicada no solo, o N amídico ou amoniacal passa para a forma nítrica, pouca retida no complexo de troca e, sujeita a perdas por lixiviação. Para minimizar as perdas, os adubos nitrogenados deverão ser parcelados nos períodos em que o N possa ser prontamente absorvido.

A nitrificação de adubos contendo N amoniacal produz H+, e provoca a acidificação dos solos. A intensidade de acidificação depende do adubo utilizado.

Quadro 9. Principais fertilizantes nitrogenados, equivalente de acidez (-) e suas garantias mínimas.

Fertilizante Eq. em kg de CaCO3

N CaO MgO S

Por 100 kg do produto %

Uréia -79 44 - - -

Nitrato de amônio -58 32 - - -

Sulfato de amônio -107 20 - - 24

Nitrocálcio 0 27 7 3 -

Fosfato monoamônico - 45 9 - - -

Fosfato diamônico - 16 - - -

As fontes de N apresentam resultados agronômicos semelhantes, excetuando em alguns casos:

a) quando existem condições favoráveis de volatilização da uréia, por exemplos: não incorporação; aplicação em superfície úmida que depois seca; quando ocorrem altas temperaturas; quando o pH é elevado e em condições de deficiência de S. Nestas condições o sulfato de amônio é mais eficiente que a uréia.

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b) quando há condições de lixiviação e de desnitrificação. Nestes casos, as fontes amoniacais comportam-se melhor que as nítricas.

c) quando há condições de excessiva acidificação do solo ou formação de H2S em solos inundados. Nestes casos, a uréia supera a eficiência do sulfato de amônio.

Fósforo

A resposta do cacaueiro à adubação fosfatada é muito elevada (Morais, 1998), haja vista que, em mais de 80% dos solos analisados apresentaram teores baixos (<6 ppm) (Pereira e Morais, 1987).

O emprego do fósforo para o cacaueiro na modalidade da adubação de manutenção diz respeito a reposição das quantidades de nutrientes exportadas pelas safras consecutivas, devendo ser utilizadas fontes solúveis em água e aquelas cujo P2O5 é solúvel em citrato neutro de amônio + água.

Os principais fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil estão caracterizados no Quadro 10, segundo as garantias mínimas de teores de fósforo, exigidas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Quadro 10. Principais fertilizantes fosfatados e suas garantias mínimas.

Fertilizantes Teores de P2O5 (%)

Outros nutrientes Fosfatos solúveis em água

Citrato de amônio + água

Água

Superfosfato simples 18 16 10% de S; 19% de Ca

Superfosfato triplo 41 37 2% de S; 13% de Ca

Fosfato diamônico 45 38 16% de N

Fosfato monoamônico 48 44 9% de N

Fosfatos insolúveis em água Total Ác.Citr.

Farinha de osso 25 - 6% N; 32% Ca

Fosfato natural 24 4 -

Fosfato natural reativo 33 10,5 37% Ca; 1% S; 0,4% Zn; 0,03% Cu e Mn

Multifosfato magnesiano 18 6 10% S; 13% Ca; 3% Mg; 0,6% Zn

Hiperfosfato 32 12 42% Ca

Yoorin Master 17 16 28% Ca; 14,5% Mg; 0,55% Zn; 0,1% B;

0,12% Mn e 0,05% Cu

Yoorin BZ 17 16 28% Ca; 14,5% Mg; 0,15% B; 0,4% Zn

Yoorin MG 17 16 28% Ca; 14,5% Mg

Quanto a eficiência agronômica das diversas fontes de P2O5, tem-se que:

a) os fosfatos solúveis > fosforitas > apatitas;

b) o efeito dos superfosfatos se verifica tanto no primeiro ano, como nos anos posteriores, funcionando também como fonte de Ca;

c) o fosfato de amônio não possuem Ca e S em sua composição;

d) os termofosfatos e hiperfosfatos (fosforitas) possuem efeito neutralizante no solo;

e) a eficiência dos fosfatos naturais brasileiros (apatitas), de baixa solubilidade, tende a aumentar com o tempo e em solos ácidos.

Nas recomendações de adubação, determinados pelo método de extração, as quantidades de fósforo a aplicar dependem dos teores de P no solo e para muitas culturas a produtividade esperada também é levada em conta.

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Potássio

Para o cacaueiro o potássio é o nutriente absorvido em maiores quantidades. O potássio encontrado nos tecidos vegetais não é incorporado à fração orgânica, permanecendo como íon. Dessa forma, grande parte do material vegetal é reciclado após a colheita e o K presente pode voltar rapidamente ao solo, em forma prontamente disponível.

Os fertilizantes potássicos empregados no Brasil estão listados no Quadro 11. As formas de cloreto, sulfatos ou nitratos são todos solúveis em água e prontamente disponíveis às plantas.

Quadro 11. Principais fertilizantes portadores de potássio.

Fertilizante N K2O

Outros nutrientes %

Cloreto de potássio - 58 45 - 48% de Cl

Nitrato de potássio 13 44 -

Sulfato de potássio - 48 15 - 17% de S

Sulfato de K e Mg - 18 22% S; 5% Mg; 2,5%Cl

Salitre potássico 15 14 18% de Na

A análise de solo fornece informações seguras para se avaliar a disponibilidade de potássio às culturas e trata-se do principal parâmetro utilizado para definir a recomendação das doses de fertilizantes potássicos.

Enxofre

Respostas à utilização de S na adubação, têm sido obtidas principalmente pelo uso de fórmulas concentradas, pobres em enxofre, por longo período de tempo praticamente isento em teores destes nutrientes, bem como pelo cultivo em solos de textura arenosos e pobres em matéria orgânica.

As principais fontes de S estão apresentadas no Quadro 12. Praticamente todas as fontes de S estão na forma de sulfato, prontamente disponível, mesmo na forma de sulfato de cálcio, de solubilidade relativamente baixa, presente no gesso e superfosfato simples.

Quadro 12. Principais fertilizantes contendo enxofre

Fertilizante S (%) Outros nutrientes

Sulfato de amônio 22-24 20% de N

Sulfato de potássio 15-17 48% de K

Sulfato de potássio e magnésio 22-24 18% K; 5% Mg; 2,5% Cl

Sulfato de cálcio (inclui fosfogesso)

13 16% de Ca

Superfosfato simples 10-12 18% P2O5; 18% Ca

Enxofre 95 -

Adubação com micronutrientes

O cultivo em solos de baixa fertilidade, a calagem e o aumento da produtividade, são fatores que tem favorecido o aumento das deficiências de micronutrientes. Em plantações de cacaueiros produtivos, de maneira geral, tem sido constatado com maior freqüência deficiências de zinco. Plantações cultivadas em áreas de alta fertilidade como os Terra Roxa Estruturada - TRE e em período de estiagem, observa-se plantas com deficiências de manganês. Em situações de áreas queimadas ocorrem plantas com deficiência de zinco, boro e cobre.

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Os sais e óxidos inorgânicos, silicatos fundidos e quelatos são usados como fontes de micronutrientes, de forma isolada ou incorporados em formulações com macronutrientes, este último caso com tendência de aumento, devido à dificuldade de aplicações de pequenas quantidades normalmente necessárias nas adubações. No caso de culturas perenes existe grande possibilidade de utilizar fertilizantes simples portadores de micronutrientes em aplicações localizadas, no sulco ou em covas, ou mesmo na superfície do solo. Dependendo das quantidades aplicadas os micronutrientes apresentam efeito residual das adubações, com exceção do ferro.

Para as diversas culturas perenes, a pulverização foliar com micronutrientes é uma prática comum, associado a aplicação de pesticidas. A aplicação foliar pode ser utilizada com sais inorgânicos solúveis em água e quelatos.

Quadro 13. Principais fontes de micronutrientes utilizados no Brasil e garantias mínimas exigidas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Nutriente Fertilizante Garantia mínima

(conc. do elemento) % Solubilidade em água

Boro Bórax 11 Solúvel

Ácido bórico 17 Solúvel Silicato 1 Insolúvel

Cobre

Sulfato 13 Solúvel Óxido cúprico (CuO) 75 Insolúvel

Silicato 2 Insolúvel Quelato 5 Solúvel

Ferro Sulfato ferroso 19 Solúvel Sulfato férrico 23 Solúvel

Quelato 5 Solúvel

Manganês

Sulfato manganoso 26 Solúvel Óxido manganoso 41 Insolúvel

Silicato 2 Insolúvel Quelato 5 Solúvel

Molibdênio Molibdato de sódio 39 Solúvel

Molibdato de amônio 54 Solúvel Silicato 0,1 Insolúvel

Zinco

Sulfato de zinco 20 Solúvel

Óxido 50 Insolúvel

Silicato 3 Insolúvel

Quelato 7 Solúvel

Recomendação de calagem e adubação

Calagem: Aplicar calcário à lanço e em área total, para neutralizar o alumínio trocável do solo de forma a atingir o pH em água próximo de 5,5.

Adubação de plantio: Com antecedência de 30 dias do plantio, incorporar por cova 4 kg de esterco de gado ou 2 kg de esterco de galinha ou 1 kg de torta de mamona, 300 g de calcário dolomítico, 60 g de P2O5, 100g de Fritted Trace Elements-FTE BR-8. Acrescentar 2 parcelas de 10 g de N em cobertura ao redor das plantas aos 6 e 9 meses após o plantio.

Adubação mineral de formação: Aplicar, em cobertura ao redor das plantas, em duas parcelas no período inicial e final das chuvas, as seguintes quantidades de nutrientes N – P2O5 – K2O, em gramas por planta (Campos 1981; Morais, 1987; modificados).

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Quadro 14 – Quantidades de nutrientes N – P2O5 – K2O em gramas por planta

Idade Anos

N P Merlich, mg/dm3 K trocável, meq/100cm3

g/planta < 6 7 - 15 > 15 0,12 0,13– 0,30 > 0,30

P2O5, g/planta K2O, g/planta

1 20 90 60 30 60 30 10

2 30 90 60 30 60 30 10

3 40 90 60 30 60 30 10

Em plantas com idade de 0 a 1 ano, localizar os adubos ao redor da coroa, num raio de 0,5 m; em plantas com idade de 1 a 2 anos, aumentar o raio para 1,0 m; em plantas com idade de 2 a 3 anos aumentar o raio para 1,5 m e do quarto ano em diante aplicar a lanço e em área total no espaço compreendido entre quatro cacaueiros.

Adubação mineral de produção: Aplicar em cobertura e em área total, de acordo com a análise de solo, as seguintes quantidades de nutrientes (Campos, 1981; Morais, 1987; modificados).

Quadro 15 – Quantidades de nutrientes N – P2O5 – K2O em quilogramas por hectare

N P Merlich, mg/dm3 K trocável, meq/100cm3

N, kg/ha < 6 7 - 15 > 15 0,12 0,13– 0,30 > 0,30

P2O5, kg/há K2O, kg/ha

60 90 60 30 60 30 10

Parcelar em duas vezes a adubação, aplicando a lanço e em área total no início e final das chuvas.

Quadro 16 – Acrescentar boro, manganês e zinco de acordo com a análise de solo:

B no solo mg/dm3

B kg/ha

Mn no solo mg/dm3

Mn kg/ha

Zn no solo mg/dm3

Zn kg/ha

0 – 0,20 2 0 – 1,2 5 0 – 0,5 5

Composição química foliar do cacaueiro: Os limites de interpretação são definidos pelas

seguintes faixas de teores adequados na matéria seca.

g/kg mg/kg

N = 20 – 25 P = 1,8 – 2,5 K = 13 – 23 Ca = 9 – 12 Mg = 4 – 7 S = 1,7 – 2,0

B = 25 – 70 Cu = 8 – 15 Fe = 60 – 200 Mn = 50 – 300 Mo = 1,0 – 2,5 Zn = 30 – 100

Manejo das Pragas

Antonio Carlos de Barros Mendes

A lavoura cacaueira apresenta um diversificado grupo de insetos associado ao cultivo, entre os quais os benéficos, constituído por espécies polinizadoras das flores e por parasitóides e predadores que se alimentam de outros insetos. Apresenta ainda o grupo dos nocivos que em determinadas condições favoráveis apresentam nível populacional elevado, causando danos econômicos, constituindo-se, desta forma, pragas da lavoura. Dependendo dos hábitos podem danificar brotos, folhas, flores, ramos, tronco e frutos, podendo até levar a planta à morte na fase juvenil.

A seguir, são apresentadas informações gerais sobre as principais pragas do cacaueiro na Amazônia e o manejo integrado dessas espécies. Pretende-se com esse trabalho, oferecer aos extensionistas e produtores meios para racionalizar o uso dos inseticidas na lavoura, minimizando assim, os efeitos adversos sobre o ambiente.

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Tripes (Selenothrips rubrocinctus)

É considerado uma das pragas mais importantes para a cacauicultura Amazônica. O adulto apresenta um comprimento que varia de 1,1 a 1,4 mm, sendo sua coloração preta ou marrom escura. As asas são do tipo franjada, o que caracteriza a Ordem a que pertence. As formas jovens são de um colorido geral branco amarelado com os dois primeiros segmentos do abdome vermelhos. As ninfas carregam, entre os pêlos terminais, na extremidade do abdome, pequena gotícula de excremento líquido. Tanto as larvas como os adultos vivem em colônias, na face abaxial das folhas parcialmente maduras, próxima às nervuras ou na superfície dos frutos em fase de maturação (Fig. 16).

Nas folhas a sintomatologia do ataque, em decorrência do hábito alimentar do tripes ser raspador – sugador, se manifesta pela presença de manchas cloróticas no limbo, as quais após algum tempo, tornam-se necrosadas, dando origem à queima (Fig. 17). Se o ataque for intenso, ocorre a queda parcial ou total das folhas, caracterizando o ―emponteiramento‖. Após a brotação pode haver reinfestação causando o depauperamento ou mesmo a morte da planta.

O ataque nos frutos causa a ―ferrugem‖ dificultando o reconhecimento do estado de maturação dos mesmos, induzindo assim, a colheita de frutos verdoengos ou excessivamente maduros, afetando a qualidade do produto final (Fig. 18). Ocorre também redução no rendimento do trabalhador que está realizando a colheita , devido o mesmo testar o estado de maturação, raspando a casca do fruto antes de colhê-lo. A ferrugem é formada pela deposição na superfície do fruto, do excremento líquido que as formas jovens carregam na extremidade do abdome, bem como do derramamento e oxidação do conteúdo celular, provocado pelo hábito alimentar.

Pesquisas desenvolvidas em diversos países produtores de cacau, mostraram que nos períodos de maior precipitação pluviométrica, ocorre um acentuado decréscimo da população de tripes, sendo estes resultados, confirmados na Amazônia.

Em áreas cacaueiras como a de Tomé-Açu e Transamazônica, no Estado do Pará, onde ocorrem altas infestações, tem-se que adotar medidas de controle cultural a fim de evitar a dependência total dos inseticidas.

Os principais fatores que favorecem a sobrevivência e o crescimento de populações de tripes são: presença de folhas parcialmente maduras e de frutos, temperaturas elevadas, ausência de chuvas e de sombreamento. Dessa maneira o controle cultural deve ser feito com a manutenção do sombreamento provisório por maior tempo possível, bem como evitar o plantio de cacaual com sombreamento definitivo escasso ou ausente, já que o tripes tem preferência por áreas com excesso de sol.

a

b

Fig. 16 - Adulto (a) e ninfas (b) sob a face

abaxial das folhas

Fig. 17 - Queima das folhas Fig. 18 - Frutos de cacau com ferrugem

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O controle químico deve ser realizado somente quando a população do tripes atingir o nível de controle (Quadro 17). Para isso, deve-se efetuar amostragens no cacaual, subdividindo-o em quadras de 5 hectares, o mais uniforme possível quanto ao sombreamento e idade das plantas. De cada quadra amostrar 20 árvores distribuídas uniformemente na área, contando em cada árvore, a população do tripes na face abaxial de 5 folhas parcialmente maduras, totalizando 100 folhas por quadra. O levantamento deve ser iniciado no fim do período chuvoso e repetido a cada 15 dias. A população do tripes atingirá o nível de controle quando ao se constatar uma população, em média, de 3 tripes por folha.

Quadro 17 – Inseticidas recomendados para o controle químico do tripes.

Princípio Ativo

Produto Comercial Dosagem

Classe Toxicológica g. i.a/há

Produto Comercial

Hectare p/ 100 litros água

carbaryl Carbaryl Fersol, Carvin, Sevin 5 P 800 16 kg - III

endosulfan Thiodan 2 P, Malix 3 P 320 - - III

endosulfan Thiodan 35 CE 320 800ml 800 ml II

malation Malatol 50 E 300 600 ml 600 ml III

malation Malatol 2 P 320 16 kg - IV

arprocarb Unden 1 P 160 16 kg - II

Obs.: - Nas pulverizações utilizar 100 litros de calda por hectare. g.i.a = grama de ingrediente ativo

Classes Toxicológicas : I – extremamente tóxico; II – altamente tóxico; III – medianamente tóxico; IV – pouco tóxico.

Monalonio (Monalonion annulipes) Existem 11 espécies do gênero Monalonion distribuídos nas Américas do Sul e Central, das quais oito associadas à cultura do cacaueiro. Até o momento, apenas Monalonion annulipes tem sido constatado nos pólos cacaueiros da Amazônia.

Esses pequenos percevejos são também conhecidos vulgarmente como ―chupança‖, sendo uma praga de capital importância, pois provoca sérios danos a cultura. Tanto os adultos como as formas jovens (Figs. 19 e 20), sugam seiva dos ramos novos e frutos. Atacam também o pecíolo e as folhas.

O ataque aos ramos, determina o aparecimento de áreas necróticas nos locais da picada, de origem toxicogênica (Fig. 21). Se intenso, há uma paralisação no crescimento dos ramos e posterior secamento e queda das folhas, contribuindo para o aparecimento do complexo conhecido por ―queima‖ ou ―morte descendente‖(Fig. 22). Em decorrência do ataque, há perda de área foliar e consequentemente decréscimo de produção.

Fig. 19 – Adulto de Monalonion

annulipes Fig. 20 – Ninfa do monalonio Fig. 21 – Ramos com sintomas

de ataque (Abreu, et al. 1989)

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Quando o ataque é dirigido aos frutos, há formação de pústulas (bexigas) em decorrência da toxina injetada pelo inseto, quando do ato alimentar (Fig. 23). Nos frutos com 8 cm ou mais de diâmetro, este dano não afeta diretamente as amêndoas, todavia, favorecem a penetração de agentes patogênicos que provocarão a deterioração das mesmas. No entanto, quando em frutos novos, estes apodrecem ou ficam enegrecidos, petrificam e morrem.

Em ataques intensos até os frutos completamente desenvolvidos e maduros ficam com a coloração característica totalmente alterada, como se estivessem mumificados, a cor natural dos frutos fica substituída por cinza-claro, e assim podem ser colhidos em fase de maturação inadequada ou descartados pelos trabalhadores pela ocasião da colheita.

Quando não controlada, a praga pode causar sérios danos à produção de cacau. As ―chupanças‖ têm sido observadas com freqüência em cacauais a pleno sol, sugerindo que a presença de sombreamento é importante para evitar a proliferação do inseto.

Como medida de controle cultural recomenda-se o emprego de práticas culturais convencionais, principalmente o plantio de árvores de sombras nas áreas com deficiência, de modo a propiciar sombreamento adequado às plantações de cacau. Deve-se também manter as plantas livres de brotos ou chupões.

O M. annulipes além de atacar normalmente o cacaueiro, tem como plantas hospedeiras, o cupuaçuzeiro e no Estado de Rondônia as seguintes espécies de fruteiras (araçá-pera, cajueiro, cruá, cacauí, bananeira, goiabeira e mangueira). O conhecimento do comportamento do monalônio e sua relação com as plantas hospedeiras alternativas visam auxiliar no manejo da praga em diferentes ecossistemas de cultivo.

No controle biológico, a formiga vermelha (Ectatomma tuberculatum) é predadora de insetos e nos cacauais faz seu ninho no solo tendo o orifício de saída em forma de um ―chaminé‖ fixo na base do tronco do cacaueiro. O ―chaminé‖ é confeccionado com detritos e solo fixado na base do tronco do cacaueiro, medindo 10 e 40 cm de altura. A formiga faz controle significativo do monalônio na planta em que se estabeleceu e também nas plantas próximas que possuem ramos encostados à planta com o ninho. O percevejo vermelho Ricola spinosa é eficiente predador de monalonio; muitos outros predadores são freqüentemente encontrados associados a populações de monalonio e deverão ser considerados dentro de um programa de manejo de pragas do cacaueiro.

A decisão de se realizar o controle químico do monalonio deve ser precedida de um levantamento da população existente na área, através de amostragens efetuadas nos períodos de lançamento e de maior bilração e frutificação. Sugere-se subdividir o cacaual em quadras de 5

Fig. 23 – Frutos atacados pelo monalonio (Garcia, et al.,1985)

Fig. 22 – Queima causada por

Monalonion annulipes

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hectares, uniformes quanto ao sombreamento e idade das plantas e amostrar 20 plantas por quadra, examinando 5 frutos por planta. Constatada a presença de pelo menos 1 fruto com ninfas e/ou adultos, está caracterizada a área-foco e a necessidade de se realizar o controle. Esta medida deve se restringir às áreas-foco. O intervalo entre as amostragens é de 15 dias.

Vários inseticidas (Quadro 18) são atualmente recomendados para o controle químico do Monalonio com eficiência técnica e econômica satisfatórias quando se segue rigorosamente as prescrições técnicas para sua utilização.

Quadro 18 - Principais inseticidas recomendados para o controle químico do Monalonio

Princípio Ativo

Produto Comercial

Dosagem Classe

Toxicológica g.i.a./ha Produto Comercial

hectare p/ 100 l água

Carbaryl Servin 5 P 800 16 kg - III

Endosulfan Thiodan 2 P 320 16 kg - III

Endosulfan Thiodan 35 CE 280 800 ml 800 ml I

Isoprocarb Mipcin 75PM 300 400 g 400 g II

Isoprocarb Mipcin 75PM(TN) 225 300 g - II

deltametrina Decis 25CE 5 200 ml 200 ml II

deltametrina Decis 25CE (TN) 10 400 ml - II

Malation Malatol 50CE 300 600 ml 600 ml III

malation Malatol 20P 320 16 kg - IV

malation Malatol 60 ST (TN) 600 1000 ml - II

arprocarb Unden 1 P 160 16 kg - III

triclorfon Triclorfon 15 TN 150 1000 ml - II

triclorfon Dipterex 50 S 300 600 ml 600 ml II

triclorfon Dipterex 2,5 P 400 16 kg - III

Obs: nas pulverizações utilizar 100 litros de calda por hectare.

Classes Toxicológicas : I – extremamente tóxico; II – altamente tóxico; III – medianamente tóxico; IV – pouco tóxico.

Escolitídeos

(Xyleborus spp.) – Ocorrem principalmente em cacaueiros adultos, brocando seus galhos e troncos. Quando o ataque se verifica nos galhos provoca o secamento dos mesmos. Se o ataque evolui para o tronco, a planta começa a apresentar sintomas de amarelecimento geral das folhas até secar totalmente. A morte é conseqüência da penetração de fungos patogênicos, através dos orifícios abertos por esses insetos.

(Xylosandrus compactus) – Ocorre em mudas no viveiro e no campo, mais freqüentemente em mudas recém - transplantadas. Os sintomas são caracterizados pelo escurecimento da casca e exudação de um líquido através do orifício de penetração do inseto, o qual, ao secar, exibe uma coloração esbranquiçada, culminando com o murchamento da parte superior e morte da planta (Fig. 24 e 25). Também há penetração de fungos patogênicos, entre os quais Fusarium spp. e Lasiodiplodia theobromae. Solos pobres e ácidos e deficiência hídrica são os fatores que favorecem o ataque da praga.

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O controle cultural de Xyleborus spp. e X. compactus é feito vistoriando-se o viveiro e o cacaual após o transplante das mudas, especialmente durante o período seco, eliminando e queimando as plantas atacadas. No caso do ataque no tronco de cacaueiros adultos, dificilmente a planta poderá ser salva, pois os sintomas aparecem quando já houve penetração e contaminação de fungos patogênicos. Recomenda-se a retirada e eliminação das plantas através da queima.

Quando o ataque se dá nos ramos de cacaueiros adultos ou da parte aérea acima da região cotiledonar das mudas a poda e queima das partes atacadas devem ser realizadas. Solos pobres e ácidos devem receber correção e adubação para evitar os danos de X. compactus. O controle

químico deve ser utilizado somente em mudas enviveiradas ou no campo, após eliminação daquelas atacadas pelo inseto. Utilizar o inseticida endosulfan (Thiodan 35 CE ou Malix) a alto volume, na dosagem de 300 ml do produto comercial para 100 litros de água. O controle químico em cacaueiros adultos não deve ser realizado. Manhoso (Steirastoma breve)

Constitui-se numa das mais sérias pragas do cacaueiro em alguns países produtores, tais como Equador, Venezuela, Trinidad e Suriname. No Brasil, somente nos pólos cacaueiros da Amazônia os ataques são mais freqüentes, sendo que nos Estados de Rondônia e Mato Grosso ocorre em grandes infestações.

Fig. 24 – Ataque de Xylosandrus compactus

Fig. 25 – Muda morta por Xylosandrus compactus

Fig. 26 – Adultos macho ( ) e fêmea ( ) de Steirastoma breve

(Mendes & Garcia, 1984).

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As larvas de S. breve iniciam o processo de alimentação no cambio da planta, abrindo galerias em espiral. Posteriormente, penetram no lenho, podendo resultar na morte dos ramos ou cacaueiro jovem. Plantas com 1 a 3 anos de idade são as mais preferidas pela praga, iniciando o ataque principalmente pelas regiões do coleto de bifurcação dos ramos principais. O aparecimento de serragem e exudação gomosa na região afetada, é uma indicação da presença do inseto. O ataque pode determinar a morte de cacaueiros jovens ou má formação da copa de plantas adultas (Figs. 26, 27 e 28). As maiores infestações da praga têm sido observadas durante o período menos chuvoso e nos plantios em áreas de mata recém-desbravadas e com deficiência de sombreamento. Os adultos (Fig. 26) alimentam-se do córtex da planta, possibilitando a entrada de agentes patogênicos.

O controle do manhoso é feito da seguinte forma:

a) Controle mecânico: realizar inspeções periódicas na lavoura e no caso de encontrar plantas atacadas no caule ou tronco e ainda possíveis de serem recuperadas, efetuar a retirada da larva com auxílio de um canivete, eliminando-a e tratando a região lesionada com uma pasta a base de óxido cuproso (Cobre Sandoz), para evitar a penetração de fungos.

b) Controle cultural: plantas ou galhos mortos devem ser eliminados ou queimados. Manter o sombreamento provisório por maior tempo possível, bem como evitar o plantio do cacaual com sombreamento definitivo escasso ou ausente

c) Controle químico: em lavouras jovens, até os três anos de idade, ao se constatar adultos na área ou 10% de plantas com sintomas de ataque de adultos ou de larvas, após amostragem de 100 plantas distribuídas ao acaso em quadras de 5 hectares, fazer duas ou três pulverizações em intervalos de 20 dias com uma solução de endolsulfan 35% (Thiodan 35) na dosagem de 350g de i.a./ha (1 litro do produto), adicionando 100 mililitros de espalhante adesivo (Ag-bem, Novapal etc.) para cada 100 litros da suspensão. Realizar duas aplicações no intervalo de 30 dias, pulverizando o tronco e ramos dos cacaueiros As pulverizações devem ser dirigidas ao tronco e galhos dos cacaueiros, gastando-se 250 litros da suspensão/hectare.

O quiabeiro (Hibiscus sculentum) quando bem desenvolvido no período seco é uma planta que funciona como armadilha, pois atrai o manhoso para alimentação, acasalamento e postura. O controle deve ser realizado fazendo-se inicialmente a catação manual de insetos adultos no quiabeiro e quando as plantas estiverem com as larvas desenvolvidas, faz-se a eliminação dessas plantas queimando-as.

Broca dos frutos (Conotrachelus humeropictus)

É uma praga que ataca o fruto do cacaueiro e do cupuaçuzeiro trazendo enormes prejuízos a produção, estimada em 50% e 52%, respectivamente. É de ocorrência generalizada em Rondônia e no Amazonas e recentemente em algumas lavouras da região de Alta Floresta (MT), sendo pouco comum ou mesmo inexistente em outros pólos cacaueiros da Amazônia brasileira.

As fêmeas introduzem o ovopositor no pericarpo do fruto e em minúsculos orifícios depositam seus ovos. Após cerca de cinco dias da postura, emergem pequenas larvas que

Fig. 28 – Tronco com sintomas

de ataque de adultos.

a

Fig. 27 – A larva (a) e os sintomas de seu ataque ao tronco e ramos do cacaueiro (a, b)

b

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imediatamente penetram nos frutos até atingirem a parte central, local de concentração do ataque (Figs. 29 e 30). Decorridos cerca de 30 dias, ao atingirem o máximo desenvolvimento larval, abrem orifícios, de saída para empuparem no solo. Através destes orifícios, penetram fungos patogênicos que irão contaminar os frutos e sementes, tornando-os impróprios para o consumo e beneficiamento, respectivamente.

Os principais fatores que favorecem a sobrevivência e o crescimento das população de C. humeropictus são: presença de frutos, alta umidade, sombreamento excessivo, copa dos cacaueiros excessivamente adensadas e matas às proximidades da lavoura, onde podem ser encontrados hospedeiros nativos da broca.

Para controle da praga, recomenda-se:

1. Controle cultural: a) realizar a colheita de todos os frutos atacados existentes nas árvores que devem ser retirados da lavoura ou quebrados em cima de lonas, chão compactado ou terreiros, as larvas devem ser coletadas e mortas ou oferecidas para aves a fim de evitar que penetrem no solo para completarem o ciclo e voltarem a reinfestar a área; b) efetuar o raleamento do sombreamento nas lavouras excessivamente sombreadas; c) a poda fitossanitária para o controle da vassoura-de-bruxa Crinipellis perniciosa é um meio auxiliar na redução populacional da praga; d) nas lavouras em que vêm sendo constatados ataques anuais da praga, recomenda-se estreitar o intervalo de colheitas, visando evitar que as larvas abandonem o fruto para empupar no solo. Os frutos, após retirados dos cacaueiros, devem ser imediatamente recolhidos em recipientes ou sacos para evitar que as larvas que abandonam os frutos antes de serem amontoados, penetrem no solo. Constatou-se que após duas horas da colheita em média 20% das larvas abandonam os frutos, como uma tentativa de sobrevivência, por perceberem a alteração da posição do fruto quando retirado da planta.

2. Controle químico: Após a quebra de frutos, no interior da lavoura, aplicar nos casqueiros, o inseticida endosulfan (Thiodan 35CE) na proporção de 300 ml do produto para 100 litros de água, objetivando o controle de larvas que ficam nas cascas após a quebra dos frutos colhidos, onde se desenvolvem, transformando-se em adultos, reinfestando a lavoura. A pulverização da lavoura com inseticidas após a constatação de frutos brocados quando da proximidade da colheita é inviável.

a

b

Fig. 29 – Adulto (a) e larva (b) de Conotrachelus humeropictus (Mendes, 1996)

a

Fig. 30 – Frutos atacados pela broca do cacaueiro

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3. Controle biológico: Atualmente estão sendo desenvolvidas pesquisas com resultados satisfatórios para o controle biológico de C. humeropctus através dos fungos Metharizium anisopliae e Beauveria bassiana. Esses dois entomopatógenos, pulverizados na superfície do solo sob a forma de conídios, apresentam excelentes perspectivas de controle da broca. No Amazonas observaram-se pupas parasitadas por Lixophaga sp. (Diptera, Tachinidae) e Urosigalphus sp. (Hymenoptera, Braconidae).

Vaquinhas

Várias espécies encontram-se associadas ao cacaueiro na Amazônia, entre as quais Chrysodina spp., Colaspsis spp., Percolaspsis ornata, Costalimaita ferrugínea, Diabrotica septenliturata, Ephyraea spp., Nodonota spp., Rhabdopterus spp. Maecolaspis ornata e Metachroma spp., sendo as duas últimas, as mais abundantes e freqüentes nos cacauais.

As vaquinhas são pequenos besouros que medem aproximadamente de 3 a 7mm de comprimento (Fig. 31). A coloração das espécies é variada, com as asas anteriores bastante vistosas. Estes insetos se alimentam de folhas novas e parcialmente maduras, provocando perfurações no limbo foliar que fica com aspecto rendilhado, causando a redução da área foliar e diminuindo conseqüentemente a capacidade fotossintética das plantas (Fig. 32). Alguns se alimentam da extremidade apical dos ramos e também tem sido encontrado roendo a casca de bilros e frutos.

O controle químico das vaquinhas deve ser realizado apenas quando a(s) espécie(s) apresentar(em), densidade populacional que justifique a prática. As maiores populações de vaquinhas na Amazônia são observadas durante o período menos chuvoso na região, que via de regra coincide com a emissão de folhas novas pela planta. Neste período, realizar amostragens no cacaual, dividindo-o em quadras de 5 hectares. Em cada quadra, selecionar ao acaso 20 plantas, percorrendo uma a uma estendendo sob a copa lençol de coleta de 4 x 4. Sacudir rápida e vigorosamente a planta e seus galhos e coletar rapidamente as vaquinhas caídas sobre o lençol. Repetir quinzenalmente a amostragem. A aplicação do inseticida somente deve ser efetuada quando forem encontradas 10 vaquinhas em média por planta.

Lagartas

Constitui, como as vaquinhas, grupo dos mais diversificados em espécies. Poucas são aquelas que chegaram a causar danos econômicos. Surtos esporádicos de Euclystes plusioides, Cerconota dimorpha e da broca Cossula nigripennata foram registrados em Ouro Preto D'Oeste(RO), Tomé-Açu(PA) e Uruará(PA), respectivamente.

As espécies mais comuns nos cacauais são:

Euclystes plusioides ataca folhas, renovos, flores e frutos (Fig. 33). É a espécie de maior freqüência nos cacauais. Ao atacar os frutos novos, destroem a casca prejudicando o desenvolvimento dos mesmos.

Cerconota dimorpha ataca as folhas maduras do cacaueiro, alimentando-se da parte do limbo entre as nervuras. As lagartas são de hábito noturno, escondendo-se durante o dia em ―ninhos‖ ou "túneis" construídos com fios de seda e fezes, entre duas ou mais folhas secas presas entre si (Fig. 34). À noite abandonam seus esconderijos e saem a procura de alimento.

Fig. 32 – Folha atacada por vaquinha (Mendes et al., 1979) Fig. 31 – A vaquinha Maecolaspis ornata (Abreu et al., 1989)

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Cossula nigripennata bloqueia o tronco e os galhos do cacaueiro causando o secamento com posterior morte (Fig. 35). Surtos ocorridos em lavoura de Uruará(PA) foi controlado pela infecção natural das lagartas pelo fungo Beauveria bassiana.

Pseudoplusia includens alimenta-se de folhas novas, sendo muito comum nos viveiros. As lagartas são verdes com cerca de 40 milímetros no último instar.

Diopa sp. ataca folhas em estágio de maturação, mas sua população não chega atingir níveis elevados.

Silepta prorogata chamada de lagarta enrola folha, alimenta-se de folhas novas de cacaueiros adultos e mudas.

Oxyptilus sp. são pequenas lagartas com cerca de 13 milímetros de comprimento, que se alimentam de folhas novas. Nos primeiros estágios alimentam-se da parte central das folhas, próxima a nervura central, provocando pequenos furos arredondados. São muito comuns em viveiros.

Zetesima baliandra vive em colônias entre duas folhas coladas por fios de seda. Alimenta-se da epiderme dessas folhas, atingindo no máximo 17 milímetros de comprimento no último estágio larval.

Até o momento as populações dessas lagartas tem sido mantidas em nível populacional baixo, raramente ocorrendo em surtos. Seus inimigos naturais como anfíbios, pássaros, aranhas e principalmente insetos predadores e parasitóides como besouros, moscas, vespas e formigas, bem como nematóides e entomopatógenos, bastantes comuns nos cacauais da Amazônia, contribuem para a manutenção desse equilíbrio.

O Controle químico é recomendado quando ao se constatar o início de surtos, caracterizados pelo aumento considerável das populações. Efetuar inspeções periódicas no cacaual, principalmente na época seca.. Constatado o aumento populacional da(s) espécie(s), pulverizar a lavoura com inseticidas piretróides, Bacillus thuringiensis ou fisiológicos como diflubenzuron. Formigas

Os formicídios constituem um dos grupos de insetos de grande ocorrência nas lavouras cacaueiras da Amazônia. Algumas espécies causam danos diretos através da desfolhação e podação dos brotos terminais. Outras, indiretos, devido a simbiose (protocooperação) com homópteros que sugam a seiva do cacaueiro que por sua vez fornecem excreções açucaradas que servem de alimento às formigas. No cacaual encontramos também formigas benéficas, predadoras de outros insetos e que devem ser preservadas.

Formiga de fogo (Solenopsis sp.) - As formigas pertencentes a este gênero vivem em colônias sob a casca e copa das árvores, cupinzeiros abandonados, madeira em decomposição, no solo e sobre os cacaueiros.

Apesar de benéficas, já que são predadoras de outros insetos, causam prejuízos quando em altas infestações pela criação, proteção e transporte de cochonilhas e pulgões com os quais vive em protocooperação. Estes insetos sugam a seiva do cacaueiro definhando-o e fornecem uma substância açucarada através de suas fezes das quais as formigas se alimentam. As formigas de fogo causam ainda sérios problemas ao homem através de dolorosas ferroadas, dificultando a realização das práticas culturais na lavoura.

Fig. 33 – Lagarta de Euclystes plusioides Fig. 34 – "Ninho" de Cerconota dimorpha Fig. 35 – A broca Cossula nigripennata

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O controle químico somente deve ser realizado quando ocorrerem em altas populações, através da aplicação de inseticidas diretamente nos ninhos, que devem ser revolvidos durante o tratamento. Os seguintes produtos podem ser utilizados: carbaril 5% (Carvin 5 e Sevin 5) ou endosulfan (Thiodan e Malix) ou deltametrina (Decis 25 CE, K-otrine e K-obiol 25 CE).

Formiga saúva (Atta sexdens) – Estas formigas cortam as folhas do cacaueiro, provocando o desfolhamento parcial ou total da planta, podendo levá-la à morte. As saúvas estão entre as pragas mais importantes da agricultura brasileira. O controle deve ser dirigido, visando a destruição do formigueiro onde se encontra a rainha.

As saúvas requerem um processo especializado de controle, necessitando para isso, a observação de diversos detalhes de suma importância como identificação das espécies, cálculo da área do formigueiro, escolha do produto, época de aplicação etc. A escolha do inseticida é feita de acordo com a época do ano e a quantidade a ser aplicada, multiplicando-se a área do formigueiro pela dosagem (Quadro 19).

Quadro 19 – Controle químico das saúvas

Formicida Dosagem (m2) Compasso (m2) Época de aplicação

Granulado sulfluramida (Mirex-S, Mirex Plus,

Fluramin etc.) 6-10g - Seca

Gases liquefeitos brometo de metila (Brometila etc.)

4 ml 5 Chuvosa

Líquidos bifetrin (Bistar)

5 ml 2 Chuvosa

Pós

clorfenvinfos (Birlane 50P) 30 g 3 Seca

Termonebulização

deltametrina TN (Decis Fog etc.) 2,5ml/queros. - Quente

Número de olheiros a serem tratados = área do formigueiro compasso Quantidade de formicida a usar = área do formigueiro x dosagem

Principais Doenças do Cacaueiro e Medidas de Controle

Luís Carlos de Almeida

Vassoura-de-Bruxa (Crinipellis perniciosa)

É a doença mais importante para a cacauicultura brasileira. Esta doença é endêmica na Região Amazônica, seu centro de origem, onde é conhecida há mais de dois séculos incidindo nos cacaueiros nativos semi-cultivados das áreas de várzea e nos cacaueiros e outros hospedeiros nativos dispersos nas matas primárias de terra firme.

O primeiro registro científico desta doença data de 1895 em plantações de cacau do Suriname, onde causou perdas consideráveis na produção daquele país. Em 1918 foi constatada no Equador e posteriormente na Colômbia, Venezuela, Guianas e Ilhas do Caribe produtoras de cacau. Atualmente esta doença encontra-se presente em todos os países produtores de cacau do continente americano. Na Bahia, principal região brasileira produtora de cacau, a vassoura-de-bruxa foi constatada a partir de maio de 1989.

O agente causador da vassoura de bruxa é o fungo basidiomiceto de nome científico Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, anteriormente denominado de Marasmius perniciosa. Este fungo é biotrófico, apresentando duas fases perfeitamente diferenciadas: uma fase parasítica – com micélio grosso sem grampos de conexão, existente nos tecidos verdes infectados, e uma fase saprofítica – com micélio fino e grampos de conexão, existente nos tecidos infectados e necrosados no hospedeiro.

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Além das espécies pertencentes aos gêneros Theobroma e Herrania da família das Sterculiaceas, C. perniciosa tem sido relatado atacando espécies de outras famílias botânicas a exemplo das Bixacea, Solanacea e Malpigiaceae. Porém, maiores impactos econômicos verificam-se nas culturas do cacau (Theobroma cacao) e cupuaçu (Theobroma grandiflorum), por serem as duas espécies mais cultivadas. Este fungo ataca os tecidos meristemáticos do hospedeiro em crescimento, causando os mais variados sintomas a depender do tipo de infecção, natureza, idade e estágio fisiológico do tecido atacado.

Provoca inchações (hipertrofias) dos ramos, acompanhadas de intensa brotação das gemas laterais, cujos sintomas assemelham-se a uma vassoura. Os ramos infectados são, geralmente, de diâmetro maior que os ramos sadios, com entrenós curtos e folhas grandes, curvadas e retorcidas (Figs. 36 e 37). Podem ocorrer também na superfície dos ramos infectados, hipertrofias que posteriormente necrosam e são denominadas ―cancros‖.

As almofadas florais infectadas transformam-se num agrupamento de flores anormais, hipertrofiadas, de pedicelo alongado e inchado, dando origem a frutos partenocárpicos, deformadas que morrem prematuramente (Fig. 38). Nas almofadas florais infectadas podem também desenvolver vassouras semelhantes às que ocorrem nos lançamentos. As flores infectadas após a necrose ficam aderidas ao tronco por algum tempo.

Os frutos infectados exibem vários tipos de sintomas a depender do método de infecção e da idade no momento da infecção. Distinguem-se dois tipos de infecção: indireta, através das flores infectadas; e direta, por esporos através do epicarpo.

A primeira origina frutos globosos, partenocárpicos, denominados ―morangos‖ os quais posteriormente morrem tornam-se negros e endurecidos. Frutos infectados ainda jovens (um a dois meses) adquirem a forma alongada e paralisam seu crescimento com 15 centímetros aproximadamente, e são denominados ―cenouras‖, os quais também morrem e tornam-se negros e endurecidos (Fig. 39).

Frutos infectados em estágios mais desenvolvidos (dois a três meses), apresentam, quando adultos, uma mancha negra, geralmente deprimida e dura, de forma geralmente circular (Fig.

40). Internamente estes frutos apresentam as amêndoas apodrecidas e aderidas entre si (Fig. 41). Frutos infectados na fase adulta (5 a 6 meses), os sintomas ficam limitados à superfície das cascas, não comprometendo as amêndoas.

Na Amazônia brasileira, os maiores impactos econômicos da vassoura-de-bruxa ocorrem nas plantações de cacau e de cupuaçu tecnicamente implantadas nas terras firmes. No caso do cacaueiro, tem sido constatadas perdas de até 90% da produção, em plantações onde as medidas

Fig. 39 – Frutos cenouras

Fig. 40 – Frutos com sintomas externos de

vassoura-de-bruxa

Fig. 41 - Frutos com sintomas internos de

vassoura-de-bruxa

Fig. 36 – Vassoura de ramo (verde)

Fig. 37 – Vassoura de ramo (seca)

Fig. 38 – Vassouras de

almofadas

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C

de controle não são realizadas de forma sistemática todos os anos. Em tal situação, a viabilidade econômica da cultura pode ser agravada pelos efeitos indiretos da doença, a redução da área foliar e a danificação das almofadas florais, causando, desestímulo e em casos mais graves o abandono das plantações.

Embora nos últimos anos tenha havido avanços dos conhecimentos sobre a biologia deste fungo, ainda não é conhecida a sua forma assexual, bem como o papel desempenhado pelas várias estruturas já verificadas ―in vitro‖ no seu ciclo de vida (Fig. 42). Até o presente, a única forma infectiva conhecida que ocorre no campo é o basidiosporo que é disseminado pelo vento e, em menor escala, pelas chuvas.

Ciclo de vida do Crinipellis perniciosa

A doença é o resultado da interação entre o patógeno, o hospedeiro e o ambiente. No caso

do cacaueiro x C. perniciosa, o diagrama abaixo mostra com detalhes as várias fases do desenvolvimento da vassoura-de-bruxa (Fig43).

O controle da vassoura-de-bruxa faz parte de uma série de práticas normais das roças cacaueiras, práticas estas que constitui o ―manejo integrado da lavoura‖ que reúne de forma compatível, as práticas agrícolas necessárias para a recuperação e manutenção dos cacauais. Este sistema integrado de práticas (tratos fitossanitários e culturais), com ênfase para o controle da

Fig. 42 – A- Basidiocarpo em fase de liberação dos basidiosporos;

B- Basidiosporo em fase de germinação;

C- Micélio primário (parasitivo) em crescimento;

D- Micélio secundário (saprofítico), mostrando o grampo conexão.

Fig. 43 – Ciclo da doença como resultado da interação hospedeiro-

patógeno do Crinipellis perniciosa

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vassoura-de-bruxa de forma sistematizada, possibilita a convivência em bases econômicas da cacauicultura com esta doença, promovendo o aumento da produtividade com a conseqüente melhoria da renda da propriedade cacaueira.

A poda normal do cacaueiro é prática realizada todos os anos e consiste na eliminação de galhos indesejáveis, promovendo o raleamento e rebaixamento de copas compactadas. Em regiões de alta incidência de vassoura-de-bruxa, a ―poda fitossanitária‖ é realizada em conjunto com a poda normal do cacaueiro. Esta prática consiste na remoção das vassouras, almofadas florais infectadas e frutos infectados, além da eliminação dos ramos com intenso ataque da doença.

A drasticidade da poda fitossanitária depende da severidade da doença. Em plantações onde a remoção das vassouras é feita desde o início do plantio e durante todos os anos, o nível da doença permanece baixo, não havendo necessidade de podas drásticas. Porém, em plantações com manejo deficiente e ou abandonadas por vários anos, o nível de incidência é elevado e neste caso há necessidade de podas severas, o que causa um efeito depressivo na produção nos dois primeiros anos após a poda de recuperação.

Na nossa região, o período mais adequado para a realização da poda fitossanitária é durante os meses de Agosto e Setembro, ocasião em que são removidas as vassouras verdes e secas, os frutos doentes e mumificados e os ramos intensamente atacados. As vassouras de almofadas devem ser removidas com um pouco da casca do cacaueiro, tendo-se o cuidado de não atingir o lenho (Fig. 44). As vassouras vegetativas ou de ramas, devem ser removidas através de corte na distância de 25cm (cerca de um palmo) do ponto de infecção.

Todo o material infectado removido deve permanecer no solo dentro das plantações, após serem picotados para permitir o acamamento na liteira, possibilitando a degradação mais rápida pelos microorganismos do solo.

Repasse – Esta prática é efetuada durante os meses de Novembro ou Dezembro, para a retirada de vassouras que escaparam à atenção do trabalhador por ocasião da remoção principal ou novas vassouras que apareceram após as brotações do cacaueiro devido as primeiras chuvas do período.

A aplicação de fungicidas não deve ser uma prática isolada, mas uma prática complementar à poda fitossanitária, pois além de ajudar no controle da vassoura-de-bruxa, controla outras doenças, a exemplo da podridão parda, além de combater o limo que, no período chuvoso cresce na superfície do tronco do cacaueiro prejudicando a emissão de flores e causando queda da produção.

Recomenda-se realizar cinco pulverizações anuais na época de floração e bilração, nos meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março e Abril. O fungicida recomendado é o Cobre sandoz (óxido cuproso a 50% de ingrediente ativo), na dosagem de 6 kg do produto comercial por hectare, em cada aplicação. Deve-se adicionar um adesivo espalhante na dosagem de 1ml por litro de calda.

A necessidade de aplicar fungicidas não é a mesma para todas as plantações de cacau. Em geral, plantações bem manejadas onde o controle da vassoura-de-bruxa é feito sistematicamente todos os anos, as condições fitossanitárias são boas, dispensando a aplicação de fungicidas.

A severidade da vassoura-de-bruxa nas propriedades cacaueiras é resultado direto do manejo aplicado pelos produtores às plantações. Como esta prática não ocorre de forma igual, diferentes situações são encontradas em campo, exigindo do extensionista conhecimento e experiência para intervir de forma correta na estratégia a ser adotada pelo produtor no controle da doença.

Produtividades maiores poderão ser obtidas em prazos mais longos (acima de três anos), desde que o produtor substitua as plantas mais suscetíveis e menos produtivas por material genético de melhor qualidade, isto é, por plantas mais resistentes e mais produtivas.

Fig. 44 - Remoção de almofada floral infectada de

vassoura-de-bruxa

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Fig. 45 – Frutos atacados de

podridão parda.

Resultados obtidos na recuperação de roças cacaueiras com alta incidência de vassoura-de-bruxa em Rondônia, mostram que após o terceiro ano de aplicação do ―manejo integrado‖ podem ser obtidas produções de 800 a 1.000 kg/ha, e em casos isolados até 1.500 kg/ha. O Quadro a seguir demonstra os custos de controle da vassoura-de-bruxa.

Quadro 20 – Custos do Controle da Vassoura-de-Bruxa (1 hectare)

Práticas Ano I Ano II

Jornadas Valor (R$) Jornadas Valor (R$)

Remoção 26 182,00 20 140,00

Repasse 4 28,00 4 28,00

Aplicação de fungicidas 15 105,00 15 105,00

Insumos Quantidade Valor(R$) Quantidade Valor (R$)

Fungicida 30 kg 195,00 30 kg 195,00

Gasolina 60 l 50,50 60 l 50,50

Óleo 2T 3 l 18,00 3 l 18,00

Podão 3 unid 6,00 3 unid 6,00

Facão 2 unid 12,00 2 unid 12,00

Total - 596,50 - 594,50

Fonte: Relatório de avaliação das Unidades de Observação da Cacauicultura de Rondônia. CEPLAC/SUPOC, 1997

Preços utilizados: Mão-de-Obra: R$7,00/jornada Fungicida: R$ 6,50/kg Podão: R$ 2,00/unid

Gasolina: R$0,84/litro Óleo 2 T: R$6,00/litro Facão: R$ 6,00/unid

Podridão parda (Phytophthora palmivora)

Esta doença é de ocorrência generalizada em todos os continentes produtores de cacau, causando perdas da produção mundial em torno de 10%. É causada por fungos do gênero Phytophthora da Classe dos Omicetos, com várias espécies. No Brasil, na principal região produtora de cacau, o Sudeste da Bahia, a podridão parda foi por vários anos atribuída à espécie Phytophthora palmivora, porém, posteriormente descobriu-se que Phytophthora capsici é o principal agente causador dessa enfermidade naquela região, causando perdas elevadas da produção nos anos favoráveis ao desenvolvimento de epidemias.

Na Amazônia brasileira, estudos realizados em plantações de cacau estabelecidas nas terras firmes, mostram que Phytophthora palmivora é o principal agente causador da doença, cujas perdas da produção variam de região para região. No Estado do Pará, em plantações de cacau das regiões da Transamazônica, Tomé-Açu, Belém, além de outras, foram constatadas perdas em torno de 30 a 40% da produção , contrariamente ao verificado nas plantações do Estado de Rondônia, onde as perdas têm sido insignificantes.

O fungo pode ser encontrado em qualquer parte do cacaual: no solo, no casqueiro, e em qualquer parte da árvore infectada, sendo o inóculo disseminado pela chuva, insetos, ventos e pelo homem.

Sintomas

Nos frutos - a infecção pode ocorrer em qualquer estágio de desenvolvimento e em qualquer parte da superfície. O primeiro sintoma pode ser visto 30 horas após a infecção, caracterizando-se pela presença de pequenas manchas escurecidas na superfície da casca (Fig. 45). Se a umidade é alta, a lesão expande e produz esporângios esbranquiçados na superfície. Em frutos novos (bilros) os sintomas comuns são: manchas e enrugamento e posterior escurecimento, podendo ser facilmente

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confundido com murcha fisiológica. Quando frutos já desenvolvidos são infectados, as amêndoas podem ser parcialmente ou totalmente aproveitadas.

No tronco – A doença se desenvolve no tronco como resultado da disseminação do micélio do fungo a partir de frutos infectados, atingindo o pedúnculo e interior das almofadas, onde por meio de ferimentos da casca pode atingir o câmbio.

Em plantações mal manejadas e com alta incidência de podridão parda é comum a ocorrência no tronco de manchas escurecidas de forma geralmente arredondadas na superfície da casca, sintomas do cancro (Fig. 46).

Em estágio mais avançado, o cancro caracteriza-se pela exudação de fluido avermelhado através da casca. Ao remover a casca constata-se o tecido infectado apresentando uma coloração marrom. Às vezes esta infecção aprofunda-se no lenho, podendo matar a planta.

Nas mudas em viveiros - Em viveiros, durante o período chuvoso, é comum o aparecimento de mudas de cacau apresentando queima das folhas seguido de tombamento e morte das plântulas, sintomas estes característicos do ataque de Phytophthora sp.

Controle

No campo: são recomendadas práticas culturais e aplicação de fungicidas cúpricos.

Práticas culturais: remoção de todos os frutos infectados existentes nas árvores, fazendo-se amontoa dos mesmos, prática esta realizada nos meses de Setembro ou Outubro, na época da poda fitossanitária para o controle da vassoura-de-bruxa e no período de máxima frutificação, meses de Janeiro a Maio, deve-se fazer a colheita dos frutos infectados, para evitar a contaminação dos demais frutos.

Caso haja excesso de umidade e excesso de sombra na plantação, deve-se fazer drenagem e raleamento das árvores de sombra, criando condições desfavoráveis para o desenvolvimento da doença.

Aplicação de fungicidas – Recomenda-se quatro pulverizações mensais nos meses de maior frutificação, meses de Janeiro, Fevereiro, Março e Abril, com fungicidas cúpricos (Cobre Sandoz a 50% de ingrediente ativo), na dosagem de 400 gramas do produto para 10 litros de água. No caso das plantações da Amazônia, não há necessidade de realizar esta prática, uma vez que o controle químico realizado para o controle da vassoura-de-bruxa, serve também para controlar a podridão parda.

Outras Doenças

Antracnose – De pouca importância na região, esta doença é provocada pelo fungo, Colletotrichum gloeosporioides, que se manifestam nas folhas, ramos e frutos. As folhas novas são as mais suscetíveis ao ataque, nas quais provoca o aparecimento de manchas escuras, necróticas, com mais freqüência no ápice e nas bordas do limbo. É comum observar-se o enrolamento do ápice e das margens afetadas. Com o desenvolvimento da doença pode ocorrer a queda das folhas e morte regressiva dos ramos.

Nos frutos adultos a doença é de pouca importância econômica, havendo maiores danos em condições de viveiro com umidade excessiva, onde o controle da incidência nas mudas é feito através de pulverizações quinzenais com Dithane M-45 ou Fungineb 80 S (40 gramas do produto para 10 litros de água mais 10ml de adesivo).

Fig. 46 - Câncro provocado pelo ataque

de Phytophthora spp.

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Mal Rosado – Doença provocada pelo fungo Corticium salmonicolor, ataca com maior freqüência os galhos finos e a forquilha das plantas novas em condições de campo. No início do ataque, observa-se na superfície do galho afetado, o micélio na forma de pontuações brancas que posteriormente adquire cor rosada. Nas folhas observa-se o amarelecimento precoce seguido de morte do ramo afetado.

A esporulação do fungo ocorre durante a noite, favorecida pelas condições de umidade elevada, sendo os esporos rapidamente disseminados pelo vento. Tem-se verificado maior incidência nos meses mais chuvosos em áreas bastante sombreadas.

Para o controle desta enfermidade recomenda-se pulverizações quinzenais com Dithane M-45 ou Fungineb 80 S (200 gramas do produto para 10 litros de água, mais 10 ml de adesivo). Após a primeira pulverização remover os galhos afetados com um corte a 30 cm abaixo do ponto de infecção na forquilha. A seguir fazer a raspagem dos tecidos lesionados e, em seguida, pincelar a parte afetada com Dithane M-45 a 50% (500 gramas do produto para 10 litros de água).

Precauções Gerais no Uso de Agrotóxicos

Paulo Júlio da Silva Neto Antonio Carlos de Souza Martins

A utilização de agrotóxicos é normatizada pela Lei Federal Nº 7.802, de 11 de Julho de 1989 e regulamentada pelo Decreto Federal 98.816, de 11 de Janeiro de 1990.

Dentre os vários aspectos existentes na Lei Federal, enfocam-se padronizações e rotulagem que orientam o uso seguro e adequado dos produtos pelos agricultores. A classificação toxicológica, que é a identificação do risco oferecido pelo uso de substâncias químicas, processos físicos ou biológicos, fornece informações a respeito da forma correta de seu emprego, bem como as medidas preventivas e curativas para os casos de uso indevido e conseqüente intoxicação.

Um critério de segurança a ser seguido é a preferência por produtos com menor toxidez. Os produtos fitossanitários (herbicida, fungicida, inseticida, nematicida etc.) encontram-se no mercado identificados por quatro classes toxicológicas, que se referem à toxicidade do produto para o homem e ambiente, e não para a praga, doença ou planta daninha. Na maioria dos casos é possível selecionar produtos que sejam menos tóxicos ao homem, mas que mantenham o seu poder de controle sobre o problema fitossanitário.

São as seguintes as classes toxicológicas:

CLASSE I Extremamente Tóxicos Faixa Vermelha

CLASSE II Altamente Tóxicos Faixa Amarela

CLASSE III Medianamente Tóxica Faixa Azul

CLASSE IV Pouco Tóxica Faixa Verde

Todos os defensivos agrícolas têm seus usos devidamente registrados pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento e aprovados pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Além dessas exigências, também são obrigados a fornecer informações quanto às culturas a serem protegidas, bem como aos cuidados a serem observados na proteção da saúde dos aplicadores e na preservação do meio ambiente, ou seja, os rótulos, as bulas e os folhetos complementares dos agrotóxicos devem conter todas as instruções de uso devidamente aprovadas, conforme determina a legislação.

Porém, o grande problema dos agrotóxicos no Brasil está na sua utilização. Desta forma, de nada adiantam um registro perfeito, estudos toxicológicos e de resíduos, se no momento da aplicação não são obedecidas as prescrições necessárias e obrigatórias, sem as quais todo aquele esforço inicial deixa de ter sentido.

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Outro fator a ser considerado refere-se ao fato de que, apesar de ser comum entre os agricultores, as misturas de tanque de produtos fitossanitários, não devem ser recomendadas, haja vista se desconhecer as características toxicológicas das misturas.

É importante lembrar que o agricultor lida com diversos produtos químicos: solventes, tintas, lubrificantes, produtos para limpeza e desinfecção de estábulos, produtos de uso zoo e fitossanitários, e que em todos os casos há um risco potencial de intoxicação.

Assim sendo, não se pode aceitar que um trabalhador use produtos potencialmente perigosos sem que antes passe por um treinamento sob orientação de um técnico habilitado, com o objetivo de adquirir conhecimentos relativos ao produto, aos equipamentos de aplicação, ao uso de roupas de proteção, aos cuidados com as pessoas e ao meio ambiente.

Durante o seu trabalho, o aplicador se depara com situações diferentes, e precisa estar preparado para conhecer cada etapa desse trabalho. Deverá, portanto, ter conhecimento sobre preparo da calda, aplicação do produto no campo, transporte e armazenamento de produtos, além de cuidados com relação ao intervalo de segurança e reentrada na área tratada.

A proteção ao aplicador através do uso de vestimenta apropriada, parte da premissa de que um produto somente poderá manifestar qualquer ação tóxica, se conseguir penetrar no organismo do trabalhador. A função da roupa protetora, portanto, é a de impedir a penetração do produto.

São três as vias de entrada de produtos químicos no organismo humano:

a) cutânea – (dérmica) – absorção do produto através da pele, sendo que neste caso a penetração poderá ser facilitada pela presença de cortes ou abrasões nela existentes. É a via mais importante de penetração. Pesquisas realizadas têm indicado que aproximadamente 97% dos casos de intoxicação são devidos a penetração do produto pela via cutânea, principalmente nos casos de pulverização;

b) respiratória – é a segunda em ordem de importância. Em todas as aplicações em que se tem o produto sob a forma de gás ou vapor, ou quando se tem partículas líquidas e sólidas em suspensão no ar, há a probabilidade de penetração do produto pela via respiratória; e,

c) digestiva – é a que menos perigo oferece ao aplicador. A contaminação só ocorre quando o trabalhador ingere alimentos contaminados com produtos químicos, ou quando come ou fuma com as mãos contaminadas.

Feitas as considerações acima, é necessário analisar, para cada via de penetração, que tipo de equipamento de proteção individual (EPI) deverá ser usado.

No trabalho com equipamento costal, não só as pernas do trabalhador ficam molhadas, pelo fato dele caminhar entre as linhas tratadas, bem como as costas, devido a possíveis vazamentos na tampa. Por outro lado, devido ao vazamento que poderá ocorrer na válvula que libera o jato do produto, as mãos também ficam sujeitas ao contato com agrotóxicos.

Assim, estas partes do corpo deverão receber proteção especial. A mesma cultura sendo pulverizada com equipamento tratorizado, fará com que o tratorista (que é o aplicador), tenha uma exposição diferente, o que já evidencia que as roupas dos dois trabalhadores deverão ser diferentes. Se a aplicação dessa mesma cultura for por via aérea, não só a exposição do piloto como a dos ―bandeirinhas‖ serão diferentes.

Dentro dessa linha de raciocínio, há neste exemplo quatro tipos de exposição, e neste caso é necessário que cada um desses trabalhadores se proteja de maneira diferente.

Considerando que a proteção só é necessária desde que haja exposição, haverá situações em que o trabalhador aplica produtos de Classe I – Extremamente Tóxicos, sem necessitar de proteção alguma. Exemplos desse caso são aplicações de herbicidas com barras protegidas com ―saias‖ para evitar a deriva, ou nos equipamentos que aplicam granulados no solo. Nesse caso o equipamento abre um sulco no solo, injeta o produto, e cobre o sulco com terra. O tratorista, que no caso é o

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aplicador do produto, não tem nenhum contato com o produto, e portanto não necessita de roupa protetora.

Dentro desta análise, o único equipamento de proteção individual a ser recomendado a um trabalhador que usa gás (brometo de metila) será o protetor respiratório (máscara), assim como o aplicador de iscas granuladas deverá apenas usar luvas, uma vez que as outras partes do corpo não estarão expostas ao produto.

Quanto maior a diluição usada, menor será o risco de intoxicação. O momento crítico em termos de risco é o preparo da ―calda‖. Nesta situação o produto está puro, com alta concentração, além de estar veiculado na maioria das vezes em solventes que facilitam a penetração do ativo na pele do trabalhador. Como as situações de exposição ao produto são diferentes, a vestimenta protetora para as operações de preparo de calda e enchimento de tanque deverá ser diferente daquela recomendada para a aplicação do produto no campo.

Para cada tipo de operação executada pelo agricultor, haverá um tipo de exposição diferente. Assim, nas operações de transporte, armazenamento, enchimento de tanques, aplicação propriamente dita, lavagem do tanque, lavagem das embalagens vazias, descarte de embalagens, partes diferentes do corpo do trabalhador são expostas, o que faz com que se devam recomendar as vestimentas protetoras de acordo com a avaliação da exposição a ser feita no momento da operação.

Em resumo são os seguintes os equipamentos de proteção individual (EPI) a serem utilizados pelo trabalhador :

a) no preparo da calda e enchimento do tanque: boné ou chapéu; viseira de acetato para proteção do rosto e principalmente dos olhos; luvas de nitrila ou neoprene; roupas de algodão (calças compridas e camisas de mangas compridas); botas de borracha e avental impermeável; e,

b) na aplicação do produto:

b1-) com equipamento costal ou operador de equipamento tratorizado que não seja o tratorista: roupas de manga comprida e calças compridas; luvas; chapéu; botas de borracha; folha de plástico para proteger os ombros e as costas do trabalhador para prevenir possíveis vazamentos da tampa do tanque do pulverizador costal;

b2-) com equipamento tratorizado – (tratorista): camisa de manga comprida e calças compridas; botas; boné ou chapéu comum de palha; as luvas devem ser usadas no enchimento do tanque e na regulagem de vazão e desentupimento de bicos; e,

b3-) Na aplicação de gases ou fumigação: máscara (protetor respiratório) com filtro específico, de acordo com a recomendação do fabricante; roupas bastante ventiladas.

O uso correto e seguro dos agrotóxicos devem objetivar melhores resultados econômicos da atividade agrícola e, ao mesmo tempo, evitar problemas de intoxicação de pessoas ou animais, de poluição ambiental e de contaminação de alimentos com resíduos acima dos limites permitidos. Assim, as pessoas que manipulam com produtos tóxicos devem tomar uma série de precauções no sentido de evitar sérios riscos a sua saúde e graves danos ao meio ambiente. As recomendações mais importantes são:

Ler e entender as instruções do rótulo antes de abrir a embalagem. Se outras pessoas vão estar em contato com o produto durante sua utilização, alertá-los no sentido de tomarem conhecimento das precauções a serem adotadas;

Seguir rigorosamente as instruções e as indicações dos rótulos e bulas dos produtos;

Procurar manipular os produtos sempre ao ar livre;

Guardar os produtos nas embalagens originais em locais separados de alimentos, longe do alcance de crianças e animais domésticos;

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Em dias de ventos fortes, não realizar pulverizações porque ocorrerá muita deriva, tornando a aplicação antieconômica;

Usar sempre água limpa para o preparo das soluções;

Procurar não se alimentar, tomar líquidos ou fumar durante os trabalhos, evitando-se na medida do possível, todo contato direto com o produto;

Lavar as mãos ou parte do corpo com sabão e bastante água sempre que, acidentalmente, entrar em contato com o produto;

Usar o equipamento de proteção individual (EPI) de acordo com as recomendações;

Nunca usar a boca para proceder o desentupimento de bicos, mangueiras, válvulas e barras do aparelho;

Durante a aplicação, evitar que os operários trabalhem muito juntos;

Evitar a aproximação de crianças ou outras pessoas e animais domésticos durante as aplicações;

Conservar o produto sempre em sua embalagem original a qual, deve estar com a etiqueta legível;

Evitar a contaminação de rios, lagos e mananciais ao aplicar o produto ou descartar os excedentes da aplicação;

Nunca armazenar os produtos em garrafas de refrigerantes, cervejas, pinga etc;

Imediatamente após o esvaziamento das embalagens, faça a tríplice lavagem, lavando-as internamente, por três vezes consecutivas, vertendo a água da lavagem no tanque do pulverizador; e,

Após o término do trabalho com aplicação de agrotóxicos, retire a roupa, tome banho, e vista roupa limpa. Lave as roupas utilizadas separadamente.

A tríplice lavagem de embalagens de produtos fitossanitários deve ser realizada durante a operação de preparo da calda, na ocasião em que o conteúdo da embalagem é totalmente despejado no tanque do pulverizador. Embora pareça óbvio, é importante salientar a importância de se realizar a tríplice lavagem imediatamente após o esgotamento do produto contido na embalagem para facilitar a remoção, aproveitar ao máximo o conteúdo líquido e evitar que o produto resseque e fique aderido nas paredes da embalagem, dificultando o processo de remoção dos resíduos internos.

Também é importante destacar que, para permitir uma boa lavagem, a embalagem deve ser preenchida com água até atingir ¼ de sua capacidade, devendo ser novamente fechada, agitada por alguns segundos e, na seqüência, a calda resultante deverá ser despejada no tanque do pulverizador. Outro aspecto a ser observado, é que tal operação deverá ser repetida três vezes.

Além dessas providências, é imprescindível que se tenha em mente, que após a tríplice

lavagem, a embalagem deverá ser perfurada e inutilizada, para garantir que não será reutilizada para transportar água ou outras finalidades. Quando as embalagens de agrotóxicos são descartadas com a tríplice lavagem, os riscos de contaminação tornam-se bastantes reduzidos. Primeiros socorros:

O pronto atendimento a uma pessoa intoxicada é fundamental para preservar a vida, e deve ser realizado ainda no campo se não houver recurso médico imediato. Os primeiros socorros são os seguintes:

1- retirar o paciente do local de trabalho;

2- Se a contaminação for por contato, tirar a roupa contaminada e lavar imediatamente as partes contaminadas do corpo com água fria e sabão. De preferência, tomar banho completo;

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3- Contaminação dos olhos – lavar com água limpa e corrente por 10 a 15 minutos;

4- Ingestão – se o tóxico for ingerido, provocar vômito desde que recomendado no rótulo da embalagem; e,

5- Ingerir grande quantidade de água é geralmente benéfico para diluir o produto, facilitando a eliminação. Não deve ser administrado leite ou produtos alcoólicos. Nunca provocar vômito em pessoas inconscientes, semiconscientes ou em convulsão.

Mesmo que tenha tomado as primeiras medidas de socorro, deve-se buscar imediatamente o atendimento médico.

Sempre que possível, levar junto o rótulo do produto contendo nome, o ingrediente ativo, grupo químico e concentração.

O CACAUEIRO NOS ECOSSISTEMAS DAS VÁRZEAS DOS ESTADOS DO PARÁ E AMAZONAS

Luís Carlos de Almeida Aureliano Tavares de Góes Filho Antonio Carlos de Souza Martins

As áreas de várzeas são planas e caracterizam-se por permanecer temporária ou permanentemente inundadas, pelos rios ricos em sedimentos organo-minerais, porém, sem interferência de água salina. Geralmente são solos férteis devido a esta constante deposição de matéria orgânica e nutrientes.

Os Campos Equatoriais Higrófilos representam grande parte da área. Apresentam uma fisionomia campestre uniforme, caracterizada por solo com problemas de hidromorfismo, onde o alagamento periódico seleciona as espécies ecologicamente adaptadas, tais como: canarana (Panicum spp), aturiá (Machaerium lunatus), capim de marreca (Paratheria prostata), junco (Cyperus giganteus). Nas áreas mais altas (tesos), a vegetação é arbustiva, indicando melhor drenagem, onde se encontra o babaçu (Orbignya martiniana), em meio a vegetação arbustiva.

Nas áreas de várzea predominam os Gleissolos (Glei Pouco Húmico), que são solos hidromórficos, pouco evoluídos, mediamente profundos, poucos porosos, extremamente a fortemente ácidos, originados de sedimentos recentes pertencentes ao Quaternário. São desenvolvidos sob grande influência do lençol freático próximo a superfície pelo menos em certas épocas do ano. Apresentam cores acinzentadas e neutras subsuperficialmente, possuindo seqüência de horizontes do tipo A e Cg ou A, Bg e Cg.

Apresentam grande variação em decorrência da natureza do material de que são originados, podendo por conseguinte, apresentarem textura argilosa, muito argilosa, com elevada ou baixa saturação de bases e elevada ou baixa saturação com alumínio.

Ocorrem na paisagem fisiográfica denominada Planície fluvio-marinha, pertencente ao Quaternário, sob vegetação campestre, floresta equatorial perenifólia de várzea, normalmente associados aos Plintossolos, solos Aluviais ou solos Salinos.

Os solos Glei Pouco Húmico apresentam-se como álicos ou eutróficos com minerais de argila de atividade baixa e alta, o que demonstra uma correlação das características físico-químicas com a natureza dos sedimentos que dão origem a esses solos.

Os Gleissolos Álicos com argila de atividade baixa, são de baixa fertilidade natural com pH variando de 3,9 a 4,7 até a profundidade de 40cm com média de pH = 4,3, valores esses considerados extremamente ácidos a fortemente ácidos.

Os valores de soma de bases e saturação de bases trocáveis são muito baixos o que denota uma carência muito grande de nutrientes às culturas. O teor de fósforo também é muito baixo, limitando, ainda mais, o desenvolvimento das plantas.

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O conteúdo de matéria orgânica desse solo é muito alto, variando de 24,6 a 99,4% na camada de 40cm com média de 62%, sendo responsável pela manutenção da nutrição das plantas cultivadas nessas áreas. Este fato ocorre pela deposição de sedimentos que anualmente ocorre por ocasião das enchentes e marés.

A textura desse solo é dominantemente muito argilosa, embora superficialmente, até a profundidade de 15cm, apresenta textura média. Esses solos ocorrem na Planície Fluvial e em menor proporção nas margens dos rios que se encontram no interior do Município de Cametá.

Já no tocante aos Glei Pouco Húmico eutróficos, trata-se de solos férteis, com alta saturação de bases trocáveis, decorrentes dos valores médios de cálcio e altos de magnésio, porém os valores de potássio são baixos, demonstrando que apesar de serem eutróficos necessitam de complementação desse elemento. O mesmo acontece com o teor de fósforo que é muito baixo, necessitando, por conseguinte, de adubação fosfatada para promover o crescimento e produtividade das culturas.

A atividade alta dos minerais de argila é a principal diferença entre esses solos, sendo responsável pela constante liberação de nutrientes às plantas. Dentro dessas características, estão enquadrados os ecossistemas das várzeas da Microrregião de Cametá – Baixo Tocantins e do Estado do Amazonas.

A Microrregião de Cametá que compreende os Municípios de Abaetetuba, Baião, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba e Oeiras do Pará se constitui em uma das mais tradicionais zonas produtoras de cacau da Amazônia, com maior destaque para os Municípios de Cametá e Mocajuba.

Os trabalhos da CEPLAC na Região foram iniciados a partir de 1969 através de um acordo de colaboração técnica celebrado entre a CEPLAC e o Governo do Estado do Pará. No decorrer de 1970 a CEPLAC deu início as atividades de assistência técnica aos produtores da Região, com o propósito de capacitá-los a práticas de manejo visando incrementar o aumento de produtividade dos cacauais.

Inicialmente foi priorizado um programa de implantação de cacaueiros híbridos nas várzeas, pois, segundo as observações e considerações dos técnicos responsáveis pela implementação do programa à época, as cheias eram de menor proporção e aconteciam em períodos espaçados, aspectos estes, considerados como não impeditivos a implantação e exploração das lavouras com cacaueiros.

Porém, a partir de 1974 as grandes cheias do Rio Tocantins se registraram com maior freqüência, e com isso, passaram a comprometer de forma significativa a atividade, haja vista que tais fatos, contribuíram de forma direta para o fenecimento de um elevado número de cacaueiros, notadamente os híbridos plantados até 1974. Por conta desses acontecimentos, o programa do plantio em várzeas sofreu um processo de estancamento. De certa forma, podemos dizer que, somente a partir de 1984, com o funcionamento da Hidrelétrica de Tucuruí, a cacauicultura tradicional começou a experimentar um novo alento, com evidência do efeito da barragem no controle das cheias do Tocantins.

Nas várzeas da Microrregião de Cametá observa-se que a exploração do cacaueiro está inserida de forma muito intensiva na cultura e economia do homem da região, pois, não obstante a maioria das áreas com cacauais apresentar tamanho inferior a 10 hectares, a renda auferida com a exploração desse produto, contribui com cerca de 70% na composição da renda familiar dos agricultores. Além disso, embora outras atividades também contribuam para a formação da renda familiar das populações ribeirinhas, entre as quais: a exploração do açaí, da seringueira, a coleta de sementes de andiroba e ucuuba, à exceção do açaí, as demais vêm perdendo importância comercial devido o processo de exploração continuar eminentemente extrativo.

De acordo com informações fornecidas pelo Setor de Extensão Rural da CEPLAC/SUPOR, estima-se em 7.160 hectares a área com cacau na Microrregião Cametá, sendo a quase totalidade constituída por material nativo da região. O Município de Cametá destaca-se entre os demais com

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uma área de aproximadamente 5.500 hectares e, constitui-se assim, no centro de produção e comercialização do produto no âmbito dessa Microrregião.

Entretanto, nessas áreas de várzeas, por serem constituídas de cacaueiros nativos, são geralmente de idade desconhecida, apresentam baixo nível de manejo, possuindo uma densidade média que varia de 200 a 400 touceiras por hectare, com elevado número de troncos/touceiras e apresentam baixa produtividade (cerca de 150 a 200 kg/ha). Salvo algumas situações isoladas, persiste o processo de exploração em que o produtor apenas colhe os frutos, não dispensando nenhum trato cultural às plantações.

Preocupada com essa conjuntura, e compromissada em alcançar uma produtividade capaz de elevar o nível de renda do produtor tradicional e, conseqüentemente, melhorar o seu padrão de vida, a CEPLAC, com base em observações e na experiência adquirida ao longo desses anos, vem orientando os agricultores em alguns aspectos concernentes ao manejo de cacauais, haja vista que em algumas áreas sob manejo intensivo existem resultados que dão conta de lavoura que se encontra com produtividade de 400 kg/ha, apresentando bom aspecto vegetativo e fitossanitário.

Nesse sentido, os agricultores estão sendo orientados a renovar e implantar novos cacaueiros, a partir de sementes que embora sejam originárias de material nativo, são previamente selecionadas, levando em consideração características interessantes dos materiais, tais como: produção, vigor, resistência à vassoura-de-bruxa e pragas, boa conformidade arquitetônica etc.

Além disso, os agricultores também estão sendo orientados para a importância de efetuarem as seguintes práticas de manejo: remoção de vassoura-de-bruxa, roçagem, escoramento dos cacaueiros, desbaste de touceiras de cacaueiros, a autorenovação a partir de brotos surgidos em plantas decadentes, o adensamento via plantio de mudas de cacaueiros nos espaços entre as velhas, bem como, o raleamento de sombra através do desbaste de plantas componentes do revestimento florístico da área.

Já no que concerne a exploração do cacaueiro no ecossistema das várzeas do Estado do Amazonas, onde tal planta também se encontra em condições naturais de consórcio com várias espécies vegetais e cuja exploração também sempre foi uma tradicional fonte de renda complementar para as populações ribeirinhas, podemos destacar que, nessa região, a CEPLAC já desenvolve um trabalho bem mais sistematizado, com aplicação de técnicas simples, as quais constituem "o manejo

integrado do cacaueiro no ecossistema das várzeas do Estado do Amazonas".

O manejo integrado tem início no mês de Setembro logo após a descida das águas, quando são realizadas as práticas seguintes:

Roçagem: para facilitar a penetração na área e possibilitar a realização das demais práticas;

Controle da Vassoura-de-Bruxa; consiste na remoção das vassouras da copa (geralmente em pequena quantidade), vassouras de almofadas e dos frutos doentes presos às arvores, cujos materiais removidos podem permanecer na superfície do solo dentro das plantações;

Controle da Podridão Parda: realizar colheitas freqüentes (15 em 15 dias) no período de máxima frutificação, meses de Abril a Junho;;

Desbaste de touceiras: é grande a variação do número de chupões e troncos nas touceiras e para a realização dessa prática deve-se, além da eliminação dos chupões, observar os aspectos seguintes: não há uma quantidade definida do número de troncos/touceira, assim, o desbaste deve levar em consideração o equilíbrio da touceira e a não abertura de buracos na copa das plantas, pois isto permitiria maior penetração de luz e aumentar a incidência de vassouras;

Raleamento de sombra: os cuidados para realização desta prática são os mesmos anteriormente citados, ou seja, luz em excesso eleva a brotação do cacaueiro colocando maior quantidade de tecidos suscetíveis para o fungo causador da vassoura-de-bruxa.

Para melhor entendimento, o Quadro 21 demonstra o manejo integrado com as referidas práticas e épocas de realização.

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Quadro 21. Manejo integrado do cacaueiro no ecossistema das várzeas do Estado do Amazonas.

Práticas Épocas de realização

J F M A M J J A S O N D

Roçagem X

Controle da Vassoura-de-Bruxa X

Controle da Podridão Parda X

Desbaste de touceiras X

Raleamento de sombra X

Colheitas X X X

BENEFICIAMENTO DO CACAU

Jefferson Carlos Dias

O processo do beneficiamento primário do cacau visa a obtenção de um produto comercial de qualidade (Tipo I – Amazônia) constituído de amêndoas fermentadas, secas, com o máximo de 8% (oito por cento) de umidade, com aroma natural, não contaminadas por odores estranhos e livre de matérias estranhas, admitindo-se a tolerância de alguns defeitos.

O beneficiamento é executado em quatro etapas distintas: colheita, quebra, fermentação e secagem.

a) colheita

É a fase inicial do beneficiamento e deve ser planejada para colher exclusivamente frutos maduros, pois somente estes possuem açúcar em quantidade adequada para que se consiga uma boa fermentação; evitar a colheita dos frutos verdes ou verdoengos, e de frutos excessivamente maduros.

As amêndoas de frutos verdoengos não fermentam satisfatoriamente, devido a falta de açúcares, ficando os cotilédones compactos, de cor violácea, provocando o defeito ―amêndoas violetas‖ que apresentam um grave defeito devido ao sabor amargo, adstringente e elevada acidez.

As amêndoas de frutos sobre-maduros não fermentam convenientemente, perdem aroma e gosto e possibilita o aparecimento de amêndoas germinadas que é um defeito que desclassifica o cacau para exportação.

O instrumento utilizado na colheita é o podão, que possui duas superfícies cortantes as quais permitem ao operário proceder o corte no pedúnculo do fruto, evitando causar ferimento na almofada floral e nos galhos do tronco da planta.

Nos meses de Junho a Agosto, épocas de maior concentração de frutos no ano, a colheita numa mesma roça de cacau deverá ser repetida no máximo a cada três semanas.

Durante a colheita, como medida profilática, pode se retirar da árvore, os frutos doentes, secos e danificados e separá-los dos frutos sadios, evitando a disseminação de doenças.

b) quebra

Após a colheita os frutos deverão ser juntados em montes para posteriormente se proceder a quebra, que poderá ser realizada até o quinto dia após a colheita.

Na quebra utiliza-se um pedaço de facão apropriado chamado cutelo, que não deve ser amolado, para não danificar as amêndoas. O golpe dado com o cutelo deve apenas atingir a casca, partindo-a em duas e expondo as amêndoas, que após serem desprendidas da placenta são depositadas em caixas de madeira ou baldes de plástico. A massa de cacau deve ser pura, isenta de amêndoas podres ou germinadas, casca, folhas e placenta, para que não haja prejuízo no processo de fermentação.

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As amêndoas devem ser transportadas, sempre que possível, no mesmo dia para os cochos de fermentação. Caso não haja esta possibilidade, recomenda-se proteger a massa com folhas de bananeira, contra eventuais chuvas. Se após a quebra, a massa permanecer por um dia no campo, este será considerado como o primeiro dia da fermentação.

Amêndoas resultantes de quebras realizadas em dias diferentes não devem ser misturadas sob pena de promover uma fermentação desuniforme, prejudicando a qualidade do produto final.

As cascas devem ser amontoadas e afastadas dos troncos dos cacaueiros, tendo em vista que elas se constituem em foco de doença.

c) fermentação

A fase mais importante no processo de beneficiamento do cacau é a fermentação, durante a qual, ocorre a morte semente e o início da formação dos precursores do sabor e aroma de chocolate.

Nos três primeiros dias do processo, ocorre a fermentação propriamente dita e daí por diante processa-se a cura. A fermentação se processa na polpa que envolve as sementes pela ação de microrganismos e a cura no interior das mesmas.

Para o processo de fermentação recomenda-se a utilização de caixas de madeira (comumente chamadas de cochos) que poderão ter as seguintes especificações:

Cochos Áreas maiores que 10 ha Áreas com até 10 ha

Largura (m) 1,20 0,60

Altura ( m) 1,00 0,60

Comprimento* (m) Variável Variável

* De acordo com o volume de produção

As divisões no sentido do comprimento deverão ser móveis para facilitar o revolvimento da massa, podendo variar o número, de acordo com a quantidade de cacau a fermentar.

O cocho de fermentação deverá possuir drenos abertos no lastro com diâmetro de 10 milímetros (ou 3/8 de polegada) para o escoamento do mel e aeração, espaçados entre si de 15 centímetros. Geralmente um metro cúbico de cocho suporta 800 kg de cacau mole.

A massa de cacau recebida da roça, livre de impurezas, deve ser colocada nas divisões do cocho deixando-se aproximadamente uns 10 cm abaixo de sua altura total e deverá ser coberta com folhas de bananeira ou sacos de aniagem evitando-se o uso de plástico. A finalidade da cobertura da massa é evitar a perda de calor produzido pela fermentação e o ressecamento das amêndoas que ficam na superfície.

No enchimento do cocho, com cacau mole, deve-se deixar uma das divisões vazias, para possibilitar o revolvimento da massa, que se processa no seguinte esquema:

1º revolvimento: 24 horas após o enchimento do cocho

2º revolvimento: 48 horas após o primeiro revolvimento

3º revolvimento: 24 horas após o segundo revolvimento

4º revolvimento: 24 horas após o terceiro revolvimento.

No período seco do ano o cacau mole possui pouca mucilagem, e a fermentação deverá ser efetuada em 5 dias, com três revolvimentos. No período chuvoso, o cacau mole possui maior quantidade de mucilagem, exigindo maior tempo de fermentação, que deverá ser efetuada em seis dias, com quatro revolvimentos.

O reconhecimento de um cacau bem fermentado é feito pela perda da polpa mucilaginosa, mudança de cor externa, que inicialmente é rosada e branca, passando para castanho no final da fermentação. Observa-se também, o resfriamento da massa de cacau no cocho.

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d) secagem

A finalidade principal da secagem é eliminar o excesso de umidade que, na amêndoa de cacau ao final da fermentação contém mais de 50%, teor que deve ser reduzido para menos de 8% para um armazenamento seguro do produto.

A secagem pode ser feita através de dois processos: natural e artificial.

SECAGEM NATURAL – É a realizada através de ação direta dos raios solares. Neste processo utilizam-se barcaças onde a massa de cacau fermentada é espalhada no lastro, auxiliado por um rodo, com o intuito de expor as amêndoas à radiação solar nas mais diversas posições, proporcionando a perda de umidade de maneira uniforme. Esta massa espalhada sobre o lastro da barcaça deve ter espessura de no máximo 5 centímetros, para melhor revolvimento, que nos primeiros dias deve ser de 30 em 30 minutos.

Durante à noite dos primeiros dias da secagem deve-se juntar as amêndoas em montículos, a fim de reduzir a superfície de exposição das amêndoas em contato com o ar, evitando-se a proliferação do mofo branco externo.

A secagem se complementará entre seis a dez dias a depender das condições do tempo.

Outro modelo já bastante utilizado na região produtora da Bahia é a ―ESTUFA SOLAR‖ cuja vantagem principal é o baixo custo de sua construção. No Quadro 22 compara-se o desempenho dos vários modelos atualmente disponíveis e em uso na região cacaueira da Bahia e que podem perfeitamente ser recomendados e implementados na Amazônia.

SECAGEM ARTIFICIAL – A utilização de secadores tendo como fonte de calor a queima de lenha, gás, diesel etc, é uma necessidade do agricultor principalmente durante a época chuvosa ou ainda durante a maior concentração da colheita nas propriedades.

A secagem artificial requer cuidados especiais pois a temperatura deve subir lentamente sem ultrapassar 55ºC, mantendo-se por todo período de secagem que se completa em torno de 30 horas. Temperaturas altas e bruscas torram as amêndoas tornando-as quebradiças, prejudicando assim a qualidade do cacau. A secagem rápida, mesmo que não chegue a torrar as amêndoas, poderá acarretar a perda acelerada de umidade da periferia, deixando a parte interior úmida, sujeita ao aparecimento do mofo interno.

Tradicionalmente, na região produtora de cacau da Bahia, a secagem artificial vem sendo feita através do secador tubular que embora eficiente é de custo elevado. Basicamente consiste em uma construção de alvenaria tendo uma ―câmara de calor‖, no interior da qual fica um tubulão de ferro que transmite o calor produzido pela queima de lenha em uma fornalha. Acima da ―câmara de calor‖ fica o lastro de secagem.

Em conseqüência do alto custo do secador tubular e mediante a necessidade da secagem artificial, foram projetados outros tipos de secadores, principalmente em função das exigências do pequeno produtor.

O secador ―PLATAFORMA CEPEC‖ foi um dos protótipos desenvolvidos e que pode perfeitamente ser recomendado para a secagem do cacau com algumas vantagens sobre o secador tubular.

1. menor área de lastro construída;

2. maior carga por metro quadrado de lastro;

3. maior capacidade anual de secagem;

4. maior relação entre peso de cacau seco e peso de lenha gasta;

5. menor custo de instalação. Quase três vezes menor que o secador tubular; e

6. possibilidade de ser instalado debaixo de uma barcaça com redução de seu investimento inicial da ordem de 26,3%.

Outro modelo concebido principalmente para atender ao pequeno produtor é o ―SECADOR BURAREIRO‖. É de construção artesanal e visa a utilização da própria mão-de-obra familiar. Possui 4 m2

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de lastro de chapa de ferro perfurada (2,0 x 2,0 metros) com dois tubos de ferro de 15cm de diâmetro interno cada, funcionando como trocador de calor. A cobertura é rústica, podendo ser de zinco, alumínio, fibrocimento e até sapé.

O secador burareiro pela sua alta eficiência e custo relativamente baixo em relação aos outros modelos, atende plenamente às necessidades do pequeno produtor de cacau.

Pode-se ainda utilizar, a combinação dos dois processos de secagem; inicialmente, as amêndoas de cacau são submetidas ao sol, por um período de dois a três dias, sendo o processo complementado, em secador artificial, por um tempo de 15 a 20 horas. Qualquer que seja o processo de secagem utilizado, o controle da umidade final deve ser feito com critério. Os fabricantes de chocolate preferem amêndoas com 6 a 7% de umidade. Amêndoas com uma percentagem de umidade mais elevada ficam susceptíveis a uma contaminação por mofos, nos armazéns, e com um teor mais baixo se tornam quebradiças, o que resulta num processamento industrial menos eficiente.

Quadro 22 – Desempenho comparativo entre os diversos secadores

Características Unid

SECADORES

Tubular 6 x 6 m

Pinhalense Plataforma

CEPEC

Burareiro Estufa solar

Fornalha de tijolos

Fornalha de ferro

Área de lastro m2 36 3,80 m3 16 4 4 10

Carga de cacau ―mole‖ Kg 2.700 2.700 4.000 400 400 500

Peso seco Kg 1.450 1.490 3.150 215,2 215,2 250

Relação peso seco/peso úmido % 53,7 55,2 53,8 53,8 53,8 50,0

Tempo secagem H 38 – 40 51,0 45,0 58,0 32,0 7 – 10 dias

Revolvimento H 2 em 2 mecânico

permanente 4 em 4 2 em 2 2 em 2 1,5 em 1,5

Alimentação da fornalha kg/h 30 30 30 3 2 -

Consumo lenha1 m3 1,9 – 2 2,55 2,55 0,31 0,11 -

Cacau seco/ano2 arroba 3.480 3.576 5.160 517 1.034* 267**

Cacau seco/lenha kg/kg 1,21 0,97 1,40 1,15 3,36 -

Eficiência % 17,6 12,2 17,7 16,5 41,8 -

1Densidade da lenha = 600 kg/m3 2Secadores usados 36 vezes/ano (uma vez por semana durante 8 meses).

Secadores usados 72 vezes/ano (duas vezes por semana durante 8 meses). ** Secadores usados 16 vezes/ano (duas vezes por mês durante 8 meses).

ARMAZENAMENTO DE CACAU

Jefferson Carlos Dias

Um armazém para guardar amêndoas beneficiadas de cacau deve obedecer aos seguintes requisitos: ser construído em local seco a fim de diminuir a influência da umidade; ter o eixo maior orientado no sentido nascente – poente; dispor de janelas de arejamento não só voltadas para a direção dos ventos dominantes bem como serem protegidas com telas de malha fina para evitar a entrada de insetos; as fundações devem ser sólidas e com camada impermeabilizante na parte superior para evitar infiltrações nas paredes durante o período chuvoso; e ser construído de modo a não deixar frestas ou outros pontos de acesso a roedores.

Para manipulação do produto a granel com vistas a posterior ensacamento, o armazém deve ter um ou dois cantos revestidos de madeira ocupando 15 a 20% do piso e as paredes adjacentes até 1,5 a 2 metros de altura, também forradas de madeira.

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Se o piso for de cimento, haverá necessidade de empilhar os sacos sobre estrados de madeira. A estocagem de cacau beneficiado por longo período na propriedade, não é aconselhável, pelos sérios prejuízos que poderá sofrer o produto armazenado. Assim, a estocagem não deve ultrapassar 90 dias, correndo o risco de desenvolvimento de mofo, ataque de insetos e roedores.

Não se pode deixar de registrar ainda que dada as características especiais de conter muita gordura, as amêndoas de cacau absorvem odores com facilidade, dentre eles o cheiro de fumaça que constitui defeito grave e objeto de desclassificação do produto. Portanto, é necessário isolar as amêndoas de substâncias que exalem odores tais como inseticidas, fungicidas, tintas etc.

As amêndoas de cacau a serem armazenadas deverão apresentar um teor de umidade entre 7 a 8%. Se as condições de armazenamento não forem adequadas, o cacau pode readquirir umidade e apresentar mofo externo. Nestes casos, após tratamento da testa das amêndoas por pisoteio, o produto deverá ser novamente seco.

Para conservar o cacau seco por mais tempo é recomendável usar uma cobertura plástica sobre os sacos, para evitar a reabsorção da umidade ambiental e/ou embalar o cacau beneficiado em sacos plásticos e posteriormente ensacar em sacos de juta ou similar.

Finalmente, porém não menos importante as janelas de arejamento deverão estar sempre abertas em dias ensolarados, no período de 9 às 16 horas. Durante à noite, deverão ser mantidas fechadas, bem como nos períodos chuvosos diurnos. As dimensões e capacidade globais do armazém são apresentadas no Quadro 23, em função da produção média da fazenda de cacau e de dois períodos máximos previstos de estocagem do produto.

Quadro 23 – Dimensões e capacidade dos armazéns

Produção média da

fazenda ano (t)

Período de armazenamento

(dias)

Comprimento (m)

Largura (m) Área para

manipulação a granel (m2)

Capacidade estática global

(sc. 60 kg)

7,5 15 3,0 2,2 5,5 99 30 3,0 2,5 5,5 112

15,0 15 3,0 2,6 5,6 124 30 3,5 2,8 5,6 147

45,0 15 4,0 3,0 5,8 180 30 4,5 4,0 5,8 270

90,0 15 4,5 4,1 5,9 277 30 6,0 5,2 5,9 467

180,0 15 6,0 5,2 6,0 467 30 9,0 7,0 9,5 945

Fonte: CEPLAC/CEPEC

PPAADDRROONNIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE AAMMÊÊNNDDOOAASS DDEE CCAACCAAUU

Miguel Guilherme Martins Pina João Marivaldo Silva de Sousa

As normas que especificam os padrões para amêndoas de cacau são regulamentadas pelo Conselho Nacional de Comercio Exterior (CONCEX), de acordo com as exigências do mercado internacional.

A Resolução de nº 161 de 20 de Setembro de 1988 aprova as especificações da padronização do cacau em amêndoas, visando a sua classificação e fiscalização na exportação.

Quanto a Origem e Qualidade o cacau da Amazônia é denominado:

Tipo I – Amazônia Tipo II – Amazônia

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Quanto às Especificações da Padronização:

Quadro 24 – Especificações para classificação do cacau Amazônia.

Tipo Umidade Tolerância Máxima ao Contato

Mofadas Ardósias Danificadas p/ insetos

e/ou germinadas Chochas ou achatadas

Outros defeitos

I * 8% 3% 3% 3% 2% 2%

II * 9% 4% 8% 6% 3% 4%

Refugo a) em mau estado de conservação; b) fortemente impregnado de odores estranhos de qualquer natureza; c) com qualquer defeito em percentuais superiores aos admitidos para o cacau do tipo II.

* Com aroma natural, não contaminada por odores estranhos e livres de matérias estranhas.

Quanto às Definições:

Características:

a) amêndoas fermentadas:

I – amêndoas de coloração marrom, mesmo com variações de tonalidade em toda superfície exposta, e com cotilédones facilmente separáveis;

II – amêndoas de coloração marrom, em mistura com as cores violeta, roxo ou púrpura, em pontos ou difusas na superfície exposta e com cotilédones separáveis.

b) amêndoas secas:

Uniformemente secas, com teor de umidade não superior aos indicados para cada tipo.

Defeitos, pela ordem decrescente da sua gravidade:

a) amêndoas mofadas: as que se apresentam, internamente, com desenvolvimento miceliar de fungos, visíveis a olho nu;

b) danificadas por insetos: amêndoas em cuja parte interna são visíveis a olho nu estragos causados por insetos ou larvas;

c) amêndoas ardósias: não fermentadas, de coloração cinzenta – escura (cor de ardósia) ou roxas, com embrião claro e compactas;

d) odores estranhos: amêndoas contaminadas por odores estranhos de qualquer natureza;

e) amêndoas germinadas: as que se apresentarem com a casca furada pelo desenvolvimento do embrião;

f) amêndoas ―chochas‖ ou achatadas: as que se apresentarem com ausência de cotilédones, ou tão finas que não permitam o corte;

g) amêndoas quebradas: as que se apresentarem partidas ou fragmentadas;

h) impurezas: restos de polpa, fragmentos da placenta ou cordão central e de casca de fruto que, acidentalmente, possam acompanhar a amêndoa fermentada e seca;

i) matérias estranhas: qualquer material estranho à semente ou ao fruto do cacau.

Cascas, películas e outros desperdícios de cacau:

Compreende as cascas, películas e resíduos de cacau que se separam das amêndoas durante seu beneficiamento; os germes de cacau; bem como os fragmentos e poeira da amêndoa de cacau.

Quanto ao Certificado:

Todo cacau em amêndoa destinado à exportação deverá estar amparado por Certificado de Classificação, obrigatório por ocasião do desembaraço aduaneiro.

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O prazo de validade do Certificado do cacau em amêndoas será de no máximo 45 dias contados da data de emissão.

Quanto a Embalagem e Marcação:

O cacau destinado a exportação deverá ser acondicionado exclusivamente em sacos novos, limpos, resistentes, bem costurados e contendo um peso líquido de 60 kg de amêndoas.

Nas Figuras 47 e 48 são apresentadas sementes com as três formas de fermentação bem como alguns defeitos que são encontrados como mofo interno e ardósia na fase de classificação.

APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS E RESÍDUOS DO CACAU

Miguel Guilherme Martins Pina

O processamento primário e a industrialização do cacau, geram quantidades apreciáveis de diversos subprodutos e resíduos, potencialmente exploráveis. Esse expressivo potencial de biomassa encontra-se disponível, em nível de fazenda e da indústria, para uso racional na recuperação de energia, produção de alimento e reciclagem da matéria orgânica no solo.

O potencial de aproveitamento de subprodutos e resíduos baseia-se no fato de que menos de 8% do peso do fruto do cacaueiro, em estado normal de maturação, têm uso nas indústrias moageiras (Quadro 25), onde as amêndoas secas são transformadas em massa de cacau ou ―liquor‖ e seus derivados, manteiga e torta de cacau.

Fig. 47 - Amêndoas de cacau bem fermentada (a), pouco fermentada(b), mal

fermentada(c).

Fig. 48 - O môfo interno é conseqüência de cacau com excesso de

umidade enquanto que ardósia é por falta de fermentação.

MÔFO INTERNO

ARDÓSIAS

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Quadro 25 – Valores aproximados de algumas características físicas do fruto do cacaueiro maduro e seus componentes.

Fruto e componentes Peso (kg)

% em relação ao

Peso do Fruto Densidade (kg/m3)

Fruto 0,5000 100,0 500,00 Casca 0,4000 80,0 350,00 Semente 0,1000 20,0 900,00 Grão seco 0,0500 10,0 600,00 Amêndoa 0,0400 8,0 - Testa 0,0075 1,5 - Outros 0,0025 0,5 -

Fonte: Freire et al., 1990.

Outro aspecto importante a ser detectado, concerne ao aproveitamento de subprodutos como a polpa e resíduos como a casca fresca do fruto da pós-colheita do cacau, que se apresenta como uma oportunidade de diversificação de atividades da propriedade cacaueira (Figura 49). O aproveitamento de tais produtos pode refletir no aumento da receita do produtor e, portanto, devem ser avaliadas perante uma conjuntura de baixos preços da matéria prima principal, tanto em nível de mercado interno como externo.

Existem amplos conhecimentos tecnológicos para o aproveitamento dessas matérias primas, necessitando somente que se continue incentivando sua utilização e mostrando-se as reais possibilidades de mercado para esses produtos.

Cerca de 6 toneladas, em média, de casca fresca, oriundas do processo de quebra dos frutos, são produzidas anualmente por hectare, as quais não são aproveitadas. Normalmente são deixadas em montes nas plantações para que, após sua decomposição, sirvam como fertilizante para o cacaueiro. Apesar do seu conhecido valor como fonte nutricional essas cascas podem se constituir, em determinadas situações, fonte de inóculo de doenças como podridão parda e vassoura-de-bruxa. Requerendo portanto tratamento com produtos químicos, onerando ainda mais o custo de produção do cacaueiro.

A casca do fruto do cacaueiro pode ser empregada na alimentação animal, ao natural, na forma de farinha de casca seca ou, ainda, como silagem; e na alimentação de peixes diretamente em viveiros ou na fertilização destes. Pode também ser utilizada na produção de biogás e fertilizante, no processo de compostagem, e vermicompostagem, em construções à base de solo-cimento, na obtenção de proteína microbiana ou proteína unicelular, no fabrico de doces do endocarpo, na produção de álcool e na extração de pectina, entre outros produtos.

No arraçoamento de animais, a casca pode ser considerada como um volumoso de boa qualidade e um excelente substituto do capim de corte, tanto pela sua composição quanto pela sua palatabilidade. Tem um conteúdo de proteína bruta de 8,9%. Sua participação na dieta alimentar, no entanto, varia em função da espécie animal. Para ruminantes é de até 70%, para suínos de 20% e para aves 10%. Essas limitações são impostas pela baixa digestibilidade dos nutrientes desse resíduo, que está em torno de 35,5% e pelo seu alto teor de fibras que é de 28%, aproximadamente.

Figura 49 – Sistema Integrado de Manejo da Propriedade Cacaueira.

Fonte: CEPLAC, 1984.

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A casca tem sido usada, preferencialmente, desidratada e transformada em farinha. Entretanto, para se obter uma secagem mais rápida, quer ao sol, quer artificialmente, a casca do fruto do cacaueiro deve ser triturada, utilizando-se equipamento apropriado. A secagem artificial, ao impedir perdas por fermentação e apodrecimento, possibilita a obtenção de um produto de maior valor nutritivo. Quando misturada a outros subprodutos os percentuais de mistura deverão atender às recomendações técnicas de modo a constituir uma mistura eficiente e econômica.

O uso da casca ainda fresca, para bovinos, é possível e mais econômico, pois elimina a operação de secagem, bastando apenas triturá-la antes de oferecê-la aos animais. É bem aceita e pode constituir-se no único volumoso da dieta, sem nenhum problema de distúrbios alimentares. Requer apenas um período inicial de cerca de 2 semanas para a adaptação dos animais, quando estes devem ser alimentados com uma mistura, em partes iguais, de casca e capim.

Praticamente todos os animais domésticos podem se alimentar com casca de cacau. O percentual com que se deve compor a dieta para cada espécie está intimamente relacionado com o nível de fibra e com a capacidade de digeri-la que essa espécie apresenta.

A polpa mucilaginosa que envolve as amêndoas é rica em açúcares fermentecíveis, pectina, ácidos, e outros componentes e chega a representar até 40% do peso da semente fresca, a depender do tipo de cacau, da estação do ano e região. Todavia, durante o processo fermentativo, perde-se parte desse material, sob forma de líquido parcialmente fermentado, que é drenado da massa de cacau. Pode-se extrair de 20 a 25% da polpa das sementes, em relação ao peso das sementes do cacau fresco. Esse subproduto pode ser aproveitado em nível caseiro ou de fazenda em escala de pequena, média e grande indústria. Do mel e polpa das sementes do cacau pode-se obter geleiados da mistura destas duas matérias-primas, além de proteína microbiana; geléias, destilados, fermentados (a exemplo do vinho e vinagre) e xaropes de mel de cacau para a indústria de confeitaria. Além disso, a polpa pode ser também empregada na produção de sucos, néctares, sorvetes, doces, iogurtes etc.

O aproveitamento da polpa de cacau como matéria-prima industrial apresenta a vantagem, quando comparada às outras frutas tropicais potencialmente aproveitáveis na região, por tratar-se de um produto abundante proveniente de uma cultura já estabelecida.

Considerando-se que para uma produção anual de 300.000 toneladas de cacau seco foram utilizadas 600.000 toneladas de sementes, e que se pode extrair 20% da polpa presente nas sementes. Verifica-se que é possível a obtenção de 120.000 toneladas de polpa integral, a qual pode vir a ser aproveitada, se processada industrialmente.

O mel de cacau, parte líquida da polpa, pode ser obtido por prensagem e processado em nível de fazenda ou em microindústrias. Neste líquido não está presente nenhum material insolúvel em água e sua composição básica é água, açúcar (10 a 18%), ácidos não voláteis (ácido cítrico – 0,77 a 1,52%) e pectina (0,9 a 2,5%). Mais recentemente, parte da polpa integral vem sendo extraída em máquinas apropriadas, conservada sob congelamento e comercializada para a elaboração de néctar ou refresco.

O suco de cacau possui sabor bem característico, considerado exótico e muito agradável ao paladar, assemelhando-se ao suco de outras frutas tropicais, como o bacuri, cupuaçu, graviola, acerola e taperebá. É fibroso e rico em açúcares (glicose, frutose e sacarose) e também em pectina. Em termos de proteína e de algumas vitaminas, é equivalente ao suco de acerola, taperebá, goiaba e umbu.

O suco de cacau difere do mel por ser obtido pela extração da polpa integral e se caracteriza pela presença de insolúveis com uma concentração de fibras na faixa de 0,7% que, junto com a pectina e outras gomas, confere ao produto alta viscosidade, com o aspecto pastoso de um fluido não newtoniano.

O mel e a polpa, após a obtenção, devem ser processados imediatamente. Em caso de estocagem, para posterior utilização, a matéria-prima deve ser submetida a um tratamento preservativo, a exemplo de pasteurização, tratamento químico com metabissulfito de potássio ou congelamento. Para a fabricação de fermentados e destilados, o mel deve ser armazenado, se for o caso, à temperatura de 4oC sem tratamento a quente.

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É importante ressaltar que a produção de suco, mel, geléia e outros produtos para consumo humano requer o cumprimento de normas e da legislação pertinentes, as quais são bastante restritivas e exigentes com relação, principalmente, à higiene do processo de obtenção e às características qualitativas desses produtos. A norma mais restritiva, entre todas as existentes, é a rejeição pelo consumidor, diante de um produto em estado de conservação que deixa a desejar.

Desta forma, o aproveitamento de subprodutos tem como requisitos: pessoal capacitado e presença do proprietário em todas as fases do processamento até a entrega ao comerciante. Durante a comercialização, cuidados devem ser tomados para que não ocorram perdas de aceitabilidade do produto, devido à negligência de terceiros.

O Quadro 26 mostra os rendimentos das operações de processamento dos subprodutos do cacau, em termos de uma produtividade média de 750 kg de cacau seco por hectare, aproveitando-se 85% da colheita anual e, também, em função dos aumentos de eficiência de algumas práticas, conseguidos com o desenvolvimento da pesquisa.

Quadro 26 – Rendimentos normais das operações de utilização de subprodutos de cacau com referência a uma produtividade anual de 750 Kg do produto seco por hectare.

Produto e subprodutos Rendimento por hectare

Amêndoas secas 750 kg Semente fresca 1875 kg Mel de cacau 200 litros Geléia 150kg Vinagre 180 litros Destilado 25 litros Polpa 300 a 400 litros Suco congelado 300 a 400 litros Néctar 600 a 800 litros Geleiado 200 a 300 litros

Fonte: Freire et al., 1990.

Não se pode deixar de registrar ainda que a casca do grão obtida após o processo de torrefação na indústria, pode ser usada no preparo de chá, extração de pectina e theobromina; como ração animal, adubo orgânico e fonte de energia; através de sua combustão em geradores de calor como fornalhas e caldeiras.

Entretanto, apesar da reconhecida importância econômica da casca e da polpa do cacau, a semente ainda é o principal produto gerador de riquezas.

A sua maior utilização sem dúvida nenhuma, é na fabricação do chocolate, nas diversas formas (Fig. 50).

No Brasil o alimento obtido da mistura de cacau tostado, descascado e moído (liquor de cacau) com açúcar, é denominado de chocolate. Na Colômbia e outros países é utilizado com toda a sua gordura na forma de suspensão aquosa quente (chocolate de mesa). Na Europa e América do Norte a bebida predileta é na forma de chocolate em pó (instantâneo); este produto é obtido através da prensagem do ―liquor‖ de cacau para extração de uma parte da gordura ou manteiga, triturando-se posteriormente a torta resultante. No Brasil é bastante utilizado na forma de chocolate em pó, também para confecção de bebida.

Possivelmente não exista outra guloseima de maior aceitação no mundo, por parte do público, que a obtida pela mistura de "liquor" de chocolate com leite, açúcar, manteiga de cacau, essências e outros ingredientes (ex. as barras de chocolate e os bombons). O consumo mundial de barras de chocolate e bombons alcança volumes significativos, especialmente na Europa e Estados Unidos onde as indústrias de confeitaria têm se desenvolvido bastante.

Em 1996 o consumo "per capita" de chocolate no mundo, por continente, era o seguinte: Europa Ocidental 2,42 kg, Europa Oriental 0,85 kg, Ásia 0,68 kg (não incluindo a China), África 0,13 kg e nas

Fig. 50 - Chocolate

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Américas 1,33 kg, sendo que no Brasil se consumia em média 1,94 kg. A média do consumo mundial, tabulada no ano agrícola de 95/96, era de 1,02 kg / pessoa (não incluindo a China).

O produto cacau é considerado um bem de acesso restrito aos consumidores de renda elevada. Assim, os principais demandantes estão localizados nos países do primeiro mundo, onde o fator variável de renda não é limitante para o seu consumo.

O principal uso da manteiga de cacau se encontra na fabricação de chocolate. Também existe um amplo consumo na indústria farmacêutica e na de cosméticos. Para a fabricação de sabões finos se utiliza a gordura de cacau extraída por solventes.

O valor energético dos produtos de cacau é extraordinário por seu grande conteúdo de gorduras assimiláveis e de carboidratos. A bebida preparada com leite ou as barras de chocolate que o contém , pode–se considerar quase como um alimento completo, além de se caracterizar por um sabor muito agradável. A barra de chocolate é bastante energética, daí sua venda maciça em países rigorosamente frios ou com estações frias.

O valor nutritivo e energético do chocolate é indiscutível; 100 gramas equivalem em valor alimentício a seis ovos ou três copos de leite, ou 220 gramas de pão branco, ou 750 gramas de peixe ou ainda 450 gramas de carne bovina.

Tem-se dito que o chocolate é de difícil digestão. Na realidade o que ocorre é que as gorduras contidas neste (ácidos graxos: palmítico, olêico e esteárico) são de absorção mais lenta, o que implica na sensação de satisfação alimentar por um maior tempo.

No cacau em pó encontramos as vitaminas A, B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina) e B5 (Ácido nicotínico), além de ferro e fósforo na forma assimilável. A cafeína e theobromina, presentes no chocolate, têm propriedades estimulantes e terapêuticas bastante notáveis.

ENFOQUES SOBRE CACAUEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Antonio Carlos de Gesta Melo Paulo Júlio da Silva Neto

Antonio Carlos de Souza Martins

Os sistemas agroflorestais então relacionados com a eficiência de utilização do espaço vertical, devido a presença de espécies de diferentes portes e a potencialização para otimizar a captura de energia solar e com a simulação de modelos ecológicos encontrados na natureza em relação a estrutura, formas de vida e conservação do meio ambiente. Assim, como ocorre em uma floresta natural, os sistemas agroflorestais estabelecem mecanismos de proteção contra a compactação, lixiviação e erosão do solo, como também propicia uma eficiente ciclagem de nutrientes, guardadas as devidas proporções de diversidade.

As principais interações dos sistemas agroflorestais com os recursos ambientais referem-se ao microclima e ao solo, e à maneira como os componentes devem ser arranjados, de forma a não competirem seriamente pelos mesmos recursos do meio, muito embora os sistemas agroflorestais não sejam um simples arranjo espacial ou temporal de espécies e sim, formas de uso e manejo dos recursos naturais.

O cultivo de espécies associadas ou combinadas em fileiras, faixas, renques ou alamedas alternadas, denominadas de sistema ―alley – cropping‖, é um modelo específico dentro do universo agroflorestal, e foi idealizado como alternativa para conter a agricultura itinerante. Porém, muitos fatores podem interferir na performance de um ―alley – cropping‖: a escolha das espécies (arbóreas e não arbóreas), a largura das fileiras ou faixas, a produção de biomassa, o número de ciclos das colheitas, a época e freqüência das podas, o preparo do solo, a fertilização e a dinâmica das plantas daninhas no local. Para atender os agricultores esse sistema está condicionado, também, além de sua adequação estrutural e ambiental, ao valor dos seus componentes, que devem ser de elevada expressão econômica e a sua capacidade de complementação ecológica. O objetivo maior da

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agrossilvicultura é maximizar as interações positivas, tanto entre os componentes como em relação ao meio físico.

A lavoura cacaueira deve ser vista como um sistema agroflorestal, onde os modelos, o manejo do cultivo e da sombra oferece maior sustentabilidade social, econômica e ambiental. Não obstante, ressente-se de mais informações sobre as interações biológicas no ambiente agroflorestal, arranjos espaciais, densidade de sombra, silvicultura que permita melhorar a qualidade da madeira, e o uso de novas espécies madeireiras, frutíferas e para outros propósitos úteis para cada região, sem se perder a perspectiva de mercado dos produtos, já que este condiciona e em muitos casos determina a sustentabilidade econômica do sistema agroflorestal com cacaueiros.

As plantações diversificadas de cacau podem parecer um bosque natural e são capazes de proteger o solo, conservar a água e manter uma alta diversidade, e ainda também oferecer outros serviços como o seqüestro de carbono (5 t/ha/ano) sem ter que prescindir de uma produção agrícola. Ademais, é necessário quantificar os serviços que prestam uma plantação de cacaueiros em sistemas agroflorestais para incrementar ganhos aos produtores.

Os sistemas agroflorestais, com o cacaueiro, apresentados a seguir, resultam de ações de pesquisas realizadas nos últimos anos, bem como de experiências bem sucedidas desenvolvidas por agricultores em diversas regiões na Amazônia:

Sistema Seqüencial com Pimenta-do-Reino

Trata-se do sistema praticado por produtores de pimenta-do-reino (Piper nigrum) na região Nordeste do Estado do Pará, no Município de Tomé-Açu. Este sistema surgiu em conseqüência do aparecimento da enfermidade conhecida como fusariose, causada pelo fungo Fusarium solani f.sp. piperis, que a partir de 1957 começou a dizimar as plantações de pimenta-do-reino.

Quando as pimenteiras começam a apresentar os primeiros sintomas da doença, substituía-se, gradualmente, a plantação decadente por outros cultivos permanentes ou semi-permanentes, como cacau, café, seringueira, guaraná, mamão, maracujá e outros. Neste sistema, tanto os cacaueiros quanto os demais componentes da comunidade vegetal, atingem a fase produtiva sem que sejam necessárias adubações adicionais, em virtude de se beneficiarem dos pesados esquemas de fertilização dado às pimenteiras.

O plantio da pimenta-do-reino está sendo realizado pelos produtores nos seguintes espaçamentos: 2,0 x 2,0 x 3,0 m ; 1,8 x 2,0 x 4,0 m ; 2,5 x 2,5 m ou 2,0 x 2,0 m, prevendo-se, futuras associações com outros cultivos, e até mesmo fazendo-se o plantio de espécies arbóreas e frutíferas no mesmo momento do plantio da pimenta-do-reino. Para o cacau, neste sistema se usa o espaçamento de 4,0 x 5,0 m

; 4,0 x 4,0 m e de 5,0 x 5,0 m, dependendo do espaçamento inicial utilizado com a pimenta-do-reino.

Atualmente, alguns produtores de Tomé-Açu (PA) já estão fazendo o plantio da pimenta-do-reino em conjunto com espécies arbóreas e outros cultivos e estão obtendo sucesso. Um dos esquemas mais comuns, dentre outros, é o seguinte:

Pimenta do reino - 2,0 x 2,0 x 3,0 metros; Cacaueiro - 4,0 x 5,0 metros; e Seringueira - 5,0 x 8,0 metros.

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Sistema agroflorestal de cacau e seringueira

A seringueira (Hevea brasiliensis), é em geral plantada no espaçamento de 7,0 x 3,0m, deixando-se suficiente espaço entre suas fileiras durante os primeiros 2 ou 3 anos, para o cultivo de plantas de ciclo curto e também com outros cultivos perenes, especialmente aquelas tolerantes à sombra, a exemplo do cacau, do café, da pimenta-do-reino e do guaraná.

O plantio de cacau sob seringueira tem sido considerado inviável em muitas regiões, em virtude do excessivo sombreamento exercido pela seringueira. Na região cacaueira da Bahia, onde a seringueira é atacada pela doença ―mal-das-folhas‖ (Microcyclus ulei), proporcionando, portanto, menos sombra, devido a redução da área foliar da seringueira o que permite a passagem de radiação solar suficiente para o bom desenvolvimento do cacaueiro. O sistema da seringueira com o cacau é atualmente utilizado em aproximadamente 5.000 hectares, na região do Sul do Estado da Bahia, utilizando-se o espaçamento normal de 7,0 x 3,0m para a seringueira. O sistema mais usado consiste em plantar as mudas de cacaueiros em fileiras simples (476 plantas/ha) ou duplas (952 plantas/ha) nos espaços entre as fileiras de seringueiras.

Caso o produtor da Região Amazônica decida adotar este sistema, deverá seguir as seguintes indicações:

Condições do seringal:

- O seringal, sob o qual o cacaueiro será implantado, deverá estar em fase de pré-corte e corte (produção) com baixo índice de enfolhamento;

- Preferencialmente, deverão ser utilizados seringais implantados em solos de fertilidade média a alta, em áreas ecologicamente adequadas para o cacaueiro.

Métodos:

a) cacaueiros em filas simples: Fila única de cacaueiros, espaçados de 3,0m, entre si, no centro das entrelinhas de seringueiras

plantadas a 7,0 x 3,0m.

b) cacaueiros em filas duplas:

Duas fileiras de cacaueiros plantados a 3,0 x 3,0m, nas entrelinhas de seringueira espaçadas de 7,0 x 3,0m.

No Estado de Rondônia, um dos sistemas mais promissores baseia-se no plantio da seringueira, na forma tradicional, utilizando-se mudas enxertadas (Clones IAN 6323, IAN 717, Fx 3810 e Fx 3864), no espaçamento de 3,0 x 6,0 m, em filas duplas. O cacaueiro é estabelecido em duas fileiras, no espaçamento de 3,0 x 3,5 m, nas entrelinhas da seringueira. Visando o sombreamento provisório do cacaueiro, recomenda-se o cultivo da bananeira no espaçamento de

S – Seringueira

C – Cacaueiro 2 m 2 m 3 m

S S C C

7 m

S – Seringueira

C – Cacaueiro

7 m

S S C

3,5 m

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3,0 x 3,5 m. Os plantios das culturas de seringueira e bananeira deverão ser efetuados no primeiro ano de implantação do sistema, enquanto o cacaueiro será plantado no segundo ano. No primeiro ano poderão ser implantadas culturas anuais nas entrelinhas das plantas perenes. Sistema cacau x pupunha x freijó-louro

O sistema constitui-se do plantio de cacaueiros, no espaçamento de 2,5 x 3,0 m, alternados com filas de pupunheiras, no espaçamento de 1,0 x 2,0 m. Entre o renque triplo de pupunheiras e as linhas de cacaueiros será mantida a distância de 2,0 m.

O sombreamento provisório do cacaueiro será a bananeira, implantada no espaçamento de 2,5 x 3,0 m, na mesma fila dos cacaueiros. O sombreamento definitivo do cacaueiro será constituído por plantas de freijó louro (Cordia alliodora) estabelecidas no espaçamento de 10,0 x 12,0 m, totalizando 99 plantas/ha.

Este modelo tem uma densidade populacional de 1.143 cacaueiros/ha e de 870 pupunheiras/ha .

As pupunheiras serão cultivadas com vistas a exploração de palmito e recomenda-se a utilização de variedades sem espinho, para facilitar o manejo cultural. Sistema de cacau x coco x gliricídia

O coqueiro (Cocus nucífera), se adapta a diferentes situações edafoclimáticas, desde que lhe forneça um mínimo de 1800 mm de água por ano. A seleção de variedades para o plantio é feita em função do destino que se quer dar a produção. Se a pretensão é produzir coco para demanda de agroindústria e uso doméstico, recomenda-se o cultivo do coqueiro gigante e híbrido, devido ao maior tamanho dos frutos e maior espessura da polpa. Para produção dos frutos, visando o consumo de água (coco verde), indica-se o coqueiro-anão, devido ao sabor mais agradável e por ser rejeitado como fruto seco, em razão de seu pequeno tamanho e menor espessura da polpa. O potencial de produtividade das variedades gigante, anã e híbrido é de 60 a 80; 100 a 120 e 120 a 150 frutos/ planta/ano, respectivamente.

O plantio do cacau sob coqueiros (Cocos nucífera) produtivos é o sistema, ultimamente que acumula o maior acervo de informações.

O cultivo do cacau sob a sombra de coqueirais adultos, na Malásia, apresenta uma produtividade de aproximadamente 1.120 kg/ha de amêndoas secas de cacau, sem que a produção de coco entre em declínio.

Os coqueiros, previamente estabelecidos a uma distância de 8 a 9m entre plantas, são geralmente associados, em cada entrelinha, a uma fileira dupla de cacau, eqüidistante das palmeiras e sob o espaçamento de 3m entre fileiras e de aproximadamente 2 metros entre cacaueiros no interior das fileiras.

De modo geral, os resultados obtidos com essa combinação de culturas têm sugerido aumentos de produtividade dos coqueiros e um ótimo grau de compatibilidade agronômica.

6,0 m 6,0 m 3,5 m

3,5 m

3,5 m

3,0 m

Seringueira

Cacaueiro

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Um sistema de cacau x coco x gliricídia que poderá ser viável, com base na adaptação de resultados de pesquisa realizadas em outras regiões e em observações de campo, em Rondônia e Alta Floresta – MT, deverá ser constituído de filas duplas de cacaueiros, no espaçamento de 3,0 x 3,0 m, estabelecidas entre filas de coqueiros no espaçamento de 9,0 x 9,0 m . O modelo terá uma densidade populacional de 680 cacaueiros/ha e de 123 coqueiros/ha . A variedade recomendada será a coco-anã.

A bananeira, como sombreamento provisório do cacaueiro, será estabelecida na mesma fila do cacaueiro, obedecendo o espaçamento de 3,0 x 3,0 m. A gliricídia (Gliricidia sepium) será utilizada para assegurar a proteção contra o excesso de luz no cacaueiro, até que exista sombra suficiente fornecida pelos coqueiros e, também, para aporte de biomassa através de podas periódicas e deposição do material como cobertura morta. O espaçamento indicado é de 3,0 x 3,0 m, estabelecido apenas nas linhas dos coqueiros, em um único sentido, totalizando 267 plantas / ha. Sistema de cacau e mogno

No Brasil, historicamente, na sua fase produtiva, o cacaueiro é cultivado em associação com espécies leguminosas que não apresentam interesse econômico, procedendo apenas a fixação biológica do nitrogênio. A utilização do cacaueiro em sistemas agroflorestais abre possibilidades de formação de comunidades diversificadas que contemplam este interesse.

O mogno (Swietenia macrophylla King), é a mais valiosa espécie madeireira da Amazônia, entre as mais de 300 espécies que são exploradas na região. Sua madeira é valorizada por sua cor atrativa, densibilidade, estabilidade dimensional e facilidade de ser manuseada em carpintaria.

Neste sistema, o cacaueiro é implantado normalmente no espaçamento de 3,0 x 3,0 m, e o sombreamento provisório de bananeira, também, no mesmo espaçamento. O sombreamento definitivo deve ser implantado com mudas de mogno, somente quando os cacaueiros tiverem de 2 a 3 anos de idade. O mogno quando associado ao cacaueiro já implantado, apresenta desenvolvimento vegetativo normal, sendo que a praga Hypsiphyla grandella, que é a mais importante e limitante para o seu cultivo, principalmente na Região Amazônica, não tem prejudicado de forma acentuada o seu crescimento e desenvolvimento.

O espaçamento que deverá ser utilizado pelo mogno é de 15,0 x 15,0m ou 18,0 x 18,0 m. Em acompanhamentos realizados sobre o crescimento e desenvolvimento vegetativo do mogno, verificou-se que o ritmo de crescimento em altura total nos primeiros 16 anos correspondeu a 79,95%, sendo que o diâmetro teve maior crescimento no período de 15 aos 21 anos. A produção média aos 21 anos de idade foi de 1,34 m3/árvore, e a lavoura de cacau com produtividade média de 880 kg/ha/ano.

Enriquecimento de cacauais safreiros

Muitas espécies arbóreas sem expressão econômicas são utilizadas como sombreamento de cacaueiros com o objetivo de criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do cultivo. Por esta razão são chamados de ―espécies de serviço‖, diferenciando-se daquelas espécies que se introduz com o objetivo de produzir algo como: madeira, frutas, lenha etc. Por outro lado, há espécies que oferecem serviços e produtos chamados ―multifuncionais‖.

Na Amazônia brasileira, parte das áreas cultivadas com cacaueiros está associada à espécies arbóreas sem valor econômico ou seja, ―espécies de serviço‖, que não proporcionam rendas adicionais e/ou potenciais ao produtor. Algumas áreas encontram-se desprovidas de associações com espécies, seja de serviço ou de produção, provocando um aumento na demanda de mão-de-obra e de outros insumos (adubos, pesticidas etc.). Daí, surge a necessidade de se introduzir espécies madeireiras e/ou frutíferas de valor econômico, com características de multifuncionalidade em plantações de cacaueiros safreiros, a fim de transformá-las em sistemas agroflorestais mais produtivos, para melhorar a sustentabilidade econômica, ecológica e social.

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Para o estabelecimento de um sistema de enriquecimento de cacauais safreiros com espécies arbóreas multifuncionais, há de se conhecer a sua tolerância à luz, para se definir o grau de poda de abertura das copas dos quatro cacaueiros adjacentes a cada muda plantada no centro dos mesmos. O espaçamento deverá ser de acordo com o diâmetro de copa da espécie quando adulta. Em geral, para espécies madeireiras Amazônicas, recomenda-se os espaçamentos de 15,0 x 15,0 m e de 18,0 x 18,0 m, com cacaueiros em 3,0 x 3,0 m.

Num estudo de enriquecimento com o mogno (Swietenia macrophylla, King), o grau de poda de abertura de copa dos cacaueiros, que proporcionou maior velocidade de crescimento do mogno foi de 30 a 40%, com baixo nível de infestação da broca Hypsiphyla grandella, ultrapassando aos 36 meses o dossel dos cacaueiros. Sistemas de cacau e outras espécies arbóreas.

Outras espécies de grande porte têm sido testadas ou simplesmente sugeridas como potencialmente adequadas para formar sistemas agroflorestais com o cacaueiro.

Além das diversas espécies produtoras de madeira de qualidade superior, várias árvores de interesse econômico são freqüentemente sugeridas (Quadro 27).

Quadro 27 - Algumas espécies arbóreas potencialmente adequadas para formar sistemas agroflorestais com o cacaueiro

ESPÉCIE NOME COMUM PRODUTOS

Carapa guianensis Andiroba madeira e óleo medicinal

Tectona grandis Teca madeira

Plathymenia foliolosa Vinhático madeira e tanino

Cordia alliodora Louro madeira

Dalbergia nigra Jacarandá-da-bahia madeira

Swietenia macrophylla Mogno madeira

Jessenia spp. Patauá óleo comestível

Euterpe oleraceae Açaí fruto e palmito

Copaifera sp. Copaíba óleo med./combustível

Cariocar villosun Piquiá madeira e fruto

Artocarpus altilis Fruta-pão fruto

A. heterophyllus Jaca madeira e fruto

Durio zibethinus Durião fruto

Attalea funifera Piaçava fibra e amêndoa

Bertholletia excelsa Castanha-do-pará madeira e noz

Toona ciliata Cedro australiano madeira

Schyzolobium amazonicum Bandarra (Paricá) madeira

Cordia spp. Freijó madeira

Tabebuia serratifolia Ipê madeira

Dipterix adorata Cumarú madeira e semente

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ÍNDICES TÉCNICOS

Sylvan Martins dos Reis Acácio de Paula Silva

Necessidades de mão-de-obra e insumos para implantação e manutenção de 01 hectare de cacaueiros do 1º até o 5º ano (Quadros 28 a 32).

Quadro 28 – Implantação e manutenção de 1 hectare de cacaueiros no 1º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE

AMPLITUDE SUPOR SUPOC

I - MÃO-DE-OBRA d/h 115 88 -

. Preparo de área d/h 20 19 19 - 20

. Tiragem de balizas d/h 5 4 4 - 5

. Balizamento d/h 6 6 -

. Construção do viveiro d/h 5 4 4 - 5

. Enchimento de saquinhos d/h 5 4 4 - 5

. Plantio de sementes de cacau d/h 2 1 1 - 2

. Plantio do sombreamento definitivo d/h 1 3 1 - 3

. Manutenção das mudas d/h 8 16 8 - 16

. Plantio do sombreamento provisório d/h 13 4 4 - 13

. Limpeza de área d/h 15 5 5 - 15

. Abertura de covas p/ cacau d/h 20 10 10 - 20

. Plantio de mudas de cacau d/h 6 3 3 - 6

. Combate às pragas d/h 2 2 -

. Manutenção do sombreamento d/h 7 7 -

II - INSUMOS/MATERIAIS

. Semente de cacau (Produção da CEPLAC) un 1300 1500 1300 - 1500

. Mudas de bananeira (sombreamento provisório)

un 600 1200 600 - 1200

. Mudas florestais (somb. definitivo) un 40 40 -

. Sacos de polietileno mil 1,3 1,5 1,3 - 1,5

. Inseticida litro 0,5 0,5 -

Quadro 29 – Manutenção de 1 hectare de cacaueiros no 2º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE

AMPLITUDE SUPOR SUPOC

I - MÃO-DE-OBRA d/h 73 45 -

. Limpeza de área d/h 50 30 30 - 50

. Combate às pragas d/h 2 3 2 - 3

. Desbrota d/h 4 3 3 - 4

. Desbaste de sombra d/h 9 4 4 - 18

. Adubação (NPK+ Uréia) d/h 4 3 3 - 4

. Replantio d/h 4 2 2 - 4

II – INSUMOS

. Semente de cacau (Produção da CEPLAC)

und 130 150 130 - 150

. Inseticida litro 2 2 -

. Adubo (NPK) saco 4 4 -

. Uréia saco 1 1 -

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74

Quadro 30 – Manutenção de 1 hectare de cacaueiros no 3º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE

AMPLITUDE SUPOR SUPOC

I - MÃO-DE-OBRA d/h 61 33 -

. Limpeza de área d/h 40 20 20 - 40

. Combate às pragas d/h 2 3 2 - 3

. Desbrota d/h 4 3 3 - 4

. Desbaste de sombra d/h 9 4 4 - 18

. Adubação (NPK+ Uréia) d/h 6 3 3 - 6

II – INSUMOS

. Inseticida litro 2 2 -

. Adubo (NPK) saco 5 5 -

. Uréia saco 1 1 -

Quadro 31 – Manutenção de 1 hectare de cacaueiros no 4º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE

AMPLITUDE SUPOR SUPOC

I - MÃO-DE-OBRA d/h 62 46 -

. Limpeza de área d/h 30 20 20 - 30

. Combate às pragas d/h 2 3 2 - 3

. Desbrota d/h 4 3 3 - 4

. Desbaste de sombra d/h 4 2 2 - 9

. Adubação (NPK+ Uréia) d/h 6 3 3 - 6

. Colheita e beneficiamento d/h 16 15 15 - 16

II - INSUMOS

. Inseticida litro 2 2 -

. Adubo (NPK) saco 6 6 -

. Uréia saco 1 1 -

Quadro 32 – Manutenção de 1 hectare de cacaueiros no 5º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE

AMPLITUDE SUPOR SUPOC

I - MÃO-DE-OBRA d/h 84 89 -

. Limpeza de área d/h 17 20 17 - 20 . Combate às pragas d/h 2 3 2 - 3 . Desbrota d/h 4 3 3 - 4 . Adubação (NPK+ Uréia) d/h 6 3 3 - 6 . Controle da vassoura-de-bruxa d/h 15 19 15 - 19 . Repasse controle da vassoura-de-

bruxa d/h 10 12 10 - 12

. Colheita e beneficiamento d/h 30 29 29 - 30

II – INSUMOS

. Inseticida litro 2 2 -

. Adubo (NPK) saco 6 6 - . Uréia saco 1 1 -

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75

Necessidades de mão-de-obra e insumos para recuperação de 01 hectare de cacaueiros infectados por vassoura-de-bruxa, nível III do 1º até ao 3º ano (Quadros 33 a 35).

Quadro 33 – Recuperação de 1 hectare de cacaueiros infectados por vassoura-de-bruxa, nível III

no 1º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE AMPLITUDE

I - MÃO-DE-OBRA d/h 87 -

. Poda fitossanitária (*) d/h 46 46 - 50

. Colheita (**) d/h 20 -

. Raleamento de sombra d/h 8 8 – 15

. Desbrota d/h 2 2 - 4

. Limpeza de área d/h 2 2 – 5

. Aplicação de fungicida d/h 2 -

. Combate às pragas d/h 1 -

. Adubação d/h 6 -

II – INSUMOS

. Inseticida litro 2 -

. Adubo (NPK) saco 6 -

. Fungicida Kg 6 -

. Podão un 1 -

. Facão un 1 -

. Gasolina litro 2 -

. Óleo 2T litro 0,25 -

(*) Inclui mão-de-obra necessária para repasse (**) Inclui mão-de-obra necessária para remoção de frutos infectados

Quadro 34 – Recuperação de 1 hectare de cacaueiros infectados por vassoura-de-bruxa, nível III no

2º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE AMPLITUDE

I - MÃO-DE-OBRA d/h 84 -

. Poda fitossanitária (*) d/h 30 -

. Colheita e beneficiamento (**) d/h 32 -

. Raleamento de sombra d/h 5 5 – 10

. Desbrota d/h 4 4 - 10

. Limpeza de área d/h 3 -

. Aplicação de fungicida d/h 2 -

. Combate às pragas d/h 2 -

. Adubação d/h 6 -

II – INSUMOS

. Inseticida Litro 2 -

. Adubo (NPK) Saco 6 -

. Fungicida kg 6 -

. Gasolina litro 2 -

. Óleo 2T litro 0,25 -

. Sacaria un 2 -

(*) Inclui mão-de-obra necessária para repasse (**) Inclui mão-de-obra necessária para remoção de frutos infectados

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76

Quadro 35 – Recuperação de 1 hectare de cacaueiros infectados por vassoura-de-bruxa, nível III no 3º Ano

DISCRIMINAÇÃO UNID. QUANTIDADE AMPLITUDE

I - MÃO-DE-OBRA d/h 83 -

. Poda fitossanitária (*) d/h 30 -

. Colheita e beneficiamento d/h 40 -

. Limpeza de área d/h 3 -

. Aplicação de fungicida d/h 2 -

. Combate às pragas d/h 2 -

. Adubação d/h 6 -

II – INSUMOS

. Inseticida litro 2 -

. Adubo (NPK) saco 6 -

. Fungicida Kg 6 -

. Podão un 1 -

. Facão un 1 -

. Gasolina litro 2 -

. Óleo 2T litro 0,25 -

. Sacaria un 10 -

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77

CALENDÁRIO AGRÍCOLA PARA O CULTIVO DO CACAUEIRO

Paulo Júlio da Silva Neto Acácio de Paula Silva

Ruth Maria Cordeiro Scerne

Prática Agrícola Época

Preparo de área Início do período seco (*)

Balizamento Logo após a limpeza da área

Preparo das mudas para sombreamento definitivo

Início do período seco

Plantio dos sombreamentos provisório e definitivo

Início do período chuvoso(*)

Plantio do cacaueiro Do início do período chuvoso até 2 meses antes do período seco

(deve-se entender que o cacaueiro necessita de sombra)

Roçagens 4 a 6 vezes durante o ano a depender da necessidade (antes da

adubação e da colheita são essenciais)

Desbrota Quando necessário

Correção do sombreamento provisório (raleamento)

1ª correção – 10 a 12 meses do plantio do cacaueiro no campo (início do período chuvoso)

2ª correção – 1 ano após a 1ª correção (início do período chuvoso)

3ª correção – 1 ano após a 2ª correção (início do período chuvoso)

4ª correção – 1 ano após a 3ª correção (início do período chuvoso)

Adubação básica No início do período chuvoso (em mudas no campo dois meses

após o transplantio)

Adubação nitrogenada 6 meses após a adubação básica

Combate às pragas temporárias

Insetos sugadores e coleobrocas do tronco

Durante o período seco

Broca dos frutos (Conotrachelus sp). Dois meses após a maior bilração

Combate às pragas permanentes Durante o ano todo

Controle de vassoura-de-bruxa:

Poda fitossanitária (remoção de ―vassouras‖)

Durante o período seco

Repasse (**) Após a remoção, antes do período chuvoso

Poda em roças velhas A partir do final da colheita

Escoramento de cacaueiros Durante a poda fitossanitária

Controle da podridão parda:

Raleamento da sombra Durante a poda fitossanitária

Remoção de frutos pecos e presos às árvores

Durante a colheita e poda fitossanitária

Remoção dos frutos infectados Durante todo o período da frutificação

4 pulverizações com fungicidas a base de cobre

Aplicações mensais a partir dos primeiros sintomas de ataque

Controle do câncro de Phythophtora sp. Durante o período chuvoso quando necessário

Controle do mal rosado (Corticium) Durante o período chuvoso quando necessário

(*) Períodos secos e chuvosos dos principais Municípios produtores de cacau da Amazônia brasileira estão expressos no Quadro 36.

(**) Após o repasse a remoção de ―vassouras‖ é feita durante o ano todo.

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78

Quadro 36 – Dados Climáticos dos Principais Municípios Produtores de Cacau na Amazônia brasileira. Valores Médios da precipitação pluvial (PP), retenção hídrica R.H. 125 mm, deficiência (Def) e excedentes (Exced) hídricos no solo (mm).

Meses

Ouro Preto D’Oeste (RO)

Medicilândia (PA) Manaus (AM)

*Tomé-Açu (PA)

Alta Floresta (MT)

*Tucumã (PA)

PP (mm)

R.H. 125 mm PP R.H. 125 mm PP (mm) PP (mm) PP (mm) PP (mm)

Def Exced (mm) Def Exced

JAN 295 0 181 225 0 107 271 272 374 270

FEV 276 0 174 296 0 202 246 278 386 299

MAR 265 0 145 366 0 263 263 417 323 271

ABR 241 0 128 336 0 237 267 361 256 270

MAI 70 3 0 210 0 102 271 236 52 145

JUN 22 24 0 97 0 0 167 93 22 56

JUL 8 48 0 64 4 0 123 75 6 24

AGO 29 58 0 49 25 0 78 58 14 54

SET 104 8 0 60 34 0 98 41 121 98

OUT 152 0 0 85 26 0 135 85 237 148

NOV 229 0 25 87 24 0 139 98 238 188

DEZ 280 0 155 209 0 0 212 149 163 284

ANO 1971 141 808 1084 113 911 2270 2163 2292 2107

PERÍ0-DO

1982 a 1994 1983 a 1990 1983 a 1994

1984 a 1998

1976 a 1998

1988 a 1995

Fonte: Scerne e Santos, 1994; Scerne et al, 1996; Santos et al, 1988;

* Dados coletados por técnicos do Escritório Local da CEPLAC no Município.

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79

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