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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO URBANO POR ÔNIBUS NO BRASIL MARIA CRISTINA FOGLIATTI DE SINAY Universidade do Grande Rio - UNIGRANRIO [email protected] FÁBIO DE SOUZA BRANDÃO Universidade do Grande Rio - UNIGRANRIO [email protected] GABRIEL AGUIAR DE ARAUJO Universidade do Grande Rio [email protected] LAURA SINAY Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO [email protected]

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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DOSERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO URBANO PORÔNIBUS NO BRASIL

 

 

MARIA CRISTINA FOGLIATTI DE SINAYUniversidade do Grande Rio - [email protected] FÁBIO DE SOUZA BRANDÃOUniversidade do Grande Rio - [email protected] GABRIEL AGUIAR DE ARAUJOUniversidade do Grande [email protected] LAURA SINAYUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - [email protected] 

 

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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: O CASO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE

PÚBLICO URBANO POR ÔNIBUS NO BRASIL

RESUMO

Os grandes problemas da Humanidade neste início de século foram provocados pelo aumento

da população sofrido ao longo do século passado, propiciado pelo progresso tecnológico, das

ciências e da medicina. Esta massa populacional transformou negativamente o ambiente, pois

esse fenômeno não foi acompanhado com o planejamento da oferta dos serviços básicos. Para

mitigar os problemas mencionados se faz necessário produzir, servir e consumir com

responsabilidade e uma ferramenta útil para tal é o desenvolvimento e implantação de

sistemas de gestão ambiental - SGA. O objetivo deste trabalho é caracterizar este tipo de

sistema conforme implementado no Brasil e apresentar uma proposta direcionada ao serviço

de transporte público urbano por ônibus - STPUO. Para alcançar estes objetivos, foi criado

um protótipo de questionário como guia para entrevistar gerentes de este tipo de empresas,

útil para medir o distanciamento dos objetivos das mesmas com a realidade do serviço

oferecido. Trata-se de um trabalho de natureza qualitativa que apresenta propostas objetivas

tanto para a composição de um SGA para o STPUO quanto de questionário-guia para

entrevistas em campo. Cabe mencionar que este questionário surgiu como protótipo após

aplicação de uma primeira versão do mesmo em empresas representativas do setor sob foco.

PALAVRAS-CHAVE:

Sistema de gestão ambiental, gestão do transporte público urbano, gestão ambiental do setor

de transporte urbano.

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEM: A CASE STUDY OF THE URBAN

PUBLIC TRANSPORTATION SERVICE BY BUS IN BRAZIL

ABSTRACT

The great problems of humanity in this century were caused by the increase of population

occurred over the last century, which was due to the progress of technology, science and

medicine. This population mass has negatively transformed the environment, because this

phenomenon was not followed up with the proper planning of the supply of basic services. To

mitigate the mentioned problems it is required to produce, serve and consume responsibly and

a useful tool for that is the development and implementation of environmental management

systems - EMS. The objective of this work is to characterize this type of system as

implemented in Brazil and present a proposal for the urban public transportation service by

bus - UPTSB. To achieve these goals, a prototype questionnaire was created as a guide for

interviewing managers of such companies, useful to measure the distance of these enterprises

goals with the reality of the service being offered. This is a work of qualitative nature that

presents objective proposals for the composition of an EMS for UPTSB and a guide

questionnaire for field interviews. The questionnaire arises as a prototype after a first applied

version of it in representative companies of the sector under focus.

KEY-WORDS:

Environmental management system, public urban bus transportation management,

environmental management of the urban transportation sector.

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a utilização do desenvolvimento econômico como proxy para

mensurar o bem estar social tem se mostrado ineficaz para tal. Isto porque esse indicador é

limitado a uma lógica utilitarista baseada no mercado, a qual nem sempre é capaz de captar a

multidimensionalidade do meio ambiente, aqui considerado em seu sentido mais amplo.

Assim, empresas e governos estão se adaptando a novos modelos de avaliação de seus

resultados.

Essa nova visão, desenvolvida a partir da segunda metade do século XX, é uma

resposta aos movimentos ecológicos e sociais nascidos no meio da sociedade. Conforme

Fogliatti et al (2011), este século apresentou evolução em todos os campos do saber de uma

maneira nunca vista antes. Como consequência, esses progressos tecnológicos, das ciências e

da medicina acarretaram um crescimento populacional significativo chegando-se ao final do

século com uma população de aproximadamente seis bilhões de habitantes.

Tal fato transformou o ambiente natural de forma negativa, potencializando uma maior

extração de recursos naturais e uma maior geração de resíduos. Tem-se então, no final do

século XX, o crescimento em massa de grandes mazelas da sociedade como a pobreza, a

desigualdade social, a degradação ambiental incluindo a poluição do ar e a contaminação das

águas, o uso e ocupação desordenados do solo, ruídos e o aumento do efeito estufa, entre

outras.

A ONU – Organização das Nações Unidas, ao analisar os maiores problemas

mundiais, estabeleceu no ano de 2000, os denominados Objetivos do Milênio – ODM, no

Brasil conhecidos como “os oito jeitos de mudar o mundo”. São eles: erradicação da extrema

pobreza e da fome, ensino básico universal, igualdade de gênero e autonomia das mulheres,

redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde materna, combate de doenças como

HIV/AIDS, malária e outras, garantia da sustentabilidade ambiental e estabelecimento de uma

parceria mundial para o alcance das metas pré-fixadas (ONU, 2013). Com estes objetivos e

metas definidos para cada um desses, busca-se caminhar rumo ao desenvolvimento

sustentável, seja nas esferas pública, privada, do terceiro setor e da sociedade, para o que se

faz necessário produzir, servir e consumir com responsabilidade.

Como ferramenta para esse propósito tem-se os Sistemas de Gestão Ambiental - SGA,

que nada mais são do que estruturas organizacionais que permitem à empresa avaliar e

controlar os impactos ambientais advindos de suas atividades, produtos ou serviços. Trata-se

de processos voltados a resolver e prevenir os problemas de caráter ambiental com o objetivo

do desenvolvimento sustentável.

É um processo que modifica o ambiente dos negócios após entender que a forma

tradicional da gestão, visando apenas resultados econômicos, afeta significativamente o

ambiente social externo. Segundo Donaire (1999, p.18) “Ignorar essas tendências tem custado

a muitas companhias grande quantidade de dinheiro e embaraços em sua imagem

institucional”.

Grael e Oliveira (2010) definem o sistema de gestão ambiental como resultado da

interação de partes, recursos, atividades e processos com determinado objetivo comum,

interação essa que, segundo Seiffert (2007) e Oliveira e Serra (2010), permite que as empresas

identifiquem os problemas e desenvolvam as ações e as estratégias necessárias para

solucioná-los.

Para colocar em prática este processo, há a necessidade de mudança cultural, em que

alguns hábitos e costumes tradicionais sejam modificados, incorporando a variável ambiental

no dia-a-dia e uma mudança de atitude quanto ao ambiente externo da organização,

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considerando a questão ambiental e a comunidade local nas tomadas de decisão (DIAS,

2006).

Trata-se de um processo proativo na busca da competitividade e de oportunidades que

permite as empresas se firmarem nos mercados globalizados que as qualificam não apenas

pelos desempenhos produtivos e econômicos, mas também pelos valores éticos praticados e

pela posição dessas perante o meio ambiente e sua preservação.

Como colocado por Tachizawa e Andrade (2012), uma vez entendido que não existem

conflitos entre a lucratividade e as questões ambientais, os princípios da gestão ambiental

aparecem como aliados naturais no que diz respeito ao bom desempenho econômico das

organizações.

2. OBJETIVO, METODOLOGIA E COMPOSIÇÃO

O objetivo do presente trabalho consiste em apresentar a origem, o desenvolvimento, a

natureza, as normas técnicas, a composição e as vantagens associadas aos sistemas de gestão

ambiental e propor para um serviço de vital importância para grande parte da população

urbana brasileira, qual seja, o serviço de transporte público urbano por ônibus – STPUO, um

SGA nos moldes da ISO 14001, Norma Internacional dedicada a sistemas de gestão

ambiental.

Trata-se de um trabalho de natureza descritiva, documental e bibliográfica aliado a

uma proposta objetiva e específica para um serviço particular de um SGA e que está

composto de, além das sessões de introdução e de objetivo, metodologia e composição, mais

seis sessões contendo, a primeira, o referencial teórico sobre o assunto, a segunda e a terceira

a caracterização do próprio sistema de gestão ambiental e a caracterização do serviço de

transporte público urbano por ônibus, respectivamente, a quinta uma proposta de um SGA

para o serviço sob análise assim como de um questionário para realizar entrevistas em

empresas de transporte público urbano e a última, as considerações finais do estudo.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Os primeiros sinais sobre a importância do desenvolvimento sustentável no Brasil

ocorreram na década de 1960 devido ao ritmo intenso de industrialização: áreas como

Cubatão (São Paulo), Volta redonda (Rio de Janeiro), ABC Paulista (São Paulo), com alta

concentração de atividades urbanas e industriais, levaram governos e sociedade a se

preocuparem com ações voltadas a preservação do meio ambiente (DIAS, 2006).

Na década de 1970, o governo brasileiro criou a Secretaria do Meio Ambiente -

SEMA, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB em São Paulo e o

Conselho Estadual de Proteção Ambiental na Bahia, para citar alguns exemplos de órgãos

ambientais voltados ao desenvolvimento de diferentes tipos de controle ambiental.

Esses órgãos foram mobiliados na década seguinte com legislação pertinente como a

Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 001 de 1986 que

estabeleceu a obrigatoriedade de desenvolvimento, apresentação e aprovação de Estudos de

Impactos Ambientais para fins de Licenciamento de Indústrias e Serviços com potencial

poluidor (DIAS, 2006).

Nas décadas de 1990 e 2000, diversas foram as pesquisas realizadas por órgãos como

Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES, Confederação Nacional das Indústrias – CNI

e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE e por pesquisadores

como Epelbaum (2006) e Leal (2009), que concluíram que os modelos de gestão existentes

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não eram suficientes para evitar os problemas ambientais, devendo-se então, buscar um

modelo mais eficiente e eficaz.

Os sistemas de gestão empresarial e da qualidade foram os alicerces para a

estruturação de um novo modelo: modelo de gestão ambiental – SGA, baseado na Norma

Britânica BS 7750:1992 (EPELBAUM, 2006, p. 153)

Um SGA é definido pela ABNT ISO 14001, (2004) como:

“a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional,

atividades planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos,

processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar

criticamente e manter a política ambiental, consistindo, em última análise, na

forma pela qual a organização gerencia suas atividades revisando a

otimização do desempenho ambiental”.

Estudiosos como Viterbo Junior (1998), Valle (2002), Almeida (2004), Dias (2006),

Barbieri (2007) e Fogliatti et al (2011) definem a gestão ambiental como “a forma pela qual a

organização administra as relações entre suas atividades e o ambiente que as abriga,

observadas as expectativas das partes interessadas”, como “a forma pela qual a empresa se

mobiliza, interna e externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada”, como

“forma de gestão empresarial orientada para controlar e mitigar os efeitos ambientais

provocados pela organização de modo que esses não ultrapassem a capacidade do meio

ambiente de absorvê-los” e como “as diferentes atividades administrativas e operacionais

realizadas pela empresa para abordar problemas ambientais decorrentes da sua atuação ou

para evitar que eles ocorram no futuro”.

Feldman, Soyka e Ameer (1997) afirmam que o melhor desempenho ambiental

conseguido com a prática da gestão ambiental é compatível com o melhor desempenho

financeiro da organização. Na mesma linha de raciocínio, Porter (1999) afirma que ao se

utilizarem os recursos naturais de forma eficiente e ao se reduzirem os desperdícios

produzidos, além da melhoria do desempenho ambiental, abrir-se-ão novos mercados e

aumentar-se-á a lucratividade da empresa.

Segundo Tachizawa (2002) a aplicação da gestão ambiental traz para as organizações,

além de diferencial competitivo, maior probabilidade de permanência nos mercados

globalizados, redução de custos e aumento de lucros em médio e longo prazos.

Souza (2002) conclui em sua pesquisa que na década de 1990 a tendência empresarial

era a de agregar a variável ambiental nas estratégias organizacionais por ter sido entendido

que esse era o caminho a ser seguido, não apenas para satisfazer requisitos legais, mas

também para garantir uma melhor posição no mercado.

4. SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL – SGA

4.1. Origem, desenvolvimento e normas técnicas

A partir do início da década de 1980, surgiram os primeiros modelos de gestão

ambiental, entendidos esses como parte do sistema de gestão global da organização.

Um importante marco para o início da gestão ambiental foi a Norma Britânica BS

7750 (SPECIFICATIONS FOR ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEMS, BS

7750) publicada em março de 1992 que serviu de base para quase todos os modelos de

sistema de gestão ambiental publicados à posteriori. Segundo esta norma, elaborada por um

comitê técnico com representantes de vários setores econômicos ingleses, os principais

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aspectos e diretrizes a serem seguidas quando da elaboração de um SGA eram: a definição da

política ambiental da empresa, das responsabilidades de todo o pessoal envolvido, dos

procedimentos relacionados às áreas de atuação, de programas para alcançar os objetivos

alinhavados na política da empresa, e de critérios para aplicação de auditorias ambientais

periódicas, além disso, o estabelecimento de procedimentos para identificar e avaliar os

impactos passíveis de serem provocados, de metas a serem alcançadas e a elaboração de

documentos com revisões periódicas de forma a buscar a melhoria contínua (FOGLIATTI et

al, 2011).

Este modelo foi seguido pelo Sistema Europeu de Ecogestão e Auditorias - EMAS

(Eco-Management and Audit Scheme) criado pela Comissão da Comunidade Europeia em

1993 e direcionado a indústrias. As diretrizes para estabelecimento de um SGA segundo este

Sistema compreendem a gestão do uso de energia, água e matérias primas e dos resíduos, a

avaliação e o controle dos impactos produzidos pelas atividades desenvolvidas, a avaliação

dos fornecedores e contratados, o treinamento dos funcionários, a prevenção de acidentes e a

preparação de planos de contingências (FOGLIATTI et al, 2011).

Promulgada em 1996, a ISO 14001 é uma norma internacional de caráter voluntário

desenvolvida com o objetivo de auxiliar a gestão das organizações a equilibrar seus interesses

econômico-financeiro com os impactos gerados por suas atividades. Esta Norma, que na

atualidade é a mais empregada em todo o mundo, apresenta 17 requisitos para a elaboração de

um SGA. São estes: elaboração da política ambiental da empresa onde constem a missão, a

visão, os valores e as crenças da organização, a identificação dos componentes ambientais

presentes na área de influência e os procedimentos para avaliação de impactos ambientais, a

identificação dos requisitos legais vigentes e relacionados às áreas de atuação da organização,

a definição de objetivos e metas a serem alcançados, a composição do sistema e a

determinação dos responsáveis pela execução de cada etapa do mesmo, o treinamento,

conscientização e competências de todos os participantes, o estabelecimento dos processos de

comunicação interna e externa para divulgar a política da empresa e as ações por essa

implementadas, a estruturação do sistema documental, o controle e atualização e divulgação

contínua de documentos, o controle operacional, a preparação e atendimento a situações de

emergência, a realização de monitoramentos e medições, o estabelecimento de ações

corretivas e preventivas para os casos de não conformidades, o estabelecimento de controle de

registros, a realização sistemática de auditorias ambientais e de revisões críticas pela gerência

de modo a garantir a melhoria continua.

Figura 1: Ciclo PDCA para a ISO 14001

Fonte: NBR ISO: 14001-1996 – ABNT

Segundo Donaire (p.117, 1999) a Norma ISO 14001 tem por objetivo apresentar

componentes de um Sistema de Gestão Ambiental eficaz, sendo possível a sua integração com

os demais setores da organização. Foi criada de maneira a ser utilizada por todos os tipos de

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organizações e segue o ciclo PDCA (Planejar – Executar – Verificar – Ajustar) apresentado

na Figura 1.

De acordo com o pesquisador supracitado, o resultado da aplicação do sistema de

Gestão Ambiental, depende do envolvimento de todos os níveis e funções, em particular da

alta administração que deverá ter por objetivo a melhoria continua buscando sempre superar

os padrões adotados.

4.2. Vantagens associadas à implementação de um SGA

Alguns autores como Fogliatti et al (2011), Oliveira e Serra (2010), Grael e Oliveira

(2010) Fryxell e Szeto (2002), e Morrow e Rondinelli (2002) apresentam vantagens

associadas à implantação de um SGA advindas de quatro conjuntos de ações, quais sejam: de

prevenção, de remediação, de recuperação de danos e de investimentos em educação

ambiental. Em relação às ações que formam o primeiro conjunto, elas são aquelas que

permitem se antecipar a possíveis impactos ambientais pela análise de projetos, de métodos

ou processos e das atividades da empresa. As ações que constituem o segundo conjunto são

aquelas direcionadas à correção das atividades que causam impactos negativos uma vez que a

prevenção não conseguiu evitar o fato. O terceiro conjunto está constituído por ações que

corrigem os danos remanescentes e o quarto, por ações que se direcionam a investimentos em

educação ambiental, por reconhecer que a qualidade da formação profissional transforma

positivamente o perfil da empresa.

Dentre as vantagens associadas à implantação de um SGA apresentadas pelos autores

supracitados destacam-se: melhoria no desempenho ambiental, atendimento das expectativas

dos clientes, redução de custos, melhor atendimento às partes externas interessadas,

fortalecimento da reputação corporativa, entrada no mercado internacional, economia de

recursos, redução de desperdícios, melhoria na imagem corporativa para efeitos de mercado e

aumento da consciência ambiental de fornecedores e dos funcionários. Tem-se ainda

economia de recursos pela melhoria da eficiência e pela redução de custos com o consumo de

energia e materiais, multas e penalidades, aumento da confiança do investidor na organização,

vantagens competitivas internacionais, redução de riscos dos negócios e aumento da

eficiência das operações.

A implementação dos SGA tem de ser assumida pela alta gestão e por todos os seus

colaboradores, de modo a tornar-se numa mais-valia que permite colaborar no crescimento

sustentado e o sucesso das empresas.

5. UM SGA PARA O SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO URBANO POR

ÔNIBUS NO BRASIL

O transporte público urbano é essencial, pois promove a acessibilidade a todas as

atividades colaborando com o desenvolvimento e o progresso das cidades. Entretanto, este

serviço provoca impactos ambientais negativos como desvalorização da terra,

congestionamentos, poluição da atmosfera e sonora, acidentes de transito, desumanização dos

espaços urbanos e perda da eficiência econômica das cidades.

Segundos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2013, p. 18

e 19), aproximadamente 85% da população brasileira residem em centros urbanos onde o

ônibus é o principal meio de transporte público, o que aponta à necessidade de que ações que

priorizam os transportes públicos, os pedestres e os ciclistas sejam desenvolvidas e

implementadas em muitas cidades brasileiras como tentativa de se alcançar a sustentabilidade.

Exemplos dessas ações são a construção de vias exclusivas, a implantação de metrôs, a

recuperação de trens e a produção de ônibus de alta tecnologia.

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Entretanto, o crescimento populacional e a necessidade de deslocamentos não foram

acompanhados por um sistema de transporte público urbano planejado e sustentável. Assim

sendo, esse sistema provoca uma série de impactos negativos sobre o meio ambiente.

Segundo Fogliatti et al (2004), o serviço de transporte público urbano causa a

deterioração do meio ambiente, contribuindo junto ao setor industrial com o maior número de

impactos negativos. Portanto deve ser criteriosa e cuidadosamente planejado e gerido para

equilibrar os prejuízos com os benefícios deles advindos.

Verifica-se também a necessidade de um controle contínuo do serviço, o que pode ser

propiciado pela elaboração e implementação de um sistema de gestão ambiental, de forma a

se obter um sistema de transporte sustentável que, segundo definição do World Comission on

Environment and Development – WCED:

“é aquele que contribui para o bem-estar econômico e social sem prejudicar

a saúde humana e o meio ambiente, integrando as dimensões sociais,

econômicas e ambientais, permitindo a satisfação das necessidades básicas

de acesso e mobilidade das pessoas, de forma compatível com a saúde

humana e com o equilíbrio do ecossistema, além de promover igualdade

dentro das gerações e entre as mesmas e ainda possuindo custos aceitáveis,

funcionando de maneira eficiente, oferecendo a possibilidade de escolha do

modo de transporte, apoiando a economia e o desenvolvimento regional, e

finalmente, limitando emissões e resíduos em função da capacidade da Terra

de absorvê-los, utilizando para isto recursos renováveis” (ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DE TRANSPORTE PÚBLICO - ANTP, 2003).

Fogliatti et al (2011) propõem em seu livro “Sistema de Gestão Ambiental para

Empresas” um modelo de SGA nas bases da Norma ISO 14001 que atende a todo tipo de

serviço. Este modelo está constituído de 8 etapas, quais sejam: desenvolvimento, divulgação e

aplicação da política ambiental da empresa, divisão da área de influência das atividades a

serem desenvolvidas em setores ambientalmente homogêneos, caracterização dos

componentes ambientais presentes, estabelecimento de indicadores ambientais e seus padrões

de comportamento, caracterização do passivo ambiental, recuperação do passivo ambiental,

garantia da melhoria contínua do desempenho ambiental e elaboração e implementação de

planos de contingências para atendimento a situações emergenciais.

A seguir e tomando como base o modelo proposto por esses pesquisadores será

apresentada uma proposta de SGA para o serviço de transporte público por ônibus, assim

como um questionário a ser empregado nas entrevistas a serem conduzidas nas empresas de

ônibus com a finalidade de avaliar a sustentabilidade dos sistemas de gestão empregados.

5.1. SGA para o STPUO

As 8 etapas a constituir o SGA para o STPUO são descritas à seguir:

5.1.1. Desenvolvimento, divulgação e aplicação da política ambiental:

Como a política da empresa deve subordinar-se a política ambiental do governo

federal, essa se deve fundamentar nos seguintes princípios básicos: viabilidade ambiental do

sistema, respeito às necessidades de preservação ambiental e promoção do desenvolvimento

sustentável. Assim sendo, as diretrizes da política ambiental de uma empresa de transporte

público urbano por ônibus devem incluir os seguintes objetivos:

Participar ativamente do desenvolvimento sustentável da área de influência do

empreendimento, conservando os recursos naturais e colaborando com projetos

sociais.

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Planejar e administrar recursos para viabilizar a operação das linhas de ônibus, a

manutenção dos veículos e dos serviços de conservação da infraestrutura com estrita

observância da legislação ambiental em vigor, estabelecendo rotinas e procedimentos

voltados para a garantia da saúde dos funcionários, dos usuários do serviço e da

população vizinha, bem como para a manutenção da qualidade do meio ambiente.

Treinar e capacitar os funcionários os incentivando a atuarem em favor do ambiente

equilibrado e do desenvolvimento ambiental, apoiados na ética, na cidadania, na

solidariedade e no respeito.

Apoiar e incentivar as ações voltadas para a redução do consumo de energia e da

produção de resíduos em todas as unidades da empresa com a adoção de práticas de

consumo sustentável, tais como a coleta seletiva de lixo e sua reciclagem e reutilização

em outros processos deficientes na vida útil.

Manter permanente diálogo com os funcionários, usuários, clientes, órgãos de

fiscalização ambiental e com o público que compartilha a via, com abertura e

transparência das ações da empresa nas discussões de práticas de segurança, de

promoção da saúde e de proteção do meio ambiente.

Buscar e incentivar a melhoria contínua da Política Ambiental da empresa,

aperfeiçoando permanentemente sua atuação no setor.

5.1.2. Divisão da área de influência das atividades em setores ambientalmente

homogêneos:

Os grandes setores com características ambientais homogêneos relacionados ao

transporte público urbano por ônibus são: garagens e terminais, oficinas de manutenção,

edificações da administração e área de efetiva prestação de serviço, isto é as vias urbanas. Em

cada um destes setores desenvolvem-se atividades específicas que impactam, de diferentes

formas e em diferentes graus, os componentes do meio ambiente.

Nas garagens e/ou terminais, a intensa movimentação de veículos coloca em alto risco

a integridade das pessoas que por aí transitam. Nas oficinas de manutenção, as atividades

desenvolvidas deterioram o solo e o ar, assim como a saúde dos técnicos responsáveis pela

recuperação dos veículos. No local onde se desenvolvem as tarefas administrativas, os

maiores riscos estão associados ao meio antrópico. Nas vias urbanas, onde se realizam as

atividades fim, isto é, aquelas atividades necessárias ao efetivo transporte de passageiros, os

maiores riscos estão associados à integridade do meio antrópico (passageiros dos ônibus e

demais pessoas que compartilham o uso público das vias urbanas), dos equipamentos urbanos,

assim como a dos demais veículos que por aí transitam, e para os componentes do meio físico,

em especial solo, ar e ruídos (internos e externos).

Das diferenças entre as diversas atividades realizadas por cada setor é que as ações

alinhavadas para reduzir a interferência do serviço prestado no meio ambiente devem ser

planejadas.

As vias urbanas por sua vez, podem ser fragmentadas em trechos com características

físicas homogêneas, tarefa que pode ser facilitada com a utilização de cartas e mapas

integrados ao Sistema de Informação Geográfica que ajudam a consolidar as informações

obtidas e produzidas sobre o elemento analisado.

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5.1.3. Caracterização dos componentes ambientais presentes:

Uma vez dividida a área de influência em setores ambientalmente homogêneos, os

componentes ambientais presentes em cada um deles e que podem ser modificados pelas

atividades desenvolvidas devem ser identificados. Estes componentes ambientais podem ser

alguns ou todos os elementos constitutivos dos meios físico (solo, água e ar), biótico (fauna e

flora) e antrópico (homens e seus inter-relacionamentos). As atividades de transporte público

por ônibus podem provocar impactos na atmosfera, na água, no solo e no ar, vibrações,

acidentes diversos e problemas de saúde dos funcionários, dos passageiros e das pessoas que

compartilham as vias. Caso um dano ambiental seja constatado sendo visível a deterioração

de um componente ele deve ser rapidamente corrigido para evitar que se forme um passivo

ambiental difícil de ser recuperado.

5.1.4. Estabelecimento de indicadores ambientais e seus padrões de comportamento:

Os indicadores ambientais para a operação de transporte público por ônibus estão

intimamente ligados com as atividades desenvolvidas e com as alterações por estas

provocadas. Alguns indicadores propostos para este setor são apresentados a seguir (CRUZ,

2004):

Ruído, interno e externo aos veículos e terminais.

Presença de elementos tóxicos na atmosfera, na água e no solo.

Resíduos líquidos e sólidos gerados e não dispostos adequadamente.

Ocorrências indesejadas que incluem todo tipo de acidentes ou incidentes

provocados pelos veículos\funcionários nas vias públicas e nas garagens, terminais e

edifícios da administração.

Para estes indicadores devem ser observados padrões, sejam eles estabelecidos na

legislação vigente ou obtidos de estatísticas coletadas periodicamente a fim de construir um

banco de informações úteis para gerir o Serviço prestado.

Quando os componentes ambientais começam a se deteriorar, medidas preventivas

devem ser colocadas em prática a fim de deter a degradação e evitar a formação de passivo

ambiental.

5.1.5. Caracterização do passivo ambiental:

De posse dos indicadores e correspondentes padrões de comportamento ou metas a

serem alcançados, cada um dos componentes ambientais presentes na área sob estudo devem

ser avaliados. A não conformidade com padrões/metas pré-estabelecidas indica que o

componente ambiental é um elemento do passivo ambiental e sua recuperação, de

responsabilidade da empresa segundo a Lei 9.605 de 1998 de Crimes Ambientais, deve ser

rapidamente planejada.

5.1.6. Recuperação do passivo ambiental:

Para recuperar o passivo ambiental, medidas corretivas ou de correção dos danos

provocados devem ser elaboradas e orçadas e um cronograma para a execução das mesmas

deve ser definido e colocado em prática o quanto antes possível.

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5.1.7. Garantia da melhoria contínua do desempenho ambiental:

O monitoramento contínuo da operação do transporte público por ônibus permite a

elaboração de planos/programas/medidas mitigadoras que, quando aplicados, diminuem a

possibilidade de ocorrência de novos passivos ambientais.

5.1.8. Elaboração e implementação de um plano de contingências:

Um plano de contingência consiste de um conjunto de procedimentos ou protocolos

estabelecidos previamente visando que a sua aplicação conduza à diminuição dos danos

ambientais passíveis de serem provocados em casos de acidentes.

Para elaborar um plano de contingência eficaz se faz necessário o estudo da região no

qual se insere a empresa o que permitirá levantar locais/ações/procedimentos com altos riscos

ambientais associados.

5.2. Questionário para avaliar tipo de gestão aplicado por empresas de transporte

público urbano por ônibus

Com a finalidade de conhecer a situação da gestão atualmente aplicada por empresas

de transporte público este artigo apresenta também o protótipo de um questionário guia de

entrevistas que permitirá, quando aplicado, conhecer as empresas fisicamente, seus tipos de

gestão, a importância dada à sustentabilidade no serviço prestado e a prática da

Responsabilidade Social Corporativa. Cabe mencionar que este questionário surgiu como

protótipo após aplicação de uma primeira versão do mesmo em empresas representativas do

setor sob foco.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA EMPRESA

Nome da empresa:

Telefone:

E-mail:

Endereço:

Tempo de atuação:

Tipo de contrato: ( ) Concessão

( ) Permissão

( ) Licença

( ) Autorização

Número de Empregados:

Número de linhas que opera:

Quilometragem total percorrida/dia:

Qual o número de veículos que compõem a frota?

Planeja expansão: ( ) sim, em linhas já concedidas

( ) sim, em novas linhas

( ) não

Qual a idade média dos veículos?

Tem quantas garagens e oficinas de manutenção?

Localização das garagens e oficinas de manutenção:

Faz manutenção preventiva dos veículos? Em caso

positivo, de quanto em quanto tempo?

( ) Sim

( ) Não

Periodicidade:

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CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO DA EMPRESA

A empresa é associada a algum

sindicato ou associação de classe?

( ) Sim, qual?

( ) Não

Existe política interna da empresa onde

se expressem os objetivos da mesma?

( ) Sim

( ) Não

Quais são esses objetivos?

Caso exista, essa política é divulgada? ( ) Internamente

( ) Passageiros

( ) População do entorno

Existe um sistema de gestão ambiental

implementado ou em desenvolvimento?

( ) Sim, implementado.

( ) Sim, em desenvolvimento

( ) Não

Caso positivo, em que consiste?

Praticam a responsabilidade social

corporativa?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, quais as ações que são

praticadas?

( ) Creches

( ) Auxilio escola

( ) Financia alguma organização do 3º setor

( ) Aulas para a sociedade do entorno

( ) Plano de carreira para funcionários

( ) Energias limpas

( ) Possui algum tipo de certificação ambiental ou social

( ) Outras:

Adota alguma prática sustentável como:

Controla o consumo da água? ( ) Sim

( ) Não

Controla o consumo de combustível? ( ) Sim

( ) Não

Controla a geração de resíduos

líquidos e sólidos?

( ) Sim

( ) Não

Há uma empresa especializada para

coletar resíduos?

( ) Sim

( ) Não

Qual?

Pratica a reciclagem, reuso e/ou

redução de materiais?

( ) Sim

( ) Não

Mantém os veículos regulados para

não poluir o ar?

( ) Sim

( ) Não

Regula os veículos para reduzir os

ruídos internos?

( ) Sim

( ) Não

Mantém os veículos asseados? ( ) Sim, qual a regularidade?

( ) Não

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RECURSOS HUMANOS

Há treinamentos para os motoristas e

cobradores?

( ) Sim, em que consiste e qual a regularidade?

( ) Não

Há disponibilização e controle do uso de EPIs

por parte dos funcionários que os precisem?

( ) Sim

( ) Não

Os motoristas e dependentes têm assistência

médica-odontológica?

( ) Sim, todos

( ) Sim, somente os motoristas

( ) Não

Os motoristas têm assistência psicológica? ( ) Sim

( ) Não

Há controle da empresa quanto ao uso de

medicamentos, drogas e álcool nos motoristas e

cobradores?

( ) Sim

( ) Não

Aplica estudos comportamentais dos motoristas,

(como agressividade, desrespeito, falta de

socialização), dentre outros?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, quais os estudos realizados?

Há aulas para os motoristas onde os valores

expressos na política interna da empresa

(comportamento cívico, solidariedade, respeito

ao passageiro e aos demais cidadãos que

compartilham a via pública e outros) são

repassados para os motoristas?

( ) Sim

( ) Não

Busca oferecer aos passageiros: ônibus limpos,

sem pichações, sem ruídos internos, com ar

condicionado no verão, etc.?

( ) Sim

( ) Não

Busca cumprir compromissos em relação a

regularidade, ao conforto, à segurança e ao

asseio?

( ) Sim

( ) Não

Tem implementado um Sistema de Atendimento

ao Cliente – SAC?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, como ele é divulgado?

Há um telefone e/ou e-mail para os usuários

fazerem contato?

( ) Sim

( ) Não

Em caso de um motorista estar envolvido com

um incidente\acidente de trânsito como a

empresa procede? Há um protocolo?

( ) Sim

( ) Não

Explique:

Mantém estatísticas do envolvimento dos

motoristas com acidentes de trânsito?

( ) Sim

( ) Não

Há denúncias no Sistema de Atendimento ao

Cliente – SAC?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, como a empresa procede?

Como a empresa procede em casos de

reincidências?

( ) Afastamento para treinamento

( ) Suspensão ao trabalho

( ) Advertência

( ) Outros

Fonte: os autores.

Deve ser ressaltado que os dados constantes nos questionários devem ser

complementados com observações in loco a fim de se obter o diagnóstico do estágio da gestão

socioambiental da empresa.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo caracterizar os Sistemas de Gestão Ambiental de

forma a embasar a construção de um sistema deste tipo para o serviço de Transporte Público

Urbano por ônibus, serviço este essencial para o desenvolvimento de uma significativa

parcela da população que habita os grandes centros urbanos brasileiros.

Este serviço, que deveria ser oferecido objetivando a satisfação, o conforto e a

segurança dos passageiros, com regularidade, confiabilidade e limpeza, está neste momento

em evidencia na mídia de cidades brasileiras, como é o caso da cidade do Rio de Janeiro. Em

muitas cidades/bairros, na prática ele tende a não oferecer qualquer uma das promessas acima

mencionadas e os usuários do sistema já demonstraram sua total insatisfação em

manifestações de rua com reivindicações sobre o mesmo. Nestas reivindicações apenas foram

mencionadas as tarifas por estas serem de fácil mensuração, mas indiretamente fica claro que

a tarifa proposta extrapola a qualidade do serviço oferecido. Ainda vários incidentes,

incluindo atropelamentos, quedas de ônibus de viadutos, incêndios e outros, são claros

indícios de que alguma intervenção deve ser feita no serviço sob análise.

Assim sendo, este trabalho se mostra atual e oportuno por possibilitar o acesso do

gestor deste setor a uma proposta de Sistema de Gestão Ambiental onde a ética, a

solidariedade e o respeito sejam valorizados da mesma forma que os lucros das empresas.

O Sistema de Gestão Ambiental pode contribuir significativamente para as políticas do

setor de transporte público urbano que muito necessita de uma gestão capaz de controlar todos

os danos causados ao ambiente.

Ainda foi apresentado um questionário, testado previamente em algumas empresas do

setor de transporte público urbano por ônibus da cidade do Rio de Janeiro, que pode servir de

guia para entrevistas em campo que permitirão, quando aplicadas, verificar o distanciamento

entre os objetivos dessas empresas e a realidade. Dessa maneira, os gestores de tais empresas

ficam habilitados a alinhavar ações visando corrigir e/ou mitigar os desvios identificados e a

implementar melhorias.

7. REFERÊNCIAS

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FOGLIATTI, M. C.; CAMPOS, V.B.G; FERRO, M. A. C.; SINAY, L.; CRUZ, I. . Sistema

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VITERBO JUNIOR, E. Sistema integrado de gestão ambiental: como implementar um

sistema de gestão que atenda à Norma ISO 14001, a partir de um sistema baseado na

Norma ISO 9000, dentro de um ambiente de GQT. São Paulo: Aquariana,1998.

Agradecimentos: Os autores agradecem o apoio prestado pelo Conselho Nacional de

Pesquisa Científica e Tecnológica - CNPq e pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à

Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro-FAPERJ.