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Sistemas Aquíferos de Portugal Continental · acidentes correspondem a roll-overs subordinados a falhas normais lístricas, típicas do regime extensional inicial do Fosso Lusitânico

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Sistemas Aquíferos de Portugal Continental

Sistema Aquífero: Penela-Tomar (O9) 239

SISTEMA AQUÍFERO: PENELA – TOMAR (O9)

Figura O9.1 – Enquadramento litoestratigráfico do sistema aquífero Penela-Tomar

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Identificação

Unidade Hidrogeológica: Orla Ocidental

Bacia Hidrográfica: Mondego e Tejo

Distritos: Coimbra, Leiria e Santarém

Concelhos: Alvaiázere, Ansião, Coimbra, Condeixa-A-Nova, Ferreira do Zêzere,Miranda do Corvo, Penela, Soure e Tomar

Enquadramento Cartográfico

Folhas 230, 241, 251, 263, 275, 287, 299 e 310 da Carta Topográfica na escala 1:25 000 doIGeoE

Folhas 19-B, 19-D, 23-B, 23-D e 27-B do Mapa Corográfico de Portugal na escala1:50 000 do IPCC

COIMBRA

MIRANDADO CORVO

CONDEIXA-A-NOVA

PENELASOURE

ANSIÃO

ALVAIÁZERE

FERREIRADO ZÊZER

TOMAR

241

251

263

275

287

299

310

230 19B

19D

23B

23D

27B

Figura O9.2 - Enquadramento geográfico do sistema aquífero Penela-Tomar

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Enquadramento Geológico

Estratigrafia e Litologia

As principais formações aquíferas são constituídas por dolomitos, calcários compactos ecalcários dolomíticos compactos, por vezes com intercalações margosas, do Liásico.

De acordo com Ribeiro et al. (1979) as unidades mais antigas são de calcários e dolomitosa que se seguem calcários e margas com xistos betuminosos, progressivamente maiscarbonatados com a aproximação ao Liásico superior, terminando em calcários maciços algocristalinos. No Liásico superior mantém-se a natureza calcário-margosa, já menos dolomítica,que se representa por margas brandas e calcários (brandos, compactos ou sublitográficos emplaquetas), por vezes com intercalações de biostromas (Ribeiro et al., 1979).

As espessuras são muito variáveis, conhecendo-se valores entre os 106 m (região deAlmalaguês) e os 242,5 m (Torre de Vale de Todos).

Tectónica

A tectónica é condicionada pelos acidentes tardi-hercínicos que afectaram o soco e cujareactivação influenciou a cobertura mesozóica (Ribeiro et al., 1979). No bordo leste algunsacidentes correspondem a roll-overs subordinados a falhas normais lístricas, típicas do regimeextensional inicial do Fosso Lusitânico (Crispim, 1986, Crispim e Ribeiro, 1986).

As direcções de fracturação deste sistema são: (1) tardi-hercínicas, (2) associadas àabertura do fosso lusitaniano, (3) béticas, (4) e ainda as relacionadas com a ascensão dasformações diapíricas de idade triásica. A fracturação tardi-hercínica está representada poracidentes NNE-SSW a ENE-WSW e os respectivos conjugados NNW-SSE a NW-SE. Sãoainda de referir os acidentes tardi-hercínicos de direcção N-S, por vezes de grande extensão ecom importantes escarpas, de que se destaca a falha de Coimbra, que estabelece o limite Wdeste sistema entre Coimbra e a região de Condeixa-A-Nova e que segundo Brum Ferreira(1981) apresenta nesta região uma escarpa entre 50 a 100 m de expressão. A direcção deabertura do fosso lusitaniano está representada por acidentes NNE-SSW e N-S. As falhas deorientação bética apresentam-se com direcções ENE-WSW.

De acordo com Cabral e Ribeiro (1988) esta região está afectada por diversos acidentes demovimentação recente. Assim, nesta região são registados os seguintes acidentes: lineamentoscorrespondentes a possíveis falhas activas – orientações NNE-SSW, NNW-SSE e NW-SE;falhas prováveis de movimentação desconhecida, com orientação N-S; falhas prováveis deinclinação desconhecida, com componente de movimentação vertical, com orientação E-Wque flecte para NE-SW ou N-S à medida que caminha para o contacto com o soco hercínico.O contacto com o maciço hercínico faz-se por uma falha cuja orientação é essencialmente N-S, de inclinação desconhecida e componente de movimentação vertical.

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Hidrogeologia

Características Gerais

O sistema aquífero é cársico, com o substrato formado pelos Grés de Silves, que marginamo sistema aquífero a nascente. As sequências calco-margosas do Liásico médio e superiorconstituem a parte superior do sistema aquífero.

Dos 245 km2 de área total do sistema, apenas uma parte é coberta por rochas com aptidãoaquífera significativa, correspondentes às formações da base do Liásico. As áreas restantes,são ocupadas por formações sobrejacentes, também de idade liásica, mas de carácter calco-margoso, ou francamente margoso. No entanto, é provável que parte destas áreascorrespondam a zonas de recarga das formações aquíferas. De facto, em certas regiões, porexemplo nas imediações de Rabaçal, a quase ausência de uma rede de drenagem superficialorganizada e a presença de depressões fechadas, apoia a hipótese de uma drenagem verticalpara as camadas subjacentes.

Neste sistema, conhecem-se algumas cavidades e zonas de descarga: a de Alcabideque é amais importante. Outra nascente importante é a do Dueça. Contudo, esta nascente, emborasituada em calcários liásicos está relacionada com um importante sistema de drenagemsubterrânea que inclui não só os calcários do Liásico mas também do Dogger.

Parâmetros Hidráulicos e Produtividade

A maioria das captações por furo tem caudais modestos. No entanto, como é típico deaquíferos cársicos, algumas captações situadas perto de exsurgências importantes ou perto docontacto com formações menos permeáveis, podem fornecer caudais elevados.

Assim, podemos caracterizar as produtividades em dois grupos: um, que inclui a maiorparte dos dados disponíveis (14), com caudais até 7,5 L/s, cuja caracterização consta doquadro seguinte (Quadro O9.2) e Figura O9.3, e outro grupo que inclui as captações situadasperto de exsurgências ou do contacto com formações menos permeáveis. Estão neste caso osfuros situados em Alcabideque, perto da nascente com o mesmo nome, onde num deles seextrai um caudal de 80 L/s, e um poço situado em Vale de Pousada, Cernache, onde se extraium caudal de 48 L/s.

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Figura O9.3 – Distribuição cumulativa de caudais (L/s), fora das zonas de exsurgências

As características dos furos inventariados, fora das zonas de exsurgências importantes, sãosumariadas no Quadro O9.1.

n Média Desviopadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Profundidade (m) 8 94,5 39,3 50 52 94,5 106 150Fim Ralos (m) 6 82,7 37,6 44 47,3 74,3 100,6 138% Zona Captada 6 44 16 19 26 49 51 63

Quadro O9.1 - Características dos furos do sistema aquífero Penela – Tomar (fora das

zonas de exsurgências)

A produtividade dos furos deste grupo está sintetizada no Quadro O9.2.

n Média Desviopadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Caudal (L/s) 8 3,1 2,1 0,56 1,6 1,7 3,7 7,5Caudal específico (L/s/m) 7 0,48 0,39 0,01 0,05 0,48 0,63 1,09Nível hidrostático (m) 8 -23,5 25 -63,2 -50 -20 -2,4 4

Quadro O9.2 - Produtividade dos furos do Sistema Aquífero Penela - Tomar (fora das

zonas de exsurgências)

Em algumas regiões relativamente planas e com o nível freático bastante superficial, acaptação faz-se maioritariamente através dos poços tradicionais. É o caso da plataforma deChão de Couce (Campo de Chão de Couce), perto de Avelar.

Tal como acontece com as produtividades, também podemos considerar dois grupos paraos valores de transmissividade, estimados a partir dos caudais específicos: um, correspondente

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à maioria das captações com pequeno caudal (Quadro O9.3), com valores entre 1 e100 m2/dia, e outro correspondente às captações situadas perto das exsurgências ou docontacto com rochas menos permeáveis, com valores situados entre 350 e 850 m2/dia(Peixinho de Cristo, 1988). Esta variabilidade de valores de transmissividade é característicados meios cársicos.

n Média Desviopadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Transmissividade (m2/dia) 7 48 39 1 5 48 63 109

Quadro O9.3 - Transmissividade do sistema aquífero Penela – Tomar (para as captações

com pequeno caudal)

Análise Espaço-temporal da Piezometria

Não se dispõe de dados que permitam efectuar uma caracterização rigorosa dos sentidos deescoamento e das superfícies freáticas, pelo que apenas se podem esboçar os traçosfundamentais. Os condicionamentos tectónicos permitem distinguir três sectoresindependentes:

• sector norte, o de maior extensão, cuja drenagem principal se faz através da nascente deAlcabideque;

• sector central, de importância reduzida, cujo desenvolvimento maior se faz na região deAvelar;

• sector sul, cuja drenagem se faz para sul.

Não existem piezómetros com observações periódicas que permitam avaliar a evoluçãotemporal dos níveis da água. No entanto, dado que a piezometria é condicionada pelapresença de nascentes cársicas, a evolução da piezometria reflecte-se no caudal das nascentes.A evolução sazonal do caudal da nascente de Alcabideque bem se aprecia na figura seguinte(O9.4):

Caudal da Nascente de Alcabideque

0

200

400

600

800

1000

1200

93 94 95 96 97 98Anos

Figura O9.4 - Evolução do caudal da nascente de Alcabideque

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Balanço Hídrico

O sistema é alimentado por recarga directa - que ocorre nas áreas de afloramento dasformações mais permeáveis liásicas - e, possivelmente, por drenância a partir das formaçõessobrejacentes menos permeáveis.

Para avaliar a recarga total, estimou-se uma taxa média de 15% da precipitação médiaanual, que corresponde aproximadamente à média ponderada das taxas correspondentes àsvárias litologias aflorantes. Usando esta taxa de recarga e considerando uma precipitaçãomédia de 1000mm, obtém-se uma estimativa de recursos hídricos subterrâneos renováveis de26 hm3/ano.

Como já foi referido, parece existir drenância a partir das formações sobrejacentes menospermeáveis. Esta possibilidade parece ser sustentada pela evidência de que nalgumas áreas deafloramento das camadas sobrejacentes existir uma rede de drenagem escassa edesorganizada, havendo mesmo depressões fechadas.

Outro aspecto significativo do regime de circulação deste sistema é a sua conexão com ode Sicó-Alvaiázere, comprovada por traçagem, onde se verifica uma difluência NE-SSW nosector de Chão de Ourique e um escoamento E-W para o Olho de Água de Ansião no sectordo Campo (Crispim, 1987).

Quanto às saídas, a área de descarga mais importante é exsurgência de Alcabideque cujassaídas médias se estimam em 12 hm3/ano. Quanto à nascente do Dueça, que, como já foireferido, drena não só calcários liásicos mas também do Dogger, as saídas totais anuaisdeverão situar-se perto dos 5 hm3. Porém, é difícil estimar qual a fracção deste totalcorrespondente apenas aos calcários liásicos. Não se conhecem mais nascentes permanentesimportantes. Estima-se em cerca de 1 hm3/ano, o total debitado por pequenas nascentespermanentes e temporárias. As saídas para abastecimento e agricultura deverão ser da ordemdos 13 hm3/ano.

Qualidade

Considerações Gerais

A caracterização dos aspectos de qualidade da água deste sistema será feita com base emduas colheitas: uma realizada pelo Departamento de Geologia da Universidade de Coimbraem 1986 (Gomes da Silva, 1987) e outra realizada pelo Departamento de Geologia da FCULem 1999, entre Abril e Junho (16 amostras).

As águas deste sistema são, em geral, bastante mineralizadas, com fáciespredominantemente bicarbonatada cálcica, estando também representadas fácies sulfatadacálcica e mistas (Figuras O9.5 e O9.6). Existe uma grande variabilidade na distribuiçãoespacial das fácies, dependendo a composição das camadas captadas e da maior ou menorinfluência de massas de gesso próximas. Como se verifica pela análise dos resultados e para oano de 1987, são águas de fraca qualidade, com elevada mineralização, em que a maior partedos parâmetros analisados apresentam valores muito elevados, com destaque para os sulfatos,cálcio e dureza total. Comparando com os resultados de 1999, verifica-se que são estesmesmos parâmetros que continuam a apresentar os valores mais elevados.

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Os nitratos, de que só se dispõe de análises para o ano de 1999, apresentam valores baixos.

No Quadro O9.4 encontram-se as estatísticas referentes aos dados de 1987 e no QuadroO9.5 as estatísticas que dizem respeito à colheita de 1999.

n Média DesvioPadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

Condutividade (µS/cm) 37 897 521 300 580 700 1020 2610pH 37 7,5 0,3 6,4 7,4 7,5 7,7 8,2Bicarbonato (mg/L) 37 349 94 115 302 353 394 645Cloreto (mg/L) 37 38,1 38,8 8,8 17,8 26 38,8 182,5Sulfato (mg/L) 37 248,3 388,7 23,7 41,6 69,4 324,5 1655,6Dureza Total 37 535,9 397,9 111,2 314,5 393,4 652,9 1929,3Potássio (mg/L) 37 3,9 5,95 0,4 1,4 2,2 3,1 32,5Sódio (mg/L) 37 26,9 59,98 5,1 9,5 12,3 18,6 369,2Cálcio (mg/L) 37 148,7 132,5 26,1 82,2 103,2 155,4 636,3Magnésio (mg/L) 37 40,1 23,5 8,7 21,9 35,7 49,2 103,9

Quadro O9.4 - Principais estatísticas das águas do sistema aquífero Penela-Tomar (ano

de 1987)

n Média Desviopadrão

Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

pH 17 7,21 0,23 6,87 7,06 7,16 7,36 7,63Condutividade (µS/cm) 17 926 546 269 620 742 996 2170Dureza total 17 486 350 216 270 407 523 1422Bicarbonato (mg/L) 17 300 97 162 210 316 347 484Sulfato (mg/L) 17 250 362 11 57 82 254 1205Cloreto (mg/L) 17 30 24 0 15 23 40 85Nitrato (mg/L) 16 9,4 19,3 0 0,8 3,9 7,1 77,3Sódio (mg/L) 17 18,9 12,5 5,8 9,8 13,8 28,6 43,1Potássio (mg/L) 8 5,9 9,5 1,0 2,0 2,2 4,4 29,1Cálcio (mg/L) 17 136 132 30 72 102 132 488Magnésio (mg/L) 17 36 17 0 32 40 45 70Fluoreto (mg/L) 8 0,28 0,16 0,09 0,14 0,25 0,42 0,52

Quadro O9.5 - Principais estatísticas das águas do sistema aquífero Penela-Tomar (ano

de 1999)

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Figura O9.5 - Diagrama de Piper para as águas subterrâneas do sistema aquífero

Penela-Tomar (dados de 1987)

Figura O9.6 - Diagrama de Piper para as águas subterrâneas do sistema aquífero

Penela-Tomar (dados de 1999)

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Qualidade para Consumo Humano

A qualidade química das águas deste sistema é, em geral, fraca, pois os VMRs relativos àcondutividade, magnésio, cloreto, sulfato e cálcio, são excedidos na maior parte das amostras,verificando-se também um número significativo de violações dos VMAs relativos à dureza,magnésio e sulfato.

Nas tabelas seguintes faz-se uma síntese da qualidade, tendo como referência os anexos I,para a categoria A1 e o anexo VI, do Decreto-Lei N.º 236/98, de 1 de Agosto. Os resultadosapresentam-se em percentagens.

Assim, para o ano de 1987 os parâmetros que mais excedem os VMRs definidos por lei sãoa condutividade, os sulfatos, o magnésio e os cloretos (com percentagens superiores a 50%).Acima do VMA, são a dureza total, os sulfatos e o magnésio que se destacam com a maiorpercentagem de valores acima daquele limite.

No ano de 1999, de um modo geral, todos os parâmetros aumentaram a percentagem devalores abaixo dos respectivos VMRs, com excepção do magnésio. Destacam-se o pH e osnitratos por nunca excederem o VMR.

Anexo VI Anexo I -Categoria A1Parâmetro

<VMR >VMR >VMA <VMR >VMR >VMA

pH 100 0 0 100 0

Condutividade 3 95 70 27

Cloretos 43 57 100 0

Dureza total 32

Sulfatos 3 97 27 62 38 27

Cálcio 49 51

Magnésio 30 70 24

Sódio 81 19 3

Potássio 95 5 5

Quadro O9.6 – Apreciação da qualidade face aos valores normativos (dados de 1987)

Anexo VI Anexo I -Categoria A1Parâmetro

<VMR >VMR >VMA <VMR >VMR >VMA

pH 100 0 0 100 0

Condutividade 0 100 67 33

Cloretos 67 33 100 0

Dureza total 0

Sulfatos 0 100 33 67 33 33

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Cálcio 33 56

Magnésio 0 100 0

Sódio 67 33 0

Nitratos 100 0 0 100 0 0

Dureza Total 0

Potássio 89 11 11

Quadro O9.7 – Apreciação da qualidade face aos valores normativos (dados de 1999)

Uso Agrícola

Quanto à aptidão da água para rega, verifica-se que são os cloretos e sulfatos os parâmetrosque mais excedem os VMRs, sendo a sua qualidade em geral fraca.

A classificação de acordo com as normas do USSLS, foi baseada na colheita de 1987, porser a mais completa. As águas pertencem predominantemente à classe C2S1 (57%), seguindo-se a classe C3S1 com 38% o que significa que apresentam um perigo de salinização do solomédio a alto e um perigo de alcalinização do solo baixo. Estão, ainda, representadas as classesC3S3 e C4S1 mas apenas por uma amostra cada uma (Fig. O9.7).

Figura O9.7 - Diagrama de classificação da qualidade da água para uso agrícola (dados

de 1987)

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