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Universidade de Évora Armazenamento de Energia 2013/2014 Prof. Isabel Malico “Armazenamento de Energia por Débito na Rede” Grupo: Davide Pereira 29233 Maria Miquelina 29614 Ricardo Andrade 29592

Smart Grids

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Universidade de Évora

Armazenamento de Energia

2013/2014

Prof. Isabel Malico

“Armazenamento de Energia por

Débito na Rede”

Grupo:

Davide Pereira 29233

Maria Miquelina 29614

Ricardo Andrade 29592

Page 2: Smart Grids

Índice

1. Introdução ............................................................................................................................ 3

2. “Smart-grids” ....................................................................................................................... 4

2.1. O que são? .................................................................................................................. 4

2.2. Como funcionam? ...................................................................................................... 5

2.3. Benefícios .................................................................................................................... 6

2.4. Segurança e Privacidade .......................................................................................... 7

3. Armazenamento por débito na rede ................................................................................ 8

3.1. Como é feito este tipo de armazenamento? .......................................................... 8

3.2. Meios de armazenamento/injeção de energia da rede ........................................ 9

3.2.1. Veículos elétricos: V2G - “Vehicle to Grid” .................................................. 10

3.3. Quais as vantagens deste tipo de armazenamento? ......................................... 11

4. “Net metering” ................................................................................................................... 12

5. Descentralização da Rede .............................................................................................. 13

5.1. Consciência Europeia .............................................................................................. 13

5.2. Bases da Descentralização .................................................................................... 14

5.3. Resultados Analisados ............................................................................................ 15

5.4. Vantagens e desvantagens da descentralização ................................................ 15

6. InovCity: Um exemplo de “smart-grid” em Évora ........................................................ 16

7. Conclusão .......................................................................................................................... 19

8. Estado atual, previsões e opinião dos autores ............................................................ 20

9. Bibliografia ......................................................................................................................... 22

Page 3: Smart Grids

1. Introdução

O aumento da população e do consumo de energia per capita conduz a

uma necessidade de gerir a energia de uma forma mais inteligente e fácil.

Neste sentido, nasceu a ideia de “smart-grid”, ou rede inteligente, que visa

uma melhor utilização da energia, relativamente à sua produção, distribuição e

consumo. Englobado nas “smart-grids” está o “net metering” que se refere às

trocas de energia inteligentes entre um produtor/consumidor com a rede elétrica.

Um dos elos mais importantes das “smart-grids” é o armazenamento da

energia. É essencial o uso de sistemas de armazenamento de energia de forma

a evitar que esta se desperdice. É aqui que entra o “net metering”, que pode ser

visto como uma forma diferente de armazenamento, na qual a energia é enviada

à rede, ao invés de ser armazenada em baterias, por exemplo.

Neste trabalho vamos dar prioridade à questão das “smart-grids” e do “net

metering”, apresentando as vantagens e os inconvenientes de cada conceito.

Page 4: Smart Grids

2. “Smart-grids”

2.1. O que são?

“Smart-grid” consiste numa rede elétrica inteligente, isto é, uma nova

configuração da rede que permite melhoras na produção, distribuição e consumo

da energia. Esta rede é constituída por 7 elos interligados entre si, que são:

A geração de energia:

Fontes convencionais: Centrais termoelétricas, etc.

Fontes renováveis: Hidroelétricas, eólicas, biomassa e fotovoltaicas, etc.

“Self-healing”:

Tecnologia que permite o restabelecimento automático do fornecimento

de eletricidade, no caso de falhas ou ruturas.

Mercado da eletricidade:

Gere a relação entre a oferta e a demanda de energia pela rede. “Net

metering” é um exemplo deste mercado e visa a permuta de energia entre

o produtor/consumidor e a rede.

Resposta à demanda energética:

A possibilidade de fluxo de energia bidirecional bem como os dispositivos

inteligentes permitem uma rápida e adequada resposta à demanda

energética da rede.

Eficiência energética:

Permite reduzir o consumo de energia até 20%.

Qualidade energética:

Aumenta a qualidade da rede nos vários níveis de tensão, o que aumenta

a estabilidade do sistema.

Page 5: Smart Grids

Opções de armazenamento:

Centralizadas (maior capacidade): centrais hidroelétricas reversíveis.

Descentralizadas (menor capacidade): Baterias, baterias de veículos

elétricos, etc.

2.2. Como funcionam?

O seu funcionamento envolve diversas áreas, como a eletrónica de

potência, gestão de energia, politica, entre outras.

A “smart-grid” apresenta, relativamente à rede elétrica convencional:

Processadores: Ativam esquemas de segurança em microssegundos.

Dispositivos inteligentes: Permitem desligar os aparelhos de consumo

caso detetem flutuações na frequência da rede.

Gerenciador da demanda: Dispositivo que permite adiar o uso de

determinados aparelhos para fora dos horários de pico de consumo, o que

permite uma economia de dinheiro.

Figura 1 – Os 7 elos das “smart-grids”

Page 6: Smart Grids

Sensores: Detetam flutuações e distúrbios na rede e identificam zonas

que devem ser isoladas/desligadas, no caso de falhas, de modo a

minimizar o numero de clientes afetados.

Armazenamento: O excesso de energia pode ser armazenado em

baterias de veículos elétricos, por exemplo, e pode ser devolvida à rede

posteriormente, nos picos de consumo.

Geradores: A energia produzida por pequenos geradores e painéis

fotovoltaicos, por exemplo, permite descentralizar a rede elétrica e

consequentemente reduzir a demanda geral da rede.

2.3. Benefícios

Aumento da eficiência: O facto de cada um de nós poder produzir,

armazenar e vender a energia elétrica à rede contribui para o aumento da

eficiência, principalmente devido a duas razões:

Figura 2 – Esquema de uma “Smart-grid”

Page 7: Smart Grids

A descentralização reduz as perdas por transmissão/distribuição da

energia;

O facto de o produtor poder vender a energia que não consome, evita que

esta energia seja desperdiçada.

Economiza: O aumento da eficiência no uso da energia permite a redução

dos custos da eletricidade.

Protege o ambiente: Mais eficiência significa uma menor demanda de

energia, o que permite reduzir a atividade de centrais termoelétricas

convencionais, e consequentemente, a quantidade de CO2 emitida.

Confiabilidade: A existência de dispositivos inteligentes permite que o

sistema recupere automaticamente, no caso de falhas.

Sustentabilidade: Contribui para um planeta mais sustentável.

2.4. Segurança e Privacidade

Um grande inconveniente das “smart-grids” reside no facto de haver uma

certa “invasão de privacidade” aos clientes. A partir de leituras de quinze em

quinze minutos do consumo de energia, vai ser possível recolher informação

detalhada sobre os consumidores, como por exemplo, as horas em que estes

acordam, em que chegam a casa e muito mais.

Deste modo, é necessária a implementação de medidas adequadas para a

proteção da informação, impedindo qualquer acesso por terceiros não

autorizados. Podem surgir ataques intencionais, como jogadas de telemarketing

em que o objetivo é descobrir as melhores horas para telefonar para os

residentes, como também “hacks” às “smart-grids”, comprometendo assim o

fornecimento de energia aos clientes.

Desta maneira, é muito importante não esquecer a necessidade de procurar

reduzir todas as vulnerabilidades das “smart-grids” de modo a não comprometer

o bom e seguro funcionamento do sistema.

Page 8: Smart Grids

3. Armazenamento por débito na rede

O conceito de armazenamento pode parecer confuso, isto porque não existe

um armazenamento físico na rede, como no caso das baterias, mas sim um

armazenamento análogo. Neste tipo de armazenamento, ao invés do produtor

desperdiçar a energia ou de a armazenar em baterias, injeta a quantidade que

não consome na rede, para que outros clientes que a necessitem no momento a

possam usar. Assim que este produtor necessitar desta energia que enviou para

a rede, ao invés de recorrer às baterias, vai buscá-la à rede. Este sistema

funciona com a mesma finalidade que as baterias, por exemplo. No entanto, não

necessita de um meio de armazenamento (reservatório) real.

3.1. Como é feito este tipo de armazenamento?

Este tipo de armazenamento é baseado no “net metering” e é efetuado

através da interligação de dois elos importantes: Os produtores/consumidores e

a rede.

Os produtores/consumidores são todos aqueles que tanto consomem como

produzem energia. A rede é o meio que permite a permuta desta energia entre

todos os produtores/consumidores.

Quando a produção excede o consumo, este excedente é enviado para a

rede. Quando o consumo excede a produção, a energia flui no sentido da rede

para o consumidor. Isto permite uma melhora no aproveitamento da energia,

resultando num aumento da eficiência global energética.

Este tipo de armazenamento (“net metering”) pode ser compreendido

da seguinte forma:

Eu, produtor de energia, forneço a energia que produzo e não consumo para

a rede, para que aqueles que neste momento necessitam a possam utilizar. Mais

tarde, quando eu precisar de energia e o meu sistema de produção não me

sustentar, aí sou eu que peço à rede, a energia que outros produtores não

necessitam nesse momento.

Page 9: Smart Grids

3.2. Meios de armazenamento/injeção de energia da rede

A rede elétrica possui formas de injetar energia na rede, bem como de a

armazenar, conforme seja necessário.

Sistemas de Injeção na rede:

Sistemas de gestão de energia;

Sistemas de qualidade e fiabilidade da energia.

Sistemas de gestão de energia: corresponde aos grandes sistemas de

fornecimento de energia à rede, que apresentam uma grande capacidade de

armazenamento, como por exemplo:

Fontes convencionais: centrais termoelétricas, etc.

Fontes renováveis: hidroelétricas reversíveis, eólicas, biomassa,

fotovoltaicas, etc.

Sistemas de qualidade e fiabilidade de energia: compreende os sistemas

responsáveis por manter os parâmetros da rede elétrica nos níveis adequados

(tensão, frequência, etc.). São sistemas de elevado débito mas de capacidade

inferior às dos sistemas de gestão de energia, como por exemplo:

Super-condensadores;

Volantes de inércia;

Supercondutores.

Sistemas de armazenamento na rede:

As principais formas de armazenamento da rede são:

Centrais hidroelétricas reversíveis;

Sistemas de ar comprimido.

Para além destas, existem outros meios menos significativos de

armazenamento da energia, mas que se podem tornar mais significativos. Como

por exemplo os veículos elétricos, cujas baterias podem funcionar como um

sistema de armazenamento. Neste caso, o dono do veículo coloca-o em ligação

à rede, para que a rede possa utilizar a sua energia armazenada nos picos de

Page 10: Smart Grids

consumo. Se a quantidade de carros elétricos aumentar bastante, esta pode

tornar-se uma forma de armazenamento importante para a rede.

3.2.1. Veículos elétricos: V2G - “Vehicle to Grid”

De acordo com os protótipos, os veículos elétricos possuirão duas fichas,

uma que serve para o carregar e outra que o a liga à rede. Quando não

necessitássemos do veículo, ligaríamos ambas as fichas à rede, e, através da

internet, a rede iria tomar decisões de acordo com o preço da energia. As

decisões seriam de carregar o veículo quando o preço da energia fosse barato

e vendê-la à rede assim que este aumentasse. Obviamente que estes processos

iriam manter sempre um nível de energia armazenada no veículo suficiente para

que este possa andar sempre que necessário.

A introdução de veículos elétricos apresenta inúmeras vantagens, tanto

para a rede, como o aumento da eficiência energética, bem como para o

proprietário, visto que permite que este possa ganhar dinheiro enquanto o

veículo estiver ligado à rede. Também proporciona uma descentralização da

produção de energia, diminuindo as perdas por distribuição/transmissão.

De acordo com as figuras 3 e 4 podemos verificar o modo como o veículo

elétrico melhora a eficiência no uso da energia. Quando a energia na rede é

abundante (barata), o veículo elétrico armazena-a, impedindo que esta se

dissipe (V2G). Nas alturas em que a rede carece de energia, o veiculo elétrico

Figura 4 – Veículo elétrico e as suas trocas de energia com a rede

Figura 3 – Efeitos do veículo elétrico na rede elétrica

Page 11: Smart Grids

fornece parte da sua energia armazenada à rede (PHEV). Assim consegue-se

modelar de uma forma mais eficiente a relação entre a procura e a oferta de

energia pela rede.

No entanto, há que salientar o facto de esta aplicação poder apresentar

alguns inconvenientes, como por exemplo: as sucessivas cargas/descargas da

bateria reduzem a sua vida útil; os donos dos carros podem necessitar dos carros

nas alturas em que a rede mais precisa de energia; pode ocorrer uma sobrecarga

no sistema, no caso de muitos veículos elétricos serem colocados a carregar ao

mesmo tempo, etc.

3.3. Quais as vantagens deste tipo de armazenamento?

As vantagens de “utilizar a rede” como forma de armazenamento são várias,

como por exemplo:

Previne que o excedente de energia produzida seja desperdiçado pelos

produtores. Por exemplo, os painéis fotovoltaicos produzem energia

apenas durante as horas de sol, o que nem sempre coincide com as

principais horas de consumo.

Evita a necessidade de se utilizarem baterias nas casas, o que é

vantajoso devido aos seus elevados custos, às perdas de energia, aos

poluentes que possui, etc.;

Permite uma melhor modelação entre a energia produzida e a consumida,

reduzindo os desperdícios e aumentando a eficiência energética global.

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4. “Net metering”

“Net metering” é uma política de energia elétrica para os consumidores que

possuem (geralmente, em pequena dimensão) instalações de produção de

energia através de fontes renováveis (como por exemplo, a energia solar).

"Net", neste contexto, significa "o que resta depois das deduções". Como por

exemplo, uma pessoa que produz a sua própria energia elétrica, consegue

alimentar a sua casa e os aparelhos (em funcionamento e em stand-by), e

apenas, o excedente de energia é enviado para a rede elétrica.

A medição da "net feed-in", ou seja, alimentação da rede, pode ser

contabilizada com um medidor específico para tal ou combinados num medidor

com a capacidade para ler tanto a energia elétrica de entrada como a de saída

para a rede.

Com o gráfico representado anteriormente, pode-se observar a utilização da

energia elétrica durante 24h para uma casa, definido pela linha preta. A curva

em forma de sino mostra a produção de energia elétrica típica ao longo do dia.

A área amarela é a energia solar em excesso e que é enviada para a rede, pois

a casa não está a utilizar.

Figura 5 – “Net metering” num período de 24h para uma casa típica.

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5. Descentralização da Rede

Podendo ser encarada em algumas situações como uma alternativa às

grandes centrais e às redes de distribuição em alta tensão, a produção

descentralizada de eletricidade, e em particular a microgeração, estão a ganhar

cada vez mais razões para se imporem como uma solução para o futuro – Figura

6.

Desta maneira, este tipo de produção vem dar aso à utilização de

equipamentos de pequena escala, cujos excedentes de energia elétrica

produzidos pelos mesmos têm a possibilidade de serem vendidos à rede de

distribuição.

5.1. Consciência Europeia

Visto que tanto o produtor como o consumidor europeu já se encontram de

uma certa forma sensibilizados com a realidade energética atual, o elevado

potencial da União Europeia poderá vir a ser uma boa ferramenta para combater

Figura 6 - Comparação da Produção centralizada e descentralizada

Page 14: Smart Grids

a questão da dependência e falta de segurança no abastecimento energético.

Posto isto, uma aposta nas energias renováveis aliada a uma reformulação no

sistema da rede elétrica, vem dar uma nova noção de sustentabilidade, levando

assim a UE a um novo paradigma energético.

Com efeito, a aposta na produção de energia descentralizada tem sido alvo

de investimentos de vários Estados-membros da UE, diminuindo as perdas nas

redes de distribuição, bem como a dependência energética externa, dando

também um papel mais ativo a todos os consumidores.

De acordo com a Diretiva Performance Energética dos Edifícios 2002, todos

os edifícios contruídos depois de 2018 terão que ser “autossustentáveis”, tendo

obrigação de produzir a mesma quantidade de energia que consomem. Da

mesma maneira, o Parlamento Europeu estabeleceu uma série de metas para

os edifícios outrora construídos, os quais deverão apresentar uma percentagem

mínima de “edifícios de zero energia” em 2015 e 2020.

5.2. Bases da Descentralização

Esta nova forma de produção assenta em três pilares, sendo estes: a

utilização de energias renováveis, a necessidade de haver armazenamento de

energia e a eficiência da distribuição da mesma. Com o intuito de maximizar

assim o aproveitamento das fontes renováveis e minimizar os custos relativos às

mesmas, será estritamente necessário a adoção de sistemas de

armazenamento de energia, de forma a facilitar a conversão de fornecimentos

intermitentes a partir dessas mesmas fontes em energia durável.

Relacionando os dois primeiros pilares com o terceiro, a ideia de gerar

energia a partir de fontes renováveis localmente e submete-la a uma “smart-grid”,

vem permitir a cada Estado-membro da UE produzir a sua própria energia e

partilhar os seus excedentes com os parceiros, havendo desta maneira uma

maior eficiência e segurança energética.

De modo a atingir os objetivos de adotar uma rede elétrica que cumpra os

requisitos dos três pilares, existe a necessidade de haver uma crescente

Page 15: Smart Grids

investigação à volta do assunto, bem como novos modelos políticos, económicos

e de gestão do mercado de energia.

5.3. Resultados Analisados

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas

de Computadores (INESC Porto) em 2005, foi demonstrado que uma injeção de

10% da potência injetada no pico de consumo de energia elétrica, feita a partir

de unidades de microgeração, vem resultar numa redução de perdas na

distribuição em torno dos 15%.

5.4. Vantagens e desvantagens da descentralização

Vantagens:

Redução das emissões de gases de estufa anteriormente emitidas por

grandes centrais de produção de energia;

Uma maior consciencialização e sensibilização dos consumidores face ao

consumo de energia;

Sistemas de produção de energia de muito menor porte em comparação com

as tradicionais;

Redução da distância entre a produção e centros de consumo, o que leva a

um abatimento nas perdas e falhas nas redes de distribuição e transmissão;

Limitação dos investimentos em redes de transmissão e produção em

grande escala;

Aumento da qualidade e segurança do serviço;

Possível redução do poder total do mercado de grandes empresas;

Incrementação de novas abordagens do mercado energético;

Contribuição para a redução dos preços da energia elétrica, devido à

diminuição do uso intensivo das redes de transmissão;

Page 16: Smart Grids

Desvantagens:

Inexistência ou falta de políticas de incentivo, havendo necessidade de

reformular ou incrementar novas formas de apelar os consumidores a

adotarem a microgeração;

Necessidade de estabelecer protocolos e infraestruturas especificas de

comunicação;

Controlo de um amplo número de unidades de microgeração;

Restruturação da rede de transmissão;

6. InovCity: Um exemplo de “smart-grid” em Évora

A rede inteligente faz de Portugal um país mais eficiente e sustentável. Ao

longo da sua extensão existem inúmeros sensores instalados que permitem uma

configuração da rede de forma expedita, desde o balanceamento de fluxos de

energia até a prevenção de falhas elétricas. A rede reage às ações dos

consumidores e produtores quando, por exemplo, eles injetam energia na rede

ou solicitam um aumento de potência.

Figura 7 - Vantagens das redes inteligentes. Fonte: www.inovcity.pt

Page 17: Smart Grids

Em Abril de 2010, Évora foi anunciada como a primeira InovCity

portuguesa, dando o arranque ao projeto de redes inteligentes de energia, que

moldarão um futuro próximo.

O objetivo central do projeto consistiu em promover a sustentabilidade

ambiental, através da melhoria da eficiência energética, do aumento da

penetração de energias renováveis e do veículo elétrico.

O projeto desenvolvido pela EDP Distribuição já começou a alterar a

realidade de 31 000 habitantes de Évora. O consumidor tem capacidade para

produzir energia suficiente para suprir as suas necessidades de consumo e

ainda, injetar eletricidade na rede, sempre com um controlo absoluto que lhe

permite rentabilizar a utilização e aumentar a eficiência energética.

Os contadores tradicionais foram substituídos

por um terminal de rede inteligente, a EDP Box

(ver figura 8) que, para além de contabilizarem

a energia consumida, funcionam como

gestores domésticos do consumo. Com as

EDP Box, cada consumidor tem acesso a

informação sobre: o próprio consumo, as horas

do dia de maior consumo e aquelas em que

pode usar a eletricidade a um preço menor, de

forma a programar os eletrodomésticos para

funcionarem nesses períodos.

O InovGrid providencia aos consumidores e ao operador de rede elétrica

informação importante para a tomada de decisões e implementação de

equipamentos que permitam automatizar a gestão de rede, melhorar a qualidade

de serviço e diminuir custos operacionais. De futuro, será possível aceder a esta

informação através de outros suportes, como a Internet, smartphones ou mesmo

visores em casa.

Este projeto coloca o cliente no centro do sistema, isto é, colocando o

cliente num papel mais ativo na gestão dos seus próprios consumos através de

uma monitorização eficiente; permite-lhe fazer uma análise gráfica de consumos,

Figura 8 - EDP Box - Modelo Janz C3801. EDP Distribuição.

Page 18: Smart Grids

simulação e consulta do ciclo horário contratado para seleção do período mais

aconselhado para consumir, adaptação da potência contratada ao consumo real.

Ainda, a EDP BOX disponibiliza automaticamente informação sobre

avarias de energia, permitindo uma rápida deteção e resolução de anomalias.

Caso solicite alterações da potência contratada, do ciclo, e/ou do tarifário, não

será necessária a deslocação de pessoal especializado. A reconfiguração do

equipamento pode ser efetuada à distância.

Outra das vantagens destes contadores é que a fatura refletirá o consumo

real e não uma estimativa, uma vez que a leitura é recolhida automaticamente

pela EDP Box.

Page 19: Smart Grids

7. Conclusão

Concluímos que as “smart-grids” ou redes inteligentes são uma tendência

futura que promete revolucionar o mercado energético em diversos níveis. As

vantagens que apresentam são, sem qualquer dúvida, merecedoras do

investimento que requerem. As principais vantagens desta nova configuração de

rede são: o aumento da eficiência energética e da confiabilidade da rede; a

redução do preço da eletricidade; a redução das emissões de CO2; a

descentralização da rede; contribuição para o aumento da sustentabilidade.

Estas redes são tão ou mais importantes que o investimento nas energias

renováveis, isto porque sem elas não é possível fazer uma correta gestão da

energia produzida, que, no caso das energias renováveis, é bastante irregular.

O armazenamento por débito na rede ou “net metering” é uma parte das

“smart-grids” e apresenta muitas vantagens, como o facto de permitir um melhor

aproveitamento da energia, assim como reduzir o custo da energia.

Tanto no caso das “smart-grids” como no “net metering” é imprescindível uma

análise multifatorial que cubra todos os aspetos essenciais (sociais, económicos,

políticos, ambientais, etc.), de forma a maximizar as vantagens e a minimizar os

impactos. Isto porque a aplicação destes sistemas também pode levantar

questões bastante discutíveis, como por exemplo: será que as pessoas não se

importarão com a perca de privacidade relativamente à quantidade de energia

que consomem? Será que aqueles que possuam carro elétrico não se importarão

com o facto de estes servirem como sistema de armazenamento da rede, já que

muitas cargas/descargas prejudicam a bateria? Muitas outras questões

poderiam ser levantadas.

Em suma, concluímos que o armazenamento por débito na rede apresenta

um elevado potencial de desenvolvimento, devido às inúmeras vantagens que

apresenta, no entanto, é necessário garantir que a sua implementação cobre

todos os aspetos da sustentabilidade.

Page 20: Smart Grids

8. Estado atual, previsões e opinião dos autores

O conceito de “smart-grid” tem vindo a ser desenvolvido há mais de 10

anos. Durante o seu desenvolvimento, têm sindo introduzidos novos aspetos que

permitem que estas redes inteligentes se tornem cada vez mais autónomas e

vantajosas.

O aparecimento das “smart-grids” no mercado deu-se em 2003, com a

introdução de “smart meters”, ou contadores inteligentes, que permitem registar

os consumos a nível horário, bem como a introdução de diferentes tarifas de

acordo com o estado da rede.

Em 2010, um grupo de empresas implementou, em Évora, o projeto

Inovgrid, que proporciona um largo espectro de funcionalidades entre os clientes

e a rede. O seu principal objetivo consiste em reduzir as emissões de CO2,

aumentar a contribuição das energias renováveis e melhorar a eficiência

energética. Este projeto também pode ser denominado por InovCity, e

corresponde à primeira “smart-grid” Ibérica, e uma das primeiras da Europa.

Também se espera que este projeto sirva como referência a nível Internacional,

incentivando à sua grande expansão.

Relativamente ao armazenamento por débito na rede, este é realizado

através do conceito “net metering”, que visa as trocas de energia entre o

produtor/consumidor e a rede. Também pode ser entendido com um novo

sistema de gestão da energia, que permite um melhor aproveitamento da

mesma. As vantagens que esta nova configuração apresenta são bastante

relevantes face aos problemas que o mundo atravessa, em que a necessidade

de reduzir as emissões de CO2 e o uso dos combustíveis fosseis são uma

prioridade.

Esta é uma nova forma de armazenar energia, diferente de todas as

outras pelo facto de não necessitar de um meio de armazenamento ou

reservatório, como no caso nas baterias. Isto porque na verdade não existe um

armazenamento físico mas sim um aproveitamento da energia que, de outra

forma, seria desperdiçada. Este tipo de armazenamento permite uma redução

Page 21: Smart Grids

dos custos de eletricidade, o que irá incentivar a população a investir nas

energias renováveis, instalando nas suas casas painéis fotovoltaicos e turbinas

eólicas, por exemplo.

Na nossa opinião, o conceito de “smart-grid” é extremamente importante

nos dias de hoje. No entanto, como tudo na vida, é necessário um bom

planeamento destes projetos antes de se partir para a implementação, já que

estas transformações na rede são bastante dispendiosas, e caso não forem bem

planificadas, podem prejudicar uma vasta gama de áreas, como a sociedade, o

ambiente e a economia. Achamos que as redes inteligentes prometem

revolucionar o mercado energético a nível mundial. Basta pensarmos na

quantidade de cabos necessários hoje que deixariam de o ser, bem como a

quantidade de energia que deixaria de ser dissipada.

Outra questão abordada nas “smart-grids” que achamos bastante

relevante é a descentralização, isto é, a instalação de sistemas de produção de

energia mais próximos das zonas de consumo, ao invés de grandes sistemas de

produção de energia que apresentam bastantes desvantagens, como por

exemplo, a necessidade de quantidades enormes de cabos de

transmissão/distribuição. Um exemplo da descentralização através das “smart-

grids” é a implementação dos veículos elétricos, que permite uma permuta de

energia entre a rede e o veículo.

É difícil prever o futuro dos veículos elétricos, visto que apesar dos

benefícios que proporcionam, apresentam também desvantagens significativas,

como o facto de as baterias poderem ser caras e bastante prejudiciais ao meio

ambiente, principalmente no seu fim de vida.

Em suma, considerámos que todos os temas aqui abordados têm de ser

bastante debatidos sob diversos pontos de vista distintos, para que os benefícios

possam prevalecer.

Page 22: Smart Grids

9. Bibliografia

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(http://www.ljwsolar.com.au/blog/2011/10/what-is-net-metering/)

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INDUSTRIAL". [Internet]. Disponível em

(http://www2.inescporto.pt/use/noticias-eventos/nos-na-

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Disponível em (http://www.antoniovidigal.com/drupal/cd/Smart_Grids-

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Silva, M.(2011). Smart Grids em Portugal.

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