Smith, Uriah. as Profecias de Daniel e Apocalipse - Vol. 2 - Apocalipse

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  • DANIEL E APOCALIPSE - VOL. 2 APOCALIPSE [Clique na palavra NDICE]

    LAS PROFECIAS DE DANIEL Y DEL APOCALIPSIS

    POR URIAS SMITH

    TOMO 2

    EL LIBRO DEL APOCALIPSIS

    EDICIN REVISADA

    PUBLICACIONES INTERAMERICANAS

    Pacific Press Publishing Association

    Mountain View California

    E.E. de N.A

    Copyright 1949, by

    Pacific Press Publishing Association

    Editado e impreso por

    PUBLICACIONES INTERAMERICANAS

    Divisin hispana de la Pacific Press Publishing Association

    1350 Villa Street, Mountain View California,

    EE.UU., de N. A.

    Sptima edicin

    1979

    Traduo: Carlos Biagini

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 2

    PREFCIO Ao publicar este livro, os editores crem prestar um grande servio a

    sus leitores.

    A obra dedicada em sua maioria a rastrear na histria a maneira

    admirvel como Deus tratou no passado s naes e aos homens notveis

    em cumprimento das grandes profecias da Bblia, especialmente nos

    acontecimentos atuais que tanto significam para todo homem e mulher.

    Ningum pode viver num tempo como o nosso sem conhecer as

    questes vitais que Deus teve por bem revelar a nosso entendimento nesta

    poca de pressa. Estas questes encerram conseqncias eternas para toda

    alma.

    O autor deste livro, viveu e escreveu enquanto o cenrio de ao era

    ocupado pela gerao que antecedeu nossa, e seguiu o estilo literrio e

    polmico daqueles tempos. Mas sua interpretao da profecia e as doutrinas

    de verdade que estabeleceu por um intenso estudo das Escrituras, tm

    suportado a proba do tempo e do escrutnio diligente dos estudantes da

    Bblia. Em verdade, tem suportado to eficazmente que foram consideradas

    dignas de serem perpetuadas em una edio revisada, que, dentro do nova

    moldura de nossa prpria poca, temos a grata satisfao oferecer aqui.

    Os redatores no pouparam nenhum esforo para simplificar y

    esclarecer a apresentao da verdade na lmpida e convincente dico do

    autor, para verificar todas as fontes histricas e de exegese citadas por ele, e

    em alguns casos notveis reforar seu ensino com novas provas que o Sr.

    Smith no dispunha no momento de produzir sua obra original. Procuram

    tambm dar interpretao proftica o peso adicional do significado to

    obviamente perceptvel nos eventos polticos, sociais e religiosos que

    exigem nossa ateno nestes momentos culminantes da era crist. Convida-

    se fervorosamente a todo leitor sincero que preste una considerao

    reflexiva e imparcial a estes temas vitais.

    OS EDITORES.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 3

    PREFCIO DA EDIO CASTELHANA

    As vrias edies que tem tido em ingls a obra "Daniel e

    Apocalipse" de Urias Smith, desde que apareceu a primeira vez em 1897

    demonstram que a obra que oferecemos hoje ao pblico de fala

    castelhana foi muito popular entre os leitores interessados nas

    interpretaes das profecias. A obra no foi traduzida antes para o

    pblico hispano-americano no por falta de interesse, pois desde muitos

    anos, em diferentes pases da Amrica Latina, vinham expressando o

    desejo de ter una verso do livro. Por fim, chegou a oportunidade de

    realizar o trabalho, aqui apresentado de maneira modesta e tamanho

    pequeno, para manter o preo o mais acessvel.

    Para ganhar tempo e facilitar a aquisio da obra, esta sai em dois

    volumes. O primeiro estuda o livro de Daniel; o segundo, o Apocalipse.

    A traduo, que visou mais a fidelidade que as pompas literrias, baseia-

    se na edio de 1944, depois de ter sido corrigida e atualizada por una

    comisso revisora, que fez seu trabalho com esmero, mas respeitou, no

    teor geral do livro, as idias e a linguagem do autor. A verso das

    Escrituras usada a de Cipriano de Valera, por ser a mais difundida na

    Amrica Latina, pois encontrada em muitos lares. Nos casos em que,

    para esclarecer alguma expresso, foi preciso recorrer Verso

    Moderna, isso foi indicado pelas iniciais V. M.

    Que esta edio tenha, entre os leitores do mundo de fala

    castelhana, a acolhida correspondente importncia que para nossa

    poca tm os temas tratados, e que sua leitura contribua para ganhar

    muitos sditos para o futuro reino de Deus que anuncia, o desejo

    sincero de

    OS EDITORES.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 4

    NDICE DOS CAPTULOS

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    Captulo 1: O Mtodo Divino da Revelao Proftica . . . . . . . . . . 6

    Captulo 2: As Cartas de Jesus s Igrejas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    Captulo 3: "Eis que Estou Porta e Bato" . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    Captulo 4: Diante do Trono de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    Captulo 5: O Desafio do Livro Selado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    Captulo 6: Os Sete Selos da Profecia So Abertos . . . . . . . . . . . 80

    Captulo 7: O Selo do Deus Vivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    Captulo 8: O Colapso do Imprio Romano . . . . . . . . . . . . . . . . 117

    Captulo 9: O Mundo Muulmano na Profecia . . . . . . . . . . . . . 132

    Captulo 10: A Proclamao Mundial do Segundo Advento . . . . 154

    Captulo 11: A Batalha Entre a Bblia e o Atesmo . . . . . . . . . . . 164

    Captulo 12: O Desenvolvimento da Intolerncia Religiosa . . . . 179

    Captulo 13: A Secular Luta pela Liberdade Religiosa . . . . . . . . 189

    Captulo 14: A ltima Advertncia Divina a um Mundo mpio . . . . 244

    Captulo 15: Preparam-se as Taas da Ira de Deus . . . . . . . . . . . 295

    Captulo 16: Sete Pragas Devastam a Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . 298

    Captulo 17: Unio Mundial da Igreja e o Estado . . . . . . . . . . . . 317

    Captulo 18: Condenao da Babilnia Moderna . . . . . . . . . . . . 323

    Captulo 19: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores . . . . . . . . . . . . 338

    Captulo 20: A Noite Milenar do Mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345

    Captulo 21: Um Novo Cu e uma Nova Terra . . . . . . . . . . . . . . 359

    Captulo 22: Afinal Reina a Paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 5

    INTRODUO

    A PALAVRA grega "Apocalypsis" significa revelao, e o livro

    com este nome foi descrito como "um panorama da glria de Cristo".

    Nos Evangelhos temos a histria de Sua humilhao e condescendncia,

    de Seus trabalhos e sofrimentos, Sua pacincia e as zombarias que teve

    que sofrer da parte daqueles que deviam t-Lo reverenciado, e

    finalmente lemos como na cruz ignominiosa sofreu a morte que naquela

    poca se estimava a ms vergonhosa que os homens pudessem infligir.

    No Apocalipse, temos o Evangelho de Sua entronizao em glria, Sua

    relao com o Pai no trono do domnio universal, Sua providncia

    predominante entre as naes da terra, e Sua segunda vinda, no como

    estrangeiro sem lar, e sim com poder e grande glria, para castigar Seus

    inimigos e recompensar Seus discpulos.

    Neste livro so-nos apresentadas cenas cuja glria supera a de

    qualquer fbula. Suas pginas sagradas dirigem insistentes apelos e

    ameaas de juzo sem paralelo em parte alguma do livro de Deus. Nele

    proporcionado aos humildes discpulos de Cristo neste mundo o consolo

    que nenhuma linguagem pode descrever. Nenhum outro livro nos eleva a

    outra esfera de forma to rpida e irresistvel. Ali so abertos diante de

    nossos olhos amplos panoramas, que no conhecem os limites de objetos

    terrenos, e nos introduzem em outro mundo. Se alguma vez j houve

    temas de interesse emocionante e impressionante, imagens grandiosas y

    sublimes, e descries magnficas capazes de interessar humanidade,

    certamente so os do Apocalipse, que por seu meio nos convida a estudar

    cuidadosamente suas pginas e dirige nossa ateno s realidades de um

    futuro portentoso e um mundo invisvel.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 6

    O MTODO DIVINO DA REVELAO PROFTICA Apocalipse 1

    O livro do Apocalipse comea com o anncio do seu ttulo e com

    uma bno dirigida aos que prestam diligente ateno s suas solenes

    declaraes profticas:

    Versculos 1-3: "Revelao de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para

    mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermdio do seu anjo, notificou ao seu servo Joo, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que lem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo est prximo."

    O ttulo. Os tradutores da Bblia deram a este livro o ttulo de Apocalipse do Apstolo S. Joo (RC), Apocalipse de Joo (RA). Mas ao

    faz-lo contradizem as primeiras palavras do prprio livro, que declara

    ser a "Revelao de Jesus Cristo". Jesus Cristo o Revelador, e no

    Joo. Joo apenas o instrumento usado por Cristo para escrever esta

    revelao destinada a beneficiar Sua igreja. Este Joo o discpulo a

    quem Jesus amou e favoreceu entre os doze. Foi evangelista, apstolo e

    o autor do Evangelho e das epstolas que levam o seu nome. Aos ttulos

    anteriores deve-se agregar o de profeta, porque o Apocalipse uma

    profecia, e assim o denomina Joo. Mas o contedo deste livro emana de

    uma fonte ainda mais elevada. No apenas a revelao de Jesus Cristo,

    mas a revelao que Deus Lhe deu. Sua origem , em primeiro lugar, a

    grande Fonte de toda a sabedoria e verdade: Deus, o Pai; Ele a

    comunicou a Jesus Cristo, o Filho; e Cristo enviou-a por Seu anjo ao Seu

    servo Joo.

    O carter do livro. Este est expresso na palavra "Revelao". Uma revelao algo manifesto ou dado a conhecer, no algo encoberto

    ou oculto. Moiss diz-nos que "as coisas encobertas pertencem ao

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 7

    Senhor nosso Deus; porm as reveladas nos pertencem a ns e a nossos

    filhos para sempre." (Deut. 29:29). Portanto, o prprio ttulo do livro

    refuta eficientemente a opinio corrente de que este livro se conta entre

    os mistrios de Deus e no pode ser compreendido. Se fosse assim, teria

    o ttulo de "Mistrio" ou "Livro Oculto", e no o de "Revelao".

    Seu objetivo. "Para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer". Quem so Seus servos? A quem foi dada a

    revelao? Teria que ser a algumas pessoas especficas, a algumas

    igrejas em particular, ou a algum perodo especial? No; para toda a

    igreja em todo o tempo, enquanto estejam para cumprir-se quaisquer dos

    acontecimentos preditos. para todos os que podem reclamar o ttulo de

    "Seus servos" onde e quando quer que existam.

    Deus diz que deu esta profecia para mostrar a Seus servos as coisas

    que iriam acontecer; e no obstante, muitos expositores da Sua palavra

    dizem-nos que ningum a pode compreender! como se Deus

    pretendesse tornar conhecidas aos homens importantes verdades e,

    entretanto, casse na insensatez terrena de revesti-las de linguagem ou

    figuras incompreensveis para a mente humana! como se mandasse a

    uma pessoa olhar para um objeto distante, e logo levantasse uma barreira

    impenetrvel entre essa pessoa e o objeto, ou como se desse a Seus

    servos uma luz para gui-los atravs das trevas da noite, e cobrisse essa

    luz com um pano to espesso que no deixasse passar um nico raio de

    seu resplendor. Como desonram a Deus os que assim brincam com Sua

    palavra! No, o Apocalipse realizar o objetivo para o qual foi dado, e

    "Seus servos" conhecero, por seu intermdio, "as coisas que em breve

    devem acontecer" e que dizem respeito sua salvao eterna.

    Seu anjo. Cristo enviou o Apocalipse e o notificou a Joo pelo "Seu anjo". Parece que aqui se trata de um anjo em particular. Que anjo

    podia com propriedade chamar-se o anjo de Cristo? J encontramos a

    resposta a esta pergunta em nosso estudo, nos comentrios sobre Daniel

    10:21. Chegamos ali concluso de que as verdades destinadas a ser

    reveladas a Daniel foram confiadas exclusivamente a Cristo e a um anjo

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 8

    chamado Gabriel. Assim como ao comunicar uma importante verdade ao

    profeta amado, tambm a obra de Cristo no Apocalipse a transmisso de uma importante verdade ao "discpulo amado". Quem

    pode ser Seu anjo nesta obra a no ser aquele que ajudou a Daniel na

    obra proftica anterior, a saber, o anjo Gabriel? Pareceriam tambm

    apropriado que o mesmo anjo que o mesmo anjo empregado para

    comunicar mensagens ao profeta amado de outrora, desempenhasse o

    mesmo cargo em relao com o profeta Joo na era evanglica. (Ver

    comentrios sobre Apocalipse 19:10).

    Uma bno ao leitor. "Bem-aventurado aquele que l, e os que ouvem as palavras desta profecia" (RC) Haver alguma bno, to

    direta e categrica, pronunciada sobre a leitura e observncia de qualquer

    outra poro da Palavra de Deus? Quanto isso nos estimula a estud-la!

    Diremos que no se pode compreender? Seria lgico oferecer uma

    bno para o estudo de um livro que no nos beneficiaria? Deus

    pronunciou a Sua bno sobre o leitor desta profecia, ps o selo da Sua

    aprovao sobre um fervoroso estudo das suas pginas maravilhosas.

    Com esse estmulo de fonte divina, o filho de Deus no se deixar abalar

    por mil contra-ataques dos homens.

    Todo cumprimento da profecia impe deveres. No Apocalipse h

    coisas que devem ser guardadas e cumpridas. H deveres a fazer como

    resultado da compreenso e do cumprimento da profecia. Um notvel

    exemplo desta classe pode-se ver no captulo 14:12, onde lemos: "Aqui

    esto os que guardam os mandamentos de Deus e a f de Jesus."

    "O tempo est prximo", escreve Joo, e ao diz-lo nos oferece

    outro motivo para estudar seu livro. Torna-se cada vez mais importante

    medida que nos aproximamos da grande consumao. Com referncia a

    este ponto oferecemos os pensamentos impressionantes de outro escritor: "Com o passar do tempo, aumenta a importncia de estudar o

    Apocalipse. Nele h coisas que logo devem acontecer. ... J quando Joo registrou as palavras de Deus, o testemunho de Jesus Cristo e todas as coisas que viu, o longo perodo dentro do qual essas sucessivas cenas se deviam realizar estava prximo. A primeira de toda a srie conectada estava

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 9 a ponto de cumprir-se. Se sua proximidade constitua, ento, motivo para estudar o seu contedo, quanto mais agora! Cada sculo que passa, cada ano que transcorre, intensifica a urgncia com que devemos prestar ateno a esta parte final da Escritura Sagrada. E porventura no refora ainda mais a razo de ser desta observao a intensidade do apego de nossos contemporneos s coisas temporais? Certamente, nunca houve uma poca em que uma poderosa influncia oposta fosse mais necessria. O Apocalipse de Jesus Cristo, devidamente estudado, apresenta uma adequada influncia corretiva. Como seria bom que todos os cristos pudessem, na mais ampla medida, receber a bno prometida queles que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela esto escritas, porque o tempo est prximo."1

    A dedicao. Depois da bno temos a dedicao nestas palavras:

    Versculo 4: "Joo, s sete igrejas que se encontram na sia, graa e

    paz a vs outros, da parte daquele que , que era e que h de vir, da parte dos sete Espritos que se acham diante do seu trono e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primognito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. quele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glria e o domnio pelos sculos dos sculos. Amm!

    As igrejas da sia. Havia mais de sete igrejas na sia, mesmo na parte ocidental da sia, conhecida por sia Menor. E se considerarmos o

    territrio ainda menor, a saber, aquela pequena parte da sia Menor,

    onde estavam situadas as sete igrejas que so mencionadas, notamos que

    no meio delas havia outras igrejas importantes. Colossos, a cujos cristos

    Paulo dirigiu a sua epstola aos Colossenses, estava a pouca distncia de

    Laodicia. Patmos, onde Joo teve sua viso, situava-se mais perto de

    Mileto que de qualquer das igrejas mencionadas. Alm disso, Mileto era

    1 Augusto C. Thompson, Morning Hours in Patmos, pgs. 28, 29.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 10

    um centro importante do cristianismo, considerando-se que Paulo fez

    estada ali e mandou chamar os ancios da igreja de feso para o

    encontrarem nesse lugar. (Atos 20:17-38). Ali deixou em boas mos

    crists a Trfimo, seu discpulo doente (2 Tim. 4:20). Troas, onde Paulo

    passou um tempo com os discpulos, e de onde, depois de ter esperado

    passar o sbado, iniciou a sua viagem, no estava longe de Prgamo,

    cidade nomeada entre as sete igrejas.

    Torna-se, pois, interessante determinar por que que sete dentre as

    igrejas da sia Menor foram escolhidas como aquelas s quais o

    Apocalipse foi dedicado. Acaso a saudao do Apocalipse 1 se dirige

    apenas s sete igrejas literais nomeadas? E ocorre o mesmo com as

    admoestaes a elas endereadas em Apocalipse 2 e 3? Descrevem

    coisas que ali existiam ento ou retratam apenas o que iria suceder mais

    tarde? No podemos chegar a esta concluso por boas e slidas razes:

    Todo o livro de Apocalipse dedicado s sete igrejas (Apoc. 1:3,

    11, 19; 22:18 e 19). O livro no era mais aplicvel a elas do que a outros

    cristos da sia Menor, como por exemplo, os que habitavam no Ponto,

    na Galcia, na Capadcia e na Bitnia, a quem Pedro dirigiu sua epstola

    (1 Ped. 1:1); ou aos cristos de Colossos, Troas e Mileto, localizados no

    meio das igrejas nomeadas.

    Apenas uma pequena parte do livro podia referir-se individualmente

    s sete igrejas, ou a quaisquer cristos do tempo de Joo, porque a

    maioria dos acontecimentos que apresenta estavam to longe no futuro,

    que no iriam ocorrer durante a gerao que ento vivia, e nem ainda no

    tempo de vida dessas igrejas. Por isso, as igrejas especficas no tinham

    nada a ver com tais eventos.

    dito que as sete estrelas que o Filho do homem tinha na Sua mo

    direita so os anjos das sete igrejas (v. 20). Sem dvida todos concordam

    que os anjos das igrejas so os ministros das igrejas. O fato de estarem

    na mo direita do Filho do homem indica o poder mantenedor, a guia e a

    proteo a eles concedidos. Mas havia apenas sete na Sua mo direita.

    So apenas sete os assim cuidados pelo grande Mestre das assemblias?

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 11

    No podero todos os verdadeiros ministros de todos os tempos

    evanglicos obter desta imagem o consolo de saber que so sustentados e

    guiados pela mo direita do grande Cabea da igreja? Esta parece ser a

    nica concluso lgica possvel de chegar.

    Alm disso Joo, olhando para a dispensao crist, viu o Filho do

    homem no meio dos sete castiais, que representavam sete igrejas. A

    posio do Filho do homem entre eles deve significar a Sua presena

    com Seus filhos, o Sua cuidado vigilante sobre eles e a Sua perscrutadora

    viso de todas as suas obras. Mas, conhece Ele apenas sete igrejas

    individuais? No poderemos antes concluir que esta cena representa a

    Sua posio relativamente a todas as Suas igrejas durante a dispensao

    evanglica? Ento, por que so mencionadas apenas sete? O nmero sete

    usado na Bblia para significar a plenitude e a perfeio. Portanto, os

    sete castiais representam a igreja evanglica atravs de sete perodos, e

    as sete igrejas podem receber a mesma aplicao.

    Por que foram escolhidas as sete igrejas mencionadas em

    particular? Sem dvida, pelo fato de seus nomes, segundo as definies

    das palavras, apresentarem as caractersticas religiosas daqueles perodos

    da dispensao evanglica que respectivamente deviam representar.

    Portanto, compreende-se facilmente que "as sete igrejas" no

    representam simplesmente as sete igrejas literais da sia que foram

    mencionadas, mas sete perodos da igreja crist, desde os dias dos

    apstolos at o fim do tempo da graa. (Ver comentrios de Apoc. 2:1).

    A fonte da bno. "Da parte daquele que , que era e que h de vir", ou que h de ser, uma expresso que neste caso se refere a Deus o

    Pai, j que o Esprito Santo e Cristo so mencionados separadamente no

    contexto imediato.

    Os sete Espritos. Provavelmente, esta expresso no se refere a anjos, mas ao Esprito de Deus. uma das fontes de graa e paz para a

    igreja. Acerca do interessante assunto dos sete Espritos, observa

    Thompson: "Isto , do Esprito Santo, denominado 'os sete Espritos',

    porque sete um nmero sagrado e perfeito; pois esta designao no

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 12

    lhe dada ... para indicar pluralidade interior, mas a plenitude e

    perfeio dos Seus dons e operaes."2 Alberto Barnes diz: "O nmero

    sete pode ter sido dado, portanto, ao Esprito Santo com referncia

    diversidade ou a plenitude das Suas operaes nas almas humanas, e

    Sua mltipla atuao nos acontecimentos do mundo, como ser

    posteriormente desenvolvido neste livro."3

    O Seu trono. Refere-se ao trono de Deus Pai, porque Cristo no ascendeu ainda ao Seu prprio trono. Os sete Espritos diante do trono,

    talvez indicam "ao fato de o Divino Esprito estar, por assim dizer,

    pronto para ser enviado, de acordo com uma representao comum nas

    Escrituras, para cumprir propsitos importantes nos assuntos dos

    homens."4

    "E da parte de Jesus Cristo". So aqui mencionadas algumas das principais caractersticas que pertencem a Cristo. Ele "a Fiel

    Testemunha". O Seu testemunho sempre verdadeiro. Tudo o que

    promete cumprir, com certeza.

    "O Primognito dos mortos" uma expresso paralela a outras

    encontradas em 1 Cor. 15:20, 23; Heb. 1:6; Rom. 8:29 e Col. 1:15, 18, e

    so aplicadas a Cristo, expresses como "as Primcias dos que dormem",

    "o Primognito no mundo", "o Primognito entre muitos irmos", "o

    Primognito de toda a criao", "o Primognito de entre os mortos". Mas

    estas expresses no denotam que Ele foi o primeiro a ressuscitar, do

    ponto de vista do tempo, porque antes dEle outros ressuscitaram.

    Ademais, este um ponto sem importncia. Cristo a figura principal e

    central de todos os que saram da sepultura, porque foi em virtude da

    vinda, obra e ressurreio de Cristo que alguns ressuscitaram antes dEle.

    No propsito de Deus, Ele foi o primeiro tanto do ponto de vista de

    tempo como de importncia, porque embora alguns foram libertos do

    2 Idem, pgs. 34, 35. 3 Albert Barnes, Notes on Revelation, pg. 62. Ver tambm S. T. Bloomfield, The Greek Testament

    With English Notes, Vol. 2, pg. 505, comentrios sobre Apocalipse 1:4. 4 Albert Barnes, Notes on Revelation, pg. 62, comentrios sobre Apocalipse 1:4.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 13

    poder da morte antes dEle, isso no ocorreu seno depois de o propsito

    do triunfo de Cristo sobre a sepultura ter sido formado na mente de

    Deus, que "chama as coisas que no so como se j fossem" (Rom. 4:17,

    RC), e foram libertos em virtude daquele grande propsito que devia

    realizar-se no seu devido tempo.

    Cristo "o Prncipe dos reis da Terra". Em certo sentido Cristo o

    agora. Paulo informa-nos em Efs. 1:20, 21 que Ele foi posto direita de

    Deus nos lugares celestiais, "acima de todo o principado, e poder, e

    potestade, e domnio, e de todo o nome que se nomeia, no s neste

    sculo, mas tambm no vindouro." Os mais honrados nomes neste

    mundo so os de prncipes, reis, imperadores e potentados. Mas Cristo

    foi posto acima deles. Est sentado com Seu Pai no trono de domnio

    universal, com Ele governando e dirigindo todas as naes da Terra.

    (Apoc. 3:21)

    Num sentido mais particular Cristo h de ser Prncipe dos reis da

    Terra quando subir ao Seu prprio trono, e os reinos do mundo passem a

    ser "de nosso Senhor e do Seu Cristo", quando forem entregues em Suas

    mos pelo Pai, trazendo em Suas vestes o ttulo de "Rei dos reis e Senhor

    dos senhores", para despedaar as naes como a um vaso de oleiro

    (Apoc. 19:16; 2:27; Sal. 2:8, 9.)

    Ademais, fala-se de Cristo como Aquele "que nos ama, e, pelo seu

    sangue, nos libertou dos nossos pecados." Talvez cremos que recebemos

    muito amor de nossos amigos e parentes terrenos pai, me, irmos, ou amigos ntimos mas vemos que nenhum amor digno desse nome comparado com o amor de Cristo por ns. A frase seguinte intensifica o

    significado das palavras anteriores: "E, pelo Seu sangue, nos lavou dos

    nossos pecados." Que amor teve por ns! Disse o apstolo: "Ningum

    tem maior amor do que este: de dar algum a sua vida pelos seus

    amigos" (Joo 15:13). Mas Cristo provou o Seu amor para conosco,

    morrendo por ns, "sendo ns ainda pecadores."

    E h algo mais ainda: "E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu

    Pai" Os que ramos leprosos pelo pecado, fomos purificados; os que

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 14

    ramos inimigos, fomos no s feitos amigos, mas elevados a posies

    de honra e dignidade. Que amor incomparvel! Que proviso sem par fez

    Deus para que fssemos purificados do pecado! Consideremos por um

    momento por um momento o servio do santurio e seu belo significado.

    Quando um pecador confessa os pecados e recebe o perdo, Cristo os

    desfaz, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nos livros do

    Cu onde esto registrados, so cobertos pelo sangue de Cristo, e se a

    pessoa que se converteu a Deus se mantiver fiel sua profisso de f,

    estes pecados jamais sero revelados, mas sero destrudos pelo fogo que

    purificar a Terra ao serem consumidos pecado e pecadores. Disse o

    profeta Isaas: "Lanaste para trs de ti todos os meus pecados." (Isa.

    38:17) Ento ser aplicada a declarao feita por Jeremias ao Senhor:

    "dos seus pecados jamais me lembrarei." (Jer. 31:34)

    No de admirar que Joo, o discpulo amante e amado, atribusse

    a este Ser que tanto fez por ns, glria e domnio para todo o sempre.

    Versculo 7 "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o ver, at

    quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentaro sobre ele. Certamente. Amm!"

    Aqui Joo nos transporta para a frente, para a segunda vinda de

    Cristo em glria, o acontecimento culminante da Sua interveno em

    favor deste mundo cado. Veio uma vez revestido de fraqueza, agora

    volta em poder; antes veio em humilhao, agora em glria. Vem nas

    nuvens, como ascendeu (Atos 1:9, 11).

    Sua vinda visvel. "Todo olho O ver". Todos os que estiverem vivos por ocasio da Sua vinda. No somos informados de que a vinda

    pessoal de Cristo ter lugar no silncio da meia-noite ou s no deserto ou

    no interior das casas. No vir como ladro, no sentido de vir a este

    mundo furtivamente, em segredo e em silncio. Mas vir buscar o Seu

    tesouro mais precioso, Seus santos que dormem e que vivem, comprados

    com o Seu precioso sangue, aos quais arrebatou do poder da morte em

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 15

    combate franco e justo; e para estes Sua vinda no ser menos aberta e

    triunfante. Ser com o brilho e resplendor do relmpago quando fulgura

    do oriente ao ocidente (Mat. 24:27). Ser como som de trombeta que

    penetrar at s mais recnditas profundezas da Terra, e com uma voz

    potente que despertar os santos que dormem nos seus leitos de p (Mat.

    24:31; 1 Tess. 4:16). Surpreender os mpios como ladro porque

    obstinadamente fecharam os olhos aos sinais da Sua aproximao e se

    recusam a crer nas declaraes de Sua Palavra de que Ele se aproximava.

    Com relao ao segundo advento, no h base nas Escrituras para a

    representao que fazem alguns de duas vindas, uma privada e outra

    pblica.

    "At quantos O traspassaram". Alm de "todo olho", como foi mencionado, h uma referncia especial aos que desempenharam um

    papel mais ativo na tragdia da Sua morte, e isso indica que O vero

    voltar Terra em triunfo e glria. Mas como suceder isso? Se no esto

    vivos agora, como podero v-Lo quando vier? Haver uma ressurreio

    dos mortos. Este o nico meio de voltar vida depois de descer ao

    sepulcro. Mas como que esses mpios estaro vivos nessa altura, visto

    que a ressurreio geral dos mpios s ter lugar mil anos depois do

    segundo advento? (Apoc. 20:1-6).

    A esse respeito Daniel diz: "Nesse tempo, se levantar Miguel, o grande prncipe, o defensor dos

    filhos do teu povo, e haver tempo de angstia, qual nunca houve, desde que houve nao at quele tempo; mas, naquele tempo, ser salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. Muitos dos que dormem no p da terra ressuscitaro, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." (Daniel 12:1, 2).

    Aqui nos apresentada uma ressurreio parcial, uma ressurreio

    de certa classe de justos e de mpios. Ocorre antes da ressurreio geral

    de cada um desses grupos. Ento sero despertados muitos dos que

    dormem, no todos; quer dizer, alguns dos justos para a vida eterna, e

    alguns dos mpios para vergonha e desprezo eterno. Esta ressurreio

    acontece em relao com o grande tempo de angstia qual nunca houve

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 16

    antes da vinda do Senhor. No podem os que "O traspassaram" estar

    entre os que ento ressuscitarem para vergonha e desprezo eterno? No

    viria a propsito que os que tomaram parte na maior humilhao do

    Senhor, e outros notveis protagonistas na rebelio contra Ele,

    ressuscitarem para contemplar Sua terrvel majestade quando vier

    triunfante, como labareda de fogo, para tomar vingana dos que no

    conhecem a Deus e no obedecem ao Seu evangelho?

    A resposta da igreja : "Assim seja. Amm". Embora esta vinda de

    Cristo seja para os mpios uma cena de terror e destruio, para os

    justos uma cena de alegria e triunfo. Essa vinda, que como uma

    labareda de fogo, para tomar vingana dos mpios, traz consigo o

    repouso para todos os que crem (2 Tess. 1:6-10). Todos os que amem a

    Cristo sadam, como alegres novas de grande alegria, todas as

    declaraes e sinais da Sua vinda.

    Versculo 8 (Verso RC): "Eu sou o Alfa e o mega, o Princpio e o

    Fim, diz o Senhor, que , e que era, e que h de vir, o Todo-poderoso."

    Aqui fala outra pessoa que no Joo. Ao declarar quem , usa

    duas das mesmas caracterizaes "o Alfa e o mega, o Princpio e o Fim" encontradas em Apocalipse 22:13, onde, segundo os versculos 12 e 16 daquele captulo, claramente Cristo quem fala. Conclumos,

    pois, que Cristo quem fala no versculo 8. Versculo 9: Eu, Joo, irmo vosso e companheiro na tribulao, no

    reino e na perseverana, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

    Aqui o assunto muda, porque Joo introduz o lugar e as

    circunstncias sob as quais lhe foi dada a revelao. Primeiramente

    apresenta-se como um irmo da igreja universal, e seu companheiro nas

    aflies. Nesta passagem Joo evidentemente faz referncia ao futuro

    reino de glria. Introduz o pensamento de que a tribulao faz parte da

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 17

    preparo necessrio para entrar no reino de Deus. Esta idia se apia em

    textos como estes: "Atravs de muitas tribulaes, nos importa entrar no

    reino de Deus (Atos 14:22). "Se sofrermos, tambm com ele reinaremos

    (2 Tim. 2:12, RC). verdade que enquanto vivem na carne, os crentes

    em Cristo tm acesso ao trono da graa. Ao trono da graa que somos

    levados quando nos convertemos, porque Deus "nos transportou para o

    reino do Filho do seu amor" (Col. 1:13). Mas no segundo advento do

    Salvador, quando o reino da glria for inaugurado, os santos que agora

    so membros do reino da graa, ao serem remidos do presente sculo

    mau, tero acesso ao trono de Sua glria. Ento as tribulaes tero

    terminado, e os filhos de Deus se alegraro na luz da presena do Rei dos

    reis por toda a eternidade.

    O lugar de onde escreveu. Patmos uma ilha pequena e estril perto da costa ocidental da sia Menor, entre a ilha de Icria e o

    promontrio de Mileto, onde no tempo de Joo se encontrava a mais

    prxima igreja crist. Tem cerca de 16 quilmetros de comprimento e

    uns 10 de largura mxima. Seu nome atual Patmos. A costa escarpada

    e consta de uma sucesso de cabos que formam muitos portos. O nico

    usado hoje uma profunda baa cercada por altos montes de todos os

    lados, exceto um, onde protegida por um promontrio. A aldeia ligada

    a este porto est situada num monte elevado e rochoso, que se ergue

    margem do mar. A cerca de meio caminho do monte em que est

    edificada a aldeia, nota-se uma gruta natural na rocha, onde, segundo a

    tradio, Joo teve a sua viso e escreveu o Apocalipse. Devido ao seu

    carter agreste e isolado, esta ilha era usada durante o Imprio Romano

    como lugar de exlio. Isso nos explica por qu Joo foi banido para ali.

    Este exlio do apstolo foi por volta de 94 d.C., sob o Imperador

    Domiciano, de maneira que o Apocalipse foi escrito em 95 ou 96.

    A causa do exlio. "Por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus." Esse foi o grande delito e crime de Joo. O tirano Domiciano,

    revestido ento com a prpura imperial de Roma, era mais eminente por

    seus vcios do que por sua prpria posio civil, e recuou perante este

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 18

    idoso mas intrpido apstolo. No ousou permitir a promulgao do

    Evangelho em seu reino. Exilou a Joo para a solitria ilha de Patmos,

    onde se podia dizer que estava fora do mundo como se estivesse morto.

    Depois de encerr-lo naquele rido lugar, e de conden-lo ao cruel

    trabalho nas minas, o imperador pensou sem dvida ter eliminado o

    pregador da justia, e que o mundo no mais ouviria falar dele.

    Assim pensavam tambm os perseguidores de Joo Bunyan quando

    o encerraram na priso de Bedford. Mas quando o homem pensa ter

    sepultado a verdade em eterno esquecimento, o Senhor d-lhe uma

    ressurreio com decuplicada glria e poder. Da escura e estreita cela de

    Bunyan brotou um resplendor de luz espiritual, graas "Viagem do

    Peregrino", que durante quase trezentos anos fomentou os interesses do

    Evangelho. Da estril ilha de Patmos, onde Domiciano pensava ter

    apagado pelo menos uma tocha da verdade, surgiu a mais magnfica

    revelao de todo o cnon sagrado, para derramar sua divina luz sobre

    todo o mundo cristo at o fim do tempo. Quantos dos que

    reverenciaram e dos que haviam de reverenciar o nome do discpulo

    amado por suas arrebatadoras vises da glria celeste, desconheceram o

    nome do monstro que causou o seu exlio! Em verdade, na vida atual se

    aplicam por vezes as palavras das Escrituras, que declaram que "o justo

    ficar em memria eterna", mas "o nome dos mpios apodrecer" (Sal.

    112:6; Prov. 10:7).

    Versculo 10: "Achei-me em esprito, no dia do Senhor*, e ouvi, por

    detrs de mim, grande voz, como de trombeta."

    Em esprito. Embora Joo estivesse exilado e separado de todos os que professavam a mesma f e quase exilado do mundo, no estava

    separado de Deus nem de Cristo nem do Esprito Santo nem dos anjos.

    Continuava tendo comunho com o seu divino Senhor. A expresso "em

    * A expresso "domingo", que se l em algumas verses no est no original, e as Bblias que saem

    hoje dos prelos das Sociedades Bblicas dizem corretamente "dia do Senhor". Nota do tradutor.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 19

    esprito" parece denotar o mais sublime estado de elevao espiritual a

    que uma pessoa pode ser levada pelo Esprito de Deus. Nesta

    circunstncia, Joo entrou em viso.

    No dia do Senhor. A que dia faz referncia esta designao? Uma classe sustenta que a expresso "o dia do Senhor" abrange toda a

    dispensao crist e no significa um dia de 24 horas. Outra classe

    defende que o dia do Senhor o dia do juzo, o futuro "dia do Senhor",

    mencionado com freqncia nas Escrituras. A terceira opinio que a

    expresso se refere ao primeiro dia da semana. Ainda outra classe

    sustenta que significa o stimo dia, o sbado do Senhor.

    Em resposta primeira destas posies basta dizer que o livro do

    Apocalipse datado por Joo, na ilha de Patmos, e isso no dia do Senhor.

    O autor, o lugar onde foi escrito e o dia em que foi datado, tm uma

    existncia real e no apenas simblica ou mstica. Mas se dizemos que o

    dia significa a dispensao crist, lhe damos um significado simblico ou

    mstico que no admissvel. Por que precisaria Joo explicar que

    escrevia no "dia do Senhor" se a expresso significava a dispensao

    crist? conhecido o fato de que o Apocalipse foi escrito uns sessenta

    anos depois da morte de Cristo.

    A segunda opinio, de que o dia do juzo, no pode ser correta.

    Embora Joo tivesse uma viso acerca do dia do juzo, no a podia ter

    nesse dia que era ainda futuro. A palavra grega en traduzida por em foi

    definida por Thayer assim, referente a tempo: "Perodos ou pores de

    tempo nos quais sucede algo, em, durante." Nunca significa acerca de ou

    sobre. Sendo assim, os que relacionam esta expresso com o dia do juzo

    contradizem a linguagem usada, fazendo-a significar acerca de em vez

    de em, ou fazem Joo afirmar uma estranha mentira, dizendo que teve

    uma viso na ilha de Patmos, h dezenove sculos, no dia do juzo, que

    era ainda futuro.

    O terceiro ponto de vista, o mais generalizado, iguala "o dia do

    Senhor" com o primeiro dia da semana. Mas faltam as provas de que est

    certo. O prprio texto no define a expresso "dia do Senhor", e neste

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 20

    caso se a pessoa quer significar primeiro dia da semana devemos buscar

    em outro lugar da Bblia a prova disso. Os nicos outros escritores

    inspirados que falam do primeiro dia so Mateus, Marcos, Lucas e Paulo,

    e o designam simplesmente como "primeiro dia da semana". Nunca

    falam dele, distinguindo-o como superior a um dos outros seis dias de

    trabalho. Isto mais notvel, do ponto de vista popular, pois trs deles

    falam desse dia no prprio tempo em que dito que pela ressurreio de

    Cristo o primeiro dia do Senhor tornou-se o dia do Senhor, e dois o

    mencionam trinta anos depois desse acontecimento.

    dito que "dia do Senhor" era a expresso usual para o primeiro dia

    da semana no tempo de Joo, mas perguntamos: Onde est a prova

    disso? No se pode encontrar. Na verdade, temos provas em contrrio.

    Se esta fosse a designao universal do primeiro dia da semana quando o

    Apocalipse foi escrito, o prprio autor devia certamente cham-lo assim

    em todos os seus escritos posteriores. Mas Joo escreveu o Evangelho

    depois de ter escrito o Apocalipse, e, todavia, no Evangelho ele chama o

    primeiro dia da semana no "dia do Senhor", mas simplesmente "o

    primeiro dia da semana". O leitor que quiser provas de que o Evangelho

    foi escrito depois do Apocalipse, as encontrar nos escritores que so

    autoridades no assunto.

    A declarao em favor do primeiro dia fica mais categoricamente

    refutada pelo fato de que nem Deus nem Cristo jamais reclamaram o

    primeiro dia como Seu, em qualquer sentido diferente do atribudo a

    qualquer dos outros dias de trabalho. Nenhum deles jamais foi

    abenoado nem chamado santo. Se devesse chamar-se dia do Senhor

    porque nele Cristo ressuscitou, sem dvida a Inspirao nos teria

    informado disso. Se na ausncia de qualquer instruo referente

    ressurreio chamarmos dia do Senhor o dia quando ela se realizou, por

    que no daramos o mesmo nome aos dias em que se efetuaram a

    crucifixo e a ascenso, que para o plano da salvao representam

    eventos to essenciais como a ressurreio?

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 21

    Tendo sido refutadas as trs posies j examinadas, a quarta, a

    saber a que identifica o dia do Senhor como o sbado reclama a nossa

    ateno. Em favor deste ponto de vista pode-se dar as provas mais claras.

    Quando no princpio Deus deu ao homem seis dias na semana para

    trabalhar, expressamente reservou para Si o stimo dia, colocou nele a

    Sua bno e o reclamou como Seu santo dia (Gnesis 2:1-3). Moiss

    disse a Israel no deserto de Sin, no sexto dia da semana: "Amanh

    repouso, o santo sbado do Senhor" (xodo 16:23).

    Chegamos ao Sinai, onde o grande Legislador proclamou os Seus

    preceitos morais com terrvel solenidade; e nesse supremo cdigo assim

    reclama o Seu santo dia: "O stimo dia o sbado do Senhor teu Deus ...

    porque em seis dias fez o Senhor os cus, e a Terra, o mar, e tudo o que

    neles h, e ao stimo dia descansou: portanto abenoou o Senhor o dia

    do sbado e o santificou." Pelo profeta Isaas, oitocentos anos mais tarde,

    falou Deus nos seguintes termos: "Se desviares o teu p de profanar o

    Sbado, e de cuidar dos teus prprios interesses no Meu santo dia ...

    ento te deleitars no Senhor" (Isaas 58:13, 14).

    Chegamos aos tempos do Novo Testamento, e Aquele que Um

    com o Pai declara expressamente: "O Filho do homem at do sbado

    Senhor" (Marcos 2:28). Pode algum negar que o dia que Ele

    enfaticamente declarou que era do Senhor seja de fato o dia do Senhor?

    Vemos assim que, quer esse ttulo se refira ao Pai quer ao Filho, nenhum

    outro dia pode ser chamado dia do Senhor seno o sbado do grande

    Criador.

    Na dispensao crist h um dia distinto acima dos outros dias da

    semana como sendo o "dia do Senhor". Quo completamente este fato

    refuta a pretenso de alguns que afirmam no haver sbado nesta

    dispensao, mas que todos os dias so iguais! Ao cham-lo "dia do

    Senhor", o apstolo deu-nos, cerca do fim do primeiro sculo, a sano

    apostlica observncia do nico dia que pode ser chamado o dia do

    Senhor, que o stimo dia da semana.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 22

    Quando Cristo estava na Terra, indicou claramente qual era Seu dia

    ao dizer: "O Filho do homem at do sbado Senhor" (Mateus 12:8). Se

    tivesse dito: "O Filho do homem at do primeiro dia da semana

    Senhor", no seria isso hoje apresentado como prova concludente de que

    o primeiro dia da semana o dia do Senhor? Certamente que sim e com

    boa razo. Portanto, deve reconhecer-se como vlido o mesmo

    argumento para o stimo dia, em relao ao qual foram pronunciadas

    estas palavras.

    Versculos 11-18: "Dizendo: dizendo: O que vs escreve em livro e manda s

    sete igrejas: feso, Esmirna, Prgamo, Tiatira, Sardes, Filadlfia e Laodicia. Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, altura do peito, com uma cinta de ouro. A sua cabea e cabelos eram brancos como alva l, como neve; os olhos, como chama de fogo; os ps, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas guas. Tinha na mo direita sete estrelas, e da boca saa-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua fora. Quando o vi, ca a seus ps como morto. Porm ele ps sobre mim a mo direita, dizendo: No temas; eu sou o primeiro e o ltimo e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos sculos dos sculos e tenho as chaves da morte e do inferno.

    A expresso "voltei-me para ver" refere-se pessoa de quem

    provinha a voz.

    Sete candeeiros de ouro. Estes no podem ser o anttipo do candeeiro de ouro do antigo servio tpico do templo, porque ali havia

    apenas um candeeiro com sete braos. Fala-se dele sempre no singular.

    Mas aqui temos sete candeeiros, que so com mais propriedade "suportes

    de lmpadas", suportes sobre os quais se pem lmpadas para iluminar

    um aposento. No tm semelhana com o castial do antigo tabernculo,

    pelo contrrio, os suportes de lmpada so to distintos e to separados

    uns dos outros que se v o Filho do homem andando no meio deles.

    O Filho do homem. A figura central e absorvente da cena que se abre na viso de Joo a majestosa pessoa do Filho do homem, Jesus

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 23

    Cristo. A descrio feita aqui dEle, com as Suas ondulantes vestes, com

    o Seu cabelo branco, no pela idade, mas pelo brilho da glria celeste,

    Seus olhos de fogo, Seus ps fulgurantes como o metal reluzente, e Sua

    voz como o som de muitas guas, no pode ser superada em seu carter

    grandioso e sublime. Subjugado pela presena deste augusto Ser, e talvez

    por um agudo senso da indignidade humana, Joo caiu a Seus ps como

    morto, mas uma consoladora mo posta sobre ele, e uma voz

    confortadora lhe diz que no tema. Tambm os cristos tm hoje o

    privilgio de sentir essa mo sobre eles, fortalecendo-os e confortando-

    os em horas de prova e aflio, e ouvir a mesma voz dizendo-lhes: "No

    temas."

    Mas a mais alentadora certeza, em todas estas palavras de conforto,

    a declarao deste exaltado Ser que vive para sempre e o rbitro da

    morte e da sepultura. Diz Ele: "Tenho as chaves da morte e do inferno

    [hades, a sepultura]". A morte um tirano vencido. Ela pode recolher

    nos sepulcros os seres preciosos da Terra e alegrar-se durante certo

    tempo com o seu aparente triunfo. Mas est realizando um trabalho

    infrutfero, porque a chave da sua escura priso foi arrebatada de sua

    escura priso, e est agora segura nas mos de Algum mais poderoso do

    que ela. Ele est obrigada a depositar seus trofus num terreno onde

    Outro tem controle absoluto; e Este o imutvel Amigo e comprometido

    Redentor comprometido a salvar a Seu povo. Portanto, no se

    entristeam acerca dos justos mortos; eles esto em custdia segura.

    Durante um pouco de tempo o inimigo os retm, mas um Amigo possui a

    chave do local da sua priso temporria.

    Versculo 19: "Escreve, pois, as coisas que viste, e as que so, e as

    que ho de acontecer depois destas."

    Neste versculo dada a Joo uma ordem muito definida para

    escrever toda a revelao, que se referiria mais a acontecimentos ento

    futuros. Em alguns poucos casos haveria referncias a acontecimentos

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 24

    ento passados ou que estavam sucedendo, mas essas referncias tinham

    apenas o propsito de introduzir coisas que deviam cumprir-se mais

    tarde, de maneira que nenhum elo na cadeia pudesse faltar.

    Versculo 20: "Quanto ao mistrio das sete estrelas que viste na minha

    mo direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas so os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros so as sete igrejas."

    Representar o Filho do homem como tendo em Sua mo apenas os

    ministros das sete igrejas literais da sia Menor, e andando apenas no

    meio dessas sete igrejas, seria reduzir as sublimes representaes e

    declaraes deste captulo e dos seguintes a relativa insignificncia. O

    providencial cuidado e presena do Senhor no se limitam a um nmero

    especfico de igrejas, porm so para todo o Seu povo; no apenas no

    tempo de Joo, mas atravs de todos os sculos. "Eis que estou convosco

    todos os dias", disse Ele aos Seus discpulos, "at consumao dos

    sculos." (Ver as observaes sobre o v. 4)

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 25

    AS CARTAS DE JESUS S IGREJAS Apocalipse 2

    No primeiro captulo, o profeta esboou o tema das sete igrejas e

    seu ministrio, representadas pelos sete castiais e aos ministros pelas

    sete estrelas. Considera agora cada igreja em particular e escreve a

    respectiva mensagem, dirigindo em cada caso a epstola ao anjo, ou seja,

    seu ministrio.

    Versculos 1-7 A o anjo da igreja em feso escreve: Estas coisas diz aquele

    que conserva na mo direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheo as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverana, e que no podes suportar homens maus, e que puseste prova os que a si mesmos se declaram apstolos e no so, e os achaste mentirosos; e tens perseverana, e suportaste provas por causa do meu nome, e no te deixaste esmorecer. Tenho, porm, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caste, arrepende-te e volta prtica das primeiras obras; e, se no, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso no te arrependas. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolatas, as quais eu tambm odeio. Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da rvore da vida que se encontra no paraso de Deus.

    A igreja de feso. Nas observaes referentes a Apocalipse 1:4 foram apresentadas algumas razes por que as mensagens dirigidas s

    sete igrejas devem ser consideradas como profticas e aplicveis a sete

    perodos distintos que abrangem a dispensao crist. Podemos

    acrescentar agora que esta opinio no nova. Toms Newton diz:

    "Muitos pretendem, e entre eles homens to sbios como More e

    Vitringa, que as sete epstolas so profticas e se referem a outros tantos

    perodos sucessivos ou estados da igreja, desde o incio at o fim." 1

    Toms Scott diz: "Muitos expositores pensam que estas epstolas s

    sete igrejas so profecias bblicas de sete perodos distintos, em que se

    1 Thomas Newton, Dissertations on the Prophecies, vol. 2, pg. 167.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 26

    divide todo perodo compreendido desde os dias dos apstolos at o fim

    do mundo." 2

    Embora nem Newton e nem Scott apiam esta opinio, o seu

    testemunho demonstra que foi o ponto de vista de muitos expositores.

    Dois deles dizem: "O mais antigo comentarista do Apocalipse cuja obra chegou a ns, foi

    Vitorino, bispo de Pettau, o Petvio, que sofreu o martrio em 303. Foi contemporneo de Irineu, e homem de piedade e diligncia na apresentao dos ensinos das Escrituras e vigoroso em sua percepo do significado dos escritores sagrados. A maior parte de seus escritos, com exceo de alguns fragmentos, perdeu-se. Ficaram seus comentrios do Apocalipse em um texto menos fiel do que poderamos desejar, mas so suficientes para nos dar o resumo de suas opinies. Em sua Scholia in Apocalypsin, diz que o que Joo dirige a uma igreja, dirige a todas; que Paulo foi o primeiro a ensinar que h sete Igrejas em todo o mundo, e que as sete Igrejas nomeadas representam a Igreja Catlica [universal]; e que Joo, a fim de seguir o mesmo mtodo, no ultrapassou o nmero sete.

    "O que Vitorino quer dizer que Paulo, ao escrever sete Igrejas, e apenas sete, queria dar a entender que todas as igrejas de todos os tempos so abrangidas nas sete; e que, de igual maneira, as sete Igrejas do Apocalipse destinam-se a abranger todas as igrejas do mundo, isto , a Igreja Catlica [universal] de todos os tempos. Essa era tambm a opinio de Ticonio no sculo IV; de Aretas da Capadcia e Primasio de Andrumeto no sculo VI; e de Vitringa, Mede, Moro, Girdlestone e muitos outros telogos de pocas posteriores." 3

    "Mede exps as Sete Epstolas como profticas das Sete pocas da Igreja, de tal modo que todo o bem ali encontrado sobre ela e todo o mal acerca de Roma (ver Trench, loc. cit., pg. 228). Mais tarde, Vitringa exps as epstolas segundo o mesmo princpio; e escreve (pgs. 32-36): Existimo Spiritum S. sub typo et emblemate. Septem Ecclesiarum Asiae nobis . . . voluisse depingere septem variantes status Ecclesiae Christianae . . . usque ad Adventum Domini; acrescentando demonstur illas Prophetice non Dogmatice exponendas.

    2 Thomas Scott, Commentary, vol. 2, pg. 754, nota sobre Apocalipse 2:1. 3 Joseph A. Seiss, The Apocalypse, vol. 1, pgs. 128, 129.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 27 Mede (em suas Obras, Advert, cap. 10, pg. 905) apresenta mais

    amplamente sua opinio como segue: Se consideramos que seu nmero sete, que o nmero de revoluo de vezes, ou se consideramos a eleio do Esprito Santo que no abrange todas as igrejas nem sequer as mais famosas do mundo, como Antioquia, Alexandria, Roma . . . se se consideram bem estas coisas no se podem ver que estas sete igrejas, alm de seu aspecto literal, estavam destinadas a ser modelos e figuras das diversas pocas da igreja catlica do princpio ao fim? De modo que estas sete igrejas seriam para ns amostras profticas de sete temperamentos e estados sucessivos de toda a igreja visvel segundo suas diferentes pocas. . . . E sendo assim . . . ento certamente a Primeira Igreja (ou seja o estado efsio) deve ser a primeira, e a ltima ser a derradeira. . . . A meno dos falsos judeus e a sinagoga de Satans (em Apoc. 2) ao falar das cinco igrejas do meio, indica que pertencem aos tempos da Besta e Babilnia. E quanto sexta em particular temos um carter apropriado onde situ-la, a saber, parcialmente por volta do perodo da queda da Besta, e parcialmente aps sua destruio, ao vir a Nova Jerusalm. 4

    Lendo os autores acima citados, nota-se que o que levou os

    comentadores dos tempos mais modernos a descartar a idia da natureza

    proftica das mensagens s sete igrejas foi a doutrina relativamente

    recente e antibblica do milnio temporal. O ltimo perodo da igreja,

    como descrito em Apocalipse 3:15-17, parecia incompatvel com o

    glorioso estado de coisas que devia existir na Terra durante mil anos,

    com todo o mundo convertido a Deus. Neste caso como em tantos

    outros, leva-se o ponto de vista bblico a dar ao mais agradvel. Os

    coraes dos homens, como nos tempos antigos, ainda amam coisas

    aprazveis e os seus ouvidos esto sempre favoravelmente abertos para

    os que lhes profetizem paz.

    A primeira igreja chamada feso. Segundo a interpretao feita

    aqui, abrangeria o primeiro perodo, ou seja, o perodo apostlico. A

    definio da palavra feso desejvel, palavra que descreve fielmente o carter e condio da igreja durante seu primeiro estado. Os cristos

    primitivos receberam a doutrina de Cristo toda a sua pureza. Desfrutaram

    4 F. C. Cook, The Bible Commentary, New Testament, vol. 4, pgs. 530, 531.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 28

    os benefcios e bnos dos dons do Esprito Santo. Distinguiam-se por

    suas obras, trabalho e pacincia. Fiis aos puros princpios ensinados por

    Cristo, no podiam suportar os que praticavam o mal e punham prova

    os falsos apstolos, examinavam os seus verdadeiros caracteres e

    achavam-nos mentirosos. No temos evidncia de que isto fosse feito em

    maior escala pela igreja literal de feso do que por outras igrejas desse

    tempo. Paulo nada diz a este respeito na epstola que escreveu quela

    igreja. Era uma obra que toda a igreja crist realizava naquele perodo, e

    essa era muito a propsito que o fizesse. (Ver Atos 15:2 Cor. 11:13).

    O anjo da igreja O anjo de uma igreja deve significar um mensageiro ou ministro dessa igreja. Como cada igreja abrange certo

    perodo, o anjo de cada igreja deve significar o ministrio, ou seja, o

    conjunto dos verdadeiros ministros de Cristo durante o perodo

    abrangido por essa igreja. Pelo fato das diferentes mensagens serem

    dirigidas aos ministros, no podem ser aplicveis s a eles, mas se

    dirigem, com propriedade, por meio deles igreja.

    Um motivo de censura. "Tenho, porm, contra ti", diz Cristo, "que abandonaste o teu primeiro amor". "O abandono do primeiro amor to

    digno de censura como o afastamento de uma doutrina fundamental ou

    da moralidade bblica. Aqui a igreja no acusada de cair da graa, nem

    de ter permitido a extino do amor, mas sua diminuio. No h zelo

    nem sofrimento que possam expiar a falta do primeiro amor."5

    Na experincia crist nunca devia chegar o tempo em que, se se

    indaga a algum que mencionasse o perodo do seu maior amor a Cristo,

    no pudesse dizer: "O atual." Mas se tal tempo chegasse, ento deve

    lembrar-se donde caiu, meditar nisso, cuidadosamente recordar o estado

    da sua primeira aceitao de Deus, e apressar-se a arrepender-se, e voltar

    a dirigir seus passos para essa desejvel posio. O amor, como a f,

    manifestado por obras, e o primeiro amor, quando alcanado, trar

    sempre consigo as primeiras obras.

    5 August C. Thompson, Morning Hours in Patmos, pgs. 122, 123.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 29

    A admoestao. "E, se no, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso no te arrependas." A vinda mencionada aqui deve

    ser uma vinda figurada, significando uma juzo ou castigo, porquanto

    condicional. A remoo do castial significa o fato de lhe serem tirados a

    luz e os privilgios do Evangelho e confi-los a outras mos, a menos

    que desempenhe melhor as responsabilidades a ela confiadas. Significa

    que Cristo rejeita os membros como Seus representantes que ho de

    levar a luz da verdade e do Evangelho perante o mundo. Esta ameaa

    aplica-se tanto aos membros individuais como ao conjunto da igreja. No

    sabemos quantos assim fracassaram e foram rejeitados dentre os que

    professavam o cristianismo durante aquele perodo; sem dvida foram

    muitos. Assim continuaram as coisas, alguns permanecendo firmes,

    outros apostatando, deixando de transmitir luz ao mundo; mas novos

    crentes iam preenchendo as vagas feitas pela morte e apostasia, at que a

    igreja alcanou uma nova era em sua experincia, apontada como outro

    perodo na sua histria e abrangida por outra mensagem.

    Os nicolatas. Quo pronto est Cristo a elogiar o Seu povo pelas boas qualidades que possua! Se h alguma coisa que Ele aprova, logo a

    menciona. E nesta mensagem igreja de feso, tendo mencionado

    primeiro as suas boas qualidades e depois os fracassos, como se no

    quisesse passar por alto nenhuma das suas boas qualidades, menciona

    que eles aborreciam as obras dos nicolatas, que Ele tambm aborrecia.

    A doutrina dos mesmos condenada no versculo 15. Parece que eram

    pessoas cujas aes e doutrinas eram abominao para o Cu. Sua

    origem de certa maneira duvidosa. Alguns dizem que procediam de

    Nicolau de Antioquia, um dos sete diconos (Atos 6:5); outros, que a sua

    origem era atribuda a ele, s para se apoiar com o prestgio do seu

    nome; enquanto que uma terceira opinio que a seita tomou o nome de

    um Nicolau de data posterior. A ltima teoria provavelmente a opinio

    mais correta. Acerca das suas doutrinas e prticas, parece ser opinio

    geral que defendiam a poligamia, considerando o adultrio e a fornicao

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 30

    como coisas indiferentes, e permitiam o comer coisas oferecidas aos

    dolos. (Ver Clarke, Kitto e outras comentaristas).

    O convite a prestar ateno. "Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas". Esta uma forma solene de atrair a ateno

    universal para o que de importncia geral e mais urgente. Idntica

    linguagem usada com cada uma das sete igrejas. Cristo, quando esteve

    na Terra, usou a mesma forma de falar para chamar a ateno do povo

    para os mais importantes dos Seus ensinos. Usou-a com referncia

    misso de Joo (Mat. 11:15), parbola do semeador (Mat. 13:9) e

    parbola do joio, apresentando o fim do mundo (Mat. 13:43). tambm

    usada quanto a um importante acontecimento proftico em Apoc. 13:9.

    A promessa ao vencedor. Ao vencedor prometido que h de comer da rvore da vida que cresce no meio do paraso, o jardim de

    Deus. Onde est esse Paraso? Est no terceiro Cu. Paulo escreve, em 2

    Corntios 12:2, que conheceu um homem (referia-se a si mesmo), que foi

    arrebatado at o terceiro Cu. No versculo 4 ele diz que foi arrebatado

    ao Paraso, o que nos permite tirar a concluso de que esse Paraso est no terceiro Cu. Parece que neste Paraso est a rvore da vida. A

    Bblia apresenta s uma rvore da vida. mencionada seis vezes: trs

    em Gnesis e trs, no Apocalipse, mas todas as vezes o nome

    acompanhado com o artigo definido a. a rvore da vida no primeiro livro da Bblia, a rvore da vida no ltimo, a rvore da vida no "Paraso"

    (termo usado na traduo grega de Gnesis) do den, no princpio, e a

    rvore da vida no Paraso celestial de que agora Joo fala. Se h apenas

    uma rvore, e ela esteve no princpio na Terra, pode-se perguntar como

    pode estar agora no Cu. A resposta que deve ter sido levada para o

    Paraso celeste. A nica maneira de um mesmo corpo situado num lugar

    passar para outro lugar possa situar-se em outro pelo seu transporte

    fsico para ali. H boas razes para crer que a rvore da vida foi levada

    da Terra para o Cu. Um comentarista observa a respeito: "O ato de Deus ao colocar querubins 'para guardar o caminho da

    rvore da vida' (Gn. 3:24), no jardim do den, no tem apenas um aspecto

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 31 que indica severidade judicial, mas tambm, em certo sentido, uma promessa cheia de consolao. O bem-aventurado lugar, do qual o homem foi expulso, no aniquilado nem abandonado desolao e runa, mas retirado da Terra e da humanidade e confiado ao cuidado das mais perfeitas criaturas de Deus, para poder por fim ser restitudo ao homem depois de remido (Apoc. 22:2). O jardim, como foi antes que Deus o plantasse e adornasse, caiu sob maldio, como o resto da Terra, mas o acrscimo celestial e paradisaco foi eximido e confiado aos querubins. O Paraso verdadeiro (ideal) foi trasladado ao mundo invisvel. Mas pelo menos uma cpia simblica dele, estabelecida no lugar santssimo do tabernculo, foi concedida ao povo de Israel segundo o modelo que Moiss viu no monte. (xo. 25:9, 40); no prprio original, como renovada habitao do homem remido, descer finalmente Terra. (Apoc. 21:10)."6

    Ao vencedor , pois, prometida uma restituio superior ao que

    Ado perdeu. Esta promessa se dirige no apenas aos vencedores

    daquele perodo da igreja, mas a todos os vencedores de todos os

    tempos, porque as grandes recompensas do Cu no tm restries.

    Leitor, ponha empenho por ser um vencedor, pois quem tiver acesso

    rvore da vida, que est no meio do Paraso de Deus, jamais morrer.

    O perodo da igreja. Pode considerar-se o tempo abrangido por esta primeira igreja como estendendo-se desde a ressurreio de Cristo

    at o fim do primeiro sculo, ou morte do ltimo dos apstolos.

    Versculo 8-11 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o

    primeiro e o ltimo, que esteve morto e tornou a viver: Conheo a tua tribulao, a tua pobreza (mas tu s rico) e a blasfmia dos que a si mesmos se declaram judeus e no so, sendo, antes, sinagoga de Satans. No temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo est para lanar em priso alguns dentre vs, para serdes postos prova, e tereis tribulao de dez dias. S fiel at morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrer dano da segunda morte.

    6 John H. Kurts, Manual of Sacred History.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 32

    A igreja de Esmirna. Note-se que ao apresentar-Se a cada igreja, o Senhor menciona algumas das Suas caractersticas que Lhe atribuem

    idoneidade para dar-lhes o testemunho que profere. A igreja de Esmirna,

    que estava prestes a passar pela prova ardente da perseguio, revela-Se

    como o que foi morto e reviveu. Se fossem chamados a selar com o

    sangue o seu testemunho, deviam lembrar-se de que repousavam sobre

    eles os olhos dAquele que participou da mesma sorte, mas triunfou sobre

    a morte e podia faz-los sair das suas sepulturas de mrtires.

    Pobreza e riqueza. "Conheo . . . a tua pobreza", diz-lhes Cristo, "(mas tu s rico)." primeira vista, isto parece um estranho paradoxo!

    Mas quem so os verdadeiros ricos neste mundo? Os que so "ricos na

    f" e "herdeiros do reino". As riquezas deste mundo, pela qual os

    homens to avidamente lutam pelas quais com freqncia trocam a

    felicidade presente e a vida eterna futura, so "moeda que no corre no

    Cu". Segundo a justa observao de certo escritor, "h muitos ricos

    pobres, e muitos pobres ricos."

    "A si mesmos se declaram judeus e no so." evidente que o termo "judeu" no aqui usado no sentido literal. Denota um carter que

    foi aprovado pelas normas evanglicas. A linguagem de Paulo esclarece

    este ponto. Diz ele: "Porque no judeu o que o exteriormente, nem

    circunciso a que o exteriormente na carne. Mas judeu o que o no

    interior, e circunciso a que do corao, no esprito, no na letra: cujo

    louvor no provm dos homens, mas de Deus." (Rom. 2:28, 29) E,

    noutro lugar, diz: "Porque nem todos os que so de Israel, so israelitas;

    nem por serem descendncia de Abrao so todos filhos." (Rom. 9:6, 7)

    Em Glatas 3:28, 29 Paulo diz-nos ainda que em Cristo no h distino

    exterior entre judeu e grego, mas se somos de Cristo, ento somos

    descendncia de Abrao (no verdadeiro sentido) e herdeiros segundo a

    promessa. Dizer, como alguns, que o termo "judeu" nunca aplicado a

    cristos, contradizer todas estas declaraes inspiradas de Paulo e o

    testemunho da Testemunha fiel e verdadeira igreja de Esmirna. Alguns

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 33

    hipocritamente pretendiam ser judeus neste sentido cristo, quando nada

    possuam no respectivo carter. Esses tais eram da sinagoga de Satans.

    Tribulao de dez dias. Como esta mensagem proftica, o tempo mencionado nela deve tambm ser considerado como proftico.

    Em vista de que um dia proftico representa um ano literal, os dez dias

    representam dez anos. E um fato notvel que a ltima e mais sangrenta

    das perseguies durou justamente dez anos, de 303 a 313.

    Seria difcil aplicar esta linguagem se no se considerar que estas

    mensagens como profticas, porque nesse caso apenas podiam ser

    significados dez dias literais. No provvel que uma perseguio de

    dez dias, sofrida por uma nica igreja, constitusse assunto de profecia; e

    nenhuma referncia de um caso de to restrita perseguio se pode

    encontrar. Por outro lado, aplicada esta perseguio a alguma das

    notveis perseguies daquele perodo, como se pode dizer que se refere

    a uma igreja apenas? Todas as igrejas sofreram essas perseguies.

    Portanto, no seria apropriado destacar um s grupo, com excluso dos

    restantes, como o nica envolvida em tal calamidade.

    A admoestao. "S fiel at a morte." Alguns pretendem fazer desta expresso um argumento em favor da recepo da imortalidade no

    momento da morte. um argumento sem peso, pois no se afirma aqui

    que a coroa da vida seja concedida imediatamente depois da morte. Por

    isso, devemos estudar outras passagens da Escritura para saber quando

    ser dada a coroa da vida; e essas passagens nos do plena informao.

    Paulo declara que esta coroa h de ser dada no dia do aparecimento de

    Cristo (2 Tim. 4:8), ao soar da ltima trombeta (1 Cor. 15:51-54),

    quando o Senhor descer do Cu (1 Tess. 4:16, 17); quando aparecer o

    Sumo Pastor (1 Ped. 5:4). Cristo diz que ser na ressurreio dos justos

    (Luc. 14:14), quando Ele voltar, a fim de levar os Seus para a morada

    que lhes foi preparar, para que estejam com Ele para sempre (Joo 14:3).

    "S fiel at a morte" e depois de ter sido assim fiel, quando chegar o

    tempo de serem recompensados os santos de Deus, recebers a coroa da

    vida.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 34

    A promessa ao vencedor. "De nenhum modo sofrer dano da segunda morte." No a linguagem usada aqui por Cristo um comentrio

    do que Ele ensinou aos Seus discpulos, quando disse: "No temais os

    que matam o corpo e no podem matar a alma; temei antes Aquele que

    pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mat. 10:28)?

    Os membros da igreja de Esmirna podiam ser mortos aqui, mas a vida

    futura, que se lhes daria, nenhum homem lhe poderia tirar, nem Deus o

    permitiria. Assim no deviam temer os que podiam matar o corpo, nem

    temer coisa alguma das que haveriam de sofrer, pois a sua existncia

    eterna estava assegurada.

    Significado e poca da igreja. Esmirna significa "mirra", denominao apropriada para a igreja de Deus ao passar pela fornalha da

    perseguio, e era para Ele como um "perfume suave". Mas logo

    chegamos aos tempos de Constantino, em que a igreja apresenta nova

    fase, sendo aplicados sua histria nome e mensagem muito diferentes.

    Segundo a aplicao anterior, os limites da igreja de Esmirna

    seriam os anos 100-323.

    Versculos 12-17. Ao anjo da igreja em Prgamo escreve: Estas coisas diz

    aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Conheo o lugar em que habitas, onde est o trono de Satans, e que conservas o meu nome e no negaste a minha f, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vs, onde Satans habita. Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens a os que sustentam a doutrina de Balao, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos dolos e praticarem a prostituio. Outrossim, tambm tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolatas. Portanto, arrepende-te; e, se no, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do man escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ningum conhece, exceto aquele que o recebe.

    A igreja de Prgamo. Contra a igreja anterior no pronunciada nenhuma palavra de condenao. A perseguio tende sempre a

    conservar a igreja pura e incita seus membros piedade. Mas chegamos

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 35

    agora um perodo em que comeam a operar influncias atravs das

    quais se foram introduzindo erros e males na igreja.

    A palavra "Prgamo" significa "altura, elevao". Foi um perodo

    em que os verdadeiros servos de Deus tiveram de lutar contra um

    esprito de poltica, orgulho e popularidade mundanos entre os professos

    seguidores de Cristo e contra as virulentas operaes do mistrio da

    iniqidade, que finalmente resultaram no completo desenvolvimento do

    homem do pecado (2 Tess. 2:3).

    O elogio. "Onde est o trono de Satans." Cristo reconhece a situao desfavorvel do Seu povo durante este perodo. A linguagem

    no se refere a qualquer localidade. Satans opera onde quer que habitem

    cristos. Mas certamente h momentos em que opera com especial

    poder, e o perodo abrangido pela igreja de Prgamo foi um deles.

    Durante esse perodo a doutrina de Cristo corrompia-se, o mistrio da

    iniqidade operava e Satans comeava a lanar o prprio fundamento

    desse estupendo sistema de iniqidade: o papado. Da o desvio predito

    por Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3.

    interessante notar que a cidade de Prgamo veio a ser a sede do

    antigo culto babilnico do sol. "Os magos caldeus tiveram um longo perodo de prosperidade em

    Babilnia. Um pontfice designado pelo soberano presidia um colgio de 72 hierofantes. . . . [depois da ocupao medo-persa] os caldeus derrotados fugiram para a sia Menor, e estabeleceram seus colgio central em Prgamo, onde tinham levado consigo o Paladio de Babilnia, ou pedra cbica. Ali, livres do controle do Estado, perpetuaram os ritos de sua religio, e intrigando com os gregos, maquinaram contra a paz do Imprio Persa."7

    Antipas H bons motivos para crer que este nome se refira a uma classe de pessoas e no a um indivduo, porque hoje no se conhece

    qualquer informao autntica a respeito de tal personagem. A este

    propsito diz Guilherme Miller:

    7 Guilherme B. Barker, Lares and Penates, pgs. 232, 233.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 36

    "Supe-se que Antipas no tenha sido um indivduo, mas uma

    classe de homens que naquele tempo se opunham ao poder dos bispos,

    ou papas, sendo uma combinao de duas palavras: Anti, contra, oposto,

    e papas, pai, ou papa. Muitos deles naquele tempo sofreram o martrio

    em Constantinopla e Roma, onde bispos e papas comeavam a exercer o

    poder que logo reduziria sujeio os reis da Terra e pisotearia os

    direitos da igreja de Cristo. E, da minha parte, no vejo motivo para

    rejeitar esta explicao da palavra Antipas no texto, pois que a histria daqueles tempos absolutamente omissa acerca de um indivduo, como

    o nomeado aqui."8

    O Dicionrio Bblico de Watson diz: "A antiga histria eclesistica

    no apresenta informao alguma deste Antipas."9 O Dr. Clarke

    menciona a existncia de uma obra, intitulada "Atos de Antipas", mas

    d-nos a entender que o seu ttulo no merece crdito.10

    A causa da censura. Uma situao desvantajosa no desculpa para a igreja cometer erros. Embora essa igreja vivesse num tempo em

    que Satans elaborava poderosas sedues, era dever dos membros

    conservarem-se livres do fermento das suas ms doutrinas. Assim, foram

    censurados por albergarem no seu meio os que seguiam a doutrina de

    Balao e os nicolatas. (Ver os comentrios sobre os nicolatas no v. 6).

    Revela-se aqui em que consistia a doutrina de Balao. Ele ensinou

    Balaque a lanar tropeos diante dos filhos de Israel. (Ver o relato

    completo de sua obra e seus resultados em Nm. 22:25 e 31:13-16).

    Parece que Balao queria amaldioar Israel para obter a rica recompensa

    que Balaque lhe oferecera. Mas, no lhe sendo permitido pelo Senhor

    amaldio-lo, resolveu realizar essencialmente o mesmo, embora de

    modo diferente. Aconselhou Balaque a seduzir os israelitas, por meio das

    mulheres de Moabe, a participarem na celebrao dos ritos da idolatria, e

    em todas as licenciosidades que os acompanhavam. O plano teve xito.

    8 William Miller, Evidence from Scripture and History of the Second Coming of Christ, pp. 135, 136. 9 Richard Watson, A Biblical and Theological Dictionary, pg. 69, art. Antipas. 10 Adam Clarke, Commentary on the New Testament, vol. 2, pg. 978, nota sobre Apoc. 2:13.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 37

    As abominaes da idolatria espalharam-se pelo acampamento de Israel,

    caiu sobre eles a maldio de Deus, e morreram 24.000 pessoas.

    As doutrinas censuradas na igreja de Prgamo eram, sem dvida,

    semelhantes em suas tendncias, pois levavam idolatria espiritual e a

    uma relao ilcita entre a igreja e o mundo. Este esprito produziu

    finalmente a unio entre os poderes civil e eclesistico, que culminou na

    formao do papado.

    A admoestao. Cristo declarou que se os membros da igreja de Prgamo no se arrependessem, Ele prprio tomaria o caso em Suas

    mos e viria contra eles (em juzo) e batalharia contra eles (os que

    defendiam essas ms doutrinas); e toda a igreja seria feita responsvel

    pelos males praticados por esses hereges tolerados no seu meio.

    A promessa ao vencedor. Ao que vencer prometido que h de comer do man escondido, e, como sinal de aprovao, h de receber do

    seu Senhor uma pedra branca, com um novo e precioso nome gravado

    nela. A maior parte dos comentadores aplicam o man, a pedra branca e

    o novo nome a bnos espirituais a desfrutar j nesta vida. Mas como

    todas as outras promessas feitas ao vencedor, tambm esta se refere sem

    dvida ao futuro, e ser dada quando chegar o tempo de os santos serem

    recompensados. As seguintes palavras de so as mais satisfatrias.

    "Os comentadores supem geralmente que isto se refere a um

    antigo costume judicial de lanar uma pedra negra numa urna quando se

    pretendia condenar, e uma pedra branca quando se indultava o preso.

    Mas este um ato to distinto do "dar-lhe-ei uma pedra branca", que

    estamos dispostos a concordar com os que pensam que se refere antes a

    um costume muito diferente, e no desconhecido do leitor dos clssicos,

    que concorda de modo belo com o caso que temos diante de ns. Nos

    tempos primitivos, quando as viagens eram difceis por falta de lugares

    de alojamento pblico, os particulares exerciam em larga escala a

    hospitalidade. Encontramos freqentes vestgios em toda a Histria, e em

    particular na do Antigo Testamento. As pessoas que se beneficiavam

    desta hospitalidade, e as que a praticavam, freqentemente contraam

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 38

    relaes de profunda amizade e considerao mtua; e tornou-se

    costume arraigado entre os gregos e os romanos dar ao hspede algum

    sinal particular, que passava de pais a filhos e garantia hospitalidade e

    bom tratamento sempre que era apresentado. Este sinal era geralmente

    uma pequena pedra ou seixo, cortado ao meio, em cujas metades tanto o

    hospedeiro como o hspede inscreviam os seus nomes, trocando-as

    depois entre si. A apresentao desta pedra era o suficiente para

    assegurar a amizade para si e para os descendentes sempre que de novo

    viajassem na mesma direo. evidente que estas pedras deviam ser

    bem guardadas, e os nomes escritos nelas cuidadosamente ocultos, para

    que outros no obtivessem os privilgios em vez de as pessoas a quem

    eram destinadas.

    "Quo natural, pois, a aluso a este costume nas palavras do texto:

    'Darei a comer do man escondido!', e depois disso, tendo-o feito

    participante da Minha hospitalidade, tendo-o como Meu hspede e

    amigo, lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ningum conhece, exceto aquele que o recebe. Dar-lhe-ei um penhor da Minha amizade, sagrada e inviolvel, conhecido s

    por ele."11

    Sobre o novo nome diz Wesley muito a propsito: "Jac, depois da

    sua vitria, ganhou o nome de Israel. Queres tu saber qual ser o teu

    novo nome? simples, vence. At ento toda a tua curiosidade v.

    Depois o lers escrito na pedra branca."12

    Versculos 18-29 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o

    Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os ps semelhantes ao bronze polido: Conheo as tuas obras, o teu amor, a tua f, o teu servio, a tua perseverana e as tuas ltimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porm, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, no somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituio e a comerem coisas sacrificadas aos dolos. Dei-lhe tempo para que se

    11 Henry Blunt, A Practical Exposition of the Epistles to the Seven Church of Asia, pgs. 116-119. 12 John Wesley, Explanatory Notes Upon the New Testament, pg. 689, comment on Revelation 2:17.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 39 arrependesse; ela, todavia, no quer arrepender-se da sua prostituio. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulao os que com ela adulteram, caso no se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecero que eu sou aquele que sonda mentes e coraes, e vos darei a cada um segundo as vossas obras. Digo, todavia, a vs outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos no tm essa doutrina e que no conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satans: Outra carga no jogarei sobre vs; to-somente conservai o que tendes, at que eu venha. Ao vencedor, que guardar at ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as naes, e com cetro de ferro as reger e as reduzir a pedaos como se fossem objetos de barro; assim como tambm eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manh. Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas.

    Se o perodo abrangido pela igreja de Prgamo foi corretamente

    localizado, terminou com o estabelecimento do papado, em 538. A

    diviso mais natural que se pode conferir para a igreja de Tiatira seria a

    durao da supremacia papal, ou seja, os 1.260 anos que transcorrem

    desde 538 a 1798.

    A igreja de Tiatira. Tiatira significa "perfume suave de labor" ou "sacrifcio de contrio". Este nome descreve bem o estado da igreja de

    Jesus Cristo durante o longo perodo de triunfo e perseguio papal. Este

    tempo que foi de terrvel tribulao sobre a igreja, como nunca houve

    (Mat. 24:21) melhorou a condio religiosa dos crentes. Da o receberem

    por suas obras, caridade, servio, f e pacincia, o elogio dAquele cujos

    olhos so como chama de fogo. As obras so de novo mencionadas como

    dignas de duplo elogio, visto que as ltimas so melhores do que as

    primeiras. A condio dos membros melhorou, cresceram na graa e em

    todos estes elementos do cristianismo. Este progresso, nessas condies,

    foi elogiado pelo Senhor.

    Esta igreja a nica elogiada por progresso em coisas espirituais.

    Mas assim como na igreja de Prgamo as circunstncias desfavorveis

    no eram desculpa para falsas doutrinas na igreja, nesta, a quantidade de

    trabalho, caridade, servio, f ou pacincia no pode compensar igual

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 40

    pecado. -lhes apresentado, pois, uma censura por tolerarem no seu meio

    um agente de Satans.

    O motivo da censura. "Essa mulher, Jezabel". Como na igreja precedente Antipas no significava um indivduo, mas uma classe de

    pessoas, "Jezabel" aqui apresentada no mesmo sentido. Watson afirma:

    "O nome de Jezabel usado proverbialmente. Apoc. 2:20)."13

    E Miller

    diz o seguinte:

    "Jezabel um nome figurado, alusivo mulher de Acabe, que

    matou os profetas de Jeov, levou seu marido idolatria e alimentou os

    profetas de Baal sua prpria mesa. No se podia usar uma figura mais

    flagrante para representar as abominaes papais (Ver 1 Reis 18, 19, 21).

    V-se, pela histria, bem como por este versculo, que a Igreja de Cristo

    tolerava que alguns dos monges papais pregassem e ensinassem no meio

    dela."14

    Certo comentarista apresenta a seguinte nota sobre o versculo 23:

    "Fala-se de filhos, o que confirma a idia de que se tem em vista uma

    seita e os seus proslitos."15

    Os castigos com que se ameaa esta mulher esto em harmonia com

    as ameaas em outras partes deste livro contra a Igreja Romana, sob o

    smbolo de uma mulher corrupta, a me das prostituies e abominaes

    da Terra (Ver Apoc. 17-19). A morte com a qual ele ameaada, sem

    dvida, a segunda morte, no fim do milnio de Apocalipse 20, quando

    se der a justa retribuio por Aquele que sonda os "rins e os coraes" de

    todos os homens. E, alm disso, notemos a declarao: "E vos darei a

    cada um segundo as vossas obras" uma prova de que a carta a esta

    igreja refere-se profeticamente recompensa ou castigo final de todos os

    seus responsveis.

    "E todas as igrejas conhecero". Tem-se argumentado que esta expresso demonstra que estas igrejas no podem significar sete perodos

    13 Richard Watson, A Biblical and Theological Dictionary, pg. 535. 14 William Miller, Evidence From Scripture and History of the Second Coming of Christ, pg. 139. 15 William Jenks, Comprehensive Commentary, vol. 5, pg. 674, Note on Revelation 2:23.

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 41

    sucessivos da dispensao evanglica, mas deviam existir ao mesmo

    tempo, ou do contrrio todas as igrejas no poderiam saber que Cristo

    era o perscrutador dos rins e coraes, ao verem os seus juzos sobre

    Jezabel e seus filhos. Mas quando que todas as igrejas ho de saber

    isto? Quando esses filhos forem castigados com a morte. E se isso h de

    suceder na altura em que a segunda morte infligida a todos os mpios,

    ento, de fato, "todas as igrejas", ao presenciarem a execuo do castigo,

    conhecero que no h nada secreto, no h mau pensamento ou desejo

    do corao, que se tenha furtado ao conhecimento dAquele que, com

    olhos como chamas de fogo, sonda os coraes e rins dos homens.

    "Outra carga no jogarei sobre vs." Cremos que aqui prometido igreja alvio da carga, a saber, que durante tanto tempo

    suportou o peso da opresso papal. No pode aplicar-se recepo de

    novas verdades, porque a verdade no uma carga para nenhum ser

    responsvel. Mas os dias de tribulao que haviam de vir sobre a igreja

    seriam abreviados por causa dos escolhidos (Mat. 24:22). "Sero

    ajudados", diz o profeta, "com um pequeno socorro. " (Dan. 11:34). "E a

    terra ajudou a mulher", diz Joo (Apoc. 12:16).

    A admoestao. "Conservai o que tendes, at que eu venha." Estas palavras do Filho de Deus apresentam-nos uma vinda incondicional. As

    igrejas de feso e Prgamo eram ameaadas com esta vinda sob

    condies: "Arrepende-te, pois, quando no, em breve virei a ti." Esta

    vinda implicava um castigo. Mas aqui se apresenta uma vinda de carter

    diferente. No uma ameaa de castigo. No depende de condio.

    proposta ao crente como uma esperana, e no se pode referir a outro

    acontecimento seno futura segunda vinda do Senhor em glria, em

    que cessaro as provaes do cristo. Ento seus esforos na carreira da

    vida e sua luta pela coroa de justia sero recompensados com sucesso

    eterno.

    Esta igreja leva-nos ao tempo em que comeam a cumprir-se os

    mais imediatos sinais da Sua vinda iminente. Em 1780, dezoito anos

    antes do fim deste perodo, realizaram-se os sinais preditos no Sol e na

  • Daniel e Apocalipse Vol. 2 APOCALIPSE 42

    Lua. (Ver os comentrios sobre Apoc. 6:12). E, referindo-Se a esses

    sinais, disse o Salvador: "Quando estas coisas comearem a acontecer,

    olhai para cima e levantai as vossas cabeas, porque a vossa redeno

    est prxima." (Luc. 21:28). Na histria desta igreja atingimos