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São Paulo | 2009

São Paulo | 2009...PREFÁCIO | RICK WARREN E ste livro inspirador foi escrito por um sobrevivente. Há oito anos, meu amigo Erwin McManus foi convidado a pastorear uma igreja que

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A minha esposa, Kim; meu filho, Aaron; minha filha, Mariah;minha filha no Senhor, Pati e seu marido, Steve.

Ao meu irmão, Alex; sua esposa, Adriana e seus filhos,Michael, Erica e Lucas.

À Mosaic.

É a jornada que compartilhamos e prezamos.É a aventura que encontramos em seu chamado.

Peregrinos, cada um de nós, diante desse cenário divino.Exploradores de mistérios perigosos.

D E D I C A T Ó R I A

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AGRADECIMENTOS 9

RICK WARREN 11

BRAD SMITH 13

ORIGENS 17

MOVIMENTO ZERO

ATROFIA 29

PRIMEIRO MOVIMENTO

TRAÇÃO POR ATRITO 47

MOMENTUM 73

MUDANÇA TEOLÓGICA 93

SEGUNDO MOVIMENTO

E-MOÇÃO 113

ARQUITETURA CULTURAL 131

TERCEIRO MOVIMENTO

O ARQUITETO CULTURAL 153

A TEORIA DO DESIGN ESPIRITUAL 169

AMBIENTES DA ALMA 191

EM MOVIMENTO

RE-FORMA 213

EPÍLOGO

UM PADRÃO RADICAL MÍNIMO 229

PREFÁCIOS

PRÓLOGO

CAPÍTULO ZERO

CAPÍTULO UM

CAPÍTULO DOIS

CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS

CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

S U M Á R I O

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A G R A D E C I M E N T O S

Meus erros são minhas dádivas às pessoas. Meus sucessos são as dádivas querecebo delas. Até mesmo os meus erros se transformam em doces lembran-ças por intermédio das dádivas da amizade e da comunidade. Gostaria de

agradecer a algumas das muitas pessoas que compartilharam a jornada comigo, tanto nosmomentos de fracasso e sofrimento quanto nos de sucesso e alegria.

Ninguém combina mais com essa descrição do que minha companheira de vida,Kim. Juntos, descobrimos a unidade que somente o amor de Cristo torna possível. Tam-bém gostaria de expressar minha gratidão por meu filho e minha filha, Aaron e Mariah,que me apoiaram nesse esforço; ambos me incentivaram e aguentaram a presença donovo bebê em nossa família, mais conhecido como “o livro”. A vida de vocês me inspiraa viver com visão e coragem!

O rei Davi tinha seu círculo mais íntimo, chamado “Os Três”, que lutava ao seu lado,e além dele havia trinta homens valorosos. Conheci gente assim. Gostaria de expressarminha mais profunda gratidão aos presbíteros e suas esposas, que permaneceram ao meulado mesmo quando enfrentamos as mais perigosas jornadas: Robert e Norma Martinez;Greg e Debbie SooHoo; Enrique e Felipa Vazquez; Rick e Susan Yamamoto; Paul e CyndiRichardson. Tenho por vocês o maior respeito, admiração e amor.

Sustento o título de pastor presidente, mas a realidade é que sirvo ao lado de umaequipe de liderança extraordinária. Eles não apenas fornecem o contexto de minhaliderança; graças à sua amizade, minha vida é imensamente mais feliz. A todos os queservem e serviram comigo na Mosaic, saibam o quanto sou grato pela sua contribuição.Uma palavra especial de agradecimento a Janice e Steve Sakuma; Dave e Tami Auda;Gerardo e Laura Marti; Alex e Adriana McManus; David e Carrie Arcos; Eric e DebbieBryant; Joel e Susan Catalan; Norm e Carolyn Sillman; Joyce Chao; Robbie e MissySortino; Shelly Martin; Jaime e Belinda Puente. Todos vocês deixaram suas pegadasnessa trilha. Obrigado por seguir à frente, abrindo uma trilha no meio da selva.

Durante anos, senti que tinha a responsabilidade de colocar no papel todas as coisasque guardava em meu coração e em minha mente. A cada esforço, eu me convencia maise mais de que tudo aquilo ficaria para sempre dentro de mim. Foi então que Deus enviouuma série de milagres. Seus nomes: Cindy Nakamura; Jennifer Cho, Shiho Inoue Johnson,seu marido, Colin Johnson, e Holly Rapp. Sem Colin e Holly, não haveria um livro.Sinto-me em débito com todos vocês. Obrigado por acreditar que eu tinha algo impor-tante a dizer.

Houve uma época em que a Mosaic era a Igreja de Brady. Substituí um pastor queentregara a própria vida à sua congregação. Foi sua combinação de inteligência e paixão

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que me atraiu, assim como minha família, à sua comunidade de fé. Quero expressar meuapreço pelos 25 anos de ministério que Tom Wolf e sua esposa, Linda, dedicaram aopovo de Deus aqui no leste de Los Angeles; e também ao seu companheiro de ministé-rio, Carol Davis.

Muita gente incrível enriqueceu de bênçãos a minha vida. Essas pessoas preenchemas páginas deste livro. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer pelotremendo impacto exercido por algumas dessas pessoas em minha vida. Agradeço aKarric e Barbara Price, Gene Kelsey, Gary Goodin, Bob Weatherly, Joe Moseley, DeloresKube, David e Sue Cobb, Roy Fish, Jerry e Fern Sutton, Greg Bourgond e Jim Henry.

Gostaria também de agradecer a Inez Armstrong, que parecia sempre saber quandoenviar a palavra certa de encorajamento para me manter avançando. E agradeço a vocêstodos da Life Community que vieram para L.A. comigo e com a Kim para mudar omundo. O cerne deste livro é a história de vocês. Vocês sabem quem são, e as nossasvidas estarão para sempre entrelaçadas.

E quero agradecer à pessoa que mais me ensinou a gostar do risco e da mudança, aadotar um espírito empreendedor e a viver como um explorador: obrigado, Alby Kiphuth,pela dádiva que você me ofereceu. Você é uma pessoa singular, mãe! Eu amo você!

Gostaria ainda de agradecer às pessoas da Group Publishing. Da maneira comovocês me trataram, cheguei a acreditar que fizesse parte da realeza. Obrigado, Thom eJoani, por me oferecer essa oportunidade de expor minhas reflexões àqueles que estãoenfrentando os mesmos desafios da Mosaic. Obrigado, Paul Allen, por ter sido um amigopara nós aqui em Los Angeles e por torcer tanto por nós. Gostaria de externar minhasmais profundas expressões de gratidão a Paul Woods, que não só se tornou meu editor,como também meu “Barnabé” e amigo. Trabalhar com pessoas de quem se gosta é umadádiva divina.

Por fim, quero expressar minha humildade diante da bondade de Deus para comigoe confessar que não sou digno de tanta generosidade. Obrigado, Senhor Jesus, por estarsempre disposto a derramar água viva nesses vasos tão imperfeitos. Oro para que osenhor se agrade com o resultado desta obra.

E àqueles que neste momento optam por participar comigo dessa jornada ao longodas páginas a seguir, sugiro que deixem todo o excesso de bagagem, pois a estrada quevamos tomar exige que sejamos ágeis.

Antecipando o Reino invisível

ERWIN RAPHAEL MCMANUS

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P R E F Á C I O | RICK WARREN

Este livro inspirador foi escrito por um sobrevivente. Há oito anos, meu amigoErwin McManus foi convidado a pastorear uma igreja que ostentava um grandehistórico na área metropolitana de Los Angeles. A Igreja de Brady era conhecida

pela criatividade de seu pastor, por sua diversidade e por seu coração missionário. Amaioria dos consultores teria recomendado a Erwin não aceitar a liderança da igreja portrês razões. Primeiro, ele substituiria um grande pastor veterano que servira por 25 anose criara uma cultura singular. Segundo, a igreja vivera seu auge durante uma década emeia, e estava em declínio havia alguns anos. Terceiro, a congregação ocupava trêsquartos de acre de um quarteirão.

A sabedoria convencional diria: “Você seria um tolo se tentasse mudar uma igrejacom um histórico tão vasto. Acabaria martirizado.” Fazer a transição dessa igreja paraum ministério diferente, mais adequado ao século 21, seria uma tarefa complicada edolorosa. Erwin, porém, manteve uma postura de fé e aceitou o desafio. Ele conduziua igreja nesse impressionante movimento de transição e renovação, que culminou namudança do nome da igreja para Mosaic (o qual, diga-se de passagem, é um dosnomes mais legais que se pode imaginar para uma igreja, em minha opinião). Ele nãoapenas sobreviveu a esse processo, como também cresceu e prosperou. Coisa rara dese ver.

Para aproveitar o melhor que este livro tem a oferecer, preste atenção especial àsmetáforas e às histórias. Se você deseja liderar pessoas, sejam elas modernas ou pós-modernas, cinquentonas, integrantes da chamada “geração X” ou da “geração Y”, preci-sa conhecer suas metáforas, usar as metáforas certas e mudar as metáforas, quandonecessário. Se você muda as metáforas, pode mudar o mundo! Foi o que Jesus fez. Ser um“arquiteto cultural” ou líder espiritual tem tudo a ver com isso.

Este livro oferece um modelo de como pode ser uma igreja pós-moderna, orientadapor propósitos. Toda igreja é chamada a cumprir cinco propósitos eternos que Jesusestabeleceu no Grande Mandamento e na Grande Comissão. Tais propósitos nuncamudam, mas os estilos e métodos que utilizamos para cumprir esses propósitos precisam

mudar de acordo com cada geração e objetivo. E a maneira de dizer isso faz diferença. AMosaic usa cinco elementos metafóricos para representar os cinco propósitos do NovoTestamento: o Evangelismo como o “Vento”, a Comunidade como a “Água”, o Serviçocomo a “Madeira”, a Adoração como o “Fogo” e o Discipulado como a “Terra”. Essasimagens são poéticas, muito profundas e combinam perfeitamente com o objetivo daigreja de alcançar artistas, criadores e todos os habitantes da região de Los Angeles quese sentem atraídos pela estética e pela imagística.

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Há 25 anos tenho ensinado aos pastores que “a igreja é um Corpo, não um negócio.É um organismo, e não uma organização! É uma família a ser amada, e não uma máqui-na a ser controlada nem uma empresa a ser gerenciada”. Pastorear é uma arte. Não temnada a ver com a vocação para ser um diretor executivo. Trata-se de serviço, de autenti-cidade, de assumir riscos pela fé. Neste livro você encontra várias histórias que ilustramessa verdade que resiste ao tempo.

Adoro o senso de humor de Erwin, que vive rindo de si mesmo. É um traço encanta-dor que encontro em todos os pastores que Deus usa de maneira grandiosa. Muitoslíderes cristãos se levam a sério demais, porém não fazem o mesmo no que diz respeitoa Deus. Humor e humildade são palavras que possuem as mesmas raízes.

Acima de tudo, amo este livro porque Erwin ama a igreja. Li muitos críticos interes-seiros da igreja que atacam homens sem valor, que usam os livros que escrevem paralevantar questões relacionadas a algum ressentimento pessoal não resolvido e nuncaoferecem uma contribuição útil para ajudar as igrejas a mudar e se tornar mais saudáveis.Erwin, como cabe a um autêntico líder, não perde tempo criticando ou atacando osoutros. Em vez disso, ele sonha e se concentra naquilo que a igreja pode ser. Este livronão reúne as teorias de um acadêmico, de um pesquisador ou de um crítico. Foi escritopor um pastor de verdade, que serve nas trincheiras verdadeiras de uma igreja local diaapós dia. Ele entende o que é um ministério.

Sendo assim, leia o livro e aprenda. Leia-o com a mente aberta. A partir do momentoque você achar que entendeu em que consiste o ministério, então terá chegado ao fim —tanto no ministério quanto na vida. Para crescer, as igrejas precisam de líderes quetambém tenham potencial de crescimento. Este livro ajudará você nessa jornada.

RICK WARRENPastor presidente da Igreja de Saddleback

Escritor, autor de Uma igreja com propósitos

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Todo mundo, de vez em quando, é obrigado a enfrentar um daqueles dias compli-cados em que não dá vontade nem de levantar da cama. São quarenta minutosalternando cochilos cheios de culpa com tapinhas no despertador a cada oito

minutos para garantir mais uma soneca. Ou então, sentado na cama, em transe, ouvindoa buzina e o ronco do motor dos carros que já estão nas ruas, levando pessoas para otrabalho. É aí que invade aquela sensação depois da segunda xícara de café ou de umahora de exercícios matinais: o dia ainda é o mesmo, mas a disposição mudou. Sentimo-nos vivos, ativos e bem acordados. Percebemos que teríamos muito a perder se nosrendêssemos à preguiça.

Uma força em movimento é a abertura repentina das cortinas que impedem a entrada daluz, revelando como todos nós temos apertado o botão “soneca” do despertador há déca-das. Este livro apresenta um tipo de fé diferente, uma nova consciência, um novo entusias-mo e uma nova compreensão de que a necessidade é muito maior do que achávamos. Emconversas que travo com centenas de líderes de igrejas todos os anos, tenho visto doismovimentos divinos que parecem ultrapassar todos os limites denominacionais, geográfi-cos e eclesiásticos. Uma força em movimento acerta bem no alvo em ambos.

Primeiro, vemos líderes de igrejas evoluindo para além do movimento de crescimen-to das igrejas dos anos 1980, o que gerou uma nova consciência em relação à cultura quenos cerca. Eles também seguem além do movimento pela saúde da igreja da década de1990, que criou uma nova ênfase sobre o discipulado como objetivo. O assunto cada vezmais frequente entre líderes eclesiásticos é a dispersão das igrejas. Trabalhamos duropara levar as pessoas para dentro da igreja e colocá-las em uma trilha que conduz àmaturidade espiritual; como fazer agora para que saiam do templo para servir no merca-do de trabalho, na comunidade e no mundo todo? O crescimento e a saúde da igrejarealmente não fazem sentido sem a dispersão; mesmo assim, essa também pode ser atarefa mais difícil. Gostamos do conforto. Gostamos da segurança. Mudar a igreja paraque deixe de ser um lugar dedicado à satisfação dos consumidores e se transforme emum celeiro de servos é uma tarefa capaz de intimidar muita gente. Uma força em movi-

mento encara esse desafio frente a frente.Segundo, o papel dos líderes das igrejas é o de promover as mudanças. Nas últimas

duas décadas, os pastores têm sido orientados a ser bons pregadores... quer dizer, naverdade, estamos falando de mestres... ou melhor, para sermos mais precisos, devem serbons líderes... bem, o que estamos mesmo tentando dizer é que o perfil desses homensprecisa ser o mesmo dos executivos visionários das empresas... espere um pouco, não ébem isso... talvez a melhor definição seja a seguinte: desenvolvedores de sistemas e

P R E F Á C I O | BRAD SMITH

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capacitadores. Agora podemos ver que os líderes de igreja precisam ser diretores espirituais:promotores da cultura e artífices da alma da igreja. Com grande sabedoria, Uma força em

movimento ajuda a formar essa cultura interna — ou éthos — da igreja sem sucumbir àtendência de se tornar um modismo. E esta obra também mostra como esse processoocorre. Trata-se de um livro de sabedoria perene, explicada a partir de uma perspectivaatual que emana autenticidade e realidade.

Erwin McManus é uma pessoa dotada de qualificação singular para escrever estelivro. Eu o conheci quando pastoreávamos igrejas a pouco mais de um quilômetro emeio de distância nas imediações da cidade de Dallas. Há muitos anos ele tem sido umamigo e mentor digno de confiança, revelando novas maneiras de compreender Deus, aigreja e a maturidade espiritual. Atualmente, McManus é pastor de uma comunidadevibrante do leste de Los Angeles que segue uma jornada autêntica rumo à plenitude. AMosaic é, com certeza, uma igreja fora do comum. É multicultural, multiétnica,multigeográfica, e passa por um processo muito rápido de transição. É coisa rara e divinaver tantos princípios dos quais outras igrejas se limitam a falar se transformando emrealidade dentro de uma comunidade. É evidente que Erwin cuida bem dessa preciosida-de. Não se trata do simples resultado do cumprimento de cinco etapas; ninguém inven-tou isso. E como Erwin é um grande líder, ele sabe que não é dele o crédito pelamanutenção do rumo desse processo.

Uma força em movimento não é um manual do tipo “faça fácil”, e sim um diário sobreo que Deus está fazendo em uma congregação impressionante, explicado de tal formaque possa ser aplicado (e não imitado) na igreja de cada leitor. É provável que a melhormaneira de ler este livro seja na companhia de uma equipe de líderes. Ele estimula odiálogo desafiador. Ele não procura tornar mecânico um objetivo que só pode ser coloca-do em execução de uma maneira orgânica e espiritual.

Na Leadership Network, dedicamos nossos dias à busca de igrejas inovadoras e divi-namente capacitadas. A Mosaic é uma comunidade pioneira. Já mandamos muitos líde-res de igrejas à Mosaic para verem ali o futuro em primeira mão. Este livro é mais baratoque uma passagem de avião e, talvez, um bom estímulo para visitar a Mosaic, mesmodepois de lê-lo. Melhor ainda, ele me convenceu (e espero que faça o mesmo com você)de que temos perseguido um cristianismo capenga, ineficiente. Como a luz de Deusbrilha em todo lugar — inclusive sobre a minha vida cristã tão confortável —, corremos orisco de nos sentirmos tentados à acomodação e a um cristianismo complacente. Sougrato pelo fato de Erwin ter aberto as cortinas de maneira tão ampla a possibilitar queDeus use este livro para me sacudir por dentro, despertando em mim uma nova consciênciaa respeito dos projetos e propósitos dele para mim e para sua igreja.

BRAD SMITHPresidente da Leadership Network

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TEXTO ANTIGO

O vasto oceano do desconhecido só pode ser

navegado com a bússola de um antigo texto.

CONTEXTO PRESENTE

Os mapas que orientarão sua jornada refletem

um nobre passado pronto para descortinar os

mistérios do contexto presente.

TRAMAS DO FUTURO

A jornada na qual você embarcou não é em

busca do mundo que já conhece, mas dos

mistérios contidos nas tramas do futuro.

AS ORIGENS

REVELAM O FUTURO

A PARTIR DO COMEÇO

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É o começo de um movimento.Um desafio à tradição.

Tão sagrado quanto sacrílego.

Sem títulos ou privilégios.

Revolucionário.

Saindo da obscuridade para entrar na História.

É o começo de um movimento.Contra todas as expectativas.

Unindo reverência e relevância.

Nada pode deter.

Questionando tudo e se reportando apenas a Deus.

PARA EXPLORARprecisamos primeiro escavar.

PARA DESCOBRIRprecisamos primeiro resgatar.

PARA REESTRUTURARprecisamos primeiro refletir.

PARA IMAGINARprecisamos primeiro analisar.

PARA SEGUIR EM FRENTEprecisamos primeiro dar um passo para trás.

AS ORIGENS

REVELAM O FUTURO

A PARTIR DO COMEÇO

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Em 1926, Fritz Lang fez um filme mais profundo do que propriamente popu-lar. Naquela produção ácida em preto-e-branco, quando o cinema ainda nãocontava com o som, ele traçou um painel do futuro do ser humano em

relação à tecnologia. O filme se chama Metrópolis. É um alerta: o homem dependetanto da tecnologia que, um dia, pode se tornar escravo dela. Lang foi uma dasprimeiras vozes a se pronunciar contra nossa rendição incondicional aos caprichosdo mundo moderno. Suas profecias se cumpriram à medida que as pessoas troca-ram a vida comunitária pela eficiência e descobriram não ser nada além de máqui-nas. A imagem que mostra é a de uma sociedade eficiente, porém estéril, onde nãoexiste emoção, compaixão ou amor.

Mais recentemente, novos alertas sobre esse perigo foram lançados por meio deimagens como as do filme Matrix, no qual as máquinas nos levam a um estadoinconsciente de ilusão e as pessoas abrem mão da realidade em nome da sensação deconforto e diversão. Outra imagem semelhante é da raça Borg, da série de TV ecinema Jornada nas estrelas. Trata-se de uma integração fria entre o homem e amáquina na qual o valor do indivíduo e a preservação da singularidade dos sereshumanos se perdem em meio ao conformismo comum.

Não é o caso de se dizer que a tecnologia só produz coisas inúteis. Suas contri-buições permitem que trabalhemos mais rápido e melhor. Conveniências antesinimagináveis se transformam em expectativas palpáveis. Dos telefones celulares àbanda larga, temos o mundo todo ao alcance dos dedos. Em certo sentido, atecnologia organiza a bagunça de nossa vida, ainda que, vez por outra, ofereça-nostanta conveniência que esquecemos de parar para fazer a pergunta: “Será que organi-zação é o melhor para todos em todo tipo de situação?”

ORIGENSP R Ó L O G O

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O CONSUMIDOR PERFEITOAdotamos as conveniências das linhas de montagem, da cultura da eficiência e

das coisas padronizadas. Com isso, passamos a menosprezar tudo quanto é caótico,imprevisível e desorganizado. Todos nós estamos muito mais ansiosos por adquiriras coisas com rapidez e facilidade do que por conquistá-las a partir do esforço pró-prio. É por isso que o planeta inteiro está marcado por logotipos de cadeias de fast

food, símbolos de nossa disposição de abrir mão da singularidade que nos é caracte-rística e trocá-la pela mesmice.

Não estou, com isso, dizendo que as pessoas não gostam da diversidade, dasmúltiplas opções e escolhas. Todos gostamos, é claro. Queremos dispor de váriasopções de cores, de tamanho e de estilo. Apenas desejamos tudo isso de um modoque nos seja mais conveniente, complicando minimamente a vida. Queremos tudobem de acordo com nosso gosto pessoal; ao mesmo tempo, desejamos que essascoisas estejam à nossa disposição sem que tenhamos de fazer esforço algum paraconsegui-las.

COMPROMETIDO COM UMA INSTITUIÇÃOA igreja contemporânea optou por seguir o mesmo rumo. Escolhemos o padrão

em detrimento da singularidade; o previsível em vez do surpreendente. Sem nosdarmos conta disso, e para nossa tristeza, escolhemos o conforto e a conveniênciaao invés do serviço e do sacrifício. Em última análise, optamos pela organizaçãoacima da própria vida, e talvez seja esse o dilema fundamental que estejamos enfren-tando: que a igreja é vista, no máximo, como uma organização saudável.

A igreja é considerada como um equivalente religioso da IBM ou da Microsoft.Quando ela não funciona bem, então as soluções são procuradas entre as melhorespráticas executivas disponíveis no mercado. O pastor se transforma em diretor exe-cutivo, e o sucesso da igreja reside em sua capacidade de trocar o estilo de negóciofamiliar por uma estrutura de conglomerado. Os manuais de gestão passam a ser ostextos que orientam a administração da igreja, e não o padrão apostólico.

O problema é que tratamos a igreja como uma organização, e não como um orga-nismo. Até mesmo uma leitura básica do Novo Testamento deixa claro que a igreja éo corpo de Cristo. Em sua essência, ela é um sistema vivo. Toda vez que olhamos paraa igreja como uma organização, começamos a criar uma instituição. Em contrapartida,ao nos referirmos a ela como um organismo, começamos a despertar um éthos apostó-lico que libera a ação divina. O poder e a vida do Espírito de Deus operando nessaspessoas resultam em nada menos do que transformação cultural.

TORNANDO-SE UM AMBIENTALISTA ESPIRITUALNeste livro, usaremos muitas metáforas diferentes para descrever a liderança pas-

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toral, sendo a primeira delas a do pastor como ambientalista espiritual. Ele tem aincumbência singular de levar o povo de Deus a se tornar aquilo que realmente é.Para que uma espécie sobreviva e se reproduza em determinado ecossistema, sãonecessárias pelo menos cinco características básicas: 1) um ecossistema equilibrado;2) adaptação ao ambiente; 3) reprodução espontânea; 4) instinto de preservação; e5) um ciclo vital harmônico. Esses mesmos princípios podem ser aplicados ao nas-cimento, ao crescimento e à multiplicação de igrejas em todo o mundo. Oambientalista espiritual centraliza a igreja a partir dessas cinco arenas.

UM ECOSSISTEMA EQUILIBRADOQuando Deus cria algo, ele o faz levando em conta a integridade das relações

entre as coisas. Tudo está ligado e se combina. Isso é verdadeiro não apenas no reinofísico, mas também, e ainda mais, no espiritual. A Bíblia nos conta que, quando ohomem pecou, toda a criação gemeu.

Aqueles que estudam a ciência nos dizem que o movimento das asas de umaborboleta na América do Sul poderia, em certo sentido, ser a causa primária de umaavalanche na Antártida. Esse nível de complexidade mexe conosco, pois surge comoalgo novo e diferente; no entanto, as Escrituras já falavam sobre esse tipo deinterconexão há milhares de anos. A ideia de que o pecado de um homem e umamulher poderia causar uma ruptura em todo o cosmo é uma descrição extraordiná-ria da conexão orgânica que existe entre todas as coisas na natureza.

Colher o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal foi a causa primeirada fome que se espalha pelos desertos, dos tsunamis que engolem aldeias, dos terre-motos que sacodem a terra e da força imprevisível e violenta da natureza. De acordocom as Escrituras, há uma conexão entre todas as coisas, e toda ação produz algumtipo de efeito sobre o todo.

Da mesma forma, a igreja faz parte do todo; ela é influenciada pelo mundo quea cerca, assim como é chamada a influenciá-lo. A igreja não costuma perceber quefaz parte de um ecossistema social e espiritual bem maior, e que o seu papel é o deser a própria fibra que produz a saúde desse sistema ecológico. É por essa razão queum ecossistema equilibrado é de importância fundamental no projeto de Gênesis.E assim como o equilíbrio do ecossistema é crítico para todos os seres viventes, aigreja só pode vicejar dentro do contexto de relacionamentos saudáveis.

Estamos acostumados a falar a respeito da grande comissão, mas é Jesus quemusa o termo “grande” para se referir ao mandamento. Esse comissionamento emergedo grande mandamento: “‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, detoda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’.

O segundoé este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior doque estes” (Mc 12:30-31). O evangelho flui com mais facilidade quando se estabelece

P R Ó L OGO – O R I G E N S 19

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relacionamentos significativos, autênticos e saudáveis. Quando esses relacionamen-tos ficam estagnados e a comunidade de Cristo se fecha para o mundo que a cerca,o resultado é uma instituição, e não um movimento. Em um ecossistema equilibra-do, a igreja mantém um relacionamento peculiar com Deus e as pessoas mantêmum relacionamento peculiar umas com as outras e com o mundo descrente. Amedida de nossa saúde espiritual deve ser a nossa capacidade de servir no relaciona-mento com um mundo perdido e dilacerado. Jesus via a ordem de amar a Deussobre todas as coisas e a atitude de amor em relação aos marginalizados como coisasinseparáveis.

Recebemos um convite carinhoso e levamos mais de trinta líderes para participarda conferência da igreja de Willow Creek em Barrington, no Estado de Illinois.Durante o tempo que permanecemos lá, fomos mobilizados por muitas coisas quevimos e ouvimos. Apesar de achar tudo maravilhoso, o que mais me impressionoufoi o fato de que cristãos comuns estavam convidando seus amigos para comparti-lhar o evangelho. É bem simples, mas cultos de busca de comunhão não funcionamquando não há pessoas em busca de comunhão dentro do culto. Fui mobilizadopela mesma mensagem quando estive na igreja de Saddleback em Lake Forest, naCalifórnia. Ali estava uma comunidade de fé que continua colocando as pessoas emprimeiro lugar. A comunidade de fé em Saddleback está organicamente ligada àcomunidade de Lake Forest e além. A vida da igreja não pode ser separada da vidado mundo à sua volta. Há um ecossistema equilibrado com Deus, com as pessoas ecom o mundo em que elas vivem.

ADAPTAÇÃO AO AMBIENTEO segundo ambiente está relacionado a um fator externo, e esse fator é a mudan-

ça. Todo sistema vivo que frutifica e se multiplica precisa se adaptar ao ambiente emque foi estabelecido. As espécies que prosperam são as espécies que se adaptam.Aquelas que não se adaptam à mudança não sobrevivem porque a mudança é umarealidade permanente. Essa é a diferença entre macroevolução e microevolução. Nãose trata da descrição da transformação de uma espécie em outra, pois Deus clara-mente criou cada uma delas segundo sua natureza; estamos falando do aprimora-mento da própria espécie.

Não precisamos ser mais do que seres humanos para entender a capacidade únicaque temos de adaptação e mudança. Imagine uma competição entre os atletas olím-picos do fim do século 19 e os medalhistas das últimas Olimpíadas. Até mesmo osgrandes heróis do passado, como Jesse Owens, fracassariam se tentassem disputarprovas com os atletas de primeira linha da atualidade. No basquete, vemos jogado-res de grande estatura abrindo passagem para outros atletas igualmente altos. Vemosjovens de 14 anos ganhando medalhas de ouro em ginástica, realizando feitos consi-

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derados impossíveis há apenas vinte anos. Assistimos a jogadores de futebol cada vezmaiores e mais rápidos. Na única área em que deveríamos ter o menor controle — onosso desenvolvimento físico —, temos visto avanços extraordinários.

O que costuma ser considerado aprimoramento nada mais é, na verdade, queadaptação — mude ou morra. O mesmo vale para a igreja local. Se aceitarmos apremissa de que a igreja é um organismo, então compreenderemos que ela tem acapacidade de se adaptar ao ambiente. Um dos fatores que compõem o projeto daigreja é sua capacidade de promover mudanças positivas e, ao mesmo tempo, man-ter sua essência fundamental.

Ao longo dos últimos quarenta anos, as comunidades em volta de várias igrejasmudaram de um modo radical, ainda que as igrejas tenham permanecido as mes-mas. Em algum momento do processo de transformação da comunidade, a igreja sedesconectou. E como a transição começou de maneira intensa, a congregação localestava despreparada e desatenta. A igreja precisa se adaptar a um mundo que está setransformando; caso contrário, estará se condenando à irrelevância ou mesmo àextinção.

O que isso significa para o pastor, na condição de ambientalista espiritual? Signi-fica que ele precisa entender as mudanças no ambiente em que sua igreja foi chama-da para servir. Uma dessas mudanças radicais em nosso ambiente é a transição daspalavras às imagens. Orientar a igreja de tal forma que ela se torne uma comunidadeinteiramente orientada pelo texto impresso é uma sentença de morte. As pessoassimplesmente não leem; elas se limitam a observar. Nossa cultura se baseia na expe-riência do telespectador. Além do surgimento de uma sociedade pós-literária, temosuma cultura baseada no entretenimento.

Precisamos nos adaptar para que sejamos capazes de capturar imagens que comu-niquem a verdade, e de sair da imobilidade para o uso de sistemas de comunicaçãodinâmicos. Nossa cultura não é apenas multissensorial; ela também possui váriascamadas. Recebemos informações por meio de nossos sentidos, mas também porintermédio de mais de um deles ao mesmo tempo. É por isso que, para nós, aadoração orienta não apenas o ensinamento da palavra e o louvor musical, mastambém o uso da escultura, da pintura, da dança, dos aromas e do cinema.

Seja decidindo mudar para um ambiente no qual possa prosperar ou sereadaptando ao ambiente que emerge à sua volta, a mudança na igreja continuasendo inevitável. Não pode ser vista como um mal necessário, mas como uma ferra-menta concedida por Deus. Para a igreja do primeiro século, ambientes difíceis edesafiadores foram fatores de crescimento. A igreja primitiva se formou a partir deum contexto de perseguição. A igreja foi criada para prosperar nos limites da mu-dança e no centro da História. Ela foi criada para crescer em meio às mudançasradicais de nossos ambientes.

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REPRODUÇÃO ESPONTÂNEAToda criatura vivente foi criada com a capacidade de gerar vida. Até mesmo as

plantas produzem sementes. Uma espécie incapaz de se reproduzir só vive uma gera-ção, mas outra que se reproduz normalmente (impedindo uma catástrofe natural)viverá enquanto o tempo existir. As espécies não precisam ser ensinadas a se repro-duzir. É um processo inerente à sua natureza. No entanto, na maioria das igrejas essacaracterística parece estar desaparecendo. A igreja precisa ser liberada para fazer ascoisas de maneira muito natural.

Há alguns anos, minha esposa, Kim, levou-me à sua terra natal, nas montanhas daCarolina do Norte. Ela foi criada em uma fazenda com seus pais adotivos, Theodoree Ruth Davis. Theodore caminhou comigo pela fazenda e me apresentou a uma mula.Ele me explicou que a mula é uma combinação de cavalo com burro. Aquilo mepareceu um pouco esquisito, por isso perguntei-lhe por que eles não usavam simples-mente um cavalo ou um burro. Ele disse que os cavalos são muito mais inteligentesem comparação aos burros, mas não são tão fortes. E os burros, por sua vez, sãomuito fortes, mas não são suficientemente inteligentes para o trabalho que precisa serfeito. Quando se cruza um com o outro, chega-se à perfeita combinação para a tarefa.Mas ele prosseguiu, explicando-me que, mesmo sendo boas para o trabalho, as mulasnão conseguem se reproduzir.

As mulas são mais conhecidas por sua teimosia e sua esterilidade. Em certosentido, elas ilustram muito bem o que acontece quando o ser humano começa abrincar de Deus. Temos de reconhecer que, com frequência, essa descrição cabemuito bem quando nos referimos às igrejas criadas pelo homem. As igrejas quenascem de Deus possuem a capacidade de se reproduzir espontaneamente, resulta-do de uma força interna que orienta uma espécie. Quando a igreja é um organismovibrante, a vida se reproduz repetidamente. Cristãos vibrantes reproduzem novoscristãos; pequenos grupos vibrantes reproduzem novas comunidades de fé; e igrejasvibrantes se tornam catalisadoras de um movimento apostólico.

INSTINTO DE PRESERVAÇÃOAssim como o instinto de preservação é característica comum a todas as criatu-

ras, também o é em uma igreja viva. Ela precisa cuidar de seus jovens e mostrar-sesensível ao que é necessário à sua sobrevivência espiritual. A igreja apostólica possuium instinto natural de preservação, por isso se alimenta de maneira apropriada esaudável.

É possível identificar que uma igreja não está sendo suficientemente alimentadaquando os novos convertidos desistem da fé com facilidade e frequência; o alimen-to excessivo, em contrapartida, é evidente quando aqueles que consideramos cris-tãos maduros são obrigados a assumir a missão de Cristo de uma maneira pessoal.

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No primeiro caso, a porta de trás mal consegue conter a grande evasão; o segundogera um engarrafamento na porta da frente. Um ambiente apostólico alimenta ex-pressões plenas e dinâmicas de fé, amor e esperança.

CICLO VITAL HARMÔNICOA última dinâmica do projeto divino é a harmonia no ciclo vital. Isso nada mais

é que a consciência do processo constituído por nascimento, vida e morte. Éenriquecedor chegar à conclusão de que a maior parte de nossa vida deve ser dedicadaà preparação da próxima geração. Cada geração está diretamente ligada à anterior eà que a sucederá. O processo que culmina em nossa substituição começa desde quenascemos.

Quando há um relacionamento saudável dentro do ciclo vital, cria-se um senti-mento altruísta de se doar, de entrega pessoal. Quanto mais uma pessoa se concen-tra na própria vida, menos ela se preocupa em doar-se aos outros. Só há uma maneirade os templos permanecerem cheios ao longo das gerações: as igrejas devem viver,morrer e nascer de novo, num ciclo permanente. Logo percebemos que a igreja nãoé a mesma que era há vinte anos, ou mesmo há quarenta anos. Para produzir o tipode impacto sobre a história humana que Deus deseja, precisamos nos conscientizarde que esse ciclo vital é justo e necessário. No fim, a questão não é tanto de prolon-gar ou perpetuar nossa vida, e sim de promover a vida do próximo.

O exemplo mais inspirador que a natureza fornece é o do salmão que nadacontra a corrente, rio acima, com o propósito único de dar origem a uma novageração, mesmo que isso lhe custe a vida. Não tenho muita certeza se o instinto dizao salmão que chegou a hora de morrer ou que ele precisa trazer ao mundo umanova geração ao custo da própria vida, mas sei que até a natureza declara que a vidae a morte são inseparáveis.

Não é muito diferente com a igreja. Jesus nos lembra o seguinte: a não ser queuma semente morra, ela não pode produzir vida. Ele nos diz que a única maneira devivermos é abrindo mão de nossa vida. Não deveria ser surpresa para nós o fato deque, quando a igreja desperta para um éthos apostólico, ela assume o compromissode se entregar para que as outras pessoas possam viver.

Uma das coisas mais difíceis do mundo para um médico deve ser a obrigação dedizer a uma pessoa que ela está morrendo. Às vezes, o tratamento é ministradoapenas para aliviar parte do sofrimento, atuando apenas sobre os sintomas. Temos atendência de fazer o mesmo com a igreja. A verdade é que, se as igrejas demorammuito a morrer para si, significa que elas estão fazendo o possível para se assegurarde que morrerão apenas quando lhes for conveniente.

Uma igreja próxima à região praiana de Santa Mônica, nos Estados Unidos,reúne todas as semanas seus dez membros remanescentes, cuja média de idade é de,

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no mínimo, 70 anos. Eles não podem decidir o que fazer. Estão paralisados pelomedo da morte e pela falta de vida. Em todo o país, igrejas que antes chegavam auma frequência superior a mil pessoas deixaram de existir. Literalmente. O ciclovital é uma coisa curiosa: não importa a maneira como a pessoa aborda essa ques-tão, o resultado é o mesmo — ela morre. Se você, desde cedo, morre para si e celebrao dom da vida, encontra a alegria mesmo na morte. Nosso futuro não está em nossapreservação, mas naquilo em que investimos.

Não acho que seja apenas obra do acaso o fato de “igreja” ser um substantivofeminino, e não masculino. Ela é a noiva de Cristo, e ele é o noivo. A noiva abremão de seu nome quando se casa com o noivo. Os nomes de nossas igrejas — aidentidade que elas possuem como comunidades locais distintas — precisam serassimilados pelo único nome que importa, o nome de nosso Senhor Jesus Cristo.Uma grande sensação de liberdade me invade por saber que a Mosaic está aqui e umdia vai passar; que, um dia, uma nova geração talvez descubra que as estruturas e osestilos que escolhemos devem ser enterrados; que o noivo precisa continuar a con-tar com uma noiva pura e imaculada.

Precisamos viver a vida com a fidelidade que demonstraríamos se soubéssemosque Jesus está voltando hoje, mas com a consciência de que ele pode levar outrosmil anos ou mais para retornar. Temos de nadar contra a corrente, seja pelo instintoque indica como nossas vidas estão se encaminhando para o fim, seja porque, dealgum modo, sabemos que temos o dever de chegar ao ponto de gerar vida nova aqualquer custo. A igreja precisa se empenhar o tempo todo em dar à luz o futuro.Uma vez despertado, o éthos apostólico não tem medo da morte — pelo contrário,ele encontra vida ao morrer para si e viver para Cristo.

Em nossa jornada de compromisso com o futuro, precisamos voltar ao princí-pio. Nosso destino está nas origens. Para que a igreja deixe a paralisia da instituiçãoela deve descobrir a própria identidade em sua essência como organismo espiritual.Esse é tanto o ponto de partida quanto o de chegada. Provavelmente, o pastor é, emprimeiro lugar e a acima de tudo, um ambientalista espiritual que desperta a essên-cia primordial da igreja.

VIVENDO COM ESPONTANEIDADENo livro The Spontaneous Expansion of the Church [A expansão espontânea da

igreja], Roland Allen faz a seguinte observação: as igrejas na China pareciam flores-cer sempre que a vida dos missionários estava em perigo. Ele chega à conclusão deque a igreja de Jesus Cristo tem dentro de si a capacidade de se expandir espontanea-mente, e é isso o que acontece naturalmente quando a igreja é saudável e vibrante.Um éthos apostólico aguarda para emergir dentro de cada igreja local. Ele permaneceadormecido em cada comunidade genuína de fé, embora latente. Minha esperança e

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minha oração são no sentido de que, a partir da leitura destas páginas, você se sintainspirado a despertar um éthos apostólico.

COMBUSTÍVEL PARA A REFLEXÃO:

1. Seus relacionamentos são saudáveis? Eles agradam a Deus?

2. Que passos podemos dar rumo à reconciliação para restaurar os

relacionamentos destruídos?

3. Que mudanças fundamentais devemos promover para obter a vitória em nosso

campo missionário?

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