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2 SOBRE A REPRODUÇÃO DO NÃO SABER RESUMO: Este estudo tem como ponto de partida a pesquisa “As classes populares chegam à universidade: perfil e representações sociais de alunos ingressantes no curso de Pedagogia de uma universidade privada” (FALSARELLA, ARTES e REIS) apresentada no 25º Simpósio Brasileiro e 2º Congresso Ibero-Americano sobre Política e Administração da Educação, realizado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) em 2011. Seu objetivo é ampliar a discussão sobre os níveis defasados de habilidades e conhecimentos observados na produção escrita desses alunos, aspecto não desenvolvido na pesquisa originária. Levanta a problemática relacionada às possíveis consequências dessa situação no desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo na formação do aluno e à sua futura atuação como docente. Tem como principais referências teóricas THEREZO (2007), BOURDIEU (2002) e CERTEAU (2001). Apresenta como conclusões: a) alunos das camadas populares, que passaram a ter acesso ao ensino superior em função das políticas públicas implantadas a partir dos anos 90, oriundos da própria escola pública onde atuarão, carregam deficiências de formação do Ensino Fundamental e do Ensino Médio; b) suprir esses hiatos é fundamental para que se quebre o círculo vicioso da escola de baixa qualidade para alunos pobres; c) os docentes do curso de Pedagogia buscam soluções paliativas, mas sem apoio institucional, haja vista a mercantilização da educação; d) se o objetivo é, de fato, melhorar a qualificação dos que atuam na escola pública, há necessidade de mudanças integradas em todo o cursus escolar percorrido pelo aluno e de estudos que busquem compreender o que faz o aluno com os conhecimentos que desenvolve na universidade. PALAVRAS-CHAVES: curso de Pedagogia; alunos ingressantes; dificuldades de escrita; formação e atuação docente; mercantilização da educação. O problema As políticas educacionais propostas a partir dos anos 90 levaram a mudanças no alunado que busca a universidade e à consequente necessidade de estudos que delineiem seu perfil e o papel das instituições na sua formação. O presente texto, que se alinha a esta questão, tem como ponto de partida a pesquisa “As classes populares chegam à Universidade: perfil e representações sociais de alunos ingressantes no curso de Pedagogia de uma universidade privada” (FALSARELLA, ARTES e REIS / Anpae, 2011), explorando um aspecto que, na investigação originária, foi apenas sinalizado. Objetivo do trabalho Discutir a questão dos níveis defasados de habilidades e conhecimentos prévios observados na produção escrita de alunos ingressantes no curso de Pedagogia de uma XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.000894 Ana Maria Falsarella

SOBRE A REPRODUÇÃO DO NÃO SABER RESUMO a … · 25º Simpósio Brasileiro e 2º Congresso Ibero-Americano sobre Política e Administração da Educação, realizado pela Associação

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SOBRE A REPRODUÇÃO DO NÃO SABER

RESUMO: Este estudo tem como ponto de partida a pesquisa “As classes populares

chegam à universidade: perfil e representações sociais de alunos ingressantes no curso de Pedagogia de uma universidade privada” (FALSARELLA, ARTES e REIS) apresentada no 25º Simpósio Brasileiro e 2º Congresso Ibero-Americano sobre Política e Administração da Educação, realizado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) em 2011. Seu objetivo é ampliar a discussão sobre os níveis defasados de habilidades e conhecimentos observados na produção escrita desses alunos, aspecto não desenvolvido na pesquisa originária. Levanta a problemática relacionada às possíveis consequências dessa situação no desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo na formação do aluno e à sua futura atuação como docente. Tem como principais referências teóricas THEREZO (2007), BOURDIEU (2002) e CERTEAU (2001). Apresenta como conclusões: a) alunos das camadas populares, que passaram a ter acesso ao ensino superior em função das políticas públicas implantadas a partir dos anos 90, oriundos da própria escola pública onde atuarão, carregam deficiências de formação do Ensino Fundamental e do Ensino Médio; b) suprir esses hiatos é fundamental para que se quebre o círculo vicioso da escola de baixa qualidade para alunos pobres; c) os docentes do curso de Pedagogia buscam soluções paliativas, mas sem apoio institucional, haja vista a mercantilização da educação; d) se o objetivo é, de fato, melhorar a qualificação dos que atuam na escola pública, há necessidade de mudanças integradas em todo o cursus escolar percorrido pelo aluno e de estudos que busquem compreender o que faz o aluno com os conhecimentos que desenvolve na universidade. PALAVRAS-CHAVES: curso de Pedagogia; alunos ingressantes; dificuldades de escrita; formação e atuação docente; mercantilização da educação.

O problema

As políticas educacionais propostas a partir dos anos 90 levaram a mudanças no

alunado que busca a universidade e à consequente necessidade de estudos que delineiem

seu perfil e o papel das instituições na sua formação. O presente texto, que se alinha a

esta questão, tem como ponto de partida a pesquisa “As classes populares chegam à

Universidade: perfil e representações sociais de alunos ingressantes no curso de

Pedagogia de uma universidade privada” (FALSARELLA, ARTES e REIS / Anpae, 2011),

explorando um aspecto que, na investigação originária, foi apenas sinalizado.

Objetivo do trabalho

Discutir a questão dos níveis defasados de habilidades e conhecimentos prévios

observados na produção escrita de alunos ingressantes no curso de Pedagogia de uma

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universidade privada, níveis estes que repercutem na aprendizagem e aproveitamento

desses alunos no ensino superior.

O ponto de partida

A pesquisa “As classes populares chegam à Universidade” foi realizada por meio

de questionário respondido pelos alunos do 1º ano do curso de Pedagogia do Instituto de

Educação da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban-SP)1, campus Osasco, no

início do segundo semestre de 2010, com o objetivo de delinear as características

socioeconômicas, motivações quanto à escolha do curso, aspirações profissionais, hábitos

e habilidades de estudo e representações sociais sobre a educação.

Partindo-se da prévia constatação de que a maioria quase absoluta dos alunos de

Pedagogia é do sexo feminino2, a análise das respostas permitiu concluir que grande parte

deles, ao ingressar, apresenta peculiaridades que os diferenciam do calouro típico, tais

como faixa etária maior que a esperada para o ingresso no ensino superior e menor poder

aquisitivo; além disso, associam o curso à possibilidade de ascensão social. A idealização

da educação como base de quase tudo (da cidadania, da formação humana, da nação, da

sociedade, do mundo, do futuro...) descortina uma representação salvacionista e acrítica,

além de uma consciência ingênua sobre a educação, que pode impedir ao sujeito

compreender as condições que determinam seu próprio modo de pensar3. As conclusões

confirmaram estudos anteriores, tais como os de GATTI, TARTUCE, NUNES e ALMEIDA

(2009) e GATTI e BARRETO (2009), inclusive quanto às dificuldades que segmentos

sociais desfavorecidos e oriundos de escolas públicas apresentam em função de

escolarização anterior precária e consequentes lacunas de formação.

Especialmente na educação, a possibilidade de inserção no mercado de trabalho

combinada à baixa atratividade da remuneração oferecida constitui fator que influencia

fortemente o perfil de quem opta pela docência. Muitos estudantes escolhem o curso de

Pedagogia e outros relacionados à docência porque vislumbram a possibilidade de

ingresso no serviço público, de estabilidade profissional e de ascensão social (GATTI e

BARRETO, 2009).

Mudanças no alunado

Haja vista a óbvia reprodução da má escolarização das classes populares no Brasil

e a importância da formação de futuros professores que têm a escola pública como

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destino prioritário, no presente estudo destacamos um ponto que não foi explorado na

pesquisa precedente por não fazer parte de seus objetivos: a análise ortográfica e sintática

da produção escrita dos alunos. De fato, os questionários permitiram a confirmação de um

problema (dentre muitos outros) que já vinha sendo detectado pelos docentes do curso de

Pedagogia da Uniban em atividades cotidianas: a dificuldade de redação e escrita em

aspectos de ortografia e sintaxe4. Em outras palavras: explora-se aqui o que não foi

perguntado na investigação inicial, mas emergiu como um dado relevante e preocupante.

De antemão, importa esclarecer que não pretendemos adentrar no debate sobre

preconceito linguístico versus norma padrão. Partimos do pressuposto de que todo

cidadão tem direito a ser respeitado em seu modo de se expressar, bem como a aprender o

português culto e a diferenciar sua utilização em função de situações sociais pertinentes.

Também, por não sermos da área, não pretendemos nos envolver no debate sobre as

diversas correntes linguísticas e suas concepções. De qualquer forma, entendemos como

GERALDI (2001/2002/2003/2004), que a escrita, sem a reflexão linguística simultânea à

leitura, é mera produção mecânica e artificial. Ao produzir um texto sem sentido, o aluno

perde a oportunidade satisfazer sua necessidade de comunicação, de expressar sua

subjetividade e sua compreensão de mundo por meio do registro de suas vivências e

reflexões. Entendemos também, como WEISZ (2003), que aprender e aperfeiçoar-se

permanentemente requer do aluno uma bagagem acadêmico-cultural básica de formação

geral em que conhecimentos de origem escolar se articulam a conhecimentos culturais de

origem social.

O que trazemos à baila são as possíveis consequências de uma escolarização

básica deficitária, quaisquer que sejam métodos e processos envolvidos, na formação de

futuros professores que atuarão na escola pública.

No que tange à ortografia, como destaca WEISZ (2003), depois que um estudante

compreendeu o sistema alfabético de escrita, é necessário que o professor intervenha na

questão ortográfica, invista nesta aprendizagem, considerando a melhor forma de fazê-lo.

“É importante que o professor tenha claro que depois de um tempo de escolaridade certos

tipos de erros são inaceitáveis” (p.89). Alguns erros “inaceitáveis”, no entanto ocorrem

regularmente entre os estudantes da Pedagogia conforme foi observado nas respostas

dadas aos questionários, como nos exemplos abaixo (grifos nossos):

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Espero exercer a profisão / profição. Assima de tudo ezecer a Profissão de professora. Eu guero esta em uma classe dando aulas para as crianças. Trabalhar no segimento que escolhi. Aprender na teoria e na prática como lessionar em uma escola. Espero superar minhas espectativas. A educação é importante para primoriar os conhecimentos obtidos e passar a outra

pessoa. A educação é importante para que a sociedade venha (a) ter mais conciência com

seus valores.

Além desses, observa-se confusões e inseguranças (em que um mesmo aluno ora

escreve de uma forma, ora de outra) no uso de palavras e expressões do vocabulário

cotidiano corriqueiro, como por exemplo, entre mas/mais, traz/atrás, lidar/lhe dar,

esta/está/estar, dentre outras.

No que tange à sintaxe5, para fazermos a análise das respostas dadas pelos alunos

aos questionários, tomamos como base o texto “Sintaxe da frase: problemas de

construção” (THEREZO, 2007, cap.7, p.133-152). Neste capítulo, a autora explica que a

frase é a expressão de um pensamento completo, pode conter uma ou mais orações e

implica na noção de pontuação. Para ela:

A freqüência com que surgem essas falhas de redação parece dever-se à confusão entre os conceitos de frase (= pensamento completo) e o de oração (sujeito + verbo + complementos). Parece dever-se, também, ao desconhecimento das regras de pontuação, o que tem sido evidenciado pela dificuldade com que os estudantes fazem as pausas breves e longas na leitura em voz alta, com prejuízos para a melodia da frase, que tanto auxilia a atribuição de sentidos. (THEREZO, 2007, p.134)

Com base em sua experiência na docência de Leitura e Produção de textos em

Língua Portuguesa (curso de Letras / Pontifícia Universidade Católica de Campinas –

PUC-Campinas), a autora apresenta como falhas mais comuns encontradas na escrita de

estudantes universitários: frases fragmentadas, incompletas ou emendadas; falta de

paralelismo gramatical e semântico; simplificação nas correlações de tempos verbais;

insegurança no uso da alternativa ou; dificuldades com o uso do referente; mau uso do

onde; verbos de regências diferentes com o mesmo complemento e ambiguidade (que

abarca: desordem na colocação das palavras, má posição do adjunto adverbial na frase;

dificuldade com o uso do pronome relativo e ausência de sujeito expresso para o verbo no

infinitivo, gerúndio ou particípio passado). Destas, selecionamos algumas categorias para

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ilustrar como de fato tais falhas ocorrem na escrita dos alunos do curso de Pedagogia da

Uniban (são nossos os comentários e complementações entre os colchetes):

1. Frases fragmentadas, incompletas ou emendadas: o uso inadequado da pontuação é

responsável por sérias falhas de redação. Quando isso acontece, há elaboração de

frases incompletas, de fragmentos soltos ou o encadeamento de duas ou mais frases

sem nenhuma pontuação. Exemplos:

A educação é importante para aprimorar os conhecimentos obtidos. Passar a outra

pessoa.

[O que pretende fazer com o diploma?] Antes de tudo, pegar o diploma, espero já estar

trabalhando na área como estagiária.

[A educação é importante] para formar novas ideias de cidadania e a pessoa lutar por

seus direitos.

[Quando concluir o curso pretendo] correr atrás de aulas e uma linda carreira sempre

com crianças.

2. Falta de paralelismo gramatical e semântico: na frase, as orações devem estruturar-se

sintaticamente e conter as mesmas categorias gramaticais. A ausência de paralelismo

gramatical atinge a coesão enquanto a ausência de paralelismo semântico atinge a

coerência, ambas prejudiciais ao sentido da frase. Exemplos:

[Espero] compreender os objetivos da profissão e que eu possa dar o melhor.

Quero sair daqui não sabendo tudo, pois com o tempo eu aprendo, mas o mais

importante é que quero aprender.

3. Simplificação [e uso inadequado] nas correlações de tempos [e modos] verbais:

decorre principalmente por influência da oralidade, que é, por si, simplificadora. [Quando me formar] espero já esta trabalhando na área.

4. Dificuldades com o uso do referente: “referente” é o ser do qual se fala e uma falha

muito comum na escrita dos alunos é a perda desse referente. Exemplo:

[Quando me formar pretendo] ensinar, mostrar a ela [quem?] que os conteúdos estão

diante de seus olhos e que vale a pena estudar.

5. Mau uso do onde: o uso do termo onde só faz sentido para indicar lugar, não para

outras situações, como no exemplo abaixo:

[Pretendo] arrumar um emprego melhor onde seja mais valorizada.

6. Frases ambíguas [e também vagas e sem sentido]: uma frase é ambígua quando

permite mais que uma interpretação, como nos exemplos abaixo. [Com o diploma pretendo] trabalhar em todas as áreas possíveis na educação, pois meu

objetivo não é ser professor.

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[A educação] É importante em todos os sentidos.

[A educação é importante] para aprender coisas novas desde pequenos.

[A educação é importante] para mudar a visão do professor hoje no Brasil [do

professor? que se tem sobre o professor?]

Papel das Instituições de Ensino Superior (IES)

A partir de fins do século XX houve grande ampliação de vagas no ensino

superior no Brasil, principalmente em faculdades e universidades privadas, vulgarmente

apontadas como de “segunda linha”, inclusive em função de programas federais de

financiamento estudantil (Programa Universidade para Todos – Prouni e Fundo de

Financiamento Estudantil – Fies). Assim, uma parcela da população que não tinha acesso

a instituições públicas, por limitações em sua formação básica, e a instituições privadas

de alto custo, por limitações econômicas, passou a ter acesso a este nível de

escolarização.

Se de um lado este fato é visto como positivo por ampliar o campo social de

acesso ao curso superior, de outro recebe críticas acirradas, em especial quanto ao modo

como é efetivado, uma vez que atenderia mais a uma visão mercantil de privatização

deste nível de ensino, com desresponsabilização por parte do Estado, do que a

verdadeiros objetivos educacionais de formação para a emancipação humana e de

democratização da educação6.

Na busca de explicações teóricas

Na busca de explicação, podemos recorrer ao texto de BOURDIEU (2002) “Os

incluídos do interior”, em que ele se refere à crise provocada pela entrada em cena de

categorias sociais que, antes dos anos 50 (século XX, França), não ingressavam

automaticamente no “sixième”7. Mesmo com acesso e permanência no sistema escolar, os

recém-chegados, oriundos das camadas mais desfavorecidas da população, recebem ao

final do curso diplomas desvalorizados.

Para BOURDIEU não se pode garantir o acesso aos diferentes níveis do sistema

escolar a alunos oriundos de famílias mais desprovidas econômica e culturalmente sem

modificar o valor simbólico e econômico dos diplomas. É o que ele chama de “fenômeno

de desvalorização dos diplomas” (p.221), decorrente da multiplicação de diplomas e de

seus detentores. Isso porque, na sociedade capitalista e classista, na verdade, as

instituições que conduzem às posições de poder econômico e político continuam

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exclusivas e o sistema de ensino, aparentemente aberto a todos, continua reservado a

poucos. Assim, a escola continua excluindo, mas agora de forma contínua, em todos os

níveis do cursus escolar. Tudo isso guarda estreita relação com uma contradição

fundamental do mundo econômico-social atual: uma ordem que tende cada vez mais a

dar tudo a todos (como o consumo de bens materiais, simbólicos e políticos), mas que,

através da aparência, do simulacro, da imitação, reserva para poucos a posse real e

legítima de bens exclusivos.

Podemos estabelecer um paralelo entre o que propõe BOURDIEU e o que acontece

no Brasil, onde também as crianças e adolescentes das classes populares passaram a ter

maior chance de cursar os ensinos fundamental e médio e de receber a certificação

(mesmo que esvaziada, pois sem os correspondentes conhecimentos) que lhes dá direito

ao ensino superior. Considerando que o sistema escolar constitui um continuum, podemos

pensar que, ao portar o direito de acesso ao ensino superior a partir dos anos 90, as

camadas populares são relegadas, no entanto, a instituições pouco preocupadas com a

qualidade da educação e, consequentemente a posições profissionais e sociais

secundárias. Sem dúvida, a força dos argumentos de BOURDIEU sobre a natureza da

sociedade capitalista nos deixa uma sensação de falta de alternativas e de perspectivas de

mudanças com relação ao papel reprodutor de desigualdades sociais que tem o sistema

escolar.

Estudos da Nova Sociologia da Educação, como por exemplo os de GIROUX e

MCLAREN (1999), trazem, no entanto, uma visão menos unitária e monolítica da relação

entre escolarização e capitalismo. Sob sua ótica, a sociedade é percebida como um

agregado de posições não determinadas exclusivamente pelo aspecto econômico e a

escola, em particular, como uma instituição histórica e cultural, terreno de luta ideológica

e política. Os autores propõem a busca por uma teoria sociocultural que vislumbre a

possibilidade de emancipação de grupos subordinados por meio da transformação das

relações assimétricas de poder, que ofereça novos caminhos quanto ao papel da escola, o

que inexiste tanto nas teorias sociais de direita (a escola serve para reproduzir as

ideologias tecnocráticas e corporativistas características das sociedades dominantes),

quanto nas de esquerda (que não avança para além de uma linguagem da crítica que

amarra os educadores a uma situação de impotência). Assim, na educação, além das

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discussões sobre classe social e determinismo econômico, é preciso abordar a esfera

cultural, determinante poderosa da ação humana, uma vez que “mediadora e produtora de

subjetividades e discursos” (p.135).

Para análise da esfera cultural podemos nos valer da obra de CERTEAU (2001), que

destaca a importância de se resistir aos efeitos da análise exclusiva e obsessiva das

instituições sociais pelo viés da reprodução econômica, posto que é impossível reduzir o

funcionamento de uma sociedade a um tipo dominante de procedimentos. Para ele, a obra

de BOURDIEU tem o mérito de apontar a reprodução das hierarquias sociais, mas, como

não apresenta possibilidade de escolha, demonstra uma visão reducionista sobre a

submissão inconsciente das camadas populares à racionalidade socioeconômica

dominante.

Segundo CERTEAU (2001), com o liberalismo houve uma progressiva

compartimentalização dos tempos e dos lugares dentro de uma lógica disjuntiva de

especialização pelo e para o trabalho, tendo o indivíduo abstrato como unidade básica.

Nesse sistema, aprender a escrever é a prática fundamental que define a iniciação na

sociedade, ou seja, a formação do sujeito moderno na sociedade capitalista é

intrinsecamente escriturística.

O objeto das pesquisas deste autor é o homem ordinário, comum, anônimo,

personagem geral na multidão (a que ele chama de anti-herói: Cada um, Todo Mundo ou

Ninguém), enfim, o usuário (ou, para nós neste estudo, o universitário das camadas

populares), e o que ele faz com a produção racionalizada que lhe é oferecida pelo sistema

dominante (no nosso caso, o acesso ao ensino superior e o diploma). O autor procura uma

inversão de perspectiva deslocando a atenção do consumo dos produtos culturais,

supostamente passivo, para o uso que o consumidor faz deles, percebendo

microdiferenças onde outros só vêem obediência e uniformidade, e demonstrando grande

confiança na inteligência e na inventividade do homem comum. Aponta, assim, um

movimento de microrresistências que fundam microliberdades e desloca as fronteiras da

dominação sobre a multidão anônima. Para ele, há uma inversão e uma subversão pelos

mais fracos que, parecendo submeter-se e conformar-se, fazem funcionar a ordem

dominante “num outro registro” (p.18) dentro de sua tradição própria e da margem de

manobra possibilitada pelas diferentes conjunturas.

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Conclusão

(...) esses indígenas faziam das ações rituais, representações ou leis que lhes eram impostas outra coisa que não aquela que o conquistador julgava obter por elas. Os indígenas as subvertiam, não rejeitando-as diretamente ou modificando-as, mas pela sua maneira de usá-las para fins e em função de referências estranhas ao sistema do qual não podiam fugir. (CERTEAU, 2001, p.39) Tornar melhor a educação pública no Brasil depende de um conjunto interligado

de fatores, sendo um deles a formação adequada dos professores nos cursos de graduação.

Considerando a aprendizagem humana como um continuum, é óbvio que as habilidades e

conhecimentos adquiridos no nível superior têm como alicerce estruturas que se

formaram e consolidaram nos níveis anteriores de ensino. Na ausência de uma formação

inicial que promova junto ao futuro docente uma reflexão sobre seu papel e sobre o papel

da escola, a tendência é que ele, uma vez em exercício, reproduza o que e como aprendeu

quando era aluno do ensino básico.

De acordo com VAILANT (2007), é pequena a probabilidade de formar um bom

docente em nível superior se ele teve um ensino básico ruim. Então, há necessidade de

uma profunda e articulada reforma de todo sistema escolar convencional, processo que

demanda uma perspectiva de longo prazo. Segundo a autora, ainda que na formulação de

políticas se evoque o docente ideal, em sua aplicação não se adotam as medidas para

formá-lo8.

Entendemos que, caso não superadas, as fragilidades apresentadas pelos alunos

dificultarão a apropriação de conhecimentos teórico-práticos que o curso de Pedagogia

oferece, a formação da consciência crítica do futuro docente e o próprio desenvolvimento

da educação escolar no Brasil. Como destacam MARTÍNEZ e TACCA (2009), “o estudo de

processos de aprendizagem naquele nível [superior] tem extraordinária significação

devido às funções que os egressos das universidades assumem, e às posições que ocupam

na estrutura social do país, em geral, e no campo da educação em particular” (p.6).

Quaisquer que sejam os processos de aprendizagem escolar pelos quais passaram na

educação básica, seja em função de concepções equivocadas sobre o processo de

alfabetização e de intervenções inadequadas ou inexistentes por parte dos professores,

seja por recorrentes e já bem conhecidos problemas estruturais dos sistemas públicos

educacionais no Brasil, o fato é que os alunos chegam ao curso de Pedagogia carregando

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graves problemas relacionados à escrita.

Partindo do pressuposto de que todos têm direito à educação, inclusive à educação

superior, lidar com essa situação é bastante complicado. Sem dúvida, alguns professores

tentam soluções paliativas (cursos paralelos, geralmente, não remunerados, orientações

quanto a estratégias de escrita e leitura, exercícios extraclasses, apoio particular a alunos

com maiores dificuldades), que ficam na dependência de iniciativas docentes individuais

e da disponibilidade dos alunos (lembrando que a maioria trabalha para arcar com seus

estudos). No entanto, embora possamos observar avanços na aprendizagem dos alunos no

decorrer do curso, tais soluções terão caráter remediador enquanto não houver uma real

integração entre os diferentes níveis de ensino.

Sem dúvida, os alunos das classes populares que passaram a ter acesso ao ensino

superior oriundos da própria escola pública onde atuarão, carregam deficiências de

formação do ensino fundamental e do ensino médio. Se o objetivo é, de fato, melhorar a

qualificação dos que atuam na escola pública, suprir esses hiatos é fundamental para que

se quebre o círculo vicioso da escola de baixa qualidade para alunos pobres.

Sem portar a ilusão de que a situação mude em horizonte próximo e de que a

mercantilização da educação vá se exaurir, esperamos ter contribuído para aprofundar o

entendimento sobre os mecanismos que continuam operando na conformação das

desigualdades de escolarização entre as classes sociais no Brasil e sobre a

responsabilidade do ensino superior na sua perpetuação ou na sua superação.

No entanto, muitas pesquisas são ainda necessárias para sabermos o que os alunos

fazem com o que lhes é oferecido no curso de Pedagogia, com a percepção do que sabem

e do que precisam saber, o quanto estão dispostos a investir para colocar a ordem

dominante a seu próprio favor e a favor do avanço das classes populares na conquista de

direitos, a começar pela educação. Conforme CERTEAU (2001), é lastimável constatar o

quanto nos falta ainda compreender sobre os inúmeros artifícios desses admiráveis

obscuros heróis do efêmero. Face à injustiça na ordem das coisas, buscamos não perder a

esperança de pensar um espaço, utópico que seja, quanto à possibilidade de mudança.

Fechamos este trabalho com um trecho do texto “Aprender”, escrito por CECÍLIA

MEIRELES em 1932.

Assim, os rotineiros pacíficos, viciados na imobilidade das idéias, e os rotineiros

pretensiosos, impregnados da convicção de uma sabedoria insuperável, constituem duas

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fileiras imensas, entre as quais passam a custo, e com uma impressionante coragem, os

que se acostumaram a pôr sobre todas as coisas uma claridade sem enganos, e

conquistaram o gosto de atingir cada dia um ponto mais alto para o seu destino. Notas 1. Em meados de 2011, a Uniban foi vendida para Anhanguera Educacional e houve dispensa

em massa de funcionários e professores, o que vem causando grande polêmica entre esses e apreensão por parte dos alunos. Em seu portal (http://portal.anhanguera.com/preview/ web_aesa/portal_institucional/a-instituicao/), a Anhanguera se apresenta como uma companhia de capital aberto a partir de 2003, sendo que as associações a ela vinculadas (Associação Lemense de Educação e Cultura/Centro Universitário Anhanguera de Leme e Pirassununga, Faculdade Comunitária de Campinas, Faculdades Integradas de Valinhos, Instituto Jundiaiense de Educação e Cultura/Faculdade Politécnica de Jundiaí e Instituto de Ensino Superior Anhanguera/Faculdade Politécnica de Matão), todas de natureza não lucrativa (sic) formaram a base legal para a transformação de cada uma delas em sociedades educacionais nos moldes de sociedades anônimas, forma organizacional então pensada e preparada para a futura abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Dessas sociedades anônimas surgiu a Anhanguera Educacional, hoje mantenedora de todas as demais unidades educacionais existentes. Assim, desde 2004, os novos cursos e unidades orgânicas ou adquiridas estão sob a mantença da instituição. Ainda, nos termos do citado portal, ao longo da sua trajetória, a Anhanguera Educacional vivenciou diversas fases de crescimento: a primeira, de expansão dos seus cursos superiores e da sua base física, até 1998; a segunda, de otimização e qualificação dos seus currículos e projetos pedagógicos, até 2003; e a terceira, de reorganização estrutural, administrativa e financeira, tendo esta última se dado com o ingresso de novos parceiros-sócios e investidores, sendo um desses a Uniban (grifos nossos).

2. Com essa predominância, depreendeu-se que ainda haja uma associação da profissão docente com as funções maternas e com a possibilidade de conciliar emprego, criação de filhos e outras atividades domésticas. Educação e a profissão docente estão situadas em um campo simbólico que abarca profissões voltadas à regulação e à disciplinarização da mente, do corpo e das relações sociais. Assim, para as mulheres, as expectativas tradicionais com relação a seu modo de ser (dóceis, afetivas), sobretudo para as que provêem de um meio social portador de uma cultura mais fechada, a profissão docente possibilita que se encaixem nesse perfil. (FALSARELLA, ARTES e REIS, 2011).

3. A esse respeito, VIEIRA PINTO (2000) estabelece a relação entre representação, discurso e o conceito de consciência, tido como “a representação mental da realidade exterior, do objeto,

do mundo, e a representação mental de si, do sujeito, autoconsciência” (p.59). Neste sentido, a

educação comporta duas concepções distintas: a ingênua e a crítica. A consciência ingênua exclui em sua representação a compreensão dos condicionantes exteriores que determinam o que e como pensa o sujeito. Dela decorre uma concepção ingênua da educação escolar, entendida como transmissão de conhecimentos ou transmissão da matéria. Já aquele que chega à consciência crítica entende-se como sujeito histórico inserido no tempo e no espaço onde vive. No âmbito da educação, possibilita uma compreensão ampla da totalidade das condições que cercam a ação pedagógica.

4. Referimo-nos a erros de ortografia, grafia ilegível, uso de palavras inexistentes, utilização de palavras de forma inadequada, falhas na pontuação e na concordância verbal e nominal, além de aspectos relacionados à coerência, coesão, argumentação e organização de ideias.

5. A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir um significado completo e compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o

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manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações. Disponível em http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/; acesso em 11.jan.2012.

6. De acordo com SOUZA (2011), a predominância de objetivos economicistas em detrimento dos pedagógicos tem permitido a progressiva formação de conglomerados educacionais – grandes empresas de capital aberto – verdadeiros oligopólios do setor educacional, com autorização do Ministério da Educação (MEC). O setor educacional privado, que deveria ter caráter complementar, acabou predominando ao se valer do abandono do Estado na oferta de vagas públicas para a formação superior. Tais empresas, submetidas às leis do mercado e ao máximo aproveitamento de recursos humanos e materiais, têm por objetivo, como quaisquer outras, o lucro. Assim, com a melhoria do poder aquisitivo das camadas populares, estas passaram a ser disputadas pelos conglomerados educacionais em função de seu potencial como mercado consumidor e não, como alardeado pela publicidade privada e pelo falacioso discurso oficial, pelo seu direito a uma educação de qualidade. Aumentar lucros significa diminuir despesas. A gestão dessas instituições privadas segue, obviamente, a lógica empresarial, ficando a cargo de executivos que prestam contas a bancos ou fundos de investimentos. As relações de trabalho são padronizadas, impessoais e competitivas, muito distantes de objetivos e práticas educacionais que há muito têm sido defendidos e efetivados por professores e pesquisadores, com consequências que comprometem o próprio sentido da educação, dentre as quais podemos citar: precarização do trabalho e perda de autonomia docente, desvalorização dos professores mais qualificados academicamente, redução de salários e sobrecarga de trabalho. Não se pode esquecer que, paralelamente a isso, ocorre um processo subliminar de formação da subjetividade dos docentes. À empresa interessa profissionais pouco críticos, ou melhor, “colaboradores pró-ativos, que tenham empreendedorismo” (destaque nosso), que se alienem de seu fazer pedagógico e que formem

alunos igualmente alienados e acríticos com relação às questões sociais. 7. No Brasil corresponderia ao exame de admissão ao ginásio ou à passagem do primário (1º ao

4º ano) para o ginasial (1ª a 4ª série). 8. A esse respeito leia-se: FALSARELLA, Ana Maria. Curso de Pedagogia: “a bola da vez” –

uma reflexão sobre a avaliação dos cursos de Pedagogia no Brasil. Poster apresentado no 25º Simpósio Brasileiro e 2º Congresso Ibero-Americano sobre Política e Administração da Educação, realizado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), 26 a 30 abr.2011, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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classes populares chegam à Universidade: perfil e representações sociais de alunos

ingressantes no curso de Pedagogia de uma universidade privada. Comunicação apresentada no 25º Simpósio Brasileiro e 2º Congresso Ibero-Americano sobre Política e Administração da Educação, realizado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), 26 a 30 abr.2011, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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