Sobre Liberdade S.e.x.u.a.l

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  • 7/29/2019 Sobre Liberdade S.e.x.u.a.l

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    Ttulo Sobre Liberdade SexualAutor Crowley, AleisterTraduo Soror Shaitara

    .I.

    As secrees corporais, quando suprimidas, infiltram os tecidos e osenvenenam.Smen acumulado de maneira no natural obstrui o crebro do mesmo modoque a bile, resultando em sintomas mrbidos, tanto mentais quanto morais.Sexo um processo psicolgico; interferncias o pervertem. O sexo no temimplicaes morais, exceto o bem-estar da raa. Supersties tm provocado asuper-valorizao do sexo. A dor de dente tiraniza o pensamento; o nervoparece ser toda a realidade. A doena destri a proporo e a preciso dapercepo. Obstrui rgos, perturba e causa desordem em todo o sistema; o

    sangue envenenado infecta o crebro, a mente conclama o corpo, os sentidosdeseducam o espirito, a razo interpreta mal o relatrio, haver um desvio dopoder e o msculo ir interpretar mal a fora motriz.

    .II.

    Na abadia de Thelema em Cefal o sexo estudado cientificamente semvergonha ou subterfgios. Paixes so psicologicamente analisadas; todos osatos so permitidos, se eles no causam injria a outros; aprovados, se eles

    no causam injria ao self. Esta liberdade, longe de fomentar luxria, destriobsesses sexuais. Abate a febre sexual; a imaginao inflamada recupera assuas devidas propores; a funo, liberta da frico, age automaticamente.Ns paramos de pensar nisto assim como um homem quase afogado esquece asua respirao assim que seus pulmes esto novamente limpos. "A palavra depecado restrio". "Faze o que tu queres dever ser o todo da Lei."

    .III.

    Seres humanos saudveis que inocentemente obedecem seus instintos no

    esto sujeitos a causar mais problemas do que outros animais; calamidadessexuais so criaes artificiais de superstio selvagem. Mastins acorrentadosse tornam perigosos, leis repressivas reproduzem revolucionrios. A confusotransformou imbecis humildes em manacos assassinos; o desespero do louco desarmado pela bondade e reconhecimento de seus direitos.O sexo a cano sagrada da alma; o sexo o santurio do Self.Escrnio; o sacerdote reduz ou rosna. Protesto; ele cresce fantico ou comastcia. Perseguio; ele abjura sua f, martirizado por isto, ou o cetro trocado pela espada e vai contra o agressor.Em qualquer dos casos sua absoro ntima sofre, sua individualidade invadida; o seu Absoluto profanado pela sua reao ao Relativo. Sexo osacramento supremo, onde o corpo e o sangue so oferecidos alma. Esteselementos tem que ser dignos, a sua consagrao absoluta. Eles devem sertotalmente consumidos, o Deus em Matria e Movimento morto para o

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    sustento do Deus em Esprito e Alma. Esta Eucaristia de todo o homem,inalienvel e unicamente dele; que nenhum homem ouse se aproximar deoutro altar! Quem deve presumir legislar sobre o inescrutvel, ou apropriar-sesobre o Absoluto aliengena? Quem critica o sexo, aceitando isto e condenandoaquilo, no somente usurpa para si o Universo, e proclama seus preconceitosonivalentes, mas abdica de sua prpria autonomia para manifestar seus

    prprios Mistrios, e reza para que o profano polua seu sacerdcio pelomimetismo de sua Missa, que nada alm de zombaria para eles, e agoranada mais para ele do que uma fico formal, cuidando para que ele valorizesua prpria Isis menos do que a sua prpria vaidade, pensando que os homenso lisonjeiam por violar a ela!Aquele que censura e constrange o carter sexual de outro no somente faz desi mesmo a medida do Universo, mas se estabelece contra uma inexorvelNecessidade, negando a ordem da Existncia, e resistindo Realidade justa;mas condena tambm a si mesmo, pois ele uma das razes do Cosmos, econstrange a si mesmo, pois mudar o curso de outro pode causar reaes, umcontrapeso que recai sobre ele mesmo.

    Todas as almas existem, eternamente; idnticas em essncia, individuais emexpresso. Cada uma igualmente inefvel, impenetrvel, inacessvel. Anatureza de cada uma necessria, portanto todo Destino tambm umDesenho, e o seu caminho no mais do que o nome da Vontade. Nada pode serqualquer outra coisa alm daquilo que ; se quisesse ser algo mais, essavontade seria a norma de sua natureza; auto-contradio pode ser a suaqualidade prpria, assim como a idia de um nmero quadrado contm duasrazes iguais de sinal oposto cuja multiplicao gera isto com propriedadesimparciais. Cada alma ento absoluta e independente, no menos mas maispor sua identidade inerente a si mesma, est implicitamente envolvida em sua

    consubstancial co-existncia com uma infinidade de companheirascoordenadas. Cada qual procura interpretar a si mesma, e incrementar-se (semprejudicar sua integridade) por imaginar-se num meio de iluso - matria,movimento, e mente. Isto permite que ganhe experincia indireta de outrasalmas, assim como ns comunicamos o pensamento (mais ou menosexatamente) pela criao de smbolos convencionais para representar idias.Porque ento devem certas iluses conflitar e levar seus criadores a sofrer?Pode se supor que estas formas fantasma poderiam se misturar como sombrasem uma sala com diversas fontes de luz. Mas ns temos expressamentedesenhado nossos fantasmas, deste modo, eles podem fazer contatosdefinidos; conseqentemente, embora A e B sejam grifos sem substncia e

    arbitrrios para sons sem sentido ns no podemos us-losindiscriminadamente, como se algum pudesse escrever Blight(frustar) porAlight(em chamas).Ns sofremos quando nossas iluses fazem contatos desarmnicos com outrasiluses, porque ns algumas vezes (muito freqentemente!) esquecemos a suanatureza e a nossa prpria. Ns pensamos em ns como se envolvidos noconflito, embora ns saibamos que a resoluo da luta o verdadeirodispositivo pelo qual nos tornamos conscientes de ns mesmos e de nossasrelaes com os outros, o aparente antagonismo no mais do que umaoportunidade para aumentar nossa compreenso do cosmos e nossacapacidade de conte-lo. O "patriota" protesta contra a palavra "amour", e sofrea penalidade de sua iluso de que a palavra "love" a realidade do amor, anica expresso da idia; o filsofo aceita "amour" como um sinnimo, ficacontente que o conflito do smbolos seja uma fraude , e se deleita em

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    encontrar a palavra "love" em seus lbios Oxonianos (da universidade deOxford) fundida em "amour" nos lbios de sua amante, como os beijos nassombras de Sorbonne e descobre a sublimidade do seu Eu velado, e o xtasede render-se ao outro, ambos o Dois como o Um- regozijando-se noConhecimento de si mesmo atingido pelo Mistrio da separao em esprito emanifestao na matria.

    Mas uma alma pode estar to absorvida nestes erros que pensa que umaincompatibilidade real possvel. Deste modo, ela levada a atacar o jogo deiluses , e procurar prevenir as suas projees.A natureza sexual do homem a mais intensa expresso de si mesmo; seuesforo inconsciente, assim, informa seu consciente da sua Vontade. Sexo ,deste modo, raramente intelegvel para o seu possuidor, salvo em termosmuito parciais e ambguos. Isto supremo e sagrado para ele e interferir comesta expresso, ou tentar edita-la, um crime abominvel. Mas estasacralidade que faz com que algumas pessoas pensem que as suaspeculiaridades sejam verdades universais. Este erro tem causado maisdesastres que todos os outros combinados; pois a guerra um erro absoluto, e conduzida com crueldade insana s custas de uma srie de atrocidades,infligindo sofrimento mesmo por pequenas feridas, as quais, quase semprealeijam, e mais severamente, em algum momento, matam. A maldio dasdeformaes morais hereditria, e todo o organismo infectado pela doenade uma s parte deste, a qual a idia geradora pela qual o carter do todo determinado.Para eliminar o erro necessrio investigao elaborada e infatigveisesforos. A ferida deve ser profundamente esquadrinhada e limpa antes quepossa cicatrizar. Anestsicos e ungentos agravam o caso.No podemos entrar, neste momento, em detalhes sobre o tratamento

    curativo, o qual difere de paciente para paciente.Mas o princpio bsico em tudo estabelecer um entendimento da natureza dosexo, para fazer de todas as suas formas algo familiar, e todas igualmenteapropriadas para a pessoa que as prefere. O paciente acostumado a analisaro "choque" e torna-se imune a ele. Ele ensinado a observar suas prpriasreaes a vrias prticas, assim como a aperfeioar sua tcnica.Como a cura continua, ocorre que vrias aberraes do instinto,supostamente incurveis, desaparecem, ou ao menos perdem sua importncia.Isto acaba em auto-confidncia serena e na total destruio do poder deirritao perversa que interrompe as funes da mente.