Sobre o Aborto

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Alguns argumentos sobre a legalização do aborto.

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Centro de Ensino Mdio 09 de Ceilndia Professor(a): Breno Disciplina: Filosofia

A FAVOR DO ABORTO

Srie/ Turma: 2 ano GJulho/ 2015

Alunos:Douglas CaetanoEduarda Evellyn Meneses Gabriel MndegoGenna GuilhermeHelenLeandroLucas Gabriel Lus FelipeMagnoNatlia PatrciaPedroRayaneStefanyVanessa K.Victor AfonsoVincius

Argumentos Feministas

Em um estudo em escala global, feito pelaWorld Health Organizationem Geneva e o Guttmacher Institute emNew York, e publicado no Lancet (disponvelaqui, em ingls) foi concludo que onmero de abortosem pases em que o aborto legalizado e pases em que proibido ou restrito estatisticamente IGUAL.Isso implica em principalmente duas coisas:A criminalizao do aborto NO REDUZ o nmero de abortos.Se o aborto legalizado, o nmero de abortos NO AUMENTA.Veja s esta concluso. Caso o aborto seja crime ou no, restrito ou no,o nmero de abortos permanece exatamente o mesmo. Ou seja, independente dalegislao deum pas, um nmero x de fetos sero abortados.Qual a opo que salva mais vidas?

O Feminismo escolheu a opo que salva mais vidas.Escolhemos a opo que salva um maior nmero de pessoas. Independente de estas pessoas serem nascidas ou no. Independente destas pessoas serem 'culpadas ou no, estigmatizadas pela sociedade ou no.E o feminismo ainda faz mais: Vrios estudos, inclusive o citado acima, comprovam que o que REALMENTE reduz abortos oacesso livre e fcil a mtodos anticoncepcionais.E o feminismo sempre foi, em seus vrios movimentos, o grande defensor de facilitar o acesso a anticoncepcionais, mesmo enquanto este acessoest sendo restrito at hoje.Ento, no h nenhuma 'hipocrisia feminista em ser a favor da descriminalizao do aborto. Mesmo quando o feto considerado um ser humano. A deciso, que est se difundindocada vezmais pelo mundo, de o aborto deixar de ser um crime, o resultado de uma anlise profunda de causas e efeitos sobre a vida das pessoas - e a deciso LGICA a se tomar quando se defende o direito de todas as pessoas vida.

A mulher tem o direito de tomar decises num assunto que diz respeito sua vida como o da maternidade.

A maternidade no desejada fonte de problemas futuros para a mulher, para o casal, para as famlias e, sobretudo, para as crianas delas nascidas. uma deciso que afeta no s a vida da mulher, mas a vida do casal envolvido e, caso exista, o contexto familiar. Podem ocorrer problemas na futura vinculao afetiva entre a me e a criana nascida quando a gravidez vivida em sofrimento. A IVG quando considerada crime promove a perseguio s mulheres que abortam. Embora no haja mulheres na priso, h mulheres com pena suspensa. Dezenas de mulheres so perseguidas, sujeitas a exames mdicos humilhantes e expostas opinio pblica. O aborto clandestino um problema de sade pblica. O acesso ao aborto legal permite reduzir progressivamente o recurso ao aborto. A defesa ao acesso ao aborto legal est associada preveno das gravidezes no desejadas. Nenhum sistema de sade entrou em colapso depois da despenalizao da IVG. Proibir no elimina o recurso ao aborto. Quando as mulheres sentem que ele necessrio fazem-no, mesmo que no seja em segurana. Um aborto mal feito pode ter consequncias graves para a sade da mulher. Definir um feto (um embrio ou mesmo um ovo) como uma "pessoa", com direitos iguais ou mesmo superiores aos de uma mulher - uma pessoa que pensa, sente e tem conscincia - um absurdo. A proibio do aborto discriminatria em relao s mulheres de baixo nvel socioeconmico, que so levadas ao aborto auto-induzido ou clandestino. As mais diferenciadas economicamente podem sempre viajar para obter um aborto seguro. O primeiro direito da criana ser desejada. A possibilidade de escolha boa para as famlias. Uma gravidez indesejada pode aumentar tenses, romper a estabilidade e empurrar as pessoas para baixo do limiar de pobreza.Um mau argumento usado pelos defensores da legalizao do aborto o argumento feminista deque o corpo das mulheres, pelo que as mulheres que sabem o que ho de fazer com ele. Este argumento limita-se a fugir

questo porque as feministas nunca chegam a dizer nada acerca do estatuto moral do feto nunca dizem se o feto tem, ou no, o direito vida. Esta uma falha grave pela seguinte razo: Se o argumento das feministas fosse, simplesmente, o de que "o corpo da mulher, a mulher que sabe o que h-de fazer com ele", ento isso implicaria que seria moralmente permissvel abortar at no nono ms. Afinal, no nono ms a criana ainda est no ventre da me. As feministas podem agora aceitar esta concluso, ou rejeit-la. Imaginemos que a aceitam. Nesse caso, ficam com a dificuldade de explicar porque que no podemos matar uma criana recm-nascida. Afinal, podamos mat-la dois minutos antes, mas agora j no? Isso parece extremamente arbitrrio. Imaginemos agora que as feministas rejeitam a concluso de que moralmente permissvel abortar no nono ms. Nesse caso, tero de nos dizer a partir de que altura que o feto, ainda na barriga da me, comea a ter o direito vida. Independentemente de como escolham responder a este problema, uma coisa certa: ao admitir que no moralmente permissvel abortar no nono ms, uma feminista ter acabado de abandonar o argumento de que "o corpo da mulher, a mulher que sabe o que h-de fazer com ele". O mximo que uma feminista poder dizer que, at determinado estdio da gravidez, moralmente permissvel abortar. A partir dessa altura, o feto adquire o direito vida. De qualquer maneira, se o argumento feminista de que "o corpo da mulher, a mulher que sabe o que h-de fazer com ele" fosse mesmo levado a srio, ento isso teria a implicao de que a prostituio devia ser legalizada. Afinal, o corpo da mulher. Todavia, quase certo que qualquer feminista que se preze se opor legalizao da prostituio, com o argumento habitual de que a prostituio degrada a mulher condio de mero objeto sexual.H um mau argumento usado pelos opositores da legalizao do aborto que no , em bom rigor, um argumento: apenas o chamado apelo s emoes. Atuando do perodo imediamente precedente ao referendo, assisti, com algum desconforto, a uma campanha chamada "No matem o Zzinho", a qual, se no estou em erro, distribuiu vdeos em que eram mostrados abortos verdicos. Tambm constatei que houve pelo menos um partido que ps fotografias de bebes sorridentes emoutdoors.E, de um modo geral, em vez de se falar em zigoto, embrio, ou feto, falava-se na "criana ainda por nascer". certo que os defensores da legalizao tambm recorriam, aqui ou ali, a linguagem envenada, como por exemplo quando se referiam ao feto como "um amontoado de clulas". Mas o apelo

s emoes por parte dos defensores da legalizao no foi, ainda assim, to descarado como o apelo s emoes por parte dos opositores da legalizao. Suspeito que um nmero considervel de votantes tenham sido influenciados por essas imagens e mudado, consequentemente, as suas intenes de voto. Esta uma maneira deplorvel de conduzir uma campanha. Os outros maus argumentos a favor e contra a legalizao do aborto que tive a oportunidade de analisar na seco anterior e nesta (e que continuarei a analisar na prxima seco) so apenas isso: maus. Mas o apelo s emoes no apenas um mau argumento: um argumento perigoso. a prpria histria do sculo XX que no-lo ensina.Um dos argumentos mais frequentemente avanados pelos defensores da legalizao o de que, enquanto o aborto continuar a ser ilegal, as mulheres pobres f-lo-o na mesma, sempre em condies precrias, e s "madames" bastar apenas ir a Espanha ou apanhar um avio para Londres para se desembaraarem.Moralda histria: os pobres que se lixam. Na melhor das hipteses, os opositores da legalizao so ingnuos; na pior das hipteses, so hipcritas. No difcil ver porque que este um mau argumento. Pense no seguinte: devido recente mediatizao do fenmeno da pedofilia em Portugal, de crer que as redes pedfilas em Portugal venham a reduzir substancialmente as suas actividades, pelo menos nos prximos tempos. Contudo, quem tenha dinheiro pode facilmente apanhar um avio para pases onde a pedofilia seja quase impune ou pode, at, importar crianas desses pases. Moral da histria: quem no tiver dinheiro para ir fazer turismo sexual ao estrangeiro ou para mandar vir crianas de fora que fica privado de poder manter relaes pedfilas; os pedfilos pobres que se lixam. Ser este um bom argumento a favor da legalizao da pedofilia? bvio que no. O mesmo argumento, quando empregue a favor da legalizao do aborto, s parece mais convincente porque se limita a fugir questo.Acho que a maior parte dos opositores da legalizao defende apenas a tese moderada de que o aborto deve apenas ser permitido em caso de violao. Mas h que olhar com ateno para a argumentao geralmente aduzida. Os opositores da legalizao dizem que o aborto errado porque o feto tem odireito vida. Mas o problema o de que, se isso assim, ento um feto gerado por violao tem tanto direito vida como um feto gerado voluntariamente. O estatuto moral do feto no varia de acordo com o modo como foi gerado. De modo a completarmos a explicao, devemos

acrescentar qualquer coisa como: imoral abortar apenas nos casos em que feto foi gerado voluntariamente, porque s nessa situao que a mulher ter tido responsabilidade directa pela gravidez. Mas isso seria como se eu dissesse a uma pessoa metida em apuros: eu no tenho qualquer responsabilidade pelo facto de teres acabado nessa situao; logo, no tenho qualquer dever de te ajudar. Isto claramente falso. Se ns vamos a passar na estrada e vemos uma pessoa atropelada no cho, temos o dever de a ir ajudar. Logo, o simples facto de a mulher no ter gerado o feto voluntariamente em caso de violao no chega para justificar a permissibilidade moral do aborto em caso de violao. Temos de fornecer mais algum argumento para explicar porque que, no caso da mulher ter sido violada, continuar a gravidez apenas um dever supererogatrio, um dever cujo cumprimento no nos estritamente exigido. A concluso de tudo isto a seguinte: Se o feto tem o direito vida, ento tem-no independentemente de a gravidez ter tido origem num acto voluntrio da mulher ou em violaco. Sobre quem acredita que o feto tem o direito vida recai o fardo de explicar porque que permissvel recorrer ao aborto em caso de violao. As pessoas nem sempre se apercebem disto.Por que Legalizao do Aborto?As recentes declaraes favorveis legalizao do abortotais como do Ministro da Sade, Jos Gomes Temporo , do governador do Rio de Janeiro, Srgio Cabral Filho, dentre outras reascenderam em todo pas um velho e polmico debate: a legalizao do aborto. A recente legalizao no Mxico, o resultado favorvel legalizao do plebiscito portugus e a vinda do papa ao Brasil colocaram ainda mais lenha na fogueira. Nos ltimos meses essa questo tornou-se central para o Coletivo Feminista.

Porque legalizao?OCdigo Penalbrasileiro (art. 128) considera a prtica do aborto no punvel em caso de risco para a gestante e gravidez resultante de estupro. Recentemente o Poder Judicirio vem autorizando o aborto em caso de anomalia fetal grave, incompatvel com a vida extra-uterina, como o caso de fetos anencfalos. Mas essa legislao no impede que milhares de mulheres realize todos os anos abortos que no se enquadram em nenhuma das trs situaes.Estima-se que no Brasil so realizados 1 milho de abortos por ano.Segundoa OMS globalmente h um abortamento inseguro para cada 7 nascidos vivos. NaAmrica Latinae Caribe, a situao ainda mais grave:

h mais de um aborto inseguro para cada trs nascidos vivos. Abortos inseguros representam a quarta causa de mortalidade materna e a segunda causa de internao obsttrica no pas. Isso representa umalto custopara o SUS (140 milhes por ano). Os elevados custos e a alta mortandade so fruto da condio clandestina na qual os abortos so realizados no pas. importante lembrar que quem morre no pas em decorrncia de aborto so, na maioria absoluta mulheres pobres que , no dispondo de meios financeiros para realizar um aborto seguro, utilizam-se dos mais bizarros mtodos (tombos,agulha de tric) ou recorrem aos chamados 'aougueiros'. A penalizao do aborto somente dificulta e encarece a realizao de um aborto para as mulheres das classes dominantes (que pagam de 2 a 3 mil reais por um aborto) enquanto representa mutilao e morte para muitas mulheres das camadas populares. Esse quadro um retrato da sociedade brasileira marcada por desigualdades gritantes e privilgios. O Estado prefere, por sua vez, prefere, em muitos momentos, fingir que o problema no existe. O mais recente documento relativo Sade da Mulher, o PNAISM (Poltica Nacional de Ateno Integral Sade da Mulher), quevisa reduzir a mortalidade feminina por causas evitveis, apesar de enfocar pontos importantes como a questo da contracepo, no menciona a questo da legalizao do aborto.

O aborto legalizado em mais de 35 pases do mundo. Mesmo pases de maioria catlica como Itlia e Portugal realizam abortos em caso de desejo da mulher. Infelizmente no Brasil,apesar devivermos num Estado pretensamente laico, so argumentos religiosos que embasam a maioria das discusses sobre leis relativas ao aborto. As mais diferentes religies unem-se em defesa da vida do embrio e do direito deste. A mulher tratada meramente como um receptculo desse embrio. E o direito vida dessa mulher, acaba a partir do momento que o vulo fecundado?Quem deve decidir sobre sua vida?Ns mulheres temos o direito de decidirmossobrenosso prprio corpo, sobre se queremos ou noter filhos, como e quando. Consideramos que o Estado deve fornecer a todas as mulheres todos os mecanismos de evitar umagravidez indesejadapor isso queremos educao sexual nas escolas, vulgarizao dosmtodos anticoncepcionaise facilidade de acesso aos mesmos. Mas para alm de tudo isso reivindicamos o aborto livre e gratuito para todas as mulheres que, pelos mais diferentes motivos, decidirem interromper a gravidez. O Coletivo feminista convidatodasa se engajar nessa luta.

Meu corpo, minhas regras. Essa frase tem aparecido em cartazes e mesmo no corpo das novas feministas. A chamada Marcha das vadias tem repetido isso. A ideia bsica a seguinte: se eu digo no, ento no, ou seja, no quero sexo. Ou ento: visto a roupa que eu quero e isso no lhe d o direito de me abordar sem meu consentimento prvio. Essas frases, no explicitamente e sim de modo indireto, fazem parte de um conjunto maior a respeito da apropriao do corpo da mulher pela mulher.As frases so novas. O tema do aborto velho. Mas o tema do aborto , agora, tambm caudatrio dessa maneira de conversar.Amulhere s a mulher dona de seu corpo. Eis a uma frase das feministas e da maior parte dos movimentos ditos deesquerda. Na sequncia dessa frase h sempre a bandeira da descriminalizao do aborto. O argumento desses grupos o mesmo h dcadas: primeiro, s a mulher pode decidir se ela vai ser portadora de um filho e deve dar a luz ao garoto ou no; segundo, h mulheres morrendo por causa do aborto clandestino, e a quantidade no pequena.Os dois argumentos so frgeis. Alis, se olharmos bem, o primeiro um argumentolibertriode carter conservador. Osegundo um argumento que beira um arremedo de utilitarismo ingls.Brevemente, abordo ambos.Primeiro. Do ponto devistaindividual, dizer que a mulher proprietria de uma criana por causa de que um beb est como que um rgo no seu corpo , para muitos, um erro. Vamos supor que um beb no seja um ser vivo, ainda assim a frase no convence muito. fcil encontrar quem nos lembre, no sem razo, que ningum pode sair por a arrancando seus rgos. Estamos conscientes, claro, e no de maneira tola, da tese de que se o indivduo individual isso no equivale afirmao de que ele pode ser irresponsvel socialmente. Podemos sair por a sem cinto de segurana na base de dizermos que a vida nossa? Ningum mais acredita nisso, fora aqueles que dizem que querem ter o direito de ser idiota.Segundo. Doponto de vistada coletividade, para endossar uma prtica qualquer levando em conta o que feito, ou seja, o que j acontece na realidade, necessrio estar realmente convencido que o que feito efetivamente menos mal do que o que se pede em troca. Ora, muitos entre

ns, e que so razoveis, no se sentem confortveis em dizer que podemos ficar arrancando rgos de nosso corpo por a, legalmente, porque do contrrio as mulheres vo arrancar mesmo, ilegalmente, e ento morrer.Assim, a partir de uma argumentao dentro de uma tica laica, e mesmo com um tompragmtico, ou seja, a partir de uma tica que no est discutindo metafisicamente quando a vida comea, difcil assimilar meu corpo, minhas regras quando tal frase quer servir ao deixe-me arrancar um rim ou um pulmo ou um feto nohospital pblico, porque se voc no me deixar fazer isso no hospital pblico eu vou arrancar em casa! Ou ento: eu corto minhas unhas e meus cabelos, por isso posso cortar outras coisas do meu corpo.Mas h mais ainda contra essa argumentao que pede a liberao do aborto, e que em poca eleitoral se transforma na expresso evasiva aborto umaquesto de sadepblica. Trata-se da constatao de que os tempos so outros. No estamos lidando com a situao da gravidez inexorvel. O nmero de mtodos anticoncepcionais cresceu muito. H at as plulas ps-coito, e para mais do que um ou trs dias aps o sexo. Financeiramente, o estado e a sociedade gastaria menos energia em campanhas de distribuio de tais plulas e de uso de camisinha que por meio de qualquer outro procedimento. Sem contar que, no caso do uso da camisinha, a questo de se prevenir doenas tornou tal campanha um imperativo. No h como no faz-la. Desse modo, a prpria no concepo j exigida pelo uso de camisinha em uma sociedade como a nossa, que no pode deixar de no s fazer a campanha pelo seu uso como ampli-la a cada ano. Uma sociedade que faz campanha para que as meninas antes do incio da vida sexual tomem vacina que iro proteg-las um ou dois anos mais tarde, quando se iniciarem sexualmente, est pronta para fazer campanhas mais fceis, capaz de instruir sobre tudo o mais a respeito de preveno de filhos, doenas etc.Esse ltimoargumento decisivo em relao ao tema do aborto. Muitas feministas, diante dessa argumentao, ficam desarmadas. Agem ento como aquele que querjustia sociale, para tal, nunca abre mo do nome marxismo e socialismo. Quer ver sua doutrina vencer no mercado de doutrinas mais do que quer ver a justia social sendo implantada. Assim agem tais feministas. Querem o aborto hoje porque as feministas de ontem queriam. Elas no podem pensar diferente do que j foi pensado! Sentem

que estariam traindo a causa ao se tornarem mais inteligentes. Sentem-se derrotadas mesmo se obtiverem uma vitria por outros meios.Agora, se o argumento pr-vida voltar baila, ento mais ainda as feministas no podero falar. E isso no porque os que vierem a fazer objeo a elas podero lanar mo da divinizao da concepo. Nada disso. Podero simplesmente falar porque qualquer nietzschiano sabe que, de um ponto de vista nada religioso, aafirmao da vida algo que temnos conquistado atualmente. Somos cada vez mais a favor da vida dos animais, da vida feliz para as crianas enquanto so crianas de qualquer idade, davida saudvelda mulher, da vida dos que no mereciam viver. Afirmar a vida como Nietzsche nos coloca, hoje em dia , em grande medida, uma reafirmao da vida, em um sentido social, como Marx tambm nos sugeriu. O cristianismo pode ser um desvalorizador da vida. Os no religiosos no.

Legislao nos pases onde o aborto permitido

Segundo a OMS (Organizao Mundial da Sade), cerca de 19 milhes dos abortos so realizados anualmente de forma insegura, resultando na morte de 70 mil mulheres. De acordo com a ONU (Organizao das Naes Unidas), leis mais restritivas contribuem para aumentar a mortalidade por abortos inseguros.

A legalizao do aborto evita o sofrimento desnecessrio e/ou a morte de muitas mulheres. A legislao restritiva do aborto viola os direitos humanos das mulheres estabelecidos com base na Conferncia Internacional sobre a Populao e o Desenvolvimento das NU no Cairo, na Quarta Conferncia Mundial das Mulheres em Pequim e na Declarao Universal dos Direitos Humanos (artigos 1 & 3 &12 &19 & 27.1).

A maioria da populao do planeta vive em pases com legislao liberal. A comear pela China, onde o controle demogrfico uma estratgia fundamental do governo. O Japo um caso especial, visto que no restringe o aborto mas probe radicalmente as plulas anticoncepcionais. O resultado uma alta taxa de aborto (veja quadro ao lado). Poucos pases admitiam o aborto at apenas trs dcadas atrs. A liberalizao na Inglaterra, em 1967, considerada um marco no processo. O grupo dos pases onde o aborto inteiramente ilegal bem homogneo.

Em 56 pases , o aborto permitido sem nenhuma restrio. No Uruguai, a mulher que no deseja levar a gravidez adiante pode abortar at a 12 semana, enquanto no caso de ter sido vtima de estupro tem o direito de abortar at a 14 semana.

Na Sucia, esse direito se estende at a 18 semana, enquanto na Noruega permitido em todos os casos at a 12 semana e precisa de autorizao judicial depois disso; mas, em geral, os pases onde o aborto legalizado permitem que a gravidez seja interrompida no primeiro trimestre.

EUA:Regulamentado em mbito estatal desde 1973 sob a diretriz daSuprema Corte Roe v. Wade, o aborto legalizado em todo o territrio norte-americano. Na maioria dos estados, permitido realizar o procedimento at o momento do nascimento, em casos de riscos para a me. Entretanto, desde 2010, em estados com orientao conservadora e com os Republicanos em maioria no legislativo, aproximadamente130 leis que restringem o aborto foram aprovadas. Em outubro de 2013, por exemplo, o estado do Texas aprovou uma legislao que endureceu a aprovao do procedimento. Como consequncia, aponta pesquisa recente, houve aumento de autoabortos no estado, comparado ao restante dos EUA.Canad : O aborto no restringido pela lei canadense. Desde 1969 que a lei permite a prtica de aborto em situaes de risco sade, e, a partir de 1973, a interrupo voluntria da gravidez deixou de ser ilegal. O Canad um dos pases do mundo que d mais liberdade de fazer um aborto; o acesso ao aborto fornecido pela assistncia mdica pblica para os cidados canadenses e para os residentes permanentes, nos hospitais do pas.

Espanha:Em dezembro do ltimo ano, o pas aprovou um projeto que restringe aLei Orgnica de Proteo aos Direitos Humanos, na qual o aborto era permitido sob qualquer circunstncia, que estava em vigor at ento. Atualmente, o procedimento s permitido em caso de perigo grave contra a sade fsica e psquica da mulher, ou estupro, at a 12 semana.Com a nova legislao, no caso de m formao do feto, as mulheres precisam provar que o diagnstico pode causar danos sade psicolgica para terem autorizao de abortar.

Argentina:Alegislao permite a realizao de abortos em casos de risco vida e sade da me, estupro e abuso a uma mulher incapacitada. No entanto, o pargrafo que regulamenta a questo gera diferentes interpretaes entre juzes e mdicos, causando polmicas. Em 2013, um hospital em Buenos Aires se negou a realizar o aborto, se valendo de uma interpretao da lei, utilizada frequentemente por grupos conservadores. O Ministrio da Sade da provncia de Buenos Aires precisou intervir na ocasio para garantir o direito da mulher ao aborto.

No comeo deste ms, deputados argentinos apresentaram no Congresso um projeto de lei para a descriminalizar o procedimento. O objetivo, afirmam os congressistas, acabar com os elevados ndices de mortalidade materna no pas.Segundo dados oficiais, 500 mil abortos so realizados na Argentina a cada ano.

Cuba: permitido desde 1965. A mulher pode fazer o procedimento por qualquer motivo at a 10 semana de gestao. Aps a legalizao, pesquisas indicaram queda acentuada de mortalidade materna, alm da diminuio da taxa de fecundidade no pas. Cuba e Paraguai so os nicos pases da Amrica Latina que permitem a realizao do procedimento em qualquer circunstncia.

Frana: permitido por lei na Frana, por qualquer motivo, at a 12 semana de gravidez. A legislao do pas tambm exige o aconselhamento da mulher durante o processo. At o incio do ano, era permitido quando a mulher estivesse em situao de desamparo. Aps a aprovao de uma emenda na Assembleia Nacional, em janeiro, o procedimento passou a ser permitido nos casos em que a mulher no queira dar procedimento com a gravidez.

Nicargua: NaNicargua, o aborto proibido em qualquer circunstncia e durante todo o perodo da gestao.

Alemanha : O aborto permitido at s doze semanas a pedido da mulher aps aconselhamento mdico, ou em consequncia de violao ou outro crime sexual. tambm permitido aps as doze semanas por razes mdicas que possui, segundo a lei alem, uma definio lata, incluindo sade mental e condies sociais adversas.A interrupo da gravidez regulada na Alemanha pelo Artigo 218 doCdigo Penal.Segundo dados daEurostat, a taxa de abortos legais manteve-seentre 20 e 21% de 1980 a 1985, tendo diminudo at 13% em 1995. Em 1996 houve um aumento abrupto para 16%, mantendo-se em 1997 e a taxa de 2000 foi de 18%.

ustria: O aborto permitido at as doze semanas a pedido da mulher (lei de 1975). Permitida aps as doze semanas em caso de perigo de vida, risco de malformao do feto, mulher menor de 14 anos.Segundo dados daEurostat, a taxa de abortos legais manteve-seestvel em cerca de 15% de 1960 a 1974, tendo em 1975 tido um salto para 28% e diminuindo gradualmente at 17% em 1988. Em 1989 houve uma quebra significativa para 4.1% tendo mantido valores entre 3.9% e 2.8% desde ento.

Blgica: O aborto permitido at as doze semanas quando a gravidez coloca em risco a mulher, razes sociais ou econmicas. Permitida aps as doze semanas em caso de srio risco para a sade.

O que importa que a lei desses pases garantiu a autonomia das mulheres e reduziu drasticamente (at zerou) a morte de mulheres por aborto.No Brasil, o aborto legal quando a gravidez decorrente de estupro, quando h risco de morte para a me ou se o feto anencfalo (no possui crebro).A lei determinar que a mulher tem direito ao aborto nesses casos no significa que seja fcil: mesmo amparada pela lei ela encontra dificuldades de ser atendida, sendo no poucas vezes maltratada pelos profissionais de sade que tm a obrigao, pela legislao, de acolh-la.O maltrato nos hospitais tambm experimentado por mulheres que sofrem aborto espontneo. Mesmo nesses casos as mulheres so tratadas como criminosas, vistas com desconfiana e suas vidas so colocadas em risco. Por isso a legalizao do aborto deve ser mais ampla, alm de garantir medidas para que as mulheres sejam atendidas com dignidade, em todos os casos.

Quando a vida comea para a cincia A cincia explicaO astrnomo Galileu Galilei (1554-1642) passou a vida fugindo da Igreja por causa de seus estudos de astronomia. Ironicamente, sem uma de suas invenes o telescpio, fundamental para a criao do microscpio , a Igreja no teria como fundamentar a tese de que a vida comea j na unio do vulo com o espermatozoide. Foi somente no sculo 17, aps a inveno do aparelho, que os cientistas comearam a entender melhor o segredo da vida. At ento, ningum sabia que o smen carregava espermatozoides. Mais tarde, por volta de 1870, os pesquisadores comprovaram que aqueles espermatozoides corriam at o vulo, o fecundavam e, 9 meses depois, voc sabe. Foi uma descoberta revolucionria. Fez os cientistas e religiosos da poca deduzir que a vida comea com a criao de um indivduo geneticamente nico, ou seja, no momento da fertilizao. quando os genes originrios de duas fontes se combinam para formar um indivduo nico com um conjunto diferente de genes.Que bom se fosse to simples assim. Hoje sabemos que no existe um momento nico em que acontece a fecundao. O encontro do vulo com o espermatozoide no instantneo. Em um primeiro momento, o espermatozoide penetra no vulo, deixando sua cauda para fora. Horas depois, o espermatozoide j est dentro do vulo, mas os dois ainda so coisas distintas. Atualmente, os pesquisadores preferem enxergar a fertilizao como um processo que ocorre em um perodo de 12 a 24 horas, afirma o bilogo americano Scott Gilbert, no livro Biologia do Desenvolvimento. Alm disso, so necessrias outras 24 horas para que os cromossomos contidos no espermatozoide se encontrem com os cromossomos do vulo.Quando a fecundao termina, temos um novo ser, certo? Tambm no bem assim. A teoria da fecundao como incio de vida sofre um abalo quando se leva em considerao que o embrio pode dar origem a dois ou mais embries at 14 ou 15 dias aps a fertilizao. Como uma pessoa pode surgir na fecundao se depois ela se transforma em 2 ou 3 indivduos? E tem mais complicao. bem provvel que o embrio nunca passe de um amontoado de clulas. Depois de fecundado numa das trompas, ele precisa percorrer um longo caminho at se fixar na parede do tero. Estima-se que mais de 50% dos vulos fertilizados no tenham sucesso nessa misso e sejam abortados espontaneamente, expelidos com a menstruao.Alm dessa viso conhecida como gentica, h pelo menos outras 4 grandes correntes cientficas que apontam uma linha divisria para o incio da vida. Uma delas estabelece que a vida humana se origina na gastrulao estgio que ocorre no incio da 3 semana de gravidez, depois que o embrio, formado por 3 camadas distintas de clulas, chega ao tero da me. Nesse ponto, o embrio, que menor que uma cabea de alfinete, um indivduo nico que no pode mais dar origem a duas ou mais pessoas. Ou seja, a partir desse momento, ele seria um ser humano.Com base nessa viso, muitos mdicos e ativistas defendem o uso da plula do dia seguinte, medicao que dificulta o encontro do espermatozoide com o vulo ou, caso a fecundao tenha ocorrido, provoca descamaes no tero que impedem a fixao do zigoto. Para os que brigam pelo o direito do embrio vida, a plula do dia seguinte equivale a uma arma carregada.Para complicar ainda mais, h uma terceira corrente cientfica defendendo que para saber o que vida, basta entender o que morte. E pases como o Brasil e os EUA definem a morte como a ausncia de ondas cerebrais. A vida comearia, portanto, com o aparecimento dos primeiros sinais de atividade cerebral. E quando eles surgem? Bem, isso outra polmica. Existem duas hipteses para a resposta. A primeira diz que j na 8 semana de gravidez o embrio do tamanho de uma jabuticaba possui verses primitivas de todos os sistemas de rgos bsicos do corpo humano, incluindo o sistema nervoso. Na 5 semana, os primeiros neurnios comeam a aparecer; na 6 semana, as primeiras sinapses podem ser reconhecidas; e com 7,5 semanas o embrio apresenta os primeiros reflexos em resposta a estmulos. Assim, na 8 semana, o feto que j tem as feies faciais mais ou menos definidas, com mos, ps e dedinhos tem um circuito bsico de 3 neurnios, a base de um sistema nervoso necessrio para o pensamento racional.A segunda hiptese aponta para a 20 semana, quando a mulher consegue sentir os primeiros movimentos do feto, capaz de se sentar de pernas cruzadas, chutar, dar cotoveladas e at fazer caretas. nessa fase que o tlamo, a central de distribuio de sinais sensoriais dentro do crebro, est pronto. Se a menor dessas previses, a de 8 semanas, for a correta, mais da metade dos abortos feitos nos EUA no interrompem vidas. Segundo o instituto americano Allan Guttmacher, ONG especializada em estudos sobre o aborto, 59% dos abortos legais acontecem antes da 9 semana.Apesar da discordncia em relao ao momento exato do incio da vida humana, os defensores da viso neurolgica querem dizer a mesma coisa: somente quando as primeiras conexes neurais so estabelecidas no crtex cerebral do feto ele se torna um ser humano. Depois, a formao dessas vias neurais resultar na aquisio da humanidade. E essa opinio tambm partilhada por alguns telogos cristos, como Joseph Fletcher, um dos pioneiros no campo da biotica nos EUA. Fletcher acreditava que, para se falar em ser humano, preciso se falar em critrios de humanidade, como autoconscincia, comunicao, expresso da subjetividade e racionalidade, diz o filsofo e telogo Joo Batistiolle, da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.Para o filsofo Peter Singer, da Universidade de Princeton, nos EUA, levado s ltimas consequncias o critrio da autoconscincia pode ser usado para considerar o infanticdio moralmente aceitvel em algumas situaes. Segundo ele, lcito exterminar a vida de um embrio, feto, feto sem crebro ou at de um recm-nascido extremamente debilitado se levarmos em conta que o beb no tm conscincia de si, sentido de futuro ou capacidade de se relacionar com os demais. Se o feto no tem o mesmo direito vida que a pessoa, possvel que o beb recm-nascido tambm no tenha, afirma o filsofo australiano, que atraiu a ira de grupos pr-vida que o acusam de ser nazista, embora 3 de seus avs tenham morrido no holocausto. Pior seria prolongar a vida de um recm-nascido com deficincias graves e condenado a uma vida repleta de sofrimento. o caso de bebs com anencefalia, que no tm o crebro completamente formado. Dos fetos anencfalos que nascem vivos, 98% morrem na 1 semana. Os outros, nas semanas ou meses seguintes. Nesse caso, melhor prolongar a existncia do beb ou abortar para evitar o sofrimento da criana? Provavelmente, a vida de um chimpanz normal vale mais a pena que a de uma pessoa nessa condio. Assim, poderia dizer que h circunstncias em que seria mais grave tirar a vida de um no humano que de um humano, alega Singer. A tese recebida com desprezo no campo adversrio. H testemunhos entre pais de pacientes desenganados pela medicina de que possvel viver uma positividade mesmo dentro da situao de sofrimento, afirma Dalton Luiz de Paula Ramos, professor da USP e coordenador do Projeto Cincias da Vida, da PUC-SP. Em julho de 2004, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar liberando o aborto de fetos anencfalos no pas. A deciso final da Justia, que pode legalizar definitivamente o aborto de anencfalos no Brasil, deve sair a qualquer momento.5ostas da cincia1. Viso genticaA vida humana comea na fertilizao, quando espermatozoide e vulo se encontram e combinam seus genes para formar um indivduo com um conjunto gentico nico. Assim criado um novo indivduo, um ser humano com direitos iguais aos de qualquer outro. tambm a opinio oficial da Igreja Catlica.2. Viso embriolgicaA vida comea na 3 semana de gravidez, quando estabelecida a individualidade humana. Isso porque at 12 dias aps a fecundao o embrio ainda capaz de se dividir e dar origem a duas ou mais pessoas. essa ideia que justifica o uso da plula do dia seguinte e contraceptivos administrados nas duas primeiras semanas de gravidez.3. Viso neurolgicaO mesmo princpio da morte vale para a vida. Ou seja, se a vida termina quando cessa a atividade eltrica no crebro, ela comea quando o feto apresenta atividade cerebral igual de uma pessoa. O problema que essa data no consensual . Alguns cientistas dizem haver esses sinais cerebrais j na 8 semana. Outros, na 20 .4. Viso ecolgicaA capacidade de sobreviver fora do tero que faz do feto um ser independente e determina o incio da vida. Mdicos consideram que um beb prematuro s se mantm vivo se tiver pulmes prontos, o que acontece entre a 20 e a 24 semana de gravidez. Foi o critrio adotado pela Suprema Corte dos EUA na deciso que autorizou o direito do aborto.5. Viso metablicaAfirma que a discusso sobre o comeo da vida humana irrelevante, uma vez que no existe um momento nico no qual a vida tem incio. Para essa corrente, espermatozoides e vulos so to vivos quanto qualquer pessoa. Alm disso, o desenvolvimento de uma criana um processo contnuo e no deve ter um marco inaugural.

BIBLIOGRAFIAhttp://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/faq-do-aborto-legal-7594.htmlhttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/35023/saiba+como+o+aborto+e+regulamentado+em+sete+paises.shtmlhttp://veja.abril.com.br/idade/educacao/pesquise/aborto/1554.htmlhttp://www.feministacansada.com/post/35488631240http://www.aborto.com/reflexoes.htmhttp://criticanarede.com/aborto1.htmlhttp://coletivofeminista.blogspot.com.br/2008/01/por-que-legalizao-do-aborto.htmlhttp://ghiraldelli.pro.br/o-aborto/http://super.abril.com.br/ciencia/vida-o-primeiro-instantehttp://www.brasilescola.com/biologia/terceiro-mes-gestacao.htmhttp://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/5452/-1/quando-comeca-a-vida.html