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Renato Rossi [email protected] 1 Sobre poleiros 05 mai 2011 – 549 - NR Quando algo é muito sujo, dizem que é mais sujo que pau de galinheiro. Referem-se aos poleiros em geral. Não é sem razão. Quem já viu um poleiro, há de concordar. Nem poderia ser diferente. O poleiro fica ali no galinheiro, parado, a servir de suporte às galinhas. Por sua vez, as galinhas se servem do poleiro e tendo que ali ficar por horas, o pouco que fazem, o fazem sobre o poleiro. Não há como evitar, é a lei. Entre uma conversa e outra, seguem fazendo. E o poleiro vai engordando com o fazer das galinhas. Trata-se porém de uma injustiça, um desvio de função. O poleiro foi concebido para ajudar às galinhas, para seu bem estar, para que, descansadas, possam cumprir sua nobre missão. Serve também ao convívio, eis que ninguém deve ficar sozinho neste mundo, muito menos as galinhas. As galinhas então ficam ali a fazer. Não parecem muito incomodadas com seus feitos e tampouco com os feitos alheios. Acontece que o fazer das galinhas, dia após dia, engordando o poleiro, gerou certa acomodação na fazenda. De longe ninguém nota a sujeira que até parece bonita. Na cidade, nem do cheiro reclamam, pois que chega atenuado quando não modificado. Alegam ser perfume moderno. Eu heim!! Há mesmo uma complacência geral com o galinheiro que dizem ser a sustentação da fazenda e da cidade. Não fora os galinheiros e tudo estaria perdido. A cidade estaria condenada ao fazer dos bichos maiores. Não se iludam, sem o galinheiro, estamos perdidos. Mas que o poleiro não é lá um exemplo de asseio e limpeza, tenham certeza. Bem, há que falar também do ninho, ambiente mais íntimo, destinado ao descanso noturno e à postura, nobre missão de toda galinha. É bem verdade, cada vez mais, a postura diminui, fruto das conversas de poleiro. É claro, o ninho também serve para o amor e para desenvolvimento da prole. Mas isto não é todo dia. Do ninho não se sabe muito, lá as conversas são mais recatadas, quase cochichos. O que se vê é que, quando necessário, as galinhas em seus ninhos não se furtam à dolorosa missão: por ovos. Digo dolorosa pois, dependendo da encomenda, não se limitam ao formato tradicional de trânsito fácil, se me faço entender. Sendo necessário, não hesitam em por um ovo quadrado, a despeito do esforço. O importante é agradar ao dono do galinheiro ou àqueles que fornecem a ração (normal ou de postura). É a vida do galinheiro. Ruim com ele, pior sem ele. Talvez esteja na hora de renovar o plantel.

Sobre poleiros

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Renato Rossi [email protected]

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Sobre poleiros 05 mai 2011 – 549 - NR Quando algo é muito sujo, dizem que é mais sujo que pau de galinheiro. Referem-se aos poleiros em geral. Não é sem razão. Quem já viu um poleiro, há de concordar. Nem poderia ser diferente. O poleiro fica ali no galinheiro, parado, a servir de suporte às galinhas. Por sua vez, as galinhas se servem do poleiro e tendo que ali ficar por horas, o pouco que fazem, o fazem sobre o poleiro. Não há como evitar, é a lei. Entre uma conversa e outra, seguem fazendo. E o poleiro vai engordando com o fazer das galinhas. Trata-se porém de uma injustiça, um desvio de função. O poleiro foi concebido para ajudar às galinhas, para seu bem estar, para que, descansadas, possam cumprir sua nobre missão. Serve também ao convívio, eis que ninguém deve ficar sozinho neste mundo, muito menos as galinhas. As galinhas então ficam ali a fazer. Não parecem muito incomodadas com seus feitos e tampouco com os feitos alheios. Acontece que o fazer das galinhas, dia após dia, engordando o poleiro, gerou certa acomodação na fazenda. De longe ninguém nota a sujeira que até parece bonita. Na cidade, nem do cheiro reclamam, pois que chega atenuado quando não modificado. Alegam ser perfume moderno. Eu heim!! Há mesmo uma complacência geral com o galinheiro que dizem ser a sustentação da fazenda e da cidade. Não fora os galinheiros e tudo estaria perdido. A cidade estaria condenada ao fazer dos bichos maiores. Não se iludam, sem o galinheiro, estamos perdidos. Mas que o poleiro não é lá um exemplo de asseio e limpeza, tenham certeza. Bem, há que falar também do ninho, ambiente mais íntimo, destinado ao descanso noturno e à postura, nobre missão de toda galinha. É bem verdade, cada vez mais, a postura diminui, fruto das conversas de poleiro. É claro, o ninho também serve para o amor e para desenvolvimento da prole. Mas isto não é todo dia. Do ninho não se sabe muito, lá as conversas são mais recatadas, quase cochichos. O que se vê é que, quando necessário, as galinhas em seus ninhos não se furtam à dolorosa missão: por ovos. Digo dolorosa pois, dependendo da encomenda, não se limitam ao formato tradicional de trânsito fácil, se me faço entender. Sendo necessário, não hesitam em por um ovo quadrado, a despeito do esforço. O importante é agradar ao dono do galinheiro ou àqueles que fornecem a ração (normal ou de postura). É a vida do galinheiro. Ruim com ele, pior sem ele. Talvez esteja na hora de renovar o plantel.