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SOCIEDADE DOM BOSCO DE EDUCAÇÃO E CULTURA S/C FACULDADE DE ARTE E DESIGN CURSO DE DESIGN DE MODA ANA FLÁVIA GOMES RIBEIRO NAYARA LUIZA MACIEL RAFAEL RODRIGUES FARIA LUXO, ARTE E LUXÚRIA: TRÊS SUBSTANTIVOS EM FAVOR DA MODA CONTEMPORÂNEA, ANALISADOS ATRAVÉS DAS OBRAS DE HENRI DE TOULOUSE LAUTREC DIVINÓPOLIS 2013

SOCIEDADE DOM BOSCO DE EDUCAÇÃO E CULTURA S/C FACULDADE DE ... · Estou sempre a ouvir a palavra bordel! E, então! Não existe outro lugar onde me sinta tão à vontade (LAUTREC,

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SOCIEDADE DOM BOSCO DE EDUCAÇÃO E CULTURA S/C

FACULDADE DE ARTE E DESIGN

CURSO DE DESIGN DE MODA

ANA FLÁVIA GOMES RIBEIRO

NAYARA LUIZA MACIEL

RAFAEL RODRIGUES FARIA

LUXO, ARTE E LUXÚRIA: TRÊS SUBSTANTIVOS EM FAVOR DA MODA

CONTEMPORÂNEA, ANALISADOS ATRAVÉS DAS OBRAS DE HENRI DE

TOULOUSE LAUTREC

DIVINÓPOLIS

2013

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ANA FLÁVIA GOMES RIBEIRO

NAYARA LUIZA MACIEL

RAFAEL RODRIGUES FARIA

LUXO, ARTE E LUXÚRIA: TRÊS SUBSTANTIVOS EM FAVOR DA MODA

CONTEMPORÂNEA, ANALISADOS ATRAVÉS DAS OBRAS DE HENRI DE

TOULOUSE LAUTREC

Monografia apresentada à Sociedade Dom Bosco de

Educação e Cultura, Faculdade de Arte e Design do

Curso de Design de Moda.

Orientadores: Prof (a): Dardânia Glayse

Prof. Ms: Rodrigo Bessa

Prof (a): Liliane Monteiro

DIVINÓPOLIS

2013

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ANA FLÁVIA GOMES RIBEIRO

NAYARA LUIZA MACIEL

RAFAEL RODRIGUES FARIA

FOLHA DE APROVAÇÃO

LUXO, ARTE E LUXÚRIA: TRÊS SUBSTANTIVOS EM FAVOR DA MODA

CONTEMPORÂNEA, ANALISADOS ATRAVÉS DAS OBRAS DE HENRI DE

TOULOUSE LAUTREC.

MONOGRAFIA APRESENTADA À SOCIEDADE DOM BOSCO DE EDUCAÇÃO E

CULTURA S/C FACULDADE DE ARTE E DESIGN, CURSO DESIGN DE MODA

COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU BACHAREL EM

DESIGN DE MODA.

BANCA EXAMINADORA

Prof.. _______________________________________________ Prof (a): Dardânia Glayse

Prof.. _______________________________________________ Prof. Ms: Rodrigo Bessa Prof.. _______________________________________________ Prof (a): Liliane Monteiro

Prof.. _______________________________________________ Prof (a): Janine Segurado Nunes

Divinópolis, _____,___________,_____

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Aos nossos amados pais presentes e ausentes, sem os quais nada seria possível; e aos fiéis companheiros!

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, por todas as realizações e conquistas,

sem o qual nada seria possível. Aos pais amados que se doaram por inteiro e

renunciaram aos seus sonhos, para que pudéssemos realizar os nossos. Que

depositaram em nós toda a confiança, e nos deram a vida nos ensinando a vivê-la

com dignidade. Aos queridos companheiros que sabem dizer palavras certas em

momentos tão difíceis e compartilham conosco nossas pequenas e grandes alegrias.

Aos mestres que nos incentivaram a sabedoria e amigos que nos acompanharam

nessa trajetória amenizando e dividindo os problemas. A vocês não bastaria dizer,

que não temos palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que nos acontece agora,

quando procuramos uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar.

Amamos vocês!

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Estou sempre a ouvir a palavra bordel! E, então!

Não existe outro lugar onde me sinta tão à vontade

(LAUTREC, ARNOLD, 2005, p.68)

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RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo principal trazer a tona uma realidade

vivenciada no final do século XIX e início do século XX, período conhecido por Belle

Époque. Naquela época, Paris era considerada centro cultural, cujas manifestações

artísticas e novas formas de entretenimento começaram a se evidenciar, como os

cabarés e o can can, entre eles o cabaré Moulin Rouge, que era um dos mais

famosos na França. Por detrás do cabaré descobre-se um renomado artista francês,

que através de suas obras de arte evidenciou a sensualidade e a boemia francesa,

fazendo com que a propagação do Moulin Rouge fosse maior. Realizado estudo a

respeito de elementos históricos da época, sobretudo proposta de se é possível

através das obras de Toulouse Lautrec, identificar detalhes da indumentária das

meretrizes do Moulin Rouge.

PALAVRAS-CHAVES: Toulouse Lautrec. Arte. Moda. Meretrizes. Moulin Rouge.

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ABSTRAC

This article's main objective is to bring forth a reality experienced in the late

nineteenth and early twentieth century, a period known as Belle Époque. At that time

Paris was considered the cultural center, whose artistic expressions and new forms

of entertainment began to show, how can can and cabarets, including the Moulin

Rouge cabaret, which was one of the most famous in France. Behind cabaret

discovers a renowned French artist, who through their works of art showed sensuality

and bohemian French, causing the spread of the Moulin Rouge was bigger. We

conducted a study about the historical elements of that era, especially the proposal is

to analyze whether it is possible through the works of Toulouse Lautrec, identifying

details of clothing whores Moulin Rouge.

KEYWORDS: Toulouse Lautrec. Art. Fashion. Whores. Moulin Rouge.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Henri de Toulouse Lautrec ....................................................... 13

FIGURA 2 – A Amazona ................................................................................. 16

FIGURA 3 – Moulin Rouge La Goulue .......................................................... 17

FIGURA 4 – Jane Avril ................................................................................... 19

FIGURA 5 – Dança no Moulin Rouge ............................................................ 19

FIGURA 6 – Bordados .................................................................................... 22

FIGURA 7 – Cantora francesa Polaire .......................................................... 23

FIGURA 8 – Vestidos para noite .................................................................... 24

FIGURA 9 – Anáguas ..................................................................................... 24

FIGURA 10 – Borzeguins ............................................................................... 25

FIGURA 11 – A dança no Moulin Rouge ....................................................... 29

FIGURA 12 – O Moulin Rouge La Goulue ..................................................... 31

FIGURA 13 – Jane Avril no jardim de Paris .................................................. 32

FIGURA 14 – Goulue entrando no Moulin Rouge ........................................ 32

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2 TOULOUSE LAUTREC E AS MERETRIZES, SUAS HISTÓRIAS DE VIDA E EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS .............................................................. 12

2.1 As vedetas ........................................................................................................ 18

3 BELLE ÉPOQUE E A INDUMENTÁRIA COMPREENDIDAS ENTRE O FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX NA FRANÇA.....................................20

4 ARTE E MODA: A IDENTIFICAÇÃO DA INDUMENTÁRIA DAS MERETRIZES DO MOULIN ROUGE NAS OBRAS DE TOULOUSE LAUTREC......................26 4.1 Análise da indumentária das meretrizes do Moulin Rouge através das

obras de Toulouse Lautrec...............................................................................27

5 CONCLUSÃO.....................................................................................................32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................34

ANEXO...............................................................................................................35

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1 INTRODUÇÃO

A moda está presente no cotidiano da sociedade e se faz cada dia mais

importante, deixando de ser apenas o necessário, mas ainda um objeto de

identidade de cada ser humano.

Na presente pesquisa tem-se por objetivo conhecer sobre a indumentária

compreendida entre o fim do século XIX e início do século XX, exclusivamente de

um grupo da sociedade francesa, as vedetas do cabaré Moulin Rouge. Para que

essa análise seja realizada, antes se faz necessário um estudo sobre o período em

questão, com foco na relação moda e arte. Levando-se em consideração que entre

os séculos XIX e XX, surgiu a Belle Époque na França, e neste mesmo período

diversos elementos culturais entre eles a arte, movimentos como Art Noveau e o

pós-impressionismo.

Dentre os artistas da época, Henri Marie de Toulouse Lautrec Monfa, que

desde criança possuía um incontestável talento artístico e contava com elementos

marcantes e incomuns para a época, considerado, dentre os “ismos” da arte, pós-

impressionista, este movimento “Longe de indicar um grupo coeso e articulado, o

termo se dirige ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as

possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas”

(MACKENZIE, 2011, p. 48).

Lautrec sempre buscou inspirações em fotografias japonesas e gostava de

pintar ações cotidianas e não cenários ou paisagens, mas naturalidades do ser

humano ou de animais. Pertencente a uma família de condes da região de Toulouse

na França, ainda jovem tomou gosto pela vida boêmia e as inspirações que ela

apresentava, contrariando a todos.

Foi quando Lautrec conheceu o cabaré Moulin Rouge, e ficou extasiado com

o ambiente, onde se percebia traços personalíssimos de um grupo da sociedade

francesa. No Moulin Rouge, fez grandes amizades, principalmente com as vedetas,

por elas o artista possuía admiração pelo jeito desinibido de ser, encontrava

naquelas mulheres amantes e confidentes, as pintava em pleno espetáculo ou ainda

em momentos íntimos, sempre retratava da melhor forma sem se preocupar com os

acabamentos mas retratando detalhes específicos como o ambiente e o vestuário.

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A finalidade da pesquisa é identificar se nas obras de Toulouse Lautrec pode-

se ou não perceber traços que definam a riqueza de detalhes da indumentária do

grupo proposto, frisando sempre as dançarinas de can can, que contribuíam para as

espetaculares noites do Moulin Rouge.

Posterior à compreensão do período histórico; e das análises e estudos das

obras, poderemos aprofundar, detalhadamente, o desenvolvimento das coleções de

moda que serão produzidas a partir desta pesquisa, onde o foco será extrair das

obras de Lautrec elementos como formas, cores, tecidos, texturas para as criações.

Toulouse Lautrec contribuiu não somente com suas obras de arte, mas com a

divulgação do Moulin Rouge, suas extensas limitações que serão compreendidas no

decorrer do texto não o impediram de pintar e nem de ficar então conhecido e

admirado.

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2 TOULOUSE LAUTREC E AS MERETRIZES, SUAS HISTÓRIAS DE VIDA E EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

Henri Marie de Toulouse Lautrec Monfa, mais conhecido por Henri de

Toulouse Lautrec, nasceu no dia 24 de novembro de 1864 na cidade de Albi na

França, filho da condessa Adéle de Toulouse Lautrec e Alphonse de Toulouse

Lautrec Monfa.

Lautrec possuía uma grande afeição por sua mãe, com quem manteve um fiel

relacionamento, trocavam confidências e ensinamentos e passavam horas

conversando sobre seu futuro. O pai tinha grande orgulho do filho, por tê-lo como

seu herdeiro; preocupava-se muito com sua formação e estudo, presenteava o filho

com muitos livros e apresentava-o a todos como um homem que seria grande e de

futuro precioso, mas ambos eram indomáveis e teimosos. Mas apesar de todo o zelo

a relação entre pai e filho era mais profissional do que afetiva (ARNOLD, 2005, p. 9 -

11).

A origem da família dos condes de Toulouse possuía participação relevante

na sociedade francesa desde a época das cruzadas, mas o período que interessa na

pesquisa é bem colocado pelo autor Mathias Arnold:

Os membros viviam despreocupadamente em boas condições materiais em diversas propriedades do sul da França, cultivavam a ociosidade e praticavam os passatempos dos ricos: caça, criação de animais, festas e diletantismo musical. Para evitar partilhas e, consequentemente, a redução da propriedade, seguiam, desde há muito, o costume de contrair casamentos consanguíneos, o que, além das agradáveis consequências materiais, podia também trazer consigo consequências biológicas desastrosas (ARNOLD, 2005, p.7)

A família era de um alto nível social, portanto, o pai de Toulouse homem

excêntrico e extravagante, prezava por essa continuidade familiar; e fazia de tudo

para que o filho também se interessasse por tais assuntos, pois almejava que um dia

Lautrec pudesse realmente assumir tal postura.

De acordo com Arnold (2005, p. 7-11), Toulouse levava uma vida

perfeitamente normal, apesar de tantos problemas de saúde e desestrutura familiar.

Ainda jovem, com 10 anos, visíveis sintomas de uma doença óssea hereditária

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começaram a surgir, entre 13 e 14 anos uma tragédia veio a se abater sobre ele,

Lautrec fraturou o fêmur das duas pernas e foi quando a doença se confirmou, ele

sofria de picnodisostose1, a suposta causa diagnosticada pelo médico era o grau

parentesco dos pais. Após a fratura de tudo foi tentado, inclusive terapias um tanto

duvidosas, mas não se obteve resultados, o que causava a má cicatrização das

pernas. Não havia cura, sendo cruelmente obrigado a conviver pelo resto de sua

vida com 1 metro e 52 centímetros de altura, (FIGURA 1), pois só desenvolvia a

parte superior de seu corpo. Toulouse tinha porte de homem, no corpo de um

menino, mas tinha um modo natural de enfrentar a doença.

Seu talento artístico já se dava desde seus 6 anos, foi quando começou a

pintar, inicialmente em cadernos escolares, ou ainda blocos, ele desenhava tudo o

que lhe surgia em mente, ou observava em suas andanças, principalmente pessoas

e animais, os desenhos de criança evidenciavam que Lautrec não era exatamente

um prodígio, mas extremamente dotado. No período da doença, ele teve muito

1 Pycnodysostosis foi cunhado pelo médico francês Maroteaux e Lamy em 1962. A palavra "pyknos",

no grego significa "denso" e da palavra "disostose" significa a formação óssea anormal. É caracterizada por osteoslerosis, baixa estatura, ossos Wormian, último osso dos dedos geralmente curtos, fontanela aberta e várias manifestações orofaciais. Ele caracteriza-se por fractura espontânea. Este manuscrito ilustra esta condição com características clínicas e de gestão relatados na literatura. <http://www.scopemed.org/?mno=26211>Acessado em: 20 de julho de 2013

Figura1 - Henri de Toulouse Lautrec,1892

Fonte: ARNOLD, 2005, p. 94

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tempo para por o seu dom em prática e com isso sua paixão pela arte se

evidenciava (ARNOLD, 2005, p.11-12.)

Em seus primeiros quadros pintados com tinta óleo, surgiam as herdades da

família, seus pais e tios pintavam em horas vagas, mas para ele pintar era muito

mais. Toulouse possuía grande amor pelos animais, portanto foram seus primeiro

pivôs; e como ele não podia montar a cavalo, queria pelo menos pintá-los bem,

posteriormente seu apreço era pintar a mãe ou ainda outras pessoas da fazenda.

Estas pinturas ainda eram uma forma desesperada para chamar a atenção do pai.

Seus pais perceberam logo o seu dom e com o intuito de incentivá-lo

buscaram o auxílio de um amigo, René Princeteau, se embalando na oportunidade

de que faria uma prova em Paris, encontrou tal artista, acabou não passando na

prova, mas numa segunda oportunidade exatamente em novembro de 1881 ele

passou na primeira fase do curso de Liceu (ARNOLD, 2005, p. 15.)

No ateliê de Princeteau, Henri aprendeu como era a vida de um artista profissional. Diferentemente de seu pai e de seus tios, Princeteau ganhava seu sustento com sua arte vendendo quadros, recebendo encomendas e exibindo regularmente em todas as principais mostras. Ele esperava que sua “criança de estúdio” exibisse a mesma espécie de profissionalismo, ás vezes atribuindo a Henri tarefas concernentes à preparação e pesquisa de seu próprio trabalho (FREY, 1997, p.7.)

O pai de Toulouse, com seus amigos pintores foi orientado a procurar um

curso acadêmico para o filho. Finalmente com a ajuda de seu professor Princeteau,

que já havia ensinado tudo ao jovem, pressionou-o até que Lautrec conseguiu

ingressar no ateliê do pintor da moda parisiense, Léon Bonmat. Nas palavras do

próprio Toulouse Lautrec: “Ele disse-me: A sua pintura não é nada má isso é

notável, mesmo nada má, mas o seu desenho é absolutamente medonho. Temos

que nos encher de coragem e começar desde o princípio sempre em frente [...]”

(ARNOLD, 2005, p.15). Toulouse retratou este episódio em cartum. E parecia

apreciar esta rigorosidade do professor. No início de sua aprendizagem Henri

conquistou três amigos Henri Rachou, Louis Anquetin e Albert Grenier. No meio das

férias de Toulouse, ele recebe a notícia de que Bonmat fora nomeado professor na

Ecole Des Beaux Arts, deixando assim seu próprio ateliê; e levou consigo alguns

alunos, Henri não estava entre eles, escreveu ao pai relatando o fato através de um

telegrama que Rachou foi convidado para o ateliê de Cormom, aceitou e assim o

fez, tendo como professor Fernand Piestre (FREY, 1997, p 23-29).

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As influências predominantes na vida de Lautrec se deram através de

Princeteau, Brown, Forain e dos impressionistas. A partir daí, Toulouse Lautrec

passou a assumir um estilo próprio.

Efetivamente, o estudante Lautrec submeteu-se formalmente as regras e costumes do ensino acadêmico, mas parece ter tido, desde o início, ideias pessoais acerca de desenhos e pinturas. Partido dos primeiro estudos a óleo, o observador é confrontado com uma técnica e uma concepção pictoricamente livres que estavam em desacordo com a arte de salão dominante (ARNOLD, 2005, p.15.)

Naquela época Lautrec que até então morava com a mãe, condessa Adéle,

começa a romper os laços com ela e passa a formar uma turma de amigos artistas.

Exatamente em 1884, Toulouse Lautrec junto com alguns amigos mudaram para a

região de Montemartre, e assim o artista liberta-se do academicismo e suas

repressões, pois sentia que isto era necessário apesar de ser difícil, então para

esclarecer e arrumar uma desculpa para os pais ele próprio diz:

É claro que o papá iria considerar-me marginal... tenho de fazer um grande esforço, pois sabes tão bem como eu que é contra a minha vontade que faço uma verdadeira vida de boêmio, à qual tenho dificuldade a me habituar, pois pesa sobre mim um monte de considerações sentimentais de que tenho de me libertar se quero conseguir alguma coisa [...]

(ARNOLD, 2005, p.16).

Naquele momento Toulouse já estava com seus 23 anos, entre sua trajetória

conheceu Vicente Van Gogh, com quem construiu grande amizade e teve como uma

das fontes de inspiração. Até então o ateliê de Carmom ao qual Lautrec e seus

amigos estavam inseridos foi um dos principais difusores da pintura pós

impressionista, mais tarde tal arte foi rotulada de “Cloisonismo”, técnica de esmalte

onde as cores são separadas por filetes de metal (ARNOLD, 2005, p.19.)

Em 1888, Toulouse Lautrec pinta sua primeira grande obra de arte a qual

recebeu o nome de “A Amazona” (FIGURA 2), uma obra fortemente inspirada na

arte japonesa, que retrata o circo, tema que estava em voga nesta época. “Lautrec

tratou o tema de uma maneira nem acadêmico-realista e nem impressionista, mas

sim com meios de composição únicos, quer em termos de forma quer de cor”

(ARNOLD, 2005, p.21.)

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Outro artista importante e que também utilizava de tal influência era Degas,

no qual Lautrec buscou suas principais inspirações. “Na boemia de Montemartre,

nas casas de diversão, nos pontos de diversão obrigatórios e de aventuras

amorosas passageiras, no espaço livre dos desalojados, Lautrec encontrou seu

mundo sem convenções encontrou-se a si próprio” (ARNOLD, 2005, p.24).

De acordo com a autora Julia Frey (1997, p.149), a noite de Montemartre não

seria mais a mesma, inaugura-se o Moulin Rouge em 05 de outubro de 1889. A

inspiração para o projeto do antro noturno era uma referência aos vários moinhos de

vento existentes em um bairro de Paris chamado Montemartre; e em sua decoração,

possuía referências circenses, no jardim podia-se encontrar a estátua de um grande

elefante e em seu interior uma orquestra, muitos macacos zanzando entre os

espectadores, dançarinas do ventre, barracas de tiro ao alvo e uma cartomante.

Além disso, possuía uma enorme sala, onde aconteciam os espetáculos.

Em 1900, um guia para turistas descrevia o Moulin Rouge como: uma estação de trem transformada por milagre em salão de baile [...] À esquerda, em pequenas mesas, sentam-se as petites dames, que estão sempre sedentas e compram bebidas por conta própria enquanto esperam alguém que faça isso por elas. Quando isso acontece, sua gratidão é tão esmagadora que elas imediatamente lhe oferecem seu coração – se o senhor estiver disposto a pagar o preço (FREY, 1997, p.149).

No dia da inauguração, foi exposta a grande obra de arte de Toulouse Au

Cirque Fernando, a já antes citada a Amazona, Toulouse participou da inauguração.

A partir daí, passou a vivenciar o estabelecimento e fez do espaço a inspiração para

Figura2 - a Amazona, 1888 Au cirque Fernando:

L’écuyère Óleo sobre tela, 100,3 x 161,3 cm

Chicago, The Art Institute of Chicago

Fonte: (ARNOLD, 2005, p. 20.)

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suas obras, onde se dedicou a criação dos cartazes de inauguração (FREY, 1997,

p.147).

Lautrec cuidadosamente promovia o Moulin Rouge através de quadros,

desenhos em aquarela, ou esboços em litografias a cores (FIGURA 3), “o cartaz

Moulin Rouge de Lautrec podia, com razão, ser o cartaz mais célebre da história da

arte” (ARNOLD, 2005, p.34).

Lautrec estava fascinado com a vida no Moulin Rouge, cada vez mais se

aproximava do lugar, dentro dos espetáculos se reservava em locais estratégicos e

colocava seus desenhos em prática, pintava artistas, cantores, frequentadores e

dançarinas do lugar. Ele tinha apreço por pintar as pessoas em plenos atos e

performances, pois assim conseguia transmitir em pintura mais do que uma pose ou

um cenário, mas um pouco da personalidade de cada um (FREY, 1997, p.153 –

154).

Como tinha escolhido a vida dos cabarés para tema principal da sua arte, todas as noites alimentava a sua memória visual, captando sensa-ções e impressões e assistindo as cenas que o homem se encontrava no centro – muitas vezes a sua verdadeira natureza só se revelava na embriaguez do álcool ou no delírio da dança

(ARNOLD, 2005, p.50).

Figura3 - Moulin Rouge, La Goulue, 1891. Litografia a cores (cartaz), 191 x 117 cm Milão, Cívica Raccouta di Stampe Bertarelli. Fonte: (ARNOLD, 2005, p. 28.)

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Ficara conhecido e se tornou um freguês assíduo, por ali encontrara tudo

aquilo que gostava de pintar, sendo assim, já possuía um lugar sempre na primeira

fila, onde nos intervalos as meretrizes o aguardavam para conversas e drinks,

naquele momento Lautrec podia comprar-lhes bebidas e desenhá-las, era muito

amigável e gostava de boas conversas, conhecia quase todos do Moulin Rouge,

tantos os frequentadores, quanto os trabalhadores. Com as vedetes a sua amizade

crescia a cada dia, pois o artista chegava a manter relações íntimas com essas

mulheres e depois as pintava. Eram amantes, amigos e profissionais (FREY, 1997,

p.150).

2.1 As vedetas

As modelos preferidas pelo artista eram Jane Avril (FIGURA 4) e La Goulue

(FIGURA 5), pois eram muito performáticas. Jane e Lautrec eram bem íntimos, ela

dançava graciosamente e ao mesmo tempo agressivamente, era muito flexível e

gostava muito de dançar, Lautrec pintou-a muitas vezes. Na visão de Arthur

Symons:

Ela tinha um gênio perverso, além de ser absolutamente adorável e sensível, mórbida e sombria, mordaz e picante, uma criatura de temperamento cruel, de paixões cruéis. Tinha fama de ser lésbica; e a parte isso e sua fascinação, nunca em minhas experiências de mulheres semelhantes conheci alguma que tivesse uma paixão tão absoluta pela própria beleza. Dançava diante do espelho sob a galeria da orquestra porque era folle de son corpes(...) Era tão incrivelmente delgada e flexível de corpo que conseguia curvar-se para trás – como Salomé ao dançar diante de Herodes e Herodíades – até esfregar o chão com os ombros. Uma das razões pelas quais Lautrec pintou tantos retratos seus foi porque ela permaneceu uni grande amoureuse des ateliers, e outra porque obedecia a todos os caprichos do pintor e, por fim, porque era irascível e tão arrebatada quanto incomum. Será que apreciava o gênio de Lautrec? Suponho que sim, porque adorava o cheiro de pintura

(FREY, 1997, p.160 – 161.)

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As dançarinas eram as suas principais modelos para as pinturas, o que

sempre era um desafio, no ato da dança quando estavam rodopiando no salão e se

movendo a todo instante com acrobacias ousadas e pernas pro ar a todo o

momento, ainda sim Lautrec conseguia registrá-las das mais diversas formas e com

ricos detalhes da indumentária ou do comportamento.

Figura4 - Jane Avril, 1899. Litografia a cores (cartaz), 91 x 63.5 cm Coleção particular Fonte: FREY, 1997, p. 233

Figura5 - Dança no Moulin Rouge (La Goulue e Valentim-le-Désossé), 1895 Baraque de la Gouloue à la Foire du Trône: La danse au Moulin Rouge (La Goulue et Valentim-le-Désossé) Óleo sobre tela, 298 × 316 cm Paris,Musée d’Orsay Fonte: (ARNOLD, 2005, p. 28.)

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3 BELLE ÉPOQUE E A INDUMENTÁRIA COMPREENDIDAS ENTRE O FIM DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX NA FRANÇA

A história mundial pode ser facilmente associada à história da moda e ao

comportamento da sociedade. Reflexos destas mudanças podem ser observados

diretamente no contexto europeu, uma vez que este ditava as mudanças, nos mais

variados segmentos, como social, econômico e cultural. Pode-se citar a revolução

industrial e francesa, como fatores determinantes para modificar os hábitos da

população tanto no âmbito local, quanto mundial, uma vez que existia uma

‘dependência’ do que se vivia e fazia na Europa, exatamente ali surge a Belle

Époque conhecida pela ostentação, luxo e a alegria de viver, compreendida como

um período histórico que deu início no ano de 1870 e se estendeu até 1914. Porém

não se pode ao certo delimitar datas, levando-se em consideração que a “Bela

Época” foi uma época considerada um estado de espírito.

Passou a existir o trem a vapor que substituiu as carruagens e navios, o

telégrafo que aproximava os continentes, inovações tecnológicas como o automóvel

e o avião, movimentos culturais como cinema, teatro, ballet, óperas, livrarias, alta

costura, o cabaré e o can can que fervilhavam por toda a Paris considerada o centro

produtor e exportador da cultura mundial.

Naquele período estabeleciam-se critérios de elegância para as mulheres, a

alta costura contribuiu muito para isso. Os ateliês eram frequentados pelas diversas

classes sociais inclusive pelas cortesãs, conhecidas como “cocottes”. Era

considerado símbolo de status ter um modelo exclusivo desenhado por costureiros

franceses, mulheres de vários países iam até Paris para obter seus vestidos

glamorosos (FIGURA 6) (MOUTINHO, 2000, p.27).

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Nas artes nascia um novo estilo chamado Art Nouveau que rompia com as

representações artísticas da época, e instaurava uma nova arte, ou seja, uma nova

forma de se apropriar da arte e, consequentemente, da forma de vida, como é

evidenciado por Marie Louise Nery, “a Art Nouveau foi uma manifestação da era

industrial em massa que ofuscou o artesanato tradicional, expressando-se pela

valorização das linhas curvas inspiradoras nas formas vegetais”. (NERY, 2004, p.

185).

A Art Nouveau influenciou na criação de diversos elementos como joias,

enfeites de cabelo, tecidos e até mesmo na moda, as roupas eram extremamente

bordadas, pois o que importava não era exatamente o corte, mas o enfeite, pois

assim se determinava a elegância das mulheres. O autor João Braga aponta que a

Art Nouveau influenciou diretamente a moda, de forma que “o corpo feminino tornou-

se também um verdadeiro repositório de linhas curvas, onde a cintura nunca tinha

sido tão afunilada como nesse momento” (BRAGA, 2007, p.66.)

A silhueta da época tomava a forma de “S” devido aos espartilhos que

comprimiam a cintura exageradamente concretizando o busto realçado, os quadris

arqueados e o ventre contraído, ainda segundo João Braga “o ideal de beleza da

mulher era o de ter aproximadamente 40 cm de circunferência na cintura [...]

algumas delas se submetiam a cirurgias para serrarem suas respectivas costelas

Figura6 - Bordados, muitos

bordados. Assim se determinava

a elegância das mulheres.

Fonte: (Moutinho, 2000, p. 30.)

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flutuantes [...]” (BRAGA, 2007, p. 66). Como podemos observar na imagem abaixo

(FIGURA 7).

Os tecidos mais utilizados naquele período eram cetim, renda, musseline,

crepe da china, chiffon e tule, as saias eram longas e lisas, possuíam formato de

sino e se abriam das coxas para baixo, prolongando-se até formar uma calda, em

sua maioria tinham a barra bordada. Conferindo ao traje maior sensualidade,

usavam-se anáguas com as barras acabadas em renda e fita que acompanhavam o

andar da mulher com um provocante frufru para dar volume. Nas mangas usava-se

um formato amplo na altura dos ombros e ajustada no restante, sendo bem

comprida chegando ao meio da mão, denominada manga presunto (MOUTINHO,

2000, p. 29 – 31).

Os vestidos se diferenciavam para o dia e para a noite, por exemplo, para

noite usava-se muitos bordados e profundos decotes (FIGURA 8), as cores

preferidas eram rosa, azul e lilás, mas o preto também possuía amabilidade,

bordado com lantejoulas e paetês que lhe atribuíam brilho; para o dia mantinha-se a

discrição com golas altas de renda estruturadas com barbatanas.

Figura7 - A cantora francesa Polaire, 1890. No período da Belle Époque, as mulheres atingiam ao máximo o afunilamento das cinturas. (Hulton Getty Picture Collection , Londres.) Fonte: (BRAGA, 2007, p. 66)

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A roupa íntima era composta por anágua, calças abertas e longas,

espartilhos e um tipo de corpinho de lingerie chamado de cache-corsets – esconde

espartilho. Além disso, era usada uma espécie de camisola longa que descia até os

joelhos chamada chemise. Segundo o intelectual Frances Jean Cocteau “despir uma

mulher era uma empreitada análoga à conquista de uma fortaleza”. (MOUTINHO,

2000, p. 34).

Figura9 - As anáguas também recebiam acabamentos especiais. Fonte: (MOUTINHO, 2000, p. 31.)

Figura8 - Nos vestidos para noite

usavam-se grandes decotes e alguns

eram bordados com paetês.

Fonte: (MOUTINHO, 2000, p. 33.)

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Nos pés usava-se um tipo de botinha com cadarço e pontas finas, enfeitadas

com laços e fivelas ideais para serem usadas com roupas elegantes.

Outro tipo de calçado usado era os borzeguins (FIGURA 10), calçado mais

esportivo com fechamento lateral de saltos grandes ou baixos. “As atrizes tinham

direito a sapatos de cores escandalosas, saltos altíssimos e outras extravagâncias,

que eram malvistas pela alta sociedade”. (MOUTINHO, 2000, p. 36). Segundo

Moutinho posteriormente aos espetáculos às atrizes calçavam sapatos de cetim,

para como de costume os fãs beberem champanha dentro deles. As meias de seda

sempre bordadas e adornadas com renda completavam o traje.

Os acessórios e complementos eram usados como parte integrante de uma

roupa e deram um caráter particular na Belle Époque. Os chapéus eram pequenos,

presos no alto de coques com grandes alfinetes e muitas vezes enfeitados com

belas peças de bijuteria. Em 1904 tornaram-se cada vez maiores com abas gigantes

e flexíveis, enfeitados com plumas de avestruz e flores. Com o passar dos tempos

os chapéus foram perdendo sua pompa e se tornando cada vez menores, surgia

também o turbante e pela primeira vez as mulheres cortaram os cabelos curtos

(MOUTINHO, 2000, p. 36.)

Vale ressaltar, que também fazia parte do traje das mulheres da Belle Époque

acessórios de uso obrigatório com sombrinhas de cabo longo, para preservar a

brancura da pele símbolo de beleza na época, bolsas pequenas de tecidos

Figura10 - Borzeguins Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2012/09/a-belle-epoque-da-novela-lado-lado.html Acessado em: 26 de setembro de 2013

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bordados, leques enormes confeccionados com plumas, papel pintado á mão ou

rendas decoradas, luvas longas, boás de plumas de avestruz e um acessório muito

curioso chamado regalo envolto no braço para aquecer as mãos.

As joias também tiveram seu prestigio na Belle Époque eram marcantes

anéis, pulseiras e gargantilhas enfeitavam tanto as damas da sociedade como as

cortesãs que recebiam como presentes dos homens ricos pelos quais elas eram

sustentadas. (MOUTINHO, 2000, p. 38.)

Outro aspecto daquele período, entretanto, é como a moda pode ser

analisada, tortuosa para as mulheres, onde o padrão de beleza exigia sacrifícios e

elas eram obrigadas a usar. As classes sociais eram bem distintas através do

vestuário onde o encanto feminino, o melhor casamento e o vestido mais luxuoso

garantiam um lugar de prestigio na sociedade.

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4 ARTE E MODA: A IDENTIFICAÇÃO DA INDUMENTÁRIA DAS MERETRIZES DO MOULIN ROUGE NAS OBRAS DE TOULOUSE LAUTREC

É inegável o fato de que as artes e a moda estiveram ligadas desde a

antiguidade, vale ressaltar que nesse período não existia o termo moda e sim modos

de vestir, ou seja, a indumentária. Não é possível citar uma data exata, mas o fato é

que conseguimos perceber registros e provas claras desta ligação há muito tempo.

Segundo as ideias de Walter Benjamim:

A moda, o vestuário, os ambientes e os objetos sempre foram registrados nas obras de arte de diversas civilizações, nos diferentes tempos históricos. Portanto, são encontrados, podem estar presentes e ser estudados, resgatados e citados a partir do universo da arte (MOURA, 2008, p. 41.)

A partir desse princípio vale ressaltar que, se faz possível o entendimento

proposto anteriormente analisar as obras de Toulouse Lautrec, e encontrar vestígios

da indumentária das meretrizes do Moulin Rouge e até mesmo da indumentária de

um grupo isolado da sociedade.

É plausível então, em diversas manifestações de arte como, pinturas,

esculturas ou gravuras perceber claramente um estilo de vida ali representado por

detalhes da vestimenta ou mesmo cenário, sem se esquecer de detalhes como:

acessórios, joias, móveis, paredes ou mesmo as características físicas de uma

determinada pessoa, todo o contexto ali representado nos transmite uma época, ou

um comportamento (MOURA, 2008, p. 41 – 43.)

Por diversas vezes, a arte se faz presente na moda ou no design, conforme

nos mostra o trecho abaixo:

A arte tem servido como fonte de pesquisa e referência para a criação e o desenvolvimento de projetos e produtos na esfera da moda ou do design. Por sua vez vários artistas da história da arte desenvolveram objetos de moda ou de design. Talvez tenham utilizado o campo da moda ou do design como referência ou foram despertados pelo objeto utilitário e de uso cotidiano para a criação de obras artísticas (MOURA, 2008, p. 45.)

Vários estilistas se inspiram em obras de arte para produzir seus trabalhos, o

que os enriquecem pela qualidade de detalhes, cores ou outros elementos buscados

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nas obras, sejam quais for. E em vários momentos artistas pintavam nada mais nada

menos do que vestuário, com ricos detalhes das indumentárias, acessórios, objetos

diversos, que qualificam a obra de acordo com sua época. É possível dizer que

design e arte se fundem e resultam em trabalhos, recobertos de detalhes. Mais

importante do que as extensas tentativas de diferenciar ou distanciar arte e moda,

seria o reconhecimento inegável de que ambas contribuem em aspectos ou áreas

diversas da outra. Uma análise crítica de uma obra nos permite vivenciar uma

infinidade de acontecimentos, com seus minuciosos detalhes.

4.1 Análise da indumentária das meretrizes através das obras de Toulouse Lautrec

Com maior clareza sobre esta ligação, entende-se que nas obras de Toulouse

Lautrec, existem elementos claros que definem como eram as vestimentas das

dançarinas de can can do Moulin Rouge e de demais frequentadores da casa

noturna, senhoras e homens da sociedade, e alguns dançarinos, que compunham

as performances das meretrizes.

No quadro “A dança no Moulin Rouge, de 1890, óleo sobre tela, (FIGURA 11)

assim descrito pelo autor Arnold:

Aqui, a profundidade do espaço é largamente sugerida pela posição das figuras, umas de frente e outras de costa. No plano central, à esquerda, no meio de clientes a assistir, dançam La Goulue (a glutona) e Valentin-Le-Désossé (Valentim o contorcionista), duas estrelas de cabaré que, através de Lautrec, entrarão na história da arte, tal como o Moulin Rouge (ARNOLD, 2005, p. 27.)

De um modo geral os traços mais marcantes na pintura de Toulouse se

tratando do Moulin Rouge percebem-se salões espaçosos, vastos, com iluminação

média e detalhes de decoração em madeira, luminárias arredondadas e amareladas,

janelas grandes e altas em vidro e madeira, chão bem lustrados com brilho e linhas

longitudinais colocadas em perspectiva; e alguns elementos de decoração na

fachada das paredes que pouco aparecem ao fundo.

A respeito dos frequentadores, o traje comum entre os homens visitantes e

também do dançarino, é possível perceber com clareza tecidos planos com certa

rigidez, alguns com risca de giz como vemos na calça da meia figura em movimento

localizada a direita da imagem (FIGURA 11), as cartolas sempre pressentes ou

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ainda chapéus mais baixos e arredondados com a aba levemente virada. Nas

mulheres da sociedade também visitantes a esquerda do quadro, percebemos nesta

pintura, tecido plano com certo brilho, fluidos com algum movimento, o espartilho

comprime a cintura e eleva os glúteos formando a silhueta em S, pele na altura dos

ombros e chapéu de abas grandes com boás, percebe-se ainda cabelos bem presos

e batom.

Na dançarina em questão, observa-se camadas de tecidos leves e fluidos

com certa transparência e brilho, protuberantes babados na barra do vestido, meia

colorida constituinte da roupa de baixo ou lingerie que ficava exposta durante a

dança, sapato fechado com salto baixo e fino, cabelo preso com leves mechas

caídas ao rosto. As cores comuns nas vestimentas são o bege, o marrom, vermelho,

rose, cinza e preto.

Uma só imagem é capaz de nos fornecer uma gama de informações que

muitas das vezes passam despercebidas, mas quando analisada calmamente, pode-

se perceber detalhes minúsculos que fazem diferença ou ainda interpretar uma série

de informações subjetivas, que o pintor consegue transmitir com pinceladas de luz

ou sombra que transmitem a ideia de profundidade ou até mesmo brilho, levando-se

em consideração que a variedade da paleta de cores não era grande, o artista

precisava ser um tanto perspicaz para transmitir tais ideias.

Figura11 - A Dança no Moulin Rouge, 1890 La danse au Moulin Rouge, Óleo sobre tela, 115,5 x 150 cm Filadélfia, Philadelphia Museum of Art Fonte: (ARNOLD, 2005, p. 27.)

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Outra obra que merece certa atenção é o cartaz de litografia a cores, criado

por Toulouse com objetivo de divulgar o Moulin Rouge, seu nome é “Moulin Rouge:

La Goulue de 1891” (FIGURA 12). Nessa obra podemos perceber detalhes novos

como uma fita usada como gargantilha, comum em algumas obras, outro detalhe

também bem visto na maioria das pinturas é o penteado de La Goulue, um coque

alto no topo da cabeça e fios caídos ao rosto. Em seu vestido se evidencia a

presença da estampa de poá e mais uma vez pomposos babados na barra do

vestido, levantados com auxílio de algumas camadas de tecidos ou anáguas de tule.

Na imagem abaixo mais uma vez a performance da dançarina mostra a roupa de

baixo, a chamada fofoquinha que se alongava até a altura dos joelhos e era presa

com elástico proporcionando um leve babado na barra. Ao fundo apresenta a

silhueta representada com sombras de vários espectadores, homens portados de

cartola, uma senhora de chapéu com pena e outra mulher com um penteado

audacioso, o cabelo amarrado ao topo da cabeça caindo no formato de fonte.

A figura a frente da imagem, Valentin-Le-Désossé chama a atenção,

curiosamente mais do que a própria La Goulue a única figura em cores presente no

cartaz. O pomposo homem representado em primeiríssimo plano de forma estilizada

por Lautrec mostra personalidade de charlatanice e certa pomposidade.

Com a afixação deste cartaz de grande formato nas paredes e colunas da cidade, Lautrec tornou-se célebre, de um dia para o outro. Em outubro de 1891, escreve à mãe: O meu cartaz foi hoje colocado nas paredes de Paris e vou fazer outro dentro em breve

(ARNOLD, 2005, p.29.)

Figura12 - 0 Moulin Rouge: La Goulue, 1891 Litografia a cores (cartaz), 191 x 117 cm Milão, Cívica Raccolta di Stamp Bertarelli Fonte: (ARNOLD, 2005, p.28).

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Observa-se que a nudez e a exposição de partes do corpo é bem comum

entre as dançarinas, que nas danças erguem as pernas a alturas absurdas deixando

a mostra sua roupa debaixo, pernas e joelhos o que para a época era um tanto

ousado, além disso, muitas das vezes deixavam o colo a mostra com profundos

decotes. Como se pode ver na figura comentada a seguir.

A pintura se chama Jane Avril Dançando, de 1893 (FIGURA 13), nela nota-se

novos detalhes como a manga presunto de grande volume, boás no chapéu de abas

grandes e no pescoço, a saia do vestido com várias camadas esvoaçantes, muitos

detalhes de transparência, possivelmente os tecidos dos trajes seriam seda, renda,

cetim, musseline, tafetá, crepe, chiffon, tule e pequenos pontos que lembram o

bordado, comum do período da Belle Époque.

Toda esta sensualidade exposta sem o menor pudor pelas cortesãs é

indiscutivelmente o traço mais marcante nas obras de Toulouse Lautrec, afinal para

que as vedetes conseguissem conquistar seus clientes, precisavam apresentar-se

sem pudor e deixar à mostra as partes do corpo de interesse. Outra obra de arte a

ser analisada se chama “A Goulue Entrando no Moulin Rouge”, de 1892, (FIGURA

14) nessa obra La Goulue adentra o salão, acompanhada por duas senhoras; e

conforme Tony Arnold “O porte e a expressão do rosto da Goulue determinam a

mensagem desta obra: a entrada triunfal da vedeta” (ARNOLD, 2005, p. 52).

Figura13 - Jane Avril no jardin de Paris, 1893 Jane Avril ou Jardin de paris Litografia a cores (cartaz), 130 x 95 cm Colecção particular Fonte: (ARNOLD, 2005, p.39).

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Na obra pode-se observar outra inusitada característica do salão, um grande

espelho ao fundo que reflete o ambiente e o faz parecer mais amplo, na figura traços

da indumentária se fazem marcantes, o vestido de La Goulue com as bufantes

mangas presunto e um imenso decote profundo e sensual, a já antes comentada

que agora, porém aparece ainda mais claramente, a gargantilha de fita, o tecido que

bem poderia uma rica mistura de tule e seda onde se vê, às vezes, fluidez e às

vezes rigidez, outro detalhe inovador na figura é o enfeite localizado no decote á

altura do seio esquerdo de La Goulue, o que podem ser boás, bordado ou até um

pequeno arranjo de flores. Mais uma vez o aparente penteado é o coque no topo da

cabeça, mechas soltas caídas na lateral e ainda uma franja cheia na altura das

sobrancelhas, ao que tudo indica, ela ainda usava um brinco pequeno de formato

arredondado, o que poderia ser uma pérola ou uma pedra.

Conforme analisado, inúmeros detalhes de moda podem ser identificados em

diversas obras de Henri de Toulouse Lautrec, onde observamos não só tecidos, mas

uma vasta composição da vestimenta como, roupas de baixo, acessórios, calçados,

chapéus e anáguas. A forma como os tecidos foram pintados é capaz de transmitir

ainda fluidez e brilho, pode-se facilmente definir os tecidos ali representados após o

entendimento dos tecidos utilizados na época, bem como modelagens comuns

vistas repetidamente nas obras de arte. Toulouse Lautrec proporciona em suas

pinturas um verdadeiro estudo acerca de moda e comportamento não só das

vedetas, mas de uma sociedade em determinada época.

Figura14 - Goulue Entrando no Moulin Rouge, 1892 Óleo sobre cartão, 79,4 x 59 cm Nova Iorque, The Museum of Modern Art Fonte: (ARNOLD, 2005, p. 51).

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5 CONCLUSÃO

Antes mesmo que a moda pudesse chegar a ser o que é hoje e ter tomado a

dimensão e o significado que tem atualmente, o comportamento precisou passar por

diversas mudanças de acordo com a necessidade do ser humano e sua cultura.

Entender como isso se deu, como esta transição aconteceu, é de suma importância

para o direcionamento da moda hoje.

A proposta apresentada neste trabalho contribuiu para a definição e

conhecimento sobre a indumentária de um determinado grupo da sociedade

francesa, compreendido entre o fim do século XIX e início do século XX. A

problemática foi esclarecida e analisados os registros feitos por Toulouse Lautrec é

possível sim, identificar características singulares do estilo das vestimentas das

meretrizes do cabaré Moulin Rouge no período Belle Époque.

A compreensão de arte e moda nos possibilitou fazer este reconhecimento

através das obras de arte de Toulouse Lautrec, nas quais foram resgatados e

citados ricos detalhes a respeito da indumentária, com pontos marcantes, percebe-

se a desinibição na hora da dança, pernas ao ar, lingeries a mostra, camadas de

tecido proporcionando pomposos babados, transparências, mangas bufantes e

decotes fartos.

Com traços rápidos e precisos, Lautrec nas suas representações do cotidiano

nos cabarés consegue nos transmitir a sensação de estar dentro da obra na casa de

shows e mostra claramente a todo o momento um salão vasto com inúmeros

frequentadores e ainda suas vestimentas, damas e senhores da sociedade, artistas,

boêmios e bêbados, naquele local todos se misturavam e apreciavam os

espetáculos.

O presente trabalho foi de grande valor, na formação acadêmica em design

de moda, pois além de proporcionar um grande aprendizado nas áreas de arte e

moda, nos possibilitou ver como a moda pode ser estudada em vários aspectos,

neste caso em importantes pinturas que mostram a realidade do cabaré e da vida

das dançarinas, o que proporcionou um melhor entendimento em especial no que se

refere às obras de artes e das obras de Toulouse Lautrec. Este artista que nos

possibilitou não somente esse estudo, mas ainda o prazer de conhecer e apreciar

cada uma de suas obras; e a partir desse conhecimento desenvolver coleções de

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moda a partir desse universo de referencias. As três coleções que serão

desenvolvidas abordarão temas em comum como o luxo, a luxúria e a boemia das

noites no Moulin Rouge.

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REFERÊNCIAS

ARNOLD, Matthias. Toulouse – Lautrec, O teatro da vida. Rio de Janeiro: Paisagem, 2003;

BARNARD, Malcolm. Moda e comunicação. Rio de Janeiro: Rocco, 1996;

BRAGA, João. História da moda, uma narrativa. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007;

FREY, Julia. Toulouse Lautrec, uma vida. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997;

LA MURE, Pierre. Moulin Rouge. São Paulo – Rio de Janeiro: Mérito S. A, 1954.

LAZER, James. A roupa e a moda. São Paulo: Companhia das letras, 2005;

LURIE, Alison. A linguagem das roupas. Rio de Janeiro: Rocco, 1997;

MACKENZIE, Mairi. Ismos, para entender a moda. Rio de Janeiro: Globo, 2011;

MOUTINHO, Maria Rita. A moda do século XX. Rio de Janeiro: Senac, 2001;

NERY, Marie Louise. A evolução da indumentária, Rio de Janeiro: Senac, 2003;

PIRES, Dorotéia Baduy. Design de moda olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008;

STEVENSON, M.J. Cronologia da moda – de Maria Antonieta a Alexander Macqueen. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012;

JUNIOR, JOÃO LIMA. A belle epoque da novela lado a lado – Disponível em: http://designinnova.blogspot.com.br/2012/09/a-belle-epoque-da-novela-lado-lado.html Acessado em: 26 de setembro de 2013.

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ANEXOS – A

A DISTORÇÃO, POR ANA FLÁVIA GOMES RIBEIRO:

Tendo como ponto de partida o absinto, bebida apreciada por Toulouse

Lautrec.

AS DANÇARINAS DE CAN CAN SONHOS, REALIDADES E INFORTÚNIOS

DO DESTINO, POR NAYARA LUIZA MACIEL:

As meretrizes poderiam também ser chamadas “as melhores amigas do

diamante”, isto seria o sonho loucamente desejado por todas elas, o dinheiro, a

fama, o brilho. Mas a realidade são as vontades do dono do cabaré Moulin Rouge,

que elas se submeteriam sem pensar. Cada sonho desfeito se tornava uma lástima

da vida. E por infortúnio do destino a realidade a que cada meretriz se submetia era

a doença, a dor e o ultraje. Na coleção será retratado este sonho de ser, o que elas

são na realidade; e o fim de cada uma delas.

OS CINCO SENTIDOS, POR RAFAEL RODRIGUES FARIA:

O ponto de partida para a coleção são os cinco sentidos que o ser humano

necessita para se sentir inserido no ambiente. As sensações causadas pelo Moulin

Rouge são aguçadas através do tato pelo toque na silhueta feminina, o olfato pelo

cheiro da luxúria e do prazer, o paladar o doce e o amargo das noites, a audição

ouvir o som do sedento prazer, e visão ver as formas e cores da noite boemia, que

trazem as sensações da luxúria e do desejo que cada um poderia sentir.