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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA SEB FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ FEPAR INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS IPEM RODRIGO BERALDI KORMANN NOVA RESINA ACRÍLICA PARA IMPLANTE ORBITÁRIO NA RECONSTRUÇÃO DA CAVIDADE ANOFTÁLMICA Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e da Faculdade Evangélica do Paraná, como requisito para obtenção do grau acadêmico de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Hamilton Moreira. Coorientador Prof. Dr. Ricardo Mörschbächer. Coordenador: Prof. Dr. Osvaldo Malafaia. CURITIBA 2016

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SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA – SEB

FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ – FEPAR

INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS – IPEM

RODRIGO BERALDI KORMANN

NOVA RESINA ACRÍLICA PARA IMPLANTE ORBITÁRIO NA RECONSTRUÇÃO

DA CAVIDADE ANOFTÁLMICA

Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e da Faculdade Evangélica do Paraná, como requisito para obtenção do grau acadêmico de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. Hamilton Moreira. Coorientador Prof. Dr. Ricardo Mörschbächer. Coordenador: Prof. Dr. Osvaldo Malafaia.

CURITIBA

2016

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Kormann, Rodrigo B.

Nova resina acrílica para implante orbitário na reconstrução da cavidade anoftálmica. 102p.: 32il.; 30 cm

Tese de Doutorado apresentada à Universidade Evangélica de Curitiba/FEPAR. Área de Concentração: Princípios da Cirurgia, 2016. Orientador: Moreira, Hamilton. 1. evisceração ocular; 2. implante orbitário; 3. enucleação; 4.cavidade anoftálmica; 5.órbita.

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DEDICO ESTE TRABALHO...

À minha esposa Laís, pelo seu amor, carinho e ajuda durante o estudo, com suas

opiniões produtivas e oportunas. Obrigado por me apoiar o tempo todo, muitas vezes

abrindo mão de momentos de diversão, passeios e descanso, para que eu pudesse

me dedicar a este estudo. Obrigado pela sua dedicação "ímpar" ao nosso filho, uma

mãe exemplar. Laís, eu te amo!

Ao meu filho Gustavo, presente de Deus, alegria todos os dias da minha vida,

companheiro inseparável em todos os momentos e ao lado do meu pai, meu melhor

amigo para sempre.

Aos meus pais, Angela e Marcos, pelo carinho e momentos inesquecíveis de

felicidade que ainda tenho o privilégio de compartilhar. Todo apoio, esforços e

incentivo aos estudos a mim dedicados. Ao maravilhoso exemplo de vida, com muita

força de vontade, alegria, diversão, amizade e honestidade acima de tudo.

Aos meus irmãos, pela amizade, amor, companheirismo e ótimas lembranças de

diversão, alegria e parceria. Amigos para sempre!

Aos meus avós, pelas curiosidades, causos, lições de vida, alegrias, muitos momentos

bons e inesquecíveis, eternamente juntos.

Aos meus sogros, sobrinhos, tios, cunhados, primos, por fazerem parte da minha

família, obrigado.

Aos meus amigos de colégio, faculdade, vizinhos de infância e do trabalho, alguns

perto, outros longe, alguns em contato diário, outros esporádico, mas sempre

verdadeiros amigos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço este trabalho a Deus, por me dar saúde e felicidade em todos os

dias da minha vida.

Aos pacientes, fundamentais para a realização deste estudo, meu respeito e

gratidão, pela colaboração e confiança em um momento tão difícil, concordando com

o uso de um material em fase de experimentação científica.

Aos professores Dr. Osvaldo Malafaia e Dr. Jurandir Marcondes Ribas

Filho, do curso de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia da Faculdade Evangélica

do Paraná, pelos ensinamentos desde o início de minha formação acadêmica e pelo

exemplo de profissionais.

Ao professor Dr. Hamilton Moreira, médico oftalmologista, pela amizade e

ensinamentos durante minha formação acadêmica, residência médica e vida

profissional. Muito obrigado pela orientação neste trabalho e seu fortalecimento

científico.

Ao professor Dr. Ricardo Mörschbächer, médico oftalmologista, especialista

em oculoplástica, pela orientação neste trabalho, pela amizade e ensinamentos

durante os congressos da especialidade e eventuais atividades profissionais.

À professora Drª. Silvana A. Schellini, médica oftalmologista, pela amizade,

ensinamentos e conselhos durante todos estes anos em minha vida profissional.

À professora Drª. Saly Moreira e professor Dr. Carlos Augusto Moreira,

médicos oftalmologistas, pela amizade, dedicação, sabedoria e imensos

ensinamentos durante minha residência médica e todos estes anos de convivência.

Gratidão eterna.

Ao professor Dr. José A. Foggiatto, professor do Núcleo Prototipagem e

Ferramental da UTFPR, responsável pela confecção dos implantes orbitários.

Ao professor Ary Elias Sabbag Junior e professora Márcia Olandoski, pela

análise estatística do trabalho e considerações importantes para interpretação dos

resultados.

Ao IPEM (FEPAR), pelas informações referentes aos créditos obrigatórios,

como pré-requisito para obtenção do título, reuniões durante estes anos de estudo e

ao Bruno pelas dicas e formatação da tese.

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À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),

pelo papel fundamental da pós-graduação.

À enfermeira Mônica Saladini Sundin, pela orientação na esterilização dos

implantes orbitários.

Aos membros da banca examinadora, Drª. Luciane Moreira, Dr. Otavio

Siqueira Bisneto, Drª. Patricia Akaishi, Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif e

Dr.Ricardo Mörschbächer pelas correções e enriquecimento deste estudo.

E a todos que direta ou indiretamente participaram desta tese.

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" O OLHO É A JANELA DO CORPO HUMANO PELA QUAL ELE ABRE OS

CAMINHOS E SE DELEITA COM A BELEZA DO MUNDO".

LEONARDO DA VINCI

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RESUMO

OBJETIVO: Este estudo tem por objetivo avaliar o comportamento da resina FullCure

720® como implante orbitário, para o reparo de cavidades anoftálmicas em seres

humanos. MATERIAL E MÉTODOS: Os implantes foram confeccionados por uma

máquina de prototipagem rápida (Eden 250®). Foram operados 10 pacientes

provenientes do ambulatório de oftalmologia do Hospital de Olhos do Paraná e do

Hospital Evangélico de Curitiba. Avaliou-se a resposta clínica dos pacientes,

toxicidade sistêmica analisada por exames bioquímicos, o tamanho e a localização

dos implantes orbitários através de exame de imagem. Os pacientes foram

selecionados através de um protocolo específico e devidamente orientados sobre o

estudo. Depois de realizada a evisceração, era implantado uma esfera de resina

FullCure 720® na cavidade escleral de tamanho adequado. Os pacientes foram

acompanhados durante o período de um ano, onde avaliou-se as condições clínicas

e sinais como: hiperemia conjuntival, secreção ocular, quemose, exposição ou

extrusão do implante orbitário. A tomografia computadorizada de órbitas foi solicitada

com dois e 12 meses de pós-operatório, e novos exames bioquímicos foram

solicitados um ano após a cirurgia para avaliar alguma toxicidade sistêmica inerente

ao material. RESULTADOS: Todos os pacientes tiveram as condições clínicas

consideradas normais, com sintomas e sinais dentro da normalidade para este tipo de

procedimento cirúrgico. Não houve casos de extrusões do implante orbitário e os

exames complementares foram considerados normais. CONCLUSÃO: O implante

orbitário de resina FullCure 720® foi tolerado aos pacientes submetidos à

evisceração.

Palavras-chave: Evisceração ocular. Implante orbitário. Enucleação. Cavidade

anoftálmica. Órbita.

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ABSTRACT

AIM: To evaluate a new resin (FullCure 720®) as orbital implant for the repair of

anophthalmic socket. METHOD: The implants were made by a rapid prototyping

machine (Eden 250®). Ten patients were operated. The clinical response was

evaluated, as well as systemic toxicity analysed through biochemical exams; the size

and location of the orbital implants were assessed through image investigation. After

the evisceration, a FullCure 720® resin sphere of adequate size was implanted in the

scleral socket. The patients were monitored for a one-year period, in which were

evaluated the clinical condition and signs, such as: conjunctival hyperemia, ocular

secretion, chemosis, exposure or extrusion of the orbital implant. Computerized

tomography of the orbits was requested at two and 12 months post-operative, and new

biochemical exams were requested one year after to evaluate systemic toxicity

inherent to the material. RESULTS: All patients had normal clinical conditions, with

symptoms and signs within the normal range for this type of clinical procedure. There

were no cases of extrusion of the orbital implant and the complementary exams were

considered normal. CONCLUSION: The FullCure 720® resin orbital implant was

tolerated by patients submitted to evisceration.

Key words: Ocular evisceration. Implant orbital. Enucleation. Anophthalmic socket.

Orbit.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ÓRBITA ESQUERDA ............................................................................. 21 FIGURA 2 - SÍNDROME DA CAVIDADE ANOFTÁLMICA ........................................ 24 FIGURA 3 - TIPOS DE REAÇÃO IMPLANTE-HOSPEDEIRO .................................. 27 FIGURA 4 - A)IMPLANTE ORBITÁRIO DE POLIMETILMETACRILATO

B) EXEMPLO DE EXTRUSÃO DE IMPLANTE ORBITÁRIO DE POLIMETILMETACRILATO ................................................................... 29

FIGURA 5 - IMPLANTE ORBITÁRIO DE HIDROXIAPATITA CORALINA ................. 31 FIGURA 6 - IMPLANTE ORBITÁRIO DE POLIETILENO POROSO .......................... 32 FIGURA 7 - IMPLANTE ORBITÁRIO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO ............................. 34 FIGURA 8 - IMPLANTE ORBITÁRIO DE RESINA FULLCURE 720® SUPERFÍCIE

POLIDA .................................................................................................. 35 FIGURA 9 - PLATAFORMA DE FABRICAÇÃO DA MÁQUINA EDEN 250®

(TECNOLOGIA POLYJET)..................................................................... 40 FIGURA 10 - ESQUEMA DE APLICAÇÃO DO SUPORTE DENTRO DA MÁQUINA

EDEN 250® ............................................................................................ 41 FIGURA 11 - TÉCNICA DE EVISCERAÇÃO ............................................................ 44 FIGURA 12 - AVALIAÇÃO DOS MOVIMENTOS DO OLHO EVISCERADO NAS

DUCÇÕES BÁSICAS (PPO, LEVOVERSÃO, DEXTROVERSÃO, SUPRAVERSAO, INFRAVERSÃO) ....................................................... 45

FIGURA 13 - PACIENTE COM 3 MESES DE PÓS-OPERATÓRIO SEM E COM A

PRÓTESE OCULAR EXTERNA ............................................................ 46 FIGURA 14 - AVALIAÇÃO DA HIPEREMIA CONJUNTIVAL, CONSIDERANDO

ESCALA DE CRUZES: AUSENTE, LEVE (+), MODERADA (++), ESEVERA (+++) ..................................................................................... 47

FIGURA 15 - CAVIDADE ANOFTÁLMICA 3 MESES PÓS-EVISCERAÇÃO ............ 55 FIGURA 16 - TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ÓRBITAS NA INCIDÊNCIA

AXIAL, MOSTRANDO OLHO NORMAL (À ESQUERDA) E ASPECTO DO IMPLANTE ORBITÁRIO DENTRO DA CAVIDADE OFTÁLMICA (À DIREITA), 12 MESES APÓS A OPERAÇÃO DE EVISCERAÇÃO ...... 59

FIGURA 17 - FOTO MOSTRANDO AS IRREGULARIDADES NA SUPERFÍCIE

RUGOSA DO IMPLANTE DE RESINA FULLCURE 720® .................. 63

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FIGURA 18 - FOTO MOSTRANDO A SUPERFÍCIE POLIDA DO IMPLANTE DE

RESINA FULLCURE 720® .................................................................. 63 FIGURA 19 - ASPECTO DA CAVIDADE ORBITÁRIA COM ENXERTO

DERMOADIPOSO ................................................................................ 89 FIGURA 20 - EXPOSIÇÃO DE IMPLANTE POROSO .............................................. 89 FIGURA 21 - IMPLANTE POROSO INFECTADO ..................................................... 89 FIGURA 22 - EXPOSIÇÃO DE IMPLANTE ACRÍLICO (PMMA) ............................... 90

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - TAMANHO DOS IMPLANTES ............................................................ 49 GRÁFICO 2 - ETILOGIA ........................................................................................... 49 GRÁFICO 3 - VALORES DE CPK DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO

........................................................................................................... 51 GRÁFICO 4 - VALORES DE TGO DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO

........................................................................................................... 51 GRÁFICO 5 - VALORES DE TGP DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO

........................................................................................................... 52 GRÁFICO 6 - VALORES DE ALBUMINA DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-

OPERATÓRIO ................................................................................... 52 GRÁFICO 7 - VALORES DE CREATININA DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-

OPERATÓRIO ................................................................................... 53 GRÁFICO 8 - VALORES DE URÉIA DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO

........................................................................................................... 53 GRÁFICO 9 - VALORES DE FA DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO . 54 GRÁFICO 10 - VALORES DE PCR DE ACORDO COM PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO

........................................................................................................... 54

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - MÉDIA, MEDIANA E VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS DAS DOSAGENS BIOQUÍMICAS DA CPK, TGO, TGP, ALBUMINA, CREATININA, URÉIA, FA, PCR, SEGUNDO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO ..................................................................................... 50

TABELA 2 - HIPEREMIA NA PRIMEIRA E QUARTA SEMANAS ............................. 56 TABELA 3 - SECREÇÃO NA PRIMEIRA E QUARTA SEMANAS ............................ 57 TABELA 4 - QUEMOSE NA PRIMEIRA E QUARTA SEMANAS .............................. 58 TABELA 5 - HIPEREMIA NA PRIMEIRA E SEGUNDA SEMANAS .......................... 90 TABELA 6 - HIPEREMIA NA SEGUNDA E TERCEIRA SEMANAS ......................... 91 TABELA 7 - HIPEREMIA NA TERCEIRA E QUARTA SEMANAS ............................ 91 TABELA 8 - SECREÇÃO NA PRIMEIRA E SEGUNDA SEMANAS .......................... 92 TABELA 9 - SECREÇÃO NA SEGUNDA E TERCEIRA SEMANAS ......................... 92 TABELA 10 - SECREÇÃO NA TERCEIRA E QUARTA SEMANAS .......................... 93 TABELA 11- QUEMOSE NA PRIMEIRA E QUARTA SEMANAS ............................. 93 TABELA 12 - QUEMOSE NA SEGUNDA E TERCEIRA SEMANAS ......................... 94 TABELA 13 - QUEMOSE NA TERCEIRA E QUARTA SEMANAS ........................... 94 TABELA 14 - CÁLCULO PARA TAMANHO DE IMPLANTE ORBITÁRIO EM

PACIENTES EMÉTROPES E MÍOPES ...........................................101 TABELA 15 - CÁLCULOPARA TAMANHO DE IMPLANTE ORBITÁRIO EM

PACIENTES HIPERMÉTROPES, CRIANÇAS E ADOLESCENTES .........................................................................................................101

TABELA 16 - COMPOSIÇÃO E INFORMAÇÃO DOS INGREDIENTES DA RESINA

FULLCURE 720® .............................................................................102

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

® - Marca registrada

% - Porcento

º - Grau

ª - Primeira

h - Hora

3D - Terceira dimensão

µm - Micrômetro

CAD - Arquivos de engenharia para modelagem de peças

cm³ - Centímetro cúbico

CAPES - Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior

CPK - Creatinina Fosfoquinase

dL - Decilitro

DICOM - Imagem digital e comunicações em medicina

FA - Fosfatase Alcalina

FCI - France Chirurgie Instrumentation

FDA - Food and Drug Administration

FEPAR - Faculdade Evangélica do Paraná

g - Gramas

G - Gauge

HA - Hidroxiapatita Coralina

HUEC - Hospital Universitário Evangélico de Curitiba

IPEM - Instituto de Pesquisas Médicas

Kg - Quilograma

L - Litro

mg - Miligramas

ml - Mililitros

mm - Milímetros

NUFER - Núcleo Prototipagem e Ferramental

PCR - Proteína C reativa

PMMA - Polimetilmetacrilato

PO - Pós-operatório

ppm - Uma parte por milhão

PVPI - Polivinil pirrolidona iodo

STL - Stereolithography

TGO - Aspartato aminotransferase

TGP - Alanina aminotransferase

U/l - Unidades por Litro

UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

USA - United States of America

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 20

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 20

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 21

2.1 ANATOMIA DA ÓRBITA HUMANA ..................................................................... 21

2.2 BIOMATERIAIS E BIOCOMPATIBILIDADE ....................................................... 26

2.3 IMPLANTES ORBITÁRIOS NÃO INTEGRÁVEIS ............................................... 28

2.3.1 Esfera de vidro ................................................................................................. 28

2.3.2 Polimetilmetacrilato .......................................................................................... 28

2.3.3 Biovidro ............................................................................................................ 29

2.4 IMPLANTES ORBITÁRIOS INTEGRÁVEIS ........................................................ 30

2.4.1 Hidroxiapatita Coralina ..................................................................................... 30

2.4.2 Polietileno Poroso ............................................................................................ 32

2.4.3 Óxido de Alumínio ............................................................................................ 33

2.5 IMPLANTE ORBITÁRIO FULLCURE 720® ....................................................... 34

2.6 PRÓTESE OCULAR EXTERNA ......................................................................... 35

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 37

3.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA ........................................................... 37

3.2 DELINEAMENTO ................................................................................................ 37

3.3 METODOLOGIA UTILIZADA NA FABRICAÇÃO DOS IMPLANTES .................. 38

3.3.1 Modelagem da peça em programa de CAD-3D (modelo digital) ...................... 39

3.3.2 Conversão do arquivo CAD para o arquivo STL .............................................. 39

3.3.3 Planejamento da estratégia de prototipagem ................................................... 40

3.3.4 Fabricação do protótipo na Máquina Eden 250® (Tecnologia Polyjet) ............. 40

3.3.5 Produção e Limpeza......................................................................................... 41

3.4 COLETA DOS EXAMES BIOQUÍMICOS ............................................................ 42

3.5 TÉCNICA ANESTÉSICA ..................................................................................... 42

3.6 EVISCERAÇÃO E IMPLANTE ORBITÁRIO ........................................................ 43

3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 44

3.8 CUIDADOS PÓS- OPERATÓRIOS .................................................................... 45

3.9 ADAPTAÇÃO DA PRÓTESE OCULAR EXTERNA ............................................ 46

3.10 VARIÁVEIS ESTUDADAS ................................................................................. 47

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3.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 48

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 49

4.1 AVALIAÇÃODOS EXAMES BIOQUÍMICOS ....................................................... 49

4.1.1 Análise quantitativa .......................................................................................... 49

4.1.2 Análise qualitativa ............................................................................................ 51

4.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS PACIENTES ........................................................... 55

4.2.1 Análise de hiperemia, secreção e quemose ..................................................... 55

4.3 AVALIAÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ÓRBITAS ........... 59

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 60

5.1 ESTUDOS EM SERES HUMANOS .................................................................... 60

5.2 ESCOLHAS DO TEMA, BIOMATERIAL.............................................................. 61

5.3 AVALIAÇÃO CLÍNICA ......................................................................................... 67

5.4 ANÁLISE DOS EXAMES BIOQUÍMICOS ........................................................... 72

5.5 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ÓRBITAS ...................................... 75

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77

APÊNDICES ............................................................................................................. 89

ANEXOS ................................................................................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

Cavidade anoftálmica é definida como a órbita desprovida do bulbo ocular,

podendo ser congênita ou adquirida. A anoftalmia congênita é uma alteração

embriológica no qual o bulbo ocular não é formado, mas na maioria das vezes há

restos embrionários oculares. Pode ser unilateral ou bilateral, simétrica ou assimétrica

e está associada em mais da metade dos casos com outras más formações

sistêmicas. Microftalmia é muito mais comum que anoftalmia e é definida como

presença de olho pequeno sem potencial de visão e a nanoftalmia também é um olho

pequeno, mas com potencial de visão. Muitas crianças com bulbo ocular microftálmico

unilateral vão apresentar órbita pequena assimétrica, pois o desenvolvimento e

crescimento da órbita óssea e dos anexos oculares se dão a partir do crescimento do

bulbo ocular. Nas órbitas anoftálmicas o foco do tratamento é cosmético, iniciado o

mais breve possível através de expansão da cavidade óssea e tecidos moles com

expansores e/ou enxertos dermoadiposos (SOARES, 1992) .

As anoftalmias adquiridas são deformidades causadas pela remoção cirúrgica

do bulbo ocular ou de seu conteúdo. A principal indicação para a remoção do bulbo

ocular é o trauma orbitário, entre outras como: olho cego doloroso, presença de tumor

maligno intraocular não responsivo a terapias mais conservadoras, como o

retinoblastoma e o melanoma de coróide, endoftalmite não resolvida com

antibioticoterapia, bem como para melhora estética de olho desfigurado

(VISWANATHAN, SAGOO e OLIVER, 2007; SCHELLINI, ICHIDA e PADOVANI,

2007; PHAN, HWANG e McCULLEY, 2012).

As alterações da cavidade anoftálmica serão de diferentes graus dependendo

de vários fatores, dentre os quais, a idade da perda do bulbo ocular, sendo pior quando

mais precoce (SCHELLINI, 1999). Foi demonstrado que indivíduos enucleados antes

dos 15 anos de idade e que não receberam próteses orbitárias, apresentaram déficit

de crescimento da órbita de 15%, ao passo que os que receberam, tiveram déficit de

apenas 8% (OSBORNE, HADDEN e DEEMING, 1974).

Tanto a anatomia como a fisiologia da órbita se alteram quando o bulbo ocular

não está presente ou possui dimensões reduzidas. A forma e a dimensão dos ossos

orbitais são influenciadas pela presença do olho (SCHELLINI, 1999). A remoção

primária do bulbo ocular deve ser realizada somente em lesões muito graves, quando

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for impossível conservar a visão, uma vez que o ideal é o paciente estar consciente

do seu estado e participar da escolha do tratamento.

Estudos sobre cavidades anoftálmicas são escassos, segundo Souza et al.

(2013), na população normal a frequência de ocorrência de cavidade anoftálmica é de

0,96%. Essa incidência nas mulheres foi de 0,7% enquanto que nos homens foi de

1,3%, fato este esperado levando-se em conta que os homens estão mais sujeitos a

traumas, tanto recreacionais como laborais.

A cavidade anoftálmica pode ser classificada de acordo com o grau de

contração da mucosa conjuntival e dos fórnices conjuntivais em: grau I quando os

fórnices são normais; grau II quando fórnice inferior é raso; grau III se ambos os

fórnices (superior e inferior) são rasos; grau IV onde todos os fórnices estão retraídos,

inclusive o lateral e medial e no grau V existe a microorbitia e microblefaria (SOARES

et al., 1997).

Em 1817, James Beer realizou a primeira evisceração (SAMI, YOUNG e

PETERSEN, 2007) e a enucleação por Cleobury, em 1826 (apud LUCE, 1970). A

técnica da evisceração pode ser bem variável em relação a vários aspectos, desde a

indicação até o pós-operatório tardio. A experiência do cirurgião e a técnica cirúrgica

adequada fazem a diferença (ZOLLI, 1988).

A evisceração (remoção do conteúdo intraocular) e a enucleação (remoção

de todo o bulbo ocular) são procedimentos cirúrgicos inevitáveis em algumas doenças

oculares. As principais indicações cirúrgicas para evisceração são: olho cego

doloroso, phthisis bulbi leve ou moderada e endoftalmite, sendo a enucleação indicada

para casos de phthisis bulbi severa e suspeita de tumor maligno intraocular.

As vantagens e desvantagens da evisceração e da enucleação ainda geram

grandes divergências, no entanto a preferência pela evisceração tem se fortalecido

nas últimas décadas, pela melhor mobilização no pós-operatório, ser mais rápida,

menor manipulação dos tecidos, com menor risco de enoftalmia e síndrome da

cavidade anoftálmica (SOARES et al., 1997). Uma comparação entre as duas técnicas

realizada por Schellini et al. (2003) deu preferência pela evisceração. Apesar da

manutenção do coto escleral proporcionar maior integridade para as estruturas

orbitárias, a evisceração apresenta como desvantagem, em relação à enucleação, a

dificuldade em se remover totalmente o tecido uveal a que, em tese, pode

desencadear o processo de oftalmia simpática; ainda, tumores malignos intraoculares

não diagnosticados podem se disseminar, em consequência da manipulação cirúrgica

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e existe dificuldade de realização de exame histopatológico dos tecidos oculares

removidos (SCHELLINI, 1999).

O olho cego doloroso é uma condição intolerável, resultante de várias

doenças agudas ou crônicas, geralmente associadas ao processo de atrofia ocular,

que pode ser tratado sintomaticamente com medicação tópica ou injetável. No

entanto, em casos não responsivos, o tratamento cirúrgico está indicado.

A endoftalmite é uma infecção intraocular, causada por agentes endógenos

ou exógenos, secundária a cirurgias de catarata ou qualquer outra cirurgia intraocular,

ou por disseminação via hematogênica. O prognóstico depende do diagnóstico

precoce e tratamento adequado com antibioticoterapia, mas em alguns casos o

tratamento definitivo acaba sendo a evisceração (MYASHITA, 2012).

A oftalmia simpática é uma uveíte endógena não infecciosa, limitada ao olho,

caracterizada por uma inflamação granulomatosa bilateral e que, geralmente, afeta

todos os componentes da úvea, designando-se panuveíte. Trata-se de uma situação

clínica rara que surge, embora com algumas exceções, após um traumatismo

penetrante em um dos bulbos oculares. O olho lesado é designado de excitante,

enquanto o olho contralateral, posteriormente afetado, é referido como simpatizante.

A sua etipatologia não é ainda claramente compreendida, contudo evidências

sugerem tratar-se de uma reação autoimune dirigida contra antígenos oculares

expostos no olho excitante. Evidências indicam que os melanócitos da coróide podem

ser os responsáveis pelo início do desenvolvimento da resposta imunoinflamatória. A

oftalmia simpática representa aproximadamente 1 a 2% de todos os casos de uveítes

mas, no entanto, a verdadeira incidência é difícil de estabelecer, devido ao fato do seu

diagnóstico se basear em dados clínicos. A incidência de oftalmia simpática sofreu

uma diminuição nos últimos anos, não apenas por melhoras ao nível de prevenção e

controle de traumatismos oculares, como ao surgimento de novas terapêuticas

imunomoduladoras. A oftalmia simpática surge em cerca de 80% dos casos dentro de

três meses e em 90% dos casos manifesta-se dentro de um ano (PROENÇA e

SOBREIRA, 2011).

Um implante que substitua adequadamente o volume orbitário perdido pode

manter a integridade da cavidade orbitária, caso contrário a cavidade anoftálmica

sofre contração significativa (RAHAL et al., 2000). A reposição primária adequada do

volume orbitário após evisceração ou enucleação, apresenta bons resultados

estéticos em 90% dos pacientes tratados (HABAL, 1987).

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Normalmente utilizam-se enxertos autógenos como, por exemplo, o enxerto

dermoadiposo ou materiais aloplásticos (biomateriais), estes conhecidos como

esferas orbitárias ou implantes orbitários. O enxerto autólogo é um meio efetivo para

repor o volume orbitário perdido, permitindo mobilidade da prótese ocular externa,

baixa morbidade e resultado cosmético favorável, sendo a única opção em órbitas

complicadas e cavidades retraídas (Apêndice 2 - Figura 19). O enxerto autógeno

possui algumas vantagens como: compatibilidade tecidual, não necessita de triagem

para descartar doenças infecciosas, dispensa meios de conservação, não tem

possibilidade de extrusão ou migração do implante e dispensa o uso de material

heterólogo como envoltório dos implantes, porém como desvantagens podemos citar

certa absorção do enxerto ao longo do tempo, com consequente perda de resultado e

a necessidade de áreas doadoras, aumentando a morbidade do ato cirúrgico (maior

tempo de cirurgia e exposição de outro campo operatório) (NARIKAWA, SCHELLINI

e PADOVANI, 2011).

Atrofia do enxerto primário ocorre em menos de 10% dos casos e em

secundários, em menos de 30% (MARTIN, ROGERS e BILLSON, 1986).

Não existem trabalhos científicos randomizados que demonstrem ritmo de

absorção ou degeneração da gordura implantada (NARIKAWA, SCHELLINI e

PADOVANI, 2011).

Os biomateriais simplificam o ato cirúrgico, mas necessitam de algumas

propriedades essenciais, entre elas de serem biocompatíveis (TURRER et al., 2008).

Para repor volume em cavidades orbitárias, a preferência da grande maioria dos

cirurgiões recai sobre as esferas aloplásticas. O interesse pelas substâncias

aloplásticas está na facilidade de obtenção, não havendo necessidade de

procedimentos cirúrgicos para retirada, nem problemas para preservação, como

exigem as substâncias autólogas ou homólogas (SCHELLINI, 1999).

A descoberta de novos biomateriais e mudanças no formato e dimensões dos

implantes têm ajudado na melhora da reconstituição das cavidades orbitárias. Apesar

disso, as complicações precoces e tardias ainda existem, sendo as mais comuns as

exposições, migrações, infecções e extrusões destes implantes. Essas complicações

estão, principalmente, relacionadas com o tipo de material implantado, além da

técnica cirúrgica utilizada (BRANDÃO, 2010).

Implante é uma espécie de transplante, cujas células possuem viabilidade

vital, sendo substituído ou incorporado por tecido do receptor; quando o material é

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modelado, constitui-se uma prótese que pode ser de natureza orgânica ou inorgânica,

de origem natural ou sintética. Portanto o termo implante usado para esferas

colocadas em cavidades anoftálmicas, é impróprio e deveria ser chamado de prótese

de cavidade. No entanto, devido a grande utilização deste termo "implante", para o

uso em cavidades orbitárias, é assim que vamos nos referir a estas esferas

(SCHELLINI, 1999).

O implante orbitário ideal seria aquele que pudesse proporcionar a melhor

estética, fosse biocompatível, não alergênico e não cancerígeno, tivesse baixos

índices de exposição, extrusão, infecção ou migração, e fossem leves, passíveis de

esterilização e de baixo custo de fabricação. Entretanto, ainda não existe esse

implante ideal, nos motivando a pesquisa de um novo material para implante orbitário

que pudesse proporcionar bons resultados, contando com as características

supracitadas e custo aceitável à realidade de nosso país.

Inicialmente foi realizado um estudo experimental, devidamente aprovado

pelo Comitê de Ética em pesquisa, tema de dissertação de Mestrado na FEPAR

(2012).

O estudo foi realizado em 16 coelhos da raça Nova Zelândia, estes foram

submetidos a evisceração ocular e colocados implantes esféricos de resina FullCure

720®, tamanho 10mm diâmetro e com duas superfícies distintas (lisa e rugosa). Os

animais foram acompanhados por um período de 60 dias e então os olhos foram

enucleados. Avaliou-se a resposta clínica dos animais, toxicidade sistêmica analisada

através de exames bioquímicos realizados no pré-operatório e com 60 dias de pós-

operatório e a resposta inflamatória crônica dos tecidos oculares através de análise

macroscópica e histomorfométrica dos olhos enucleados. Os animais apresentaram

comportamento normal durante o período de observação, não houve nenhum sinal de

exposição ou extrusão dos implantes orbitários, ausência de toxicidade sistêmica e

nenhuma morte de algum animal. A reação inflamatória entre o material (resina

acrílica FullCure 720®) e o tecido escleral foi considerada dentro da normalidade, no

entanto observou-se maior reação inflamatória quando a superfície do implante

esférico era rugosa quando comparada com a superfície lisa.

Concluiu-se neste estudo que o material FullCure 720® era biocompatível

para o uso em cavidades anoftálmicas de coelhos, abrindo caminho para a pesquisa

em seres humanos (KORMANN, 2013).

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1.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o comportamento da resina FullCure 720® na confecção de implante

orbitário, para o reparo de cavidades anoftálmicas em seres humanos.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Determinar a resposta clínica dos pacientes, após a colocação dos

implantes orbitários nas cavidades anoftálmicas.

2) Observar através de exames bioquímicos, se existe toxidade sistêmica dos

implantes de resina FullCure 720® quando implantados em cavidades

anoftálmicas de seres humanos.

3) Comparar o tamanho e a localização do implante orbitário nos pacientes,

após dois e 12 meses da cirurgia de evisceração, através de tomografia

computadorizada das órbitas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ANATOMIA DA ÓRBITA HUMANA

As órbitas são cavidades ósseas responsáveis por conter os bulbos oculares e

seus anexos, possuindo um formato piramidal, com base quadrangular anterior e

ápice triangular. O volume da órbita de um adulto é de 30cm³, com altura de 35mm e

profundidade de 40mm. A órbita é formada por quatro paredes:medial, superior ou

“teto”, lateral e inferior ou “assoalho”. As paredes mediais das órbitas são paralelas e

as paredes laterais formam um ângulo de 90º entre si. Sete ossos formam a órbita:

esfenóide, frontal, zigomático, maxilar, palatino, etmóide e lacrimal (Figura 1). As

órbitas são revestidas pela periórbita (periósteo orbitário), firmemente aderido à rima

orbital tendo aí o nome de arcus marginalis e posteriormente continua com a dura do

nervo óptico no ápice orbitário. A periórbita entre esses dois pontos é pobremente

aderida aos ossos, com exceção das suturas, fissuras, foramens e canal óptico. A

partir do arcus marginalis o periósteo é rebatido em direção ao tarso superior e inferior

formando o septo orbitário, limite anterior da órbita, separando-a da pálpebra.

FIGURA 1 - Órbita esquerda

Fonte: Sobotta, 1982

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A cavidade orbitária é preenchida por todo o seu conteúdo, como o bulbo

ocular, fáscias, músculos oculares extrínsecos, ligamentos e aponeuroses, nervos e

vasos, gordura orbital e glândula lacrimal, além de uma malha grande de tecido

conectivo permeando todas estas estruturas. A cápsula de Tenon é uma camada

fibroelástica que se estende do nervo óptico até o limbo anteriormente contendo o

bulbo ocular, constituindo uma forte barreira contra extrusão e migração de implantes

orbitais (Whitnall, 1932).

O nervo óptico é dividido em quatro porções: uma intracraniana medindo

10mm, uma porção intracanalicular de 5mm, uma porção intra orbitária tem 25mm e

uma porção intraocular com 1,5mm. Na órbita, o nervo óptico tem um formato sinuoso

para se ajustar aos movimentos do bulbo ocular. Os músculos extraoculares são

responsáveis pelos movimentos dos bulbos oculares e têm origem no ápice da órbita,

com exceção do músculo oblíquo inferior. A inervação dos músculos extraoculares é

feita pelos III, IV e VI pares cranianos. O anel de Zinn é um anel conectivo fibroso

onde se originam os quatro músculos retos,dividindo a fissura orbitária superior em

dois espaços. A área dentro do anel é denominada forame oculomotor e passam por

ele alguns nervos cranianos (III, ramo nasociliar do V, VI), assim como vasos (ramo

da artéria meníngea média) e fibras do nervo simpático. Temporalmente ao anel de

Zinn passam o nervo troclear (IV par craniano) e os ramos frontal e lacrimal do

trigêmeo (V para craniano), penetrando na órbita por fora do cone muscular. A artéria

oftálmica é a responsável pelo suprimento sanguíneo da órbita, originando-se no sifão

da artéria carótida interna e penetrando na órbita através do forame óptico, junto com

o nervo óptico. A artéria maxilar interna, ramo da artéria carótida externa, também

auxilia no aporte sanguíneo da órbita. A drenagem venosa da órbita é realizada pela

veia oftálmica inferior que se junta à veia oftálmica superior, passando através da

porção temporal da fissura orbitária superior e drenando para o seio cavernoso. Na

órbita não existem vasos linfáticos (SOARES, MOURA e GONÇALVES, 1997).

Tanto na evisceração, quanto na enucleação, ocorre redução de conteúdo da

cavidade orbitária. Necessita-se, portanto, da reposição de volume orbitário o mais

precoce possível, com implante e técnica cirúrgica adequada, a fim de proporcionar

um aspecto estético e funcional aceitável para evitar deformidades orbitopalpebrais

anatômicas e funcionais indesejadas.

A anestesia pode ser realizada por bloqueio peribulbar e sedação ou, como

preferem alguns cirurgiões, sob anestesia geral (BURROUGHS et al., 2003).

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Na técnica cirúrgica de evisceração realiza-se uma peritomia 360º,

paracentese da câmara anterior, remoção da córnea, para se proceder a evisceração

propriamente dita, ou seja, a remoção de todo o conteúdo intraocular. É realizada a

remoção completa de todo o tecido uveal remanescente. Pode ser necessário incisões

esclerais relaxantes, quadrantopsias ou esclerotomia 360º dependendo do tipo e

tamanho do implante a ser utilizado em relação à cavidade escleral. Após hemostasia,

se coloca o implante orbitário dentro dessa cavidade e se sutura a esclera, cápsula

de Tenon e conjuntiva em planos separados.

Já na técnica cirúrgica de enucleação, após realizada a peritomia 360º,

disseca-se a cápsula de Tenon até mais posterior entre os músculos retos, repara-se

os quatro músculos retos e desinsere-se os músculos oblíquos, então clampeia-se o

nervo óptico que deve ser seccionado, removendo-se o bulbo ocular por inteiro,

fazendo-se hemostasia adequada e reconstrução da cavidade orbitária com implante

normalmente envolto por tecido heterólogo (esclera doadora) ou autólogo (fáscia lata

ou temporal), reinserindo os músculos neste tecido, finalizando com a sutura da

cápsula de Tenon e conjuntiva em planos separados.

Existem algumas variações técnicas para a realização da evisceração, entre

elas a mais relevante é a remoção ou preservação da córnea. A manutenção da

córnea poderia proporcionar um maior continente residual para a cavidade, porém

possui desvantagens como a dor ocular pela preservação da inervação sensitiva

(CYTRIN e PERMAN, 1999) e maior chance de extrusão do implante orbitário

(RODRIGUES et al., 1997). A evisceração é uma cirurgia menos invasiva, com menor

perda de volume orbitário e maior preservação funcional, evitando manipulação de

músculos e gordura orbitária.

Essa técnica tem risco menor de aparecimento da Síndrome da Cavidade

Anoftálmica (enoftalmo, aumento da profundidade e elevação do sulco palpebral

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superior, ptose palpebral e flacidez da pálpebra inferior) (Figura 2), se comparada com

a enucleação.

FIGURA 2 - Síndrome da cavidade anoftálmica.

Reabilitar significa restaurar as atividades normais de pessoas com defeitos

físicos ou funcionais. A satisfação completa somente é conseguida com um trabalho

de reabilitação física e mental, envolvendo uma ampla variedade de serviços que se

iniciam na época da perda de visão. O preparo emocional e psicológico não deve fugir

das possibilidades reais. A reabilitação final depende não somente do médico, mas

em grande parte da habilidade artística, técnica de um protético, profissional

responsável pela confecção da prótese ocular externa, colocada na cavidade

conjuntival destes pacientes (SOARES, MOURA e GONÇALVES, 1997).

A perda do bulbo ocular promove repercussões psicológicas, efeitos

fisiológicos e estéticos, responsáveis por dificuldades de relacionamento social e

mudanças bruscas nos hábitos de vida, afetando o comportamento e modo de agir

(BOTELHO, VOLPINI e MOURA, 2003).

A reabilitação estética das cavidades anoftálmicas é uma preocupação antiga.

Os egípcios já utilizavam olhos artificiais em suas múmias, e os gregos e romanos

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empregavam pedras preciosas. A reconstrução da cavidade leva em consideração

fatores como o grau de contração da mucosa conjuntival, a intensidade da falta de

volume da órbita, se a reparação é primária ou secundária, entre outros. A

reconstrução primária deve ser priorizada, com o objetivo de obter melhores

resultados, evitando-se traumas cirúrgicos desnecessários. Quando há necessidade

de eviscerar ou enuclear um olho por qualquer motivo, a reconstrução funcional e

estética é de relevante importância. No entanto, existe muita dificuldade em encontrar

implantes orbitários biocompatíveis e que tenham um custo acessível para a nossa

população (TURRER et al., 2008).

A reconstrução da cavidade anoftálmica é fundamental em relação ao aspecto

cosmético e funcional; quando esta não é tratada de forma adequada tem mais

chances de desenvolver alterações anatômicas e funcionais, tais como afundamento

do sulco palpebral superior, enoftalmia, entrópio, flacidez da pálpebra inferior e

blefaroptose. Uma das possibilidades etiológicas para essas alterações seria a atrofia

da gordura orbitária devido ao menor aporte vascular, mas em estudo realizado por

Shiratori et al. (2005), não se observou variação significativa na área dos adipócitos

de cavidades orbitárias de coelhos após evisceração ou enucleação, concluindo que

a diminuição de volume que ocorre nas cavidades anoftálmicas deve ser

consequência de outros mecanismos, como mudanças na distribuição espacial dos

tecidos moles da órbita. Após a perda do bulbo ocular, dificilmente a quantidade de

sangue que irriga as estruturas orbitárias se mantém, sendo a isquemia o fator

contribuinte para a retração cicatricial dos tecidos. Outros acreditam, que os músculos

extraoculares se contraem e a tração destes, associada à força da gravidade,

promovem mobilização das estruturas orbitárias (SCHELLINI, 1999).

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2.2 BIOMATERIAIS E BIOCOMPATIBILIDADE

Podem-se utilizar tecidos (osso, cartilagem, gordura, entre outros) ou

biomateriais para devolver o volume orbitário perdido. Os tecidos podem ser autólogos

(obtidos do próprio indivíduo) ou heterólogos (tecidos obtidos através de doação),

estes dispensam a necessidade de outro sítio operatório, mas necessitam de métodos

de triagem de doadores, meios de conservação, acondicionamento e transporte

adequado (TURRER et al., 2008).

Biomateriais são compostos orgânicos e inorgânicos que podem ser utilizados

em seres humanos, interagindo com tecidos humanos de forma compatível. Podem

ser sintéticos ou naturais, tolerados de forma transitória ou permanente pelos diversos

tipos de tecidos dos seres humanos (SILVA et al., 2012). Podem ser definidos como

um implante que, quando colocado no organismo, ajuda a recompor o tecido ou órgão

lesado, aproximando-se ao máximo da quantidade e do volume exigidos pela função

específica a ser exercida por aquele órgão. Os biomateriais possuem um custo mais

elevado, e apresentam possibilidades de rejeição e extrusão. No entanto, têm como

vantagem a facilidade do seu uso, visto que não necessitam de uma área doadora,

podendo ser adquiridos na forma e tamanho precisos para melhor preencher a

cavidade orbitária. Os biomateriais conhecidos para o uso como implantes orbitários

podem ser classificados em não integráveis (polimetilmetacrilato, biovidro, silicones e

malhas de polímeros) e integráveis (polietileno poroso, hidroxiapatita coralina e óxido

de alumínio), sendo utilizados há décadas com bons resultados (ANDERSON,

RODRIGUEZ e CHANG, 2008).

Os implantes orbitários integráveis são assim denominados por conter poros,

com capacidade de crescimento do tecido fibrovascular para seu interior. Os implantes

não integráveis são sólidos, com ausência de poros, devendo ser o mais inerte

possível ao organismo e após sua colocação permanecer sem modificações,

mantendo-se separado do tecido receptor por um processo de encapsulamento

(HÉRNANDEZ e CASILLAS, 2008).

Como característica imprescindível, todo biomaterial para implantação tem

que exibir a capacidade de ser bem tolerado pelo organismo hospedeiro, ou seja,

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biocompatíveis, atendendo ao requisito de funcionalidade para o qual foram

projetados e estimulando o mínimo de reações alérgicas ou inflamatórias, mas sem

provocar distúrbios imunohistoquímico nocivos ao organismo. A biocompatibilidade

não é encontrar um material totalmente inerte ao organismo, pois qualquer tipo de

material desencadeia alguma resposta do hospedeiro, sendo este fator favorável e

benéfico para a interação entre o biomaterial e o tecido receptor. A biocompatibilidade

depende diretamente da composição do material e do tipo de tecido receptor

(FRANÇA et al., 2005; ANDERSON, RODRIGUEZ e CHANG, 2008) (Figura 3). A

implantação de biomateriais envolve uma sequência de reações: injúria, inflamação

aguda, inflamação crônica, desenvolvimento de tecido de granulação, reação de corpo

estranho e desenvolvimento de cápsula fibrosa (ANDERSON, RODRIGUEZ e

CHANG, 2008).

Tipo de Implante Reação do tecido Exemplos

Inerte Cápsula fibrosa fina PMMA, Silicone, Aluminio

Tóxico Cápsula fibrosa espessa Todos os metais pesados

Poroso Penetração do tecido Hidroxiapatita, Polietileno

Bioativo Ligação interfacial Hidroxiapatita, Vidros bioativos, compósitos

Absorvível Substituição por tecidos Tricalcium fosfato, ac. polilático

FIGURA 3 - Tipos de reação implante-hospedeiro relacionadas ao implante e à natureza dos materiais

empregados

Fonte: Hench, 1993

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2.3 IMPLANTES ORBITÁRIOS NÃO INTEGRÁVEIS

2.3.1 Esfera de vidro

Os primeiros implantes de vidro colocados para preencher a órbita foram

utilizados na segunda metade do século XIX, porém eram rejeitados (Letter of Müller

to H. SNELLEN1, 1898 ,apud DEN TONKELAAR, HENKES e VAN LEERSUM, 1991).

Após a Segunda Guerra Mundial, as fábricas de vidro foram destruídas, quando então

começaram a surgir os novos implantes autólogos (ossos e cartilagem) e sintéticos

(polimetilmetacrilato e o silicone) (DEN TONKELAAR, HENKES e VAN LEERSUM,

1991).

2.3.2 Polimetilmetacrilato

O polimetilmetacrilato (PMMA) é um polímero sintético de metacrilato de

metila. Foi em 1877 que os químicos alemães Fittig e Paul descobriram o processo

de polimerização. O PMMA é preparado pela mistura de pó (polímero) com líquido

(monômero), obtendo 80% de sua rigidez após quinze minutos. Por ser de fácil

manuseio, o próprio cirurgião pode confeccionar o implante, e sua esterilização é

realizada por processo bastante simples. A resina acrílica tem baixo custo de

fabricação e histologicamente não demonstra efeitos adversos ao organismo (RAHAL

et al., 2000). Em 1950, Allen desenhou um implante de PMMA que possuía quatro

túneis onde passavam os músculos retos e anteriormente eram suturados, para

buscar uma maior transmissão dos movimentos, porém nesta face anterior formava

um anel que acabava causando erosão conjuntival e consequente exposição

(FERREIRA et al., 2006; SAMY, YOUNG e PETERSEN, 2007).

GROTH et al. (2006), realizaram estudo mostrando ser o PMMA bem tolerado

pelo organismo alongo prazo. Em outra pesquisa, utilizando vários tipos de implantes

orbitários, Schellini, Ichida e Padovani (2007) observaram uma taxa de extrusão maior

do implante de PMMA (29,7%) em relação a outros materiais, mas levou-se em conta

1Letter of Müller to H. Snellen, dated 12-7-1898.Historical Collection of the former Roy Netherlands

Ophthalmic Hospital. Utrecht.

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que o PMMA era o principal material utilizado no serviço, pela facilidade de obtenção

do material e baixo custo, e o que mais tempo de observação possuía.

Os implantes de PMMA foram os mais utilizados no mundo até 1989. No

Brasil, acredita-se que o implante orbitário de PMMA ainda seja o mais utilizado

(BRANDÃO, 2010) (Figuras 4A e 4B).

FIGURA 4 – A)Implante orbitário de polimetilmetacrilato; B) Exemplo de exposição de implante orbitário de polimetilmetacrilato New Allen

2.3.3 Biovidro

Foram publicados na revista American Ceramic Society (1962) os resultados

iniciais do material precursor do biovidro. O primeiro compósito de vidro começou a

ser utilizado em 1969, por Dr. Greenlee, como implante de fêmur em ratos. Muitos

estudos foram realizados nessa época para avaliar a interface do material de vidro

bioativo em relação ao vínculo com o osso, que inviabilizavam o seu uso pela

instabilidade dos limites da fase cristalina na cerâmica de vidro. A primeira prótese

confeccionada com o material chamado de Bioglass® foi utilizada no ano de 1985,

nos Estados Unidos da América, para tratar perda auditiva do ouvido médio, mas foi

após a publicação do biomaterial usado em periodontia (1987), a ser utilizado em

dentes extraídos, que o FDA (Food and Drug Administration) liberou o uso do

Bioglass® em 1996 (HENCH, 2006). O Bioglass® foi utilizado para aumentar o volume

de órbitas enoftálmicas em coelhos e demonstrou biocompatibilidade, ausência de

infecção, mínima reação inflamatória e nenhum caso de exposição do implante

(AMATO et al., 2003).

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Mais recentemente Brandão (2010) comparou a biocompatibilidade de

implantes de biovidro e biovitrocerâmico em cavidades evisceradas de coelhos, e a

análise morfológica apontou para a superioridade dos cones de biovidro, que

apresentaram menor reação inflamatória e menor formação da cápsula fibrosa,

confirmada pela microscopia eletrônica de varredura. A saúde geral dos animais

mostrou-se inalterada e a tomografia computadorizada evidenciou que os cones não

migraram e não havia coleções ao redor dos implantes, concluindo que os cones de

biovidro podem ser úteis para a reparação de cavidades anoftálmicas.

2.4 IMPLANTES ORBITÁRIOS INTEGRÁVEIS

Os primeiros implantes integráveis foram utilizados por volta da década de 40

e eram confeccionados de material metálico inerte (ouro), com formato de esfera e

pertuitos tipo “peneira”, que permitiam o crescimento do tecido receptor em seu

interior, mas estes implantes caíram em desuso, decorrente das complicações

observadas, tais como exposições e extrusões (DEN TONKELAAR, HENKES e VAN

LEERSUM, 1991).

2.4.1 Hidroxiapatita Coralina

A Hidroxiapatita Coralina (HA) é um material extraído de coral marinho e

integrável. O FDA aprovou o uso do implante de hidroxiapatita coralina, nos Estados

Unidos da América, em 1989. Desde então, a hidroxiapatita coralina ganhou

popularidade e agora, em alguns países é o tratamento de escolha para reconstituir a

cavidade anoftálmica.Entre outros estudos, Figueiredo (2001) concluiu que a

hidroxiapatita coralina integra-se ao osso receptor de modo semelhante ao enxerto

ósseo autógeno.

A hidroxiapatita coralina é porosa, propiciando crescimento fibrovascular para

seu interior, fator responsável pela baixa incidência de extrusão do implante (RUBIN

et al., 1994). Com as esferas de hidroxiapatita natural, Dutton (1991) observou 50

pacientes por 10 meses e não teve nenhuma complicação. Shields et al., (1992),

seguindo 100 pacientes, tiveram apenas um caso de exposição da esfera. Todavia,

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devido à superfície do material ser rugosa, as porcentagens de deiscência de

conjuntiva (28,6%) e exposição do implante (9,5%), são consideradas

significativamente altas (CHUAH et al., 2004). As vantagens do implante de

hidroxiapatita coralina incluem as baixas porcentagens de extrusão, migração e

infecção, no entanto o custo é muito alto se comparado com os implantes não

integráveis, como as esferas de acrílico (CHUAH et al., 2004) (Figura 5).

FIGURA 5 - Implante orbitário de hidroxiapatita coralina Fonte: dalpasso.it

Para tornar a HA natural viável, ela precisou passar por um processo de

sintetização (hidroxiapatita sintética), deixando o custo de fabricação elevado

(PERRY, 1990). Existem vários implantes de HA sintéticos, entre eles o Bio-Eye®

{Integrated Orbital Implants, Inc., San Diego, Califórnia, USA} que possui poros

múltiplos interconectados, de tamanho entre 300 – 700µm (JORDAN et al., 2000).

Outro implante de hidroxiapatita sintético similar ao Bio-Eye®, é o FCI® {FCI, Issy –

Lês – Moulineaux, France} que possui poros interconectados, de 300 - 500µm de

tamanho, com as mesmas características de biocompatibilidade, pouco mais leve e

custo menos elevado quando comparado ao Bio-Eye® (JORDAN et al., 2000).

A HA brasileira foi fabricada pela EINCO Biomaterial Ltd., em 1992. Consistia

por uma esfera feita de hidroxiapatita (75%) e fosfato de cálcio (25%). Caracteriza-se

pelo peso mais elevado e por não apresentar poros interconectados como as outras

hidroxiapatitas. Apresenta um menor custo de fabricação, mas sem vantagens clínicas

em relação às outras HA. Outros estudos deveriam ser realizados antes de considerar

o seu uso em seres humanos (JORDAN et al., 2000; SAMY, YOUNG e PETERSEN,

2007; SOARES et al., 1995).

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2.4.2 Polietileno Poroso

Conforme foram sendo utilizadas as esferas integráveis, observou-se que

havia melhor mobilidade, menos extrusões, entre outras vantagens. Então,

começaram a surgir outros implantes integrados fabricados de material sintético, entre

eles o polietileno poroso (SCHELLINI et al., 2003).

O implante orbitário sintético de polietileno poroso (Medpor®) foi introduzido

em 1991. Esse implante é fabricado pela Porex Technologies Corporation (GA – USA),

é biointegrável como a hidroxiapatita coralina, possibilitando o crescimento

fibrovascular em seu interior, por ser composto de poros com diâmetro 100 - 500µm.

Esses microporos favorecem a proliferação vascular e migração do tecido orbitário

para seu interior, aumentando a mobilidade e diminuindo os riscos de infecção, de

migração e de extrusão do implante (Figura 6).

FIGURA 6 - Implante orbitário de polietileno poroso Fonte: dicyt.com

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No entanto, também nesse implante poroso as exposições são mais

frequentes (Apêndice 2 - Figura 20), pois a superfície áspera do material pode levar à

erosão dos tecidos (CHALASANI et al., 2007).

Em implantes colocados no interior da cavidade orbitária de coelhos, tanto a

hidroxiapatita como o polietileno poroso, permitem completo preenchimento dos poros

por tecido conjuntivo fibrovascular, embora o fenômeno tenha ocorrido mais

rapidamente na hidroxiapatita (RUBIN et al., 1994).

Segundo Moura e Vieira (2007), uma vantagem desses implantes é a

possibilidade de serem revestidos apenas na sua face anterior, pois a porção posterior

ficaria exposta permitindo o crescimento de tecido fibrovascular em seu interior,

integrando-o ao organismo, diferentemente dos não integráveis. O Medpor® foi o

material sintético mais utilizado nos Estados Unidos da América, por ter boa

integração tecidual e bons resultados no preenchimento da cavidade orbitária

(BLAYDON et al., 2003). Assim como os implantes de hidroxiapatita coralina, esses

implantes possuem um inconveniente, os preços elevados para o nosso meio

(SCHELLINI et al., 2000) e a permanente inflamação que muitas vezes persiste por

anos e leva à remoção do implante (GALINDO et at., 2016) .

Rossa (1999) desenvolveu um tipo de polietileno poroso (Polipore®), também

a partir de polimerização de moléculas de etileno, semelhante ao polietileno

desenvolvido pela Porex®; utilizou este implante no subcutâneo de ratos e observou

que ocorreu a penetração de tecido conjuntivo neoformado para o interior dos poros,

com boa tolerância tecidual.

2.4.3 Óxido de Alumínio

O implante de Óxido de Alumínio é um biomaterial cerâmico usado por

ortopedistas e dentistas há décadas. Os biomateriais de cerâmica são substâncias

feitas de minerais inorgânicos (silicatos ou óxidos metálicos) e processadas em altas

temperaturas, representando outra geração de implantes porosos. Esse material é

resistente, inerte, livre de contaminantes, fácil de ser manipulado tendo como principal

vantagem seu peso, sendo o mais leve dos implantes porosos (0,30g quando

comparados com 0,70g das hidroxiapatitas sintéticas). Apresentam microporos

uniformemente interconectados,em torno de 500µm de tamanho. Tem um custo

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menor em relação às hidroxiapatitas sintéticas, e foi aprovado nos Estados Unidos da

América, pelo FDA, em abril de 2000 (JORDAN et al., 2000) (Figura 7). Conjuntamente

com o laboratório FCI®, foi desenvolvido um novo formato do implante intraorbitário

de biocerâmica, composto por uma porção posterior com 16 a 20mm de diâmetro e

de uma cúpula anterior de 10mm de diâmetro, como uma alternativa que oferece

aumento satisfatório do volume orbitário aliado a boa mobilidade (MALET et.al., 2003).

FIGURA 7 - Implante orbitário de óxido de alumínio Fonte: fci-ophthalmics.com

2.5 IMPLANTE ORBITÁRIO FULLCURE 720®

É um implante orbitário não integrável, composto por uma resina acrílica,

rígida, resistente, leve (densidade 1,19g/cm³), de cor amarelo transparente e

fotossensível. Esta resina acrílica FullCure 720® esta sendo utilizada pela primeira

vez em seres humanos. Os sistemas de prototipagem para a construção dos

biomodelos diferenciam de acordo com o estado físico da matéria- prima empregada

como substrato. Os sistemas baseados em líquidos fazem o uso de resina líquida para

a fabricação dos protótipos. A resina é polimerizada por ação de luz ultravioleta,

simultaneamente ao processo de injeção, sendo cada camada retificada a 16µm pela

passagem de um cilindro logo após sua deposição,no equipamento de prototipagem

rápida Éden 250® (tecnologia Polyjet®). A adição repetida de camadas de resina

líquida (FullCure 720®) e a sua solidificação resultam na obtenção de um modelo

tridimensional sólido em acrílico (IBRAHIM, 2006).

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A resina FullCure 720® não possui efeitos citotóxicos (RAPP e FIEDLER,

2005), é considerada material não mutagênico (KRAFT, WALLNER e BECKER, 2007)

e sem propriedades sensibilizantes (HAIST e ALBRECHT, 2004) (Figura 8).

FIGURA 8 – Implante orbitário de resina acrílica FullCure 720®com a superfície polida

2.6 PRÓTESE OCULAR EXTERNA

As primeiras próteses oculares foram feitas pelos egípcios e romanos, por volta

do século V a.C. e eram feitas de barro pintado e aplicados por fora da cavidade

anoftálmica. As primeiras próteses fabricadas e introduzidas na cavidade anoftálmica

surgiram dois séculos depois e eram feitas em ouro. A prótese era confeccionada de

ouro e prata, de dois tipos distintos: ekblefharon e hypoblepharon, destinadas a serem

utilizadas, respectivamente, na frente ou abaixo das pálpebras (VILLANUEVA e

CASILHAS, 2008). Em Veneza, as próteses de vidro começaram a ser fabricadas no

século XVI e foram aperfeiçoadas pelos franceses e alemães, mas eram inicialmente

utilizadas somente em bonecas. O uso do olho artificial em seres humanos foi

proposto no século XVI por Ambroise Paré, em perda ocular por trauma e doenças,

utilizando vidro e porcelana. Em 1835, um oftalmologista alemão solicitou que fossem

fabricadas para utilizar em seus pacientes, mas eram colocadas sobre as pálpebras,

recobrindo o globo ocular atrofiado ou ausente (SMIT et al., 1991). g

Ludwing Muller Uri foi quem promoveu a grande evolução na confecção dos

"olhos de vidro". A Alemanha passou a liderar a fabricação e exportação desses olhos,

pela qualidade do vidro, perfeição das cores e naturalidade da prótese. Essas

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próteses eram grosseiras e frágeis, e após a Segunda Guerra Mundial surgiram

estudos para desenvolvimentos de outros materiais, surgindo então as próteses

oculares de resina acrílica, que tornaram-se mais resistentes, confortáveis de usar,

podendo ser moldadas para cada paciente com resultados estéticos bem aceitáveis

(PINA e DIAS, 2003; EMÍDIO et al., 2011). As próteses em resina acrílica preservam

até hoje os mesmos conceitos básicos (FONSECA, 1973).

A prótese adequada e esteticamente satisfatória é aquela que proporciona uma

boa abertura palpebral. O tamanho e a forma da prótese devem proporcionar uma

curvatura uniforme às pálpebras não ocasionando desconforto ao paciente. Para se

obter esse resultado final, todas as etapas anteriores como a indicação cirúrgica,

técnica cirúrgica adequada, escolha do implante orbitário, interação entre o

oftalmologista e o protético, entre outras, são fundamentais (SOARES, 1992).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA

Este trabalho foi realizado no Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM) do

Programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia da Faculdade Evangélica do

Paraná (FEPAR), no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC) e no

Hospital de Olhos do Paraná. O estudo foi realizado em conformidade com as

instruções contidas nos quesitos da Resolução n° 466/2012 do Ministério da Saúde.

O protocolo de pesquisa foi submetido pelo sistema nacional online próprio

denominado PLATAFORMA BRASIL, à análise e à aprovação pela Comissão de Ética

e Pesquisa, regularmente cadastrada e credenciada pela CONEP, tendo sido

aprovada em 27 de fevereiro de 2013 (CAAE: 10006013.8.0000.0103, parecer número

206.665) (Anexo A).

Após a explicação de todo trabalho e objetivos da pesquisa aos pacientes e

acompanhantes ou representantes legais, foi entregue um termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, com linguagem acessível ao seu nível de conhecimento e

compreensão, que era levado para suas residências, evitando coação, influência ou

indução, e trazido devidamente preenchido e assinado no dia do procedimento

cirúrgico agendado (AMODEO, SOUSA e SCHIMMELPFENG,2004) (Anexo B).

3.2 DELINEAMENTO

Foi desenhado um estudo prospectivo, longitudinal e com intervenção a ser

realizado no Hospital Evangélico de Curitiba e no Hospital de Olhos do Paraná de

2013 a 2014.

O estudo realizou-se com 10 pacientes atendidos nos ambulatórios do

Hospital Evangélico de Curitiba e Hospital de Olhos do Paraná, com diagnóstico de

olho cego e doloroso, sem melhora com tratamento clínico, em que a última opção

terapêutica era a evisceração do olho afetado. Todos os pacientes estavam de acordo

com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após detalhamento ao paciente

e acompanhante sobre o procedimento e pós-operatório, eventuais riscos cirúrgicos e

anestésicos e possíveis complicações, foram solicitados exames pré-operatórios

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necessários para a realização da cirurgia e exames laboratoriais que serviriam para

avaliar possível toxicidade do material a ser implantado (implante orbitário esférico de

resina FullCure 720®). Em todas as etapas do estudo os pacientes não tiveram

despesas. O pesquisador arcou integralmente com todas as despesas durante todo o

período do estudo.

Os critérios de exclusão foram: pacientes menores que 21 anos de idade,

algum grau de visão no olho a ser operado, phthisis bulbi severa,portadores de doença

renal, cardíaca, hepática, neoplásica, doença autoimune ou outra que eventualmente

pudesse influenciar nos resultados dos exames bioquímicos ou tivesse risco

anestésico impeditivo à realização do procedimento evisceração, pacientes vítimas de

trauma ocular ou orbitário com perda e desorganização das estruturas oculares e

anexos,pacientes com suspeita tumor intraocular maligno e mulheres grávidas. Após

a realização da evisceração, a cavidade oftálmica recebeu um implante esférico de

resina FullCure 720® de tamanho mais adequado para cada cavidade.No terceiro mês

pós-operatório, eram confeccionadas próteses oculares externas sob medida para

cada paciente na Procular®. Todas essas etapas foram documentadas

fotograficamente.

3.3 METODOLOGIA UTILIZADA NA FABRICAÇÃO DOS IMPLANTES

O implante de resina FullCure 720® foi confeccionado a partir de modelos

para treinamento e planejamento cirúrgico em impressoras 3D. Inicialmente, foram

produzidos implantes de dez milímetros de diâmetro, que foram utilizados em estudo

experimental prévio em animais (KORMANN, 2013). A escolha do tamanho dos

implantes orbitários esféricos a serem fabricados para utilizar em seres humanos, com

14,16 e 18mm de diâmetro, baseou-se em estudos de Branco e Junior (2012),

Miyashita (2012) entre outros.

Foi realizada uma análise prévia de um implante esférico de resina FullCure

720® na empresa Sterilab® para determinação de resíduos após o mesmo ser

esterilizado em óxido de etileno (Método ISO 10993-7) (Anexo C). Através de uma

balança de precisão foi feita uma prévia pesagem dos implantes a serem enviados

para esterilização em óxido de etileno na Sterilab®. Os pesos aferidos foram de 1,41,

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2,49 e 3,57 gramas,de acordo com os três tamanhos de implantes que foram utilizados

respectivamente.

A confecção desse novo implante foi realizada por uma máquina de

prototipagem rápida (Eden 250®), no Núcleo de Prototipagem e Ferramental (NUFER)

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), sob supervisão de um

único profissional, Prof. Dr. José Aguiomar Foggiatto.

A resina denominada FullCure 720® é um monômero acrílico, translúcida,

resistente, sem propriedades de hipersensibilidade (HAIST e ALBRECHT, 2004), que

pode ser utilizada pela Tecnologia Polyjet® para prototipagem de biomodelos com

muita precisão e confecção de finos detalhes.

A prototipagem rápida é um processo de fabricação aditivo (adição de material

em forma de camadas planas sucessivas) que comparado com os processos

convencionais (subtrativos) permite a obtenção de peças com alta complexidade

geométrica diretamente de um arquivo CAD (arquivo usado em programas de

engenharia para modelagem de peças) sem a necessidade de ferramentas de corte,

de forma rápida, automatizada e flexível (VOLPATO et al., 2007). Para obter um

protótipo, é necessária a realização das seguintes etapas:

3.3.1 Modelagem da peça em programa de CAD-3D (modelo digital)

A primeira etapa para a obtenção de um protótipo é modelar o objeto em um

programa CAD-3D. Esses programas de engenharia permitem a modelagem de peças

(modelos físicos) de qualquer complexidade a partir da combinação de sólidos

geométricos simples (modelos tridimensionais de sistema CAD).

3.3.2 Conversão do arquivo CAD para o arquivo STL

Terminado o modelo, é necessário convertê-lo para o formato STL

(Stereolithography) visto que as principais tecnologias adotaram este formato como

padrão para a prototipagem rápida. A estereolitografia foi o primeiro processo de

prototipagem rápida disponível comercialmente, apresentado ao mercado em 1988,

pela empresa 3D Systems INC® (VOLPATO et al., 2007). O formato STL contém a

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geometria da peça na forma de uma malha de elementos triangulares e quanto maior

o número destes elementos, mais próximo do modelo virtual será o protótipo.

3.3.3 Planejamento da estratégia de prototipagem

Após a conversão do arquivo para o formato STL, deve-se fazer o

planejamento da estratégia de prototipagem, ou seja, com quais configurações a

máquina irá produzir o protótipo. A estratégia dependerá da função que o protótipo irá

cumprir (função mecânica ou estética) e da tecnologia de prototipagem rápida

empregada. No caso da Tecnologia Polyjet®, utilizado pela máquina Eden 250®, o

programa Objet Studio® é empregado para definição de construção do protótipo.

3.3.4 Fabricação do protótipo na Máquina Eden 250® (Tecnologia Polyjet)

Desenvolvida pela empresa Objet Geometries Ltd. (Rehovot, Israel), a

máquina Eden 250® (Figura 9) é uma máquina de prototipagem que utiliza a

tecnologia de impressão a jato de tinta (no Brasil representado pela Anacom®).

FIGURA 9 - Plataforma de fabricação da máquina Eden 250®

Um cabeçote com movimento ao longo do eixo X deposita a resina em

pequenas gotas sobre a bandeja, de forma muito semelhante a de uma impressora

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convencional. Depois de concluída a deposição na faixa ao longo do eixo X, a máquina

realiza um deslocamento no eixo Y e continua a sua movimentação ao longo do eixo

X. Terminada a camada, a bandeja onde as peças estão sendo prototipadas realiza o

deslocamento em relação ao eixo Z em valor equivalente à espessura de camada

depositada.

Os materiais utilizados são resinas acrílicas fotossensíveis desenvolvidas pelo

fabricante da máquina. Uma luz ultravioleta acoplada ao cabeçote realiza a cura do

material (secagem) imediatamente após a sua deposição na bandeja, não

necessitando de um processo pós-cura e o produto pode ser utilizado imediatamente

após a sua fabricação. A resolução de impressão é de 46 micrometros no eixo X, 84

micrometros no eixo Y e 16 micrometros no eixo Z, o que garante uma elevada

qualidade superficial das peças prototipadas. Após a solidificação da primeira

camada, a plataforma móvel se desloca para baixo no valor de uma espessura de

camada repetindo o processo até que as camadas subsequentes sejam depositadas,

compondo assim o produto final de baixo para cima. A medição da superfície do

implante orbitário, quanto à “rugosidade”, foi realizada com projetor de perfis e lente

de 50 vezes de aumento.

3.3.5 Produção e Limpeza

A fabricação de protótipos depende da utilização de uma resina específica de

suporte, para permitir a deposição de material em regiões suspensas (região cinza na

Figura 10).

FIGURA 10 - Esquema de aplicação do suporte dentro da máquina Eden 250®

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O suporte deverá ser retirado em uma etapa de pós-processamento, através

da remoção manual e química, deixando a peça na forma desejada. Ao término da

confecção, os implantes orbitários de resina FullCure 720® foram enviados a um setor

apropriado para o polimento de sua superfície [!].

Ao término de todas as etapas da confecção os implantes eram

encaminhados a Sterilab® para esterilização a gás, em óxido de etileno.

3.4 COLETA DOS EXAMES BIOQUÍMICOS

Os exames pré-operatórios escolhidos foram: hemograma completo, glicemia

de jejum, coagulograma, eletrocardiograma, aspartato aminotransferase (TGO),

alanina aminotransferase (TGP), albumina, creatinina fosfoquinase (CPK), creatinina,

ureia, fosfatase alcalina (FA) e proteína C reativa (PCR). Os exames eram solicitados

aos pacientes que coletavam em um laboratório de sua escolha. No pós-operatório de

12 meses novos exames eram solicitados: hemograma completo, TGO, TGP,

albumina, CPK, ureia, creatinina, FA e PCR.

3.5 TÉCNICA ANESTÉSICA

Todos os pacientes foram posicionados na mesa cirúrgica em decúbito dorsal,

sob monitorização com eletrocardioscópio, monitor de pressão arterial não invasiva,

oxímetro de pulso e instalada linha venosa com solução fisiológica. Foi instilada uma

gota de colírio anestésico tópico de proximetacaína 0,5% (Anestalcon® colírio, Alcon

laboratórios do Brasil) no olho a ser eviscerado e uma gota de iodopovidona (PVPI)

diluída a 0,5% no mesmo olho. Então, esses olhos eram submetidos ao bloqueio

anestésico peribulbar via transcutânea, com técnica de injeção dupla, com agulha 25G

de 25mm (marca BD®). Utilizou-se 3ml de cloridrato de lidocaína 2% sem

vasoconstrictor (Xylestesin®, Cristalia), 3ml de cloridrato de ropívacaína 2mg/ml sem

vasoconstrictor (Ropi®, Cristalia) e 1ml de hialorunidase injetável 50UI (Hyalozima®,

Apsen), sendo 3ml de anestésico local depositados por injeção junto a rima orbital

inferior na projeção do forâmen infraorbital, e 3ml adicionais, por injeção

imediatamente lateral ao forâmen supraorbitário, sob sedação com propofol 1%

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(Propovan®, Cristalia) 2mg/Kg endovenoso, administrado numa taxa de 30mg a cada

10 segundos. O olhar foi mantido em posição neutra durante as injeções.

Imediatamente após, um peso de McIntyre (600g) foi aplicado sobre o olho a ser

eviscerado, com as pálpebras fechadas.

3.6 EVISCERAÇÃO E IMPLANTE ORBITÁRIO

O material cirúrgico era o adequado para este tipo de procedimento e

devidamente esterilizado em autoclave. Após anestesia peribulbar sob sedação, era

realizada assepsia das pálpebras com PVPI a 10%, colocado campos cirúrgicos e o

blefarostato no olho a ser eviscerado. A operação iniciava-se com a peritomia da

conjuntiva limbar em 360 graus com posterior dissecção, paracentese da câmera

anterior com lâmina de bisturi estéril e descartável número 11 (marca BD®), remoção

da córnea com tesoura, procedendo-se a evisceração do conteúdo ocular

propriamente dita, utilizando-se uma cureta média para dissecção do plano

uveoescleral com o auxílio de uma pinça de conjuntiva. Após a remoção total dos

pigmentos uveais e realizada hemostasia adequada, colocou-se o implante esférico

no interior da cavidade escleral. Em cada procedimento cirúrgico havia disponibilidade

de três implantes orbitários de diâmetros diferentes, 14, 16 e 18mm e neste momento

era escolhido o implante mais adequado, de acordo com o tamanho da cavidade

escleral de cada paciente. A esclera, cápsula de Tenon e a conjuntiva foram suturadas

em três planos distintos. A esclera era suturada com pontos separados e fio absorvível

5.0 (vicryl 5.0 Ethicon® – Johnson & Johnson, SP), na cápsula de Tenon a sutura era

contínua com fio absorvível 6.0 (vicryl 6.0 Ethicon® – Johnson & Johnson, SP) e na

conjuntiva os pontos eram separados com fio absorvível 6.0 (vicryl 6.0 Ethicon® –

Johnson & Johnson, SP), concluindo-se o procedimento (Figura 11). Após o término

da sutura conjuntival, aplicou-se pomada oftálmica estéril de acetato de retinol

10.000UI/g, aminoácidos 25mg/g, metionina 5mg/g e cloranfenicol 5mg/g (Epitezan ®

pomada, Alcon laboratórios do Brasil) e o olho era ocluído com curativo estéril de 12

a 24 horas. Antes do procedimento cirúrgico (aproximadamente 2 horas antes), foi

administrado profilaticamente em todos os pacientes antibiótico endovenoso,

cefazolina sódica 2g (Kefazol®, ABL laboratórios do Brasil ltda) diluída no soro

fisiológico.

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FIGURA 11 - Técnica evisceração Legenda: A) .....

3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Após a cirurgia de evisceração e a devida recuperação pós-operatória dos

pacientes, estes foram avaliados no ambulatório pelo mesmo médico oftalmologista,

através de biomicroscopia durante os 12 meses pós-evisceração (semanalmente no

primeiro mês, mensalmente do segundo ao sexto mês e com um ano de pós-

operatório), e anotaram-se os dados em uma ficha clínica individual para cada

paciente (Apêndice 1), onde constava: dados pessoais de cada paciente, o olho a ser

eviscerado, etiologia do olho cego doloroso, tratamentos anteriores, doenças pré-

existentes, tamanho do implante colocado, exames bioquímicos pré-operatórios e com

12 meses pós-operatório, tomografia computadorizada das órbitas com dois e 12

meses de pós-operatório, sinais clínicos como hiperemia conjuntival, secreção ocular,

quemose, deiscência da conjuntiva, exposição ou extrusão do implante orbitário e

movimentos do olho eviscerado nas ducções básicas sem a prótese ocular externa.

Nenhum paciente abandonou o estudo.

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Para avaliar a motilidade ocular do olho eviscerado o paciente era posicionado

na lâmpada de fenda, instilava-se uma gota de anestésico (Anestalcon® colírio, Alcon

laboratórios do Brasil), colocava-se o blefarostato e realizava-se com uma caneta

própria de marcação de pele um ponto central na conjuntiva com o paciente na

posição primária do olhar (PPO), então solicitava-se ao paciente que movimenta-se

os olhos nas ducções básicas (PPO, levoversão, dextroversão, supraversão e

infraversão) (Figura 12).

FIGURA 12 - Avaliação dos movimentos do olho eviscerado nas ducções básicas (PPO, levoversão,

dextroversão, supraversão e infraversão). Legenda: A) ....

3.8 CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

Durante o período pós-operatório imediato, os pacientes foram colocados na

sala de recuperação e posteriormente transferidos para a enfermaria hospitalar por,

no mínimo 6 horas. Durante esse período permaneciam em repouso com cabeceira

elevada 45°, dieta líquida, analgésicos e antibioticoterapia. Após esse período era

dada alta hospitalar. No dia seguinte ao procedimento cirúrgico, o paciente retornava

ao ambulatório de oftalmologia, onde era removido o curativo oclusivo e iniciava-se a

avaliação dos sinais e sintomas. Foi prescrito cefalexina, cefalosporina de primeira

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geração por via oral 500mg de 6/6h por 7 dias (Keflex®, Bagó laboratórios do Brasil),

antinflamatório não hormonal via oral 400mg de 12/12h por 5 dias (Advil®, Wyeth

laboratórios do Brasil), analgésicos via oral 750mg de 6/6h se dor (Tylenol®, Janssen-

cilag Farmacêutica Ltda), pomada oftálmica estéril via tópica de acetato de retinol

10.000 UI/g, aminoácidos 25mg/g, metionina 5mg/g e cloranfenicol 5mg/g antes de

dormir por 30 dias (Epitezan® pomada, Alcon laboratórios do Brasil), colírio

associação de dexametazona 0,1% e cloridrato moxifloxacino 0,5% 8/8 horas por 21

dias (Vigadexa® colírio, Alcon laboratórios do Brasil), colírio lubrificante quatro vezes

ao dia (Optive® colírio, Alcon laboratórios do Brasil) e cuidados gerais quanto à

higiene local, compressa fria nos primeiros dias e evitar esforços físicos na primeiro

mês pós-operatório.

Foi adaptada uma lente de simbléfaro com vários furos (lente conformadora)

no sétimo dia de pós-operatório. A sutura da conjuntiva foi removida no 21° dia do

período pós-operatório, no ambulatório sob anestesia tópica com cloridrato de

proximetacaína 0,5% colírio uma gota no olho operado (Anestalcon® colírio, Alcon

laboratórios do Brasil).

3.9 ADAPTAÇÃO DA PRÓTESE OCULAR EXTERNA

Após o terceiro mês de pós-operatório, com a cavidade em boas condições,

sem sinais inflamatórios e infecciosos, e com boa cicatrização, eram realizados os

testes através de moldes (caixa de prova), medidas e fotografia do olho contralateral,

para encomendar a fabricação da prótese ocular externa (Procular® - SP, Brasil). Lá

um protético experiente confeccionava a prótese mais adequada para cada paciente

e o médico observador adaptava (Figura 13) e orientava a melhor maneira de

manipular a prótese e os cuidados necessários para o seu uso correto.

FIGURA 13 - Paciente com 3 meses de pós-operatório sem e com a prótese ocular externa adaptada Legenda: A) ...

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3.10 VARIÁVEIS ESTUDADAS

A) Exame Clínico:

Todos os pacientes foram avaliados semanalmente no primeiro mês através

da biomicroscopia, na busca de fenômenos intercorrentes com a evolução clínico-

cirúrgica e demais manifestações oculares. O exame avaliou sinais na cavidade

orbitária, quanto à presença de sinais inflamatórios, infecciosos, deiscência de

conjuntiva, exposição ou extrusão do implante orbitário e movimentação ocular do

olho operado. As variáveis hiperemia, secreção e quemose foram mensuradas por

avaliação visual em lâmpada de fenda, com aumento de 10 vezes, sob luz branca e

difusa, e foram consideradas: ausentes, (+) leve, (++) moderada, (+++) severa (Figura

14).

FIGURA 14 - Avaliação da hiperemia conjuntival, considerando escala de cruzes: ausente, leve(+), moderada (++) e severa (+++) Legenda: A) ....

B) Exames Bioquímicos:

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Os exames bioquímicos pré e pós-operatórios foram realizados em local de

escolha do próprio paciente, geralmente na cidade em que ele residia pela facilidade

em deslocamento, sendo apenas solicitado que cada paciente fizesse os exames pós-

operatórios no mesmo lugar que foi coletado no pré-operatório, para evitar mudança

na técnica de coleta e metodologia utilizada, que pode variar entre os laboratórios. Os

resultados foram comparados com um padrão de normalidade (KRATZ e

LEWANDROWSKI, 1998).

C) Tomografia Computadorizada das Órbitas:

A tomografia computadorizada das órbitas foi solicitada com dois e 12 meses

de pós-operatório, realizadas no setor de radiologia do Hospital Evangélico de

Curitiba. As tomografias computadorizadas das órbitas foram realizadas nas

incidências axial e coronal (técnica helicoidal multislice) antes e após a injeção

endovenosa de contraste iodado não-iônico, em todos os pacientes. Foi solicitado que

o médico radiologista executor do exame complementar fizesse a aferição da medida

em milímetros, do diâmetro do implante orbitário presente na cavidade orbitária de

cada paciente. Para essas medidas foi utilizado um programa Workstation®, software

de diagnóstico por imagem.

3.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para descrição das variáveis quantitativas foram consideradas as estatística e

média, mediana, valor mínimo, valor máximo e desvio padrão. Todos os dados foram

transferidos para tabela no Excel. Para sumarização das variáveis qualitativas foram

consideradas frequências e percentuais. Para comparação dos dois momentos de

avaliação em relação às variáveis quantitativas, foram considerados os testes de

Student para amostras independentes e não paramétrico de Wilcoxon. Para avaliação

da diminuição, entre dois momentos, do grau de hiperemia, secreção e quemose, foi

considerado o teste binomial. A avaliação da condição de normalidade foi efetuada

considerando-se o teste de Jarque-Béra. Valores de p menores do que 0,05 indicaram

significância estatística.

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4 RESULTADOS

Foram estudados dez pacientes, oito do sexo feminino e dois do sexo

masculino. A idade variou de 25 a 70 anos, com média de idade de 46,8 anos. Dos

olhos submetidos à evisceração 60% era olho esquerdo e 40% olho direito, sendo que

o tamanho do implante mais utilizado foi o número 16mm (70%), seguido pelo número

14mm (20%) e o número 18mm (10%) (Gráfico 1). Quanto às etiologias, o trauma

(30%) e o glaucoma (40%) foram os mais comuns, também se encontrou como causa:

endoftalmite, retinopatia diabética e úlcera de córnea (Gráfico 2).

GRÁFICO 1 - Tamanho dos implantes GRÁFICO 2 - Etiologia

Quanto à mobilidade do olho eviscerado, todos os pacientes apresentaram

movimentos nas ducções básicas, com diminuição de uma das ducções (supra, infra,

levo ou dextroversão) em 3 pacientes.

4.1 AVALIAÇÃO DOS EXAMES BIOQUÍMICOS

4.1.1 Análise quantitativa

Para cada uma das variáveis que atenderam à condição de normalidade,

testou-se a hipótese nula de média nos dois momentos de avaliação versus a hipótese

alternativa de médias diferentes. Para a variável PCR, que não atendeu à condição

de normalidade, testou-se a hipótese nula de resultados iguais nos dois momentos de

avaliação versus a hipótese alternativa de resultados diferentes.

TAMANHO DO IMPLANTE

14MM

16MM

18MM

ETIOLOGIA

GLAUCOMA

TRAUMA

OUTROS

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Na tabela abaixo para cada uma das variáveis, para cada um dos momentos e

para a diferença entre os resultados no pós e no pré, são apresentadas as estatísticas

descritivas bem como os valores de p dos testes estatísticos.

TABELA 1 - Média, mediana e valores mínimos das dosagens bioquímicas da CPK (U/L), TGO (U/L),

TGP(U/L), Albumina (g/DL), Creatinina (U/L), Uréia (U/L), FA (U/L), PCR (mg/L) Segundo

pré e pós-operatório

Variável Momento n Média Mediana Mínimo Máximo Desv Pad Valor de p

Pré 10 111,2 89,0 49,0 361,0 93,3

Cpk Pós 10 140,1 105,0 40,0 434,0 116,3

Pós-Pré 10 28,9 5,0 -11,0 119,0 43,0 0,062*

Pré 10 28,9 27,0 17,0 54,0 11,7

Tgo Pós 10 24,3 23,0 17,0 35,0 6,0

Pós-Pré 10 -4,6 1,0 -28,0 4,0 11,2 0,227*

Pré 10 30,9 29,0 19,0 53,0 9,9

Tgp Pós 10 28,6 28,0 14,0 54,0 10,8

Pós-Pré 10 -2,3 1,0 -15,0 5,0 7,1 0,330*

Pré 10 4,2 4,2 3,9 4,8 0,3

Albumina Pós 10 4,4 4,5 3,8 4,8 0,3

Pós-Pré 10 0,2 0,3 -0,4 0,6 0,3 0,109*

Pré 10 0,9 0,9 0,7 1,1 0,1

Creatinina Pós 10 0,9 0,9 0,7 1,2 0,2

Pós-Pré 10 0,0 0,0 -0,3 0,4 0,2 0,751*

Pré 10 30,8 26,0 10,0 59,0 16,4

Uréia Pós 10 36,6 36,0 16,0 81,0 19,1

Pós-Pré 10 5,8 2,0 -9,0 30,0 11,8 0,154*

Pré 10 75,1 66,0 47,0 110,0 20,0

Fa Pós 10 85,0 79,0 41,0 121,0 28,9

Pós-Pré 10 9,9 9,0 -35,0 55,0 25,1 0,244*

Pré 10 7,2 4,0 0,3 24,0 8,3

Pcr Pós 10 5,4 6,0 0,3 17,0 4,8

Pós-Pré 10 -1,9 0,0 -15,0 2,0 5,2 0,500*

(*) Teste t de Student para amostras pareadas; p<0,05

(**) Teste não paramétrico de Wilcoxon; p<0,05

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4.1.2 Análise qualitativa

Nos gráficos abaixo são apresentados os resultados obtidos no estudo onde

cada caso foi classificado, para cada variável, de acordo com o critério definido de

normalidade. Não foi possível a aplicação de teste estatístico em função do tamanho

da amostra.

GRÁFICO 3 - Valores de CPK de acordo com pré e pós-operatório

GRÁFICO 4 - Valores de TGO de acordo com pré e pós-operatório

90,0%

80,0%

10,0%

20,0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré Pós

Normal Alterado

80,0%

100,0%

20,0%

0,0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pré Pós

Normal Alterado

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GRÁFICO 5 - Valores de TGP de acordo com pré e pós-operatório

GRÁFICO 6 - Valores de albumina de acordo com pré e pós-operatório

90,0% 90,0%

10,0% 10,0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré Pós

Normal Alterado

100,0% 100,0%

0,0% 0,0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pré Pós

Normal Alterado

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GRÁFICO 7 - Valores de creatinina de acordo compré e pós-operatório

GRÁFICO 8 - Valores de ureia de acordo com pré e pós-operatório

100,0% 100,0%

0,0% 0,0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pré Pós

Normal Alterado

60,0% 60,0%

40,0% 40,0%

0%

20%

40%

60%

80%

Pré Pós

Normal Alterado

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GRÁFICO 9 - Valores de FA de acordo com pré e pós-operatório

GRÁFICO 10 - Valores de PCR de acordo com pré e pós-operatório

100,0%

90,0%

0,0%

10,0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pré Pós

Normal Alterado

80,0%

90,0%

20,0%

10,0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré Pós

Normal Alterado

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4.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS PACIENTES

No decorrer da avaliação clínica, um paciente apresentou deiscência de

conjuntiva na segunda semana de pós-operatório, sendo que o problema se resolveu

espontaneamente de forma total na sexta semana de pós-operatório.

Durante todo o seguimento, nenhum dos pacientes referiu dor ou qualquer

outro sintoma que não fosse considerado normal para este tipo de procedimento

cirúrgico. Nenhum paciente apresentou sinais inflamatórios, infecciosos, exposição ou

extrusão do implante orbitário (Figura 15).

FIGURA 15 - Cavidade anoftálmica 3 meses após operação de evisceração do olho direito

4.2.1 Análise de hiperemia, secreção e quemose

HIPEREMIA

Na análise subsequente não foram considerados os casos que tiveram

avaliação de ausência da variável nos dois momentos sob comparação. Assim, testou-

se a hipótese nula de que a probabilidade de diminuição do grau de hiperemia entre

os dois momentos avaliados é igual a 0,5 versus a hipótese alternativa de que esta

probabilidade é maior do que 0,5. A hipótese alternativa está associada à condição de

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que há uma maior probabilidade de diminuição do grau de hiperemia do que de

estabilidade ou aumento. Nas tabelas abaixo são apresentados os resultados obtidos

no estudo, relativos à cada par de momentos sob comparação, e o valor de p do teste

estatístico

TABELA 2 - Hiperemia na primeira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 1

Ausente 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Leve 3 30% 0 0% 0 0% 0 0% 3 30%

Moderada 7 70% 0 0% 0 0% 0 0% 7 70%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 10 100%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

Valor de p: <0,001

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SECREÇÃO

A aplicação de teste não foi possível em função de grande número de casos

com ausência de secreção

TABELA 3 - Secreção na primeira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 1

Ausente 8 80% 0 0% 0 0% 0 0% 8 80%

Leve 2 20% 0 0% 0 0% 0 0% 2 20%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Ausente e continuou ausente 8 80%

Diminuiu 2 20%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

QUEMOSE

Na análise subsequente não foram considerados os casos que tiveram

avaliação de ausência da variável nos dois momentos sob comparação. Assim, testou-

se a hipótese nula de que a probabilidade de diminuição do grau de quemose entre

os dois momentos avaliados é igual a 0,5 versus a hipótese alternativa de que esta

probabilidade é maior do que 0,5. A hipótese alternativa está associada à condição de

que há uma maior probabilidade de diminuição do grau de quemose do que de

estabilidade ou aumento. Nas tabelas abaixo são apresentados os resultados obtidos

no estudo, relativos à cada par de momentos sob comparação, e o valor de p do teste

estatístico

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TABELA 4 - Quemose na primeira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 1

Ausente 5 50% 0 0% 0 0% 0 0% 5 50%

Leve 2 20% 0 0% 0 0% 0 0% 2 20%

Moderada 2 20% 0 0% 0 0% 0 0% 2 20%

Severo 1 10% 0 0% 0 0% 0 0% 1 10%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 5 100%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 5 100%

Total 10 100%

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4.3 AVALIAÇÃODA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ÓRBITAS

Todos os dez pacientes apresentaram o implante orbitário esférico de resina

acrílica FullCure 720® na mesma posição que foram implantados, centralizados na

órbita e no interior da esclera, sem deslocamento ou migração. As dimensões dos dez

implantes (100%) apresentaram-se inalteradas com 12 meses de pós-operatório em

relação ao primeiro exame de imagem (com dois meses de pós-operatório) e sem

evidências de outras alterações (Figura 16).

FIGURA 16 - Tomografia computadorizada das órbitas na incidência axial, mostrando olho

normal (à esquerda) e aspecto do implante orbitário dentro da cavidade

anoftálmica (à direita), 12 meses após a operação de evisceração.

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5 DISCUSSÃO

5.1 ESTUDOS EM SERES HUMANOS

Previamente ao estudo em seres humanos, foi realizado um estudo

experimental da biocompatibilidade com o mesmo implante orbitário esférico de resina

FullCure 720®, obtendo-se bons resultados e nos motivando a dar seguimento para

um estudo em seres humanos (testes clínicos, fase I). Estudos em animais são

geralmente os primeiros estudos in vivo a serem realizados com um medicamento ou

terapia. Os estudos em seres humanos podem ser de dois tipos: estudos

epidemiológicos e os testes clínicos. Os estudos epidemiológicos se limitam a

observação de uma determinada população, não envolvendo nenhuma intervenção

nos indivíduos estudados (http://www.projetoockham.org/ferramentas).

Testes clínicos são laboriosos e custosos em realizá-los e na cirurgia trazem

consigo diversos desafios práticos e metodológicos na sua elaboração e realização

(OLIVEIRA, 2010). Os testes clínicos são mais confiáveis, pois existe maior controle

sobre as variáveis que podem afetar os resultados, permitindo estudar com maior

precisão cada fator envolvido. Testes clínicos, normalmente, são realizados em uma

progressão, cada vez com um número maior de pacientes. A FDA usa três fases: a

fase I utiliza até 100 pacientes ao longo de alguns meses, visando principalmente

garantir a segurança do medicamento; a fase II utiliza centenas de pacientes durante

até dois anos, visando confirmar mais de uma vez a segurança do medicamento, mas

principalmente estudar a eficácia; e a fase III pode empregar até milhares de pacientes

durante até quatro anos, para determinar além da segurança e eficácia, a dosagem

adequada (CASTRO, 2016).

Como em qualquer pesquisa científica, cuidados precisam ser tomados para

garantir que a conclusão obtida seja realmente bem fundamentada. O tamanho da

amostra muito grande aumenta desnecessariamente o custo, complexidade e riscos

do estudo, já grupos pequenos demais podem ser insuficientes para detectar um

padrão estatístico existente, podem não ser representativos na população em geral e

estão mais sujeitos a serem influenciados por variações aleatórias (CASTRO, 2004).

Por ser o primeiro estudo em seres humanos a utilizar este tipo de material

(resina FullCure 720®) e como,de acordo com o Conselho Nacional de Saúde

Resolução 251/97, a fase I de um estudo em seres humanos deve ser em pequenos

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grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias, de um novo princípio ativo ou nova

formulação, optou-se pela realização deste estudo com o número de dez pacientes.

Turrer et al. (2008) realizaram o estudo fase I para avaliar um novo composto

bioativo de biocerâmica para reconstruir o complexo zigomático em seres humanos,

utilizando o número de seis pacientes.

Em qualquer ensaio clínico e particularmente nos conflitos de interesse

envolvidos na pesquisa com novos produtos, a dignidade e o bem-estar do sujeito

incluído na pesquisa devem prevalecer sobre outros interesses, sejam econômicos,

da ciência ou da comunidade. É fundamental que a pesquisa deve estar alicerçada

em normas e conhecimentos cientificamente consagrados em experiências

laboratoriais, in vitro e conhecimento de literatura pertinente (ALBUQUERQUE, 1997).

Mesmo que o grupo estudado tenha um tamanho adequado, é preciso

certificar-se que ele seja acompanhado também por um período suficiente, de forma

a garantir que as variações encontradas sejam significativas (CASTRO, 2004). Neste

estudo os pacientes foram acompanhados por um período de 12 meses, assim como

estudo de Malet, Spera e Alves(2003) e Park, Paik e Yang(2010), que acompanharam

os pacientes em média por 12 meses.

A eficácia para alívio da dor ocular em um paciente com um olho cego e

doloroso através de evisceração e enucleação já foi avaliada em estudos como o de

Shah-Desai (2000), fator pelo qual se optou pela evisceração nestes pacientes. Os

últimos estudos têm indicado que mesmo em eviscerações, a incidência de oftalmia

simpática é reduzida, devido à apuração da técnica cirúrgica e ao uso de corticoides

(MIYASHITA, 2012).

Em relação à anestesia em cirurgias de evisceração, o desejável é que ela

permita uma adequada analgesia, baixo risco anestésico, rápida recuperação e cause

o mínimo de efeitos adversos no pós-operatório, como descreveu Miyashita (2012),

baseado nestes princípios optou-se pelo bloqueio peribulbar e sedação.

5.2 ESCOLHAS DO TEMA, BIOMATERIAL

Procurou-se por meio deste estudo analisar o uso de um novo material, para

a confecção de implante orbitário esférico composto por resina FullCure 720®, em

pacientes eviscerados por olho cego doloroso. A resina FullCure 720® é um material

de base acrílica fotocurável, que pode ser facilmente obtida em nosso país, com um

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custo acessível à nossa população. O implante orbitário de FullCure 720® foi fácil e

rapidamente confeccionado em local apropriado (UTFPR), por pessoal treinado,

utilizando a prototipagem rápida, que é uma forma de tecnologia que fabrica modelos

ou materiais a partir de informação eletrônica (CAD). Modelado o material no

programa CAD-3D, ele precisa ser convertido para o formato STL para possibilitar a

prototipagem rápida pela tecnologia Polyjet, onde encontramos alta qualidade e

resolução para obtenção de partes lisas, precisas e altamente detalhadas, sendo um

processo rápido por não necessitar pós-cura do material.

Em estudo anterior já havia sido realizado um controle de resíduos no

processo de esterilização dos implantes orbitários de FullCure 720® em óxido de

etileno pela Sterilab® (KORMANN, 2012), no entanto como no presente estudo foi

alterada a superfície do implante, tornando-a polida, optou-se por nova análise

cromatográfica, sendo que dois implantes foram enviados logo após a esterilização

para a Environ Científica® e os outros dois implantes foram encaminhados para a

mesma análise sete dias após a esterilização. Esse intervalo de aeração ambiental foi

para detectar se havia diferença de resíduo do óxido de etileno nos implantes

orbitários analisados logo após a esterilização e sete dias após o processo. A análise

cromatográfica verifica se o resíduo de gás contido no implante orbitário após a

esterilização encontra-se dentro dos parâmetros aceitáveis. Considerando esse

implante como pequeno (conforme descrito em Tabela de Limites Máximos de

Resíduos de Correlatos da Portaria Interministerial n° 482, de 16 de abril de 1999), os

limites máximos permitidos são: 250ppm de óxido de etileno, 250ppm de

etilenocloridrina e 5.000ppm de etilenoglicol. Em nosso estudo, o controle do processo

de esterilização e da análise cromatográfica dos implantes orbitários de FullCure 720®

obteve laudos de normalidade (Anexo C), portanto não poderia estar relacionado com

o sinal de toxicidade ou inflamação que eventualmente fosse encontrado neste

trabalho. Como em estudo prévio foi concluído que quanto mais polida a superfície do

implante orbitário, menor seria a reação inflamatória (KORMANN, 2012), todos os 30

implantes de resina FullCure 720® fabricados, três implantes de tamanhos distintos

(14, 16 e 18mm) para cada paciente, foram enviados para a empresa Procular® (São

Paulo- Brasil), onde um protético experiente realizou um polimento manual de cada

um destes implantes, deixando a superfície polida. Podemos comparar a superfície

do implante utilizado por Kormann (2012), onde havia duas superfícies distintas, uma

rugosa e outra considerada lisa, mas não polida (Figura 17), com a superfície polida

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dos implantes utilizados neste estudo (Figura 18), através de um aparelho chamado

projetor de perfis, com uma lente de aumento 50 vezes.

FIGURA 17 - Foto mostrando as irregularidades na superfície rugosa do implante de resina Fullcure 720®

FIGURA 18 - Foto mostrando a superfície polida do implante de resina Fullcure 720®

O volume médio perdido com a remoção do bulbo ocular é de 7,0ml,

dependendo do tamanho do bulbo ocular. Um implante de 18mm e outro de 20mm de

diâmetro repõe 3,1 e 4,2ml de volume respectivamente. Já a prótese ocular externa

repõem de 2,0 a 3,0ml de volume. Em cirurgias de evisceração com a técnica

esclerotomia posterior, o implante utilizado deve ser de 18 a 20mm e sem esclerotomia

posterior de 13 a 16mm de diâmetro (MASSRY e HOLDS, 2001). Muitas

modificações do procedimento cirúrgico de evisceração têm sido feitas, como

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variações no formato, composição e localização do implante orbitário (KOREEN et al.,

2016). Como o objetivo deste estudo era analisar o comportamento de um novo

material para implantes orbitários em seres humanos, optamos por utilizar o tamanho

médio dos implantes para reconstrução da cavidade anoftálmica após a cirurgia de

evisceração padrão, sem esclerotomias, que eram de três diâmetros esféricos: 14, 16

e 18 milímetros, segundo estudo de Schellini (2007), Babar (2009), Miyashita (2012)

e Branco (2012), mesmo sabendo que o uso de implantes maiores utilizando-se

esclerotomias anteriores e posteriores proporciona um volume mais adequado para

cavidade no pós-operatório (JORDAN e STOICA, 2016).

A substituição incompleta do volume orbitário poderia levar a uma

deformidade do sulco palpebral superior e enoftalmia. Crianças com anoftalmia

congênita apresentam paredes orbitárias mal desenvolvidas e dimensões palpebrais

e de fórnice conjuntival reduzidas, com volume orbitário menor em até 60%

(SCHELLINI,1999). Outros estudos confirmam que a utilização de implantes orbitários

de menor tamanho não repercutirá necessariamente em menos complicações (LIU,

2007). Neste estudo não foi avaliada a satisfação estética do paciente, pois não fazia

parte dos objetivos do trabalho, no entanto, segundo Schellini (2007) que utilizou

tamanhos de implantes semelhantes, a reposição do volume orbital perdido foi

insuficiente, fato também constatado neste estudo. Individualizar o tamanho do

implante orbitário reduz a incidência de déficit no volume anoftálmico, com menor

deformidade do sulco palpebral superior (HORNBLASS,1995). Para a escolha mais

adequada do tamanho do implante a ser utilizado, buscando melhor reposição do

volume orbitário perdido e consequentemente um bom aspecto estético no pós-

operatório, poderíamos utilizar uma fórmula proposta por Kaltreider (2002), onde

basicamente o tamanho do implante a ser colocado é igual ao comprimento axial do

olho contralateral medido em milímetros através de ecografia ocular em modo A,

menos dois para míopes e emétropes e menos três para hipermétropes, crianças e

adolescentes (ANEXO D - Tabelas 14 e 15). Segundo Kaltreider (2002), a substituição

incompleta do volume orbitário posterior resulta em deformidade do sulco palpebral

superior e isso não poderia ser resolvido aumentando o tamanho da prótese ocular

externa.

O volume orbital é a combinação do volume do olho e seus anexos e o volume

da gordura orbital. A atrofia do conteúdo orbital ocorre após eviscerações,

enucleações e também nos olhos phthisicos, secundariamente à diminuição do fluxo

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sanguíneo para as estruturas oculares, musculatura extrínsica ocular e estruturas

orbitárias. Nas enucleações ocorre perda de gordura orbitária mais acentuada que

nas eviscerações, primariamente, no ato operatório, e secundariamente, por efeito de

atrofia e mobilização da gordura remanescente, devido à manipulação cirúrgica

(SCHELLINI, 1999).

Em estudo realizado por Miyashita (2012) onde foram utilizados implantes

orbitários de tamanho menor, todos os pacientes obtiveram volume orbitário

insuficiente.

Técnicas de evisceração normalmente utilizam implantes esféricos de 13 a

16mm de diâmetro, mas implantes deste tamanho não são adequados para repor o

volume sem evitar complicações como sulco palpebral superior profundo (JORDAN e

STOICA, 2016).

Malet (2003) realizou um estudo onde se utilizou 95,4% dos implantes

orbitários de tamanho igual ou superior a 18mm, sendo que 80% dos pacientes

tiveram seu volume orbitário pós-operatório considerado bom ou médio. O volume

pode ser considerado bom quando se percebe bem o abaulamento/presença do

implante na cavidade, médio quando a percepção do implante não era protuberante,

ruim quando o implante era pobremente percebido e pobre quando não parecia haver

implante na cavidade (MALET, SPERA e ALVES, 2003).

Segundo Soares (1992), o volume dos implantes orbitários deve ser 25%

menor que o globo ocular removido. O implante de volume apropriado mantém a

convexidade da superfície conjuntival sem tensão, permitindo uma boa adaptação da

prótese ocular.

O risco de oftalmia simpática após uma evisceração é extremamente baixo,

faltando atualmente evidências desta relação (PHAN, HWANG e McCULLEY2012).

Para eliminar a oftalmia simpática é proposto a enucleação do olho doente em

um procedimento primário, sendo que estudos indicam que a evisceração é menos

segura, pois podem permanecer resquícios de tecido uveal e acabar agindo como

fonte de resposta imune (MYASHITA, 2012).

Apesar de que todos os implantes utilizados neste estudo eram primários, não

observamos nenhuma complicação. Os implantes primários causam menos

complicações que a implantação secundária (SOARES, 1990) e mesmo em casos de

endoftalmite pode-se colocar o implante primariamente com baixa incidência de

complicações (PARK, PAIK e YANG, 2010). Comparando o peso do implante de

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resina acrílica FullCure 720® com um implante semelhante de resina acrílica (PMMA),

ainda muito utilizado no Brasil, podemos considerar que são similares, pois um

implante FullCure 720® de tamanho número 18mm de diâmetro pesa 3,56g, já um

implante PMMA de mesmo tamanho pesa 3,61 gramas (LOUIS, ESNAOLA e

SAGAHON, 1990).

Este modelo de implante orbitário esférico de resina acrílica FullCure 720®

está em fase final de patenteação no Brasil, em parceria com a UTFPR, publicado na

Revista de Propriedade Intelectual RPI 2295.

O conceito de que biocompatível é aquele material totalmente inerte ao

organismo, foi reconsiderado, inclusive dependendo do tipo de implante e local a ser

implantado, para uma satisfatória atuação, existe a necessidade de uma interação

entre o tecido hospedeiro e o biomaterial. Todos os biomateriais provocam resposta

imunológica reacional, mas devem exibir boa tolerabilidade pelo organismo

hospedeiro (FRANÇA et al., 2005).

A inexistência das esferas aloplásticas no mercado brasileiro tem se tornado

frequente nos últimos anos, principalmente, devido às normas regulatórias da ANVISA

e ao alto custo dos implantes importados, deixando os hospitais sem opção de

materiais e preços aceitáveis para o tratamento das cavidades anoftálmicas de

usuários que procuram uma assistência médica particular ou através de uma

operadora de saúde e, principalmente, pelo Sistema Único de Saúde (NARIKAWA,

SCHELLINI e PADOVANI, 2011).

Os implantes orbitários esféricos foram confeccionados em parceria com a

UTFPR, não havendo custos de fabricação para este estudo. A matéria-prima, resina

líquida de FullCure 720® (ANEXO D - Tabela 16), tem baixo custo e poderá

proporcionar no futuro a fabricação de implantes orbitários com preço viável ao

consumidor (empresas, convênios entre outros). É de extrema importância, na

escolha de um biomaterial, fatores como tecnologia envolvida na produção da matéria-

prima e do componente, disponibilidade e custo dos insumos, entre outros, que

influenciam no preço final da peça.

5.3 AVALIAÇÃO CLÍNICA

Clinicamente foram avaliados sinais de hiperemia conjuntival, secreção

ocular, quemose, deiscência de conjuntiva, exposição ou extrusão do implante

orbitário. Hiperemia conjuntival, secreção ocular e quemose são sinais passíveis de

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ser medidos para uma avaliação e afirmação se está dentro da normalidade. A

primeira escala fotográfica de olho vermelho foi aplicada em 1987 por McMonnies e

Chapman-Davies (TRAVERSO et al., 2015). As escalas de avaliação visual são o

método de escolha para avaliar hiperemia ocular e a padronização das escalas

existentes parece improvável em um futuro próximo.

A resposta clínica de cada paciente é variável, mesmo utilizando os mesmos

materiais e mesma técnica cirúrgica. Após os 12 meses de acompanhamento dos dez

pacientes submetidos à evisceração e reconstrução da cavidade anoftálmica com

implantes orbitários esféricos de resina FullCure 720®, foram observados através do

exame de biomicroscopia: hiperemia conjuntival, secreção ocular e quemose

conjuntival. Esses sinais foram classificados como ausente, (+) leve, (++) moderada

e (+++) severa. Na primeira semana de pós-operatório todos os pacientes

apresentavam algum grau de hiperemia conjuntival, dois pacientes apresentaram

secreção ocular leve e cinco quemose conjuntival. Não houve casos detectados de

hiperemia conjuntival após 21 dias da cirurgia.

O trabalho de Nakanami (2003) também avaliou a hiperemia conjuntival e

edema em escala de cruzes pela ectoscopia e biomicroscopia.

A secreção ocular encontrada tinha consistência mucoide, sem características

infecciosas e estava presente em 20% dos pacientes na primeira semana de pós-

operatório, mas era ausente na terceira semana de pós-operatório. Em 80% dos

pacientes não houve evidência de secreção ocular durante todo o estudo.

Quando a produção de secreção for abundante, com odor fétido ou coloração

amarelo-esverdeada, pode ser considerada a possibilidade infecciosa (PARK, PAIK e

YANG, 2010), mas estes sinais não foram encontrados em nenhum paciente deste

trabalho. A inflamação crônica da conjuntiva, secreção contínua, desconforto da

cavidade que piora ao toque do implante e granulomas recorrentes, são suspeitas de

infecção, complicação séria que necessita a remoção do implante (JORDAN,

BROWNSTEIN e FARAJI, 2004).

Em estudo realizado por Grant (2004) com implantes porosos, a porcentagem

de infecção foi de 0,4%, sendo que este baixo índice de infecção foi creditado ao

crescimento fibrovascular possível em implantes porosos.

Quanto à quemose, metade dos pacientes apresentou algum grau durante a

primeira semana de pós-operatório, mas a partir da terceira semana já era ausente.

Podem-se considerar tais resultados, referentes à hiperemia conjuntival e presença

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de secreção ocular nos pacientes submetidos ao procedimento de evisceração, como

dentro da normalidade (GRANT e YEN, 2004).

Em relação às outras variáveis analisadas: deiscência de conjuntiva,

exposição do implante e extrusão do implante orbitário, eventualmente pode aparecer

mais tardiamente, com exceção da deiscência da conjuntiva que também pode ser

precoce. Um paciente apresentou deiscência de conjuntiva, em torno de 3mm, na

segunda semana de pós-operatório, que foi resolvida espontaneamente até a sexta

semana de pós-operatório, apenas suspendendo o colírio que continha corticoide.

Este paciente apresentava uma phithisis bulbi moderada e mesmo colocando um

implante de 14mm de diâmetro a sutura dos planos operatórios ficou mais tensa que

o habitual, podendo ter relação direta com a deiscência de conjuntiva apresentada no

pós-operatório recente. Deiscência precoce acredita-se ter relação com a má técnica

operatória, implantes muito grandes, doenças sistêmicas e reação biológica contra o

material, e as tardias estão relacionadas com adaptação inadequada da prótese

ocular externa. Para prevenção das deiscências, deve-se ter esterilidade no ato

cirúrgico, sutura sem tensão, deve-se usar tecido bem vascularizado sobre o implante

e proteger os tecidos vizinhos dos efeitos irritantes (GOLDBERG et al., 1992).

Em um estudo retrospectivo realizado pela Sociedade Americana de Cirurgia

Oftalmológica Plástica e Reconstrutora (ASOPRS) em 2007, conclui-se que não seria

apenas um fator que propiciaria boa evolução após uma cirurgia de reconstrução de

cavidade orbitária, mas uma série de fatores, como: uso de antibióticos durante o pós-

operatório precoce, uma boa limpeza da cavidade ocular durante o per-operatório, uso

de tamanho do implante adequado, aguardar tempo correto para adaptação da

prótese ocular externa, o uso da esclerotomia posterior e, principalmente, a

experiência do cirurgião. A porcentagem de extrusão dos implantes pode variar de

zero a 20% ou até mais (LIU, 2007).

Estudo retrospectivo realizado por Liu (2007) concluiu que a técnica operatória

meticulosa tem maior valia para evitar extrusão dos implantes orbitários do que o uso

de implantes de tamanho menor ou o uso de antibióticos. Os cirurgiões preferem

realizar a evisceração, pois acreditam que complicações como a extrusão de um

implante orbitário, são mais possíveis de acontecer na prática do que a oftalmia

simpática, e a enucleação é menos segura neste sentido.

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Nenhum paciente apresentou exposição ou extrusão dos implantes orbitários

no período de 12 meses de avaliação, podendo assim considerar uma boa tolerância

clínica.

Em estudo realizado por Schellini (2007) todos os pacientes apresentaram

deiscência de conjuntiva em algum momento do pós-operatório.

Outro estudo apresentou um paciente com exposição do implante (3,5%) e

um paciente com deiscência de conjuntiva (3,5%), utilizando-se implantes porosos,

sendo que esta exposição resolveu espontaneamente com tratamento conservador

após alguns meses (PARK, PAIK e YANG, 2010).

Também foi encontrado exposição do implante em um caso (5%) e dois casos

de extrusão do implante orbitário (10%), (MIYASHITA, 2012).

Para Grant (2004),com o uso de implante porosos a complicação mais

frequente foi a exposição (3,2%) (Apêndice 2 - Figura 16), seguida de infecção (0,4%)

(Apêndice 2 - Figura 17), granuloma piogênico (0,23%), extrusão (0,20%), migração

(0,12%), entre outras.

Esferas de hidroxiapatita sintética, implantadas em humanos, levaram a

34,8% de deiscência e apenas 4,3% de extrusão; com esferas de polietileno poroso,

observou-se 11,4% de deiscência e 2,9% de extrusão (SCHELLINI, 1999).

Segundo Custer (2007) a exposição é mais comum em implantes orbitários

porosos (8,1%) e menos frequente em implantes de acrílico (3,5%) (Apêndice 2 -

Figura 18) e silicone (1,3%).

Já para Kirzhner (2013), 11,7% das cavidades irão cursar com exposição,

independente do tamanho do implante utilizado. Em estudo realizado por Soares

(1995) a incidência de exposição foi de 28%.

A extrusão mais frequentemente ocorre entre o primeiro e o segundo ano de

pós-operatório e pode estar relacionada com contração da capa escleral no setor

posterior, com afinamento da mesma e da conjuntiva no setor anterior, o que levaria

à exposição do implante. A extrusão não está relacionada ao tamanho do implante

(SCHELLINI, ICHIDA e PADOVANI, 2007). Liu (2007) também não considera que o

tamanho do implante, sutura e material utilizado sejam fatores consideráveis na

extrusão do implante.

Para Schellini (1999), o implante de polietileno poroso é o melhor material

para confecção de esferas a serem utilizadas na reconstrução da cavidade

anoftálmica. Porém, o futuro dos implantes deve trazer novidades, além do material,

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a superfície, tamanho ideal dos poros, qual tecido deve ser realizado o revestimento

e o formato a ser utilizado.

Alguns autores acreditam que o uso do álcool absoluto destrói remanescentes

de úvea e microorganismos, mas outros consideram que seu uso pode causar

inflamação crônica aumentando as chances de extrusão (LIU, 2007).

Em casos de implantes integrados que possuem superfície anterior mais

áspera, tornaria as exposições mais frequentes pelo atrito com a conjuntiva. A

prevenção das complicações pode ser feita usando boa técnica cirúrgica, implantes

de superfície polida (não integrados), leves e boa adaptação da prótese ocular

externa, com revisões periódicas (SCHELLINI, ICHIDA e PADOVANI, 2007).

As complicações podem ocorrer com qualquer tipo de implante orbitário ao

longo da vida do paciente (GALINDO et al., 2016).

Recomenda-se o uso de antibióticos no per e pós-operatório de evisceração

e enucleação, troca de material cirúrgico para reconstrução da cavidade orbitária com

implante após a evisceração ou enucleação propriamente dita e menos manipulação

possível no pós-operatório imediato, para diminuir as chances de extrusão do implante

orbitário (LIU, 2007).

Quaranta-Leoni et al. (2015) utilizaram antibiótico diluído em todos os

implantes durante cinco minutos no per-operatório antes de sua implantação, pois

infecções agudas estão relacionadas ao ato operatório e pós-operatório imediato.

A mobilidade ocular foi observada durante as primeiras semanas de pós-

operatório sem a prótese ocular externa, sendo que todos os pacientes apresentaram

movimentos nas quatro ducções básicas, com três pacientes apresentando

diminuição de uma destas ducções (supraversão, infraversão, levoversão e

dextroversão), mas nenhum apresentou perda total de uma destas ducções. Não foi

medida a amplitude desses movimentos nas ducções extremas. Sendo assim, a

mobilidade do olho eviscerado neste estudo pode ser considerada como de média a

boa, de acordo com os critérios de classificação propostos por Malet (2003), onde a

mobilidade é considerada excelente quando todas as ducções extremas eram

similares ao olho contralateral, boa quando havia certa perda das ducções extremas,

média quando havia perda evidente de uma das ducções básicas, regular se a perda

era evidente de duas das quatro ducções e ruim se a perda era de três ou quatro das

ducções básicas.

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A mobilidade depende dos movimentos da musculatura ocular extrínsica e

não do material utilizado (CUSTER, 2000).

Outros estudos foram realizados com intuito de melhorar a mobilidade ocular

com o uso da prótese ocular externa, usando implantes de formatos diferentes

(MALET, SPERA e ALVES, 2003), implantes passíveis da fixação posterior de um

pino no implante intraorbitário, sobre o qual se encaixa a prótese ocular externa, entre

outros. O uso de pinos nos implantes orbitários apresenta altas taxas (37%) de

complicações (JORDAN, 1998). Segundo Malet (2003), o uso de implantes orbitários

com uma cúpula anterior apresentou bons resultados quanto à mobilidade, com

menos complicações que o uso de pinos externos.

Pacientes operados de retina, cujos músculos extraoculares foram bem

manipulados, apresentam mobilidade reduzida no pós-operatório (MELTZER et al.,

1992), concordando com Malet (2003) que evidenciou que pacientes submetidos a

mais cirurgias prévias, principalmente do segmento posterior, foram os que tiveram

pior mobilidade ocular e estes eram os mesmos pacientes que já tinham mobilidade

ruim no pré-operatório.

Pobre mobilidade do olho eviscerado foi observada após o uso de implantes

orbitários de silicone e implantes secundários dermoadiposos

(HORNBLASS,BIESMAN e EVIATAR, 1995).

Para evitar as complicações mais frequentes deveríamos realizar uma boa

técnica operatória, meticulosa sutura por planos e sem tensão, tecidos bem

vascularizados sobre o implante, esferas com pouca rugosidade, leves, centrados no

cone muscular, revestidas na superfície anterior (SCHELLINI, ICHIDA e PADOVANI,

2007).

A cavidade anoftálmica ideal seria aquela onde o implante tem tamanho

adequado, centralizado e móvel, os fórnices conjuntivais profundos, pálpebra inferior

capaz de suportar a prótese ocular, pálpebra superior e prega supratarsal simétrica

com a contralateral e cílios bem posicionados (SOARES, 1992).

Com o implante orbitário utilizado no presente estudo, pode-se considerar que

tanto os sinais clínicos apresentados, quanto a ausência de complicações pós-

operatórias, são considerados clinicamente satisfatórios na avaliação deste novo

material.

5.4 ANÁLISE DOS EXAMES BIOQUÍMICOS

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Para verificar possíveis efeitos tóxicos da resina FullCure 720® ao organismo,

caso esta fosse absorvida sistemicamente causando danos aos tecidos: hepáticos,

renais, cardíacos e sinais inflamatórios, foram realizados exames bioquímicos (TGP,

TGO, albumina, ureia, creatinina, fosfatase alcalina, CPK e PCR), logo antes do

procedimento cirúrgico de evisceração e um ano após a cirurgia. Esses valores foram

comparados com valores de referência da normalidade (KRATZ e LEWANDROWSKI,

1998), pois há escassez de literatura avaliando exames bioquímicos antes e após a

colocação de implantes em seres humanos.

Os exames bioquímicos foram escolhidos para analisar a possibilidade do

material ser absorvido sistemicamente e acarretar repercussões para a saúde geral

dos pacientes, pois estes exames refletem o funcionamento dos órgãos vitais

(coração, rins, fígado) e processos inflamatórios. A maioria dos exames bioquímicos

colhidos foi coincidente com os empregados por outros estudos (BRANDÃO, 2010;

FILHO et al., 2012).

Os limites de referência representam parâmetros valiosos para a avaliação da

saúde e da doença pelo médico, embora não devem ser considerados indicadores

absolutos desta ou daquela condição. Em quase todos os testes existem uma

significativa superposição entre as populações normal e doente. Vários fatores podem

influenciar a determinação dos limites de referência, como: a idade, o sexo, a raça, a

dieta, os hábitos de vida (etilismo e tabagismo) e a atividade física.

Podemos estimar o grau de funcionamento de vários órgãos, medindo-se a

concentração de substâncias no sangue. A avaliação renal foi realizada através da

medida da concentração de ureia e creatinina. Em casos de insuficiência renal grave

estes índices podem aumentar em até 10 vezes. A creatinina permaneceu normal no

pré e pós-operatório, com valor médio de 0,9mg/dl. A dosagem de creatinina é um

marcador bastante específico de lesão renal, mas representa marcador pouco

sensível para estimar a filtração glomerular, especificamente no início da insuficiência

renal. Em geral, somente encontra-se elevada na insuficiência renal crônica, quando

50% ou mais dos néfrons estão comprometidos. O resultado unicamente da creatinina

deve ser interpretado com cautela e não deve ser o único parâmetro na avaliação da

função renal. Por exemplo, é normal em indivíduos idosos a redução da creatinina,

devido à perda de massa muscular com a idade. A ureia apresenta índices elevados

no soro na insuficiência renal, mais precoces que a creatinina. Entretanto, vários

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fatores podem causar variabilidade na concentração da ureia sérica, podendo em

indivíduos normais variar até 12,3%. Durante o estudo apenas um paciente

apresentou aumento do valor da ureia, mas este aumento não foi estatisticamente

significativo (BURTIS, ASHWOOD e BRUNS, 2006).

A avaliação hepática foi realizada através de indicadores apropriados. A

albumina é um parâmetro para análise do estado nutricional, por ser um marcador no

aporte de proteínas, sendo útil na avaliação hepática e renal. A albumina permaneceu

com índices normais durante todo o estudo, com variabilidade de 0,2g/dl de sua média

entre o pré e pós-operatório (p=0,109). A TGP é de produção quase que exclusiva

hepática e eleva-se mais precocemente que a TGO. Valores baixos destas enzimas

podem ser encontrados mesmo na presença de hepatopatias, quando existe

deficiência de vitamina B6 (ex: etilistas). Todos os pacientes do estudo que

apresentavam índices dentro da normalidade da TGP (90%) e da TGO (80%) no pré-

operatório mantiveram-se com estes índices normais no pós-operatório. O valor médio

da TGP que era de 30,9U/L baixou para 28,6 U/L e da TGO de 28,9 U/L para 24,3

U/L, entre pré e pós-operatório. Pequenos aumentos (2-3 vezes o valor de referência)

poderiam indicar intoxicação hepática (BURTIS, ASHWOOD e BRUNS, 2006).

A fosfatase alcalina (FA) possui duas izoenzimas, uma de origem hepática e

outra de origem óssea, podendo elevar-se na presença de tumores ósseos, hepáticos,

atresia de vias biliares, hepatites virais, entre outros. Existem vários fatores extras que

podem aumentar (idade, gravidez e sexo) ou diminuir (drogas) a dosagem da FA.

Durante este estudo a FA apresentou um aumento estatisticamente não significativo

(p=0,244), mas no pós-operatório 90% dos pacientes permaneciam com o valor dentro

da normalidade para ou índices de referência (BURTIS, ASHWOOD e BRUNS, 2006).

A enzima CPK foi utilizada para avaliação cardíaca durante o estudo, sendo

que em um paciente ela encontrava-se normal no pré-operatório e elevou acima dos

limites da normalidade no pós-operatório. Em outro paciente ela apresentou-se

alterada no pré e pós-operatório e nos demais participantes do estudo (80%) ela

permaneceu normal. Houve um aumento do valor médio da CPK entre o pré e pós-

operatório de 28,9 U/L, mas este aumento não foi estatisticamente significativo

(p=0,062). A dosagem da CPK é um marcador sensível, mas inespecífico de lesão

muscular. O seu aumento nas primeiras horas pode estar relacionado com atividade

física, cirurgia e injeções intramusculares. Pode permanecer elevada em doenças

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crônicas, como: dermatomiosite, esclerose lateral amiotrófica, distrofia miotônica,

entre outras (BURTIS, ASHWOOD e BRUNS, 2006).

O PCR é um marcador de fase aguda para processos inflamatórios e

necróticos, estando elevado em lesões teciduais. Seus índices podem variar entre

inflamações leves e severas. Algumas infecções bacterianas e virais podem aumentar

muito os valores do PCR. Valores de PCR altos (maiores que 130mg/L) após o sexto

dia de pós-operatório, apresentam alta sensibilidade e especificidade na detecção de

infecção. O PCR estava normal em 90% dos pacientes no final do estudo,

permanecendo alterado em apenas um paciente, que já apresentava valor fora dos

padrões da normalidade antes de submeter-se ao procedimento cirúrgico de

evisceração ocular. O valor médio do PCR apresentou um decréscimo de 1,9mg/L

durante o estudo. A determinação de sua concentração plasmática constitui um teste

eficaz no acompanhamento da terapêutica utilizada e prognóstico das inflamações

(BURTIS, ASHWOOD e BRUNS, 2006).

Por meio desta análise bioquímica realizada no presente estudo, não há como

descartar problemas futuros relacionados com o uso do implante orbitário de resina

acrílica FullCure 720® na reconstrução da cavidade anoftálmica de seres humanos.

No entanto, podemos afirmar que após um ano dos procedimentos cirúrgicos, não

foram encontrados valores elevados dos exames bioquímicos ou alterações nos

índices estatisticamente significativos, que possam nos levar a suspeitar de infecção

crônica, insuficiência de algum órgão ou efeitos tóxicos ao organismo.

5.5 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DAS ÓRBITAS

Foi solicitada uma tomografia computadorizada das órbitas, incidência axial e

coronal, no segundo mês e com 12 meses de pós-operatório da evisceração ocular,

para verificar a posição do implante orbitário esférico, as dimensões do implante

(diâmetro do implante orbitário esférico em milímetros) ou qualquer outra eventual

alteração orbitária decorrente da cirurgia. As imagens em DICOM eram convertidas

em um programa de software Workstation®, tendo a possibilidade de medição de

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ângulos e distâncias. Neste estudo todos os implantes orbitários esféricos de resina

acrílica FullCure 720® permaneceram na mesma posição que foram colocados,

centralizados na órbita e no interior da esclera, com as dimensões inalteradas em

relação ao implante escolhido (14,16 ou 18mm) e sem evidências de outras alterações

(Figura 16). Podemos concluir que o tamanho dos implantes permanecendo o mesmo,

significa que não existe um processo fagocitário do organismo pelo material

implantado, resina FullCure 720®, mas a formação de uma cápsula fibrosa ao redor

do implante, processo natural de biocompatibilidade de materiais implantados em

seres vivos.

A formação da cápsula fibrosa pelo organismo serve como uma barreira para

minimizar os efeitos adversos da presença do corpo estranho, então quanto menor a

cápsula fibrosa formada, mais biocompatível é o material (FERNANDES et al., 2007).

Através da palpação direta e visualização no momento da explantação dos

implantes orbitários da cavidade orbitária de coelhos, França (2003) obteve apenas

53,6% dos implantes no local desejável, o restante havia migrado parcial ou

totalmente do sítio operatório inicial.

A tomografia computadorizada das órbitas nos confirmou, através do tamanho

e da localização inalterada do implante na cavidade orbitária durante o período pós-

operatório, uma boa aceitação do mesmo pelo organismo.

Futuros estudos com maior número de pacientes e possíveis modificações no

implante orbitário, como confecção de microporos na face posterior, devem ser

realizados para se chegar à indicação deste tipo de implante na nossa prática clínica.

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6 CONCLUSÃO

Conclui-se através do presente estudo, que os implantes esféricos

confeccionados de resina FullCure 720®, em breve podem ter possível utilização em

cavidades anoftálmicas de seres humanos.

A avaliação clínica dos pacientes durante todo o seguimento do estudo foi

normal, não havendo sintomas de dor, que não fosse compatível com tal procedimento

cirúrgico realizado, exposições ou extrusões dos implantes orbitários.

Os exames bioquímicos não evidenciaram alterações significativas,

confirmando a ausência de toxicidade sistêmica da resina FullCure 720® usada como

implante orbitário durante o período de acompanhamento.

O tamanho e a localização dos implantes orbitários esféricos, analisados

através de tomografia computadorizada das órbitas, mostraram-se inalterados

durante o estudo, concluindo-se que não houve migração ou absorção do implante

pelo organismo.

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 – FICHA DE AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA

A) FICHA DE AVALIAÇÃO

FICHA DO PACIENTE EM ESTUDO

Nome:______________________________________________________________ Idade:___________________________ Sexo:______________________________ Profissão: ___________________________________________________________ Endereço: _____________________________________Telefone:______________ Olho a eviscerar: ( ) OD ( ) OE Causa do olho cego: __________________________________________________ Tratamentos anteriores: ________________________________________________ Doenças pré-existentes:________________________________________________ Medicação em uso:____________________________________________________ Tamanho do implante: _________________________________________________ EXAMES

Exames de sangue Pré-operatório 12 meses pós-op

Hemograma completo

x

CPK

TGO

TGP

Albumina

Creatinina

Ureia

Fosfatase Alcalina

Glicemia Jejum x

Coagulograma x

PCR

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ÓRBITAS 2 meses_________________________________________________________ 12 meses_________________________________________________________ B) AVALIAÇÃO CLÍNICA

1°D

7°D

14°D

21°D

2°M

3°M

4°M

5°M

6°M

12° M

Hiperemia

Secreção

Quemose

Deiscência conjuntiva

Exposição

Extrusão

Movimentação ocular

Observações:

Hiperemia ocular, secreção ocular e quemose, quantificados de 0 à +++

Deiscência de conjuntiva, exposição e extrusão do implante, se presente ou

ausente

Movimentação ocular: avaliação das ducções básicas, sem a prótese ocular

externa

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APÊNDICE 2 – FIGURAS E TABELAS

FIGURA 19 - Aspecto da cavidade orbitária com enxerto dermoadiposo

FIGURA 20 - Exposição de implante poroso

FIGURA 21- Implante poroso infectado

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FIGURA 22 - Exposição de implante acrílico (PMMA)

TABELA 5 - Hiperemia primeira e segunda semanas

Semana 2

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % N % n % n %

Semana 1

Ausente 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Leve 2 20% 1 10% 0 0% 0 0% 3 30%

Moderada 0 0% 4 40% 3 30% 0 0% 7 70%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 2 20% 5 50% 3 30% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 6 60%

Igual 4 40%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

Valor de p:0,377

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TABELA 6 - Hiperemia segunda e terceira semanas

Semana 3

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 2

Ausente 2 20% 0 0% 0 0% 0 0% 2 20%

Leve 2 20% 3 30% 0 0% 0 0% 5 50%

Moderada 0 0% 3 30% 0 0% 0 0% 3 30%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 4 40% 6 60% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 5 62,5%

Igual 3 37,5%

Aumentou 0 0%

Total Severo e continuou severo 0 0%

Valor de p: 0,363 TABELA 7 - Hiperemia terceira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 3

Ausente 4 40% 0 0% 0 0% 0 0% 4 40%

Leve 6 60% 0 0% 0 0% 0 0% 6 60%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 6 100%

Igual 0 0

Aumentou 0 0

Severo e continuou severo 0 0

Total 6 100%

Valor de p: 0,016

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TABELA 8 - Secreção primeira e segunda semanas

Semana 2

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 1

Ausente 8 80% 0 0% 0 0% 0 0% 8 80%

Leve 1 10% 1 10% 0 0% 0 0% 2 20%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 9 90% 1 10% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Ausente e continuou ausente 8 80%

Diminuiu 1 10%

Igual 1 10%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

TABELA 9 - Secreção segunda e terceira semanas

Semana 3

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 2

Ausente 9 90% 0 0% 0 0% 0 0% 9 90%

Leve 1 10% 0 0% 0 0% 0 0% 1 10%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Ausente e continuou ausente 9 90%

Diminuiu 1 10%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

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TABELA 10 - Secreção terceira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 3

Ausente 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Leve 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Ausente e continuou ausente 10 100%

Diminuiu 0 0%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

TABELA 11 - Quemose primeira e segunda semanas

Semana 2

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 1

Ausente 5 50% 0 0% 0 0% 0 0% 5 50%

Leve 1 10% 0 0% 1 10% 0 0% 2 20%

Moderada 1 10% 1 10% 0 0% 0 0% 2 20%

Severo 0 0% 0 0% 1 10% 0 0% 1 10%

Total 7 70% 1 10% 2 20% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 4 80%

Igual 0 0%

Aumentou 1 20%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 5 100%

Valor de p: 0,188

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TABELA 12 - Quemose segunda e terceira semanas

Semana 3

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 2

Ausente 7 70% 0 0% 0 0% 0 0% 7 70%

Leve 1 10% 0 0% 0 0% 0 0% 1 10%

Moderada 2 20% 0 0% 0 0% 0 0% 2 20%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Diminuiu 3 100%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 3 100%

Valor de p: 0,125 TABELA 13 - Quemose terceira e quarta semanas

Semana 4

Classificação Ausente Leve Moderada Severo

Total

n % N % n % n % n %

Semana 3

Ausente 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Leve 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Moderada 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Severo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%

Total 10 100% 0 0% 0 0% 0 0% 10 100%

Evolução N %

Ausente e continuou ausente 10 100%

Diminuiu 0 0%

Igual 0 0%

Aumentou 0 0%

Severo e continuou severo 0 0%

Total 10 100%

Valor de p: ---

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ANEXOS

ANEXO A – COMPROVANTE DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

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ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - (TCLE)

(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96)

NOVO MATERIAL PARA IMPLANTE ORBITÁRIO NA RECONSTRUÇÃO DA CAVIDADE

ANOFTÁLMICA.

Eu, _________________________________(participante), ____ anos, sexo ___________, estou

sendo convidado a participar deste estudo (Novo material para implante orbitário na reconstrução da

cavidade anoftálmica), e declaro que entendi o projeto de pesquisa e concordo em participar de livre e

espontânea vontade. Fui orientado sobre o meu problema (doença ocular), entendi que não enxergo

mais deste olho _____________e não existe nenhum outro tipo de tratamento (clínico com

medicamentos ou outro tipo de cirurgia), que não seja a retirada do conteúdo intraocular (conteúdo de

dentro do olho), procedimento chamado este de evisceração. Foi explicado sobre a cirurgia e da

importância da colocação de um implante dentro deste olho operado no mesmo ato cirúrgico, para

evitar problemas futuros na adaptação da prótese ocular externa, ajudando na minha reabilitação

estética. Entendi e concordo que este estudo tem por objetivo avaliar um novo material (material de

resina chamado FullCure 720®) para confecção deste implante orbitário. Sei dos riscos anestésicos e

cirúrgicos que eventualmente posso sofrer e estou bem informado de eventuais complicações que este

novo material pode causar em meu organismo (corpo), como: infecção, extrusão do corpo, problemas

funcionais em órgãos do meu corpo, inclusive neoplasia (câncer). Foi orientado que não terei despesa

nenhuma deste tratamento e que devo ser avaliado durante meses, inclusive fazendo exames

complementares (ex: tomografia computadorizada de órbitas e exames de sangue). Durante o

tratamento, se houver qualquer dúvida, serei esclarecido pelo pesquisador e se em algum momento

quiser abandonar o estudo, poderei fazer sem nenhum prejuízo ao meu tratamento. Entendi que todo

o procedimento será mantido em sigilo médico, mas concordo em liberar os resultados do estudo para

trabalho publicado em artigos e revistas. Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE

CONSENTIMENTO e estou de acordo com a participação no estudo proposto, sabendo que dele

poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.Li entendi e não

tenho nenhuma dúvida sobre o objetivo deste estudo e de que maneira vou participar, consentindo a

minha participação espontânea.

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DADOS DA PESQUISA

Título do Projeto: Novo material para implante orbitário na reconstrução da cavidade anoftálmica.

Pesquisador Responsável: Rodrigo Beraldi Kormann

Cargo/função: Médico Oftalmologista

Instituição: Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e Hospital de Olhos do Paraná

Endereços: Alameda Augusto Stellfeld, n 1908. Bigorrilho, Curitiba - PR

Rua Carlos de Carvalho, 483. Batel, Curitiba - PR

Dados para Contato: fone 41 - 331044193; e-mail: [email protected]

Dados do Sujeito da Pesquisa: ______________________________________

Nome: _________________________________________________________

CPF: ___________________________________________________________

Telefone: _______________________________________________________

Endereço: _______________________________________________________

Assinatura do participante_____________________________________

Assinatura do pesquisador_____________________________________

Assinatura do Orientador ______________________________________

Curitiba, ___ de _____________ de 2013

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ANEXO C – LAUDOS DE ESTERILIZAÇÃO E CROMATOGRAFIA

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ANEXO D – TABELAS

TABELA 14 - Pacientes com comprimento axial ≥ 24mm (emétropes e míopes) diâmetro implante = comprimento axial - 2mm; comprimento axial (mm) = a-scan (mm) +1mm. Cálculo para enucleação subtrai 1mm o diâmetro do implante orbitário para evisceração

Eye Implant Prothesis

Axial lenght, mm Volume, mL Diameter, mm Volume, mL Volume, mL

24 7.2 22 5.6 1.6

25 8.2 23 6.4 1.8

26 9.2 24 7.2 2.0

27 10.3 25 8.2 2.1

28 11.5 26 9.2 2.3

Implant diameter = axial length – 2 mm; axial lenght (mm) = A-scan (mm+1mm. Calculations are for enucleation. Subtraction 1mm from implant diameter for evisceration. KALTREIDER, S. A., LUCARELLI, M. J. A simple algorithm for selection of implant size for enucleation and evisceration.Ophthal Plast Reconstr Surg, v.18, n.5, p.336-341, 2002 TABELA 15 - Pacientes com comprimento axial <24mm (hipermétropes, crianças e adolescentes) diâmetro implante = comprimento axial - 3mm; comprimento axial (mm) = a-scan (mm) +1mm. Cálculo para enucleação subtrai 1mm o diâmetro do implante orbitário para evisceração

Eye Implant Prothesis

Axial lenght, mm Volume, mL Diameter, mm Volume, mL Volume, mL

20 4.2 17 2.6 1.6

21 4.8 18 3.0 1.8

22 5.6 19 3.6 2.0

23 6.4 20 4.2 2.2

Implant diameter = axial length – 3 mm; axial lenght (mm) = A-scan (mm+1mm. Calculations are for enucleation. Subtraction 1mm from implant diameter for evisceration. KALTREIDER, S. A., LUCARELLI, M. J. A simple algorithm for selection of implant size for enucleation and evisceration.Ophthal Plast Reconstr Surg, v.18, n.5, p.336-341, 2002

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TABELA 16 - Composição e informação dos ingredientes da resina FullCure 720®

Hazardous ingredients CAS No. EINECS/ELINCS

No.

Conc. In

%

Risks (R-

phrases)

Acrylic Monor Proprietary

(2)

20-40 Xn 22-41-43-

48/22(1)

Exo-1,7,7-trimethylbicyclo[2.2.1]hept-2-

y1acrylate

5888-33-5

227-561-6

20-40 Xi 43(1)

Urethane acrylate oligomer N.D. 1-20 Xi 36/38(1)

Acrylate oligomer N.D. 1-20 Xi 38-43(1)

Epoxy acrylate 154608-99-

8

-

1-20 Xn 20/22-

36/37/38-43(1)

Acrylate oligomer N.D. 1-20 Xi 36/38(1)

Photoinitiator Propietary <1 Xi 43-53(1)

Fonte: www.stratasys.com. Acessado 2016