Sociologia de Max Weber

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  • 8/13/2019 Sociologia de Max Weber

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    Sociologia de Max

    WeberJulien Freund

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    A viso do mundo

    1. Realidade e sistema

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    Caractersticas do pensamentoweberiano

    a) Disperso metodolgica, cientfica efilosfica (renncia a qualquerncleo central)

    b) Espetculo de todos osantagonismos possveis,irredutveis em princpio a qualquersistema

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    Sobre a disperso em Weber No significa incoerncia, confuso de

    gneros ou ecletismo:

    a) Define rigorosamente os conceitos queutiliza

    b) Distingue diferentes ordens de

    problemas e os diversos nveis de umaquesto

    c) Em sua obra metodolgica, obstinava-

    se em evitar as inconsequnciaslgicas, equvocos, ausncia de rigorno raciocnio e impreciso

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    Sobre a disperso em Weberd) Pouco ecltico ao denunciar como das

    piores iluses do sbio a prtica docomprometimento no plano das idias

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    Sobre a disperso em Weber Fragmentao como resultado da

    preocupao com a anlise rigorosa,minuciosa, separando o que logicamente incompatvel eestabelecendo as relaes que se

    impem por fora do estado dapesquisa Considerava que, no estado atual da

    cincia, exposta a incessantescorrees, modificaes e reviravoltaspor fora do carter indefinido dapesquisa como tal, seria impossvel

    edificar sistemas definitivos

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    Sobre a disperso em Weber A eficcia do trabalho cientfico pode

    exigir que em dado momento o sbiotente sistematizar o conjunto dosconhecimentos adquiridos em umacincia ou em um setor limitado de

    uma cincia, com a condio desalvaguardar o carter hipottico desemelhante prtica, levando em contaoutras interpretaes esistematizaes possveis com baseem outras pressuposies e nodesenvolvimento futuro da disciplina

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    Sobre a disperso em Weber Por ora, enquanto a cincia no

    estiver acabada, todo sistemacontinua necessariamente um pontode vista ao qual se podem opor outrospontos de vista igualmente

    justificveis Sntese do futuro humano, ou da

    cincia em seu conjunto, ou mesmo

    apenas de determinada disciplina, impossvel anticientfica sepretender assumir uma validadeuniversal e definitiva

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    Sobre os antagonismos Correspondncias conscientes ou

    inconfessveis entre temas queparecem os mais antinmicos dissociao radical que ele estabeleceentre o conhecimento e a ao, cincia

    e poltica Mas, isso no uma contradio

    dilacerante ou desesperadora

    solidariedade entre o comportamentodo sbio e o do homem de ao(embora opostos quanto ao sentido)

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    Sobre os antagonismos Separao entre valor e fato, vontade

    e saber, tende no somente adelimitar claramente a essncia lgicade cada uma das atividades, seurespectivo domnio e, por conseguinte,

    a natureza dos problemas a que cadauma delas capaz de resolver com osmeios que lhes so prprios, mastambm tornar mais frutfera suaeventual colaborao, por fora de suadistino, por eliminao dasconfuses prejudiciais a uma e a outra

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    Sobre os antagonismos Limites do trabalho cientfico e ao

    adquirindo pleno sentido, comoresultado a escolha entre valores cujavalidade escapa jurisdio daobjetividade cientfica

    Cincia ajuda o homem de ao amelhor compreender o que quer epode fazer, mas no poderia

    prescrever-lhe o que deveria querer Cincia no incompetente quanto

    escolha dos fins ltimos, mas queestes so do domnio das crenas e daconvices

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    Sobre os antagonismos Apesar da antinomia, o rigor cientfico

    correlato da liberdade de escolha, nosentido de devotamento a uma causa

    Outra afinidade: concepo de cinciacomandada pela da poltica

    multiplicidade e ao antagonismo dosvalores e dos fins correspondem amultiplicidade e antagonismo dos

    pontos de vista sob os quais umfenmeno se deixa explicarcientificamente

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    Sobre a multiplicidade e antagonismodos pontos de vista

    Apesar do rigor dos conceitos e das

    demonstraes, a cincia no estisenta da rivalidade entre hipteses eda competio entre teorias fundamentos em fatos fidedignos econstatveis, por vezes muito bemescolhidos para as necessidades dacausa, com excluso de outros fatos

    igualmente bem estabelecidos

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    Sobre a multiplicidade e antagonismodos pontos de vista

    Em outras palavras, sua teoria da

    cincia est impregnada de sua teoriada ao, salvo que a primeira tentavencer as contradies da qual asegunda se alimenta (p. 11) cernedo problema que Weber denomina derelaocom os valores

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    Disperso envolta em um princpio

    Conquanto tenha sempre evitado

    reduzir suas interrogaes eexplicaes a um ncleo central ouprincpio nico, parte entretanto deuma intuio originria e fundamental infinidade extensiva e intensiva darealidade emprica

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    Infinidade extensiva e intensiva darealidade emprica

    a) A realidade incomensurvel ao poder

    de nosso entendimento (nunca cessoude explorar os acontecimentos e suasvariaes no tempo e no espao, nemde agir sobre eles)

    b) impossvel descrever integralmenteat mesmo a menor parcela do real,ou levar em conta todos os dados,

    todos os elementos, e todas asconsequncias no momento de agirc) Todo conhecimento requer outros

    conhecimentos e toda ao outrasa es

    fi id d i i i d

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    Infinidade extensiva e intensiva darealidade emprica

    d) Nenhuma cincia particular, nem

    tampouco o conjunto das cincias, tmcondies para satisfazer nosso saber,porque o entendimento no capaz dereproduzir ou copiar o real, mas

    unicamente de elabor-lo por forados conceitos entre o real e oconceito a distncia infinita

    e) O todo uma singularidade quedesafia a soma de todas assingularidades concebveis

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    M d ) li

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    Mtodo a) generalizante oub) individualizante

    a) Objetiva estabelecer leis gerais por

    reduo das diferenas qualitativas aquantidades mensurveis compreciso despoja a realidade dariqueza do singular, construindo

    conceitos cujo contedo empobrece medida que sua validade geral setorna maior

    b) Atm-se aos aspectos singulares equalitativos dos fenmenos nopode dispensar conceitos, mesmo quericos em contedo, que como tais nopodem reproduzir o real integralmente

    M d ) li

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    Mtodo a) generalizante oub) individualizante

    Por conseguinte, a adio dos

    resultados de um e outro mtodopermanecer inevitavelmente aqum daplenitude da realidade, porque, sejacomo for, no podem seno fornecer-nos

    aspectos do mundo emprico. Por estemotivo, Weber se ope incisivamente atodos os sistemas, sejam eles

    classificadores, dialticos ou outros, osquais, depois de construrem uma teia deconceitos to densa quanto possvel,acreditam estar em condies de da

    extrair a realidade(p. 13)

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    A viso do mundo

    2. Sociologia cientfica e

    sociologia reformadora

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    Positivismo como dever ser Malgrado todos os protestos de

    fidelidade ao esprito cientfico e asespeculaes sobre a possibilidade deaplicar ao estudo da sociedade osprocessos comuns do mtodo

    cientfico, as diversas sociologias dosculo XIX foram muito maisdoutrinrias do que realmente

    cientficas:a)Comte,b)Marx

    c) Spencer

    Sntese romnticaprevalece sobre a anlisemodesta, precisa e

    prudente

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    Positivismo como dever ser Para todos estes pensadores era

    natural que cincia e filosofia dahistria concordassem intimamente,uma constituindo o prolongamentonecessrio da outra

    Todos partiam de uma idia dasociedade, da cultura ou da civilizaoentendidas como um todo:

    a) Esprito objetivo de Hegelb)Materialismo dialtico de Marxc) Humanidade de Comte

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    Positivismo como dever ser Unidade entre a histria passada e

    futura, de maneira que no haverianenhuma dificuldade de ler o pretensosentido nico e global do futuro desenvolvimento histrico evoluindo

    por fases, uma como a razonecessria da seguinte, indivduo nacontingncia de suportar a

    racionalidade imanente e progressivado devir at fase do plenodesabrochar final

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    Positivismo como dever serCompreende-se que, nestas condies,

    as sociologias do sculo XIX apenassolicitavam a cincia e tinham antes detudo a pretenso de modificar asociedade existente. Mais exatamente,

    essas sociologias eram mais reformas doque propriamente cincia. A anlise doser e do real no passava de um pretexto

    a servio do dever-ser e dos planos datransformao social(p. 14).

    D kh i / W b

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    Durkheim / Weber Durkheim foi infiel sua distino

    entre julgamento da realidade e

    julgamento de valora) Erra ao interpretar a conscincia

    coletiva como um fato constatvel,

    quando ela no passa de uma hipteseque pode, nessa qualidade, ser til pesquisa

    b)Erra tb na definio de fato socialcomo coisa considera asrepresentaes coletivas comoconstituindo categoria especfica

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    D kheim / Webe

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    Durkheim / Weber Durkheim esperava que a sociologia

    fosse capaz de produzir estruturas

    mais slidas para substituir as quehaviam desmoronado com a queda daorganizao imperial

    Em Weber, admira a ausncia dequalquer doutrina pr-concebida e dequalquer sntese a priori. um puroanalista, preocupado apenas emconhecer bem os dados histricos e eminterpret-los dentro dos limitescontrolveis

    p 16 17

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    p. 16-17 Erudio weberiana e o que ela lhe

    permitiu (histria, economia, direito

    de todos os pases, sutilezas dediversas religies da China, ndia,Europa e frica, formao do esprito

    cientfico e evoluo das artes) Papel da sociologia como cincia (16-

    17)

    Atividades humanas, instituies eagrupamentos de natureza teleolgicavariao dos fins e dos meios com otempo (17)

    p 18

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    p. 18 Relao com os valores

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    A viso do mundo

    3. A racionalizao

    p 19 21

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    p. 19-21 O que no e o que racionalizao

    em Weber devir humano como

    progresso (verdadeira justia,verdadeira virtude, igualdade, paz)X resultado da especializaocientfica e da diferenciao tcnica

    peculiar civilizao ocidental (19) Peculiaridade da civilizaoocidental tcnica ou sentidopresente na cabea dos homens?;

    singularidades das pocas e dascivilizaes (20) Racionalizao e progresso do saber

    (20-21)

    p 21 23

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    p. 21-23 Racionalizao no significa

    progresso moral individual oucoletivo (21)

    Insistncia weberiana naracionalizao como processo de

    desencantamento do mundo (23)

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    A viso do mundo

    4. O antagonismo dos

    valores

    p 24 26

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    p. 24-26 Apesar de sua progresso por todos

    os domnios da atividade humana, aracionalizao no consegue solaparo imprio do irracional (24)

    Irracional como acaso ou

    imprevisibilidade (25) O verdadeiro, o bom e o belo no se

    reduzem um ao outro (paz, justia,

    igualdade, amor, verdade,igualdade) (25-26)

    p 27 28

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    p. 27-28 Paradoxo das consequncias (p. 27) Consequncias imprevisveis como

    reveladoras da irracionalidade domundo (28)

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    p 29 30

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    p. 29-30 Isolamento de Weber homem

    convicto e coerente posturapoltica e neutralidade axiolgica

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    A metodologia

    1. Mtodo naturalista e

    mtodo histrico

    p 32-33

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    p. 32-33 Estatuto das cincias humanas e

    definio de mtodo a elas Autonomia:a) fundamento no objeto (reino da

    natureza X do esprito ou da

    Histria)b) cincias abordam o estudo do realpor caminhos diferentes (relaesgerais entre os fenmenos Xfenmeno em sua singularidade) cincias nomotticas e idiogrficas,cincias da natureza e cincias da

    cultura p 33-34

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    p. 33-34 Weber nega a identificao das

    cincias a partir do mtodoempregado umas e outrasutilizam ao sabor das circunstnciasum e outro dos mtodos

    a) Generalizante despoja o real dosaspectos contingentes e singularesem favor de uma proposio geral

    b) Individualizante omite os elementosgenricos a fim de dirigir atenoapenas aos elementos qualitativos

    p 34

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    p. 34 No existe mtodo vlido

    universalmente, depende dosproblemas a resolver

    Existem tantas cincias quantopontos de vista especficos no

    exame de um problema

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    A metodologia

    2. Quantificao e

    experincia vivida

    p 35-37

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    p. 35-37 Erro acreditar que no poderia

    haver conhecimento vlido que nofosse traduzido de formaquantitativa (35)

    Conceitos e possibilidade de reduzir

    todo o real a eles soma deconceitos soma de selees (36)

    Quantificao deve ser usada

    quando capaz de ajudar acompreenso de um problema (36-7)

    p 37-8

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    p. 37-8 Intropatia e revivescncia

    pertence esfera do sentimento;

    tambm realiza uma seleo, nopodemos reviver por intropatiatodos os aspectos do nosso vivido e

    o de outrem (37)

    p 38

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    p. 38 Base da teoria da quantificao e da

    experincia vivida est no mesmo

    preconceito: devir fsico como maisracional que o psquico ou humanoa) Irracional como desprezvel

    b) Irracional deve ser resgatado apartir de procedimentos prprios

    Weber objeta:

    a) Cincia no conhece domniosreservados

    b) No pode haver duas cincias

    contraditrias

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    A metodologia

    3. Causalidade, relaocom os valores e

    interpretao

    p 39-41

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    p. 39 41 Causas de um fenmeno no

    precisam estar subordinada a uma lei

    efeito acidental depende de causastambm (39) Causalidade pode ser entendida de

    duas formas ratio essendi e ratiocognoscendi Exs. de Goethe eguerra (40)

    Mtodo generalizante (regra geral) emtodo individualizante (relaoentre dois fenmenos)

    Diversidade infinita e viso

    fragmentria (41) p 42-43

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    p. 42 43 Relao com os valores no

    julgamento de valor ou apreciao

    dos fenmenos, nem com sistemaobjetivo e universal de valores (42) a base que constitui as perguntas

    que formulamos realidade ex. dohistoriador e do socilogo (42)

    Seleo imposta realidade variao dos valores com os quaisrelacionamos a realidade (43)(pontos de vistas especficos)

    p. 44-

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    p. 44 Infinidade do real (extensiva e

    intensiva) a relao com os valores

    surge como princpio de seleo,condio de conhecimento parcial necessidade do reconhecimentodessa parcialidade (44)

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    p. 46-47

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    p. 46 47 Os tres sentidos essenciais da

    interpretao (46):

    a) Interpretao filolgicab) Interpretao axiolgicac) Interpretao racional

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    A metodologia

    4. O tipo ideal

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    p. 51-54O f

    d i

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    p. 51 54 O mesmo fenmeno pode ser visto a

    partir de vrios pontos de vista (53)

    Tipo ideal como instrumento demedida (54)

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    A metodologia

    5. Possibilidade objetiva ecausa adequada