10
Conflitos contemporâneos O organismo Parque Augusta, a inspeção imobiliária e o direito a cidade

Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Parque augusta e os conflitos contemporaneos

Citation preview

Page 1: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Conflitos contemporâneos

O organismo Parque Augusta, a inspeção imobiliária e o direito a cidade

Page 2: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

O organismo Parque Augusta

Denominados pelos integrantes como: “exemplo de espaço vivo e organicamente gerado” o

Parque Augusta, localizado num terreno de 24.000 metros quadrados entre as ruas Augusta, Caio

Prado e Marquês de Paranaguá, possui uma área que abriga um bosque tombado formado por

mais de 700 árvores, a última área verde preservada na região central da maior cidade do

hemisfério sul do planeta. A briga por um projeto de parque vivo e público ganhou força após a

grande movimentação ocorrida na cidade depois de junho de 2013, com grande influencia das

manifestações realizadas na cidade a partir do mesmo mês, manifestações estas que deram um

novo significado ao centro da metrópole, o qual se tornou a palco das reivindicações, dando força

aos protagonistas jovens a tomarem atitudes em relação aos encaminhamentos e

desenvolvimentos da metrópole.

Page 3: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

O grupo que leva o projeto adiante organiza-se de forma horizontal e autogestionário, onde as

decisões acerca do que será realizado são tomadas em assembleias abertas e grupos de trabalhos

colaborativos, seu sentido público se mostram claramente através dos dizeres encontrados no “Quem

somos nós” do movimento.

“Vivo porque é como se ele nos conduzisse a todos, chamando em sua ajuda os mais diversos esforços e atores. Aqui as mais diversas concepções políticas e existenciais convivem no espaço público; aqui a noção de PÚBLICO, coisa pública, é também condição para que a Pluralidade possa criar raízes e ser respeitada. Orgânico porque nasce naturalmente, sem decreto, sem adubo, sem inseminação politiqueira, sem agrotóxicas negociatas… vem antes mesmo da lei, num processo protagonizado diretamente pelos cidadãos, apresenta-se, pacífica e democraticamente enquanto Parque e depois a normatização vem consagrá-lo.”

O parque, que se mostrou uma área verde muito maior do que a imaginada, passou a ser o palco de muitos ativistas que tem a intenção de melhorar a qualidade de vida no centro da cidade, mantendo o parque ao invés de investir na construção de mais uma moradia privada de alto custo para os que ai residirão. Sendo assim, a partir de julho, os jovens passaram a ocupar o espaço, e ativa-lo com produções culturais, artísticas e ambientais, o parque enfim, passou a ter mais vida, e seu espaço passou a ser utilizado por todos que tinham interesse em compartilhar um ambiente agradável, e verde no meio da cidade cinzenta.

Page 4: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos
Page 5: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

O Conflito• Engavetado desde 2007 o projeto de Lei Parque Augusta e a sanção por parte do prefeito

Fernando Haddad aconteceu no dia 23 de dezembro, com sua publicação no diário oficial no

dia seguinte

• Alegação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, juntamente com a prefeitura de São

Paulo comunicando a falta de dinheiro para a realização do parque, o fato do terreno não ser

da prefeitura e de necessitar de um processo de expropriação do mesmo encareceria demais

o projeto.

• Após pesquisa realizada pelos integrantes do movimento junto ao cartório de registro de

imóveis descobriu-se que a alegada transferência de título foi rejeitada pelas autoridades

avaliadoras competentes, justamente com base no direito de preferência assegurado ao

poder executivo municipal. Do ponto de vista jurídico, com a sanção da lei 345/2006, fica

caracterizada a utilização do direito de preferência por parte da prefeitura e extinta a

propriedade do terreno, restando aos antigos proprietários apenas a posse do mesmo, que se

extinguirá na conclusão do processo de desapropriação. Posse esta que impede o detentor de

qualquer negociação envolvendo a área.

• A solução proposta pela construtora interessada na área era a de erguer duas torres e

manter a área de preservação do bosque, área essa tombada pelo patrimônio histórico. Tal

proposta foi negada pelos integrantes do movimento, que alegam querer um parque vivo,

público e orgânico.

Page 6: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Principais Objetivos e reivindicações

Abertura imediata do portão e garantia de acesso ao terreno de

interesse público, fechado por ação unilateral dos atuais

proprietários

Realizar a transferência da propriedade dos lotes que formam o

Parque, tanto a área do estacionamento quanto o bosque, para

a Prefeitura do Município de São Paulo, garantindo a existência

do parque público em sua totalidade territorial e sem

empreendimentos privados

Considerar o valor venal para qualquer possibilidade de

aquisição

Desenvolver e aplicar um projeto para a gestão do parque

integralmente baseado na participação popular

Pesquisar e propor alternativas de financiamento das atividades

e manutenção do parque, alternativas para gestão sustentável

dos recursos físicos e financeiros, possibilitando uma

autogestão efetiva e não pautada pelo mercado imobiliário

 Garantia da integridade física dos espaços verdes existentes na

cidade

Page 7: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Trazendo o debate para o campo da Ciências sociaisDentro da perspectiva de espaço e lugar e a própria relação entre cidadão e cidade é

possível encontrar em diversas publicações do organismo Parque Augusta a presença da

cultura juvenil nos espaços públicos da cidade, são esses territórios que informam as

práticas cotidianas, seus valores e suas estéticas. De modo a demonstrar que a metrópole

é ao mesmo tempo do consumo simbólico e suporte da expressão do imaginário e da

visão de mundo de quem a ocupa.

Page 8: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

As mudanças do século XX traz ao capital econômico um significado cada vez mais

marcante, e com a globalização, as dinâmicas antes conhecidas como: a demográfica

urbana, ambiental, social e econômica passam por drásticas alterações; padrões

antes desconhecidos passam a ser aceitos. Ainda com influencia do ajuste fiscal e do

aumento populacional, a população da cidade sente na pele os novos rumos que a

metrópole toma. A leis, os direitos, a economia da metrópole voltam-se não para um

bem comum, mas a um bem capital, a sua proliferação, idealizando o Primeiro

Mundo deixam de promover uma qualidade de vida que atinja a todos os moradores.

Os benefícios das politicas publicas ao invés de serem distribuídos igualmente são

voltados para uma classe especifica.

Page 9: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Sociologia do cotidiano: vadiar sociológico

O trilhar sociológico das rotas do cotidiano não obedece a uma lógica de “demonstração”, mas antes a uma lógica de

“descoberta”, na qual a realidade social se insinua, conjectura e indicia, através de uma percepção descontínua e saltitada de

um olhar que a Sociologia do Cotidiano exercita no seu vadiar sociológico. Essa sociologia do quotidiano se opõe a sociologia

que privilegia os fatos e causalidades e os compostos da repercussão das “causas estruturais” ao conceber a vida quotidiana

como uma trama de condutas diversas sobre “ser e estar”, de modo que coloca a si mesma o desafio de revelar a vivência

social através da conjuntura da rotina.

Page 10: Sociologia - OPA, Conflitos Contemporaneos

Tanto Bauman como José Machado Pais, colocam questões pontuais

para a construção sobre o momento que vivemos agora. A condição

imposta sobre a concepção do tempo-espaço atual e a implicações

desses na sociedade requer uma análise que utiliza-se da

sociologia do quotidiano, pois através disso é possível considerar

as vivencias sociais sobre a conjuntura da rotina.

A partir dessa questão pode-se colocar em discussão o direito a

cidade. É comum ouvir dos gestores públicos, geralmente um

discurso completamente separado da prática, esses gestores,

deixam de lado um elemento de grande importância ao direito à

cidade, ou seja, as pessoas que fazem a cidade no seu cotidiano.

Não apenas as que atravessam a cidade da zona sul ao norte para

vender sua força de trabalho num chão de fábrica ou as que fazem

o trajeto da zona leste a oeste na intenção de catar materiais

recicláveis e, ainda, aquelas que passam o dia pelo centro, indo de

uma agência de emprego a outra. Mas também aquelas que se

sentam lado a lado afim de discutir os problemas enfrentados na

cidade, buscando a criação de soluções, tomado para as nossas

próprias mãos, fazendo um movimento político e social,

diferentemente das realizações dos parlamentos e dos gabinetes.

Isso nada mais é do que a releitura de nós mesmos, tendo o

entendimento de que a mudança é obra de todos e todas que

vivem nas cidades, de modo a aplicar a sociologia do cotidiano a

nossas vidas, para que assim possamos lidar melhor com a nova

condição do tempo-espaço que somos sujeitados a vivenciar hoje.