109Caderno de Atividades / Livro do Professor

2ª. Série

SOCIOLOGIA

CONTROLE SOCIAL: SOCIOLOGIA DO ESPAÇO URBANO E DA VIOLÊNCIA

1. Gabarito: b

A concepção de “classes perigosas” tem em sua origem a avaliação dos médicos sanitaristas no fim do século XIX de que os moradores dos cortiços viviam em péssimas condi-ções de higiene e saúde, sendo focos de doenças e epide-mias. Essas condições prejudicavam a visão internacional, que caracterizava o Brasil como perigoso, sendo desviado como rota de navios, do turismo e de negócios internacio-nais. Essa concepção foi transposta para os moradores das favelas.

2. Gabarito: a

A reforma urbana, proposta pelo prefeito Pereira Passos, teve início em 1903. Ela tinha por objetivo modernizar a ci-dade do Rio de Janeiro, construindo o saneamento básico e preparando avenidas para a circulação de automóveis. Nes-se processo, foram destruídos os cortiços, local de moradia de muitos trabalhadores, que viviam amontoados nesses lugares, em condição de miséria e insalubridade. Com a destruição dos cortiços, foram abertas avenidas, como a Central e a Beira-Mar, e a zona portuária foi modernizada. Expulsos, os moradores dos cortiços se dirigiram aos mor-ros, que começaram a ser habitados durante o governo de Barata Ribeiro (1892-1893), que havia dado início à des-truição dos cortiços. Utilizando os entulhos das demolições para construírem suas casas, dirigiram-se inicialmente ao Morro da Providência, mais tarde chamado de favela.

3. Gabarito: d

I. Verdadeira. A origem das favelas remonta ao final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro, como resul-tado da política sanitarista do prefeito Barata Ribeiro, que mandou demolir todos os cortiços da cidade, cujo resultado foi o deslocamento dos moradores para os morros cariocas.

II. Falsa. O sociólogo Loïc Wacquant demonstra a exis-tência de comunidades estigmatizadas em diferentes contextos sociais e que, pela marginalização social, acabam atraindo a atenção desproporcional da mídia, que colabora com a instauração da cultura do medo, e do Estado, que promove políticas de controle repressivo da população.

III. Falsa. A pobreza está diretamente relacionada a condi-cionantes históricos e sociais, não se resumindo a um único fator de análise. A pobreza é um produto da desi-gualdade social e da falta de oportunidades de trabalho e educação.

IV. Verdadeira. A urbanização desigual gera o fenômeno da autossegregação das classes média e alta em espaços privatizados, fechados e monitorados, que são conheci-dos como “enclaves fortificados”. Tal forma de autosse-gregação modificou as interações entre classes e grupos sociais e reformulou os espaços públicos de convivência.

4. Gabarito: c

Segundo o conceito formulado pelo sociólogo francês Pierre Bordieu, a violência simbólica pode ser exercida pelo poder, pela mídia e pela escola. Nesse processo de imposição, é a cultura ou as regras das camadas dominantes que são impostas aos dominados. No caso das favelas, a violência simbólica ocorre quando o Estado atribui características negativas a seus moradores.

5. Gabarito: c

a) Incorreta. O confronto ocorrido em Canudos, como nos diz Suassuna, foi o embate da elite mais clara (ou branca) contra o povo mais escuro (ou negro). A elite brasileira, ou o Brasil oficial, não seria composta de mestiços, mas estes seriam sim componentes da mas-sa chamada povo.

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b) Incorreta. A resistência formada em Canudos não tinha conotação política. Na verdade, foi uma manifestação de grupos excluídos socialmente que, vivendo condi-ções de penúria e fome em meio à seca e à crise que se estabeleceu no Nordeste, se uniram em torno de um líder chamado Antônio Conselheiro. Este deu esperança ao povo com base no cumprimento de expectativas re-ligiosas de que o fim estava próximo e era preciso lutar para superar as provações do mundo, materializadas na ação do Estado sobre Canudos.

c) Correta. Conforme sugere em seu artigo, Suassuna nos indica que o conflito entre o Brasil oficial e o Brasil real ainda permanece na sociedade nacional. Tal situação refere-se às diferenças sociais que perduram na socie-dade, representados por altos índices de desigualdade que teimam em persistir nos levantamentos que carac-terizam o Brasil. Continua a distinção de um país oficial, no qual grupos privilegiados têm acesso à máquina pública e usam com maestria sua estrutura em prol de benefícios privados, enquanto o país real é invisível, não tem voz e permanece num sofrimento perpetuado por gerações.

d) Incorreta. Canudos ocorreu quase uma década após a abolição da escravatura.

e) Incorreta. Os sertanejos representados no povoado de Canudos eram devotos cristãos, seguidores de Antônio Conselheiro. Este via no estabelecimento de um Estado, desligado da Igreja, entre outros fatores de laicização da sociedade, o prenúncio do fim dos tempos. Sendo assim, os sertanejos apoiavam a influência da Igreja Católica na sociedade.

6. Gabarito: cHistoricamente considera-se que a favela é formada por moradores homogêneos, com características comuns, sem espaço para a diversidade.

7. Gabarito: bA visão dualista de uma cidade é aquela que atribui todas as características negativas aos moradores de determina-das regiões e, em contrapartida, características positivas a outras. Essa visão dualista, que caracteriza o resultado da pesquisa do Instituto Data Popular, não considera a diversi-dade social, homogeneizando os moradores como se todos fossem absolutamente iguais. No caso da favela, conside-ram que a pauperização econômica se reflete também na carência de valores morais.

8. Gabarito: eI. Correta. A ocupação desordenada dos espaços urbanos

acarreta na falta de infraestrutura nos serviços ofereci-dos pelo Estado, principalmente nas regiões periféricas. O rápido crescimento urbano, somado à falta de pla-nejamento por parte dos órgãos estatais, gera distân-cias sociais que se agravam diante da concentração de

renda e de acesso a bens e serviços por apenas uma parcela da população.

II. Correta. O processo de segregação socioespacial atinge principalmente as camadas mais pobres por causa do maior acesso que as camadas mais abastadas têm dos recursos públicos. A priorização de atendimento a de-terminadas regiões urbanas por parte do Estado agrava as diferenças sociais, dificultando as possibilidades de mudanças estruturais. Tais fatos, associados à dinâmi-ca de valorização especulativa dos imóveis nas regiões com melhor infraestrutura urbana, levam os membros da classe mais pobre à busca de espaços mais aces-síveis financeiramente. Isso gera a dispersão desses grupos para as periferias, muitas vezes de forma desor-denada, o que os exclui do acesso a serviços públicos de qualidade.

III. Correta. A referência às noções de estado selvagem e contrato social de Thomas Hobbes remete ao sentido de que, na ausência de uma atuação do Estado na regu-lação das relações sociais, prevalece nosso estado de natureza, considerado selvagem. O contrato social, isto é, as leis que regem a sociedade, seria aquele que per-mite a convivência entre os cidadãos, característica de sociedades civilizadas. Dessa maneira, a referência a essas noções de Hobbes como forma de caracterizar a ocupação das cidades constrói uma relação entre peri-ferias como locais selvagens, pela ausência da ação do Estado, e como civilizadas as regiões mais abastadas pela presença de uma infraestrutura oriunda da ação do Estado.

9. Enclaves fortificados são espaços construídos para re-sidência, lazer ou trabalho, fechados e monitorados para controlar o acesso das pessoas que podem entrar nesses lugares. Esse fenômeno vem crescendo bastante conforme aumenta o medo da violência. Os espaços comuns e “aber-tos” passam a ser abandonados para os sem-teto, morado-res de rua e outros marginais ao sistema. O fenômeno de construção de enclaves fortificados não acontece apenas nas camadas mais favorecidas, mas também atinge as ca-madas populares, que se cercam de grades e muros vol-tados para sua proteção. A Sociologia interpreta que esse fenômeno leva ao fim das interações humanas e sociais entre as classes, pois cada uma delas se relaciona apenas com seus pares, que vivem dentro de um mesmo enclave.

10. Gabarito: dI. Incorreta. Toda forma de controle social necessita de-

senvolver maneiras de observação sobre o comporta-mento dos indivíduos para que possa exercer controle de suas manifestações e de seus efeitos sobre a so-ciedade. Ainda mais em se tratando de serviços de planejamento estratégico, como os serviços de inteli-gência da polícia, que devem agir preventivamente. O problema dessas ações de controle é que nem sempre

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Sociologia

elas garantem a privacidade dos indivíduos. Um exem-plo são as ações antiterrorismo nos Estados Unidos em que planos de espionagem invadiam a privacidade de cidadãos e líderes mundiais.

II. Incorreta. Apesar de a repressão policial e de as ações violentas produzirem medo nas pessoas que são vítimas da violência, essas não são estratégias eficientes de controle social. Michel Foucault demonstra que as for-mas mais eficientes de controle social são aquelas que introjetam nos indivíduos o espírito de vigilância e con-trole. Isso faz com que os próprios indivíduos se policiem sob a preocupação de estarem sendo observados.

III. Correta. As redes sociais criam formas modernas de controle social nos indivíduos perante as expectativas que são produzidas na recepção que nossas postagens e perfis sociais geram nos outros indivíduos. A expo-sição pública de nossa privacidade cria uma imagem virtual de nossa pessoa, de nossos hábitos, gostos e costumes, “vendendo” uma ideia de quem somos. Isso por si só produz uma forma específica de controle so-cial, ao estarmos sob o crivo de outras pessoas. Tal si-tuação fica muito explícita quando uma postagem pes-soal produz manifestações e reações sobre as opiniões expressas. Nesses momentos, podemos sentir como o controle social do que pensamos pode agir e atuar so-bre nós nos ambientes virtuais.

11. Gabarito: c

a) Incorreta. O estigma social estabelece marcas que cau-sam distinção entre os indivíduos, pautadas em parâ-metros preconceituosos.

b) Incorreta. O estigma social é um conceito trabalhado pela Sociologia e pela Psicologia social para demons-trar como indivíduos com características consideradas desviantes são tachados com marcas negativas que os excluem ou os desmerecem da vida em sociedade. A criminologia clássica desenvolvia classificações com base em características físicas para demarcar indivídu-os considerados “perigosos”, isto é, desviantes. Assim, coube à Sociologia desenvolver o termo “estigma” para indicar essas marcações como preconceituosas e de exclusão social para indivíduos não aceitos socialmente.

c) Correta. A expressão “estigma social” caracteriza a pre-sença de preconceitos elaborados com base em cons-truções negativas sobre características físicas, psíqui-cas ou sociais de indivíduos considerados inadequados socialmente. Elas descontroem a imagem que o próprio indivíduo tem de si, fazendo com que suas caracterís-ticas pessoais sejam descontruídas e dando destaque apenas a uma imagem caricata de si mesmo.

d) Incorreta. A consequência do estabelecimento de com-portamentos considerados desviantes socialmente cria um espaço de inibição social. Geram-se processos de

exclusão fazendo com que comportamentos considera-dos diferentes sejam vítimas de preconceito.

e) Incorreta. O estigma produz o oposto da inclusão social, ao elaborar uma imagem deteriorada e estereotipada de determinados tipos sociais, diante dos indivíduos considerados “normais”. Trata-se de uma marca que o indivíduo carrega consigo como símbolo de descrédito perante a sociedade. Um exemplo desse tipo exclusão social pode ser observada nos ex-presidiários, que, mesmo após cumprirem suas penas, são estigmatiza-dos pela sociedade.

12. Gabarito: c a) Incorreta. O que se vê na imagem é justamente o con-

trário da afirmação da alternativa. Isso porque não há homogeneização das formas de habitar, mas a segre-gação do espaço urbano, havendo o acesso por par-cela da população a riquezas, bens, serviços e direitos (moradores dos condomínios fechados), estando a ou-tra parcela (moradores da favela) carente de políticas urbanas e sociais que sejam exitosas.

b) Incorreta. A imagem é clara ao mostrar uma radical se-gregação espacial e social entre os moradores do con-domínio fechado e os da favela. Eles não compartilham áreas comuns de lazer, e o conflito entre classes cada vez mais se agrava nas metrópoles brasileiras.

c) Correta. Na imagem de uma metrópole brasileira apre-sentada podemos perceber a fragmentação do espaço urbano e a nítida segregação social e espacial entre diferentes grupos e classes sociais. Notamos do lado direito da imagem a existência de um condomínio fe-chado, fruto da concentração de riqueza de uma peque-na parcela da população, distinguindo-se do restante e contrastando radicalmente com o território à esquerda da imagem. Esta apresenta uma favela com sua aglo-meração de domicílios onde persiste a ausência de acesso a certos serviços, a políticas públicas, direitos e cidadania à sua população.

d) Incorreta. A favela não é um espaço onde encontramos apenas residências. Pelo contrário, podemos verificar a existência de alguns serviços urbanos, bem como de práticas comerciais, financeiras e de prestação de ser-viços. Porém, não podemos dizer que ela está equilibra-damente coesa à malha urbana.

13. Gabarito: ba) Incorreta. A letra da música justamente está reconhe-

cendo a presença do controle do Estado sobre as pes-soas, suas vidas e corpos.

b) Correta. A questão pode ser interpretada com base nas temáticas sobre controle social, mais tradicionais em Sociologia. Pode ainda combinar com análises mais contemporâneas, por exemplo a obra do filósofo Michel Foucault, ao desenvolver suas reflexões sobre a socie-dade disciplinar, a biopolítica e o biopoder. Dessa forma,

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baseando-nos na letra da canção, podemos considerar que o autor reconhece a relação entre o poder político do Estado, desdobrado em práticas de violência, e suas ações repressivas e controladoras em sua constituição física, seu corpo, seus afetos e seu ser.

c) Incorreta. Podemos dizer que o autor da letra da música critica de certa forma o poder policial, como instrumento de força legítima, manifestado pelo Estado. Porém, isso não se aplica às proposições do anarquismo, indo de maneira geral contra às suas formulações conceituais mais básicas.

d) Incorreta. O autor da letra da música não se refere em nenhum momento às qualidades positivas e benéficas possíveis do Estado (boas leis), e também não se atém à personalização da figura individual policial como mo-tor da violência.

14. Gabarito: da) Incorreta. Nesse episódio, não há resistência ao poder

disciplinar, pois os estudantes ficam reféns das nor-mativas da instituição escolar, que é corroborada pela escolha de seus responsáveis legais.

b) Incorreta. O episódio expressa não a liberdade nas escolas, mas a presença de um poder disciplinar, do controle social e de práticas totalitárias, autoritárias que também se inserem nos fenômenos relacionados com a biopolítica e o biopoder.

c) Incorreta. Nessa situação, não há consulta democrática pública, mas a institucionalização de práticas de biopo-lítica e biopoder. Estas agem como formas institucio-nalizantes do poder disciplinar, cerceando liberdades, escolhas e privacidade dos jovens estudantes, que pas-sam a ser controlados pela instituição.

d) Correta. Analisando a questão do ponto de vista da So-ciologia, podemos interpretá-la pelas temáticas sobre controle social. Desse modo, ao analisar o aconteci-mento nessa escola municipal, podemos constatar a existência de um poder estatal e institucional que acaba por ferir a liberdade individual dos jovens estudantes, agindo por uma forma de controle social sobre suas es-

colhas pessoais. Isso configura a institucionalização de um poder disciplinar que procura reprimir, punir e cer-cear os corpos e os sujeitos que escapem à normativa totalitária desempenhada pela instituição escolar.

e) Incorreta. Nessa questão, o aparato técnico-científico utilizado para avisar aos pais quando seus filhos aden-tram a instituição escolar não contribui em nada para a autonomia e a liberdade individuais. Ao contrário, ele apenas reforça mecanismos de controle social e de po-der disciplinar.

15. Gabarito: da) Incorreta. Os centros urbanos brasileiros não têm es-

trutura bem planejada de ocupação do espaço social e de oferta de serviços urbanos no atendimento dos cida-dãos. A circulação social é comprometida pelo acúmulo, cada vez maior, de pessoas em espaços reduzidos.

b) Incorreta. É perceptível que o crescente aumento de veículos urbanos particulares congestiona as vias pú-blicas, não apenas nos horários de pico, mas em di-versas outras situações do dia. Tal fato demonstra que não há harmonia nas grandes cidades brasileiras, na ocupação do espaço urbano.

c) Incorreta. Já é de longa data a situação dos grandes cen-tros urbanos diante das condições de não planejamen-to da ocupação do solo. Nos bairros mais abastados ou nos centros administrativos das cidades, esse problema se reduz um pouco, em face de essas áreas receberem maior atenção do Estado. Mas, em linhas gerais, o cres-cimento dos grandes centros já está além da capacida-de que as cidades têm para acompanhar tal demanda, criando nichos de ocupação irregular ou não planejada.

d) Correta. O aumento da presença de veículos nas ruas, com o acréscimo na renda do trabalhador, faz com que o transporte público, já saturado, seja abandonado por parte da população, tornando insustentável qualquer transformação da realidade dos deslocamentos urba-nos. Apenas a adoção de melhores serviços de transpor-te público, com a consequente utilização deles por seus usuários, produzirá melhorias nos ambientes urbanos.

SOCIOLOGIA DO TRABALHO: TRABALHO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO E FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

16. Gabarito: da) Incorreta. Para Durkheim, existia coesão social nas so-

ciedades antigas e era fundada em crenças e valores religiosos. Para esse sociólogo, nas sociedades moder-nas prevalece a solidariedade orgânica, sendo a divisão social do trabalho importante para a coesão social.

b) Incorreta. Para Marx, o sistema de produção capitalista aliena o trabalhador de dois modos. Em primeiro lugar,

pela divisão do trabalho, ao colocá-lo apenas em uma parte do processo produtivo, de forma que ele não tem como dominar a produção como um todo. Em segun-do lugar, o trabalhador também é alienado por produzir mercadorias as quais jamais poderá consumir.

c) Incorreta. Weber defende que os valores da religião pro-testante – austeridade, poupança, disciplina – favore-

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Sociologia

SOCIOLOGIA DO TRABALHO: TRABALHO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO E FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

ceram o desenvolvimento capitalista das regiões onde seus fiéis viviam, como nos EUA.

d) Correta. Para Marx, a divisão do trabalho é fonte de ex-ploração e alienação do trabalhador.

e) Incorreta. A concepção de solidariedade, para Durkheim, não está relacionada ao sentido de ser solidário, mas à coesão social. Ademais, a solidariedade mecânica predominou nas sociedades antigas e predomina nas sociedades menos complexas. Na moderna sociedade capitalista, predomina a solidariedade orgânica.

17. Gabarito: c

O texto define o conceito de mais-valia, que, segundo o conceito marxista, seria o que conferia valor à mercadoria. A mais-valia é a apropriação do trabalho feita pelo burguês, estendendo as jornadas de trabalho de forma que a produ-tividade seja extrema. O trabalhador, dessa maneira, produz muito mais do que aquilo que percebe pelo seu trabalho.

18. Gabarito: b a) Incorreta. O lucro obtido pela chamada mais-valia não se

refere aos ganhos advindos com a venda de produtos. O que a noção de mais-valia apresenta é que o lucro não ocorre apenas na comercialização dos produtos, mas também no processo de produção. Todo excedente pro-duzido pelo trabalhador que supere seu ganho salarial já é entendido como lucro do empresário capitalista.

b) Correta. A mais-valia é o lucro obtido pelo burguês (dono dos meios de produção) no ganho com a pro-dução de excedente, para além do valor pago como salário para o trabalhador. Como exemplo pensemos num empregado com jornada de trabalho de 8 horas diárias, nas quais produz 30 pares de calçado por dia, no valor de R$ 100,00 cada par. No fim do mês, após 20 dias trabalhados, o empregado produziu R$ 60.000,00 em produtos. Somados os gastos com matéria-prima, impostos, manutenção e investimentos, o empresário gasta por mês R$ 32.000,00 para manter a fábrica. Se somarmos o salário do empregado, de R$ 3,000,00, aos gastos e o reduzirmos do total produzido, o empresário fica com R$ 25.000,00 de excedente, caracterizando o lucro obtido com a chamada mais-valia.

c) Incorreta. A mais-valia se caracteriza justamente pela apropriação dos excedentes produzidos pelo proprietá-rio dos meios de produção. A participação nos lucros, quando ocorre, não se refere à produção excedente, mas aos lucros obtidos com a comercialização dos pro-dutos, o que indica que o proprietário ganha duas vezes: na produção e na venda.

d) Incorreta. A mais-valia absoluta se caracteriza pelo au-mento da jornada de trabalho como forma de o empre-sário obter maior lucro na produção. Com o aumento da jornada, o trabalhador, a princípio, produz mais com

praticamente o mesmo custo de produção, aumentando assim o excedente produzido.

e) Incorreto. A mais-valia relativa se refere à flexibilização das formas de produção com o incremento de novas tecnologias que impelem a uma produção mais eficien-te. Com isso, gera-se novamente mais excedente du-rante a execução de uma jornada de trabalho.

19. Gabarito: e

Weber considera que o capitalismo já existiu na Antiguida-de. O que diferencia o capitalismo da Modernidade daquele que existiu no passado é a religião protestante, que pregou o ascetismo, a disciplina, a poupança e outros valores que possibilitaram a acumulação de capital. Para essa doutrina religiosa, o trabalho é um meio de obter a graça. Não é a vocação para o trabalho que diferencia católicos e protes-tantes. A diferença está no fato de que determinados va-lores que favorecem o capitalismo passaram a fazer parte da doutrina religiosa. Por outro lado, certas práticas, como a usura, consideradas como pecado pela Igreja Católica, eram liberadas pelos protestantes, especialmente os cal-vinistas.

20. Gabarito: e

a) Incorreta. Em uma perspectiva comparada, no mesmo período do trecho de Friedrich Engels, o Brasil iniciava o Segundo Reinado (1840-1889). Economicamente, o Brasil era um país agrário-exportador que vivenciava um período de prosperidade econômica com a expan-são da lavoura cafeeira e tinha por base o trabalho es-cravo. O processo de industrialização no Brasil, com a exploração de mão de obra imigrante, ocorreu apenas no início do XX.

b) Incorreta. A mecanização da produção alterou subs-tancialmente as relações sociais e contribuiu com o processo de urbanização. Isso ocorreu por causa do acelerado êxodo rural, do crescimento populacional e da construção de uma estrutura urbana centrada em redes de abastecimento de água, canalização de es-gotos, modernização das estradas, iluminação pública, construção de habitações, entre outros.

c) Incorreta. As cidades industriais europeias em muito di-feriam das cidades no período renascentista. Enquanto os burgos, no período de renascimento urbano, consis-tiam em conjuntos de habitações fortificadas que ser-viam de habitação para a burguesia, com o processo de industrialização verificou-se um crescimento desorde-nado das cidades, sem qualquer planejamento urbano, em meio à miséria e às epidemias.

d) Incorreta. A Europa vivenciou naquele momento ideolo-gias contestatórias do sistema capitalista, em particular o socialismo científico defendido por Friedrich Engels e Karl Marx. Eles entendiam a revolução do proletariado como o caminho para uma sociedade mais justa.

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e) Correta. A mecanização do processo produtivo eviden-ciou a separação entre meios de produção e trabalho, gerando, por consequência, grupos sociais que ficaram excluídos do processo de acumulação capitalista.

21. Gabarito: e

A divisão social do trabalho segregava os trabalhadores, que passavam a fazer parte do processo produtivo, sem dominá-lo na sua totalidade. Como parte do processo, eles se transformavam em mão de obra facilmente descartada e substituída, pois não era necessária nenhuma habilidade especial para a execução da tarefa. Por outro lado, o bur-guês domina todo o processo produtivo.

22. a) O crescimento das cidades que se realizou inicialmente

na Inglaterra, no século XVIII, está relacionado à Revolu-ção Industrial em 1766. Esse processo liberou a mão de obra agrícola, que passou a constituir a massa de traba-lhadores urbanos. Eles foram incorporados ao trabalho industrial em condições precárias, com grande explora-ção do trabalho, péssimas condições e salários ínfimos. As máquinas, que paulatinamente foram incorporadas ao processo produtivo, reduziam postos de trabalho e desvalorizavam o trabalho individual. A mão de obra feminina e infantil, mais barata, foi utilizada para com-por o operariado das fábricas e das minas de carvão. A qualificação dos artesãos foi sendo substituída por um padrão de qualidade imposto pelas máquinas. As con-dições miseráveis e insalubres dos trabalhadores indus-triais, em contraposição à acumulação conquistada pelos burgueses, geraram conflitos, que se manifestaram em revoltas. Toda essa situação contribuiu para a formação dos primeiros sindicatos, durante o século XIX, e na tí-mida e lenta luta pela conquista de direitos trabalhistas.

b) O primeiro movimento efetivo dos trabalhadores con-tra as condições de exploração foi o movimento ludita. Esse organizava invasões de fábricas, para a destruição das máquinas que, os trabalhadores acreditavam, esta-riam roubando seus postos de trabalho. Contidos com violência, o Parlamento determinou a pena de morte para aqueles que destruíam o patrimônio das fábricas. Os principais líderes luditas foram condenados. Outras formas de ação foram os boicotes, a sabotagem e, fi-nalmente, a mais efetiva: a greve. Os trabalhadores se organizaram em associações de auxílio por ofícios, os Trade Unions. Mais tarde, surgiram as primeiras organi-zações sindicais, que só foram legalizadas na Inglaterra em 1824. A sua legalização tinha por objetivo a possibi-lidade de os patrões negociarem com os trabalhadores, o que não podia acontecer com as associações clan-destinas. Anos depois, na década de 1830, os trabalha-dores se organizam em torno de uma pauta de reivin-dicações, compiladas em uma carta, que deu nome ao movimento: o cartismo. Nessa carta, os trabalhadores

reclamavam os direitos políticos de votar e ser votados. Embora tenham fracassado nesse momento, eles con-tribuíram para que tais direitos fossem conquistados décadas depois.

23. Gabarito: da) Incorreta. O trabalho escravo se relaciona também à

ausência de registro na Carteira de Trabalho; portan-to, não tem nenhum direito e há ausência de proteção previdenciária.

b) Incorreta. Não é possível relacionar ilegalidade com áreas específicas do território brasileiro. Além disso, não se pode afirmar sobre a ausência do Estado em regiões distantes ou centrais no que diz respeito à fis-calização do trabalho escravo.

c) Incorreta. As práticas ilegais de trabalho escravo não estão restritas a determinados tipos de produção ou trabalho, mas, principalmente, à ausência do registro na Carteira de Trabalho, bem como às condições de tra-balho em termos de jornada (exploração) e salário, por exemplo.

d) Correta. A exploração de trabalho análoga ao trabalho escravo se dá nas irregularidades relacionadas ao re-gistro do trabalhador e, portanto, não diz respeito so-mente ao espaço rural, mas às condições de trabalho, independentemente do tipo de trabalho.

24. Gabarito: a

a) Correta.

b) Incorreta. Não há estatização das empresas de teleco-municações; ao contrário, a política neoliberal praticada no Brasil estimula a privatização; a maior concentração populacional está no meio urbano e o mercado de tra-balho se torna instável à medida que as privatizações assumem os serviços.

c) Incorreta. Não há recolhimento nos serviços de atendi-mento ao cliente; ao contrário, há aumento desse tipo de serviço, mas que não significa estabilidade no mer-cado de trabalho.

d) Incorreta. O processo de privatização dos sistemas de telecomunicação amplia a utilização de telefonia fixa e móvel, mas não implica retração. Há ampliação de serviços prestados via telefone, como serviço de aten-dimento relacionado a vendas e compras de produtos (telemarketing, por exemplo).

25. Gabarito: d

a) Incorreta. Ainda ocorre em algumas lavouras de cana-de-açúcar o trabalho de corte de forma manual, repeti-tivo e exaustivo.

b) Incorreta. Considerando que o ganho salarial é peque-no, os trabalhadores se deslocam com frequência para distintas regiões de acordo com a oferta de trabalho, nem sempre regularizada.

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Sociologia

c) Incorreta. A regularização do trabalho não permite tal acordo e, além disso, a produtividade não está relacio-nada somente ao trabalho do indivíduo, mas às condi-ções adequadas para executar o trabalho na lavoura.

d) Correta. Ao considerar a sazonalidade da colheita da cana-de-açúcar e a baixa remuneração dessa ativida-de, tais condições implicam o desenvolvimento de ou-tras atividades para a sobrevivência dos trabalhadores de tal segmento.

26. Gabarito: e

a) Incorreta. A descentralização industrial ainda diz respei-to a fatores como energia e facilidade de captação de matéria-prima.

b) Incorreta. A mudança na concentração industrial do es-tado de São Paulo diz respeito também a políticas de incentivos fiscais e mão de obra mais barata.

c) Incorreta. A influência dos produtos importados está relacionada à política econômica de importação e não substitui totalmente a indústria local.

d) Incorreta. O mercado é que cria as necessidades onde elas ainda não foram transformadas em mercadoria.

e) Correta. Energia, mão de obra, matéria-prima e incenti-vos fiscais são os principais fatores que colaboram para a mudança das indústrias, em termos de localização e produção.

27. Gabarito: aa) Correta. A afirmação remete à definição do mode-

lo produtivo chamado de toyotismo. Ele foi criado no Japão, após a Segunda Guerra Mundial. Um de seus intuitos é descentralizar a organização da mão de obra, transferindo ao trabalhador maior poder de decisão e organização, mas cobrando também maior eficiência e produtividade. Para tanto, os trabalhadores passam a se organizar, em células ou equipes de trabalho onde todos se tornam responsáveis pelas metas, cobrando uns aos outros. Trata-se de uma forma de aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos, tornando a produção mais “enxuta”.

b) Incorreta. A perda do poder exercido pelos trabalha-dores tem sua origem no taylorismo como forma de organização do trabalho. Nessa forma de organização do trabalho, processo anterior ao toyotismo, é que se origina a separação dos funcionários em atividades a serem desempenhadas, retirando do trabalhador o co-nhecimento de todo processo produtivo.

c) Incorreta. A implantação das linhas de montagem, gerando tempos demarcados para o exercício de de-terminadas funções, deu-se com a criação do mode-lo produtivo elaborado por Henry Ford. Seu modelo foi implementado na criação das linhas de montagem de automóveis, anterior ao estabelecimento do toyotismo. O fordismo também era caracterizado pela produção

em massa como forma de reduzir custos e aumentar o mercado consumidor.

d) Incorreta. A maior participação dos funcionários na tomada de decisões dos processos produtivos não os inseriu em posição de obter mais direitos ou de reivin-dicar melhorias nas relações de trabalho. Ela apenas aumentou a responsabilidade e a exigência sobre as formas de produção, gerando competitividade entre seus pares e maior vigilância sobre os resultados no intuito de evitar perdas.

e) Incorreta. A segunda fase da Revolução Industrial se ca-racterizou pelo uso da energia elétrica e pelo surgimen-to do motor a combustão, revolucionando o maquinário e os processos produtivos. Isso é diferente do que foi estabelecido pela implementação do toyotismo mencio-nada na citação.

28. Gabarito: e

I. Verdadeira. O ludismo foi um movimento que se opôs à mecanização do trabalho por considerar que as má-quinas provocavam o desemprego dos trabalhadores. Esse movimento ganhou força na Inglaterra no início do século XIX, com invasões de fábricas e destruição do maquinário.

II. Verdadeira. A greve é um instrumento legal de reivindi-cação dos direitos trabalhistas. Existem procedimentos legais que devem ser instaurados pelos representantes de uma categoria profissional para que uma greve seja estabelecida de forma regular. Em geral, os represen-tantes legais de uma corporação profissional são os sindicatos, que têm a prerrogativa de estabelecer ne-gociações com os representantes patronais na busca por melhores acordos de trabalho.

III. Verdadeira. As terceirizações representam a transposi-ção de funções de uma empresa para a execução da produção por terceiros, que implementam as normas estabelecidas pelas empresas contratantes. Em ge-ral, as terceirizações tornam precárias as relações de trabalho, por desarticularem categorias profissionais e criarem hierarquias sociais dentro de empresas. Tudo isso gera preconceitos contra funcionários terceiriza-dos, desvalorização salarial pela redução de custos na contratação de terceiros e maior rotatividade nos empregos, causando instabilidade profissional, entre outros.

29. Gabarito: b

a) Incorreta. A luta de classes, tal qual definida por Karl Marx, é o motor da história, não na perspectiva de pro-duzir equilíbrio, mas de gerar sua própria mudança pela ascensão do proletariado frente à burguesia. Segundo Marx, essa característica própria da dinâmica do ma-terialismo histórico daria consciência de classe aos tra-

116 2ª. Série

balhadores, membros do proletariado, diante da classe burguesa, esta sim detentora dos meios de produção.

b) Correta. A estratificação social nada mais é do que o es-tabelecimento de uma hierarquia social que se vale das condições de classe apreendidas com base em indica-dores, como posse material, renda, acesso à educação e oportunidades no mercado de trabalho. Tal estratificação está em constante mudança na medida em que a luta de classes possibilita dinâmicas de mobilidade social.

c) Incorreta. A mobilidade social é uma característica pre-sente no modelo de sociedade capitalista, permitindo aos indivíduos ascender na hierarquia de classes por meio da acumulação de capital, acesso à educação, renda, entre outros fatores. Não se trata de um proces-so exclusivo de determinadas classes sociais, apesar da dificuldade majorada que determinados grupos têm de ascender por causa da extrema condição de desi-gualdade social existente na sociedade capitalista.

d) Incorreta. As noções de classe social de Marx e Weber não são semelhantes e se distinguem o suficiente para não serem confundidas. Karl Marx entende a noção de classe social como os lugares que os agentes sociais ocupam no contexto de produção material (sendo es-ses lugares a condição de burguês e de proletariado), diferenciando-se entre dominantes e dominados. Max Weber define classe como o estado em que se encon-tra todo indivíduo numa dada situação, isto é, como a condição de acesso a bens, o contexto social em que está inserido e as experiências adquiridas justapõem certos indivíduos numa determinada condição social. Marx entende tal relação como conflito e Weber, como justaposição de circunstâncias.

e) Incorreta. Cada relação de insucesso no capitalismo produz um descenso social. Da mesma forma que exis-te a ascensão social, a mobilidade presente no capita-lismo permite o descenso de indivíduos que não saibam manusear habilmente o ferramental de acúmulo de ca-pital próprio do capitalismo. Dessa maneira, não existe um compartilhamento das perdas nem um acolhimento social típico do capitalismo, mas um processo de ex-

clusão daqueles que não obtêm sucesso no desenvolvi-mento material, marginalizando os desiguais.

30. Gabarito: a

a) Correta. Os direitos trabalhistas são garantias de to-dos os trabalhadores formais de que direitos mínimos numa relação profissional serão protegidos, dando es-tabilidade e segurança a eles. O caso das empregadas domésticas não poderia ser diferente. Porém, em vir-tude de particularidades que remetem a seu exercício profissional, o Congresso protelou por muito tempo a votação dessas normativas. Tal situação criou um limbo jurídico a esse grupo profissional, deixando-o sujeito a inúmeras situações de abuso e constrangimento. Sendo assim, esse grupo só poderia alcançar direitos básicos de qualquer outro trabalhador se ingressasse com um processo judicial. Com essa regulamentação, são repa-rados anos de exclusão social no usufruto dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas.

b) Incorreta. A conquista se intensificou não apenas pela regulamentação do trabalho de doméstica, mas tam-bém pelo crescimento econômico vivenciado pelo país na última década. Muitas empregadas buscaram outras ocupações no mercado de trabalho, fazendo com que a oferta de mão de obra para serviços domésticos tenha sofrido redução. Isso acarretou aumento do custo pela contratação do serviço, valorizando essas profissionais.

c) Incorreta. Não se trata de uma conquista parcial, mas, pelo contrário, da complementação de direitos antes estabelecidos, mas não regulamentados. Assim, cria-ram-se para as domésticas as mesmas condições usu-fruídas por qualquer trabalhador formal.

d) Incorreta. Justamente pelo fato de esses trabalhadores serem muitas vezes considerados “parte da família”, as relações profissionais se misturam com as pessoais. Ao mesmo tempo, essa proximidade gera demandas que extrapolam qualquer regulamentação de uma jornada de trabalho plausível. De modo inevitável, cria-se uma impressão de que as relações do Brasil Colônia, em tor-no da casa-grande, se estenderam modernamente para nosso ambiente urbano.

SOCIOLOGIA DA IDENTIDADE: CULTURA E DIVERSIDADE SOCIAL

31. Gabarito: b

A Antropologia nasceu no contexto da expansão neocolo-nialista das nações europeias sobre a África e a Ásia, no século XIX. Trazia uma concepção de desenvolvimento e atraso. Para a Antropologia nesse período, o desenvolvi-mento estava relacionado às nações europeias e o atraso, aos reinos e sociedades africanos e asiáticos. Embora os antropólogos considerassem que as sociedades africanas

se encontravam na infância da civilização, visto que esta-vam imbuídos do sentimento de progresso e de evolução, eles não consideravam que as sociedades ditas “atrasa-das” eram boas e desprovidas de atitudes bélicas.

32. Gabarito: e

a) Incorreta. O presente texto não trata das teorias antro-pológicas que criticaram o etnocentrismo ocidental.

117Caderno de Atividades / Livro do Professor

Sociologia

b) Incorreta. O texto se refere a argumentos científicos que provam ou não se há algum caráter prejudicial quanto à miscigenação.

c) Incorreta. O texto não fornece uma fundamentação científica para justificar estereótipos racistas presentes no pensamento cotidiano e no senso comum. Pelo con-trário, ressalta que as etnias são variações cosméticas do núcleo genético humano e, por isso, incapazes de determinar a superioridade de um indivíduo ou grupo sobre outros.

d) Incorreta. A pesquisa não refuta os ideais universalistas que inspiraram políticas de preservação dos direitos humanos, apenas que não somos todos iguais, mas que somos igualmente diferentes.

e) Correta. Segundo as teorias eugenistas, haveria uma superioridade de um determinado grupo sobre outro, algo que a pesquisa refuta. De acordo com a pesquisa, as etnias seriam incapazes de determinar superiorida-de genética e, mais, que “[...] a espécie humana é tão mais forte e sadia quanto mais variações apresenta”.

33. Gabarito: c

a) Incorreta. O texto não trata dos critérios para compara-ção entre as culturas.

b) Incorreta. O texto não expressa que a vida em estado de natureza é considerada superior à vida civilizada.

c) Correta. Segundo o antropólogo culturalista Franz Boas, existem diferenças entre as culturas, mas não entre as raças. Entretanto, Boas herdou influências evolucionis-tas e, conforme sua teoria, a espécie humana teria a capacidade de desenvolver-se. Assim, considerando que em todas as culturas o aparelho biológico é o mes-mo, as culturas poderiam ser analisadas por meio de critérios universalistas.

d) Incorreta. No texto não consta nenhuma menção de que as diferenças entre as culturas são biologicamente con-dicionadas.

e) Incorreta. Apesar de Boas ter sofrido influências evo-lucionistas e de considerar que a civilização europeia seria superior às culturas tribais, o texto não trata o pro-gresso cultural como uma ilusão etnocêntrica europeia.

34. Gabarito: d

a) Incorreta. Franz Boas entende que a Antropologia deve considerar as particularidades de cada cultura, buscan-do analisá-las conforme seus próprios critérios inter-pretativos, de modo que considere a lógica e a forma de pensar dos nativos. Partindo de uma perspectiva conhecida como “relativismo cultural”, Boas conside-rava inútil a tentativa de estabelecer leis gerais entre culturas particulares.

b) Incorreta. Franz Boas entende que o método antropo-lógico consiste justamente em se desfazer da análise

de diferentes culturas por meio de leis gerais válidas, e considerar apenas a realidade particular de cada cul-tura em si.

c) Incorreta. Embora Franz Boas demonstre a impossibili-dade de analisar outras culturas por meio de leis gerais, esse autor não tinha uma postura cética em relação à Antropologia. Pelo contrário, apontava que essa era jus-tamente a particularidade dela em relação às demais ciências.

d) Correta. O antropólogo Franz Boas demonstrou a impor-tância do estudo de diferentes culturas em seu próprio contexto e adotou o relativismo cultural no sentido de considerar os fatores históricos, naturais e linguísticos que influenciavam o desenvolvimento de cada cultura.

e) Incorreta. Franz Boas rejeita tanto a noção de leis uni-versais capazes de analisar a humanidade quanto as noções de superioridade e inferioridade entre as dife-rentes culturas.

35. Gabarito: b

a) Incorreta. Não houve um banho de sangue no decorrer das ações desencadeadas por Rosa Parks. O que ocor-reu foi uma adesão em massa dos negros moradores da cidade de Montgomery ao boicote aos ônibus, enquanto houvesse segregação aos negros dentro deles.

b) Correta. A ação de Rosa Parks desencadeou uma ade-são em massa da comunidade negra a manifestações contra a discriminação racial. Conhecidos ativistas dos direitos civis aproveitaram a comoção que o fato ocor-rido com Rosa Parks gerou para propor mudanças no estabelecimento dos direitos civis. As manifestações se desenrolaram por mais de um ano até que a segrega-ção racial nos ônibus dos Estados Unidos foi finalmente proibida.

c) Incorreta. O apartheid nos Estados Unidos não teve um caráter de isolamento permanente da população negra em determinados espaços sociais, de maneira tão in-tensa quanto na África do Sul. A segregação racial nos Estados Unidos esteve dispersa sob diferentes formas nos estados que compõem o país estadunidense. Mes-mo após a conquista de alguns direitos por meio das manifestações, a luta contra o racismo permaneceu por muitos anos.

d) Incorreta. O reconhecimento da população negra se estabelece como direito de uso do transporte público sem sofrer segregação no uso do serviço. A população branca já desfrutava desse uso e tinha o direito de ir e vir nos transportes públicos.

36. Gabarito: b

a) Correta. A análise dos rendimentos entre a população negra e a população branca demonstra a distância sa-larial demarcada pelo critério racial. Logo, é possível

SOCIOLOGIA DA IDENTIDADE: CULTURA E DIVERSIDADE SOCIAL

118 2ª. Série

concluir que a diferença salarial expressa as profundas desigualdades entre pretos, pardos e brancos.

b) Incorreta. O número de mulheres negras com remune-ração de mais de 30 salários mínimos é de 7.682, en-quanto o de homens brancos com a mesma remunera-ção é de 178.574. Logo, o número de mulheres negras com o mais alto nível de rendimento é 23 vezes menor que o de homens brancos.

c) Correta. A proporção de mulheres e homens não bran-cos que percebem mais de 30 salários mínimos por mês é praticamente a mesma, correspondendo a quase 13% da população preta e parda.

d) Correta. O quantitativo de mulheres negras e pardas com salário entre 1 e 4 mínimos (2.501.852) é mais de cinco vezes maior que o de homens brancos com igual nível de rendimento (418.013).

37. Gabarito: d

a) Correta. A Lei 10.639/03 tem como conteúdo a obriga-toriedade do ensino de cultura e história africanas nas escolas públicas e privadas do Brasil. O objetivo central dela é a valorização de saberes, língua, religião, culiná-ria, música e costumes afrodescendentes.

b) Correta. Ao visibilizar e valorizar a cultura e a história africanas por meio do ensino, a Lei 10.639/03 também promove a autoestima dos estudantes negros do país, tendo em vista que são os que mais sofrem com o pre-conceito e a violência.

c) Correta. Ao visibilizar e valorizar a cultura e a história africanas por meio do ensino, a Lei 10.639/03 também promove o desenvolvimento de uma cidadania inclusiva e participativa, que dialoga com as diversas manifesta-ções culturais do país.

d) Incorreta. A Lei 10.639/03 tem como foco a obrigatorie-dade do ensino de cultura e história africanas na escola e não está vinculada à distribuição ou ao acesso a uma renda mínima aos desfavorecidos.

e) Correta. Ao instituir a obrigatoriedade do ensino de his-tória e de cultura africanas na escola, a Lei 10.639/03 também tem a pretensão de problematizar o currículo escolar a fim de garantir não apenas o ensino da histó-ria europeia, mas também da africana.

38. Gabarito: d

I. Incorreta. O etnocentrismo é um conceito que repre-senta a construção social dos valores e das referências culturais que balizam a visão de mundo dos indivíduos. É natural que avaliemos a sociedade à nossa volta pelas referências com as quais fomos socializados. Não se trata necessariamente de uma depreciação da diversi-dade de percepções de mundo, mas apenas da aplica-ção de formas de compreensão adquiridas socialmente.

O preconceito refere-se a um pré-julgamento de algo que desconhecemos e que não experienciamos, man-tendo assim uma visão estereotipada daquilo que nos é diferente. Isso é contrário ao etnocentrismo, pois na atitude de preconceito elaboramos uma visão negativa do que é diferente, enquanto no etnocentrismo viven-ciamos apenas o estranhamento perante as diferenças.

II. Incorreta. O sentimento de estranhamento diante do que nos é diferente culturalmente constitui-se em processo normal de choque cultural advindo do etnocentrismo. A maneira como reagimos a esse sentimento de estra-nhamento é o que pode gerar o preconceito ou mesmo o racismo. No caso, o racismo se caracteriza por uma postura de dominação de um valor cultural sobre outro, impondo a subordinação na distinção cultural.

III. Correta. No fenômeno do etnocentrismo, misturam-se reações racionais e sentimentais nos processos de per-cepção e avaliação das diferenças culturais. Trata-se de uma constatação das diferenças que soa ameaçadora à nossa identidade cultural, o que produz a manifestação de aspectos afetivos e intelectuais em nossa sensação de estranhamento.

39. Gabarito: b

a) Incorreta. Os indígenas, de modo habitual, não se pautam pela exploração desordenada no uso da terra. Trata-se de um uso rotativo no qual se permite que áreas já exploradas se recuperem, garantindo a manu-tenção da diversidade do bioma. São sociedades que vivem essencialmente de uma cultura extrativista e de subsistência, mas que mescla cada vez mais a pre-sença de recursos dos meios urbanos como forma de manter acesso a serviços de saúde e educação. Exis-tem comunidades que exploram os recursos naturais vendendo-os para exploradores, mas esse tipo de ação não é a regra, cabendo aos órgãos federais estabelecer formas de controle.

b) Correta. A terra representa para as comunidades indí-genas um valor material (para sua subsistência), mas principalmente um valor cultural e simbólico para a per-petuação de suas práticas culturais, religiosas, sociais, entre outras. A vinculação orgânica entre cultura indí-gena e natureza produz um ritmo de vida ditado pelas transformações da natureza e sua interação com seus entes simbólicos.

c) Incorreta. Trata-se de um processo inverso, no qual são as comunidades rurais que entendem os indígenas como preguiçosos, por não realizarem o cultivo intenso da terra, como ocorre nas comunidades rurais circunvi-zinhas às terras indígenas. Para muitos ruralistas, trata-se de uma perda de oportunidade produtiva. Por outro lado, as comunidades urbanas, ao residirem distantes dos grupos indígenas, visualizam-nos como grupos pu-

119Caderno de Atividades / Livro do Professor

Sociologia

ros e ingênuos que vivem em harmonia com a natureza, nus, quase caracterizados como “bons selvagens”.

d) Incorreta. As terras indígenas são demarcadas princi-palmente para garantir um espaço de perpetuação das tradições culturais das comunidades indígenas na di-versidade de suas manifestações. A criação de parques ambientais com o intuito de preservar a natureza une intenções que buscam garantir a sobrevivência de am-bos. Dessa forma, a criação desses parques não ocorre em detrimento da presença indígena, mas congregando a manutenção de duas riquezas nacionais.

e) Incorreta. O processo de aculturação das comunidades indígenas refere-se à integração desses indivíduos à cultura nacional, em detrimento de sua cultura étnica, que se perde com o tempo. A integração de diferentes grupos pode causar conflitos, mas não costuma pro-duzir aculturação. Não se deve necessariamente impe-dir que indígenas se integrem à cultura nacional, mas devemos estar atentos para permitir que eles ou seus descendentes tenham o direito e a liberdade de expres-sarem suas tradições em meio às culturas urbanas. O fato de os indígenas usarem roupas e morarem em ca-sas não os impede de manterem tradições próprias de sua mística e cosmologia tribal.

40. Gabarito: a

I. Incorreta. A noção de democracia racial foi apresen-tada por Gilberto Freyre em Casa-grande & senzala e representa as relações raciais harmônicas existentes no Brasil.

II. Correta. A pesquisa realizada por Lilia Moritz Schwarcz revela que os brasileiros reconhecem o racismo em seu cotidiano, porém no comportamento dos outros, e ne-gam a existência dessa realidade quando falam sobre sua própria forma de agir e pensar.

III. Incorreta. O “racismo dissimulado” consiste justamente na negação do preconceito racial no país. Negar a exis-tência do racismo não significa que ele deixe de existir na realidade.

41. Gabarito: a

a) Correta. Os discursos proferidos pelo Presidente da Província e pelo Senador do Império, temporalmente situados no século XIX, estão relacionados às teorias racialistas de seu tempo, em particular o “darwinismo social”. Este estabelecia a hierarquia entre os diferen-tes povos e defendia a supremacia da raça branca e europeia perante as demais. Os discursos fazem refe-rência aos indígenas aimorés de forma preconceituosa e etnocêntrica, relacionando-os aos animais, tendo em vista que os identificam como povos primitivos, distan-tes da civilização europeia.

b) Incorreta. Os discursos não fazem alusão a avanços científicos, muito menos a propostas de “recuperação dos delinquentes”.

c) Incorreta. Os discursos não visam promover iniciativas para a ocupação do território nacional nem estão pre-ocupados com a conservação da diversidade biológica brasileira.

d) Incorreta. Ambos os discursos não estão preocupados com a proteção dos povos nativos do país, pois os en-tendem como povos primitivos, mais próximos dos ani-mais do que das sociedades humanas.

e) Incorreta. Além de os discursos não fazerem alusão à demarcação de terras indígenas, é preciso situar que o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional somente ocorreu por meio da Constituição de 1988.

42. Gabarito: b

a) Incorreta. A divulgação da mulher brasileira como ins-trumento de desejo, pautado no estabelecimento de um estereótipo de cor de pele como atributo de sensualida-de, não concede cidadania a nenhum indivíduo.

b) Correta. A promoção de um tom de pele moreno suscita uma postura de aceitação da miscigenação. Sua divul-gação como atributo positivo para mercados externos reforça a noção de Brasil como democracia racial. Tra-ta-se de uma política de Estado que procurava difundir o Brasil como local de harmonia das raças, influenciado por uma política do branqueamento que via na misci-genação a eliminação da raça negra. Mais um motivo para incentivar a divulgação de uma suposta democra-cia racial.

c) Incorreta. Por mais que um atributo similar ao tipo físico da pessoa negra seja ressaltado por tal ação de marke-ting, não se reforça a identidade da mulher negra pelo fato de a característica apontada referir-se mais a um tom de pele miscigenado ou mesmo adquirido na expo-sição ao sol. Observe que, de forma irônica, o jambo é um fruto de tom vermelho intenso e brilhante por fora e branco por dentro. Realmente, não valoriza a identidade negra, mas reforça seu branqueamento.

d) Incorreta. Conforme mencionado em alternativas ante-riores, não temos uma valorização da presença negra na cultura brasileira por causa da proposta de marke-ting de reforçar o tom de pele moreno como um esforço por caracterizar a miscigenação como algo positivo.

e) Incorreta. A mulher não se integraria enquanto sujeito de consumo simplesmente porque esse produto não é voltado para seu tipo físico. Seu tom de pele já tem a coloração mais escura, não cabendo sua aplicação. O anúncio inclusive enfatiza ser essa a “cor de praia” das garotas cariocas, ou seja, não a cor natural, mas aquela resultante da exposição ao Sol.

120 2ª. Série

43. Gabarito: b

A democracia racial é um conceito formulado com base em ideias apresentadas por Gilberto Freyre no livro Casa grande & senzala. Nele, Freyre considerou que o Brasil não desenvol-veu o racismo, pois a relação entre brancos e negros sempre foi harmoniosa, mesmo no período da escravidão. Segundo as ideias desse autor, a colonização portuguesa é que favo-receu a existência dessa democracia, pois considera que o

português favoreceu a miscigenação e a familiaridade com os negros. Essa ideia foi bastante combatida depois, princi-palmente por falsear a verdadeira realidade racial brasileira.

44. Gabarito: c

Para a Antropologia, a definição de um grupo étnico é dada pela distinção (um patrimônio cultural comum) que seus membros sentem em relação aos demais grupos.

SOCIOLOGIA DAS DIFERENÇAS: GÊNERO E SEXUALIDADE

45. Gabarito: a

a) Correta. No Irã, a grande quantidade de cirurgias para mudança de sexo não se deve à tolerância quanto à opção sexual de determinado indivíduo. Antes, deve-se ao fato de se tratar de um país teocrático islâmico, onde o fundamentalismo religioso é hegemônico, gerando tabus sexuais, como a explicação religiosa de que um indivíduo não heterossexual é aquele que o espírito nasceu no corpo errado. Assim, reproduz-se a falácia de que não existiriam homossexuais no Irã.

b) Incorreta. Não existem critérios de natureza científica que definam que a homossexualidade é algo anormal. Muito pelo contrário, essa é uma possibilidade de mani-festação de afetividade e sexualidade humanas.

c) Incorreta. O incentivo a cirurgias de troca de sexo no Irã não é motivado por princípios liberais de cidadania, mas por preceitos religiosos.

d) Incorreta. O Irã é um país fundamentalista religioso e que inclusive refuta influências ocidentais.

e) Incorreta. Em momento nenhum o texto sugere que existiriam pressões exercidas por movimentos sociais homossexuais pelo direito à cirurgia. Pelo contrário, uma transexual operada relata que não teria mutilado seu corpo se a sociedade tivesse aceitado o corpo em que ela nasceu.

46. Gabarito: d

a) Incorreta. Sexismo é um termo usado para se referir ao conjunto de ideias e ações que possam privilegiar de-terminada orientação sexual ou gênero em detrimento de outro.

b) Incorreta. A Sociologia leva em conta teorias sociais e não apenas dados biológicos.

c) Incorreta. No contexto sociológico, as teorias que tra-tam de desigualdade geralmente buscam compreender problemas sociais e pobreza.

d) Correta. A Sociologia do gênero visa analisar de forma critica não apenas a diferenciação social entre os se-

xos, mas também como esses atuam na reprodução do conjunto das relações sociais.

47. Gabarito: a

I. Correta. Desde as décadas de 1960 e 1970, os direitos dos homossexuais vêm sendo reivindicados. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre casais homossexuais no ano de 2011, materiali-zando assim uma resposta às mobilizações dos movi-mentos sociais.

II. Correta. Em diversas sociedades ainda se verifica a discriminação contra as mulheres. O caso indiano re-vela altos índices de violência contra elas, fruto de uma cultura patriarcal, e reacende o debate no sentido de reformar as leis penais para crimes sexuais.

III. Correta. Recentemente, a xenofobia tem se manifesta-do em particular em países desenvolvidos que recebem imigrantes e refugiados que fogem de fomes, catástro-fes ou guerras, ou mesmo buscam melhores condições de trabalho.

IV. Incorreta. As políticas afirmativas, em particular as ini-ciativas das cotas raciais, são resultado exclusivo da luta dos movimentos sociais e do movimento negro.

48. Gabarito: b

a) Incorreta. A redação do Código Penal de 1940 expõe de forma bastante evidente a desigualdade jurídica nas relações de gênero. O motivo é que cabia às mulheres provarem sua “retidão moral” e sua “conduta recatada” para que pudessem denunciar crimes sexuais.

b) Correta. O Código Penal de 1940 reflete as relações de-siguais de gênero do período e reafirma o poder mas-culino no controle social das mulheres. Assim, elas ape-nas teriam o direito de ser protegidas de crimes sexuais caso comprovassem uma conduta moralmente reta, por meio da virgindade física.

c) Incorreta. O Código Penal Brasileiro de 1940 não reco-nhecia a proteção das mulheres no âmbito doméstico.

121Caderno de Atividades / Livro do Professor

Sociologia

SOCIOLOGIA DAS DIFERENÇAS: GÊNERO E SEXUALIDADE

d) Incorreta. A redação do Código Penal de 1940 deixa claro que a mulher deveria comprovar sua retidão de caráter por meio da virgindade física. Por consequên-cia, isso significa que as mulheres não deveriam ter liberdade sexual, pois maculariam sua honra perante a sociedade.

e) Incorreta. O Código Penal de 1940 não menciona a ex-clusão das mulheres do mercado formal de trabalho.

49. Gabarito: c

a) Incorreta. A imagem retrata, de forma estereotipada, os diferentes padrões de comportamento de gênero. As-sim, enquanto os assuntos femininos gravitam em torno de temas como filhos, beleza, casamento, acessórios, os assuntos masculinos estão relacionados a esportes, trabalho, viagens e tecnologia.

b) Incorreta. O gênero é a construção social do sexo e das diferenças sexuais.

c) Correta. A diferenciação entre os sexos feminino e mas-culino, embora se paute no início pelas diferenças ana-tômicas dos indivíduos, são discursos e representações estabelecidos socialmente. Desse modo, o gênero é a construção social do sexo e das diferenças sexuais.

d) Incorreta. A atribuição do espaço privado às mulheres é fruto de uma construção social, que se sustenta ideolo-gicamente por meio da produção do discurso da natural vocação das mulheres aos cuidados domésticos e à criação dos filhos.

e) Incorreta. Sexo refere-se diretamente às diferenças anatômicas entre os indivíduos. Gênero é uma catego-ria que faz referência aos discursos e às representa-ções sociais dos sexos e às diferenças entre estes.

50. Gabarito: b

I. Correta. A maternidade tem uma base biológica, na me-dida em que se constitui como uma experiência física da mulher, mas também é fruto de uma construção social, pois existem expectativas de comportamentos social-mente esperados para as mulheres que se tornam mães.

II. Incorreta. A filósofa Elisabeth Badinter defende que os valores relacionados à maternidade são construídos socialmente, não sendo considerados intrínsecos à na-tureza feminina.

III. Correta. A noção de maternidade está relacionada à di-visão social do trabalho entre homens e mulheres. Por isso, as atividades típicas do âmbito público são desti-nadas aos homens, enquanto as do âmbito privado são atribuídas às mulheres.

IV. Incorreta. A maternidade é uma escolha individual que não tem relação direta com o grau de satisfação pesso-

al das mulheres, tendo em vista que Badinter defende a não existência de um instinto materno.

51. Gabarito: c

I. Correta. Conforme apontado por Gisele Flor, as revistas femininas não apenas são responsáveis pela criação de padrões estético-corporais. Elas também divulgam os meios para alcançar o ideal de beleza, como as técnicas de emagrecimento, as novidades sobre cosméticos, as dicas de alimentação e os exercícios físicos.

II. Incorreta. A análise das representações da beleza em diferentes culturas e períodos históricos nos permite averiguar que os padrões estéticos são construídos em conformidade com o contexto histórico e cultural em que estão inseridos. Logo, os padrões de beleza não são universais, por causa das particularidades culturais, nem imutáveis, por sofrerem variações com o tempo.

III. Correta. Na atualidade, os meios de comunicação se tornaram um importante veículo de construção e dis-seminação dos padrões estéticos corporais. Isso se dá por meio de propagandas, filmes, novelas, imagens de modelos, divulgação de técnicas de emagrecimento e embelezamento, etc.

52. Gabarito: a

I. Falsa. No Brasil, a divisão do trabalho doméstico ainda permanece desigual, na medida em que sobrecarrega a mulher, que necessita conciliar duas jornadas de traba-lho: a profissional e a doméstica.

II. Verdadeira. Ainda que as mulheres tenham maior esco-laridade, recebem salários inferiores aos dos homens, mesmo quando desempenham as mesmas funções. Somados às diferenças de rendimentos entre homens e mulheres, as carreiras profissionais mais valorizadas e os cargos de comando ainda são predominantemente masculinos.

III. Verdadeira. A divisão sexual do trabalho direciona os homens à esfera pública e as mulheres à esfera priva-da. Por isso, o comportamento feminino normalmente é associado aos afazeres domésticos e à criação dos filhos, enquanto o comportamento masculino está rela-cionado ao trabalho e ao sustento da família.

IV. Falsa. Durante muito tempo as mulheres ficaram “invi-síveis” nos campos artístico e intelectual, pois não eram consideradas aptas à atuação na esfera pública, sendo destinadas aos cuidados com a família e ao trabalho doméstico. A autora Griselda Pollock aponta que os homens se configuraram como precursores dos movi-mentos artísticos por causa da seletividade de gênero existente no campo das artes.

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