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25 Caderno de Atividades / Livro do Professor Literatura Brasileira . Série INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LITERATURA 1. Gabarito: a a) Correta. O texto 1 é uma notícia sobre um fato do mun- do real, há um compromisso em informar o leitor sobre um acontecimento verdadeiro. O texto 2, embora parta de evento comum na vida de seres humanos – o rom- pimento de uma relação amorosa –, trata isso como um tema universal, utilizando jogos de palavras, brincando com a linguagem, sem compromisso com a verdade. A preocupação do autor é fazer arte com as palavras. b) Incorreta. A linguagem figurada não é privilégio de tex- tos literários; no cotidiano, inúmeros textos apresentam esse recurso de linguagem, que não é exclusivo de tex- tos literários. Outros elementos são considerados para se determinar o gênero a que um texto pertence, como o objetivo do texto, o veículo, o público-alvo, etc. c) Incorreta. O fim do relacionamento amoroso faz parte da realidade dos seres humanos, é verdade, no entanto, que o modo como o tema foi tratado – recriando a realidade, criando imagens a partir do tema, o descompromisso com o factual, etc. – caracteriza o texto como literário. d) Incorreta. Não é apenas o tema que define um gênero textual. Esse traço não é suficiente para caracterizar um gênero. e) Incorreta. A escolha do tema a ser tratado não deter- mina a literariedade de um texto. O texto 1 tem como objetivo principal a informação de um fato. O texto 2, trata de forma artística o fim dos relacionamentos. 2. Gabarito: b a) Incorreto. No poema, embora apareçam elementos do mundo real (a relação familiar, a brincadeira infantil), não há cópia da realidade, há uma reinvenção. b) Correto. Com base na palavra, o menino modifica o real. É imaginação da realidade. c) Incorreto. Ao contrário, no poema é claro que a criação lite- rária mostra novos caminhos, que vão além da obviedade. d) Incorreto. A verossimilhança do texto literário deve des- pertar a ilusão, fazer o texto parecer verdade, mas não tem compromisso em reproduzir a realidade. e) Incorreto. O poema não retrata explicitamente a história do menino com sua mãe. Não há o mínimo indício de que essa relação deva servir como ensinamento. 3. Segundo Clarice Lispector, ao mesmo tempo em que a li- teratura é uma maldição “vício penoso do qual é impos- sível se livrar”, é também aquilo que “salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia em que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva”. Para Lispector, a escrita foge ao controle do escritor, independe de vontade própria, mas também salva porque é uma arte transformadora. 4. Syd Field concorda com a afirmação de Clarice Lispector no que diz respeito ao ato de escrever. Para ele, escrever é um “fenômeno espantoso, quase misterioso”, “que desafia análises; é mágica e maravilha”. Tanto Clarice Lispector quanto Syd Field colocam a escrita como um ato espontâneo, impossível de ser controlado. 5. O conselho que Syd Field dá aos roteirista é o de que não existe nenhum padrão a ser seguido. Cada um deve esta- belecer o seu próprio ritmo. Segundo ele, as pessoas têm maneiras diferentes de funcionar. 6. Gabarito: b O texto discorre sobre a leitura e a relação que os leitores têm com ela. Destaca que o aproveitamento é dependente “do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente”. Sendo assim, a alternativa que recupera essa ideia é a b, porque indica que a influência que ela exerce sobre nós depende da situação vivida por nós, leitores. LITERATURA BRASILEIRA

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25Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura Brasileira

1ª. Série

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LITERATURA

1. Gabarito: a

a) Correta. O texto 1 é uma notícia sobre um fato do mun-do real, há um compromisso em informar o leitor sobre um acontecimento verdadeiro. O texto 2, embora parta de evento comum na vida de seres humanos – o rom-pimento de uma relação amorosa –, trata isso como um tema universal, utilizando jogos de palavras, brincando com a linguagem, sem compromisso com a verdade. A preocupação do autor é fazer arte com as palavras.

b) Incorreta. A linguagem figurada não é privilégio de tex-tos literários; no cotidiano, inúmeros textos apresentam esse recurso de linguagem, que não é exclusivo de tex-tos literários. Outros elementos são considerados para se determinar o gênero a que um texto pertence, como o objetivo do texto, o veículo, o público-alvo, etc.

c) Incorreta. O fim do relacionamento amoroso faz parte da realidade dos seres humanos, é verdade, no entanto, que o modo como o tema foi tratado – recriando a realidade, criando imagens a partir do tema, o descompromisso com o factual, etc. – caracteriza o texto como literário.

d) Incorreta. Não é apenas o tema que define um gênero textual. Esse traço não é suficiente para caracterizar um gênero.

e) Incorreta. A escolha do tema a ser tratado não deter-mina a literariedade de um texto. O texto 1 tem como objetivo principal a informação de um fato. O texto 2, trata de forma artística o fim dos relacionamentos.

2. Gabarito: b

a) Incorreto. No poema, embora apareçam elementos do mundo real (a relação familiar, a brincadeira infantil), não há cópia da realidade, há uma reinvenção.

b) Correto. Com base na palavra, o menino modifica o real. É imaginação da realidade.

c) Incorreto. Ao contrário, no poema é claro que a criação lite-

rária mostra novos caminhos, que vão além da obviedade.

d) Incorreto. A verossimilhança do texto literário deve des-pertar a ilusão, fazer o texto parecer verdade, mas não tem compromisso em reproduzir a realidade.

e) Incorreto. O poema não retrata explicitamente a história do menino com sua mãe. Não há o mínimo indício de que essa relação deva servir como ensinamento.

3. Segundo Clarice Lispector, ao mesmo tempo em que a li-teratura é uma maldição “vício penoso do qual é impos-sível se livrar”, é também aquilo que “salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia em que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva”. Para Lispector, a escrita foge ao controle do escritor, independe de vontade própria, mas também salva porque é uma arte transformadora.

4. Syd Field concorda com a afirmação de Clarice Lispector no que diz respeito ao ato de escrever. Para ele, escrever é um “fenômeno espantoso, quase misterioso”, “que desafia análises; é mágica e maravilha”.

Tanto Clarice Lispector quanto Syd Field colocam a escrita como um ato espontâneo, impossível de ser controlado.

5. O conselho que Syd Field dá aos roteirista é o de que não existe nenhum padrão a ser seguido. Cada um deve esta-belecer o seu próprio ritmo. Segundo ele, as pessoas têm maneiras diferentes de funcionar.

6. Gabarito: b

O texto discorre sobre a leitura e a relação que os leitores têm com ela. Destaca que o aproveitamento é dependente “do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente”. Sendo assim, a alternativa que recupera essa ideia é a b, porque indica que a influência que ela exerce sobre nós depende da situação vivida por nós, leitores.

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7. Gabarito: b

Ocorre metalinguagem quando a própria linguagem é em-pregada para tratar da linguagem. Logo, um poema cujo tema seja o próprio fazer poético apresenta o recurso da metalinguagem.

Outro recurso empregado no poema é o trocadilho – isto é, uma semelhança sonora entre palavras, em contraste com a diferença de significado de cada uma –, que se observa nos dois primeiros versos, quando se troca “escravidão” por “escrevidão”.

A metáfora, figura de linguagem em que há o emprego de uma palavra ou expressão com sentido incomum, por meio do qual se estabelece uma relação de semelhança entre dois termos, aparece no poema, por exemplo, com a utilização da palavra “escravidão”, que não se refere ao aprisionamento, mas, sim, à servidão do eu lírico à poesia, a qual o domina. Por fim, o paradoxo, em termos mais sim-ples, é a contradição de ideias. No contexto, o paradoxo se evidencia nos dois versos finais, uma vez que a servidão, a escravidão, em geral, não é consentida, mas sim imposta.

8. Gabarito: b

a) Na alternativa a, a metáfora consiste na relação de similaridade estabelecida entre nós (sujeito elíptico) e paisagem. Esse “nós” apresenta-se imóvel, como é imóvel a paisagem. O que se movimenta são as plantas que compõem essa paisagem, assim como, nesse con-texto, outros seres se movimentavam diante da imobi-lidade do “nós”.

b) Em b, a relação estabelecida entre realidade/lava é de comparação, estabelecida pelo termo “como”. Não se trata, portanto, de metonímia.

c) Na alternativa c, a palavra “igual” estabelece a compa-ração entre a chuva encolher (diminuir aos poucos até parar) e o fechamento gradual de um zíper.

d) Em d, atribui-se uma qualidade humana – “cabeleira” – ao capim, para criar uma imagem de movimento no capim provocado pelo vento, o que caracteriza a prosopopeia.

e) Em e, a relação paradoxal se estabelece entre “silên-cio” (ausência de barulho) e “ecoava” (repercutir um som): se há silêncio, não há o que repercutir.

9. Gabarito: c

a) A indicação da metáfora está correta para o item II, mas a indicação de prosopopeia é inválida: não ocorre na frase nenhuma atribuição de característica humana a um ser inanimado na frase, assim como não há ideias de contradição que caracterizem a antítese. Não há ne-nhuma redundância em IV.

b) Em I, não há ideias de contradição que caracterizem a an-títese. Em II, a indicação de prosopopeia é inválida porque não ocorre na frase nenhuma atribuição de característica humana a um ser inanimado na frase. Em III, ocorre uma

comparação, estabelecida pela palavra “como” e não uma metáfora. Em IV, não há elementos comparados.

c) O pleonasmo configura-se na expressão “encarar de frente”. A metáfora se configura na associação entre amor e fogo (o fogo faz arder, assim como o amor tam-bém faz arder). O termo “como” estabelece a compara-ção entre o canto “dele” e de um “pássaro”. Na frase IV, a antítese aparece na oposição entre “riso” e “pranto”.

d) Essa alternativa apresenta todas as figuras presentes, mas não na ordem correta.

10. Gabarito: d

Em a, a associação entre amor e cruz (= sofrimento) caracte-riza a metáfora. Em b, há um jogo de palavras, um trocadilho entre “bursite e burra”. “Coração velho e cansado” configura uma uma parte do corpo para caracterizar o todo. E, finalmen-te, em d, a construção é toda feita em linguagem literal.

11. Gabarito: a

a) Correta. Metáfora é uma figura de linguagem que con-siste em usar palavras fora do seu sentido convencio-nal para que se estabeleça uma relação de semelhança entre duas palavras. A metáfora utilizada pela questão encontra-se no final do trecho: “o cérebro feminino é uma roda movida pela manivela do coração”, em que há a comparação do cérebro e do coração femininos a uma roda movida por uma manivela. No trecho transcri-to na alternativa a, a metáfora presente descreve Berta como uma abelha cujo mel constituía a “fina essência” do amor vivido por Miguel e Linda.

b) Incorreta. Enquanto a metáfora é a figura de linguagem que emprega o uso de palavras fora do seu sentido co-mum, tomando-se por base a analogia, a comparação é definida como um confronto de ideias por meio de conectivos. Pode-se encontrar um exemplo de compa-ração na alternativa b: “as alas da labareda voluteando pelos ares como um nastro de fitas vermelhas”; porém, não há o uso da comparação no trecho do romance de José de Alencar.

c) Incorreta. A onomatopeia é a representação de um som por uma palavra. Não se faz uso desse recurso no tre-cho da questão, mas há um exemplo de onomatopeia na alternativa c: “nos palmares segredavam os ruge--ruges das sedas”.

d) Incorreta. Antítese é uma figura de linguagem que constrói sentido por meio do confronto de ideias opos-tas. Na alternativa d, há um exemplo de antítese em: “busquem nela a graça da moça e encontrarão o estou-vamento do menino”. Porém, não há uso dessa figura de linguagem no trecho da questão.

e) Incorreta. A prosopopeia é uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres ou coisas inanimadas, personificando-as. Na alternativa e, temos

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27Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura Brasileira

o exemplo de seu uso: “emudecera o hino da tarde, re-passado de ternas melodias, e a Natureza, a máxima e sublime orquestra, preludiava a elegia da noite”. Ficar mudo ou emudecer é uma característica humana que está sendo atribuída ao “hino da tarde”, bem como a previsão feita pela Natureza, ou seja, ações humanas são atribuídas a seres inanimados. Contudo, novamen-te, não há uso da prosopopeia no trecho em questão.

12. Gabarito: c

Depois de afirmar que não analisaria o bilhete “neste capí-tulo, nem no outro, nem talvez em todo o resto do livro”, o

narrador prossegue fazendo exatamente isso: uma análise do bilhete: “Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mes-mo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa;...”. Assim se caracteriza a preterição: fin-gir que não vai fazer algo que, na verdade, já está fazendo.

13. Gabarito: a

O eu lírico atribui ao subúrbio ações humanas, como “ter medo, lutar, reagir, se esforçar”, etc. Esse recurso linguís-tico configura-se como personificação. É da escolha desse recurso linguístico que o poeta cria a imagem do subúrbio como parte significativa das cidades.

GÊNEROS E ELEMENTOS LITERÁRIOS

14. Gabarito: a

Os versos 1 e 5 contêm dez sílabas métricas cada um: “Den/tro/ do e/ter/no/ gi/ro u/ni/ver/sal” “Nun/ca/ mais/ se/ re/pe/te e/xa/ta/men/(te)” Os restantes têm métrica variável: com 9 (o segundo verso), 8 (o terceiro verso) e 6 (quarto verso).

15. Gabarito: e

Na alternativa e, temos essa construção: “eterno”: adjetivo; “giro”: substantivo; “universal”: adjetivo. Nas outras alter-nativas, os adjetivos são posteriores aos substantivos que os qualificam.

16. Gabarito: c

Se é a vivência humana que dá sentido às coisas, de acordo com o poema, o Universo existe independentemente dessa percepção, portanto é indiferente a ela.

17. Gabarito: a

A alternativa a contém a oração “À árida pupila a doce, a benfazeja / lágrima falta” na ordem sintática padrão e mais comum à nossa língua: sujeito mais verbo mais comple-mentos. Portanto tem-se: a doce, a benfazeja lágrima falta à árida pupila.

18. Gabarito: d

O pronome “este” foi usado anaforicamente no versos 9, 11 e 12, e a expressão à qual ele se refere está presente na alternativa d.

19. Gabarito: c

O verso “Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o” contra-ria, explicitamente, o dogma cristão de acordo com o qual Jesus Cristo nos reconciliou com Deus por meio do seu sa-crifício na cruz. Portanto, a alternativa correta é a c.

20. Gabarito: d

O poeta brincou com a homofonia das palavras “sem/cem” ao dar o título do poema. A pronúncia é a mesma tanto para designar a preposição “sem” como o numeral “cem”. Desse modo, a sonoridade do título leva a uma ambiguidade: existem cem (100) razões para amar, ao mesmo tempo que não existem razões para amar – sem--razões (trata-se de um sentimento inexplicável, não é racional). Embora o sentimento mostre-se complexo, o eu lírico insiste em reafirmar seu amor. Essa insistência, reforçada pelo verso “Eu te amo porque te amo”, repetido ao longo do poema, confirma a ideia de que o amor vale a pena, apesar das contradições.

DO VELHO AO NOVO MUNDO

21. Gabarito: b

O item III é falso porque o teatro de Gil Vicente só se des-tacou na segunda época medieval, a partir do século XV.

O item IV é falso porque trovadores apenas compunham as cantigas. A interpretação ficava a cargo do jogral, do segrel e do menestrel. O jogral também compunha, muitas vezes, as cantigas.

22. Gabarito: c

a) Incorreta. A poesia lírica dividia-se em cantigas de amor e cantigas de amigo. Apenas as cantigas de amor são originárias da região de Provença, na França. As canti-gas de amigo nasceram na própria Península Ibérica.

b) Incorreta. Essa caracterização corresponde às cantigas de amigo.

c) Correta. As repetições são uma característica constante nas cantigas de amigo.

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d) Incorreta. De fato, o eu lírico é um diferenciador das cantigas, mas esse não é o único elemento. A lingua-gem da cantiga de amor é mais elaborada, a expressão dos sentimentos é mais contida, é dirigida a um amor inalcançável devido ao status social de quem ama e o ambiente, em geral, é a corte. Já nas cantigas de ami-go, a linguagem é menos elaborada, com muitas repeti-ções, o ambiente é, quase sempre, campestre.

e) Incorreta. O teatro de Gil Vicente, de fato, surgiu na se-gunda época medieval, mas as poesias satíricas surgi-ram ainda na primeira fase do Trovadorismo, entre os séculos XII e XIV.

23. a) Trata-se de uma cantiga de amor.

b) Algumas características das cantigas de amor:

• o eu lírico é masculino, dirige-se a uma mulher “me ouça, minha Senhor” (que corresponde à “minha Se-nhora”);

• o tratamento da mulher é respeitoso: “Minha Senhor”; • amor não correspondido: “e não me falou, nem me

quis ouvir”; • um grande sofrimento pelo amor não correspondido:

“me deixou sofrendo, e com grande pavor, mas, se mil vezes pudesse morrer, menor seria o sofrimento de minha dor”;

• discrição: o nome da amada não é revelado; • a vassalagem amorosa: “E eu lhe disse: ‘me ouça, mi-

nha Senhor’! Olhou-me pouco e teve por mim desdém”.

24. Gabarito: b

A alternativa b está incorreta porque, ao contrário das can-tigas de amor, o cavaleiro não renuncia ao amor da dama. Ele luta por ela até o fim, embora o final não seja feliz. As demais alternativas apresentam referências verdadeiras sobre as novelas de cavalaria.

25. Gabarito: a

a) Correta. A primeira fala do velho deixa claro esse confli-to, quando ele diz que o homem apaixonado (namorado) não tem juízo (siso), mesmo que seja alertado. Para ele o amor “não quer razão,” etc.

b) Incorreta. Ele não faz nem juízo de valor, nem dá conse-lhos, ele define o amor simplesmente.

c) Incorreta. Ele é um velho apaixonado por uma jovem, mas na concepção expressa nessas falas, ele não se refere a essa condição.

d) Incorreta. Ele não fala em como evitar o amor, ele o sen-te, apenas.

e) Incorreta. Ao contrário, ele apresenta-se como alguém que sente o amor genuíno.

26. Gabarito: d

a) Incorreta. Gil Vicente não escreveu novelas de cavalaria. Sua obra consistia em peças teatrais.

b) Incorreta. As críticas de Gil Vicente, expressas em suas obras teatrais, não poupavam nenhum segmento social.

c) Incorreta. Ao contrário, criticava pessoas de qualquer segmento, embora poupasse instituições.

d) Correta.

e) Incorreta. Ao contrário. Para Gil Vicente, o humor era uma forma de corrigir o mal e melhorar a sociedade.

27. Nessa fala, a Moça explicita a sua descrença na existência de homens que amam segundo a concepção de amor expressa pelo Velho. Para ela, o que restou são homens que se relacio-nam por interesse “Namorados de cruzados, isso si!”.

28. Gabarito: b

Durante o Classicismo, o paganismo e o cristianismo coe-xistiram, Camões não fugiu disso e, em suas obras, como no épico Os Lusíadas, notam-se referências aos mitos gre-gos, à literatura clássica greco-latina.

29. a) No início da estrofe, nos dois primeiros versos, o Rei D.

Afonso IV inclina-se a perdoar Inês e livrá-la da morte. No entanto, essa situação é revertida a partir do terceiro verso (“à vontade do rei, se opõe o desejo do povo e o destino”) e a conjunção adversativa introduz essa re-versão, marcando a oposição aos dois primeiros versos.

b) O povo, que não aceita sua relação amorosa com D. Pedro e quer a sua morte, e o próprio destino.

c) A morte de Inês, sendo parte do seu próprio destino, é algo imutável, faz parte do seu final trágico. Essa era também a característica das tragédias clássicas, cujos personagens não escapavam dos fins trágicos inscritos nos seus destinos.

QUINHENTISMO

30. A luta entre o bem e o mal se dá entre o demônio e Santa Inês, quando ela chega, afasta o demônio. Esse conflito é explícito nos versos:

“Vossa santa vida

O Diabo espanta.”

31. Do ponto de vista formal, o poema é construído com base na medida velha – versos redondilhos, com cinco sílabas –, refrão e rimas.

32. O poema de Anchieta foi produzido no Período Colonialis-ta. Ele era um missionário jesuíta, cuja missão principal

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Literatura Brasileira

QUINHENTISMO

era a catequização. Portanto, sua produção literária reflete esse objetivo, tanto na construção formal quanto no con-teúdo de suas obras: são versos simples, curtos, de fácil memorização.

33. Gabarito: c

Muitos grupos indígenas não se adequaram à escravização imposta pelos colonizadores portugueses, que com a ocu-pação tinham interesse mercantilista. Esses grupos foram perseguidos, atacados e muitos deles fugiram para o sertão para escaparem do domínio português.

34. Gabarito: a

A obra História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero de Magalhes Gândavo, demorou dez anos para ser concluída. Quando Cabral chegou aqui, de acordo com Gândavo, instalou uma cruz em uma árvore e nomeou a nova terra como Terra de Santa Cruz, nome que logo foi esquecido por causa da tinta – vermelha como bra-sa – que escorria da árvore. Gândavo, como homem cristão e europeu, contribuiu para que o nome voltasse a ser Terra de Santa Cruz. A preferência pelo nome cristão é sugerido no próprio título da obra.

BARROCO

35. Gabarito: e

Afirmações corretas:

I. A figura da gradação está marcada no uso dos verbos: comem/engolem/devoram que dão a ideia da sofre-guidão com que os poderosos exploram o povo (nesse contexto, a exploração dos índios pelos colonos portu-gueses).

II. Todo o trecho é construído com raciocínio lógico, a fim de comprovar o ponto de vista de Vieira, como ocorre no trecho: “Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pe-quenos, os que menos podem e os que menos avultam na república, estes são os comidos.”

III. Ao contrário das frutas, da carne e do peixe, que têm um período determinado para serem consumidos, o pão é consumido livremente, sem nenhum risco de esse con-sumo ser visto como pecaminoso, assim como a explo-ração do povo: feita de forma naturalizada, banal.

Afirmação incorreta:

IV. O hipérbato consiste na inversão de termos da frase, ao contrário do que acontece na afirmação IV, Vieira se vale sim desse recurso, como por exemplo em: “Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão de-claradamente a sua plebe:”. Na ordem direta, seria: os homens comem...

36. Gabarito: d

a) Incorreta. Ao contrário, nesse trecho, Vieira preocupa-se em diferenciar os atos de grandes e pequenos ladrões, explicitando a gravidade dos grandes roubos.

b) Incorreta. Vieira não faz essa comparação. O ladrão menor apenas questiona os julgamentos diferentes que são feitos aos grandes ladrões e aos pequenos.

c) Incorreta. Afirma-se que os grandes ladrões prejudicam cidades inteiras, reinos.

d) Correta. Na última linha, Vieira afirma que “[...] estes (os

grandes), sem temor nem perigo; os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.”. Ou seja, grandes ladrões não correm riscos. Eles roubam e en-forcam (castigam outros que roubam), não passam por julgamento.

37. a) Na primeira ocorrência, “terra” está empregado com

sentido de “matéria física”, em oposição a espírito. Na segunda, tem o sentido de Igreja, ou seja, o local de salvação do homem.

b) O termo “vil” significa ordinário, de pouca importância; “peleja” significa luta, batalha.

38. Gabarito: c

a) Incorreta. O que a alternativa descreve é o estilo literá-rio chamado Arcadismo, que retoma os temas clássi-cos, resgata o modelo de vida ideal e exalta a natureza.

b) Incorreta. A descrição corresponde ao Romantismo, estilo literário que se destacou pela liberdade de cria-ção e de expressão, pelo individualismo e nacionalis-mo. A ampla circulação de obras literárias desse estilo na sociedade, por meio dos folhetins, possibilitou a publicação de romances nos jornais, de forma frag-mentada.

c) Correta. A respeito das características da literatura bar-roca, destacam-se: o conflito entre o corpo e a alma, em outras palavras, a contraposição entre o espírito e a carne – retrato da angústia de um homem atormenta-do por dúvidas existenciais; o uso da linguagem culta, rebuscada, extravagante, repleta de hipérboles, metá-foras e jogo de ideias.

d) Incorreta. O artista barroco é preocupado em explicar os sentimentos humanos e suas emoções, porém não o faz de forma racional ou mesmo equilibrada. Ao con-trário, a produção artística barroca é perpassada pela emoção e destaca as contradições humanas e a falta de certezas.

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39. Gabarito: d

A percepção sensorial predominante no poema, ao contrá-rio do que a alternativa afirma, é a visual. Com base nessa percepção, o poeta constrói uma obra típica do Barroco,

em que os opostos são explorados. No caso desse poema, opõem-se luz x sombra (perceptíveis pela visão) e contri-buem para explicitar a instabilidade da condição humana, o estado transitório de todo ser.

ARCADISMO

40. Gabarito: c

Embora o filme faça críticas bem humoradas sobre vários aspectos brasileiros, a questão racial foi excluída.

41. Gabarito: b

A paráfrase é um recurso em que se conta uma história com outras palavras, mas mantém-se sua essência. É como dizer a mesma coisa, mas com outras palavras. Des-se modo, Os Inconfidentes não é uma paráfrase do episódio do Brasil Colônia. O filme não reproduz a história contada oficialmente. Ao contrário. Joaquim Pedro de Andrade con-testa as informações oficiais.

42. Gabarito: c

Não havia pacto de cumplicidade entre os dois citados. Ti-radentes prestou-lhe um serviço. O contato foi profissional. A palavra “dentes” é usada em sentido metafórico para fa-lar da traição, daquilo que sai da boca.

43. Gabarito: b

Ao contrário do que se afirma em IV, a charge não expres-sa exaltação de belezas que possam inspirar poemas. O que aparece é um trabalhador cansado, trabalhando, sem chances de aproveitar, de fato, o dia, a vida. Há claramente uma crítica à exploração do trabalhador, expressa de forma irônica ao associar “Carpe diem” – aproveite o presente – às condições insalubres de trabalho. O que se afirma em II não está correto, pois a expressão “carpe diem” era um dos lemas do Arcadismo e não da escola barroca.

44. O Arcadismo brasileiro desenvolveu-se durante o Colonia-lismo, num momento em que a mineração – referenciada nesse texto “... e no centro deles adorar a preciosidade da-queles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda Europa!” – vivia seu auge. Além disso, havia também o momento político, a Inconfidência Mineira, no qual intelec-tuais brasileiros, entre eles, o próprio poeta Cláudio Manuel da Costa, envolveram-se. Esses fatores, portanto, inviabili-zavam a produção de poesia.

45. “Venturosas praias de Arcádia” se refere ao ideal Árcade de beleza, da busca de inspiração na natureza, num ambiente utópico e bucólico.

46. Gabarito: b

Entre as várias referências mitológicas presentes no poe-

ma, logo no primeiro verso há referência às ninfas: “vós canoras Ninfas, que no amado”. O segundo verso: “Berço viveis do plácido Mondego”, faz uma referência à paisagem portuguesa (Mondego, rio Mondego, já citado por Camões em Os Lusíadas.). Quanto às referências portuguesas, é importante ressaltar que elas se iniciam logo no título. Fá-bulas do Ribeirão do Carmo faz intertexto com Fábulas do Mondego, do quinhentista português Sá de Miranda. Com base nessas referências, o poeta tenta criar uma mitologia própria, ligada à sua terra, descrevendo a paisagem local – montanhas, riachos –, inserindo elementos brasileiros, caracterizando uma tentativa de inserir a literatura nacional no panorama mundial.

47. Gabarito: d

A alternativa correta é a D. Nos dois textos, a urgência de viver o amor (contra o tempo que passa) fica bastante evi-dente nos versos:

Lira XIV – parte I Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre.

Tempos Modernos Hoje o tempo voa amor Escorre pelas mãos

As demais alternativas não correspondem às ideias expres-sas no poema.

48. Gabarito: b

Ao contrário do que se afirma em a, o espaço rural é tão instável quanto o urbano, comprovado no verso: “Já tudo mudou”. Ambas as obras falam de mudanças, tantos as in-ternas (do eu) quanto as dos ambientes, portanto invalida a alternativa c. Em ambos os excertos, a consciência da transitoriedade está presente.

49. Gabarito: c

I. Correta. A lira era um instrumento musical que acom-panhava as composições poéticas na Antiguidade Clás-sica, por isso o gênero poético é também conhecido como lírico. Falando da lira e da pintura há, na verdade, uma metáfora para o processo de produção de poemas, configurando o que se conhece como metalinguagem, isto é, quando o texto fala sobre o próprio texto e a sua composição.

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31Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura Brasileira

ARCADISMO

II. Correta. Nos versos “Ah! pinta, pinta / A minha Bela! / E em nada a cópia / Se afaste dela”, o eu lírico sugere que se deve criar uma imagem poética de Marília, mas que não se afaste do original.

50. Gabarito: e

Não se pode afirmar que, em seus poemas, Claudio Manuel da Costa repudiava a tradição clássica, pois o Arcadismo privilegiava os valores clássicos, como clareza e beleza, na elaboração de suas produções literárias.

51. Gabarito: d

No Arcadismo, a natureza é idealizada. Valorizava-se a vida calma e tranquila no campo em oposição à agitação da via urbana.

52. Gabarito: a

Durante o Arcadismo, Minas Gerais teve grande desenvol-vimento, provocado pelo descobrimento do ouro. Surgiram várias cidades naquele estado, entre elas, Vila Rica (hoje, Ouro Preto). Aliada ao desenvolvimento econômico, houve uma rica produção cultural e política.

ROMANTISMO: POESIA

53. No poema romântico “Em dezembro”, a palavra “idosa” aparece no 3.o verso da 2.a estrofe, caracterizando a primeira filha (primogênita) do operário. Nesse contexto, ela significa “a filha mais velha”. No português atual, a palavra “idosa” é um sinônimo de velha, mulher de idade avançada.

54. No poema, a palavra “rosas” retoma as filhas do operário. Depois das jornadas de trabalho pesado, sofrido, ele tem como recompensa a suavidade das rosas (= a suavidade, alegria, aconchego das filhas). O suor do operário, seu es-forço cotidiano é a seiva (o que garante o sustento) das filhas.

55. A contradição apontada nos versos deixa claro como o pe-dreiro produz riquezas, mas, apesar de seus esforços, não desfruta delas. Assim, esses versos denunciam a condição social aviltante do pedreiro que, apesar de trabalhar, não tem seu mérito reconhecido, já que não desfruta dos bens que produz.

56. a) Vinagre remete ao vinho azedo. O milagre brasileiro

apregoado pela ditadura militar é o avesso do milagre bíblico, quando Cristo transformou água em vinho. Pal-mares desconstrói a celebração romântica das palmei-ras, visto que remete à memória da escravidão.

b) O verbo “calar”, no imperativo, faz referência à censu-ra. O silêncio do poeta é justificado, ironicamente, pelo “avançado da hora”, pela “errata” e pelos “efeitos do vinho”.

57. Gabarito: e

Uma das linhas temáticas do Romantismo é a leitura sub-jetivada do mundo e de seus fenômenos, amplificada pela imaginação criadora, componente que converte o artista romântico numa espécie de demiurgo em busca da eterni-dade, mas marcado pelas limitações da vida e pela inevita-bilidade da morte.

58. Gabarito: e

Tem-se, nesse verso, a forma verbal “encerra” em zeugma.

Tal afirmação pode ser feita observando o contexto: A ca-veira que guardava a alma, a concha que encerra (guarda) a pérola e a caçoula (pequeno vaso) que encerra a mirra incandescente (um tipo de erva aromática).

59. Gabarito: d

A alternativa d é a mais adequada, uma vez que a estrofe se refere à alma, à centelha da vida. Por fazer menção a ela e ainda citar a possibilidade de animar futuras vidas, reen-carnando em outro corpo, tem-se essa opção como correta.

60. Gabarito: b

No contexto, a palavra “eletrismo” faz as “fibras tremulan-tes”, o que dá a ideia de movimento, dinamismo.

61. Gabarito: e

“Há talvez um segredo que ela esconde; / Mas esse a morte o não sabe e o não revela”.

Os três pronomes em destaque referem-se a “segredo” – palavra presente no verso acima, colocado anteriormente ao verso destacado com os pronomes: a morte não sabe esse segredo e não revela esse segredo.

62. Gabarito: a

a) Correta. Intertextualidade é uma relação que se esta-belece entre um texto e outro anterior. Por se tratar de uma homenagem ao texto original, uma menção irônica ou crítica, entre outras formas de relação. O primeiro verso do texto de Caetano, em que há, inclusive, o nome de Castro Alves, remete diretamente ao poema “O povo ao poder”. Assim, existe uma relação de intertextualida-de entre os dois textos.

b) Incorreta. O fato de o condor, citado no poema de Cas-tro Alves, ser uma ave andina não significa necessaria-mente que citá-lo não seja apropriado para um frevo brasileiro. Além disso, a substituição não caracteriza ironia, podendo mais ser entendida como uma alusão ao fato de que “os tempos são outros”, isto é, se antes o céu era o espaço do condor (elemento da natureza), hoje, o céu é o espaço do avião (uma máquina).

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32 1ª. Série

c) Incorreta. O texto de Caetano Veloso, apesar de reter o leitor ao poema de Castro Alves, é uma criação original e não transcrição do texto anterior.

d) Incorreta. O texto de Caetano Veloso não traz informa-ções que tenham por objetivo contextualizar o poema de Castro Alves, escrito no século XIX.

63. Gabarito: a

O índio tão esperado aparece completamente diferente das expectativas que um índio suscita. Ele mais parece um adolescente norte americano, influenciado pela cultura americana, assim como o são os não índios. Nesse sentido, o índio representado no texto reflete traços herdados dos brancos.

64. Gabarito: d Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

Os versos de Castro Alves, acima, não expressam patriotis-mo algum. Ao contrário, ele lamenta que a bandeira – sím-bolo da nação – sirva como mortalha.

65. Gabarito: b

O “borrão” do texto 1 corresponde à mancha, à mácula, à es-cravidão que mancha, marca (negativamente) a história. Na estrofe anterior à que o poeta fala do “borrão”, ele acabara de elogiar o mar e, em seguida, testemunhara o açoitamento de negros – homens, mulheres e crianças – amontoados no porão do navio. Eis aí o “borrão” a ser apagado.

No texto 2, a escrava tenta esconder do filhinho o sofri-mento que vem narrado pelo canto de outro escravo, que remete a esse “borrão”, a essa mancha, sofrimento.

66. Gabarito: d

Ao contrário do que descreve essa alternativa, o negro é o herói dos dois poemas de Castro Alves, vítima das atro-cidades do homem branco, mas que não esmorece diante

do sofrimento. Eram homens que, até pouco tempo, eram seres livres, fortes, corajosos e que desafiavam os tigres ferozes.

67. Gabarito: c

Os dois poemas referidos no enunciado denunciam a con-dição dos escravos, o horror a que eles eram submetidos e cobra ações dos responsáveis. São poemas “militantes”, contrários à escravidão e não a expressão do amor lírico e intimista.

68. Gabarito: c

Os dois poemas referidos pertencem à poesia “militante”, liberal-abolicionista. Castro Alves pertence à Terceira Ge-ração Romântica, mais voltada para as questões sociais. O nacionalismo é característico da Primeira Geração Ro-mântica, já a atração pela morte e pela noite caracterizam, sobretudo, a Segunda Geração Romântica – também cha-mada de byroniana e ultrarromântica – da qual fazem parte Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.

69. Gabarito: c

De fato, o poema “Navio negreiro” pertence à 3a Geração do Romantismo brasileiro, denominada de condoreira (porque adotou o pássaro condor como símbolo). Os poetas dessa geração assumiram as causas da república e da abolição. Castro Alves engajou-se profundamente nessa última, por-tanto não se pode dizer que eram individualistas. Todas as características elencadas na alternativa em questão para caracterizar a 3a Geração, marcam, na verdade, os poetas da 2a Geração romântica. Todas as outras alternativas con-têm características da última fase do Romantismo.

70. Gabarito: a

Gonçalves Dias pertenceu à 1ª Geração de poetas român-ticos, que procuravam uma literatura genuinamente nacio-nal. Não participou do grupo ultrarromântico, que marcou a 3.a Geração romântica, o que invalida os itens c e d.

ROMANTISMO: PROSA E TEATRO

71. Gabarito: c

a) Correta. Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, é um romance híbrido, que mistura linguagens, estilos e gêneros, mostrando a visão do autor sobre Portugal, com críticas sobre o momento histórico português – os conflitos entre os liberais e os conservadores. O roman-ce tem como pano de fundo a viagem que o narrador faz de Lisboa a Santarém e, inserida nela, a história de amor entre Carlos e Joaninha. Estes, como dito na al-ternativa, são primos que crescem como irmãos e, por

isso, vivem um amor proibido; no final, Carlos abandona Joaninha, que morre em virtude disso.

b) Correta. Joaninha é a “menina dos rouxinóis”, nome de um dos capítulos do romance. Ela se encontra exata-mente em Santarém, lugar no qual a história de amor entre Carlos e Joaninha começa a ser contada.

c) Incorreta. O narrador relata a sua ida de Lisboa a San-tarém, onde apresenta a história de Joaninha e seu en-volvimento amoroso com Carlos.

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33Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura Brasileira

ROMANTISMO: PROSA E TEATRO

d) Correta. Ao final do romance, Carlos abdica de seu amor por Joaninha, que morre. As metáforas destacadas pela alternativa – “um livro de pedra” e “coroada de torres e de mosteiros, de palácios e de templos” – fazem re-ferência a Santarém, que é uma cidade marcada por ideais conservadores (palácios e templos) e liberais (torres e mosteiros) e que, assim como Portugal, tam-bém morrerá, de acordo com o narrador.

e) Correta. Carlos abdica do amor de Joaninha para iniciar a carreira política como barão e depois de um tempo desaparece. Joaninha, que foi abandonada, é levada à loucura e depois morre.

72. Gabarito: d

a) Incorreta. A obra O cortiço, de Aluísio Azevedo, é o maior exemplo do romance naturalista no Brasil. Trata-se da história de um cortiço, no Rio de Janeiro, em que os personagens agem influenciados por questões deter-ministas.

b) Incorreta. O Ateneu, de Raul Pompeia, é um romance realista, que trata da vida de um menino em um inter-nato, fazendo uma análise dessa instituição e das rela-ções de poder entre o diretor e os alunos.

c) Incorreta. Macunaíma, de Mário de Andrade, é consi-derado um dos romances complexos do Modernismo brasileiro. Apresenta uma mistura de lendas indígenas e folclore local. Essa mistura dá vida à história do “herói sem nenhum caráter”.

d) Correta. Memórias de um sargento de milícias, de Ma-nuel Antônio de Almeida, marca o início do romance romântico no Brasil, porém apresenta, já na época, questões típicas do Realismo, como a análise social, focando a classe trabalhadora. Foge dos temas típi-cos do Romantismo, como a descrição da aristocracia. Além disso, destaca-se pelo uso da linguagem coloquial e jornalística, pouco comum aos romances românticos.

e) Incorreta. Memórias sentimentais de João Miramar é um romance de Oswald de Andrade, composto na pri-meira fase do Modernismo brasileiro. Caracteriza-se, principalmente, pelos curtos excertos, que trazem fla-shes da vida urbana e cotidiana do Brasil.

73.

a) O personagem Berta poderia ser a típica heroína ro-mântica e devotar toda a sua vida às aventuras amo-rosas e a um romance passional. No entanto, embora tivesse todos os atributos necessários para ser corte-jada e amada, com toda sua beleza e graça, resolveu dedicar-se ao outro, aos marginalizados e abdicar de todas as possibilidades de prestígio e amor. Tem como função no romance, portanto, ser esse personagem contraditória que abdica de um pai (Luis Galvão) e amor (Miguel) em favor dos mais necessitados, como Jão Fera, Zana e Brás.

b) A antítese anjo-demônio constituiu um dos tópicos mais utilizados na estética romântica, como uma fór-mula para a composição das personagens femininas das narrativas. Berta, por ser anjo e demônio, incorpora em si um modelo estético reproduzido à exaustão na literatura: por isso é uma “antítese banal.

74.

a) Jão recusava a proteção que aquela situação envolvia, porque, para ele, era uma forma de se mostrar a supe-rioridade do senhor. Além disso, ainda havia o compor-tamento juvenil de Galvão, que seduziu e abandonou Besita, o grande amor de Jão.

b) O tipo social ao qual Jão não queria ser associado era o escravo. No contexto da época, trabalho braçal era associado à escravidão, uma situação que Jão conside-rava indigna e da qual queria se afastar.

75. Gabarito: a

A relação de Jão Fera com o trabalho revela valores da épo-ca, em que o trabalho braçal, associado ao trabalho escra-vo, era mal visto na sociedade. É essa situação que faz Jão largar o trabalho, por considerá-lo indigno.

76. a) No excerto, o narrador condena a miséria provocada por

quem busca a riqueza; para ele, isso traz como conse-quência a infelicidade de muitos. Portanto, o que ele prega é o abandono do materialismo.

b) A crítica do narrador recai especialmente sobre as classes dominantes na primeira metade do século XIX, ou seja, os ricos (burgueses) e os nobres (os fidalgos, como são colocados no trecho). Esses tipos sociais no romance são caracterizados como materialistas nada espirituais, além de tomados pelo individualismo. Sen-do assim, são geralmente ultrapassados e necessitam de revisões morais e de valores (especialmente repre-sentados pelo personagem Frei Dinis).

77. a) As duas faces da ambivalência de Jão Fera, também

conhecido como Bugre, decorrem de uma intensa carga emocional que constitui sua personalidade, bem como suas ações, marcadas por um binômio: de um lado, o Bugre é um tipo extremamente sensível, fiel àqueles a quem ama, como é o caso da cabocla Besita, a quem ele amava platonicamente. Esse amor se desloca para Berta, filha de Besita, único personagem que tem con-trole emocional sobre Jão Fera. De outro, por conta da frustração amorosa e da morte de Besita, Jão Fera se transforma num homem feroz, capaz das mais diversas atrocidades.

b) Um episódio que ilustra a fidelidade de Jão Fera e seu ímpeto de proteger aqueles a quem ama é o momento em que ele defende Berta de um estouro de queixadas

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34 1ª. Série

(porcos do mato), pondo em risco a própria vida. Um segundo episódio é sua ferocidade contra Barroso (Ri-beiro) e seus capangas, que queriam destruir a Fazenda das Palmas, de Luís Galvão.

78. a) A passagem do enunciado, utilizada para caracterizar o

personagem Leonardo Pataca, apresenta uma postura crítica com relação aos exageros sentimentalistas do período romântico, destacando, até mesmo, seu caráter ridículo (babão). Esse tipo de descrição escapa aos di-tames do Romantismo e lega a obra de Manoel Antônio de Almeida a um lugar de transição, entre a literatura romântica e uma postura mais realista quanto à criação literária.

b) As personagens de Memórias de um sargento de milí-cias não são caracterizadas de forma idealizante. São descritas de tal forma que seus defeitos físicos e morais são destacados e se aproximam do homem real. Quanto ao desenvolvimento do enredo, ele não se sustenta em dramas e conflitos derivados do amor romântico, mas nas necessidades mais imediatas das personagens, de-rivadas do contexto na qual estão inseridas.

79. Espera-se que o aluno identifique que, no início do roman-ce, o personagem Leonardo se caracteriza por sua condi-ção conflituosa com as normas sociais, tanto em sua in-fância na qual são descritas suas traquinagens na escola, quanto em sua juventude, quando seu desajuste social é marcado pelo termo “vadio”, isto é, ausência de ocupação profissional de prestígio social. Vale lembrar o fracasso dos seguintes projetos: do padrinho, para que Leonardo seguis-se carreira eclesiástica; da madrinha, para que ele fosse ar-tista; e de D. Maria, para que ele se tornasse um funcionário das lides jurídicas. Todavia, ao final do romance, Leonardo não somente se integra ao eixo da ordem social e moral, ao se casar com uma moça de extrato social privilegiado, mas também assume uma ocupação profissional que zela pela manutenção da ordem referida.

Espera-se que o aluno responda que a condição social al-cançada por Leonardo não foi por mérito próprio, mas se deveu aos esforços de sua madrinha, D. Maria, e de Maria Regalada, o que indica um mecanismo fundamental da so-ciedade descrita no romance: ascenção social não se dá pelo esforço pessoal – o mérito –, mas pelo favor recebido de outro indivíduo que ocupa posição de classe hierarqui-camente superior. Desenha-se, assim, no romance, uma lógica das relações de poder em que a mobilidade social depende dos contatos sociais e da troca de favores, e não da competência ou capacidade profissional.

80. Gabarito: e

O livro Memórias de um sargento de milícias é um típico representante da produção romântica nacional, ainda que a

linguagem utilizada, notadamente jornalística e de registro informal, seja nova nesse período. Os personagens são pla-nos, isto é, durante todo o livro não apresentam mudanças nem aprofundamento psicológico, como se pode obser-var no trecho sobre a madrinha. O personagem principal, Leonardo, mantém-se assim, durante todo livro, o mesmo menino travesso, malandro típico, que arma confusões. Era filho de um casal de portugueses, que se separa, portanto a parteira não era a sua mãe biológica.

81. a) Nas descrições contrastam dois espaços, o campo e a

cidade. O primeiro é idealizado, perfeito. Já o segundo é um espaço degradado, confuso, triste. No contexto, esse quadro pode ser associado à decadência de Por-tugal no século XIX.

b) Em Viagens na minha terra, o narrador anuncia, logo no 1o capítulo, que vai “nada menos que a Santarém”, uma viagem para buscar a identidade portuguesa em um país envolto em várias crises políticas e econômicas. No jogo entre o passado e o presente, esse narrador desnuda a degradação em que Portugal se encontra no presente.

82. Gabarito: b

A alternativa b é a única que mantém a ideia construída no texto de impetuosidade, de rio imponente que destrói o que encontra, sem alterar seu caminho.

83. Gabarito: a

Ao longo do texto, os dois rios – Paquequer e Paraíba – vão se entrelaçando, e o rio Paraíba vai assumindo o poder sobre o outro, como se fossem a metáfora do domínio do colonizador português sobre os índios.

84. Gabarito: e

A escolha lexical de vassalo e suserano remete à literatura medieval, marcando assim a influência desse período no Romantismo brasileiro.

85. Gabarito: c

José de Alencar é um escritor romântico, mas, nesse tre-cho, ao comparar comportamentos humanos aos de ani-mais, ele antecipa características literárias que viriam no momento seguinte, o Realismo-Naturalismo.

86. Gabarito: b

Nesse excerto, há a descrição de uma festa dos escravos que ocorre nas senzalas, onde essas pessoas viviam sob vigilância, controladas, festejando, mas sem liberdade “um ou dois portões que o fecham como praça d’armas”, em-bora a história do período escravagista seja marcada pelas atrocidades praticadas pelos brancos contra os africanos. Às vezes lhes era concedido o direito a festas, “ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.”

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35Caderno de Atividades / Livro do Professor

Literatura Brasileira

87. Gabarito: d

Eles estão na praia de Icaraí. A memória da infância traz à tona seu aspecto pueril, inocente, em oposição ao momento presente, em que esses valores foram perdidos.

88. Gabarito: b

O positivismo e o cientificismo são características presen-tes no Realismo, escola literária posterior ao Romantismo.

89. Gabarito: c

A alternativa c é a que melhor sintetiza o foco narrativo. As demais contêm imprecisões ou até mesmo erros (por exemplo, Joaninha não se casa nem tem final feliz).

90. Gabarito: c

a) Joaninha não se casa nem tem final feliz; mas enlouque-ce e morre. Ao contrário do que se afirma na alternativa b, a narrativa é bastante marcada por digressões. A alternativa d está incorreta porque o romance não perde a linguagem poética e referências a outras obras literárias. Em relação a alternativa e o espaço não é limitado ao Vale do Santarém, Carlos e Júlia, por exemplo, se conhecem na Inglaterra. Portanto, a alternativa correta é a c.

91. Gabarito: e

a) Incorreta. Os personagens envolvidos são Ribeiro e Besita;

b) Incorreta. A razão de viver de Jão é Besita.

c) Incorreta. Quem perpetra a vingança é Ribeiro/Barroso, que odeia Luís Galvão.

d) Incorreta. Há linguagem denotativa e figuras de estilo no romance.

92. Gabarito: c

D. Dinis, de fato, tem um filho, Carlos, mas este filho não se torna seu assassino. Carlos torna-se um dos “barões”, criticados pelo autor.

93. Gabarito: d

A idealização dá lugar a elementos romanescos e satânicos. A grande inovação é a estrutura narrativa. A voz do narra-dor é assumida, num determinado momento, pelos próprios personagens, que relatam, em 1.a pessoa, suas histórias.

94. Gabarito: a

O tom é marcadamente romântico, em que se sobressaem o amor à natureza, os sonhos, o sentimentalismo, a subjeti-vidade, o final trágico por amor. Há uns poucos traços rea-listas, mas que não se sobrepõem aos românticos. O foco narrativo é em 3.a pessoa, narrador onisciente. O romance também é permeado de discurso direto.

95. Gabarito: a

A senhora Antunes era a mãe de Eugênio, boa e carinhosa, mas compartilhava os desejos do marido, entre eles o de ver o filho tornar-se padre. A descrição feita na alternativa a) corresponde às características físicas de Umbelina.

96. Gabarito: d

O narrador está em 3.a pessoa e não participa da cena, o que invalida as três primeiras alternativas. Não há, no excerto, perspectiva futurista. A alternativa d está correta porque apresenta um recuo no tempo, na fala de D. Carolina, que vai resolver o conflito do personagem.

97. Gabarito: a

Seus romances são cheios de intrigas, mistérios e amores, ideais de juventude eram plenos de sentimentalismo, um apelo fácil para cair no gosto do público-leitor, como caiu A moreninha.

98. Gabarito: a

Aliada a essa suposta vocação, havia também a valorização social de se ter um padre na família.

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