Sócrates_Ética e Julgamento

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Excelente material do professor Adriano para complentar os estudos de filosofia.

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  • 15/04/2015 10.Scrates:ticaejulgamento|FilosofiadoDireito

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    FilosofiadoDireitoProf.AdrianoFerreira

    10. Scrates: tica e julgamento

    Por: Prof. Adriano FerreiraA postura de Scrates de ensinar aspessoas, antes de tudo, a pensar, torna-semais bela se verificarmos que se soma sua concepo de tica.

    A tica pode ser resumida como a busca doaperfeioamento do indivduo. Uma pessoaage eticamente quando seu ato pode lev-laa uma melhoria em seu carter.

    Para Scrates, as pessoas agem de um modocorreto, de um modo tico, porque sabem o

    que esto fazendo, porque efetivamente pensaram e entenderam o significadoe as consequncias de seu ato. Para ele, se uma pessoa conhece o bem, por meiodo pensamento, ir agir no sentido de concretiz-lo.

    Por outro lado, as pessoas fazem coisas erradas, ou besteiras, como diramoshoje, porque no pensaram o suficiente antes de agir. O ser humano deveriacontrolar suas paixes, investigar os fatos sem se iludir com as aparncias ouos preconceitos, buscando conhec-los verdadeiramente.

    Scrates considera, assim, haver uma relao direta entre o pensamento e atica, sendo aquele pressuposto desta. Tambm poderamos concluir que abusca socrtica do conhecimento possibilita uma ao tica que leva, porconsequncia, felicidade. Assim, pensar permite ao indivduo, em ltimainstncia, ser feliz.

    No obstante as inferncias sobre a tica feitas acima, sabemos que Scrates foilevado, em Atenas, a julgamento. Os cidados o acusaram de corromper a

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    juventude e de cultivar novos deuses, violando a religio da cidade. Algunsdilogos escritos por Plato contam essa histria: Eutfron, Apologia, Crton eFdon.

    Scrates foi considerado culpado e condenado morte. Ele poderia terproposto uma pena alternativa e, depois, poderia ter fugido. Escolheu, todavia,morrer. Preferiu cumprir a lei a desobedecer. Qual a razo disso?

    Em sua vida, ele sempre deu exemplos decumprimento s normas polticas deAtenas, mesmo quando isso poderia causarconstrangimentos perante os demaiscidados. Ao obedecer pena de morte,daria mais uma mostra de suas concepescvicas, deixando para seuscontemporneos o exemplo do respeito aospreceitos normativos, ainda quandoinjustos.

    Por outro lado, podemos focar no seuscontemporneos, mas os psteros. A interpretao seria outra: Scrates sempreduvidara da verdade consensual, derivada das discusses, em nome de umaverdade superior, somente acessvel ao pensamento racional. A deciso que ocondenara foi fruto de um consenso entre os cidados atenienses, que ojulgaram culpado.

    Ele, todavia, considerava seus atos louvveis. Fizera toda uma gerao dejovens pensar. Ensinara o valor inestimvel da dvida eterna e constante.Questionara a autoridade dos falsos sbios. Ao aceitar a condenao morte,mostrava para as geraes futuras os perigos de uma verdade meramenteconsensual e, portanto, equivocada. Nem sempre a verdade da maioriacorresponde verdade absoluta, que somente pode ser descoberta por quem sedisponha a pensar.

    Independentemente das interpretaes possveis, o comportamento de Scratesresulta em algo admirvel, seja enquanto lio para os demais atenienses, sejaenquanto lio para nossa gerao do presente. Sua tica, que liga a razo aobom comportamento, outra herana que nos enriquece. S o pensamentoracional leva busca da verdade; s a busca da verdade permite a felicidade.