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Boletim do mês de Abril
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Biografia
Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu a 14 de
Abril de 1909 na aldeia de Gestaçô, concelho de
Baião (Porto), no seio de uma família de pequenos
agricultores do Douro. Aprendeu a ler com o pai no
«Primeiro de Janeiro», ainda antes de entrar na
escola primária. Mais tarde ingressa na Escola
Agrícola de Coimbra, onde tira o curso de regente.
Em 1930, assina um contrato com a Companhia da
Catumbela e embarca para Angola. Em 1931,
regressa a Portugal insatisfeito com a experiência,
quer pelas condições de trabalho quer pelos rigores
do clima. Nesse ano casa com Manuela Câncio
Reis, fixa residência em Alhandra e emprega-se no
escritório da fábrica «Cimento Tejo».
No final dos anos 30, Soeiro Pereira Gomes adere ao
PCP, participando activamente na vasta acção
cultural impulsionada pelo Partido em todo o Baixo
Ribatejo, em articulação com o trabalho clandestino
da organização.
Pioneiro do movimento neo-realista cuja
consolidação se acentua a partir de 1939, Soeiro
Pereira Gomes colabora nos jornais «Sol Nascente»
e «O Diabo». Na sua casa juntam-se, entre outros,
Alexandre Cabral, Sidónio Muralha e Alves Redol.
Nessa época organizou ainda cursos de ginástica
para os operários da «Cimento Tejo», ajudou a criar
bibliotecas populares nas sociedades recreativas e
deu corpo ao projecto de construção de uma piscina,
a «charca», para o povo de Alhandra, onde se
forjaria uma figura ímpar da natação portuguesa, o
comunista Baptista Pereira, a personagem Gineto
dos Esteiros.
Juntamente com Alves Redol e Dias Lourenço,
promoveu e animou inúmeras excursões de fragata
no Tejo, onde, a pretexto da confraternização, se
aglutinavam intelectuais e se estabelecia o contacto
político fora da vista do fascismo.
Em Novembro de 1941, é publicado Esteiros pela
editora Sírius com ilustrações de Álvaro Cunhal, obra
que foca aspectos fundamentais da transformação
da sociedade portuguesa da época e é dedicada
«aos filhos dos homens que nunca foram meninos».
É uma obra de profunda denúncia da injustiça e da
miséria social, que conta a história de um grupo de
crianças que desde cedo abandona a escola para
trabalhar numa fábrica de tijolos.
Entretanto, o regime salazarista tudo fazia para
impedir o conhecimento dos crimes do holocausto
nazi: as tabernas, os cafés e outros lugares públicos
estavam proibidos de ligar os aparelhos de rádio à
BBC à hora das emissões em língua portuguesa. Por
isso, Soeiro Pereira Gomes, residente numa
pequena moradia de um só piso, abria a janela da
sala em que tinha a telefonia para que muitos
populares pudessem escutar disfarçadamente as
informações de Londres sobre a evolução da II
Guerra Mundial.
Em 1944, Soeiro começa a escrever «Engrenagem»,
livro que não terá tempo de concluir, dado o rumo
que a sua vida tomaria a partir de então. Nas greves
de 8 e 9 de Maio desse ano, Soeiro encontrava-se no
seio dos trabalhadores em luta, como membro do
Comité Regional da Greve do Baixo Ribatejo. A Pide
teve conhecimento prévio do movimento grevista e
começa a preparar-lhe uma cilada. Este vence a
situação, mergulhando na clandestinidade na tarde
de 11 de Maio de 1944, sendo-lhe confiada a
responsabilidade política do Alto Ribatejo.
É no jornal «Ribatejo», órgão clandestino a que ele
deu vida, que publica pela primeira vez o trabalho
sobre as «Praças de Jornas». Estas «praças» eram
o mercado de trabalho dos assalariados agrícolas. Aí
patrões e «manageiros» discutiam o preço das
«jornas» (o salário diário dos proletários do
latifúndio). No folheto político, Praça de Jorna, Soeiro
propõe a formação de «Comissões de Praça» que
centralizavam o montante do salário a discutir com
os patrões ou os seus «manageiros».
Após adoecer com tuberculose que se agrava com
dificuldades da vida clandestina e, impedido pela
clandestinidade de receber o tratamento médico que
necessitava, faleceu em Lisboa a 5 de Dezembro de
1949.
Encontra-se sepultado em Espinho, terra que o
acolheu durante a infância. Da sua sepultura consta
o seguinte epitáfio "A TUA LUTA FOI DÁDIVA
TOTAL".
Obras literárias
• Esteiros (publicado em 1941) • Engrenagem (publicado em 1951) • Contos Vermelhos
o Refúgio perdido (escrito em 1948) o O pio dos mochos (escrito em 1945) o Mais um herói (escrito em 1949)
• Contos e crónicas o O capataz (escrito em 1935) o As crianças da minha rua (publicado,
sem título, em 1939) o O meu vizinho do lado (publicado,
sem título, em 1939) o Pesadelo (escrito em 1940) o Companheiros de um dia (publicado,
sem título, em 1940) o O Pástiure (publicado em 1940) o Um conto (publicado em 1942) o Alguém (publicado em 1942) o Breve história de um sábio (escrito
em 1943) o Estrada do meu destino (sem data) o Um caso sem importância (publicado
em 1950) o Última carta (sem data)
Documentos políticos
• Praça de Jorna (escrito em 1946)
Sites consultados
http://www.pcp.pt/avante/1359/5903h1.htmlhttp://pt.wi
kipedia.org/wiki/Soeiro_Pereira_Gomes
http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/desenho/alva
ro_cunhal/soeiro.html
Monumentos a Soeiro Pereira Gomes
Localizado no antigo Largo do Jardim, depois Largo de Serpa Pinto e hoje Praça Soeiro Pereira Gomes, voltado para o Tejo, em Alhandra.
Localizado em Gestaçô, Baião.
[F8- Abril/2009]
No centenário do nascimento de