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Relatório Fatos e dados Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2018 SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA PARA A GESTÃO DA ÁGUA World Water Assessment Programme United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Sustainable Development Goals water and sanitation

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  • Relatrio

    Fatos e dados

    Relatrio Mundial das Naes Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hdricos 2018

    SOLUES BASEADAS NA

    NATUREZA PARA A GESTO DA GUA

    World Water Assessment Programme

    United NationsEducational, Scientific and

    Cultural Organization

    Sustainable Development Goals

    water andsanitation

  • DEMANDA HDRICA

    ESCASSEZ HDRICA CRESCENTE

    Muitos pases j esto passando por situaes generalizadas de escassez hdrica, e provavelmente tero de lidar com uma menor disponibilidade de guas superficiais a partir de 2050 (Figura 1).

    Na dcada de 2010, 1,9 bilho de pessoas (27% da populao mundial) viviam em reas com potencial de serem gravemente afetadas pela escassez hdrica. Se a variabilidade mensal for levada em considerao, 3,6 bilhes de pessoas em todo o mundo (quase metade da populao mundial) j vivem em reas potencialmente escassas em gua pelo menos durante um ms por ano, e esse nmero pode aumentar de 4,8 para 5,7 bilhes em 2050. Cerca de 73% das pessoas afetadas por essa situao vivem na sia (69% em 2050) (Burek et al., 2016).

    As captaes de gua para irrigao foram identificadas como a principal causa da reduo dos nveis das guas subterrneas em todo o mundo. Prev-se que na dcada de 2050 ocorrer um grande aumento das captaes de guas subterrneas, totalizando 1.100 km3/ano, o que corresponde a um aumento de 39% em relao aos nveis atuais (Burek et al., 2016).

    Um tero dos maiores sistemas mundiais de guas subterrneas j est em situao de perigo (Richeyetal., 2015). As tendncias mencionadas acima tambm pressupem crescentes captaes de guas subterrneas no renovveis (fsseis) indiscutivelmente um caminho insustentvel.

    Atualmente, a demanda mundial por gua estimada, em torno de 4.600 km3/ano, e calcula-se que esta ir aumentar de 20% a 30%, atingindo um volume entre 5.500 e 6.000 km3/ano at 2050 (Burek et al., 2016).1

    O uso da gua aumenta em mbito mundial, em funo do crescimento populacional, do desenvolvimento econmico e das mudanas nos padres de consumo, entre outros fatores.

    No perodo de 2017 a 2050, a populao mundial dever aumentar de 7,7 bilhes para entre 9,4 e 10,2 bilhes, com dois teros vivendo em cidades. Estima-se que mais da metade desse crescimento ocorrer na frica (+ 1,3 bilho), sendo que a sia (+ 0,75 bilho) dever ocupar o segundo lugar em termos de crescimento populacional (UNDESA, 2017).

    O uso da gua no mundo aumentou em seis vezes ao longo dos ltimos 100 anos (Wada et al., 2016) e continua crescendo de forma constante, com uma taxa em torno de 1% ao ano (AQUASTAT, n.d.).

    O uso domstico da gua, que corresponde a aproximadamente 10% do total da captao hdrica em todo o mundo, deve aumentar de forma significativa no perodo 2010-2050, em quase todas as regies do mundo. Em termos relativos, o aumento da demanda domstica ser maior em sub-regies africanas e asiticas, onde os valores podem mais do que triplicar, e na Amrica Central e do Sul a demanda pode ser mais do que o dobro dos valores atuais (Burek et al., 2016). Esse

    crescimento esperado pode ser atribudo principalmente ao aumento j previsto no que se refere aos servios de fornecimento de gua em assentamentos urbanos.

    O uso mundial das guas subterrneas, principalmente para a agricultura, atingiu 800 km3/ano em 2010, com a ndia, os Estados Unidos da Amrica (EUA), a China, o Ir e o Paquisto (em ordem decrescente) respondendo por 67% do total de extraes em todo o mundo (Burek et al., 2016).

    A demanda mundial para a produo agrcola e energtica (principalmente alimentos e eletricidade), ambas atividades que envolvem uso intensivo de gua, deve crescer por volta de 60% e 80%, respectivamente, at 2025 (Alexandratos; Bruisma, 2012; OECD, 2012).

    Atender aos 60% de aumento estimado da demanda por alimentos exigir a expanso das terras cultivveis, se for mantida a situao usual (business-as-usual). Sob as prticas de gesto predominantes, a intensificao da produo envolve o aumento das intervenes mecnicas no solo e do uso de agroqumicos, energia e gua. Esses fatores, associados aos sistemas alimentares, respondem por 70% da estimada perda da biodiversidade terrestre at 2050 (Leadley et al., 2014). Contudo, esses impactos, incluindo as exigncias por mais terra e mais gua, podem ser amplamente evitados se a intensificao da produo tiver como base uma intensificao ecolgica que envolva o aperfeioamento dos servios ecossistmicos para reduzir os insumos externos (FAO, 2011b).

    1 Todas as fontes citadas neste documento podem ser encontradas no relatrio completo que esta disponvel no link www.unesco.org/water/wwap

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    http://www.unesco.org/water/wwap
  • QUALIDADE DA GUA

    Desde a dcada de 1990, a poluio hdrica piorou em quase todos os rios da Amrica Latina, da frica e da sia (UNEP, 2016a). Estima-se que a deteriorao da qualidade da gua aumentar nas prximas dcadas e, com isso, aumentaro as ameaas sade humana,

    ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentvel (VEOLIA/IFPRI, 2015).

    Estima-se que 80% de todas as guas industriais e residuais sejam lanadas no meio ambiente sem

    A importncia dos atuais desafios relativos disponibilidade hdrica pode ser plenamente compreendida somente se comparando as captaes de gua com os seus nveis sustentveis mximos. Com cerca de 4.600 km3 por ano, as captaes atuais em todo o mundo j esto prximas dos nveis sustentveis

    mximos (Gleick; Palaniappan, 2010; Hoekstra; Mekonnen, 2012) e, como foi observado nos precedentes Relatrios Mundiais sobre Desenvolvimento dos Recursos Hdricos, os dados mundiais mascaram graves desafios nas escalas regionais e locais.

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    * As regies so consideradas escassas em gua quando o total anual de captao hdrica para uso humano corresponde a 20-40% do total disponvel de recursos hdricos superficiais renovveis, e gravemente escassas em gua quando a captao excede 40%.

    ** Os cenrios utilizados para esse exerccio de modelagem tm como base os water extended shared socio-economic pathways. O cenrio intermedirio (middle-of-the-road scenario) pressupe que o desenvolvimento mundial ocorra conforme tendncias e paradigmas do passado, de modo que as tendncias sociais, econmicas e tecnolgicas no divergem de forma significativa dos padres histricos (ou seja, a situao usual / business-as-usual).

    Fonte: Burek et al. (2016, fig. 4-39, p. 65).

    Figura 1 Escassez fsica de gua em 2010 (figura de cima) e mudana projetada da escassez hdrica* at 2050 (figura de baixo), com base no cenrio intermedirio**

    Mudanas na escassez hdrica 2010-2050

    Sem mudana

    De escassez hdrica grave para sem escassez hdrica

    De sem escassez hdrica para escassez hdrica

    De escassez hdrica grave para escassez hdrica

    De escassez hdrica para escassez hdrica grave

    De escassez hdrica para sem escassez hdrica

    De sem escassez hdrica para escassez hdrica grave

    Escassez hdrica 2010

    Escassez hdrica grave

    Escassez hdrica

    Sem escassez hdrica

    Sem dados

  • qualquer tipo de tratamento, o que resulta em uma deteriorao crescente na qualidade d gua em geral, com impactos negativos para a sade humana e para os ecossistemas (WWAP, 2017).

    Apesar de dcadas de regulamentao e de grandes investimentos para reduzir fontes pontuais de poluio hdrica em pases desenvolvidos, os desafios relacionados qualidade da gua perduram, devido s fontes de poluio hdrica difusas e quelas sem regulamentao.

    A intensificao agrcola aumentou o uso de substncias qumicas em todo o mundo, para aproximadamente 2 milhes de toneladas por ano (De et al., 2014). Os impactos dessa tendncia no foram amplamente quantificados, e ainda existem srias lacunas nos dados.

    A agricultura continua sendo a fonte predominante de nitrognio reativo despejado no meio ambiente, assim como uma fonte significativa de fsforo (Figura 2). O

    desenvolvimento econmico por si s no uma soluo para esse problema.

    Quase 15% das estaes de monitoramento das guas subterrneas na Europa registraram que o nvel de nitratos estabelecido pelo padro da OMS foi excedido na gua potvel, e as estaes de monitoramento registraram que aproximadamente 30% dos rios e 40% dos lagos eram eutrficos ou hipertrficos no perodo 2008-2011 (EC, 2013a).

    Os maiores aumentos da exposio a poluentes devem ocorrer em pases de renda baixa ou mdia baixa, principalmente devido ao aumento populacional e econmico desses pases, em especial os da frica (UNEP, 2016a), assim como falta de sistemas de gesto das guas residuais (WWAP, 2017). Considerando a natureza transfronteiria da maior parte das bacias hidrogrficas, a cooperao regional ser essencial para tratar dos desafios esperados quanto qualidade da gua.

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    Nota: os pases so classificados em ordem decrescente, a partir da mais elevada parcela de nitratos em guas superficiais.

    Para os nitratos, os dados apresentados correspondem ao ano 2000 para ustria, Repblica Tcheca, Nova Zelndia, Noruega, Sua e EUA; 2002 para Dinamarca; 2004 para Finlndia e Irlanda; 2005 para Blgica (Valnia); 2008 para o Reino Unido (UK); e 2009 para Pases Baixos e Sucia.

    Para o fsforo, os dados apresentados correspondem ao ano 2000 for para ustria, Repblica Tcheca, Noruega, Sua e EUA; 2002 para Dinamarca; 2004 para Finlndia; 2005 para Blgica (Valnia); e 2009 para o Reino Unido, Pases Baixos e Sucia.

    Fonte: OECD (2013, fig. 9.1, p. 122).

    Figura 2 Percentagem da participao da agricultura no total de emisses de nitratos e fsforo nos pases da OCDE, 2000-2009

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    Irlanda

    % participao da agricultura no total de emisses de:

    Dinamarca

    Nova Zelndia

    Reino Unido

    Blgica

    Finlndia

    Noruega

    Pases Baixos

    Repblica Tcheca

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    Nitratos Fsforo

  • EVENTOS EXTREMOS

    A mdia mundial das perdas econmicas causadas pelas inundaes e secas corresponde a mais de US$40 bilhes por ano, em todos os setores econmicos. As tempestades acrescentam, em mdia, outros US$46 bilhes de perdas econmicas anuais. O nmero de mortes, de pessoas afetadas e de perdas econmicas varia muito por ano e por continente, com a frica e a sia sendo as mais afetadas quanto a esses trs indicadores. De acordo com vrias estimativas, esses nmeros devero aumentar para US$ 200-400 bilhes at 2030. Tais perdas afetam seriamente a segurana hdrica, alimentar e energtica, alm de consumirem a maior parte do fluxo total da assistncia ao desenvolvimento na atualidade (OECD, 2015a).

    Desde 1992, inundaes, secas e tempestades afetaram 4,2 bilhes de pessoas e causaram US$ 1,3 trilho em danos, em todo o mundo (UNESCAP/UNISDR, 2012).

    As inundaes respondem por 47% de todos os desastres relacionados ao clima desde 1995, que afetaram um total de 2,3 bilhes de pessoas. A quantidade de inundaes aumentou para uma mdia de 171 por ano, durante o

    perodo 20052014, a partir de uma mdia anual de 127 na dcada anterior (CRED/UNISDR, 2015).

    Conforme a OCDE, estima-se que o nmero de pessoas em situao de risco de inundao deve aumentar do atual 1,2 bilho, para cerca de 1,6 bilho em 2050 (aproximadamente 20% da populao mundial), e o valor econmico dos bens em risco dever ser cerca de US$45 trilhes em 2050, um aumento de mais de 340% em relao a 2010 (OECD, 2012, p. 209).

    A populao afetada atualmente pela degradao/desertificao do solo e pela seca estimada em 1,8bilho de pessoas, o que torna esta a categoria mais importante de desastres naturais, com base na mortalidade e no impacto socioeconmico relativo ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita (Low, 2013).

    Mudanas futuras nos padres das chuvas iro alterar a ocorrncia de secas e, consequentemente, a disponibilidade de umidade no solo para a vegetao em muitas partes do mundo (Figura 3).

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    *Com base em previses de conjunto multimodelo simuladas por 11 modelos desenvolvidos na quinta fase do projeto Coupled Model Intercomparison (CMIP5), a partir do cenrio de emisses representative concentration pathways (RCP) 4.5.

    Fonte: Dai (2013, fig. 2, p. 53). 2013 Reimpresso com a permisso de Macmillan Publishers Ltd.

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    Longitude ( E)

    Longitude ( E)

    (%)

    Figura 3 Mudanas futuras previstas no nvel mdio de umidade do solo, em sua camada superior de 10 cm, em termos de percentagem* de 1980-1999 (figura de cima) a 2080-2099 (figura de baixo)

    Latit

    ude

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    Longitude (L)

    Longitude (L)

    Latit

    ude

    (N)

  • O PAPEL DAS SOLUES BASEADAS NA NATUREZA (SbN) NO CICLO DA GUA

    TENDNCIAS E MUDANAS ECOSSISTMICAS QUE AFETAM OS RECURSOS HDRICOS

    Cerca de 7,5% das pastagens em todo o mundo foram degradadas unicamente por causa do excesso de atividades pastoris (Conant, 2012). O excesso de pastoreio, a degradao do solo e a compactao da superfcie conduzem a maiores taxas de evaporao, a menores nveis de armazenamento de guas subterrneas e ao aumento do escoamento superficial, todos fatores considerados negativos para os servios de provisionamento de gua dos campos, incluindo a qualidade da gua (McIntyre; Marshall, 2010), e para a atenuao dos riscos de inundaes e secas (Jackson etal., 2008).

    A eroso do solo das terras cultivadas leva consigo, todos os anos, de 25 a 40 bilhes de toneladas da camada de solo superficial, reduzindo de forma significativa o rendimento das plantaes e a capacidade do solo de regular a gua, o carbono e nutrientes. Esse fenmeno causa a perda de 23 a 42 milhes de toneladas de nitrognio e de 15 a 26 milhes de toneladas de fsforo do solo, com efeitos negativos para a qualidade da gua (FAO/ITPS, 2015a).

    As zonas midas (incluindo rios e lagos) cobrem apenas 2,6% da Terra, mas desempenham um papel muito importante na hidrologia, que desproporcional em relao sua extenso relativamente limitada. A melhor estimativa da perda de zonas midas naturais em todo

    o mundo devido a atividades humanas em mdia entre 54% e 57%, mas essa perda pode chegar at 87% desde o ano 1700, com uma taxa 3,7 vezes mais rpida de perda dessas zonas durante o sculo XX e o incio do sculo XXI, o que corresponde a uma perda entre 64% e 71% da extenso das zonas midas que existiam em 1900 (Davidson, 2014).

    As perdas de zonas midas naturais foram maiores e ocorreram com maior rapidez no interior dos continentes do que nas regies costeiras. Embora a taxa de perda de zonas midas na Europa tenha se reduzido, e tenha permanecido baixa na Amrica do Norte desde os anos 1980, ela permaneceu alta na sia, onde continua a ocorrer a transformao rpida e em larga escala das zonas midas naturais, na costa e no interior do continente. Algumas dessas perdas so compensadas pela expanso de zonas midas artificiais ou gerenciadas, especialmente reservatrios e arrozais.

    Cerca de 30% da rea terrestre de todo o mundo coberta por florestas, mas pelo menos 65% dessa rea j se encontra em estado de degradao (FAO, 2010). Contudo, a taxa da perda lquida de reas florestais foi reduzida em mais de 50% nos ltimos 25 anos e, em algumas regies, o reflorestamento pode compensar a rea perdida em florestas naturais (FAO, 2016).

    Todos os principais tipos de ecossistemas e biomas terrestres e a maioria dos costeiros influenciam o estado dos recursos hdricos. Grande parte dos usos de SbN, incluindo em paisagens urbanas, envolve essencialmente a gesto da vegetao, dos solos e/ou das zonas midas (incluindo rios e lagos).

    Aproximadamente 65% da gua que cai sobre a superfcie terrestre armazenada ou evapora a partir do solo e das plantas (Oki; Kanae, 2006). Da gua que permanece no solo, mais de 95% armazenada na zona de aerao (ou vadosa, de baixa profundidade) e na zona saturada (lenol fretico) do solo, excluindo a gua que retida nas geleiras (Bockheim; Gennadiyev, 2010).

    Embora a gua do solo na camada superior e mais biologicamente ativa dos solos corresponda apenas a 0,05%

    do estoque mundial de gua potvel (FAO/ITPS, 2015a), os fluxos ascendentes e descendentes de gua e energia atravs do solo so amplos e fortemente interligados. Esses dados indicam claramente a importncia da gua do solo para o balano terra-gua-energia que existe no Planeta Terra, o que inclui a troca entre a gua do solo e a precipitao por meio da transpirao, assim como um possvel incremento na transpirao, na medida em que o clima se tornar mais quente no futuro (Huntington, 2006).

    As decises quanto ao uso do solo em um determinado lugar podem ter consequncias importantes para os recursos hdricos, as pessoas, a economia e o meio ambiente em lugares distantes. Por exemplo, a evaporao na Bacia do Congo uma das principais fontes de chuva na regio do Sahel (Van der Ent et al., 2010). Da mesma forma, o Golfo da Guin e a umidade da frica Central

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  • SbN PARA GERENCIAR A DISPONIBILIDADE DE GUA E MELHORAR A PRODUO DE ALIMENTOS

    desempenham um papel importante na gerao de fluxos para o Rio Nilo, atravs dos Altiplanos da Etipia (Viste; Sorteberg, 2013).

    Cerca de 25% das emisses de gases de efeito estufa tm origem nas mudanas de uso do solo (FAO, 2014b), e a perda de gua est ligada a muitas tendncias de

    degradao terrestre; as turfeiras, por exemplo, exercem um papel significativo na hidrologia local, no entanto, esse tipo de zona mida tambm armazena o dobro de carbono de todas as florestas do mundo e, quando drenadas, as turfeiras se tornam imensas fontes de emisses de gases de efeito estufa (Parish et al., 2008).

    A abordagem das SbN um dos meios essenciais para intervir sobre a escassez hdrica geral, por meio da gesto da oferta de gua, visto que tal abordagem reconhecida como a principal soluo para se alcanar a sustentabilidade hdrica para a agricultura.

    Considerando que atualmente 800 milhes de pessoas passam fome, a produo mundial de alimentos teria de aumentar em 50% at 2050 para ser capaz de alimentar as mais de 9 bilhes de pessoas que, estima-se, existiro em nosso planeta (FAO/IFAD/UNICEF/WFP/WHO, 2017). De acordo com o atual consenso geral, esse aumento no poder ser obtido por meio de abordagens convencionais, e sero necessrias mudanas radicais na forma como produzimos alimentos (FAO, 2011b; 2014a).

    Um estudo sobre projetos de desenvolvimento agrcola em 57 pases de renda baixa constatou que o uso mais eficiente da gua, a reduo do uso de pesticidas e melhorias na sade do solo geraram um aumento mdio de 79% no rendimento das colheitas (Pretty et al., 2006).

    Sistemas agrcolas que conservam os servios ecossistmicos, por meio de prticas como lavouras de conservao, diversificao de culturas, intensificao

    2 gua verde a gua proveniente da precipitao que armazenada na zona de razes do solo, e que evapora, transpira ou incorporada pelas plantas. Ela tem uma importncia especial para produtos agrcolas, hortcolas e florestais. Para mais detalhes, ver: waterfootprint.org/en/water-footprint/what-is-water-footprint/.

    de leguminosas e controle biolgico de pragas tm um desempenho to bom quanto os sistemas intensivos e de alto rendimento (Badgley et al., 2007; Power, 2010).

    Os benefcios das SbN podem ser aplicados na agricultura em qualquer escala, desde a agricultura familiar de pequena escala (FAO, 2011b) at a agricultura industrial de larga escala. Por exemplo, um estudo recente sobre sistemas de monoculturas altamente simplificados e intensivos demonstrou que a diversificao da paisagem no apenas melhora a gua, os nutrientes, a biodiversidade e a gesto do solo, mas ao mesmo tempo aumenta a produo das colheitas (LiebmanI; Schulte, 2015).

    Oportunidades para melhores prticas de gesto nas prprias fazendas que tm como alvo a gua verde2 (culturas alimentadas pela chuva) podem melhorar de forma significativa a disponibilidade de gua para a produo de colheitas. Rost e outros (2009) estimaram que a produo mundial das colheitas poderia ser aumentada em cerca de 20% apenas com a gesto da gua verde nas prprias fazendas. Isso corresponde a uma economia de cerca de 1.650 km3 de gua por ano (com base em aumentos na produtividade primria lquida).

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  • SbN PARA GERENCIAR A QUALIDADE DA GUA

    O arroz a base da alimentao de quase metade da populao mundial. O Sistema de Intensificao do Arroz (System of Rice Intensification SRI) uma abordagem que inclui o restabelecimento ecolgico e hidrolgico do funcionamento de solos, com base em modificaes das prticas tradicionais de gesto da gua e das colheitas, ao invs de contar com a introduo de novas variedades ou com o uso de ainda mais insumos agroqumicos. Os resultados variam consideravelmente entre as regies, mas o SRI pode se tornar econmico com o tempo, economizando gua (de 25% a 50%) e sementes (de 80% a 90%), reduzindo custos (de 10% a 20%), e aumentando a produo do arrozal em pelo

    menos 25%-50% e, com frequncia, at 50%-100%, e, s vezes, at mais do que isso (Uphoff, 2008).

    So grandes os cobenefcios ambientais das SbN no que se refere ao aumento da produo agrcola sustentvel mediados amplamente por meio de menores presses quanto converso da terra e reduo da poluio, eroso e s necessidades hdricas. Por exemplo, os sistemas alimentares correspondentes tanto aos padres de consumo alimentar quanto aos mtodos da produo de alimentos respondem por 70% da perda estimada de biodiversidade at 2050, de acordo com a situao usual (Leadley et al., 2014).

    A perda mundial de zonas midas de gua doce, as quais tm uma capacidade nica de filtrar e melhorar a qualidade da gua, uma preocupao especial.

    Zonas midas artificiais voltadas para o tratamento de guas residuais (wetlands construdos) podem ser consideradas uma SbN custo-efetiva que fornece efluentes de qualidade adequada para vrios usos que no sejam o consumo humano, incluindo a irrigao, bem como oferecem benefcios adicionais, como a produo de energia. Tais sistemas j existem em quase todas as regies do mundo, inclusive nos Estados rabes e na frica eles so relativamente comuns na frica Oriental.

    Os benefcios potenciais da proteo das bacias hidrogrficas para melhorar a qualidade da gua disponvel para as comunidades, e para as cidades em particular, so enormes. Abell e outros (2017) estimaram que as atividades de conservao e/ou restaurao da terra (como a proteo de florestas, o reflorestamento e o uso de culturas de cobertura na agricultura) podem levar a uma reduo de 10% ou mais nos sedimentos ou nutrientes (fsforo) em bacias hidrogrficas que atualmente abrangem 37% da superfcie terrestre que no est coberta por gelo (4,8 milhes de km2).

    Mais de 1,7 bilho de pessoas ou seja, mais da metade da populao urbana mundial poderiam se beneficiar de uma melhor qualidade da gua, como resultado de SbN aplicadas bacia hidrogrfica de onde vivem, incluindo 780 milhes de pessoas que vivem em bacias hidrogrficas localizadas em pases que esto na dcima parte inferior do ndice de Desenvolvimento Humano (dados de 2014) (Abell et al., 2017, p. 71).

    Os fundos hdricos so plataformas institucionais desenvolvidas por cidades e profissionais da conservao, onde podem ser tratadas questes de governana, preenchendo lacunas cientficas, legislativas, jurdicas, financeiras e de implementao. A anlise de um caso comercial revelou que um investimento de US$ 10 milhes em atividades de fundos hdricos, tais como matas ciliares, reflorestamento e implementao de melhores prticas agrcolas, poderia gerar um retorno estimado de US$21,5 milhes em benefcios econmicos durante um perodo de 30 anos (TNC, 2015).

    Ao mesmo tempo em que h evidncias que as zonas midas so capazes de remover e reter de 20% a 60% dos metais da gua e de reter de 80% a 90% dos sedimentos originrios do escoamento, existem menos informaes sobre a capacidade de muitas plantas das zonas midas de remover certas substncias txicas associadas a pesticidas, despejos industriais e atividades mineradoras (Skov, 2015). Portanto, necessrio reconhecer que as SbN podem ter capacidade limitada de remover certos poluentes e, da mesma forma, determinar os limites a partir dos quais o acrscimo de agentes contaminantes e substncias txicas provocaria danos irreversveis aos ecossistemas.

    As zonas midas naturais e artificiais tambm biodegradam e imobilizam uma gama de poluentes emergentes. A eficcia das zonas midas artificiais para remover vrios produtos farmacuticos foi demonstrada na Ucrnia (Vystavna et al., 2017; UNESCO, forthcoming). Esses e outros resultados sugerem que, para alguns desses poluentes emergentes, as SbN funcionam melhor do que as infraestruturas cinzas e, em certos casos, podem ser a nica soluo.

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  • SbN PARA GERENCIAR RISCOS, VARIABILIDADE E MUDANAS RELACIONADOS GUA

    A agricultura talvez o setor econmico mais afetado pela crescente variabilidade dos recursos hdricos em mbito mundial, e certamente o mais vulnervel em termos socioeconmicos, devido forte dependncia das comunidades rurais em pases em desenvolvimento. O setor absorve em mdia 84% dos impactos econmicos adversos das secas, e 25% de todos os danos causados por desastres relacionados ao clima (FAO, 2015).

    Cientistas, agricultores e at mesmo o empresariado consideram a variabilidade, denominada de eventos climticos extremos, como um dos mais provveis riscos para a produo agrcola nos prximos 10 anos

    (WEF, 2015). Os ganhos em bem-estar obtidos apenas pela mitigao da variabilidade hidrolgica em geral, ao se garantir gua s estruturas de irrigao existentes em todo o mundo, em 2010, foram avaliados em US$ 94 bilhes (Sadoff et al., 2015).

    Os mapas que mostram os perigos e os riscos (Figura 4) ilustram que, com medidas adequadas para reduzir a exposio e a vulnerabilidade, o risco de secas pode ser reduzido de forma considervel, mesmo em regies que apresentam riscos elevados, como a Austrlia e os EUA. nesses contextos que as SbN podem desempenhar um papel importante.

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    Fonte: adaptado de Carro et al. (2016, figuras 3 e 9, p. 115 e 120).

    Figura 4 Mapas mundiais de perigo (figura de cima) e risco (figura de baixo) de seca

    Latit

    ude

    Longitude

    Sem dadosMenos perigosos Mais perigosos

    Latit

    ude

    Longitude

    Sem dadosRisco menor Risco maior

  • ASPECTO FINANCEIRO DAS SbN

    Estima-se que aproximadamente US$ 10 trilhes sero necessrios para a infraestrutura de recursos hdricos entre 2013 e 2030 (Dobbs et al., 2013). Por isso, uma questo-chave como as SbN podem contribuir para reduzir esses investimentos por meio de melhor eficincia econmica, ambiental e social.

    Espera-se que o aumento da ateno conferida gesto das bacias hidrogrficas em especial no que se refere a proteo do solo, reflorestamento e restaurao de reas ribeirinhas possa ajudar a reduzir os custos de operao e manuteno das companhias urbanas de gua e saneamento, alm de melhorar a qualidade dos seus servios e postergar a necessidade de altos investimentos de capital para a expanso da capacidade operativa (Echavarria et al., 2015). A gesto das bacias hidrogrficas vista no apenas como um complemento economicamente eficiente para a infraestrutura construda ou cinza, mas tambm como um meio de produzir outros importantes benefcios, tais como o desenvolvimento econmico local, a criao de empregos, a proteo da biodiversidade e a resilincia climtica (LACC/TNC, 2015).

    As SbN no requerem necessariamente recursos financeiros adicionais, mas normalmente envolvem o redirecionamento do financiamento existente, assim como o seu uso mais efetivo. Existem indcios de investimentos crescentes em SbN.

    Por exemplo, de acordo com o portal Ecosystem Marketplace da organizao Forest Trends (Bennett; Ruef, 2016), governos, companhias de gua e saneamento, empresas e comunidades gastaram quase US$ 25 bilhes para o pagamento de infraestruturas verdes para a gua, afetando positivamente 487 milhes de hectares de terras. O volume das transaes cresceu por volta de 12% por ano, entre 2013 e 2015, o que sugere um rpido aumento no nvel de adoo dessas infraestruturas. O financiamento (US$ 23,7 bilhes) da grande maioria desses esquemas de pagamento por servios ecossistmicos (payment for ecosystem services PES) vem dos governos nacionais (Figura 5) ou, no caso da Europa, da Comisso Europeia. Grande parte do investimento remanescente (cerca de US$ 650 milhes) foi classificado como investimentos orientados pelos usurios da bacia hidrogrfica (user-driven watershed investments), por meio dos quais cidades, empresas e companhias de gua e saneamento, atuando por parte dos seus clientes, pagaram proprietrios de terras pela gesto de paisagens de importncia crtica para a gua. Este esquema foi liderado por grandes programas na China e no Vietn (Bennett; Ruef, 2016).

    A emisso de ttulos verdes e climticos, criada em 2007 como um mecanismo de emprstimo para demonstrar as vantagens econmicas dos investimentos e bens positivos em relao ao meio ambiente, triplicaram em 2013, para cerca de US$ 10 bilhes, depois que instituies financeiras comerciais e corporativas comearam a promover esse mercado. Essas tendncias aceleraram em 2014 (US$ 35 bilhes) e extrapolaram os US$ 80 bilhes em 2016, o que parece ser favorvel em vista do Acordo de Paris no mbito da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre a Mudana do Clima, que estabeleceu a meta de US$100 bilhes para o financiamento climtico at 2020 (CBI, 2017).

    Trs bacias hidrogrficas protegidas conferem cidade de Nova York o maior abastecimento de gua no filtrada dos EUA, e permitem cidade economizar mais de US$300 milhes por ano em operaes de tratamento de gua e custos de manuteno. O programa tambm funcionou como uma alternativa para a construo de uma estao de tratamento de gua, que teria custado entre estimados US$ 8 bilhes e US$ 10 bilhes (Abell et al., 2017).

    Nos pases da Amrica Latina e o Caribe, as companhias de gua e saneamento investem menos de 5% de seus oramentos em infraestrutura verde com a possvel exceo de algumas cidades no Peru , no entanto, essa alocao de recursos aparentemente est aumentando (Echavarria et al., 2015; Bennett; Ruef, 2016).

    Um relatrio recente estima que mais de 30 bilhes sero gastos na Inglaterra para atender s exigncias da EU Water Framework Directive (WFD) se forem mantidos os padres atuais de tratamento de gua e de guas residuais. Desses 30 bilhes para a WFD, o relatrio estima que seriam economizados entre 300 milhes e 1 bilho desse valor com a adoo, por parte do setor hdrico, de abordagens mais amplas no mbito da bacia hidrogrfica (Indepen, 2014, p. 1). Levar em conta os cobenefcios mais amplos para a biodiversidade, a reduo do risco de inundaes e a gesto do carbono, que no foram considerados no relatrio, fortaleceria ainda mais o argumento financeiro em favor da gesto das bacias hidrogrficas.

    Embora dados exatos no estejam disponveis, os casos do Reino Unido e dos pases da Amrica Latina e o Caribe sugerem que cidades, empresas e companhias de gua e saneamento poderiam investir muito mais em SbN. Apesar das alocaes crescentes em SbN em certos pases e regies, os investimentos diretos atuais em SbN parecem ser inferiores a 1% (mundialmente), e provavelmente esto mais prximos da ordem de apenas 0,1% do investimento total em infraestrutura e gesto da gua.

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  • REALIZANDO AVANOS: APROVEITAR O POTENCIAL DAS SbN PARA A GUA E PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    Os dados limitados disponveis sugerem que o investimento em infraestruturas verdes continua a ser apenas uma frao do total do investimento na gesto dos recursos hdricos. Alm disso, ainda existem muitos exemplos de intervenes polticas, de financiamento e de gesto nas quais as SbN esto ausentes, mesmo quando representam a opo mais indicada.

    Naturalmente, as SbN esto intimamente alinhadas aos conhecimentos tradicionais e locais, incluindo os de povos indgenas e tribais, no contexto da variabilidade hdrica. Povos indgenas e tribais cuidam de estimados 22% da superfcie da Terra, e protegem quase 80% da biodiversidade remanescente no planeta, enquanto representam cerca de apenas 5% da populao

    3 No cenrio rivalidade regional (regional rivalry), o mundo separado em regies caracterizadas por pobreza extrema, bolses de riqueza moderada e um grande nmero de pases que lutam para manter o padro de vida para uma populao em franco crescimento. Os pases tm como foco a obteno de segurana energtica e alimentar dentro da sua prpria regio, e o comrcio internacional, incluindo os mercados de recursos energticos e agrcolas, severamente restringido.

    mundial (ILO, 2017). Para que as SbN se beneficiem adequadamente das contribuies dos povos indgenas e tribais, bem como de outras fontes de conhecimento, imperativo que as vulnerabilidades socioeconmicas e ambientais desses povos sejam abordadas, e que seus direitos sejam respeitados.

    As anlises de cenrios tm mostrado de forma consistente que, em muitas reas, o caminho em direo no apenas a uma melhor sustentabilidade, mas tambm prosperidade econmica de longo prazo, passa pela integrao completa da sustentabilidade ambiental. De acordo com a anlise preliminar do cenrio dos recursos hdricos (Burek et al., 2016), no cenrio alternativo de rivalidade regional3, o PIB mundial alcana US$ 220

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    WWDR 2018Fatos e dados

    Nota: com base em US$ 23 bilhes em transaes, em 2015. Para outros US$ 727 milhes em subsdios pblicos em 2015, no foi possvel determinar as contribuies relativas dos governos nacionais e subnacionais.

    Fonte: adaptado de Bennett e Ruef (2016, mapa 2, p. 14).

    Figura 5 Subsdios pblicos para a proteo de bacias hidrogrficas em 2015: pases com programas de subsdios pblicos e quota de contribuio no valor por regio

    Pases com subsdios polticos em vigor para a proteo das bacias hidrogrficas

    Governo supranacional Governo estadual / regional / provincialGoverno nacional

    Escala de contribuio

    US$ 3.655 M

    US$ 56.100 M

    US$ 12.994 M

    US$ 113.600 M

    US$ 6.300 M

    US$ 6.179 M

  • Elaborado pelo WWAP | Engin Koncagl, Michael Tran, Richard Connor e Stefan Uhlenbrook

    Crditos das fotos

    Foto da capa: vista area do distrito comercial central e dos Jardins Botnicos Reais de Sydney (Austrlia), Olga Kashibin/

    Shutterstock.com; pgina 7: vista geral do Grande Pntano de Kemeri (Letnia); Runa S. Lindebjerg flickr.com,

    www.grida.no/resources/11007 CC BY 2.0

    Programa Mundial das Naes Unidas para Avaliao dos Recurso Hdricos

    Gabinete do Programa de Avaliao Global da gua

    Diviso de Cincias Hdricas, UNESCO 06134 Colombella, Pergia, Itlia

    Email: [email protected] www.unesco.org/water/wwap

    Ns reconhecemos com gratido o apoio financeiro fornecido pelo Governo da Itlia e pela Regione Umbria.

    no ano de 2100, mas esse valor US$ 570 trilhes no cenrio intermedirio4 (Figura 1) e e US$ 650 trilhes no cenrio de sustentabilidade5, com um padro similar de PIB per capita. Isso est de acordo com as concluses contemporneas de que a sustentabilidade ambiental no uma limitao para o desenvolvimento social e econmico, mas um requisito para alcan-lo. As SbN fornecem um meio compreensvel e prtico para operacionalizar as polticas e a gesto da gua para atingir esse fim.

    A adoo das SbN no apenas necessria para melhorar os resultados da gesto da gua e atingir a segurana hdrica tambm essencial para assegurar a gerao de cobenefcios que so fundamentais para todos os aspectos do desenvolvimento sustentvel. Embora as SbN no sejam uma panaceia, elas exercem um papel essencial na construo de um futuro melhor, mais prspero, seguro e igualitrio para todos.

    4 O cenrio intermedirio (middle-of-the-road) pressupe que o desenvolvimento mundial ocorra conforme tendncias e paradigmas do passado, de modo que as tendncias sociais, econmicas e tecnolgicas no divergem de forma significativa dos padres histricos (ou seja, da situao usual).

    5 O cenrio de sustentabilidade (sustainability) pressupe que o desenvolvimento mundial faa progressos em direo a sustentabilidade, com esforos contnuos para alcanar as metas de desenvolvimento, reduzindo a intensidade de uso dos recursos e a dependncia dos combustveis fsseis.

    SC-2

    018/

    WS/

    5CL

    D 35

    0.18

    http://www.grida.no/resources/11007mailto:[email protected]://www.unesco.org/water/wwap