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SONIA MARIA BARROS DE OLIVEIRA
SOBRE O USO DE PARÂMETROS
TERMODINÂMICO-INFORMACIONAIS
NA I N T E R P R E T A Ç Ã O DE PROCESSOS
METAMÓRFICOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de GeOcièncias da Universidade de São Paulo.
SÃO PAULO 1973
SONIA MARIA BARROS DE O L I V E I R A
SOBRE O USO DE PARÂMETROS
TERMODINÂMICO-INFORMACIONAIS
NA INTERPRETAÇÃO DE PROCESSOS
METAMÓRFICOS
Dissertação de Mestrado apresen
tada ao Instituto de GeociSncias
do U n i v e r s i d a d e de Sâo Pauló
SAO P A U L O 1 9 7 3
A G R A D E C I M E N T O S
Agradeço ao Prof. Dr. Franco Levi a quem devo
a idéia desta pesquisa, bem como a orientação na sua exe
cução, e a Fundação de Amparo 5 Pesquisa do Estado de São
Paulo que tu tornou possível graças a seu apoio financeiro.
A Srta. Célia Romano Mariano, Sr. Jayme Alves
da Silva e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Uni -
versidade de São Paulo colaboraram nas fases de datilogra_
fia, impressão e montagem deste trabalho. A eles também '
quero expressar meus agradecimentos.
J-jD.Ml.S.Sâ0_WÃ.CICWiIJI^OLÍ:LaG!-A_ftli-!.íli-tr-«-O-/-C'a lacryu
Í N D I C E
1. INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades pg. 1
1.2. Uma medida quantitativa da diferenciação metamórfica pg. 2
1.3. O parâmetro informacional e suas
aplicações em Geociências pg. 4
2. SITUAÇÃO DO PROBLEMA
2.1. Quadro termodinâmico pg. 6
2.2. Quadro probabilístico-informacional pg. 9
2.3. Equivalencia dos dois tipos de abordagem pg.l2
2.4. Propriedades das funções ^ S ^ ^ ^ e Pg«13 3. EXEMPLOS
3.1. Objetivos P8'19
3.2. Critérios na escolha dos exemplos pg.20
3.3. Um exemplo já estudado: os anfibolitos
de Nova York Pg.21
3.4. Anfibolitos do Jaragua Pg«21
3.5. Rochas básicas de Littleton-Moosilauke pg.24
3.6. Peridotitos de Cornwall pg.29
3.7. Quadro geral de comparação pg«34
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1. Passagem de um caso a outro pg.48
4.2. Conclusões pg.48
5. BIBLIOGRAFIA pg.52
1. INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades
A procura de termômetros e barómetros geológicos
vem desde hã muito ocupando a atenção dos pesquisadores in
teressados em petrogênese. O estudo de minerais índices, C £
racterísticos de certas faixas de pressão e temperatura,tem
sido feita exaustivamente. Entretanto, o campo de estabili
dade de cada mineral é também função da composição química
global da rocha e, para levar isso em conta, o número de va
riaveis cresce enormemente, seu controle torna-se difícil e
o problema foge a um tratamento quantitativo mais rigoroso.
Assim, ós petrõlogos são mais ou menos unânimes em concor -
dar que a presença ou ausência de certos minerais e,na maio
ria das vezes, insuficiente para caracterizar, dentro de '
uma boa aproximação, os intervalos de pressão e temperatura
que prevaleceram quando da formação de uma rocha metamórfi
ca .
O agrupamento das rochas metamórficas em fácies ,
caracterizados por uma determinada relação entre composição
química e composição mineralógica foi tentado pela primeira
vez por Eskola em 1915. No decorrer do tempo esse conceito
foi refinado com o estabelecimento de fácies adicionais, '
abandono ou redefinição de certos fácies e subdivisão de ou
tros em sub-fácies. Sempre foram frequentes as discussões '
sobre o significado relativo dos dados petrologicos observa
dos e das condições físicas inferidas do metamorfismo como
critérios na definição de fácies. Assume-se atualmente que
fácies diga respeito a assembléias mineralógicas de rochas'
associadas e não a condições de metamorfismo, embora haja
sérias divergencias de opinião com respeito a até que ponto
as condições de metamorfismo podem ser íhferidas das possí
veis assembléias mineralógicas de um dado>fácies (Turner, «
1968). Assim,apesar de descritivo,o conceito de fácies tem
uma imprecisa conotação genética, pois comovjá foi apontado
por Goldschmidt, as assembléias mineralógicas das rochas me
tamórficas são compostas de minerais estáveis, coexistindo'
em equilíbrio termodinâmico, tendo sido originados dentro '
- 2 -
do mesmo intervalo de condições físico-químicas (Winkler ,
1965).
Em vista do relativo insucesso na quantificação
dos parâmetros termodinâmicos envolvidos na gênese das ro
chas metamórficas através do estudo de associações minera
lógicas em equilíbrio e, consequentemente, da precariedade
das classificações genéticas, justifica-se a procura de ou
tros tipos de abordagem do problema. Ao invés de partir-se
das determinações das grandezas termodinâmicas envolvidas'
nas supostas reações de equilíbrio, é proposto nesse traba
lho um ponto de vista simultaneamente tiacro e microscópico,
procurando uma medida para a complexidade química de uma
rocha,,isto é, uma espécie de coeficiente das hipotéticas'
reações de ordem-desordem das quais a assembléia mineraló
gica representaria o produto final. Está evidentemente im
plícito que quanto mais alta a temperatura de formação das
rochas, mais intensas serão as substituições diadóquicas e,
portanto, maior a desordem cristaloquímica.
Assumindo-se que uma rocha é completamente caracte
rizada se a análise de uma amostra representativa fornecer
as proporções relativas de seus constituintes minerais e a
composição química das posições reticulares destes minerais
e que esses dados são potencialmente capazes de dar indica
ções sobre as condições de gênese, se convenientemente tra
tados, torna-se interessante e promissora a pesquisa das
relações termodinâmicas dedutíveis dos dados analíticos.
É então do ponto de vista da distribuição dos £
tomos dos elementos químicos nas posições reticulares e. ,
portanto, de um ponto de vista geoquímico, que aqui se pr£
põe a abordagem do problema.
1.2. Uma medida quantitativa da diferenciação metamórfica
Um processo de diferenciação magmática é razoa
velmente descrito através de diagramas de variação. Apesar
das inúmeras restrições que se possa fazer a esses tipos '
de representação, são eles uma tentativa de ordenação dos
- 3 -
diferentes estágios de um processo de diferenciação ígnea.
De paralelo pouco existe com respeito ã diferenciação meta
mórfica. S portanto oportuna a pesquisa de parâmetros com'
significado genético que caracterizem os estágios de um pr£
cesso de diferenciação metamórfica.
A entropia de mistura cristaloquímica (AS . ) ,
já definida e caracterizada por Levi, 1969 e 1970,visa cum
prir esse objetivo. Ê uma grandeza que reúne os atributos'
de uma variável termodinâmica, com a qualidade de ser obt£
da facilmente a partir dos dados de análises químicas dos
minerais formadores das rochas, com o subsídio de um conhe
cimento das possíveis diadoquias em cada posição reticular.
Pode ser encarada como a extensão do conceito de entropia'
de mistura a sistemas heterogêneos, Quando referida ã quan
tidade unitária de átomos, é dada pela expressão:
A S . = - r z : N . R l n X . ,onde mix 1 q q,i q,i '
N . é a razão entre o número de átomos da espécie i que
ocupam posições reticulares do tipo q e o número total de
átomos considerados e X . i a razão entre o número de áto
mos da espécie i que ocupam posições reticulares do tipo q
e o número total de átomos que ocupam posições reticulares
do tipo q. R é a constante dos gases.
Rochas quimicamente mais variadas apresentam '
valores de ^ S ^ ^ ^ mais elevados, bem como, partindo de uma
mesma composição química, rochas submetidas a temperaturas
mais altas ou a pressões mais baixas- A primeira afirmação
decorre da expressão matemática acima citada e a segunda ,
de considerações termodinâmicas.
Mostrou-se a aplicabilidade do conceito de en -
tropia de mistura cristaloquímica para interrelacionar a
composição química de diferentes minerais em diferentes r£
chas, cada uma característica de uma fase de um processo '
metamórfico progressivo e de caráter direcional definido '
com relação a pressão e ã temperatura. O parâmetro ^^mix
calculado para cada rocha representativa de um estágio do
metamorfismo mostrou continuidade e decréscimo com relação
- 4 -
i pressão, reflexo de uma maior ordenação no retículo. Os
componentes de ^S^^^,, isto é, .as parcelas corresponden -
tes a cada elemento químico, depois de convenientemente '
retrabalhadas, também são relacionáveis com valores de
pressão e de temperatura, evidenciando as características
da natureza química de cada elemento (Levi, 1970).
1.3. O parâmetro informacional e suas aplicações em Geociências
As relações entre ^S^^^^ e a quantidade de in
formação contida numa rocha já foram, de uma maneira ge -
ral, apontadas por Levi, 1970, e serão aprofundadas nos
parágrafos que se seguem. Por ora, queremos dar ênfase ao
uso cada vez maior que parâmetros do tipo -S p^ log p_ ,
conceituados pelos estatísticos como "a entropia de um '
conjunto de probabilidades p" vem tendo em Geociências.
Concordamos com Voronov, 1970, que "a utiliz¿
ção de métodos matemáticos, incluindo a Teoria da Informa^
ção é essencial nas investigações geológicas, pois é im
possível de outra maneira extrair o máximo de informação'
da vasta acumulação de dados factuais. O numero de traba
lhos nos quais esses métodos são usados vem crescendo ra
pidamente". Griffiths, 1970, preconiza, ainda que vagamen
te, o uso de parâmetros informacionais em Geoquímica e em
outros ramos das Geociências.
Já em 1954, Peito, analisando o problema de
tratamento de dados sedimentolõgicos, propôs o uso do pa
râmetro H = - 5 log p^, onde p^ é a proporção da fra -
ção granulométrica i num sedimento.Calculado H em todos os
pontos de amostragem, foi possível uma representação da v£
riaçao do conteúdo sedimentologico da região em estudo de
uma forma contínua, embora apresentada descontinuamente '
por meio de isoentrõpicas. Assim, cade amostra pode ser '
caracterizada por um parâmetro global, função de várias '
variáveis. Esse método de mapeamento é teoricamente a -
plicável a sistemas de qualquer número de componentes.Se os
COMISSÃO NACIONAL CE E N E R G I A N U C L E A R / S P -IPER
- 5 -
membros finais e os limites do sistema forem adequadamente
escolhidos, a estrutura revelada pela função.H pode ter '
significado físico.
A literatura ainda cita tentativas de correla
ção de H com variáveis estatísticas clássicas, como é o ca^
so dos trabalhos de Voronov, 1968 e 1970 e Ostrovsky,1970.
Dentro de uma linha de tratamento de assuntos'
petrologicos mais semelhantes à nossa, Alligre, 1964, con
ceituou os parâmetros $M e $C, que nada mais são senão a
aplicação da função - Z x log x aos dados de analises'
modais e químicas em rocha total e calculou-os para um con
junto de trezentas rochas. Apesar de não ter levado em con
ta as heterogeneidades resultantes da não equivalencia das
diferentes posições reticulares em termos probabilísticos,
as relações entre $M e $C permitem separar os tipos mais
comuns de rochas e, segundo o próprio autor, dão uma idéia
dos movimentos da matéria na crosta. Nada conclui porem '
quanto ao significado petrológico dos valores numéricos.
A seguir, tentaremos explicitar as relações en
tre os conceitos de ordem, desordem, indeterminação, info£
mação e entropia, e inserí-los tanto num contexto termodi
nâmico como num contexto geológico.
- 6 -
2. SITUAÇÃO DO PROBLEMA
2.1. Quadro termodinâmico
Admite-se que uma assembléia mineralógica ca -
racteristica de uma rocha metamórfica possa ser encarada '
como reflexo de um estado de equilíbrio que prevaleceu na
época de sua formação e que foi se tornando meta-estãvel '
através do tempo. O fato dessa associação de minerais ter
permanecido "congelada" quando sujeita a pressões e tempe
raturas mais baixas é devido ã lentidão com que se proces
sam as reações com o abaixamento de temperatura.
Assim, o estudo da concentração e distribuição
dos elementos químicos nos diferentes minerais de uma ro -
cha pode levar a caracterização dos parâmetros termodinâmi^
COS envolvidos em sua formação, dos quais interessa-nos es
pecialmente a pressão e a temperatura.
Uma associação em equilíbrio numa dada condi -
ção de temperatura e pressão caracteriza-se por um valor '
mínimo de energia livre, o que corresponde a um valor má
ximo de entropia. Essa grandeza, expressão do grau de de -
sordem no arranjo das partículas elementares, aumenta com
o aumento de temperatura e diminui com o aumento de pres -
são, conservados fixos os outros parâmetros. Está, pois ,
a entropia intimamente relacionada com a pressão e a tempe
ratura e sua variação deve refletir a variação delas.
A entropia dos sólidos é expressa pela relação
(Fyfe e Verhoogen, 1958):
S = / J Cp/T dT + k In P , onde
Cp é o calor específico a pressão constante,
T é a temperatura absoluta,
k é á constante de Boltzmann e
P é o número de possíveis arranjos do número considerado '
de partículas.
A primeira parcela é a soma das entropias- pa
drões dos componentes na temperatura considerada e a segun
COMISCÍC NACICN/^L CE E M E R G I A N U C L E A R / S P - IPES
- 7 -
da é a entropia residual, devida principalmente à entropia
de mistura. As outras contribuições ã segunda parcela são'
devidas a vagas e defeitos do retículo, bem como ã intera
ção entre as partículas, aspectos que podem não ser consi
derados em primeira aproximação.
Ainda segundo Fyfe e Verhoogen, 1958, a entropia
residual deve existir em todas as estruturas que apresen -
tam caoticidade na distribuição dos cations de duas ou mais
espécies entre posições reticulares equivalentes, o que é
o caso da maioria dos silicatos complexos formadores de ro_
chas.
A entropia residual, parcela da entropia total
devida a seus componentes não térmicos, pode ser calculada
a partir dos dados de concentração, segundo a formula de
Boltzmann. Este autor interpretou essa grandeza como uma
medida do número de possíveis estados microscópicos associa_
dos a um estado macroscópico particular e expressou esse '
conceito por meio da equação:
S = k In P res.
Admitindo-se as simplificações acima referidas.
A s . = k In P , onde mix
A s . é denominada "entronia de mistura cristaloquímica" , mix
como sugerido por Kern (in Levi, 1970) e Levi, 1970.
Sabatier, 1969 e Brown, 1971 dão a essa grandeza
o nome de "entropia de configuração" e consideram-na para'
um mineral como a soma das contribuições de cada posição '
reticular.
Será seguido aproximadamente o mesmo caminho mos_
trado por esses autores na dedução da fórmula de ^ S ^ ^ ^ , le_
vando em conta ao mesmo tempo todos os minerais existentes
na rocha.
Consideremos uma rocha como sendo formada por mi^
nerais que compreendem os tipos de posições reticulares a,
b,c ...q, ocupadas por n , n, , n ... n átomos respecti-ã D C Q
vãmente. Sejam 1, 2, 3... i as espécies de átomos existen
tes e n sua soma total, de modo que Z n = E n = n.
- 8 -
Levando-se em conta simultaneamente a espécie '
do átomo e a posição que ele ocupa, seja n . o número de
átomos da espécie i que ocupam posições reticulares do ti
po q.
O número total de possíveis arranjos das i esp£
cies nas q posições é dado pela fórmula de permutação '
com repetição:
P n q •
1 q,i .
Para valores de n . muito grandes, como e o ca q » - -
so de, por exemplo, um mol de rocha*, e valida a aproxim£
ção de Stirling (In n = n In n - n) e podemos escrever:
\
- n Z E N In X lim In j ''q n
n . 1 -'.í- n . l / i q q , i q,i q,l->^.- V i q . i L /
onde N . = n . / n e X . = n . / n , usando a notação q,i q,x q,l q,i q
do parágrafo 1.2.
Se considerarmos n igual ao número de Avogadro'
de partículas, teremos era unidades termodinámicas:
A s . = - k n E E N I n X = - R Z Z N I n X mix . . . . .
i q q . i q,i i q . q , i q,i
onde R = n k é a constante dos gases,
Levi, 1970, conceituou:
- R Z N . In X
a = g q,i ( ^ Z N AS
q q,i mix
como o "espalhamento característico" da espécie i. Essa '
grandeza pode ser encarada como a fração de AS . contri-
buida pelo elemento i, referida ã sua quantidade unitária,
Ê um número puro que nao depende nem de R nem da base da
função logarítmica.
* vUm mol de rocha é a quantidade de rocha que contém o número de Avogadro de átomos.
- 9 -
O. deve portanto refletir^ alem dos parâmetros terraodinâ^
micos envolvidos na gênese da rocha, as características '
próprias dà espécie química i.
2.2. Quadro probabí1ístico-informacional
Ja foi assinalado que a entropia de ura sistema'
físico, numa abordagem estatística, pode ser considerada'
como uma medida do grnu de desordem do sistema. Quanto '
maior o grau de ordem de uma disposição, é em média, mais
fácil para se identificar um elemento constituinte qual
quer, tomado ao acaso, e e menor o número de arranjos mi
croscópicos correspondente a uma determinada configuração
macroscópica.
Partir-se-á. então para a procura de uma expres
são que exprima o número médio de perguntas necessárias '
na identificação 5 qunnto ã espécie química, de ura átomo '
qualquer, tomado ao acaso de uma amostra de rocha, dado o
tipo de posição reticular que ele pode ocupar.
A sistemática para esse tipo de procedimento é
uma aplicação dos princípios da Teoria da Informação. Se
gundo essa teoria, dado um conjunto de x elementos equi -
prováveis e admitindo-se um sistema ótimo de codificação,
sao necessárias, no limite, quando x é elevado, log2 x '
unidades de inform.açao, ou, en outras palavras, log2 x '
perguntas do tipo sim-ou-não ou dicotômicas para identifi^
car cada elemento (fórmula de Hartley).
Dado que a informação necessária na identifica
ção de uma determinada espécie atômica é diferente segun
do o tipo de posição reticular que ela ocupa (os átomos '
so sao considerados equiprovãveis quando ocupam posições'
reticulares do mesmo tipo), seu cálculo deverá ser feito
separadamente por tipo de posição reticular.
Usando a notação já especificada no parágrafo '
anterior, concentrar-se-ã primeiramente a atenção no que
se passa nas posições reticulares do tipo q. Elas são ocu
padas por n^ átomos, dos quais n^ ^ pertencem ã espécie i.
Segundo a fórmula de Hartley, para individuali
zar cada um dos n átonos são necessárias log„ n unida - * Q 2 a
- i o
des de informação. Para individualizar todos os átomos da
espécie i em q, é preciso de n . log n unidades de in-
formação.
Calculemos agora a quantidade média de informa
ção por átomo, necessária na identificação dos átomos da
espécie i, em um dos vários tipos de posição reticular on
de eles podem ocorrer, sendo conhecido esse tipo de posi
ção. É necessário fazer o cálculo separadamente por tipo
de posição reticular, pois como já foi referido, sõ se p£
dera considerar equiprováveis os átomos que ocupam posi -
ções do mesmo tipo. Assim, a quantidade total de informa
ção necessária na identificação de todos os átomos da es
pécie i em t o d o s os tipos de posição reticular é Z n . l o g . n q q, 1 i. q
Em média, por átomo de i essa quantidade se re
duz a: X n log n = q q.i 2 q I
1 ,i E n
q qsi
Supondo agora que a informação seja aditiva, '
I- . pode ser considerado como a soma das duas parcelas: 1,1
a) a informação necessária para caracterizar um
átomo qualquer como seiído da espécie i, dado
o tipo de posição reticular que ele ocupa (l£)
b) sabendo-o da espécie i e conhecendo o tipo
de posição reticular, a informação necessá -
ria para individualizá-lo entre os outros á-
tomos de i(I, •)
É a parcela (a) que nos interessa, pois não há
nenhum efeito de desordenaçao de significado físico na '
substituição de um átomo da espécie i por outro idêntico'
da mesma espécie.
Calculemos, pois, \^ :
I. = I, . - Io . 1 1,1 2,1
COMiSCÃC m i C N ^ L CE E N t R G i  N U C L E A R / S P - iPEiS
-11-
I ' ^ n .
q .q ,1
Logo, I^ = T. Tí . l o g - n E n . l o g - n
E n . E n . q q,i q q,i
I. 1
E N log X
_a q » i 2 q.. i
E N
q q»i
i portanto característico da especie i e re
presenta a quantidade média de informação por átomo, ne -
cessaria na identificação de um átomo como sendo da espé
cie i, dado o tipo de posição reticular que ale ocupa.
A informação media necessária na identificação,
quanto ã espécie, de um átomo qualquer, dado o tipo de po_
sição reticular que ele ocupa, será a média ponderada dos
de todas as espécies presentes, sendo os fatores de
ponderação as respectivas abundancias relativas N ^. Es
sa quantidade será referida como I e assim expressa; m
'\ i \.i J Ul s , OU
E E N i q q,i
I = - E E N log X m . . - •
1 q q,i 2 q,i
Para exprimir o quanto é mais difícil identifi
car um átomo da espécie i do que, em média, um átomo qual^
quer, em ambos os casos com o conhecimento de suas posi -
coes reticulares, conceitua-se I'^ como sendo o quociente
de por I^ , ou seja:
-12-
- Z N log X
j i = q q»i- 2 q.i
^ Z N , Z Z N l o g X . q q , i ' i q q,i 2 q,i
Em conclusão, a pergunta; "Tomado um átomo ao a
caso de um dado tipo de posição reticular, quantas pergun
tas tipo sim-ou-não, em média, ou quanto de informação é
necessário para se identificar sua espécie ?" é convenien
temente respondida por I^ . A pergunta: "Depois de ident£
ficados todos os átomos, quantas perguntas, ou qual a in
formação que se referiu aos átomos da espécie i?" é conve
nientemente respondida por . Na linguagem de E.Edwards,
1964, essa é a quantidade de informação que contém uma
solução particular.
2.3. Equivalência dos dois tipos de abordagem
Em ligação com o conceito de informação, impoe-
se considerar também o de indeterminação. Quando se rece
be uma informação sobre uma determinada situação, a inde
terminação com relação a ela diminui. O significado de in
formação reside precisamente nessa diminuição da indeter
minação.
A indeterminação relativa ao resultado de uma'
prova pode ser considerada como numericamente igual ã in
formação trazida pela realização dessa prova. Assim, fa -
lar de informação ou de indeterminação é, no fundo, a mes_
ma coisa; no segundo caso a gente se coloca antes da rea
lização da prova e no primeiro, depois. -
Admite-se que Boltzmann foi o primeiro a assina
lar as relações entre informação e entropia. Ele mostrou'
que a entropia de ura sistema físico pode ser considerada'
como uma medida da desordem do sistema e o numero que me
de a desordem de um sistema, mede também a indeterminação
que diz respeito ao estado das partículas, tomadas indivi
dualmente (Renyi, 1966).-
-13-
Essas relações foram explicitadas 8 aprofunda -
das posteriormente por Shannon, Brillouin e por outros '
teóricos da Teoria da Informação.
â entropia de mistura cristaloquímica e suas '
parcelas deven portanto encontrar seus equivalentes em pa_
râm.etros inf ormaciona • s , Segundo as de^luções dos parágra
fos anteriores:
As • =1 R c 5 onde c e a constante de mix ri
mudança de base de 2 para e^
O. = I' . 1 1
2.4. Propriedades das funções 'mix e i
As propriedades da função -~ S , x In x ji fo_
ram bem estudadas e sao expostas em deèalhe por exemplo ,
em Levij 1970. O mais importante a considerar e que:
- de um modo geral , quanto maior o numero de comp'o-
nantes de um sistema, maior sera AS . . ra I X
- dado um determinado numero de componentes, quanto mais próximas entre si foren suas concentrações '
( S . ) , maior sera A S . . 1 ' _ mix
- A s . S tanto mais sensível ao aumento r.o número mix .
de componentes do sistema, quanto mais baixo es
te for:
Ê também de grande importância o conhecimento '
das relações entre e a concentração da espécie i. Para
poder-se bem situar essas relações partir-se-a da análise
de um caso particular, investigando até que ponto as con
clusões podem, ser generalizadas.
Caso 1 : um tipo de posição reticular ocupado por átomos'
de duas espécies diferentes.
A expressão algébrica de cr em função -da concen
tração de i, N^, e dada por :
In N. ^ _ • 1 e e re-
^ In + (1-N^) In (1-N^. )
- 1 4 -
presentada gráficamente na figura 1. Essa curva so tem sig^
nificado em. sua primeira metade, pois raramente a c o n c e n
tração de um elemento numa rocha atinge mais de 60%.A cur
va é nitidamente decrescente e indica, principalmente no '
trecho considerado, que quanto menor N ^ , maior •
Para melhor visualizar o comportamento de O ^ =
= f(Nj^) nesse caso, examinemos sua derivada a'^ = dcr^/dN^,
representada na figura 2.
InN.In(1-N./N.)+lnN.+(1-N./N.)In(1-N.)
1 X X X X X X . X
(2N,-N?)In^N.+(2N.-2N?)InN.In(1-N./N.)+(1-2N.-N?)In^(1-N.) 1 i' 1 ^ 1 1" 1 1 i' 1 1 1
Quanto mais baixas as concentrações., maiores em
valor absoluto, os valores alcançados por a'^. Isso signi
fica que quanto menor a concentração N^, mais O. é sensi -
vei ã sua variação. Em outras palavras, a entrada ou saída
de alguns átomos de um elemento de baixa concentração na
rocha tem maiot repercussão sobre que no caso de um ele_
mento mais abundante.
Caso 2 : q tipos de posições reticulares ocupados por áto
mos do i diferentes especies.
N .InX .+N, .InX, . ...+N .InX ; ^ a,i a,i b,i b,i q,i q>i ^
^ N . ( N .InX ...+N .InX .+ J N -InX +Z • InX .) 1 a,i a,i q,i q,i j a,j a,j j q,j q,j
para j ? i.
Assumiremos que :
- desde que seja baixo, sua variação vai influir'
pouco sobre as parcelas de AS . devidas ãs outras espé -Itl X X
cies.
Assim consideremos :
Z N .InX . ... + S N .InX . = C = constante 3 a.J a,j j q,j q,j
- ainda no caso de baixos valores de N ^ , variações '
na sua concentração não vão modificar muito a estrutura '
cristalina e consequentemente os parâmetros a ela relacio
nados.
COtólSSÂC KAÍ-.CUkl DE E N E f i G i í . N U C L E A R / S P - IPEüí
4 . 0
3 .0
2 . 0
1.04
-15-
¡0,00 0 , 2 5 0 , 5 0 0 , 7 5 1,00 Ni
::F.i,g-u.ra 1 - Gráfico da função CT^ « f (N'^) para o caso 1
- 1 0 0 , 0 0 0 , 0 5 0 ^ 0,15 0 . 2 0
- 2 0
- 3 0
- 4 0 H
5 0 J
- 6 0 -
Figura 2
Ni
Gráfico da função a\ = f(N^) para o caso 1
-16-
Poder-se-á então considerar N , N, ,... N e A, B,...Q co a b ' q > » ^ . _
mo constantes: N . = N. A a, 1 X
N. . = N. B b, 1 1
•
, onde A + B ... + Q = 1 , e
N . = N, q,i L
N = n /n a a
N = n /n q q
, onde N + N, . . . + N = 1 ' a b q
A expressão para sera a seguinte
(A+B...+Q)N.InN + N.(AlnA-AlnN ...+QlnQ-QlnN ) a, = i i ± . 3
^ N.((A+B...+Q)N.InN.+N.(AlnA-AlnN ...+QlnQ-QlnN )+C)
Segundo o que foi afirmado acima, seja:
AlnA - AlnN^ ...+ QlnQ - QlnN^ = M = constante, então,
Então,
InN. + M a. - ^ . e 1
O' .
N. InN. + M . N , + C 1 1 1
G/N. + ln2N. - 2MlnN. - m2 t _ ^ ^ 1
^ N?ln2N^ + 2MN?lnN^ + MN? + 2CN^lnN^ + 2MCN^ + c 2
Para simplificar os cálculos, atribuiremos os
valores de -1 à constante C e de zero ã constante M. Es -
ses valores estão dentro do intervalo de variação de C e
C 0 5 V Í Í 5 S à C N  C I C N à L Ct EivERGíÂ Í V U C L E A R / S F - sp£i
-17-
M, calculados para rochas comuns.
Resulta, portanto :
In N. a 1 1
N.lnN. - 1 1 1
a' . 1
1/N^ - In^N^
N?ln^N. - 2N,lnN. - 1 1 1 1 1
A expressão grafica dessas duas funções é repr£
sentada nas figuras 3 e 4. Devido ãs simplificações assumi^
das, só haverã sentido em considerar a parte inicial das
curvas, referente a valores bem baixos de .
Como o aspecto geral das curvas é bem semelhan
te ao de suas correspondentes no caso 1, podemos, em pri -
meira aproximação, estender as conclusões desse caso parti^
cular para situações mais complexas.
O conhecimento das propriedades das funções '
'^^mix ^ " i ^^^^ guia importante na interpretação desses
parâmetros num quadro geológico.
4 , 0
3 . 0 -
2 , 0 -
1,0-
-18-
0 , 0 0 0 , 0 5 0,1 N i
Figura 3 - Gráfico da função = f(N^) para o caso 2
0 , 0 0 0 , 2 5 O j 5 0 Ni
-5A
-10 4
-154
Figura 4 - Gráfico da função a V = f(N^) para o caso 2
-19-
3. EXEMPLOS
3.1. Objetivos
Os cálculos de AS . e a., efetuados para ro-
mix i' ^
chas metamórficas descritas na literatura geológica, tivje
ram por finalidade a demonstração da ,aplicabilidade des
ses conceitos na caracterização dos diferentes estágios '
de processos metamórficos, relacionando-os com as varia -
veis termodinámicas envolvidas.
Procurou-se estabelecer, para rochas de comp£
sição química global análoga, submetidas a diferentes '
pressões e temperaturas, tendencias gerais no comportamen
to' da entropía de mistura cristaloquímica. A importância'
relativa da pressão ou da temperatura nos casos estudados
e mais ou menos definida pelas relações geológicas e e ex
pressa, ao menos de maneira aproximada, nos trabalhos ori^
ginais. Os fundamentos teóricos nos quais se baseiam os
cálculos levam-nos a esperar, dada uma mesma composição '
química global, maiores valores de AS^^^ para rochas sub
metidas a temperaturas mais elevadas e, inversamente, me
nores valores de ^ S ^ ^ ^ para rochas submetidas a mais al -
tas pressões. Os resultados obtidos confirmam essas previ
soes, como veremos a seguir.
Foram também calculados os valores de em
cada caso, a fim de verificar se esse parâmetro, de fato,
reflete a natureza química de cada elemento e se ele evo
lui num sentido determinado com relação ã pressão e a tem
peratura. Esses resultados serão discutidos em detalhe '
nos próximos parágrafos.
Os cálculos foram referidos â rocha total com
exclusão do quartzo e só foram consideradas as diadoquias
dos cátions, procedimentos já estabelecidos e justifica -
dos por Levi, 1970.
Com a finalidade de comparar rochas de compo
sição química diferente que evoluiram segundo diferentes'
gradientes de pressão è temperatura, (diferentes dP/dT) em
cada caso, procedeu-se aos cálculos de Aa^ = (referen-
-20-
te ao metamorfismo de maior grau) ~ O'£ (referente ao meta
morfismo de menor grau). Estes parâmetros seriam caracte
rísticos ao mesmo tempo de uma certa composição química '
global e de um certo gradiente dP/dT.
Dessa forma pode-se avaliar as tendências na
evolução dos Aa num quadro global, comparando os dife -
rentes exemplos entre si.
3.2. Critérios na escolha dos exemplos
Na busca, na literatura, de exemplos adequa
dos aos cálculos de AS . e a., observaram-se principal -
mente os seguintes aspectos:
- que se tratasse da descrição de um processo
metamórfico com pelo menos dois estágios bem
caracterizados quanto ã pressão e a tempera
tura.
- que houvesse seguras indicações de um meta -
morfismo isoquímico ou quase isoquímico.
- que houvesse análises modais das rochas ca
racterísticas de cada estágio do metamorfis
mo, bem como análises químicas de seus mine
rais mais abundantes.
Apesar de a literatura geológica sobre áreas
metamórficas ser abundante, o emprego simultâneo desses '
tres critérios restringiu bastante o aproveitamento da '
maior.parte dos trabalhos.
Foram escolhidos, finalmente, tres casos, h£
terogêneos quanto ã abundância e qualidade das análises '
modais e químicas, de modo que impuseram-se certas simpli_
ficaçoes. Esses aspectos serão considerados na interpreta
çao e discutidos em detalhe em cada caso.
Retomou-se também o exemplo ja estudado por
Levi, 1970, a fim de tornar o quadro geral mais completo.
CCIViiS:>AO-KACiCW;L C E E N E R G I A N U C L E A R / S F • Í P E R
-21-
3.3. Um caso jã estudado; os anfibolitos e paragnaisses
de Nova York (Levi, 1970)
Os anfibolitos e paragnaisses fazem parte de
um complexo raetam.Srfico situado junto ao maciço de Adiron
dack em Nova York. Sao rochas resultantes de um processo'
metamórfico de caráter direcional bem definido, com aumen
to de pressão e temperatura a partir do fScies anfibolito
superior nas localidades mais afastadas do maciço intrusi^
vo, até os fácies hornblenda-granulito, junto deste.
Os anfibolitos apresentam-se como lentes del
gadas dentro dos paragnaisses e, numa mesma localidade, o
grau de metamorfismo das duas rochas é comparável.
Ha abundantes dados de analises modais e quí
micas para os dois tipos litológicos em cinco localidades
dispostas segundo o grau crescente de metamorfismo.
O calculo de AS . mostrou maior ordenação re mix ^ —
ticular, isto é,' valores mais baixos com o aumento do '
grau de metamorfismo, tanto para os anfibolitos como para
os paragnaisses. Esse resultado parece indicar que o efei
to da pressão tenha prevalecido sobre o da temperatura.
Resulta dos cálculos qué a desordem cristalo
química é sistematicamente mais intensa nos anfibolitos '
que nos paragnaisses, reflexo da maior riqueza de composi
ção química daqueles.
Os valores de obtidos para os diversos el£
mentos químicos constituintes das rochas mostrou uma evo
lução nitidamente dirigida com o grau de metamorfismo.
Tomando apenas as localidades extremas, Emery
ville, de metamorfismo de menor grau, e Colton, de maior
grau, são apresentados na tabela 1 os valores de ^ S ^ ^ ^ e
C T ^ , calculados para os anfibolitos e paragnaisses.
3.4. Anfibolitos do Jaraguá
As considerações que se seguem foram baseadas
nos trabalhos de Gomes et al, 1962, 1964, sobre as rochas
anfibolíticas que ocorrem na região do Jaraguá, município
-22-
anfibolitos paragnaisses
Em Co Em •t, Co
asi 0,357 0,321 0,553 0,566
1,738 1,793 1,696 1,541
2,793 3,606 2,382 4,015
aFe^ 2,838 4,129 4,078 6,000 2
aFe 1,398 1,518 1,447 1,119
aMg 1,183 1,288 1,573 1,486
axi 3,833 4,480 4,065 3,671
0Mn 6,160 7,042 6,857 6,556
aca 0,453 0,989 1,977 2,008
ONa 1,581 1,276 0,569 0,716
0K 3,037 3,333 0,215 0,175
As . mix ^
(cal.grau )
1,56 1,42 1,35 1,23
Tabela 1 - Valores de CT. e AS , calculados para -• 1 mix * os anfibolitos e paragnaisses das loca lidades de Emeryville e Colton.
COiWiSSAC U í i m i I t E ^ ' E R G i A W U C t . E A R / S P - EPEf
-23-_
de s ã o Paulo.
Os anfibolitos apresentam-se como corpos es -
treitos e alongados, de alguns metros de comprimento, em
geral concordantes com a estrutura regional. Existe entrje
tanto uma grande massa, aflorando por cerca de 1,5 x 2,5
km que parece discordante e que esta em contacto com um '
granito porfiritico mais novo que as rochas circundantes.
É desse corpo que foram escolhidas dez analises modais e
respectivas análises químicas dos minerais para fins de '
cálculo.
Segundo os autores citados, é possível distin
guir no grande corpo anfibolítico duas zonas, baseando-se
em criterios petrográficos:
- uma zona centro-oeste caracterizada por horn-
blendas de baixo índice de refraçao e plagio-
clásios de composição variando de An^^^ a An^^.
- uma zona sul-sudeste de hornblendas de índices
de refraçãú mais altos e de plagioclásios mais
calcicos, variando de An^^ a ^.ng^.
Essas duas zonas serão referidas, de agora em
diante, como zona A e zona B, respectivamente.
As diferenças mineralógicas sao atribuidas à
mais alta temperatura a que se submeteram as rochas da z£
na B durante o metamorfismo regional, em virtude da prox£
midade do contacto com o granito.
A caracterização em uma zona de metamorfismo'
de mais alta temperatura e outra de temperatura mais bai
xa, e a abundância de análises químicas e modais tornaram
esse anfibolito de grande interesse para a aplicação dos
cálculos de entropia de mistura cristaloquímica e suas '
parcelas.
Foram escolhidas cinco amostras de cada zona
e trabalhou-se com a média aritmética das composições mo
dais e químicas, assumindo-se que essas médias tenham va
lor representativo para cada zona.
As análises modais, além de terem sido recal
culadas sem quartzo, também o foram excluindo o epidoto e
a titanita porque nesses minerais as diadoquias são quase
-24-
nulas e as quantidades insignificantes.
Os cálculos tiveram como ponto de partida a '
composição modal média. Os valores de porcentagem em volu
me foram convertidos em porcentagens molares através do '
uso das densidades dos minerais, obtidas a partir da com
posição química, segundo Deer et al, 1962, e dos pesos a-
tomicos dos elementos químicos.
Para cada elemento, em cada tipo de posição '
reticular, foi calculado o fator - N . R InX . , cuia '
somatória para todos os elementos em todos os tipos de po
sições reticulares dá o valor da entropia de mistura crÍ£
taloquimica, característico da rocha.
Em seguida calculou-se para cada elemento qu_í
mico presente o valor de seu "espalhamento característi -
co". Os resultados dos cálculos constam das tabelas 2,3 e
4.
Confrontando-se os resultados dos cálculos da
zona A e da zona B, encontra-se um maior valor de AS . ' mxx
para as rochas que foram mais aquecidas durante o metamor
fismo. Isto estaria de acordo com a idéia de que, assim '
como as solubilidades e as diadoquias, o parâmetro AS ^^^^
deve aumentar com a temperatura. É o contrário do que ocor
re no caso dos anfibolitos de Nova York, onde a ação da '
pressão parece ter prevalecido sobre a da temperatura. No
presente caso nada de positivo se sabe sobre a evolução '
da pressão, mas os autores citados estimam que sua varia
ção não tenha sido considerável.
Quanto aos espalhamentos característicos dos
elementos, seus valores evoluem com a temperatura, de mo
do geral, também contrariamente ao que acontecia no caso'
dos anfibolitos de Nova York. Cabe, portanto, também aqui
aa explicação acima, relativa ã entropia de mistura cris
taloquímica.
3.5. Rochas básicas de Littleton-Moosilauke
Na área de Littleton-Moosilauke, New Hampshi
re , encontra- se üma grande variedade de rochas ígneas e se
dimentates, metámorfizadas e deformadas em diferentes '
-25-
hornblenda plagioclasio ilmenita
% vol. 84,57 11, 87 3,57
\ densidade 3,24 2, 66 4,7
% peso 84,99 9, 81 5,20
peso-form. 53,38 53, 42 75,68
% molar 85,21 10, 77 4,02
posição elemento N (%) q. 1-
X^ .(%) q s 1
-N .RlnX . (xlOO) q,i . q,i
- hornblenda
Si 37,06 82,4 14,15 Z AlIV 7,93 17,6 27,40
AlVI 0,53 1,9 4,16
Fe3 4,51 16,6 16,09
Y Ti 0,52 1,9 4,09
Mg 13,39 49,3 18,74
Fe2 8,10 29,9 19,39
Mn 0,09 0,3 0,10
Ca 10,92 83,5 3,91
X Na 1,84 14,1 7,17
K 0,32 2,5 2,38
- plagioclasio
Na 1,46 68,0 1,12
X Ca 0,68 31,8 1,55
K 0,01 0,3 o;o7
z Si 5,78 67,1 4,60
AlIV 2,84 32,9 6,25
- ilmenita
Fe2 1,62 93,2 0,23 Y Mn 0,09 5.3 0,55
Mg 0,03 1,6 0,23
Ti 2,01 88,5 0,49 Y' AlVI 0,01 0,5 0,11
Fe3 0,25 11,1 1,10
Tabela 2 - Dados relativos ã zona B dos anfibolitos
do Jaraguá.
-26-
hornblenda plagioclasio ilmenita
% vol. 76,74 21,69 1,57
densidade 3,28 2,71 4,7
% peso 79,18 18,50 2,32
peso-form. 59,27 54,50 75,73
% molar 78,32 19,88 1,80
posição elemento x „ . ( % ) -N .RlnX .(xlOO)
- hornblenda
Si 33,48 80,6 14,43
Z AlIV 8,07 19,4 26,29
AlVI 0,65 , 2,7 4,67
Fe3 5,04 20,7 15,77
Ti 0,5 7 2,3 4,28
Y Mg 9,11 37,4 17,76
Fe2 8,90 36,6 17,83
Mn 0,08 0,3 0,09
Ca 10,44 84,0 3,62
X Na 1,55 12,5 6,41
K . 0,44 3,5 2,92
- plagioclasio
Na 1,37 34,4 2,89
X Ca 2,60 65,4 2,19
K 0,01 0,3 0,10
z Si 9,33 58,7 9,93
AlIV 6,58 41,3 11,49
- ilmenita
Fe2 0,72 95,6 0,08
Y Mn 0,03 3,7 0,19
Mg 0,01 0,11
Ti 0,88 85,3 0,28
Y' AlVI 0,01 0,6 0,07
Fe3 0,15 14,1 0,57
Tabela 3 - Dados relativos a zona A dos anfibolitos
do Jaragua.
-27-
asi
OAlIV
aAlVi
aFe3
OTi
aMg
aFe2
aMn
acá
aNa
OK
A S . mix _^
(cal.grau )
zona i
0,401
1,820
5,076
2,220
2,214
1,381
1,312
1,750
0,314
2,246
4,578
1,419
zona
0,327
2,340
5,859
2,699
1,351
1,056
1,508
2,708
0,352
1,876
5,568
1,339
B
Tabela 4 - Valores de O. e de A S . calculados — 1 mix
para os anfibolitos do Jaraguá nas
zonas A e B.
C O M I S S Ã O r¿AC;CW/L U E ^ í E R G Í A N U C L E A R / S P - ( P E »
-28-
graus, descritas por Billings, 1937. Com base na diferen
ça de mineralogia, as rochas são classificadas como de '
baixo, médio e alto grau de metamorfismo, o que correspon
de ãs associações de epi, meso e catazona de Grubenmann e
Niggli.
Na zona de baixo grau essas rochas são xisto-
sas, de granulação variada e de aspecto esverdeado.O feld£
pato presente varia de An^ a An.-. A clorita e a ankerita ^ o i l
estão sempre presentes. Assumindo que não houve nenhuma '
mudança química importante durante o metamorfismo,além de
adição de água e gás carbônico, essas rochas deveriam ter
originalmente composição basáltica.
Os sills e diques de anfibolito de médio e al^
to grau são geralmente cinzentos e maciços, alguns ligei
ramente xistosos. O plagioclasio varia de oligoclásio a
andesina. O anfibólio é sempre a hornblenda. A biotita e£
tá geralmente presente em pequena quantidade.
Quanto ao metamorfismo, acredita o autor que
a temperatura crescente foi o fator dominante. Seus estu
dos levam a conclusão que nao há razão para se supor que
a pressão tenha influido no zoneamento das rochas.
Para os cálculos foram tomados valores modais
médios das duas zonas. Para as rochas de baixo grau a an£
lise modal média fornece: 34,6% de albita, 25,7% de anke
rita, 21,7% de clorita, 9,1% de muscovita, 3% de quartzo'
e 5,9% de acessórios.
Como não há indicações sobre a composição quí^
mica da muscovita e dos acessórios, foram esses minerais,
juntamente com o quartzo, excluidos dos cálculos. Recalcu
lou-se portanto uma moda composta de albita, ankerita e
clorita que perfazem 82% em peso da rocha. A composição '
química da álbita é referida como An^. A ankerita compoe-
se de 21% de FeCO^, 28% de MgCO^ e 51% de CaCO^, em pro -
porções moleculares, Quanto ã clorita, a única indicação'
que se tem é que se trata de uma diabantita. Assumiu-se '
para ela a composição química da diabantita descrita por
Deer et al, 1962, vol.3, pg. 144.
Para as rochas de grau médio a alto, a compo
sição modal é a seguinte: 50,1% dè hornblenda, 35,5% de
-29-
plagioclãsios 6% de biotita, 3% de quartzo e 4, 6% de ace£
sórios. Como no caso anterior, foi recalculada uma moda a
proximada, levando em conta apenas a hornblenda e o pia -
gioclãsio, o que perfaz 85,6% em peso. A composição quími^
ca da hornblenda é dada e o plagioclasio e referido como'
AnjQ .
Trata-se aqui, mais uma vez, de um caso de met¿
morfismo isoquímico, pois, segundo Billings,1937, ambas '
as associações eram originalmente de composição basálti -
ca. O fato de a pressão nao ter influido de maneira deci
siva na mudança de mineralogia permite que se atribua a '
variação de AS^^^ e de apenas ao fator temperatura.
Por essas razoes e pelo fato de haver semelhan
ça na composição química e nas condições de metamorfismo'
entre esse caso e o dos anfibolitos do Jaraguá, o presen
te exemplo é considerado adequado para possíveis compara
ções .
Os resultados dos cálculos sao apresentados nas
tabelas 5.6.e 7.
A intensidade das simplificações que se foi '
obrigada a fazer no cálculo de ^ S ^ ^ ^ e de para as ro -
chas básicas de Littleton-Moosilauke torna evidentemente,
muito precário o valor interpretativo dos resultados obti^
dos. Apesar disso, pode-se afirmar que, em primeira apro
ximação, a evolução desses parâmetros segue, de uma manei
ra geral, a evolução dos mesmos no caso dos anfibolitos '
do Jaraguá, que lhe é comparável.
3.6. Peridotitos de Cornwall
Um exemplo adequado ao estudo do comportamento'
dos parâmetros AS . e a. em rochas submetidas a altas ' mix 1
pressões e a intrusão peridotítica da área de Lizard, em
Cornwall. Um completo estudo petrogenetico dessas rochas,
foi feito por Green, 1964.
O peridotito de Lizard consiste de um corpo maior
e vários menores, possivelmente contínuos em profundidade,
aflorando por cerca de 70 km^. Durante sua formação, num'
-30-
albita ankerita clorita
% vol. 42 ,2 31,3 26,5
densidade 2 ,6 3,01 2,79
% peso 39 '8 33,7 26,5
peso.form. 52 ,7 49,44 56,53
% molar 39 ,6 35,8 , 24,6
posição elemento x „ . ( % ) -N^ .RlnX .(xlOO)
- albita
Si 23,05 72,8 14,42 Z AlIV 8,63 27,2 22,46
Na 7,21 81,0 1,35 X Ca 0,71 9,0 3,40
- ankerita
Fe2 3,76 21,0 11,66
Y Mg 5,01 28,0 12,68
Ca 9,13 51,0 12,23
C 17,90 100,0 0,00
- clorita
Si 8,62 86,1 2,58
z AlIV 1,40 14,0 5,48
AlVI 1,93 13,6 7,65
Y Fe3 0,50 3,5 3,33
Fe2 5,33 37,6 10,39
Mn 0,09 0,6 0,92
Mg 6,34 44,7 10,20
Ca 0,26 64,3 0,23 X Na 0,14 35,7 0,35
Tabela 5 - Dados relativos as rochas básicas de Littleton-
-Moosilauke na zona de metamorfismo de baixo '
grau.
-31-
hornblenda plagioclasio
% vol. 58,5 41,5
densidade 3,2 2,66
% peso 62,9 37,1
peso-form. 57,29 53,36
% molar 61,2 38,8
posição elemento N . (%) .(%) -N .RlnX .(xlOO) q.i q,i
- hornblenda
Si 25,87 85,6 9,89 Z AlIV 5,46 17,4 18,97
AlVI 1,67 8.3 8,28
Ti 0,54 2,7 3,89 Y Fe3 1,33 6,5 7,23
Fe2 6,81 33,6 14,80
Mg 9,93 49,0 14,08
Ca 7.72 80,6 3,33
X Na 1,26 13,2 5,07
K 0,61 1,0 3,35
- plagioclasio
Si 20,95 67,5 16,36
Z AlIV 10,09 32,5 22,54
Na 5,43 70,0 3,85
X Ca 2,33 30,0 5,58
Tabela 6 • - Dados relativos ãs rochas básicas de
Littleton-Moosilauke na zona de meta
morfismo de grau médio.
-32-
asi
aAliv
aAlVí
aTi
aFe^
aFe^
aMn
aMg
aca
aNa
AS . mix (cal.grau~l)
baixo grau
0,450
2,335
3,324
5,580
2,034
8,551
1,690
1,315
0,194
1,193
grau medio
0,409
1,946
3,612
5,254
3,959
1,584
1,034
0,646
0,972
1,372
Tabela 7 - Valores de a. e de AS . calculados 1 mix para as rochas básicas de Littleton--Moosilauke nas zonas de baixo e de médio grau de metamorfismo.
-33-
período de metamorfismo regional de fácies anfibolito,ele
produziu uma aureola metamórfica de alta temperatura.O p£
ridotito preserva am núcleo primário de granulação gros
sa, envolvido por uma camada marginal recristal izada, ca-
taclástica e finamente folhada. As análises químicas mos
tram constancia na composição química global das assem
bléias minerais primária e recristalizada.
A assembléia mineral primária é formada de oli-
vina (FOgg), enstatita aluminosa, dipsídio aluminoso e e£
pinélio. A recristalizada consiste de olivina, enstatita,
diopsídio, plagioclasio e cromita. Localmente, em particu
lar nas áreas de contacto, ocorre uma outra assembléia re^
cristalizada, mais hidratada, formada de olivina, pargasi^
ta, enstatita e espinélio.
A assembléia recristalizada anidra com sua tex
tura e mineralogia características é considerada como um
envelope cataclastico derivado da assembléia primária por
recristalização. A assembléia hidratada desenvolveu-se a
partir da anidra e a substituiu.
O autor conclui que o peridotito é um verdadei
ro diapiro cristalino, cristalizado inicialmente a grande
profundidade que se moveu verticalmente dentro de ura env£
lope cataclastico para um nível crustal mais alto, sob in
fluência de um campo de força regional não hidrostático .
Os efeitos mineralógicos devidos a queda do temperatura *
foram obscurecidos por mudanças mineralógicas devidas ã ,'
queda de pressão de carga nas camadas envoltórias recris
talizadas.
Para o cálculo de AS . e de ( 3 . foram escolhi -mix 1
das uma amostra da assembléia primaria e outra da assem -
bléia recristalizada. Para a primeira há análises quími -
cas completas dos minerais, além da análise modal da ro -
cha, de modo que os cálculos foram efetuados de forma ro
tineira .
Para a amostra recristalizada é apenas disponí
vel uma análise modal da assembléia hidratada, com respe£
tivas análises químicas da pargasita e da rocha total. F£
ram então atribuidas a enstatita e ao espinélio análises'
químicas correspondentes a esses minerais em outras ro-
-34-
chas. A composição química da olivina foi calculada por
diferença, o que forneceu um resultado aceitável, próximo
de uma olivina teórica para a qual vale a relação: 2Si =
= Fe .+ Mg, em número de átomos.
As análises modais para os dois casos são apro
ximadas por causa da serpentinizâção mais ou menos gener£
lizada. O resultado dos cálculos consta das tabelas 8,9 e
10.
Apesar da não disponibilidade ideal dos dados ,
o exemplo de Lizard e considerado adequado aos cálculos '
de ^ S ^ ^ ^ e de , principalmente por dois motivos;
- constância na composição química global das
assembléias primária e recristalizada.
- considerável diferença de pressão na forma
ção dos dois tipos de assembléia, demonstra^
da por estudos pètrogenéticos. Esse fator é
de extrema importância, dada a escassez de
apreciações precisas sobre a pressão "na li
teratura ,
Neste caso, a evolução de AS . e de o- contras^
ta sensivelmente com os dois anteriores, confirmando as
previsões teóricas. Por outro lado, essa evolução asseme
lha-se bastante a evolução dos mesmos parâmetros no caso
dos anfibolitos de Nova York. Lá também, embora de forma'
menos intensa, é a pressão o principal agente do metamor
fismo, em termos dos efeitos químicos refletidos nos val£
^^mix ^ ^i •
3.7. Quadro geral de comparação
Para melhor visualizar <a região de um diagrama
P-T coberta pelo estudo dos anfibolitos do Jaraguá, ro
chas básicas de Littleton-Moosilauke e peridotitos do '
Cornwall, além dos anfibolitos de Nova York, foi construí^
do o esquema apresentado na figura 5. Essa representação'
gráfica, baseada nos dados da literatura, sugeriu a seguin
te ordenação dos quatro casos:
coMiscAc ummi íe umaiA W U C L E A R / S F •• im
-35-
olivina enstatita diopsídio espinélio
% vol. 75,5 15, 0 7, 5 2,0
densidade 3,29 3, 3 3, 3 4,0
% peso 75,1 15, 0 7, 5 2,4
peso-form. 49,10 51,96 54, 14 54,08
% molar 76,4 14, 4 6, 9 2,2
posição elemento X q , 1
-N .RlnX . (xlOC q.i q,J-
- olivina
z Si 25,53 99,8 1,28
AlIV 0,06 0,2 0,74
AlVI 0,46 0,9 4,31
Ti 0,08 0,2 1,04
Fe2 5,27 10,4 23,73
Y Mn 0,08 0,2 1,04
Mg 44,84 88,2 11,16
Ni 0,10 0,2 1,24
- espinélio
AlVI 1,10 75.3 0,61
Y Cr 0,28 19,2 0,92
Fe3 0,08 5,5 0,46
Y' Fe2 0,17 23,0 0,50
Mg 0,57 77,0 0,30
- enstatita
Z Si 6,62 92,1 1,10
AlIV 0,57 7,9 2,88
AlVI 0,36 5,0 2.14
Ti 0,02 0,3 0,23
Y Fe3 0,07 1,0 0,64
Fe2 0,60 8,4 2,95
Mn 0,01 0,1 0,13
Tabela 8 - Dados relativos a zona de rochas primárias
do peridotito de Cornwall.
-36-,
diopsídio
Z
Mg Ca Na K Cr
Si Al IV
AlVI Ti Fe3 Fe2 Mg Ca Na K Cr
5,79 0,28 0,01 0,01 0,06
3,10 0,33
0,16 0,02 0,07 0,12 1,65 1,36 0,04 0,01 0,04
80,5 3.9 0,1 0,1 0,8
90,4 9,6
4,6 0,6 2,0 3.5
47,7 39.3 1,2 0,1 1,2
2,50 1,81 0,13 0.13 0.57
0.62 1,54
0,98 0,20 0.54 0,80 2,44 2,51 0,36 0,03 0.36
Tabela 8 - Dados relativos a zona de rochas primarias (cont.) do peridotito de Cornwall.
-37-
olivina pargasita enstatita espinélio
% voi. 61 .5 36 ,0 2 ,0 0,3
densidade 3 ,19 3 ,1 3 ,3 4,0
% peso 62 ,1 35 .4 2 .1 0,4
peso-form. 49 ,0 53 .0 52 ,1 54,1
7, molar 64 33 ,7 2 ,0 0,3
posição elemento N . (%) \ , i < ^ > -N^ ^RlnXq j^(xlOO)
- olivina
Z Si 21,48 100,0 0,00
Fe2 4,63 11,0 20,31 Y Mg 37,53 89,0 8,69
- pargasita
Si 14,08 80,7 6,07 Z AlIV 3,36 19,3 10,99
AlVI 1,26 11,5 5,42
Ti 0,20 1,8 1,60
Fe3 0,27 2,5 1,98 Y Fe2 0,75 6,8 4,01
Mn 0,02 0,2 0,25
Mg 8,49 77,3 4,36
Ca 4,06 77,0 2,11
X Na 1,10 20,9 3,42
K 0,11 2,1 0,84
- enstatita
Si 0,96 95,9 0,08 Z AlTV 0,04 4,2 0,26
Ti 0,01 0,5 0,05
Fe3 0,02 1.6 0,13
Fe2 0,09 8,7 0,42 Y Mn 0,01 0.2 0,02
Mg 0,85 84,6 0,28
Ca 0,04 3,5 0,23
Tabela 9 - Dados relativos a zona de rochas recristalizadas
d60¡^ig£j|(ao;ia¡eii;idEEdí&£fiCtóLllUCLEAR/SP - IPEK
r 3 8 -
- espinélio
AlVI 0,15 75,0 / 0,09
Y Cr 0,04 19,5 0,13
Fe3 0,01 5.5 0,06
Fe2 0,02 23,0 0,07 Y'
Mg 0,08 77,0 0.04
Tabela 9 - Dados relativos ã zona de rochas recristali-
(cont.) zadas do peridotito de Cornwall.
-39-
r. prim. r. recrist.
asi 0,120 0,232
aAliv 7,588 4,592
aAlVí 5,000 5,455
aTi 15,882 11,000
aFe^ 10,513 9,864
aFe^ 6,358 6,281
aMn 18,281 19,286
aMg 0,416 0,396
aCa 3,692 0,793
aNa 13,611 4,329
aK 21,220 10,500
aCr 6,852 5,000
aNi 17,465
AS . mix (cal.grau~l)
0,711 0,720
Tabela 10 - Valores de a. e de AS . , calculados para 1 mix' ^ as rochas primarias e recristalizadas do peridotito de Cornwall.
- 4 0 -
P R E S S Â O
E M
K B
8 -
6 -
4 -
2 -
- 3 0
- 2 0
B
- 1 0
100 2 0 0
Temperoturo em °C
3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0 7 0 0 8 0 0
Figura 5 - Diagrama P T, mostrando as relações entre os
quatro casoa estudados.
A - rochas básicas de Littleton-Moosilauke
B - anfibolitos do Jaraguá
C - anfibolitos de Nova York
D - peridotitos de Cornwall
v ,üMi£CAC NACiCN.L IL E M E R G I A f v U C L E A R / S P - I P É K
-41-
A - rochas básicas de Littleton-Moosilauke
B - anfibolitos do Jaraguá
C - anfibolitos de Nova York
D - peridotitos de Cornwall
Nos dois primeiros casos a temperatura é o fa -
tor dominante no metamorfismo e nos dois últimos a pressão
compete com a temperatura em importância. Como já assina
lamos, nos casos A e B o valor de A s . calculado para a
rocha tepresentativa do metamorfismo de maior grau e sup£
rior ao calculado para a de grau mais baixo. Com relação'
aos exemplos C e D, ocorre o inverso.
Com a finalidade de dar umá expressão quantita
tiva ã evolução dos CT^, foram computados em cada caso os
valores de Aa^ como sendo a diferença entre os valores de
0^ correspondentes ao metamorfismo dé maior e de menor '
grau. Para o casó dos anfibolitos de Nova York, conside -
rou-se Aa^ entre as localidades extremas. Esses valores '
estão representados na tabela 11 e nàfe figuras 6.7 e 8.
A representação gráfica expõe com clareza que,
de fato, a evolução dos valores de CT^ reflete, de um Ia -
do,as condições do metamorfismo e, de outro, as caracte -
risticas de cada elemento químico. Observa-se que, de mo
do geral, os íons maiores, ocupantes de posições retícula
res do tipo X, comportam-se de uma maneira sistematicamen
te contrastante com os íons menores, ocupantes de posições
reticulares do tipo Y. O silício apresenta um intervalo '
de variação de seus valores de (J muito pequeno porque ele
é sempre o cátion mais abundante e o principal responsa -
vel pelo arcabouço do retículo. Entretanto, de modo geral,
os valores de Aa^ aumentam com o aumento de grau de meta
morfismo, como mostram suas medias simples (figura 9 ) .
A figura 10 mostra as relações entre Aa^ e a '
concentração do elemento i na rocha. Como havia sido pre
visto no estudo teórico das relações entre essas duas '
grandezas, quanto menor a concentração, maiores os valo -
res de ^'^-^t uma vez que a variação de e muito mais sen
sível a variações de concentração na faixa de baixas con
centrações .
-42-
-
A B C D
Si -0,04 + 0,04 -0,04 -0,11 AlIV -0,39 -0,52 + 0,05 + 3,00 AlVI + 0,29 -0,78 + 0,01 -0,46 Ti + 0,86 + 0,65 + 4,88 Fe3 -1,62 -0,48 + 1,29 + 0,65 Fe2 -0,45 -0,20 + 0,13 + 0,08 Mn -0,96 + 0,88 -1,01 Mg -0,66 + 0,33 + 0,10 + 0,02 Ca -0,67 -0,04 + 0,54 + 1,90
+ 0,78 + 0,37 -0,31 + 9,28 K -0,99 + 0,30 -10,72
Aa -0,34 -0,15 + 0,32 + 1,79
Tabela 11 - Valores de Ao^ia^ maior grau -a^ menor grau), calculados para os 4 casos estudados.
Ac" = nódia dos valores de Aa . para os cátions mais abundantes, ou seja. Si, Al', Al'', Fe^, Fe2,, M s , Ca e Na.
A -• rochas básican dé Littleton-Moosilauke B - anfibolitos do Jaraguá C - anfibolitos de Nova York D - peridotitos de Cornxíall.
- 4 3 -
-0.5-
Fígura 6 - Valores de Aa^ nos 4 casos considerados para
os cátions ocupantes das posições reticula -
res tipo Z.
A - rochas básicas.de Littleton-Moosilauke
B - a n f i b o l i t o s d o Jaraguá
C - anfibolitos de Nova York
D - peridotitos de Cornwall
C O M I S S Ã O N A C i C N í L t E ENERSiA N U C L E A R / S P - I P E K
- 4 4 -
F i gura 7 - Valores de Aff . nos 4 casos considerados para os
cations ocupantes de posições reticulares tipo Y
A - rochas básicas de Littleton-Moosilauke .
B - anfibolitos do Jaraguá
C - anfibolitos de Nova York
D - peridotitos de Cornwall
K (10,72)
No (9,28)
- 4 5 -
Fígura 8 - Valores de Aa^ nos 4 casos considerados para os
cátions ocupantes das posições reticulares Tipo W
A - rochas básicas de Littleton-Moosilauke
B - anfibolitos do Jaraguá
e - anfibolitos de Nova York
D - peridotitos de Cornwall
A
-0,5.
Figura 9 - Valores de A a(média dos valoi;es de A a ^ para os
cátions mais abundantes, ou seja. Si,Al',Al" , 3 2
Fe ,Fe ,Mg,Ca e N a ) , nos 4 casos considerados.
A - rochas básicas de Littleton-Moosilauke B - anfibolitos do Jaraguá C - anfibolitos de Nova York D - peridotitos de Cornwall
-4
0 .0
-1,0-
O.IC 0,?.0 0 , 3 0 Ni
Figiira 10 - Diagrama mostrando as relações eatre os valores
de A a ^ e a concentração
-48-
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1. Passagem de um caso a outro
Assim como o parâmetro A S ^ ^ ^ ^ serve para caract£
rizar dois estágios diferentes de Um mesmo processo meta
mórfico isoquímico, propoe-se o uso dos valores de àa^ e
suas médias com a finalidade de ordenar processos metamójr
fieos diferentes.
Calcularam-se os valore? de o^ de cada elemaiito
para os anfibolitos e paragnaisses de Nova York em cada '
estágio do metamorfismo (representado por amostras das l£
calidades de Coltpn, St.Pierrepont, Russel, East Edwards,
Edwards ^ Emeryville, segundo p grau crescente de metamo£
fismo). Tomando-se duas a duas localidades próximas, efe
tuou-se o cálculo dos A f f ^ , bem como de suas médias A a '
para cada caso e os resultados foram colocados em gráfico
(figura 1 1 ) . Obserya-se, principalmente no caso das mé
dias, uma razoável constância dos A a , isto é, um interva
lo de variação pequeno, passando de um caso a outro. Era
de se esperar que isso acontecesse, dada a aproximada con£
tância dos dP/dT entre uma localidade e outra.
O intervalo de variação das médias dos A a ^ é *
praticamente o mesmo para anfibolitos e paragnaisses e é
bem pequeno quando comparado com os outros exemplos (com
parar a figura 11 com a figura 9 ) . Isto sugere que uma mu
dança na mineralogia e na composição química não afetam '
decisivamente a evolução dos A a ^ quando o dP/dT permanece
pratica.mente o mesmo.
Através das considerações acima, justifica-se o
fato de se ter comparado no §3,7. rochas diferentes em
ferentes condições de metamorfismo. Podemos, portanto,nos
casos estudados, atribuir as variações de A a ^ muito mais
ãs variações nas condições de gênese do que ã diversidade
mineralógica e química das rochas.
4.2. Conclusões
Da superfície para a profundidade, na crosta
- 4 9 -
AO-
0,2 ^
o p
-0,2 •{
0,0
-Q.2-]
A N F I B O L I T O S
I V
P A R A G N A I S S E S
V V I VII VIII
Figura 11 - Valores de Lo, calculados para os anfibolitos e paragnaisses de Nova Yorkj tomando duas a duas localidades próximas.
I - Colton e Russel II - Russel e East-Edwards
III - East-Edwards e Edwards IV - Edwards e Emeryville V - Colton e St. Pierrepont
VI - St. Pierrepont e Russel VII - Russel e Edwards
VIII - Edwards e Emeryville
terrestre, são mais ou menos gerais um aumento de temper£
tura, aumento de pressão e aumento do gradiente dP/dT. Do
ponto de vista químico, hã uma passagem irregular de com
posição do tipo granito a composição tipo rocha básica e
finalmente composição tipo ultra-básica. Usando diretamen
te as concentrações em rocha total referentes a esses ma
teriais para o cálculo da "entropia de composição", ou s£
ja, o cálculo da grandeza relacionada ã desordem em ter -
mos apenas de variedades químicas, sem levar em conta o
grau de ordenação introduzido quando se consideram as res
triçoes impostas pela existência de posições reticulares'
não equivalentes, resulta, em cal. grau"^. cátion-grama"^^
média dos granitos , 2,5 (Levi,1970)
média dos basaltos 3,2 (Levi,1970)
peridotito (considerado representativo das rochas
ultrabásicas) 3,3 (calculado a
partir dos dados da pg. 35 e 3 6 ) .
Esse?5 valores mostram que da crosta para o man
to há um aumento de desordem, em ternos de riqueza quími
ca. Entretanto a ordenação reticular correspondente a es
sas transições envolve aum.ento seguido de diminuição (vi
de fig. 5 ) . Esse comportancr.to é explicado pelo fato de
que a partir de uma certa profundidade,o efeito ordenante
da pressão prepondera sobre o de temperatura, propociante
de diadoquias mais intensas. Assim, os minerais mais abun
dantes em rochas do primeiro tipo, como os feldspatos, a-
presentam menor desordem reticular que as hornblendas e '
piroxênios, abundantes em rochas básicas. As olivinas, en
tretanto, abundantes em rochas ultra-básicas, mostram uma
ordenação reticular bem mais pronunciada.
Assim situada a questão, fica claro que a entr£
pia de mistura cristaloquímica constitui, de fato, como '
já foi apontado por Levi, 1970, um índice petrológico gl£
bal que permite ordenar séries de rochas geneticamente r£
lacionadas de maneira não empírica.
Os valores médios de ^^^t por outro lado, corr£
lacionan-se com a posição ocupada num diagrama P-T por di^
-51-
ferentes processos metamórficos. Resta verificar até que
ponto o comportamento de C T ^ e Aa^ reflete as característi^
cas químicas de cada elemento e como pode ser isso inter
pretado em função das diferenças na estrutura atômica.
Parece entretanto patente, que quando a respos
ta de AS^j^^ , e Aa^ ã pressão, temperatura e concen -
tração puder ser mais definitivamente equacionada, as re
lações entre mineralogia e condições de gênese de rochas'
metamórficas serão melhor compreendidas.
-52-
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