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Quando meditava sobre as rápidas palavras a rir neste momento, que me é proporcionado, exclusivamente por obra do coração, iluminado pela bondade, recordei o verso de FERNANDO PESSOA: "Bem sei. Tudo isto é um sorriso Que é nem sequer sor,riso meu. Mas para meu preciso Basta-me ser de quem mo deu. Breve momento em que um olhar ---- Sorriu ·ao certo para mim ... " a memória de um lugar; Onde fui feliz assim". O sorriso deste instante é a memória de uma dra de trabalho feliz de minha vida. Nela,-ao lado de tantos homens públicos irrepreensíveis no cumprimento do dever, de gistrados emínentes da Nação, de milhares de servidores dedica dos e de inexcedível espírito público,e com a assisténcia cons tante de minha esposa,-o Senhor concedeu-me a ventura de poder participar, 'dentre tantos outros, dos trabalhos deste egrég'io Tli'ibunal relativos à organização e ,execução do 'que ,acabou sen do um cívico nacional, a que os meios de, deram part1. cu lar;' realce, onde o povo brasileiro ma nifestou, para, entusiasmo de todos nós, de maneira inequívoca, seu apreço à liberdade e aos prélios eleitorais limpos, e a m! gistratura nacional confirmou, de fotmâ modelar, seu devotamen to e, de serviço à causa da democracia. /MCA 5Y5 SHq.Q? " tJEj.\:J)f.5iUÉ'ttA, ..t

Sorriu ·ao certo para mim - Página Principal :: STF ... · desta Corte, nos ,pleitos de 1985 e ,'1986, de 'acordo com sua tradi ção,' não 'hesitou em, com a ... Tenho presentes,

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Quando meditava sobre as rápidas palavras a prof~

rir neste momento, que me é proporcionado, exclusivamente por

obra do coração, iluminado pela bondade, recordei o verso de

FERNANDO PESSOA:

"Bem sei. Tudo isto é um sorriso

Que é nem sequer sor,riso meu.

Mas para meu não-~ preciso

Basta-me ser de quem mo deu.

Breve momento em que um olhar

---- Sorriu ·ao certo para mim ... "

~s a memória de um lugar;

Onde já fui feliz assim".

O sorriso deste instante é a memória de uma qu~

dra de trabalho feliz de minha vida. Nela,-ao lado de tantos

homens públicos irrepreensíveis no cumprimento do dever, de m~

gistrados emínentes da Nação, de milhares de servidores dedica

dos e de inexcedível espírito público,e com a assisténcia cons

tante de minha esposa,-o Senhor concedeu-me a ventura de poder

participar, 'dentre tantos outros, dos trabalhos deste egrég'io

Tli'ibunal relativos à organização e ,execução do 'que ,acabou sen

do um a~tênticoespetáculo cívico nacional, a que os meios de,

com~icação deram part1. cu lar;' realce, onde o povo brasileiro ma

nifestou, para, entusiasmo de todos nós, de maneira inequívoca,

seu apreço à liberdade e aos prélios eleitorais limpos, e a m!

gistratura nacional confirmou, de fotmâ modelar, seu devotamen •

to e, espíri~o de serviço à causa da democracia.

/MCA 5Y5 SHq.Q?

'(J-~

" J)i!SOJ~-«'t ,Hj~. tJEj.\:J)f.5iUÉ'ttA, p~srn ..t

.. ' 2 •

o recadastramento do eleitorado, ~m 1986, significo~

efetivamente, sob um aspecto, mobilização de mais de sesserlta e no

ve milhões de brasileiros, que compareceram, perante Cartórios E-

, leitorais e Postos de Alistamento, em duas oportunidades, embora o

reduzido tempo: para preencher o formulário de alistamento e rece­

ber o novo titulo de eleitor, sendo atendidos, exclusivamente, p~

los servidores e Juizes da Justiça Eleito~al, sem dependência ou

intermediação de quem quer que seja. Foi o espetáculo do alista-

mento de homens, livres. Cada um,sem dever favor de qualquer espê -

cie" se habilitou, como cidadão,_ ao exere-reio do voto independente,

em seções eleitorais, quanto possivel, próximas à sua residência.A

lS de novembro de 1986, sob a égide da Justiça Eleitoral,- ·sem inci

dentes nem tropelias'; '-tranqüilas as metrópoles, o eleitoradd do

,recadastramento compareceu às urnas, portando as novas cédulas de

identidade eleitoral, e :registrando-se, , ao ensejo, 'o 'menor Indice

~eal , de ab~tenção em éléiçãesgerais do PaIs.

Não só. Nest~ ãmbito, delicado e sensivel da ativida

de judiciária, onde a imprevisibilidade, ,como uma das notasdo . fe­

nômeno politico·, repercute tãoslgnificativamente, logrei, por

igual, a felicidade de acompanhar, dia-a-dia, exemplos marcan~es

da independência da magistratura brasileira, ao enfrentar, sem te,!:

giversações, dificuldades opostas', aqui. e ali, por quem não desej~

va --- às vezes, até, por razões inconfessáveis -a melhoria do . . . . .

processo eleitoral e a decidida ação contra a fraude nó, alistamen-

to e na constituição, em meio seguro ~ magnético, dos novos cadas-

tros' eleitorais, que possibilitam, 'J:loje, a qualquer momento, surpr~

' ender 'pl~~alidade~de inscrições, ou ' ser expungidos de víciOs dete,E'

minados., pel,o cruzamento das informações e registros. • • Foi, assim, o recadastra~ento eleitoral um encontro

memorável do povo e da ~ustiça. O povo, disciplinadamente, em in-

term~náveis filas, por todos os recantos da Pátria, com fé civi

ca, fez-'se presente" crendo na melhoria da's instituições democrá­

'ticas,e a Justiça Eleitoral, por seus Tribunais, JuIzes, servi~~

~.ÂJ9-0 . ' , .

res, empresas contratadas de processamento de dados, correspondeu,

pontualmente, à expectativa da Nação. Atenta contra a fraude elei­

toral; estabelecendo o'recadastramento como prioridade absoluta e

condição fundamental para eleições limpas e lisas à Assembléia Na

õIonal ConstItuinte, cujos trabalhos ora se vão encerrando; irnpe -

dindo a manipulação dos eleitores no processo de alistamento; indo,

desde as belas Capitais aos mais recônditos municípios, distritos

e zonas rurais, aos seringais, aos garimpos, a ilhas, a regiões pa!!

tanosas, aos sertôes, às populações ribeirinhas, à selva amazõnic~

à caatinga, aos c::errados, àscoxilhas~ a . .favelas e alagados, enfim,

até onde, no imenso territõrio nacional, houvesse brasileiro à , sua

espera, para se tornar eleitor e poder preparar-se ao exercício em

plenitude dédireitosdecorrentés da cidadania,- a Justiça \ Eleit~

ral, com a ampla colaboração dos '1:ribunais de Justiça, do Excelen

, tIssimo Senhor Presiden'te da ,RepÚblica, do Congresso Nacional, dos

Senhores Ministros de ,Estado e, em especial, do Senhor Ministro da

Justiça, dos Governadores dos Estados, dos Prefeitos Municipais,

demonstrou ao Brasil a dedicação de seus JuIzes e servidores, ' al

guns havendo inclus! ve tOmbadoe,m serv~ço em lc;>cais in~spi tos, bem

assim sua capaci"dade de cumprir, com zelo inexcedível, as missões

que a Pátria lhe confiar. E tudo foi feito não sem imenso sacrifI

cio de todos, vencendo-se obstáculos de diversas ordens, ,mas com

obstinada determinação, com tenacidade, com o propósito único e ex

clusi vo de servir ao nosso Brasil.

Por igual, a Justiça ~leitoral, sob a orientaç~o

desta Corte, nos ,pleitos de 1985 e ,'1986, de 'acordo com sua tradi

ção, ' não 'hesitou em, com a mesma unidade de ação, cumprir e, ' fazer ,

cumpridas as leis e as instruções assentadas ' para o processo elei

tor,al, para a propaganda eleitoral, não cedendo, como efet.iva:::lente •

é apanágio do Poder Judiciário brasileiro, diante dos interesses

de quem quer que , fosse, por mais alta a , autoridade ou por mais irr.?~

tuosos QS gestos ou palavras, quer de líderes, quer de homens de

/MCA

4.

governos ou de partidos.

Testemunha desses fatos, dá-se, assim, para mim, "

hoje, ao lembrá-los, ensejo de afirmar que, no exemplar trabalho

dos Tribunais e JuIzes Eleitorais, no recadastramento

e nas eleições gerais de 1986,-',i crescer a antiga admiração que

nutro , por toda a magistratura brasileira, por sua independência

e abnegação. A democracia, em nossa Pátria, tem na Justiça Ele!

toral guardiã indefectível do processo de livre manifestação do

povo nas urnas e da segura apuração dos sufrágios e

, dos eleitos. Com o contInuo aprimorame~to técnico

proclamação

dos servi

ços,-sua ação independente e lúcida, por certo, prosseguirá dan '

do à Nação motivos novos para, nela, depositar a confiãri:ça que, .,

historicamente, constitui sua coroa de glória.

Minha senhora 'e eu agradecemos, Senhor Ministro Os

car Corrêa e Dona Diva, o carinho desta cerimônia, a alegria des

te momento. "

Ao caríssimo amigo, Ministro Aldir Passarinho,agra

decemos, também, as generosas palavras, que nos sensibilizaram,

profundamente.

Tenho presentes, é certo, Senhores Mini~tros, que,

à dádiva, ninguém poderá previamente arrogar-se direito, bem as- .

sim o severo juízo, que vem do Evangelho: àquele a quem muito

foi dado, muito se lhe exigirá (Lc 12,48): Constituindo, este,um

' in~tante , de "dádiva, tem, ' para mim, por si só, um reflexo de eter

nidade, ' a que conduz ,porque, ,obra da generosidade, permanece, p~

ra sempre (1 Cor, 13,8).

A só linguagem universal, inteligível a todas as

idades e a todas as criaturi'\s humanas, é a linquagem de bondade . • Permitam-rae d~zer-lhes, Senhor Presidente e Senhores Ministros ,

que foi suave coordenar os trabalhos des,ta Corte, porque, para

' mim, as qonstantes vigí1.ias que o dever nd'~ impôs não pareciam

'senão' curtos períOdOS de labor, mercê do ambiente cordial e soli

?'l}~

3.

dário aqui existente. Recordo, nao sem emoçao, Senhor Ministr~

Oscar Corrêa e Senhores Ministros com os quais tive a honra

de sempre poder partilhar os encargos do Tribunal, a fidalguia

de Voss~s Excelências e a afetuosa colaboração e solidariedade,

em cada ato a realizar, atitude a adotar ou tarefa a cu~;rir.~

bondade e uma expressa0 da luz (Eph, 5, 9) ~ essa luz interior

que nos revela a nós mesmos. Recolhi desta Corte, - de Vos-

sas Excelências e de todos os funcionários, dedicados e exe::l

pIares - a confirmação de que e admirável a vida, quando iluni

nada' pela bondade, mais fecundo o péiisamento, movido pelo

amor.

Muito obrigado.

(Di.scurso proferido, no TSE, a 08.9.1988, na inauguração do re ,.

trato na Galeria dos .ex-Presidentes)