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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História Antiga I

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História Antiga I

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© Editora Positivo Ltda., 2010Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

DIRETOR-SUPERINTENDENTE:

DIRETOR-GERAL:

DIRETOR-EDITORIAL:

GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA: AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO:EDIÇÃO DE CONTEÚDO:

EDIÇÃO:ANALISTA DE ARTE:

PESQUISA ICONOGRÁFICA:EDIÇÃO DE ARTE:

CARTOGRAFIA:ILUSTRAÇÃO:

PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyNorton Frehse Nicolazzi JuniorCamila Castro de SouzaLysvania Villela CordeiroRosana FidelixTatiane Esmanhotto KaminskiVictor Oliveira PuchalskiAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel TulioAngela Giseli / Eduardo VetilloO

2 Comunicação

Alexandra M. Cezar / Sérgio R. G. dos Reis / Expressão Digital© 2001-2009 HAAP Media Ltd/nkzs's; © Wikimedia Commons/Spoladore; © 2001-2009 HAAP Media Ltd/theswedish's; ©Shutterstock/ilker canikligil; © Dreamstime.com/Lee SniderEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.

Neste livro, você encontra ícones com códigos de acesso aos conteúdos digitais. Veja o exemplo:

Acesse o Portal e digite o código na Pesquisa Escolar.

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@HIS1246Estandarte de

Ur: a guerra

entre os povos

da Mesopotâmia

@HIS1246

N641 Nicolazzi Junior, Norton Frehse.Ensino médio : modular : história : história antiga I / Norton Frehse Nicolazzi

Junior ; ilustrações Angela Giseli, Eduardo Vetillo. – Curitiba : Positivo, 2010.: il.

ISBN 978-85-385-6510-9 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-6511-6 (livro do professor)

1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I.Giseli, Angela. II. Vetillo, Eduardo. III. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Introdução aos estudos da História

História 6

Conceitos 7

Unidade 2: Primeiras comunidades

Conceito de civilização 16

Estabelecimento das primeiras civilizações 17

Unidade 3: Mesopotâmia

Região 25

Povos mesopotâmicos 27

Política, economia e religião 28

Cultura 30

Unidade 4: Egito

Região 36

Egípcios 37

Política, economia e religião 39

Cultura 41

Unidade 5: Hebreus, fenícios e persas

Região 44

Hebreus 45

Fenícios 50

Persas 52

Características gerais 54

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4

O cronista que narra os acontecimentos, sem distinguir entre os gran-

des e os pequenos, leva em conta a verdade de que nada do que um dia

aconteceu pode ser considerado perdido para a história. Sem dúvida,

somente a humanidade redimida poderá apropriar-se totalmente do

seu passado. Isso quer dizer: somente para a humanidade redimida o

passado é citável, em cada um dos seus momentos. Cada momento

vivido transforma-se numa citation à l’ordre du jour — e esse dia é

Fonte: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 223.

Introdução aosestudos da História1

História Antiga I4

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Por que se ensina História na escola?

É a partir dessa questão, aparentemente corriqueira entre crianças e adolescentes, que aqui se iniciam os es-tudos de História. Porém, antes de se buscar a resposta para a referida questão, talvez seja conveniente destacar que as comunidades humanas, de alguma maneira, consideraram o ensino de História como parte fundamental da educação de seus jovens.

Comumente, relaciona-se o passado com a História. Muita gente afirma detestar História, não entender o sentido de se estudar e conhecer o passado. Essas pessoas, segundo o psicólogo Mario Carretero, muito prova-velmente, não percebem que o passado nos rodeia, que ele é onipresente, isto é, está em todo lugar, tanto nos espaços públicos como nos privados. O passado está tão exposto aos nossos olhos que nos passa despercebido, simplesmente não o vemos.

Veja alguns exemplos, bem gerais, presentes em diversas sociedades, independentemente de suas culturas e tradições. Os “heróis do passado” convivem cotidianamente conosco, estampados nas cédulas monetárias que carregamos em nossos bolsos e em nossas carteiras.

Nas cidades brasileiras, por exemplo, várias ruas e praças, além de outras instalações urbanas, levam o nome de personagens e de episódios históricos: Avenida Marechal Deodoro, Praça Santos Dumont, Aeroporto Antônio Carlos Jobim, Escola D. Pedro II, etc.

Em nossa própria casa o passado se apresenta, seja em um calendário todo marcado com datas comemora-tivas ou feriados, que nem sabemos ao certo o seu significado; seja por meio de revistas e jornais, do rádio e da televisão, e até da internet.

Então, para que ensinar História? Vamos alterar um pouco essa indagação inicial, perguntando: para que aprender História? A resposta, como você verá, não é única e definitiva, assim como a própria História também não é definitivamente irretocável.

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HISTÓRIA

Cédulas de diversas nações trazem imagens de personagens e referências a episódios ou fatos históricos

Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIAHISTÓRIA

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História

A palavra "história" tem sua raiz na Antiguidade Clássica, ou seja, faz-se uso de um termo que nasceu na Grécia e depois foi apropriado pelos romanos. Tanto para os gregos, como para os romanos, história significava o relato, a narração de um conto ou de uma aventura. De certa maneira, quase todos os grupos humanos que já habitaram a Terra tinham um especial interesse em relatar acontecimentos passados.

Talvez seja compreensível a razão desse interesse pelo passado, pois a narrativa de algum aconteci-mento, quando é transmitida de geração a geração, acaba criando uma memória comum. A construção de uma memória coletiva converte-se em uma “verdade” identitária de determinado grupo cultural ou religioso, firmando-se, assim, as raízes, o legado, a tradição do grupo.

Entretanto, foi por volta do século VI a.C. que os gregos começaram a empregar o termo história com um significado mais amplo do que o da simples narrativa, do mero relato. Nesse período, história passou a ser encarada como pesquisa, investigação. Foram os gregos, portanto, os primeiros homens a utilizarem a história como meio de explicação do passado.

É também de um grego, Heródoto de Halicarnasso (484-420 a.C.), a obra História, na qual se propôs a escrever sobre “os vestígios das ações praticadas pelos homens”. Foi com essas palavras que Heródoto começou a sua obra, enfatizando que tinha “em mira evitar que os vestígios das ações praticadas pelos homens se apagassem com o tempo e que as grandes e maravilhosas explorações dos gregos, assim como as dos bárbaros, permanecessem ignoradas”.

A prática investigativa adotada por Heródoto consistiu em inúmeras viagens, percorrendo toda a Grécia, o Oriente Próximo e parte do norte da África. Nos lugares que visitou, fez levantamento de informações com as pessoas do local e vasculhou todos os tipos de registros escritos. Uma das principais mudanças em relação ao significado de História e à prática de pesquisa histórica a partir de Heródoto foi, segundo a historiadora Vavy Pacheco Borges, o estabelecimento de uma narração temporal cronológica, referente a uma realidade concreta.

Em outras palavras, a História na época de Heródoto preocupou-se em compreender um momento histórico concreto, como a guerra entre gregos e persas. Em períodos anteriores, outros homens, apesar de buscarem conhecimento sobre o passado, faziam isso por meio de explicações mágicas e religiosas da realidade. Esse tipo de explicação é o mito, que não se atém a uma sequência linear de tempo e é repleta de personagens sobrenaturais, como os deuses.

A busca por um sentido da vida e da sua própria origem levou várias sociedades primitivas, mas não apenas elas, a criarem seus próprios mitos, nos quais a história da criação era contada. Essa história, dis-tante da realidade concreta, sempre ocorria em um tempo considerado sagrado, impossível de ser medido e quantificado. Por isso, normalmente, os mitos remetem “aos primórdios”, a “quando tudo começou”.

Oriente Próximo é uma

denominação utilizada para

designar a região da Ásia

próxima ao Mar Medi-terrâneo. A

mesma região também pode

ser chamada de Ásia Menor e

Oriente Médio.

Os mitos fizeram e fazem parte das mais variadas sociedades humanas, desde os tempos mais longínquos até a atualidade contemporânea, sempre despertando um grande fascínio sobre os homens. Segundo os historiadores Kalina Vanderlei da Silva e Maciel Henrique Silva, esse fascínio pelos mitos “sobre nossas mentes talvez seja uma prova de que a humanidade realmente precisa deles”. Os dois historiadores afirmam, ainda, que “a universalidade do mito e sua grande

importância para o pensamento humano é algo palpável no fato de que todas as sociedades elaboram mitos, quer sejam representações do inconsciente coletivo, das estruturas sociais, quer tenham função prática na sociedade”.

Com base na afirmação dos dois historiadores, “de que todas as sociedades elaboram mitos”, discuta com seus colegas sobre a presença dos mitos em diversos momentos da História e seus significados. Considere que os mitos assumiram funções diferenciadas de acordo com os períodos históricos. Compartilhe mitos que você conhece e procure identificar aqueles que fazem parte da cultura contemporânea.

História Antiga I6

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Conceitos

Aprender História é ir muito além do conhecimento de datas, fatos e personagens históricos. Aliás, por muito tempo vigorou um ensino de História que se preocupou apenas com essas informações, nada mais do que uma simples narrativa factual (que se atém aos fatos sem pretender interpretá-los) e linear (que apresenta os acontecimentos em uma ordem de encadeamento sequencial). Porém, com o passar dos anos, após muitos séculos, o ensino da História mudou e passou a privilegiar outras perspectivas e outros temas.

Para melhor compreender as mudanças que afetaram a escrita de História (historiografia), bem como seu ensino e seu aprendizado, é importante conhecer alguns conceitos que são considerados fundamentais, pois permitirão que você possa entender a História, percebendo-se como um sujeito ativo do processo histórico no qual está inserido, podendo notar as diversas rupturas e permanências que o tempo confere a todas as culturas e exercer sua cidadania em plenitude.

Processo históricoA História se propõe a compreender as transformações ocorridas, tanto nas suas permanências

como nas suas rupturas. Os acontecimentos do passado não devem, portanto, ser entendidos apenas como uma sucessão de causas e consequências, pois, se assim procedermos, estaremos deixando de perceber toda nuança do passado, suas sutis diferenças e semelhanças.

Por mais tênues que sejam as diferenças e semelhanças dos acontecimentos do passado, elas se interligam e constroem um emaranhado de ações que constituem a História. Como uma teia de aranha, que nem sempre se apresenta totalmente visível aos nossos olhos, mas está totalmente interligada.

O conceito de processo histórico permite captar que a própria História deriva das diversas interpre-tações do passado, que são consequência de posicionamentos teóricos e metodológicos diferenciados. O historiador Holien Bezerra destaca que admitir a História como um processo histórico permite “apri-

morar o exercício da problematização da vida social”.Para ele, se problematizarmos a vida social em

detrimento da mera descrição factual e linear do passado, podemos identificar as relações de diver-sos grupos sociais, bem como perceber diferenças e semelhanças, igualdades e desigualdades entre eles. Também podemos “comparar problemáticas atuais e de outros momentos, posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as relações possíveis com o passado”.

Nesse sentido, processo histórico é o conjunto das variadas práticas e ações humanas devidamente ordenadas e estruturadas de maneiras racionais. Ou seja, partimos do pressuposto de que processo histó-rico é o resultado da percepção que os estudiosos, no caso os historiadores, fazem do passado.

Historicidade e historiografia A escrita da História, a historiografia, sofreu grandes mudanças nos últimos três séculos. Várias

tendências e práticas foram adotadas e abandonadas de acordo com suas respectivas épocas, isto é, sua própria historicidade (conjunto de fatores que caracterizam uma determinada época).

Os acontecimentos do passado estão interligados, mas nem sempre conseguimos visualizar claramente a relação existente entre eles, assim como as ligações em uma teia de aranha, que na maioria das vezes são imperceptíveis aos nossos olhos

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Ensino Médio | Modular 7

HISTÓRIA

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As transformações ocorridas em trezentos anos se refletiram na produção historiográfica, pois, em cada período desse intervalo de tempo, novas preocupações tomaram os historiadores. Muitas vezes, eles direcionaram seus olhares para um mesmo passado, porém, o viram com olhos distintos, já que seu olhar era característico de seu próprio tempo.

No Dicionário de Conceitos Históricos, historicidade “indica o próprio pertencer de cada indivíduo a seu tempo”. Portanto, “não há sociedade sem história e a própria história tem uma His-tória, visto que o ato de contar, descrever e analisar o passado depende da sociedade e do período de cada contador”.

Em outras palavras, ao procurarem interpretar o passado, os historiadores o fazem de acordo com a sua historicidade, conforme o presente que vivem. Decorre daí o fato de a História ser cons-tantemente reescrita. Em suma, “a História é filha de seu tempo”, já que a percepção humana se organiza historicamente.

Períodos Antiga Contemporânea Média Moderna

Marcos (acontecimentos) históricos Revolução FrancesaQueda do Império Romano do

OcidenteTomada de Constantinopla Atualidade

Ano de ocorrência do marco histórico 1453 1789 201 476

1. Provavelmente, você já teve contato com a consagrada divisão cronológica da História, não é mesmo? Então, agora vamos organizar a famosa “linha do tempo”. Para isso, utilize as informações fornecidas no quadro a seguir (preste atenção que as informações estão todas embaralhadas) e faça o que se pede:

a) Complete a “linha do tempo” com a denominação referente à divisão clássica dos períodos. b) Relacione os marcos históricos que foram escolhidos para servir de baliza cronológica para os respectivos períodos. c) Indique algum acontecimento histórico, que você considere relevante, ocorrido em cada um dos períodos históricos.

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São cada vez mais comuns nas livrarias e bibliotecas obras com uma abordagem histórica que privilegia o passado do Oriente. Considerando os conceitos de historicidade e historiografia, procure livros recentes que tratam da História das civilizações orientais e analise como é feita

essa abordagem. Para você perceber as mudanças historiográficas que ocorreram, procure outros livros, escritos há mais tempo, e compare como um mesmo tema foi trabalhado pelos historiadores. Depois, relacione as dinâmicas políticas e econômicas internacionais contemporâneas com o aumento do número de obras que destacam a História do Oriente.

História Antiga I8

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Tempo e temporalidade Livros, poemas, músicas, pinturas, esculturas, enfim, quanta coisa já foi produzida pela mente

humana em dedicação ao tempo? Desde épocas imemoriais, os homens buscaram quantificar o tem-po. Muitas vezes era uma necessidade prática: precisavam saber, com exatidão, a melhor época para semear e garantir uma boa colheita.

Contar o tempo tornou-se uma obsessão para muitas sociedades humanas. Criaram-se métodos diferenciados utilizando diversos “medidores”, como a Lua, o Sol, a água, o pêndulo, etc. Portanto, o tempo como o concebemos é uma invenção humana, assim como o calendário, o ano, os meses, as semanas, os dias, as horas, os minutos e os segundos.

Para os historiadores, as divisões do tempo são fundamentais, pois separam épocas e marcam acontecimentos, constituindo a cronologia. Do grego khrónos (tempo) e logia (ciência, arte), cronologia é um termo empregado para designar a relação entre datas e acontecimentos históricos, auxiliando o trabalho dos historiadores a situar um determinado acontecimento.

Os historiadores, em sua prática profissional, deparam-se basicamente com dois outros tipos de tempo, o cíclico e o linear. No primeiro, comum aos mitos, por exemplo, o começo coincide com o fim. É a ideia do eterno retorno, da repetição constante em que não há um único começo para a História, mas vários, já que todo fim é um novo começo. Ao contrário, o tempo linear, mais comum nas sociedades ocidentais devido à influência judaico-cristã, tem um começo, um meio e um fim.

A noção de tempo linear é tão presente no mundo contemporâneo que a própria cronologia histórica é nela baseada. A famosa “linha do tempo”, por exemplo, divide o passado em eras (períodos de tempo que organizam um sistema cronológico). Consagrada na historiografia contemporânea, a divisão clássica se dá em Idades, como a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.

2. Com base na “linha do tempo”, responda às seguintes questões: a) Os marcos históricos escolhidos como balizas cronológicas, dividindo os períodos, são convenções que foram

estabelecidas por alguns historiadores europeus no século XIX. Explique o que significa afirmar que determi-nada baliza cronológica é uma convenção.

b) A Revolução Francesa, como baliza cronológica para a divisão de períodos históricos, determina exatamente o fim de um período e começo de outro? Justifique a resposta.

c) Agora é sua vez de dividir a História em períodos: você deve criar outra “linha do tempo”, identificando outros marcos históricos para servirem como baliza cronológica. Não esquecer de denominar os períodos criados, conforme as características que você achar conveniente.

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Ensino Médio | Modular 9

HISTÓRIA

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Sujeito histórico

Quando se pensa nos grandes feitos do passado, normal-mente se lembra de personagens, como reis, imperadores, generais, etc.; é comum atribuir realizações históricas a figuras de destaque. A própria historiografia perpetuou essa maneira de olhar para o passado. Mas, como já foi comenta-do, a historiografia muda constantemente, pois “a História é filha de seu tempo”.

As mudanças ocorridas nas sociedades humanas nos últimos cem anos influenciaram os historiadores a lançar outro olhar sobre o passado, uma nova forma de interpretar os acontecimentos. Uma das principais inovações em relação àquela prática historiográfica de privilegiar apenas os gran-des personagens foi a percepção de que o passado não pode se resumir à ação de apenas algumas pessoas importantes.

Ora, no decorrer do século XX ficou claro que o passado pertence não apenas às figuras de destaque, mas também a vários outros personagens, muitas vezes anônimos, que

Cidadania

Cada vez mais podemos constatar que os homens falam sobre cidadania. É o governo que defende que todo cidadão deve gozar de plena cidadania. São órgãos de classe, como a OAB – Ordem dos Ad-vogados do Brasil – que têm como uma de suas principais bandeiras prezar pela garantia da cidadania plena. Uma rápida busca na internet, cruzando as palavras "cidadania" e "ONG", apresenta dezenas de organizações não governamentais que, de alguma maneira, lutam pela cidadania: vida e cidadania; moradia e cidadania; política e cidadania; ética e cidadania; etc. Vários jornais e várias revistas trazem cadernos e seções intitulados de cidadania.

Entretanto, o que é a cidadania de que todos falam? É preciso responder a essa questão antes de continuar os estudos sobre História.

Cidadania é um conceito que já assumiu vários significados ao longo da História. De maneira geral, considera-se que cidadania é a qualidade daquele que é cidadão, que possui direitos e deveres para com a sociedade da qual faz parte.

É comum as pessoas relacionarem cidadania com o direito de votar. Está certo, mas não é só isso. Cidadania envolve mais do que apenas a participação política. Cidadania refere-se a outras práticas socioculturais e até econômicas, bem como à reivindicação individual ou coletiva por melhores condições de vida (no bairro, na cidade, no trabalho, na escola, em relação ao meio ambiente, etc.).

Assim, exercer a cidadania é estar envolvido com o mundo circundante. É saber respeitar as diferenças existentes na sociedade, sejam elas culturais, étnicas, religiosas ou políticas. É assumir uma postura ativa diante das desigualdades, procurando fazer prevalecer sempre a justiça. É saber identificar e preservar o patrimônio histórico e cultural, tanto o nosso como o de outros povos. É agir conscientemente em relação aos recursos naturais do planeta, pois o exercício da cidadania é também uma preocupação com a vida e a dignidade humanas.

Conhecer a História pode oferecer condições para que um cidadão desenvolva seu senso crítico e perceba-se como sujeito histórico ativo. Perceber diferenças e desigualdades, identificar patrimônios da humanidade e ter conscientização ambiental são temas desenvolvidos nas aulas de História. Por isso, elas têm um grande potencial de ajudar a aprimorar “atitudes e valores imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania”, como destacou o historiador Holien Gonçalves Bezerra.

contribuíram para o desenrolar dos fatos históricos. Nessa nova concepção investigativa do passado, os historiado-res buscaram dar voz aos inúmeros indivíduos que tiveram postura ativa nos seus determinados processos históricos.

Assim, para exemplificar, além “daquele” general que arquitetou estratégias vitoriosas, havia inúmeros soldados, que empunharam suas armas e partiram para o confronto direto com o inimigo. Afora os soldados, suas mulheres e filhos trabalhavam e brincavam enquanto os aguardavam. Ou seja, na construção dos fatos históricos, há muita parti-cipação de sujeitos históricos que nem sempre emprestam seus nomes para os livros de História.

Conceber o passado como o resultado da ação de todos os sujeitos históricos é fundamental para valorizar a participa-ção de todo e qualquer indivíduo. Somente assim garante-se que, como Walter Benjamin ressaltou, “nada do que um dia aconteceu pode ser considerado perdido para a História”.

10 História Antiga I

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(16 de junho de 2006) O governo russo tem ma-

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façanhas

CartaCapital -

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Educación para la ciudadanía

O fragmento de texto apresentado refere-se a uma “ilusão de cidadania”, uma questão levantada pelos autores que reflete uma situação que se torna cada vez mais problemática no início do século XXI. Por isso, é oportuno relacionar a ideia de uma “ilusão de cidadania” com alguns dados noticiados pelas grandes mídias:

A partir da análise das informações apresentadas anteriormente, discuta com seus colegas sobre a existência real de plena cidadania no mundo contemporâneo.

Ensino Médio | Modular 11

HISTÓRIA

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Cultura Se você perguntar a várias pessoas qual o significado do

termo "cultura", perceberá que o conceito de cultura varia e é empregado em diversos sentidos, como: cultura de micro--organismos; cultura agrícola; sinônimo de refinamento e elegância; e relacionado à produção artística e intelectual. Porém, precisa-se de uma definição que se aplique aos es-tudos de História.

De acordo com o Dicionário de Conceitos Históricos, “a definição de cultura como o conjunto de realizações humanas, materiais ou imateriais leva a caracterizá-la como um funda-mento básico da História, que por sua vez pode ser definida como o estudo das realizações humanas ao longo do tempo”.

Entre os tantos significados apontados pelo Dicioná-rio Aurélio, lê-se que cultura é “o conjunto complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças, instituições, valores espirituais, criações materiais, etc.”.

Em suma, se considerarmos cultura como a síntese entre as duas definições apresentadas nos referidos di-cionários, estaremos ampliando significativamente nossas possibilidades de análise histórica. Isto é, relacionando cultura com as realizações humanas e com os padrões e códigos de uma determinada sociedade, podemos buscar outras informações sobre o passado. Afinal, a partir desse conceito dilatado de cultura, temas como o cotidiano e as mentalidades passam a ingressar o rol de assuntos a serem estudados pelos historiadores.

Estudar a cultura de sociedades passadas permite que nos ocupemos com questões relativas ao amor, ao casamen-to, à alimentação, às brincadeiras, ao trabalho, às festas e a muitas outras coisas. Esse tipo de abordagem histórica ganhou muitos adeptos no final do século XX, enriquecendo o conhecimento do passado e, muitas vezes, tornando-o mais interessante, pois os temas que começaram a ser analisados são, muitas vezes, extremamente sedutores e interessantes.

O historiador Carlo Ginzburg, no verão de 1962, deparou-se com um inusitado processo inquisitorial no Arquivo da Cúria Episcopal de Udine, cidade italiana a uns 140 quilômetros de Veneza. Tratava-se de uma sentença extremamente longa com uma acusação de que o réu sustentava que o mundo tinha sua origem na putrefação.

O réu, nascido Domenico Scandella em 1532, era conhecido como Menocchio. Na época do processo, declarou ter 52 anos. Menocchio era homem casado e pai de sete filhos vivos (outros quatro haviam morrido). Além de carpinteiro, pedreiro e marcenei-ro, era moleiro em Montereale, uma pequena aldeia nas colinas do Friuli, próximo à atual fronteira com a Áustria.

Em 1970, Ginzburg voltou a manusear os manuscritos do processo de Menocchio. Analisou detalhadamente o que pensava aquele moleiro do Friuli e escreveu um livro, O queijo e os vermes, o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Leia, na página seguinte, a afirmação de Carlo Ginzburg, segundo o qual:

A produção historiográfica tomou rumos distintos a partir da segunda metade do século XX. Outras preocupações assaltaram os historiadores e novas perguntas passaram a ser feitas ao passado. Como resultado, pôde-se conhecer o cotidiano e a mentalidade das pessoas que viveram em outras épocas. O queijo e os vermes é um exemplo dessas novas abordagens

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O queijo e os vermes -

PERGUNTAS DE UM OPERÁRIO LETRADO

Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?Nos livros vem o nome dos reis,Mas foram os reis que transportaram as pedras?Babilônia, tantas vezes destruída,Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casasDa Lima Dourada moravam seus obreiros?No dia em que ficou pronta a Muralha da China para ondeForam os seus pedreiros? A grande RomaEstá cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quemTriunfaram os Césares? A tão cantada BizâncioSó tinha paláciosPara os seus habitantes? Até a legendária AtlântidaNa noite em que o mar a engoliuViu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as ÍndiasSozinho?César venceu os gauleses.Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?Quando a sua armada se afundou Filipe de EspanhaChorou. E ninguém mais?Frederico II ganhou a Guerra dos Sete AnosQuem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.Quem cozinhava os festins?Em cada década um grande homem.Quem pagava as despesas?

Tantas históriasQuantas perguntas

Carlo Ginzburg, nascido em Turim no ano de 1939, dialogou com ou-tras ciências so-ciais e humanas, principalmente a Antropologia e a Filosofia. Desses diálogos surgiram novas metodologias, novas formas de se interrogar o passado. Assim,

Ginzburg introduziu novas maneiras de se pensar a História

O dramaturgo e poeta ale-mão Bertold Brecht nasceu

em Habsburgo, no ano de 1898. Sua obra caracteriza-

-se pelo rompimento com as estruturas tradicionais. Seus textos denunciam as desigualdades sociais de

maneira explícita, fato que contribuiu para que os nazis-tas retirassem sua cidadania

alemã e queimassem seus livros. Após o término da

Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a derrota

dos nazistas, Brecht retornou à Alemanha e foi morar em Berlim, onde faleceu no ano de 1956

Leia também o poema de Bertold Brecht, a quem o historiador Carlo Ginzburg faz referência em seu texto:

BRECHT, Bertold: Perguntas de um Operário Letrado. Luso Poemas. Disponível em: <http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=173>. Acesso em: 3 jan. 2010.

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HISTÓRIA

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1. Leia o texto a seguir:Sempre haverá um enorme interesse pelo espírito humano, onde e quando quer que ele tenha produ-zido algo que, a partir de nossa ótica contemporâ-nea, seja universal. A urbanização das cidades me-sopotâmicas, as obras faraônicas, o monoteísmo

hebraico e mesmo a habilidade demonstrada pelas tribos “pré-civilizadas” em resolver os conflitos in-ternos são manifestações do homem e, como tais, dizem respeito a todos os homens.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2008. p. 119. Adaptação.

Com base na leitura do texto de Ginzburg e do poema de Brecht, faça o que se pede:

1. Explique a afirmação do historiador Carlo Ginzburg: “No passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente as “gestas dos reis”:

2. Sabendo que Carlo Ginzburg escreveu um livro sobre o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido

pela Inquisição, explique quais foram as principais mudanças em relação ao ofício do historiador e às suas abordagens do passado:

3. Estabeleça uma relação explicando de que maneira o poema de Bertold Brecht sustenta a opção de análise

histórica adotada pelo historiador Carlo Ginzburg:

História Antiga I14

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O texto demarca um tipo de relação temporal construída pela História. Considerando a refle-xão de Políbio, a ideia que expressa a relação entre passado e presente é a seguinte:

a) O passado possui um valor de lição para o presente.

b) O presente rompe com o passado.

c) O passado e o presente são realidades.

d) O presente coloca o passado sob suspeita.

e) O passado pode ser modificado pelo pre-sente.

5. (UEMA) Não há história imóvel e a história tam-bém não é pura mudança, mas sim o estudo das mudanças significativas. A periodização é o principal instrumento de inteligibilidade das mudanças significativas.LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996. p. 47.

De acordo com o texto acima, a periodização histórica:

a) tem como função possibilitar ao historiador a compreensão daquilo que estuda, pois, mesmo que possa ser questionada por ou-tro historiador, viabiliza a organização dos acontecimentos e temas pesquisados no tempo.

b) possui pouca relevância, pois há muito se percebe o quanto cada historiador constrói sua própria periodização, dando a ela as pe-culiaridades que considerar interessantes.

c) deve ter como base os fatos relevantes ao cotidiano das pessoas, mesmo que tais fa-tos não mantenham relação com transfor-mações que repercutem na sociedade em geral.

d) está relacionada com o que Le Goff chama de “mudanças significativas”, por isso mes-mo não deriva do ponto de vista de quem a elaborou, mas da constatação de que a história se divide em períodos inquestioná-veis.

e) divide a História da Humanidade em Pré-His-tória e Idades Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, sendo seus respectivos limi-tes inflexíveis, uma vez que estão relacionadas a “mudanças significativas”.

Com base no texto, responda às questões a seguir:

a) Explique, considerando todas as dinâmicas so-ciais da atualidade (problemas, necessidades, etc.), a importância de se estudar História.

b) Pode-se considerar que um determinado perí-odo da História é melhor do que outro? Justi-fique a sua resposta.

2. (UFPE) A História pode ser vista como uma gran-de aventura humana, onde há buscas e inven-ções incontáveis. A complexidade do ser humano exige do historiador:

a) uma análise exclusiva dos fatos econômicos para compreender a sua ousadia e capacidade de invenção no tempo.

b) um estudo mais relacionado com a interdisci-plinaridade, com a comunicação entre os di-versos saberes existentes.

c) um reforço constante do ideário da Escola Me-tódica, baseado na objetividade e na impar-cialidade do conhecimento científico.

d) uma pesquisa estruturada na racionalidade das fontes escritas, sem relações com depoi-mentos orais ou subjetivos.

e) um saber específico sobre o tempo, afirmando a concepção positivista de Comte, linear e pro-gressista, predominante no século XIX.

3. (UFLA – MG) As alternativas abaixo indicam os principais conceitos utilizados pelos historiado-res para a construção de uma “ciência histórica”, exceto:

a) tempo cronológico e tempo histórico.

b) instituto do patrimônio histórico, artístico e cultural.

c) divisão dos períodos históricos.

d) fontes e memórias históricas.

4. (UFG – GO) Leia a citação a seguir:

Com efeito, um simples relato pode ser corre-to sem ter nenhuma utilidade; acresce-lhe em compensação a exposição da causa, e a prática da história torna-se fecunda. Buscando as ana-logias atuais, encontramos meios e indicações para prever o futuro: o passado nos protege, [...] permitindo-nos realizar nossas empresas sempre mais confiantes.

POLÍBIO. História. Apud PINSKY, J. Modos de produção na Antiguidade. São Paulo: Global, 1984. (Adaptado).

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HISTÓRIA

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O homem contemporâneo parece prezar muito a civilização. É comum ouvir referências a determinado com-portamento como sendo civilizado ou não. Fala-se de uma civilização ocidental em oposição a outra, oriental. Alguns defendem para si a paternidade da tal civilização. Poderia a civilização desaparecer? Enfim, nesta unidade, vamos nos aprofundar um pouco no embaraçoso tema da civilização.

Conceito de civilização

Apresentar um conceito de civilização é uma tarefa árdua, pois um termo como esse adquiriu diversos signifi-cados no decorrer da História. Cabe, agora, estabelecer qual é o significado mais adequado neste início de século XXI. Ou seja, precisamos inventar um sentido que seja coerente com a nossa própria historicidade, com o nosso próprio tempo.

Entretanto, convém que façamos um breve retrospecto do emprego do termo "civilização", que foi criado para atender às expectativas intelectuais dos europeus do século XVIII, também conhecido como Século das Luzes, época do movimento iluminista. Naquele contexto histórico, o conceito de civilização serviu para marcar uma diferença entre uma Europa, terra da civilização, versus a não Europa, dos bárbaros, como definiu o historiador Eric Hobsbawm.

Trata-se, portanto, do estabelecimento, intencional, de uma diferenciação entre o ser civilizado, ideia básica defendida pelos iluministas, em oposição ao bárbaro, representando a barbárie, a selvageria. Nesse sentido, esse significado do termo persiste ainda hoje; quando se qualifica uma pessoa de civilizada, pretende-se dizer que ela é bem-educada, cortês, civil, urbana. O contraponto vem na figura do não civilizado, aquele que é inculto, grosseiro, rústico, selvagem.

Essa definição herdeira dos pensadores iluministas tem óbvias conotações valorativas, pois diferencia por meio de um julgamento que prevê a superioridade de alguns em detrimento de outros. Em suma, civilizados são aqueles que se acham culturalmente superiores.

Não se pode utilizar o termo "civilização" em seu sentido mais cotidiano, pois estaria se fazendo um juízo de valor descomprometido com o ideal de imparcialidade que, em tese, deve orientar as análises históricas. Portanto, como bem salientou o historiador Jaime Pinsky, “devemos caracterizar a civilização com parâmetros objetivos para não fazermos demagogia, dificultando mais ainda a compreensão do processo histórico”.

Assim, considera-se como civilização o processo de desenvolvimento de uma determinada sociedade em que os seus membros compartilham de um conjunto de características comuns. Tais características envolvem um amplo leque de aspectos culturais, que podem ser intelectuais, artísticos, morais e materiais, por exemplo.

Primeiras comunidades2

História Antiga I16

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O emprego do termo "civilização" mudou desde que foi criado no século XVIII. A sua utilização por historiadores, arqueólogos, antropólogos e sociólogos conferiu ao termo novos significados. Apresenta-se um exemplo dessas modificações por meio de duas definições feitas em momentos distintos da História recente.

A primeira definição foi elaborada pelo professor Edward McNall Burns, ainda na primeira metade do século XX. A segunda definição aparece em um livro do historiador Jaime Pinsky, publicado no início do século XXI. São mais de cinquenta anos que separam as duas definições. Mais do que contrapô-las, deseja-se que elas se complementem e auxiliem a melhor compreensão do significado de civilização, ao longo da produção historiográfica.

História da civilização ocidental

As primeiras civilizações

Apesar de já se ter estabelecido uma definição para civilização, que orientará os estudos de História, propõe--se a você um desafio: que tal elaborar outra definição de civilização a partir das suas próprias experiências, da sua percepção de mundo? Considere todas as variáveis possíveis, como questões sociais, econômicas, políticas, ambientais, entre outras. Na sua opinião, o que caracteriza a civilização do século XXI?

Estabelecimento das primeiras civilizações

Considerando-se civilização como o processo de desenvolvimento de uma determinada sociedade na qual os

seus membros compartilham de um conjunto de características comuns, resta agora identificar as etapas desse desenvolvimento.

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HISTÓRIA

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Os boxímanes são descendentes de caçadores e coletores que habitaram a região sul da África há mais de três mil anos. Em pleno século XXI, os poucos boxímanes remanescentes ainda preservam alguns costumes de seus ancestrais

Período Glacial, ou

Era Glacial, é a denominação

que recebe um período de tempo geológico em que

grande parte do planeta, ao adqui-

rir temperaturas muito baixas, fica coberta de gelo e

neve.

Primeiramente, deve-se limitar cronologicamente o espaço de tempo que aqui interessa. De acordo com o geógrafo Jurandyr Ross, “nosso último período glacial ocorreu entre 12 e 18 mil anos atrás”.

Durante as Eras Glaciais, as condições de vida na Terra eram inóspitas: faltavam alimentos; as ferramentas, quando existiam, eram rudimentares; e a ameaça de predadores era uma constante. Em outras palavras, sobreviver nesses períodos era uma verdadeira proeza. Mas alguns ancestrais do homem moderno conseguiram vencer as adversidades adaptando-se e desenvolvendo tecnologias (para abrigos, caça, pesca, fabricação de ferramentas e armas, etc.).

Quando a última Era Glacial acabou, há mais ou menos doze mil anos, a Terra deixou de ser um ambiente tão inóspito. Na realidade, o planeta passou a oferecer condições cada vez mais adequadas e variadas para a sobrevivência humana. Novas adaptações surgiram e, apesar das inúmeras hipóteses que rondam o tema, acredita-se que um grande salto no desenvolvimento dos grupos humanos tenha ocorrido há cerca de dez mil anos. Trata-se da revolução agrícola.

Nossos ancestrais deixaram de ser meros caçadores-pescadores- -coletores e passaram a praticar a agricultura, um dos primeiros passos para a sedentarização humana. Para tanto, foi necessário que aqueles grupos de homens se organizassem, originando sociedades organizadas, que podem ser admitidas como “mãe” das primeiras civilizações.

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Origens da agricultura

Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 17.

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O aparecimento da agricultura representou um desenvolvimento com consequências tão impactantes que, justamente por isso, é conhecido por revolução agrícola. Nesse processo histórico, a fixação do homem em um sítio específico lançou as sementes da vida urbana. Antes disso, imagine que os caçadores e coletores precisavam, em média, de uma área equivalente a um quilômetro quadrado para alimentar cerca de quatro pessoas.

A disponibilidade de alimentos oferecida pela agricultura permitiu a sedentarização e, de modo indireto, o aumento demográfico. Afinal, um espaço de um quilômetro quadrado, se bem explorado, pode fornecer comida para muito mais de quatro pessoas. Nesse sentido, também houve mudanças em relação à divisão das tarefas e à participação feminina nas atividades agrícolas.

Segundo o historiador Lewis Mumford, foi a mulher que, pelas suas características de passividade (em relação ao macho caçador, que precisava ser ágil e veloz, enquanto a fêmea se dedicava aos filhos) e de guardadora de alimentos, manejou o bastão de cavar e a enxada, cultivando espécies que até então eram apenas coletadas. Nessa atividade, a mulher selecionou e cruzou espécies selvagens, transformando-as em variedades domésticas produtivas e altamente nutritivas. Também foi a mulher que criou “os primeiros recipientes, tecendo cestas e dando forma aos primeiros vasos de barro”.

A domesticação de espécies selvagens variou de região para região, como demonstra o mapa das origens da agricultura. Na região do Oriente Médio, uma das mais antigas áreas de desenvolvimento agrícola, produzia-se cevada, trigo, lentilha e ervilha. Na Ásia, os primeiros produtos agrícolas a serem sistematicamente cultivados foram o milhete (tipo de milho de grãos muito pequenos), a soja e o arroz, além da tangerina, da cana-de-açúcar e da banana. Nas Américas, cultivava-se girassol, abóbora, milho, amendoim, abacate, algodão, batata, abacaxi, feijão e quinoa. O sorgo (um cereal), o quiabo e o inhame (um tubérculo) eram cultivados na África. A Europa iniciou suas atividades agrícolas plantando aveia e cevada.

É importante destacar que estão sendo citados produtos que eram cultivados nos primórdios da agricultura, em uma época que, em certos locais, remonta há quase dez mil anos. As técnicas empregadas pelos primeiros agricultores eram extremamente rudimentares, fato que, na maioria das vezes, resultava em baixa produtividade. Aliem-se a isso os limites naturais, como a fertilidade e a quantidade disponível de solo. E, dependendo da organização do grupo agricultor, a produção poderia ser maior ou menor.

Era a quantidade de alimentos produzidos que definia a quantidade de pessoas no grupo. Quando o crescimento populacional esbarrava na insuficiência de alimentos, poderia ocorrer a divisão do grupo, originando, assim, novos núcleos habitacionais e disseminando as práticas agrícolas. Aliás, não apenas estas, mas também as atividades de criação, pois, paralelamente ao desenvolvimento da agricultura, também se desenvolveu a domesticação de animais.

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ital.

As primeiras formações humanas sedentárias

originaram aldeias que, depois de um longo

processo histórico de transformações, viraram

cidades. O processo de sedentarização foi

paralelo ao desenvolvi-mento da agricultura e da

domesticação de alguns animais, como carneiros

e ovelhas

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HISTÓRIA

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Talvez os primeiros agricultores tenham espantado ou matado os animais selvagens que se aproximavam de seus campos cultivados, afinal, era a reação humana mais provável diante de animais que ameaçavam seu suprimento de comida. Talvez, alguns daqueles agricultores tenham percebido que, se cuidassem daqueles animais, pudessem aumentar suas reservas de alimento. Não se sabe ao certo como se deu o processo de domesticação de animais, mas há indícios de que há dez mil anos já havia ovelhas e cabras vivendo junto com os aldeamentos humanos, inclusive sendo alimentadas pelos homens com restos de grãos.

Nem todos os animais foram aproveitados para a alimentação. Os cães, por exemplo, foram alimentados e treinados, e pequenos filhotes do lobo asiático acabaram tornando-se o fiel amigo do homem. Os cães ajudavam no pastoreio dos pequenos rebanhos de ovinos, além de vigiar as aldeias contra outros animais selvagens.

Depois vieram os porcos, por volta de nove mil anos atrás, e o arouque (espécie de gado asiático, também chamado de bisão-europeu), há, provavelmente, oito mil anos. E, logo, os primeiros agrupamentos de huma-

nos sedentários tinham condições de abrigar cada vez mais pessoas. Outras atividades, que não a de apenas produzir alimentos, foram

aparecendo. As aldeias evoluíram em tamanho e necessidades, originando-se, dessa forma, as primeiras cidades.

Em outras palavras, o processo histórico de desenvol-vimento da agricultura e da pecuária, aliado à produção

de excedentes alimentares e o surgimento de outras atividades que garantissem a estabilidade material do grupo (soldados, burocratas e artesãos, por exemplo) permitiu o estabelecimento das primeiras civilizações.

De acordo com os vestígios arqueológicos e registros históricos, as primeiras civilizações ocupavam uma vasta extensão de terras que abrangia parte do Oriente Médio e

a porção nordeste do continente africano. Essa região, pelas suas características, ficou conhecida como Crescente Fértil.

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Crescente Fértil: terra das primeiras civilizações

BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003 e ATLAS nacional digital. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. Adaptação.

Representação

cartográfica do

Crescente Fértil

@HIS915

Arte rupestre: os

primeiros registros

deixados pelo

homem

@HIS1356

História Antiga I20

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Observe a tirinha a seguir:

Depois de observar atentamente a tirinha, responda ao que se pede:

1. Existe um senso comum que defina o termo "civilização"? Justifique a resposta.

2. De acordo com a tirinha, qual é a diferença fundamental entre os que fundaram a civilização e aqueles que desejam destruí-la?

É claro que não era só da agricultura e da pecuária que necessitavam os primeiros homens que acabaram se fixando em sítios específicos. Outros elementos e fatores também eram imprescindíveis para aqueles grupos. Entre eles, pode-se citar o sal.

Pode parecer extremamente insignificante, não é mesmo? Mas o sal é fundamental para a sobrevivência humana e, muitas vezes, nem é dada a devida importância para esse produto que faz parte de nossas vidas desde o tempo do desenvolvimento da agricultura, como lembrou o jornalista Mark Kurlansky.

-

Sal

O texto destaca a importância do sal para homens e animais. A História demonstra que o homem realmente necessita do sal para a sua sobrevivência. Entretanto, essa carência não é apenas biológica, já que o homem descobriu que o sal tem várias outras finalidades. Pesquise sobre a relação entre a humanidade e o sal para saber de que outras maneiras o homem usou esse importante elemento tão fundamental.

Obse

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HISTÓRIA

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Na última unidade foram abordadas algumas questões conceituais que são muito impor-tantes para melhor compreender a História. Entre os conceitos trabalhados estavam o tempo e a temporalidade, básicos para o ofício do historiador, que precisa organizar o passado crono-logicamente. Como são conceitos fundamentais, propõem-se três atividades sobre esse tema.

1. (ENEM)

Considerando os dois documentos, podemos afirmar que a natureza do pensamento que permite a datação da Terra é de natureza:

a) científica no primeiro e mágica no segundo.b) social no primeiro e política no segundo. c) religiosa no primeiro e científica no segundo.d) religiosa no primeiro e econômica no segundo.e) matemática no primeiro e algébrica no segundo.

2. (ENEM) Para o registro de processos naturais e sociais devem ser utilizadas diferentes escalas de tempo. Por exemplo, para a datação do Sistema Solar é necessária uma escala de bilhões de anos, enquanto que, para a História do Brasil, basta uma escala de centenas de anos.

Assim, para os estudos relativos ao surgimento da vida no planeta e para os estudos relativos ao surgimento da escrita, seria adequado utilizar, respectivamente, escalas de:

a) Vida no planeta EscritaMilhares de anos Centenas de anos

b) Vida no planeta EscritaMilhões de anos Centenas de anos

c) Vida no planeta EscritaMilhões de anos Milhares de anos

d) Vida no planeta EscritaBilhões de anos Milhões de anos

e) Vida no planeta EscritaBilhões de anos Milhares de anos

Documento IIAvalia-se em cerca de quatro e meio bilhões de anos a idade da Terra, pela comparação entre a abundância relativa de diferentes isótopos de urânio com suas diferentes meias-vidas radiativas.

Documento I

História Antiga I22

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2. A partir das duas sentenças a seguir, faça o que se pede:

“O terceiro milênio a.C. testemunha um grande número de núcleos urbanos se desenvolvendo ao longo do Tigre e do Eufrates.”

“Não há milagre egípcio, o desenvolvimento egípcio tem bases muito concretas. O Rio (Nilo) oferece condições potenciais, que foram apro-veitadas pela força de trabalho dos camponeses egípcios [...].”

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2008. p. 69, 88.

a) Por que o território ocupado pelas civilizações mesopotâmica e egípcia é conhecido como re-gião do Crescente Fértil?

b) De acordo com as duas sentenças, além da contribuição dos rios Nilo, Eufrates e Tigre, que outros fatores foram fundamentais para o estabelecimento das primeiras civilizações na região do Crescente Fértil?

1. Sobre o surgimento das primeiras civilizações, assinale a alternativa correta:

a) A fixação dos grupos humanos a um território es-pecífico promoveu mudanças significativas, pois com várias pessoas habitando um único território, ficou cada vez mais difícil garantir a alimentação.

b) Os vestígios históricos indicam que as primei-ras civilizações tiveram origem há 3 mil anos, na região da Oceania. Nessa região, os ele-mentos naturais contribuíram para a produ-ção de habitações resistentes, fator que possi-bilitou o aumento demográfico.

c) De todas as informações utilizadas para melhor entender as civilizações antigas, apenas não se dis-põe de manifestações artísticas e arquitetônicas.

d) Pode-se afirmar que civilização é um processo pelo qual os elementos culturais de uma socie-dade (conhecimentos, técnicas, bens e realiza-ções materiais, valores, costumes, gostos, etc.) são coletivos e/ou individualmente elaborados, desenvolvidos e aprimorados.

e) As civilizações antigas surgiram e desaparece-ram sem deixar vestígios para que suas cultu-ras e tradições pudessem ser conhecidas.

1 SoSoSSSoSoSSSSoSoSSSSSSSSSSS brbbbbbb e o surgimen

3. (ENEM) Os quatro calendários apresentados abaixo mostram a variedade na contagem do tempo em diversas sociedades.

Fonte: Adaptado de Época , n. 55, 7 de junho de 1999.

Com base nas informações apresentadas, pode-se afirmar que: a) o final do milênio, 1999/2000, é um fator comum às diferentes culturas e tradições. b) embora o calendário cristão seja hoje adotado em âmbito internacional, cada cultura registra seus eventos

marcantes em calendário próprio.c) o calendário cristão foi adotado universalmente porque, sendo solar, é mais preciso que os demais.d) a religião não foi determinante na definição dos calendários.e) o calendário cristão tornou-se dominante por sua antiguidade.

Ensino Médio | Modular 23

HISTÓRIA

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Preste atenção nas imagens a seguir:

São quatro imagens: uma delas mostra uma casa construída com tijolos de barro; outra exibe o tradicional e crescente trânsito caótico dos grandes centros urbanos; uma imagem apresenta a colheita mecanizada de grãos; e outra mostra um texto manuscrito. Agora responda: o que essas imagens têm em comum?

Inicialmente, talvez seja difícil estabelecer um nexo coerente entre as imagens. Entretanto, como o estudo é referente à civilização mesopotâmica, podem-se vincular as imagens com a herança cultural que os povos mesopo-tâmicos legaram ao mundo.

Algumas coisas, aparentemente banais atualmente, foram desenvolvidas primeiramente na região da Mesopotâmia, como os tijolos de barro, os veículos com rodas, a plantação de grãos e a linguagem escrita. E, além disso, foi naquela região que surgiram as primeiras cidades de que se tem notícia. Não é surpreendente? Nesta unidade, apresenta-se um pouco mais sobre alguns povos que são genericamente denominados de mesopotâmicos.

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Região

Primeiramente, é importante destacar que Mesopotâmia é uma palavra grega que significa “entre rios”. Logo, os referidos rios são o Tigre e o Eufrates, que atualmente percorrem, cada um, mais de 700 quilômetros em território iraquiano. As águas do Rio Eufrates também passam pelo território da Síria. Ambos os rios deságuam no Golfo Pérsico.

O norte da Mesopotâmia é uma região formada por planícies e colinas, onde os dois rios recebem águas das chuvas sazonais, de vários afluentes e, principalmente, do degelo das montanhas da atual Turquia, onde estão localizadas as suas nascentes. Na Antiguidade, a região era conhecida como Anatólia. Já no sul, predominam as pla-nícies, que, com a abundância de água fornecida pelos dois grandes rios, formaram grandes pântanos (muitos dos quais foram drenados nos últimos séculos). Pelas características distintas das duas áreas, também são chamadas de Alta Mesopotâmia (mais montanhosa) e Baixa Mesopotâmia (sobressaindo as planícies).

No Oriente Médio prevalece o clima desértico, com várias exten-sões de terras impróprias para a fixação humana. Entretanto, apesar do clima desértico, a Mesopotâmia foi beneficiada pelas águas dos rios Tigre e Eufrates, possibilitando, dessa maneira, que grupos humanos aproveitassem esse importante recurso natural, fundamental para a sobrevivência e para a produção de alimentos.

Rio Eufrates na cidade de Deir ez-Zor, Síria

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Rio Tigre na cidade de Bagdá, Iraque

Os rios Eufrates e Tigre permitiram a grande concentração populacional e a presença de importantes centros urbanos, con-siderados como as primeiras cidades da História. Praticamente três milênios depois do surgimento das primeiras cidades na região, os dois rios mantêm sua importância, apesar das inúmeras mudanças de curso, do assoreamento e da poluição.

Ensino Médio | Modular 25

HISTÓRIA

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Como o abastecimento dos dois rios é sazonal, isto é, ocorre em determinadas estações do ano, tem-se um período de cheias seguido de outro em que, dependendo das condições climáticas, pode chegar a faltar água na Baixa Mesopotâmia. Some-se a isso o fato de que as cheias são completamente irregulares, não sendo possível prever a quantidade de águas que fluem pelos rios.

Na Alta Mesopotâmia, em função das colinas e montanhas, a força das águas chegava a ser devastadora, carregando tudo o que encontrava pela frente. Já nas planícies, apesar de as correntes perderem velocidade, se não houvesse intervenção humana, os prejuízos seriam significativos.

Portanto, para que pudessem aproveitar os recursos hidráulicos daqueles rios, os grupos humanos mesopotâmicos precisaram se organizar e adotar práticas para conter as forças das águas. Porém, a mesma correnteza que podia destruir, era altamente benéfica para a agricultura. Lembre-se de que a região é desértica, inapropriada para a agricultura. Mas, juntamente com as águas dos rios, que fluíam desde longas distâncias, ia também muita matéria orgânica (limo, cal, barro, enfim, húmus), indispensável para fertilizar o solo e garantir uma produção satisfatória.

Justamente por causa das cheias irregulares, a ação humana se fazia essencial. Verdadeiras obras de engenharia hidráulica foram erigidas com o objetivo de melhor aproveitar as águas dos rios e evitar que as plantações fossem perdidas. Diques de contenção (para desviar ou conter a invasão das águas), tanques (que funcionavam como reservatórios), canais e valas eram algumas das obras de proteção e irrigação que permitiram a sedentarização humana na Mesopotâmia.

Disso tudo, pode-se concluir que a ocupação das margens dos rios Eufrates e Tigre, o cultivo agrí-cola regular e o estabelecimento de cidades indicam que ali surgiram civilizações, pois se trata de um processo de desenvolvimento no qual os membros das sociedades mesopotâmicas compartilharam de um conjunto de características comuns.

Luci

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Dan

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Mesopotâmia, região entre rios

ATLAS geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Adaptação.

História Antiga I26

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Povos mesopotâmicos

O vale dos rios Eufrates e Tigre, graças à intervenção humana, foi o berço de inúmeras cidades que surgiram há cerca de quatro mil anos, como Uruk, Lagash, Ur, Sumer, Umma, Kish, Nippur, Akad, entre outras. Vários povos se sucederam na ocupação desses centros urbanos que, segundo estimativas, abrigavam de dez a trinta mil habitantes em média. Alguns autores chegam a afirmar que, em cidades como Ur, uma das maiores, pode ter chegado a abrigar mais de 200 mil pessoas no início do segundo milênio antes da Era Cristã.

Entre os povos que ocuparam a Mesopotâmia, podem-se citar os sumérios, os acádios, os babilônios, os assírios e os caldeus (também conhecidos como neobabilônios). À medida que cada grupo chegava à região, ou assumia o controle do governo local, costumes, crenças e tradições eram incorporados. Por isso, muito da cultura mesopotâmica permaneceu inalterada, apesar das constantes guerras e invasões. Mas, como tudo na História, também houve algumas mudanças, fruto de adaptações e inovações culturais.

Uma das permanências históricas que perdurou durante todas as invasões foi, de maneira geral, a composição da sociedade mesopotâmica. Basicamente, a organização era feita por grupos de pessoas que tinham função social semelhante. Entre os diversos grupos, pode-se dividi-los entre os privilegiados, menos numerosos e os não privilegiados (mais numerosos).

Entre os privilegiados estavam os sacerdotes, a nobreza, os soldados, os grandes proprietários de terras e os grandes comerciantes. O segundo grupo era formado pelos pequenos comerciantes, camponeses, artesãos e escravos.

O reis estavam acima de todos, independentemente do estamento de origem da pessoa. Além disso, os reis mesopotâmicos acumulavam as funções políticas e religiosas, sendo considerados como um representante de algum deus na Terra (eles eram politeístas). Sabe-se, também, que os reis eram encarregados de conduzir suas tropas nas guerras.

Resumindo, após sucessivas levas de invasões e substituições de governantes, a organização social mesopotâmica permaneceu, praticamente, inalterada, ou seja, sempre prevaleceu a desigualdade.

Estandarte

de Ur: a

guerra entre

os povos da

Mesopotâmia

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Em função dos materiais construtivos utilizados, basicamente tijolos de barro, das cidades mesopo-tâmicas restam apenas ruínas. Entretanto, o trabalho de arqueólogos e outros pesquisadores tem trazido novas evidências para que se possa conhecer melhor como viviam as primeiras civilizações. Na imagem, ruínas da cidade de Ur, Iraque

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HISTÓRIA

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Política, economia e religião

Politicamente, o poder real estendia-se de maneira ilimitada (lembre-se de que o rei conjugava o poder político e religioso), auxiliado pelos sacerdotes, comandando um séquito de funcionários administrativos. Toda essa burocracia era responsável pela cobrança de impostos, execução de obras públicas e organização do exército.

Luci

ano

Dan

iel T

ulioMesopotâmia: região entre rio e suas Cidades-Estados

Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 25.

Na Mesopotâmia, a organização política foi marcada pela descentralização. Isto é, como estamos nos referindo a uma grande extensão territorial, o modelo de governo que predominou na região foi o de Cidades-Estados. Uma Cidade-Estado é, na prática, um Estado soberano e autônomo, que exerce sua autoridade apenas na cidade e suas adjacências (que dificilmente saberia se precisar as dimensões).

Apesar de ter existido, em alguns momentos, certa unidade política (quando alguns reis promove-ram a unificação de grandes regiões, englobando várias cidades), comumente, a Cidade-Estado prevaleceu. Devido às constantes guerras e disputas na Meso-potâmia, tornou-se difícil garantir a manutenção de impérios mais duradouros.

Representação

cartográfica da

Mesopotâmia

@HIS1287

Revelo em pedra. 635 a.C. British Museum, Londres.

Entre os mesopotâmicos, os assírios destacaram--se pelo seu caráter bélico. A reputação militar dos assírios reunia suas qualidades guerreiras com a impiedade em relação aos vencidos. Acreditando que vencer batalhas era um desígnio divino, os assírios legitimavam a violência com base nas crenças reli-giosas. Conta-se que, após invadirem e conquistarem uma cidade, o exército assírio decidiu demonstrar o seu domínio diante dos soldados derrotados: cortou as orelhas de dezenas de homens, de outros, arran-cou a língua, e, de outra parte, cegou-os. Os assírios construíram magníficos palácios decorados com painéis de pedra trabalhada em alto-relevo

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A Babilônia foi, durante aproximada-mente duzentos anos, a capital de um

rico e vasto Império. Além de bons matemáticos e grandes conhecedores dos astros, os babilônicos construíram

grandiosos palácios e esplêndidas muralhas. Entre suas realizações ar-

quitetônicas podem-se citar os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados

como uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. O Portal de Ishtar é um belo exemplo do requinte arquitetôni-co e decorativo dos babilônicos. A sua

função era servir de muralha fortifi-cada. Porém, foi belamente decorado

com tijolos vidrados de várias cores em homenagem a Ishtar, deusa do

amor e da guerra. Os dragões e os tou-ros representam o símbolo dos deuses

Marduk e Adad, respectivamente

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Portal de Ishtar, Museu Pergamon, Berlim.

Cada Cidade-Estado tinha seu próprio deus, apesar de os mesopotâmicos serem politeístas. Em cada cidade havia vários templos, sendo o principal, normalmente mais luxuoso, aquele que era dedicado ao deus com que ela se identificava. Cada templo pertencia a um deus diferente.

A cultura religiosa mesopotâmica admitia que seus deuses pudessem assumir forma humana, evi-denciando um culto antropomórfico. Já seus demônios, às vezes, combinavam características humanas e animais. Seus deuses não eram, necessariamente, praticantes unicamente do bem, podendo também causar o mal. Para agradá-los, oferendas e rituais eram praticados diariamente.

Os sacerdotes auxiliavam os trabalhos do rei, mas eles próprios possuíam uma importância e um destaque na sociedade, já que detinham os conhecimentos necessários para saber, com precisão, a época certa do plantio. Afinal, os sacerdotes dominavam conhecimentos de Astrologia e sabiam a época das cheias, pois podiam predizer os movimentos da Lua e a posição do Sol, anunciando, inclusive, eclipses. Também dominavam as técnicas de construção de canais e diques, fundamentais para a irrigação.

A relação dos mesopotâmicos com a morte era simples: eles adoravam a vida e não se importavam com a morte. Ao contrário de outras culturas da Antiguidade, geralmente, os mesopotâmicos não nutriam esperanças de uma vida além-túmulo, tampouco da ressurreição.

A agricultura tinha importância basilar na economia mesopotâmica, sendo, por isso, controlada diretamente pelas autoridades das Cidades-Estados. Como eram os sacerdotes que detinham os conhecimentos técnicos necessários para a construção de canais de irrigação, eles acompanhavam de perto a sua utilização e manutenção.

A distribuição de água era regulamentada e cobrada de cada agricultor. Se um camponês burlasse o controle oficial ou simplesmente demonstrasse negligência em relação ao uso da água, era severamente punido. Isso nos permite constatar a importância que era dada à água na sociedade mesopotâmica.

O pastoreio de cabras e carneiros também contribuía na produção de alimentos e outras matérias--primas, como a lã e o couro. A pesca sempre foi uma atividade importante, dada a proximidade com o mar do Golfo Pérsico e dos inúmeros pântanos existentes na região.

A vida urbana promoveu também várias atividades artesanais, destacando-se a perícia na arte da joalheria. Havia oficinas especializadas em tecelagem, escultura, gravura, etc. Possivelmente os principais clientes eram os templos religiosos, ou pessoas que desejavam prestar oferendas aos deuses.

Não se pode ignorar o comércio, que era bastante ativo em todo o Oriente Médio. Aliás, muitos produtos consumidos nas cidades mesopotâmicas tinham origem muito mais longínqua. Essas distantes relações comerciais justificam-se pelo fato de que a região era pobre em matérias-primas.

Ensino Médio | Modular 29

HISTÓRIA

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Cultura

No início desta unidade afirmou-se que muito do que se considera banal atualmente teve suas ori-gens na Mesopotâmia, como os veículos com roda, os tijolos de barro, o cultivo de grãos e a linguagem escrita. Mas as contribuições culturais dos mesopotâmicos não param por aí. Claro que muita coisa mudou, afinal, são praticamente três mil anos que nos separam daquelas que foram as primeiras civili-zações. Mas há uma certeza, todo o conhecimento (hábitos, costumes, tecnologias, etc.) elaborado no passado pode ser útil, às vezes para que se possa aperfeiçoá-lo, às vezes para que não seja repetido.

Uma das mais comentadas contribuições dos mesopotâmicos para a posteridade é a criação de um sistema de linguagem escrita. Há seis mil anos, pelo menos, já havia um sistema de registro de símbolos que significavam, basicamente, objetos do cotidiano, como cereais e gado – era a escrita pictográfica dos sumérios: imagens figurativas simbolizando palavras. Os primeiros registros foram feitos em tabuletas de argila, ainda fresca e mole, nas quais era possível fazer certas marcas.

A escrita pictográfica evoluiu para o sistema cuneiforme, que tinha um número de sinais relativa-mente maior, já que nem sempre era possível representar certas coisas, extremamente necessárias para o controle oficial, como medidas. Desenhar uma espiga de trigo era fácil, entretanto, como simbolizar determinada quantidade de trigo? O alfabeto cuneiforme (inscrito na argila em forma de cunha, com a ajuda de um estilete) tinha aproximadamente 1 500 sinais que representavam sílabas e palavras.

Na arquitetura, poucos vestígios resistiram à ação do tempo e das intempéries. Isso se justifica, em parte, pela ausência de materiais construtivos mais duráveis, já que não havia disponibilidade de pedras e as madeiras eram raras. A solução adotada foi o emprego de tijolos de barro, que podiam secar ao sol.

As poucas evidências construtivas que restaram da civilização mesopotâmica estão em ruínas, ou foram significativamente estragadas. Exceção são as construções que, encobertas pelas areias, ficaram preservadas. O destaque fica para os zigurates, mistura de templo religioso, silo de armazenagem de grãos e observatório astronômico. Construído em forma de pirâmide, possuía o topo plano, onde se erigia um santuário. O acesso era feito por rampas e escadarias.

Considerada como uma das maiores invenções do homem, a escrita tam-bém é utilizada como baliza cronológica para a História. Convencionou-se que com a invenção da escrita começa a História. O período que antecede o aparecimento de registros escritos é denominado Pré-História. Foram vários os sistemas elaborados para registrar informações e sentimentos: a escrita pictográfica (com desenhos ou ilustrações); a escrita fonética (que utiliza símbolos que representam sons); a escrita ideográfica (com símbo-los que representam ideias); entre outros. A fusão da escrita cuneiforme dos sumérios com os pictogramas hititas mais a escrita do povo micênico e os hieróglifos egípcios deu origem a um sistema mais simples, a escrita fenícia que, depois de aperfeiçoada pelos gregos e assimilada pelos romanos, chegou ao alfabeto latino

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Museu Nacional de Bagdá, Iraque

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Museu Nacional de Damasco, Síria

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Museu do Louvre, Paris, França

As tábuas de

argila e a escrita

pictográfica

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Os zigurates são monumentos em forma de pirâmide, construídos em pata-mares superpostos, com um topo plano. É um exemplar característico da arquitetura religiosa mesopotâmica que, com suas rampas e escadarias, levava os sacerdotes ao topo, onde havia um santuário e eram feitas observações astronômicas. A parte inferior também era utilizada como silo de grãos, isto é, funcionava como grandes armazéns do Crescente Fértil

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O desenvolvimento

do sistema de

contagem dos

sumérios

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Assim como a Arquitetura recebeu influência da religião, outras ciências também se desenvolveram em bases religiosas. A observação dos astros era entendida como presságios divinos. Porém, o domínio da Astronomia permitiu a criação de um calendário e a determinação do zodíaco.

Tanto para a Astronomia quanto para a construção de obras hidráulicas, a Matemática se fazia necessária. No comércio, os pesos e as medidas também foram criados para facilitar as transações e evitar que fraudes fossem cometidas.

Os mesopotâmicos tinham bastante cuidado nas suas transações comerciais, assim como na transferência de seus bens. Prova disso são as inúmeras tabuinhas de argila registrando contratos. Mas, buscando regulamentar vários aspectos da vida cotidiana, o Código de Hamurabi é insuperável.

Hamurabi foi rei dos babilônios durante o segundo milênio antes da Era Cristã (1795-1750 a.C.). O código de regras que leva o seu nome regulou a sociedade com base na Lei de Talião, popularmente conhecida pela expressão “olho por olho, dente por dente”. Resumindo, o Código de Hamurabi foi baseado no princípio da retaliação.

Código de Hammurabi

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HISTÓRIA

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1. Explique a razão pela qual a arquitetura meso-potâmica deixou menos evidências do que as en-contradas em outras áreas do mundo antigo no mesmo período.

2. (UFSC)

“Bagdá – O famoso tesouro de Nimrud, desapa-recido há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições em um cofre no Banco Cen-tral do Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo informaram autoridades do exército norte-americano. Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam desapareci-dos desde os saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da coalizão anglo-americana.

Os tesouros de Nimrud datam de aproximada-mente 900 a.C. e foram descobertos por arqueó-logos iraquianos nos anos 80, em quatro túmu-los reais na cidade de Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre do Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, submerso pela água da rede de esgoto.Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, não eram expostos ao público desde a década de 90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico chegará na próxima semana em Bagdá para estudar como proteger os objetos.”O ESTADO DE SÃO PAULO. Versão eletrônica. São Paulo: jun. 2003. Disponível em: <www.estadao.com.br>.

1. A partir do Código de Hamurabi são feitas as seguintes afirmações: I. O Código de Hamurabi se notabilizou pelo princípio da retaliação, conhecido como Pena de Talião, resumida

na expressão “olho por olho, dente por dente”. II. De acordo com os artigos, pode-se afirmar que o Código não tem nenhuma influência religiosa ou sobrenatural. III. O Código de Hamurabi não oferece elementos para se estudar a cultura e a sociedade babilônica, pois se

limita aos aspectos jurídicos. Entre essas afirmações, apenas: a) I está correta. b) II está correta. c) III está correta. d) I e II estão corretas. e) I e III estão corretas.

2. O Código de Hamurabi se notabilizou pelo princípio da retaliação, conhecido como Pena de Talião, resumida na expressão “olho por olho, dente por dente”. Cite um exemplo desse tipo de retaliação presente nos artigos:

3. De acordo com os artigos, pode-se afirmar que, durante o Primeiro Império Babilônico, havia igualdade social? Justifique a resposta:

4. Pode-se afirmar que o Código tinha uma preocupação com a responsabilidade social, isto é, o Código previa normas e penas em prol do bem coletivo? Justifique a resposta:

História Antiga I32

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Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) em rela-ção às sociedades que se desenvolveram naquela região na Antiguidade:

(01) A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam os territó-rios do Iraque, do Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia.

(02) Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais podemos destacar os sumé-rios, acádios, assírios e babilônios.

(04) A religião teve notável influência na vida dos povos da Mesopotâmia. Entre eles sur-giu a crença em uma única divindade (mo-noteísmo).

(08) Os babilônios ergueram magníficas cons-truções feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmides de Gizé.

(16) Os povos da Mesopotâmia, além da signifi-cativa contribuição no campo da Matemá-tica, destacaram-se na Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos códigos de leis da Antiguidade, o de Hamurabi.

(32) Muitos dos povos da Mesopotâmia possuí-ram governos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema democrático de governo.

3. (UCS – RS)

O Código Hamurabi, um bloco de pedras com 2,25 metros de altura, encontra-se hoje no Mu-seu do Louvre, em Paris. Dos muitos artigos de lei nele gravados, cerca de 250 já foram decifrados. Com isso, informações sobre a sociedade meso-potâmica puderam ser reveladas.

FIGUEIRA, D. História. São Paulo: Ática, 2003. p. 26.

Analise, quanto à sua veracidade (V) ou falsidade (F), as afirmativas abaixo sobre a sociedade me-sopotâmica e o seu código de leis:

( ) A chamada Lei de Talião (talionis, em latim, significa “tal” ou “igual”) apareceu pela pri-meira vez no Código de Hamurabi. Ela prega-va o princípio do “olho por olho, dente por dente”, ou seja, ao infrator aplicava-se um castigo proporcional ao dano causado.

( ) O Código de Hamurabi trata dos mais va-riados assuntos relativos à vida cotidiana. Abrange, entre outros temas, a regulamen-tação e o exercício das profissões, fixando a remuneração dos trabalhadores e as normas a respeito do casamento, da assistência às viú-vas, aos órfãos, aos pobres, etc.

( ) Na maioria das sociedades atuais, a Lei de Talião não é mais aplicada. No entanto, há países do Oriente Médio em que ainda se paga olho por olho, literalmente. Na Arábia Saudita, no Iêmen e em alguns dos Emirados Árabes, ladrões têm as mãos cortadas.

Assinale a alternativa que preenche corretamen-te os parênteses, de cima para baixo:

a) V – F – V. b) V – V – V.

c) F – V – F. d) F – F –V.

e) F – F – F.

4. (UFCSPA – RS) A Mesopotâmia atual situa-se no Oriente Médio entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque, na região conhecida como Crescente Fértil. Seu nome vem do grego (meso = meio e potamos = água) e significa “terra en-tre rios”. A fertilidade desta região, localizada em meio a montanhas e desertos, deve-se à pre-sença dos rios.

Sobre a civilização mesopotâmia, na Antigui-dade Oriental, analisar os itens abaixo:

I. A estrutura social baseava-se na existência de uma pequena elite, controladora de uma vasta população que estava submetida ao trabalho compulsório, característica de um governo despótico, de fundamento teocráti-co, que domina todos os grupos sociais.

II. O Estado era responsável pelas obras hi-dráulicas necessárias para a sobrevivência da população, bem como pela cobrança de im-postos e pela administração de estoques de alimentos.

III. Na religião mesopotâmia, o governante era representado e compreendido por seus súdi-tos mais como uma divindade viva do que como um representante dos deuses.

IV. Em termos políticos, a Mesopotâmia caracte-rizou-se por ter, na instituição monárquica, personificada no governante, o seu principal fator de unidade.

Está(ão) correto(s):

a) somente o item I.

b) somente os itens I e II.

c) somente os itens I, III e IV.

d) somente os itens II e IV.

e) todos os itens.

Ensino Médio | Modular 33

HISTÓRIA

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Leia, a seguir, um trecho de História, obra do século V a.C., escrita por Heródoto de Halicarnasso, também conhecido como o “pai da História”.

O Rio Nilo possibilitou o estabelecimento da civilização egípcia em meio ao grandioso Deserto do Saara. A imagem mostra um pequeno trecho do extenso rio cortando a cidade do Cairo, no Egito. O grego Heródoto chegou a afirmar que o Egito era um presente do Nilo, porém ele não conseguiu compreender o seu regime de cheias periódicas

História

Heródoto, cuja ânsia de conhecimento o levou a viajar por grande parte do mundo conhecido na Antiguidade, registrou em sua obra que “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Veremos que essa anotação do viajante grego é muito bem fundamentada, afinal, o Rio Nilo realmente proveu o Egito com suas águas, consideradas mágicas e sagradas pelos antigos egípcios.

Entretanto, Heródoto não tinha rigor científico. Parte de seus registros não pode, atualmente, ser considerada fide-digna, isto é, confiável. Isso significa que Heródoto tinha má-fé? Obviamente, não. Talvez lhe faltassem mais informações, ou mesmo conhecimentos técnicos que ainda não eram disponíveis.

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História Antiga I34

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Leia com atenção mais um trecho da obra História, de Heródoto, no qual ele oferece al-gumas versões para responder a uma grande dúvida que o acompanhou durante sua viagem ao Egito. Heródoto tinha “desejo de saber por que o Nilo começa a encher no solstício de verão, prosseguindo gradativamente a cheia durante cem dias, e por que razão, enchendo por esse espaço de tempo, ele se retrai, bai-xando de maneira notável e permanecendo pouco volumoso durante todo o Inverno, até o novo solstício de verão”.

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História

A informação desejada ele não pôde obter, nem com os sacerdotes, nem com qualquer outro habitante do país. Sua tare-fa consiste em identificar se existe alguma informação incorreta. Para isso, pesquise em outras fontes (livros, revistas, filmes, etc.) e compare os resultados.

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ital.

Regime de cheias periódicas no Rio Nilo

BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003 e ATLAS nacional digital. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. Adaptação.

Rio Nilo em toda sua extensão

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O Rio Nilo e sua

importância

para o Egito

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HISTÓRIA

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Região

O Egito, como contaram para Heródoto e ele mesmo conferiu, foi um presente do Rio Nilo. Não é para menos, já que a região na qual a civilização egípcia se desenvolveu é um imenso deserto, o Saara, palavra de origem berbere (grupo étnico que desde a Pré-História habita o norte da África) que significa “terra dura”.

Sem o Rio Nilo, realmente, a vida naquela região seria impossível. Entretanto, foi preciso aproveitar os recursos oferecidos pelo grande rio, que periodicamente alagava as margens, fertilizando a terra e possibilitando a agricultura.

Vários autores consideram que o Egito é um oásis (pequena região fértil no meio do deserto, graças à presença de água). A região ocupada pelos antigos egípcios era um “corredor”, muito mais comprido do que largo (mais de mil quilômetros de extensão por pouco mais de 10 quilômetros de largura).

Em função de tão longo território, o Egito era dividido em duas partes. A divisão era apenas na nomenclatura, já que sempre foi preocupação dos governantes egípcios primar pela unidade política e administrativa. As duas regiões eram o delta (na Foz do Rio Nilo) e o vale (a estreita faixa de terra que acompanha o rio), também chamados de Baixo Egito e Alto Egito, respectivamente.

As águas do Rio Nilo durante as cheias, a exemplo das cheias dos rios Eufrates e Tigre, na Mesopotâmia, carregavam consigo rica matéria orgânica. O limo negro que a força das águas levava em direção ao del-

ta, na foz do rio, ficava depositado nas margens e servia como fecundo substrato para as grandes planta-ções, principalmente de trigo e ce-vada. Heródoto percebeu isso como fundamental para a sobrevivência dos egípcios: “[...] retirará limo a onze braças de profundidade”.

Nesse vale, às margens do Rio Nilo, predominavam as planícies, que eram preparadas para receber as águas nos períodos de cheia. Ao contrário dos dois grandes rios que contribuíram para o estabelecimento da civilização mesopotâmica, o rio dos egípcios tinha cheias mais cons-tantes e menos violentas. Assim, a regularidade entre os períodos de alagamento e estiagem garantiu relativa estabilidade aos egípcios.

Mas, como já foi dito, a esta-bilidade dependia da intervenção humana. Barreiras, diques e canais eram imprescindíveis para que as águas e o húmus sedimentado des-sem resultados frutíferos. A relação dos egípcios com o rio foi tão intensa que se pode verificar seus efeitos nas mais variadas áreas da vida cotidiana, como na Matemática, na Astronomia, na religião, entre ou-tras, que serão apresentadas mais adiante.

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Fonte: ATLAS geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Adaptação.

Egito, uma dádiva do Nilo e dos egípcios

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O grego Heródoto reuniu em suas viagens muita informação sobre a civilização egípcia. Quase todos os livros de História do Egito trazem a famosa citação de Heródoto, de que “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Sabe-se, contudo, que os gregos subestimavam a cultura do Antigo Egito. Apesar das inúmeras referências a Heródoto, os livros muitas vezes não apresentam uma avaliação sobre a validade da referida expressão.

1. A partir das observações de Heródoto sobre o Egito, repete-se a ideia de que “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Explique o que significa afirmar que o Egito é um presente do Nilo:

2. Pode-se afirmar que a expressão de Heródoto, que atribui simplesmente ao Rio Nilo a grandeza da civilização egípcia, é verdadeira? Justifique a resposta:

Egípcios

A organização social no Antigo Egito era estamental e marcada pela desigualdade. Um grupo, relativamente pequeno, destacava-se do restante pelo padrão de vida que desfrutava. Além do faraó (título que ostentava o soberano egípcio) e de seus familiares diretos, sacerdotes e altos funcionários beneficiavam-se de posições privilegiadas.

Abaixo desse seleto grupo, pouco mais numeroso, estavam os escribas e outros religiosos e funcio-nários de menor importância. Pode-se incluir nessa camada social os artesãos especializados (que eram muito cobiçados pelo faraó e pelos sacerdotes), os comerciantes e os grandes proprietários de terras.

O grupo mais numeroso, constantemente submetido à exploração das classes superiores (tinha de pagar pesados tributos e era convocado para trabalhos forçados, podendo ser castigado), era compos-to de camponeses (a maior parte da população). Um grupo à parte era formado pelos escravos, sem quaisquer tipos de direitos.

A manutenção do status quo dependia do árduo trabalho dos camponeses, chamados de felás. Suas atividades eram fiscalizadas diretamente por funcionários oficiais, que confiscavam parte do que era produzido e cobravam impostos. O controle dos camponeses e da sua relativa submissão ao poder central derivava, em parte, do caráter da monarquia egípcia, que considerava o faraó um deus.

As distinções sociais eram visíveis pelo vestuário e pelas habitações. Enquanto a maioria da população vivia humildemente, com roupas simples, em casas feitas de juncos, barro e madeira, os grupos privilegiados aproveitavam de sofisticadas joias e instalações requintadas (feitas de tijolos sobre plataformas, às vezes possuíam um jardim ou fonte). Entretanto, de maneira geral, o vestuário era feito de linho para ambos os grupos, diferenciando-se no acabamento.

Ensino Médio | Modular 37

HISTÓRIA

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Como as atividades principais dos camponeses eram bem regulares, sobrava-lhes tempo para outras atividades. Brincadeiras, jogos e competições esportivas eram passatempos compartilhados entre os membros da família (as famílias eram numerosas) e da vizinhança (os bairros dos mais humildes eram superpovoados).

Mas, apesar da desigualdade social, os registros históricos e os vestígios arqueológicos indicam que os egípcios de todas as classes se alimentavam com qualidade e variedade. Além do trigo e da cevada, cultivados nos terrenos alagados pelas águas do Rio Nilo, havia produção de cebola, alho-poró, nabo, rabanete, um tipo de feijão, pepinos e alface.

Também consumiam um sortimento considerável de frutas, como uvas, romãs, figos e tâmaras. As tâmaras, além das uvas, eram utilizadas para produzir vinho e, assim como o mel, eram usadas para adoçar alimentos. Criavam alguns animais (gado, carneiros, gansos, patos e pombos); caçavam outros (gazelas e algumas aves) e pescavam. Entre os egípcios havia porcos, que não eram consumidos como alimento, mas ajudavam nas funções sanitárias nas regiões de grande densidade populacional.

Fabricavam pão, queijo, vinho e cerveja. Aliás, a descoberta da cerveja é atribu-ída aos egípcios e mesopotâmicos, que perceberam o processo de fermentação dos grãos. Os egípcios também curavam carnes e peixes com sal, garantindo maior durabilidade. Enfim, tinham uma dieta rica e variada.

A sociedade egípcia era rigidamente estamental. O faraó, considerado um deus vivo, ocupava o mais alto posto na hierarquia social. Entretanto, a manutenção do faraó em seu lugar de destaque dependia do trabalho árduo de centenas de milhares de pessoas, como os camponeses e artesãos. Muitas obras oficiais, como templos e pirâmides, eram realizadas com a participação de um grande número de escravos

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Todo o trabalho dos camponeses era minuciosa-mente controlado por fiscais do faraó. Os fiscais precisavam saber exatamente o que e quanto estava sendo produzido, pois parte da produção era confiscada e armazenada pelos funcionários do faraó. Esse rígido controle garantia estoques de alimentos que poderiam ser usados quando a produção não era suficiente (em função de ausência ou abundância de água, por exemplo)

Estatuetas de uma tumba egípcia representando os trabalhadores carregando

um par de burros com material. Início do Império Médio, por volta de 2000

a.C. Royal Ontario Museum.

Estatuetas de uma tumba egípcia representando o parto de uma vaca. Início do Império Médio, por volta de 2000 a.C. Royal Ontario Museum.

Modelo de cozinha: trabalhadores de moagem,

panificação e cervejeira; 12.ª Dinastia, 2050-1800

a.C. Museu Egípcio de Berlim, Inv. 1366.

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Controle da produção de cereais. Pintura da tumba de Menena, XVIII dinastia. Necrópole de Tebas.

História Antiga I38

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Os papiros egípcios revelam vários aspectos

da cultura e dos costu-mes do Antigo Egito. Na imagem, pode-se ver um detalhe do rolo original,

que tem 42 metros de comprimento e foi ela-

borado no século XII a.C. Dividido em cinco partes,

cada uma delas registra algum aspecto da vida do faraó Ramsés III (direita),

como a entrega de ofe-rendas aos três deuses

(esquerda). De acordo com os hieróglifos, o faraó está ofertando

mais de 300 mil sacos de grãos aos deuses, para

mantê-los felizes

Política, economia e religião

O faraó, como se sabe, acumulava o poder político e religioso no Antigo Egito, já que era visto como um deus. Sua posição na sociedade era central, tudo girava ao seu redor: arte, cultura, religião, econo-mia, guerra, etc. Esse caráter divino do faraó era perpetuado pelo casamento. Apesar de ser permitida a poligamia entre os egípcios, o faraó normalmente casava-se, oficialmente, com uma de suas irmãs.

A organização política não podia ser controlada direta-mente pelo faraó, dada a extensão do território. Assim, ele era obrigado a delegar funções, tanto a sacerdotes como a altos funcionários. Mas, acredita-se que os escribas tivessem a maior relevância na organização política e econômica. Sendo os únicos que dominavam a escrita, os escribas eram responsáveis pelos registros fundamentais do governo faraô-nico, como recenseamentos, anotação da produção de grãos e dos estoques reais, transcrição de impostos coletados e a coletar.

Os camponeses submetiam-se ao rígido controle da or-ganização política faraônica devido à intensa fiscalização e acompanhamento dos funcionários encarregados e pelo respeito à figura do faraó. Assim, a estrutura burocrática e as crenças religiosas davam suporte a uma centralização administrativa altamente eficiente, que funcionou por séculos mantendo, na maior parte do tempo, a unidade territorial, política e cultural da civilização egípcia.

Economicamente, os egípcios eram basicamente agrícolas, porém, desenvolviam outras atividades, como o comércio e a manufatura. A ausência de um sistema monetário não deve ser considerada um entrave para a economia egípcia, que então era feita com base em trocas naturais, ou seja, produto por produto.

Como não dispunham de alguns produtos essenciais, como a madeira, a prata e o marfim, importavam de outras regiões. O principal fornecedor de madeira para os egípcios era a Fenícia, atual Líbano. Para as trocas, grãos, linho e ouro. Um produto egípcio muito apreciado na época eram as aves e os peixes curados com sal, uma especialidade gastronômica que era extremamente valorizada devido às dificuldades de se conservarem carnes cruas.

A religiosidade egípcia ajudava, como foi visto, a organizar a sociedade. O faraó, como um deus, era venerado e respeitado. Mas, a religião teve um papel muito mais amplo para a cultura do Antigo Egito, perpassando todas as esferas da vida cotidiana. Aliás, não só da vida, como também da morte.

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Museu Britânico, Londres.

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HISTÓRIA

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Os egípcios eram politeístas e seus deuses tinham ca-racterísticas antropozoomórficas. Dos povos da Antiguidade, os egípcios destacam-se pela crença na vida após a morte. Essa convicção profunda de que havia vida além-túmulo legou à humanidade conhecimentos em Medicina e obras de Engenharia monumentais (hoje, ditas faraônicas). A respeito da arquitetura religiosa, especificamente das pirâmides, será visto adiante.

Para que um egípcio pudesse aproveitar sua vida depois de morrer, uma série de procedimentos deveria ser tomada, pois, de acordo com as crenças funerárias, ele passava

Os egípcios acreditavam na vida após a morte. Para desfrutar da vida eterna no “outro mun-do”, a conservação do corpo (mumificação ou embalsamamento) era fundamental. A vida no paraíso eterno não era para todos, apenas para aqueles que fossem julgados como almas pu-ras. O papiro exibe o julgamento do morto na presença de deuses e jurados. Pode-se observar a balança, com o coração em um dos pratos e a plumagem da verdade no outro

por um julgamento, no qual se verificava se merecia a vida eterna em “um outro mundo”. Nesse processo, o em-balsamamento era uma etapa primordial, consistindo na preparação do cadáver para que ele estivesse devidamente conservado para a outra vida. A mumificação, dependendo do método adotado, poderia levar até três meses.

Os egípcios mais influentes, como o faraó, eram enterra-dos com vários de seus pertences, além de comida e bebida. Tudo isso era, devido às crenças, para ser utilizado na outra vida. Atualmente, esses túmulos são fonte de preciosas informações da vida cotidiana dos antigos egípcios.

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O embalsamamento, ou mumificação, podia levar de alguns dias a três meses. A dife-rença residia na importância do morto e variava de acordo com as condições financeiras da família. Um homem comum passava pelo mais simples processo de conservação, enquanto os sacerdotes e faraós, por exemplo, tinham seus órgãos internos retirados, os corpos preparados com conservantes e, depois, enrolados com faixas de linho.

Pesquise sobre o processo de embalsamamento, procurando identificar todas as etapas e todos os produtos utilizados na conservação de um cadáver.

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Fragmento do papiro "Julgamento de um Morto". Museu Leiden, Holanda.

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Análise do Papiro de Ani (Livro dos Mortos) @HIS891

40 História Antiga I

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Cultura

A vida no Antigo Egito tinha peculiaridades políticas, econômicas e culturais, fato que desperta a curiosidade de povos contemporâneos e que, mesmo após mais de dois mil anos, ainda encanta as pes-soas com suas realizações que se apresentam como um rico depositário do patrimônio da humanidade.

A necessidade de se aproveitarem os recursos hídricos do Rio Nilo favoreceu o desenvolvimento de conhecimentos matemáticos e de Geometria. Aliás, não eram apenas os canais e diques de con-tenção que exigiam o domínio do cálculo matemático. As grandes pirâmides também demandavam um conhecimento de se fazer inveja ainda hoje.

O embalsamamento levou os egípcios a ampliarem seus conhecimentos sobre o corpo humano, promovendo, assim, o desenvolvimento de uma medicina arcaica, mas extremamente rica. O cuida-do com o corpo pelos egípcios não se resumia aos mortos. Um exemplo é a prática da circuncisão masculina, questão higiênica revestida de aspectos religiosos (costume egípcio que, assim como tantos outros, foi incorporado aos rituais judaicos).

A higiene pessoal era muito observada no Antigo Egito: banhos com sabão (uma mistura à base de cinzas); produção de óleos e cremes perfumados, que compunham a incipiente cosmetologia; maquia-gem; e depilação, que eram tão comuns entre os antigos egípcios como são valorizadas atualmente.

Uma das manifestações culturais que caracterizam a civilização egípcia foi a invenção de um sistema pictográfico, em que desenhos figurativos estilizados funcionavam como os símbolos da língua escrita. Três formas de se “escrever” (ou seria melhor dizer “desenhar”?) são conhecidas entre os egípcios: a hieroglífica, composta pelos hieróglifos utilizados em documentos oficiais e religiosos; a hierática, empregada basicamente para fins religiosos; e a escrita demótica, de uso generalizado devido à sua simplicidade (mais popular e mais fonética).

Os escribas tiveram importância fundamental na manutenção do poder faraônico, sendo uma atividade de grande status social. Dizia-se que nunca faltava comida a um escriba, e que seu trabalho era superior a qualquer outro. Os conhecimentos de escrita eram trans-mitidos dos pais para os filhos, que acabavam dominando as três formas de escrita dos egípcios: a demótica, a hierática e a hieroglífica

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Estátua em granito. Escriba sentado de

Saqqara. Museu Nacional, Alexandria,

Egito.

Papiro no Museu Egípcio. Turim, Itália.

Análise da

Pedra de

Rosetta e a

decifração dos

hieróglifos

@HIS911

As ferramentas

utilizadas pelos

escribas no

Antigo Egito

@HIS871

A Pedra de

Rosetta – a

chave da

decifração dos

hieróglifos

@HIS888

Ensino Médio | Modular 41

HISTÓRIA

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1. Um aspecto original da civilização egípcia foi a edificação das construções monumentais. Tan-to isso é verdade que até hoje projetos ousados, barragens de concreto em usinas, estádios e pa-lácios são denominados faraônicos.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contex-to, 2008. p. 102. Adaptação.

Sobre o legado da cultura egípcia, são feitas as seguintes afirmações:

I. No fragmento acima encontra-se uma ca-racterística original dos antigos egípcios, que era a construção de obras de grandes dimensões.

II. Quando se refere a uma obra como sendo faraônica, atribui-se a ela um caráter monu-mental.

III. Obras faraônicas só existiram no Egito An-tigo e, por isso, não se pode utilizar dessa expressão quando se refere às obras atuais.

Está(ão) correta(s) apenas:

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) I e III.

2. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por mi-lhões de turistas de todos os quadrantes do pla-neta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos cons-truídos ao longo do Nilo. O que hoje se trans-formou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois:

a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.

b) representava para as populações do Alto Egi-to a possibilidade de migrar para o sul e en-contrar trabalho nos canteiros faraônicos.

c) significava a solução para os problemas eco-nômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo tem-plos.

d) representava a possibilidade de o faraó orde-nar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engran-deceram o próprio Egito.

e) significava um peso para a população egíp-cia, que condenava o luxo faraônico e a reli-gião baseada em crenças e superstições.

3. (ENEM) Ao visitar o Egito do seu tempo, o his-toriador grego Heródoto (484-420/30 a.C.) in-teressou-se por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte:

“Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do verão e subindo continua durante cem dias; por que ele se retrai e a sua corrente baixa, as-sim que termina esse número de dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até um novo verão. Alguns gregos apresentam explicações para os fenômenos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroeste provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram para o mar. Não obstante, com certa frequência, esses ven-tos deixam de soprar, sem que o rio pare de subir da forma habitual. Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os outros rios que correm na direção contrária aos ventos de-veriam apresentar os mesmos efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são pequenos, de me-nor corrente.”

Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopa-edia Britannica Inc. 2.ª ed. 1990, p. 52-3 (com adaptações).

Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns gregos para os fenômenos do Rio Nilo. De acordo com o texto, julgue as afirma-tivas abaixo:

I. Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem--se ao fato de que suas águas são impedidas de correr para o mar pela força dos ventos do noroeste.

História Antiga I42

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II. O argumento embasado na influência dos ventos do noroeste nas cheias do Nilo sus-tenta-se no fato de que, quando os ventos param, o Rio Nilo não sobe.

III. A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo baseava-se no fato de que fenôme-no igual ocorria com rios de menor porte que seguiam na mesma direção dos ventos.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I.

b) II.

c) I e II.

d) I e III.

e) II e III.

4. Em todos os estágios da antiga civilização egíp-cia, a tumba tinha duas partes: uma, abaixo do solo, para abrigar o cadáver, e uma segunda área, acima, para as oferendas. Nos túmulos mais simples, a parte superior podia ser sim-plesmente a área aberta acima do solo.

O nível superior revela a importância que os antigos egípcios conferiam ao ritual de prepa-rar os alimentos e comê-los. Nesses espaços, faziam-se requintados banquetes fúnebres, e grandes quantidades de comida eram deixadas ali como oferendas. Os banquetes, e às vezes a preparação dos pratos, eram retratados nas paredes. [...]

É possível que os mais pobres não tivessem mui-to mais para comer do que pão sem fermento, cerveja e cebolas. Os egípcios atribuíam à ce-bola e ao alho excelentes propriedades medi-cinais, e achavam que as camadas da cebola se assemelhavam aos círculos concêntricos do universo. Era costume colocar cebolas nos ca-dáveres mumificados, às vezes no lugar dos olhos. [...]

As classes altas tinham uma alimentação rica e variada, possivelmente a cozinha mais avan-çada daquela época. Restos de comida encon-trados numa sepultura anterior a 2000 a.C. incluem codorna, ensopado de pombo, peixe, costela de vaca, rins, mingau de cevada, pão de

trigo, compota de figos, bagas, queijo, vinho e cerveja.

KURLANSKY, Mark. Sal: uma história do mundo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004. p. 51-52.

Sobre costumes dos egípcios antigos, analise as afirmativas a seguir:

I. A fartura de alimentos descrita no texto não está relacionada a elaborados processos de conservação. Como as estreitas faixas de terra fértil ao longo das margens do Nilo eram a sua principal fonte de subsistência, os egípcios se davam ao luxo de apenas buscar a comida quando precisavam, não se preocupando, portanto, em estocar os ali-mentos.

II. O texto permite inferir que os egípcios pri-mavam pela equidade entre os variados gru-pos que constituíam a sociedade. Em outras palavras, uma das características mais mar-cantes da civilização egípcia era a igualdade social, verificada inclusive no acesso aos ali-mentos.

III. O texto fornece informações sobre vários as-pectos da cultura egípcia, como arquitetura, alimentação, costumes funerários e organi-zação social.

De acordo com a análise, está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e III.

e) II e III.

5. Sobre a civilização egípcia, responda o que se pede:

a) Após a morte, descreva as etapas que nor-malmente faziam parte do procedimento rea lizado pelos egípcios para que uma pessoa realmente conquistas se seu lugar na eterni-dade.

b) Estabeleça uma relação entre a religião egíp-cia e o desenvolvimento da Medicina.

Ensino Médio | Modular 43

HISTÓRIA

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Além dos mesopotâmicos e dos egípcios, outras civilizações também se estabeleceram na região do Crescente Fértil durante a Antiguidade. Não são civilizações tão antigas quanto aquelas duas, porém, me-recem igual atenção. Os hebreus, os fenícios e os persas conviveram com os mesopotâmicos e egípcios, assimilando alguns de seus costumes e tradições.

Desses três grupos, serão estudados aspectos culturais, como a religião, e econômicos, como o comércio; além das atividades bélicas, por exemplo. Cada grupo se destacou diferentemente em um dos aspectos e, assim, cada civilização teve a sua importância em si e para o desenrolar do processo histórico da humanidade.

Região

O território do Crescente Fértil abrigou vários povos em épocas distintas, sendo, ainda hoje, uma região de interesse geopolítico internacional. Além de guardar vestígios das civilizações mais antigas, a região também guarda recursos naturais economicamente rentáveis. Apesar da predominância do clima desértico, também há algumas regiões montanhosas com vegetação mediterrânea.

Deve-se considerar que os hebreus, persas e fenícios não se limitaram a ficar na região que se conhece como Crescente Fértil, tampouco permaneceram de maneira estática. Houve grandes e importantes desloca-mentos, além de conquistas territoriais e estabelecimento de colônias e feitorias comerciais.

Por isso, devido às peculiaridades de cada um dos grupos, suas características serão detalhadas nos próximos tópicos. Por ora, interessa destacar que os territórios ocupados pelos hebreus, persas e fenícios correspondem, em princípio, à mesma região dos egípcios e mesopotâmicos. Em outras palavras, as civilizações que ali se fixaram desafiaram os obstáculos naturais e foram culturalmente riquíssimas.

Hebreus, fenícios e persas5

História Antiga I44

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Hebreus

Muito do que se sabe a respeito dos hebreus tem origem na Bíblia. Costumes e tradições, como as práticas sociais e os valores considerados fundamentais para aquela sociedade, podem ser encontrados na Bíblia. É preciso analisar esse livro, considerado sagrado por algumas religiões, de maneira imparcial e distanciada, sem atribuir a ele verdades incontestáveis. Dessa maneira, podem-se encontrar muitas informações que têm fundamentação histórica, como ficou evidenciado por várias pesquisas arqueológicas.

Outro aspecto que se deve levar em consideração é que a civilização hebraica, apesar de suas singularidades, absorveu muito das culturas dos povos vizinhos e mais antigos. Ou seja, parte da influência cultural dos hebreus tem origem tanto na cultura egípcia como na mesopotâmica.

Fonte: BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003 e ATLAS nacional digital. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. Adaptação.

Crescente Fértil, terra também de hebreus, fenícios e persas

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HISTÓRIA

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Várias similaridades entre os hebreus e seus vizinhos mais antigos, os mesopotâmicos e os egípcios, podem ser verificadas em documentos históricos e costumes adquiridos. Um exemplo disso são as práticas adotadas em relação ao adultério pelos babilônicos e pelos hebreus.

No Código de Hamurabi, o artigo 129 prevê que, “se a mulher de um homem for surpreendida (em flagrante delito) com outro homem, ambos deverão ser amarrados e atirados n’água”.

O "Deuteronômio", o quinto livro do Pentateuco (conjunto de cinco livros do Velho Testamento), indica que, “se um homem for encontrado deitado com uma mulher casada, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher: assim eliminarás o mal de Israel”.

Outro costume que pode ter sido incorporado pelos hebreus, sendo também praticado pelos seus descendentes, os judeus, é o de não consumir carne de porco. Antes dos hebreus, os egípcios já demonstravam aversão à carne suína. Tanto para os egípcios como para os hebreus, a proibição do consumo da carne de porco foi estabelecida por meio de ensinamentos religiosos.

O historiador Jaime Pinsky afirma gostar de exemplificar a origem mesopotâmica dos hebreus por meio da história de Abraão e Sara, contada na Bíblia. De acordo com o Gênesis, o primeiro dos cinco livros do Velho Testamento, Abrão e Sarai eram casados, mas ela não conseguia engravidar.

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Agar realmente engravidou de Abrão, fato que desagradou Sarai.

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E o Senhor fez o que havia dito: Sara concebeu um filho para Abraão já velho, no tempo certo que Deus havia dito a ele. Abraão chamou seu filho de Isaac (em hebraico, “aquele que ri”). Sara, muito contente, disse que Deus a fez rir e que, dali em diante, todos os que ouvissem isso ririam com ela.

Com o nascimento de Isaac, Ismael deixou de ser o "queridinho" de Sara, que passou a proteger o seu próprio filho. Como Ismael passava o tempo a zombar de Isaac, Sara ficou furiosa e determinou a Abraão que expulsasse a escrava Agar juntamente com o filho, Ismael. Abraão resistiu, mas acabou acatando sua vontade, fortalecida por Deus.

Quando Abrão tinha 86 anos, Agar deu à luz um garoto, que foi chamado Ismael. Depois, Abrão tinha 99 anos e El Shaddai (uma das denominações de Deus) apareceu para ele firmando uma aliança. Deus falou com Abrão, dizendo: “tu serás pai de uma multidão de nações! E tu não deverás ser chamado Abrão, teu nome serás Abraão, porque te fiz pai de uma multidão de nações!”.

Ensino Médio | Modular 47

HISTÓRIA

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A história bíblica, resumidamente contada, termina com a partida para o deserto de Agar e seu filho Ismael. Diz-se, assim, que de Isaac descendem todos os hebreus, e de Ismael, os povos do deserto, os árabes.

Por essa rápida passagem do Gênesis, identifique aspectos culturais dos hebreus que podem ter origem entre os povos mesopotâmicos. Uma maneira de realizar a atividade é buscar informações sobre o direito de família em documentos mesopotâmicos, como o Código de Hamurabi.

A passagem bíblica apresentada em Interpretando documentos remonta à época de busca por uma “terra prometida”. Os descendentes de Abraão procuravam um lugar para se fixarem, pois os hebreus permaneceram nômades durante muito tempo. Acredita-se que no início do segundo milênio antes da Era Cristã os hebreus ainda estavam vagando pela região do Oriente Médio.

Nessa fase de peregrinação, acabaram às margens do Rio Nilo, onde foram escravizados nas “terras do faraó”. Já no final do segundo milênio, guiados por um novo líder, Moisés, conseguiram sair do cativeiro egípcio e foram em busca de Canaã, a terra que fora prometida a Abraão. A saída do Egito em direção à “terra prometida” ficou conhecida como Êxodo, durante o qual Moisés recebeu as Tábuas da Lei e Os Dez Mandamentos. Esses documentos, recebidos ao pé do Monte Sinai, passaram a organizar a vida cotidiana da sociedade hebraica, sendo depois adotados também pelos cristãos.

História Antiga I48

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Os hebreus em Canaã tiveram dificuldades em estabelecer um grande Império como o egípcio, ou mesmo garantir a estabilidade das Cidades-Estados mesopotâmicas. Sem desconsiderar a fase em que reis governaram os hebreus (como Saul, Davi e Salomão), a falta de unidade política e administrativa parece ter marcado a História dos hebreus.

Apesar disso, as bases religiosas dos hebreus criaram alianças fortes e duradouras que, transmitidas por gerações de israelitas ou judeus, permanecem vivas na atualidade. E é justamente na religião que reside a maior influência dos hebreus para a posteridade, o monoteísmo.

O monoteísmo estrito, antes dos hebreus, é praticamente desconhecido. Prestando atenção nos Dez Mandamentos, percebe-se que logo o primeiro determina que “não terás outro deus”. E não se trata apenas do culto a um único deus, concebeu--se o culto monoteísta dos hebreus como a submissão a Iavé (outra denominação dada ao Senhor Todo Poderoso) e a seus desígnios.

Isso significa que Iavé é quem orienta o comportamento de seus seguidores, que devem fazer aquilo que está previsto segundo as determinações daquele que, historicamente, constituiu-se como o juiz de um povo.

Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 29.

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Hebreus

1. Não terás outros deuses diante de mim.

2. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.

3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.

4. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.

5. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

6. Não matarás.

7. Não adulterarás.

8. Não furtarás.

9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

10. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

Os Dez Mandamentos

Ensino Médio | Modular 49

HISTÓRIA

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Atualmente, os judeus mantêm vivo o monoteísmo dos antigos hebreus. A unicidade de seu Deus permanece fundada no conceito de um “Deus moral, que exige de toda a humanidade uma vida moral, ética e de justiça”, segundo o rabino Hayim Halevy Donin.O livro sagrado dos judeus é o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, que em hebraico

é denominado Torá. Por meio do Torá são passados os ensinamentos que determinam como os homens devem viver. O equivalente judaico à igreja cristã e à mesquita islâmica é a sinagoga (termo grego que significa lugar de reunião).

Na sinagoga, além dos serviços religiosos, também são realizadas as instruções (educação) das crianças e dos adultos, assim como os ciclos da vida – por exemplo, o brit milá e o bar-mitzvá e bat-mitzvá, que são a cerimônia de circuncisão e a maioridade masculina (13 anos) e feminina (12 anos), respectivamente.

Fenícios

Os fenícios constituíram uma civilização bastante diferente das outras já estudadas. Não chega-ram a formar um grande Império; não tinham uma religião que promovesse a sua unificação cultural; não construíram grandes templos que resistiram ao tempo; enfim, nem de grandes rios os fenícios se beneficiaram.

Um caráter distinto dos mesopotâmicos, dos egípcios e dos hebreus é que os fenícios, considerando-se a organização político-administrativa, estavam agrupados em confederações e, durante a maior parte de sua História, sob domínio estrangeiro. Ou seja, pagavam tributos às potências estrangeiras em troca de segurança e tranquilidade.

Foi apenas no último milênio antes da Era Cristã que os fenícios conseguiram expandir seus domínios por uma vasta extensão ao longo do Mar Mediterrâneo. Atenção, pois não foi domínio político, mas um domínio econômico extremamente original, estabelecendo feitorias comerciais pelo norte da África e sul da Península Ibérica, em várias ilhas mediterrâneas e indo, às vezes, além do próprio Mediterrâneo.

Localizados na comprida faixa litorânea onde o Oriente Médio é banhado pelas águas do Mar Me-diterrâneo, suas cidades estavam separadas umas das outras pelas condições geográficas (montanhas, penhascos, ilhas e ilhotas mantinham as cidades fenícias praticamente isoladas). O isolamento foi driblado pelos mares, consagrando os fenícios como exímios marinheiros.

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Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 30-31.

Fenícios

A trajetória

da cidade

de Tiro e de

sua mais

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colônia:

Cartago

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Foi no comércio que os fenícios assumiram relevância. Negociaram quase todo tipo de produtos, com quase todo tipo de parceiros comerciais. Seus produtos mais cobiçados eram, de longe, a madeira, a púrpura e a cerâmica.

Da região do atual Líbano, os fenícios extraíam madeira de excelente qualidade, principalmente o cedrus libani, a árvore de cedro que ocupa posição central no estandarte libanês. Pelos mares buscavam um molusco, em especial, do gênero múrex, do qual conseguiam obter uma tintura de cor púrpura, extremamente apreciada e muito valorizada. A cerâmica fenícia, durante muito tempo, não teve concorrência devido à qualidade. Fabricavam vidro e tinham conhecimento de metalurgia.

Os fenícios foram comerciantes dinâmicos e exímios navegadores. Entre os principais produtos vendidos pelos fenícios, podem ser citadas a púrpura, a cerâmica e a madei-ra. O intenso comércio realizado pelos fenícios contribuiu para a criação de um sistema monetário e de um alfabeto simplificado, para facilitar os registros de seus negócios

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Com tantos produtos a oferecer, não é de se estranhar que tenham sido grandes comerciantes. A principal atividade econômica dos fenícios exigiu um sistema de controle prático e eficiente. Decorre desta necessidade uma das principais con-tribuições fenícias para a humanidade. Depois dos sumérios e dos egípcios com seus elaborados e complicados sistemas de linguagem escrita, os fenícios apresentaram algo realmente inovador: um alfabeto razoavelmente simples, com 25 ou 30 caracteres.

O alfabeto fenício, como passou a ser conhecido, foi sendo sucessivamente adaptado e chegou a ter, no início do primeiro milênio antes da Era Cristã, 22 caracteres. Esse alfabeto foi assimilado pelos gregos, novamente adaptado e, depois, desembarcou em terras romanas, onde se falava e se escrevia o latim.

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O alfabeto fenício, com uma quantidade redu-zida de caracteres, facilitou o registro das tran-sações comerciais e foi assimilado por várias outras culturas mediterrâneas na Antiguidade, como os gregos e os romanos. Os gregos absorveram e transformaram o alfabeto fenício que, depois, também foi adotado pelos romanos, dando origem ao alfa-beto latino

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Moeda púnica. Museu Nacional de Arqueologia Submarina de Cartagena.

Moeda fenícia, Museu Nacional do Líbano. Beirute, Líbano.

História do

pigmento vermelho

e sua relação com

os fenícios

@HIS1144

O transporte de

cedro-do-

-líbano: relações

econômicas entre

fenícios e assírios

@HIS879

Ensino Médio | Modular 51

HISTÓRIA

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Persas

Os persas, de acordo com algumas evidências arqueológicas, ocuparam uma extensa região, a região nordeste da Península Arábica e a porção da costa oriental do Golfo Pérsico, desde

o quarto milênio antes da Era Cristã. Ficaram acomodados tranquilamente no extremo leste do Crescente Fértil, na região do atual Irã.

Por volta do século VI a.C., os persas foram organizados sob o domínio de Ciro, que rompeu com os antigos aliados e consolidou um Império, estendendo sua influência até o Rio Indo, a leste. A oeste, os persas conquistaram a Lídia e toda a Ásia Menor (Península Anatoliana ou, simplesmente, Anatólia); também dominaram a Baixa Me-sopotâmia a partir da tomada de Babilônia.

Depois das conquistas dos territórios orientais, os persas deram prosseguimento ao processo de anexação territorial. O Egito e a região de Cirene (atual Líbia), no norte da África, foram incorporados ao Império Persa. Do final do século VI ao início do século V a.C., apesar das constantes revoltas dos povos conquistados, os persas continuaram levando a cabo vitoriosas campanhas militares. Assim, o Império Persa tornou-se o maior que já existira até então.

Ciro, o Grande, deu início à ampliação do territó-rio sob domínio persa. Apesar de grande guerrei-ro, Ciro era muito tolerante com os costumes e as tradições dos povos conquistados

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Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 33.

Império Persa em sua maior extensão

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Ciro, o Grande. Monumento do parque Olímpico de Sydney, Austrália.

História Antiga I52

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Grandes conquistadores, os reis persas constituíram um dos mais extensos impé-rios da Antiguidade. Suas realizações e suas habilidades bélicas ficaram imorta-lizadas nos detalhes ornamentais de seus palácios. Os painéis de tijolo vidrado são um belo exemplo do refinamento persa

Vários imperadores destacaram-se por suas qualidades de chefes militares e pelas ações em prol da organização do Império. Entre as ações desenvolvidas pelos governan-tes persas, podem-se citar a criação de uma administração central, que era complementada pelos governos provinciais, as satrapias; o estabelecimento de uma língua única, o ara-maico; a padronização dos pesos e das medidas, para favo-recer o comércio. Além disso, caracterizaram-se por adotar um modelo de governo flexível e tolerante com os povos dominados, porém, cobrando altos tributos.

De todas as realizações persas destacam-se as estradas, como a Estrada Real, que ligava Sardes (na atual Turquia) a Susa (no atual Irã). Além de facilitarem a cobrança de impostos e o controle das várias satrapias, as estradas di-namizavam o deslocamento das tropas persas.

Entretanto, a tolerância dos governantes persas parece não ter sido tão grande com os gregos que, quando domina-dos, foram forçados a servir nos exércitos dos conquistadores, e tinham de pagar impostos muito mais altos. A repressão contra os gregos resultou em revoltas e guerras, as Guerras Médicas (os persas também eram conhecidos como medos) ou Guerras Greco-Pérsicas, que contribuíram para a falência total do grande Império Persa, abrindo caminho para as con-quistas dos macedônios, liderados por Alexandre o Grande.

Os persas davam maior atenção aos palácios dos go-vernantes do que para a construção de templos religiosos, fato que pode ser verificado por meio da arquitetura, pois as ruínas e os vestígios arqueológicos revelam o que foram

obras grandiosas. Nesse sentido, a civilização persa difere das que a antecederam (considerando os zigurates mesopotâmicos e as pirâmides egípcias, por exemplo).

A humanidade foi, de certa maneira, influenciada pelas ideias persas relacionadas ao juízo final. Fundado em um dualismo religioso, os persas acreditavam na eterna oposição entre o bem e o mal (também presente no cristianismo). Essa concepção dualista originou-se com o zoroastrismo, conjunto de ideias que foram difundidas pelo sábio Zoroastro (também conhecido como Zaratustra).

A fundamentação religiosa de Zoroastro, de acordo com o livro sagrado Avesta, estabelece, de um lado, Aura-Mazda (simbolizado pela luz e pela pureza do fogo), o criador do céu, da Terra, do homem e de tudo o que havia de bom. Do outro lado, Arhimam, deus do mal, que tinha como auxiliares vários demônios.

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Detalhe de um leão no painel de tijolos da Via Processional, entre o templo de Marduk para a Porta de Ishtar e o Templo Akitu na Babilônia. Vidrado em terracota, reinado de Nabucodonosor II (605 a.C.-562 a.C.). Museu do Louvre, Paris, França.

Escultura em relevo de tijolos vidrados encontrada nas ruínas de um palácio em Persépolis. No detalhe, mostra um par de guerreiros persas.

Origem e diversidade dos

produtos pagos como

tributos no Império Persa

@HIS1498

Ensino Médio | Modular 53

HISTÓRIA

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As cidades persas habitam o imaginário de todas as pesso-as interessadas por História. São conhecidas apenas as ruínas do que foram as cida-des dos reis persas, com seus exércitos e seus soldados. O que restou dá uma ideia da provável grandiosidade da vida urbana persa

Características gerais

Reunidas em uma região comum, o Crescente Fértil, diversas civilizações fundaram Estados; organizaram a administração; criaram e seguiram preceitos religiosos; inventaram e aperfeiçoaram tecnologias variadas; enfim, ousaram e contribuíram para lançar as bases da civilização humana em sua acepção mais ampla.

A característica geral daquelas civilizações tão díspares, caso se atente para suas especificidades e singularidades, parece ser, somente, a sua localização no tempo e no espaço. Pois, de que maneira pode-se generalizar aspectos culturais tão particulares como a arquitetura, a religião e a administração política? Qual a relação entre uma pirâmide, um zigurate e uma sinagoga, se não o fato de servirem como templos religiosos? Cadê a generalidade entre as Cidades-Estados mesopotâmicas, a unidade política egípcia e a centralização persa apoiada nas satrapias?

O que se pretende evidenciar com esses exemplos é a importância de se evitarem generalizações históricas simplistas. A História é uma trama, um emaranhado de pequenas histórias que, em algum momento, têm relação e constituem um processo mais amplo e muito mais longo.

Considerando-se que as relações históricas, por mais distantes e diferentes que possam parecer, acabam compondo uma estrutura de elementos que se cruzam e interligam como se formassem uma rede, propõe-se a você um desafio: entrelaçar os diversos elementos históricos apresentados de modo a configurar a “trama da História”. Explicando melhor, você deve relacionar as informações das civilizações que habitaram o Crescente Fértil de modo a estabelecer entre elas algum nexo, o qual deve ser devidamente explicado. Lembre-se de que a História não está pronta, não é um conhecimento estático e fechado em si mesmo, sendo possível rever a História sempre que surgem novas evidências ou quando outras interpretações são feitas.

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Ruínas de Persépolis, classificadas pela UNESCO como Patrimônio Mundial, Irã.

Realizações do

imperador persa Dario I

@HIS1661

História Antiga I54

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1. (UEMS) A cultura hebraica (marcada por um pro-fundo senso de religiosidade que perpassou sua arte e sua literatura) deixou raízes profundas em toda a Europa e, por extensão, na civilização oci-dental, porque foi responsável pelo desenvolvi-mento do:a) ateísmo. d) budismo.b) cristianismo. e) maometismo. c) judaísmo.

2. (UFC – CE) Os fenícios, povo de origem semita que se fixou e desenvolveu as suas cidades numa faixa de 200 quilômetros situada entre o mar Me-diterrâneo e as montanhas do atual Líbano, co-nheceram o apogeu da sua influência a partir de 1400 a.C. (destruição de Cnossos em Creta). En-tre as afirmações que se seguem, escolha aquela que caracteriza de maneira correta esse povo:a) Viviam num sistema político teocrático.b) Suas principais atividades econômicas eram

agrícolas.

c) Praticavam uma religião maniqueísta. d) Eram especializados no comércio marítimo.e) Seu alfabeto foi elaborado a partir do alfabeto

grego.

3. (UFPE) Ao estudarmos os povos antigos, apren-demos acerca da sua cultura, das suas práticas sociais e políticas e da sua atividade econômica. Os fenícios, por exemplo, se destacaram pela ati-vidade comercial e pela criação do alfabeto.a) A criação do alfabeto entre os fenícios está

relacionada à atividade religiosa. Esses povos nos legaram muitos documentos religiosos que comprovam a estreita relação entre a es-crita e a religião.

b) O comércio desenvolvido pelos fenícios era terrestre. Além do mais, a insegurança das embarcações antigas fazia com que eles privi-legiassem as curtas viagens em que os riscos eram reduzidos.

c) Os fenícios foram considerados os maiores na-vegadores da Antiguidade, em razão do inten-

Neste volume foram abordadas informações fundamentais para o melhor entendimento da História. Entre os assuntos trabalhados podem ser citados o surgimento dos primeiros agrupamen-tos humanos que se organizaram em núcleos urbanos e as primeiras civilizações que se fixaram na região da Mesopotâmia. Além disso, buscou-se apresentar alguns conceitos históricos, como

processo histórico, historicidade e historiografia, tempo e temporalidade, sujeito histórico, cidadania e cultura. Para relembrar esses assuntos, propõe-se a realização da seguinte atividade:

(UECE) Leia com atenção os trechos do poema “Tempo e História” de Francisco Carvalho:

Com base nos fragmentos do poema que selecio-namos, classifique as afirmações a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F).

I. A História é feita de esquecimentos e de memória e não é linear, por isso o poeta diz que “não se move em linha reta”.

II. O poeta sugere que a sociedade está sempre em movimento e cabe à História captar esse movimento. Por essa razão, “não se repete”.

III. O autor entende que o segundo verso completa o primeiro. Deste modo, a história sempre se repete.

É verdadeiro o que se afirma: a) apenas em I e II.b) apenas em I e III.c) apenas em III.d) apenas em II.

Ensino Médio | Modular 55

HISTÓRIA

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so comércio marítimo que desenvolveram. Esta prática econômica possibilitou que dominassem amplamente a navegação de longa distância.

d) O alfabeto fenício, em razão de ser voltado para a atividade comercial, não teve qualquer influência entre os povos da Antiguidade. Era formado de caracteres próprios, impossíveis de serem utilizados para as atividades cotidianas.

e) A criação do alfabeto pelos fenícios está rela-cionada à atividade comercial. A necessidade de registrar as atividades comerciais com os diferentes povos fez com que a escrita deixas-se de ser uma atividade de especialistas, como no Egito Antigo.

4. (UFPR) As condições geográficas da Fenícia, re-gião mediterrânea, determinaram a dupla voca-ção dos fenícios de:a) comerciantes e industriais. b) mercadores e navegantes.c) agricultores e comerciantes.d) mercadores e agricultores.e) comerciantes e artesãos.

5. (UPF – RS) I. A cultura hebraica sofreu influência dos po-

vos do Egito e da Mesopotâmia. II. A religião hebraica evoluiu do politeísmo

para o monoteísmo. III. Liderado por Moisés, o povo hebreu realizou

a Diáspora, saindo do Egito para retornar à Palestina.

IV. Na Palestina, a sociedade criada pelos he-breus desenvolveu precocemente a proprie-dade privada da terra.

Estão corretas:

a) apenas I, II e III. b) apenas I, II e IV.c) apenas I, III e IV.d) apenas II, III e IV.e) todas as alternativas.

6. Pasárgada, a lendária cidade de Ciro, foi fundada quase quinhentos anos antes da Era Cristã para ser a capital do Império Persa. Suas ruínas ainda podem ser visitadas, no Irã, a aproximadamente 70 quilômetros da não menos famosa Persépolis. A História imortalizou a grandeza de Pasárgada, com seus imensos monumentos espalhados por belos terraços e verdes jardins. O poeta Manuel Bandeira rendeu-lhe uma homenagem no poe-ma Vou-me embora pra Pasárgada:

[...]Vou-me embora pra PasárgadaEm Pasárgada tem tudoÉ outra civilizaçãoTem um processo seguroDe impedir a concepçãoTem telefone automáticoTem alcaloide à vontadeTem prostitutas bonitasPara gente namorarE quando eu estiver mais tristeMas triste de não ter jeitoQuando de noite me derVontade de me matarLá sou amigo do rei Terei a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada.

O poema transmite a ideia de uma cidade ma-ravilhosa, onde inovações e benfeitorias estão presentes na vida de todos. Talvez a verdadeira Pasárgada também tenha tido seus momentos de glória em função da tolerância de governan-tes como Ciro, que permitia que cada povo con-quistado conservasse o governo, a religião, a lín-gua e os costumes próprios.

Nem todos os seus sucessores, porém, foram as-sim tão tolerantes. Dario I exerceu o poder de forma centralizadora e tirânica. Com o tempo, um novo modelo de organização político-admi-nistrativa foi adotado.

Sobre a organização política dos persas, assinale a alternativa correta:

a) Foram criadas Cidades-Estados, sistema de or-ganização político-administrativa totalmente centralizador.

b) Surgiram funcionários reais denominados fis-cais, que tinham o objetivo de cobrar impostos e se reportavam somente aos seus superiores imediatos.

c) O Império foi dividido em províncias, chama-das satrapias. Cada satrapia era administrada diretamente pelo Imperador.

d) As divisões políticas denominadas satrapias eram administradas por um sátrapa, uma es-pécie de governante. Além disso, o Imperador também contava com a fiscalização por inspe-tores, chamados “olhos e ouvidos do rei”.

e) O território persa continuou indivisível e per-maneceu sendo administrado diretamente pelo Imperador, que nunca solicitou ajuda de outros funcionários.

História Antiga I56