SPN - A ENCENAÇÃO DO SALAZARISMO

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    SPN: A ENCENAO DO SALAZARISMO

    Salazar aceitou com relutncia a proposta de Antnio Ferro de criao

    do Secretariado da Propaganda Nacional.

    O Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) foi criado em Setembro de 1933 por

    Antnio de Oliveira Salazar com o objectivo de, atravs da cultura, da informao e da

    ocupao dos tempos livres dos Portugueses, modelar um homem novo, que

    assumisse os valores do recm-formado Estado Novo: Deus, Ptria, Autoridade,

    Famlia e Trabalho.

    A criao da SPN obedeceu a um desgnio absolutamente totalitrio. Foi umatarefa gigantesca e difcil de concretizar num pas como o Portugal dos anos 30,

    eminentemente rural, muito pobre, completamente desorganizado e com 40 por

    cento de analfabetos. Como que se conseguia mobilizar gente iletrada, que vivia

    dispersa, entregue a tarefas de sobrevivncia? Foi preciso montar uma srie de

    aparelhos do Estado, enquadrando toda a populao. O SPN, dirigido por Antnio

    Ferro, era a interface deste conjunto complexo, afirma o historiador Fer nando Rosas.

    O Dirio de Notcias de 25 de Setembro de 1933 saudava o aparecimento do SPN,

    que funcionava junto da Presidncia do Ministrio, e justificava a sua criao: Os

    povos que desejam fazer justia a si prprios e conhecer o seu ressurgimento, que

    desejam impor-se sua prpria conscincia e conscincia de outros povos, sentem

    hoje, na nossa poca ferozmente publicitria, uma necessidade imperiosa, vital, de

    organizar a sua propaganda interna e externa.

    O jornal apontava os exemplos da utilizao da propaganda na Itlia, que

    renasceu e se revigorou sob o impulso do Duce, na comunista Rssia, que no tem

    olhado a despesas para a expanso das suas ideias e da Alemanha nazista, que levou

    a necessidade da propaganda criao de um ministrio, que rapidamente se

    transformou no eixo da poltica hitleriana.

    O DN sublinhava as reticncias iniciais de Salazar nomeado presidente doGoverno em Novembro de 1932 , a esta ideia. O Sr. Dr. Oliveira Salazar, avesso por

    temperamento a esses grandes clamores publicitrios, a esse necessrio e saudvel

    tam-tam, mas com a exacta e clara conscincia das necessidades nacionais, acabou por

    dar razo s crticas dos seus amigos e admiradores, dos mais serenos aos mais

    extremistas.

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    Um ms de s a 26 de Outubro de 1933 a sede do S era inaugurada, com

    pompa ecircunstncia, na presena de todos os membros do Governo e autoridades,

    civis e militares, no antigo edifcio do Tribunal do Comrcio, em S o Pedro de

    Alcntara. No discurso que ento proferiu, Salazar frisou que aquele organismo no

    era uma repartio deelogio governativo, mas um instrumento de governo com

    uma grande misso, a de elevar o esprito da gente portuguesa no conhecimentodo que realmente e vale, como grupo tnico, como meio cultural, como fora de

    produo, como capacidadecivilizadora, como unidade independente no conceito das

    naes.

    Ao lado deSalazar estava Antnio Ferro, o director do SPN, que tambmanunciou

    os objectivos do novo organismo: Dar combate intransigente, mas desassombrado, a

    esses portugueses que andam a cegar portuguesese a tentar envenenar, inutilmente,

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    a opinio do Mundo a respeito da sua prpria terra, a respeito da Ptria. Para isso,

    declarou, basta valorizar tudo o que de nacional se tem feito, nestes ltimos anos.

    Antnio Ferro, nomeado por Salazar director do SPN, era um intelectual brilhante,

    admirador confesso das modernas ditaduras que comeavam a implantar-se na

    Europa, designadamente do fascismo italiano e, em finais dos anos 20, um jornalistade renome, conhecido por ter publicado em diversos jornais portugueses entrevistas a

    personalidades internacionais como Gabriel DAnnunzio, o general Primo de Rivera, o

    matemtico e filsofo Poincar, o poeta e realizador Jean Cocteau, o marechal Ptain,

    o papa Pio XI e o prprio Mussolini.

    No seu discurso, na inaugurao da sede do SPN, Ferro lembrou que fora ele a

    sugerir a criao de um organismo de propaganda do regime, e o meio que utilizara:

    um artigo, intitulado O Ditador e a Multido, que publicara em 31 de Outubro de

    1932 no Dirio de Notcias, em que faz o elogio das grandes encena es de contacto

    com as massas que o regime de Mussolini privilegiava. O ditador que procura o povo,

    que o domina, vibrando com ele, que ausculta constantemente as suas aspira es, as

    suas tristezas e as suas alegrias, no pode, nem deve, ser acusado de tirano () As

    paradas, as festas, os emblemas e os ritos so necessrios para que as ideias no caiam

    no vazio, no caiam no tdio, afirma.

    Nesse artigo, muito aplaudido, segundo o seu autor, Ferro vai mais longe e sugere

    a Salazar que nomeie algum para o substituir nos contactos com o povo. Se a

    natureza do chefe avessa a certos contactos, se prefervel, talvez, no a contrariar,

    para no a quebrar na sua fecunda inteireza, que se encarregue algum ou alguns de

    cuidar da encenao necessria das festas do ideal, dessas entrevistas indispensveis,

    nas ditaduras, entre a multido e os governantes.

    O historiador Fernando Rosas explica: Salazar tinha uma grande resistncia

    poltica de massas. Era um elitista conservador no sentido clssico, para ele o povo no

    tinha que ser soberano, apenas que ser bem governado. Estava firmemente convicto

    de que havia uma elite destinada a mandar, e que essa elite tinha que ser educada

    para governar, alis a preocupao dele era apenas com a educao da elite, no do

    povo em geral. Manda quem pode, obedece quem deve, era a sua mxima. A ideia

    de que a verdade, para ser conhecida, tinha que ser anunciada com tambores e festas

    era algo que ele recusava em absoluto.

    Rosas descreve o Chefe de Estado portugus, nesse Outubro-Inverno de 1932:

    Com 43 anos, dando os primeiros passos como chefe do Governo e do reg ime que se

    comeava a moldar ao cabo de um longo (e ainda no totalmente resolvido) processo

    de transio e luta interna na Ditadura Militar, era pouco menos que um

    desconhecido. E ainda por cima parecia o anti -clmax do ditador moderno.

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    Mas, sublinha, o recado de Antnio Ferro a Salazar no podia ser maisclaro. Ou

    seja, ofereceu-se para ser ele prprio a tratar da encenao do ideal, das

    entrevistas indispens ! veisentre a multido e os governantes.

    Para ultrapassar a relutncia de Salazar em montar um aparelho estatal que

    veiculasse asverdades do regime, contriburam decisivamente ascinco entrevistas aochefe do Governo, realizadas por Antnio Ferro e publicadas entre 19 e 23 de

    Dezembro de1932. A, no apenasso definidas as traves mestras do ide ! rio do novo

    regime como a personalidade de Salazar que delas emerge uma hbil criao do

    entrevistador.

    Fernando Rosas, no prefcio reedio contempornea da obra que re " neessas

    entrevistas (publicada pela Parceria Antnio Maria Pereira) e# plica como decorreram

    asconversasentre os dois homens: Durantecinco dias, mdia de duas ou trs horas

    por dia, Antnio Ferro entrevista Salazar no gabinete do ministro das Finanas, em

    casa, no carro do Ministrio ou em longos passeios nos arredores de Lisboa () Ferro

    desempenhou-se desta magna e para ele decisiva tarefa como se fora de uma pea de

    teatro. No toma apontamentos dasconversascom Salazar, retm ideiaseencena-as.

    Na realidade, como o prprio deixa entender, no estamos, em rigor, perante a

    transcrio de uma entrevista, mas de um discurso teatralizado, de um dilogo onde

    laboriosamentese trabalham as ideiase o perfil do chefe. Ojornalista assume-secomo

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    valorizar, mitificar e engrandecer, confrontando-o, ou fingindo confront-lo, com

    alguns dos principais desafios polticos, econmicosesociais da actualidade deento.

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    A essas entrevistas, realizadas em finais de 1932, juntou-se, em 1933, uma sexta

    tendo como cenrios a casa natal de Salazar, no Vimieiro, nos arredores de Santa

    Comba Do, e a serra do Caramulo e, em 1938, a ltima a mais longa de todas, em

    que Antnio Ferro e Salazar, durante seis horas, vo passeando por Lisboa, seguindo

    um roteiro turstico e fazendo propaganda obra do regime na capital.

    Estas entrevistas fixam no apenas o especial perfil carismtico do ditador

    portugus, como o conjunto das ideias mestras do pensamento de Salazar. Tudo aquilo

    foi um negcio que se saldou, para Antnio Ferro, na sua nomeao como director do

    Secretariado da Propaganda Nacional. Nesse cargo, ele propunha-se moldar a alma

    dos Portugueses, reeducar-lhes o gosto, uma ideia puramente totalitria, tpica dos

    fascismos da poca, sublinha Fernando Rosas.

    A propaganda do Estado Novo assentava, do ponto de vista da organizao, afirma

    o professor da Universidade Nova de Lisboa, em duas traves mestras, a Agncia Geral

    das Colnias, mais tarde designada por Agncia Geral do Ultramar, e o aparelho do

    Ministrio da Educao Nacional (MEN), dirigido por Carneiro Pacheco a partir de

    1936, e servido pela Mocidade Portuguesa (MP) e pela Organizao das Mes para a

    Educao Nacional (OMEN). Era a OMEN que, por sua vez, tutelava a Mocidade

    Portuguesa Feminina.

    A nvel da educao tudo era controlado, na escola havia os livros nicos, os

    comportamentos dos alunos estavam rigorosamente condicionados e os professores

    eram seleccionados politicamente. Tambm se pretendia reeducar as famlias que o

    salazarismo considerava terem a alma doente, em resultado da decadncia gerada por

    anos de liberalismo. Essa reeducao fazia-se atravs das mulheres, organizadas na

    OMEN e na Mocidade Portuguesa Feminina, destinada a formar as futuras mes,

    sublinha.

    A propaganda salazarista no esqueceu tambm o mundo do trabalho, organizado

    corporativamente. Salazar no queria deixar os trabalhadores entregues s tabernas e,

    para preencher os seus tempos livres, foram criados trs rgos fundamentais, a

    Fundao Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), a Junta Central das Casas do

    Povo (JCCP) e a Junta Central das Casas dos Pescadores.

    A FNAT organizava os Ser1

    es para os Trabalhadores, transmitidos pela Emissora

    Nacional. Nas Casas do Povo, vocacionadas para o mundo rural, havia bibliotecas e eraa JCCP que decidia que livros comprar. Havia at pessoas para lerem alto os jornais,

    devidamente seleccionados, lembra Fernando Rosas. A tutelar esta estrutura ligada

    ao mundo do trabalho estava Pedro Teotnio Pereira, subsecretrio de Estado das

    Corpora 1 es.

    Ao SPN, no cume da pirmide, cabia a cobertura das actividades do Governo, a

    partir de 1940 dirigir a censura prvia (at ento entregue ao Ministrio do Interior), e,

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    principalmente, gizar e pr de p a chamada poltica deesprito, a qual, atravs da

    cultura e da educao, se propunha moldar e restaurar a alma da Ptria portuguesa

    que o salazarismo considerava abalada nosseus princpios pelos governos liberais da

    monarquia e da primeira repblica.

    Dentro da nova poltica de esprito, a ruralidade apresentada como overdadeiro factor identitrio portugus e o grande elemento da ordem e da

    estabilidade. A ideia do regresso harmonia rural, a exaltao de uma sociedade

    pobrezinha mas alegre, est presente nas novas formasestticas queFerro colocou ao

    servio da propaganda. Como principais realizaesculturais, segundo esta orientao,

    podem citar-se o Teatro do Povo, o Cinema Ambulante e o grupo de bailado Verde

    Gaio.

    O cinema foi, decididamente, uma das principais apostas do SPN. Em 1933, no ano

    em queseestreavaA Can 2 ode Lisboa, o primeiro filmesonoro rodado em Portugal,entrava em vigor a Constituio poltica do Estado Novo. Como sublinha Lus de Pina

    na obraA Aventurado Cinema Portugus (editada pela Vega), o comeo do Estado

    Novo coincidiu insolitamentecom a arrancada do cinema portugus, um cinema que,

    alis, no tinha tradies de interveno cultural, nem de realismo crtico, sempre

    espectculo, sempre divertimento. Assim, Antnio Ferro dispunha de um cinema

    alegre, confiado, limpo, agradvel, reflectindo aquele pas ordeiro quese pretendia.

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    Em 1937, no auge da fascizao do regime, o SPN produzir o primeiro filme

    poltico do salazarismo, uma longa-metragem de fico intitulada A Revoluo de

    Maio, com realizao de Antnio Lopes Ribeiro e argumento deste e do prprio

    Antnio Ferro. Segundo Fernando Rosas, no argumento colaborou tambm o director

    da PVDE, Agostinho Loureno.

    Este filme de exaltao nacionalista conta a histria de um perigoso agitador, Csar

    Valente, que chega do Bltico para desencadear uma insurreio destinada a destruir o

    regime instaurado a 28 de Maio de 1926, no dcimo aniversrio da Revoluo

    Nacional. Mas o agitador sempre vigiado de longe pela polcia poltica desiste,

    depois de conhecer Portugal, rendido s maravilhas econmicas e sociais operadas no

    pas pelo Estado Novo.

    A Revoluo de Maio o nico exemplo de uma fico poltica tentado at aos

    anos 70 e o nico filme feito explcita e expressamente glria do Estado Novo, que o

    encomendou e pagou. () Mas mesmo para esta verso to softde filme fascista,

    Antnio Ferro teve as suas dificuldades. Lopes Ribeiro conta que, antes dele, Ferro

    convidou sucessivamente para a realizao Leito de Barros, Jorge Brum do Canto e

    Chianca de Garcia, e que todos recusaram. E o acolhimento ao filme, apesar da

    solenssima estreia no Tivoli, a 6 de Junho de 1937 (no se conseguiu acabar o filme

    ainda em 1936, ano do aniversrio da Revoluo Nacional), com a presena do prprio

    Salazar, foi discreto, para dizer o mnimo. Ningum se lembrou de insistir mais em tal

    gnero de fitas, nem de pedir mais obras que exaltem vibrantemente a juventude, o

    trabalho e a alegria de viver ou em que as imagens colaborem com a histria, na

    senda de palavras de Mussolini, recordadas por Antnio Ferro na ocasio , afirma Joo

    Bnard da Costa, na obra Histrias do Cinema (publicada pela Imprensa Nacional).

    Como exemplo curioso dessa colaborao das imagens com a histria, o autor

    refere que A Revoluo de Maio inclui o documentrio do discurso de Salazar em

    Braga, em 1936, em que o chefe do Governo enuncia os valores indiscutveis do novo

    regime, Deus, Ptria, Autoridade, Famlia e Trabalho.

    Em 1935, o SPN cria o Cinema Popular Ambulante, que, a partir de 1937, comea a

    exibir filmes em Casas do Povo, sedes de sindicatos, salas da Unio Nacional, campos

    de futebol e jardins. Nessa altura, j o SPN tinha produzido ou encomendado cerca de

    50 filmes, todos eles documentrios sobre os feitos e figuras do Estado Novo.

    Dados compilados por Jorge Ramos do (na obra Os Anos de Ferro, publicada pela

    Editorial Estampa), referem que, entre 1933 e 1956, o oramento do SPN que em

    1944 passou a chamar-se Secretariado Nacional da Informao, Cultura Popular e

    Turismo, o chamado SNI teve uma curva ascendente, embora com algumas

    oscila 3 es. Se em 1939 este era de 220 contos, em 1956 era j de 550 contos,

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    mostrando a aposta continuada no regime nesta forma de propaganda, mesmo depois

    de afastado o perigo comunista.

    Fernando Rosas afirma, por seu lado: O grande projecto da propaganda

    salazarista foi comeando a esboroar-se em 1945. A derrota do nazi-fascismo foi

    tambm a derrota do corporativismo. Salazar s cria o Ministrio das Corpora4

    es em1950 e as grandes corpora 4 es em 1954, mas tudo isto sobrevive apenas porque o

    contexto de guerra fria. Mesmo assim, as organiza4 es corporativas comearam a

    mudar por dentro, com os catlicos a promover no seu interior novas polticas

    laborais. Todo o fulgor utilizado para a emulao dos valores do homem novo entra

    em processo de crise, as organiza4 es perdem o vigor ideolgico.

    O historiador concretiza esta afirmao: A FNAT passou a funcionar praticamente

    como uma agncia de viagens. Em 1974, mudou de nome para INATEL, mas o que a

    FNAT fazia antes era o que hoje faz o INATEL. Em 1960, a inscrio na Mocidade

    Portuguesa deixou de ser obrigatria. E, nas crises acadmicas que se sucederam, em

    1956/57 ou em 1962, nem se ouvia falar de uma organizao de juventude a defender

    os valores do regime, a Mocidade Portuguesa no tinha qualquer existncia poltica.

    A partir de 1944, o SNI comea a actuar mais no sentido do controlo e censura da

    informao e na inspeco das actividades culturais. A propaganda, que at a

    privilegiara a populao rural, passa a dirigir-se mais para as camadas urbanas,

    nomeadamente as de maior rendimento e instruo.

    Em 1949, o prprio Antnio Ferro, a figura carismtica da propaganda salazarista, o

    homem ilustrado e culto, classificado por alguns como o Dr. Goebbels de Salazar,

    afastado.

    Durante anos, foi ele o responsvel mximo pela propaganda do Estado Novo, o

    rosto do excesso e da mentira, e acabou por ser o bode expiatrio do regime. A nvel

    interno, tambm tinha criado algumas incompatibilidades, ao pretender controlar tudo

    o que se passava sua volta, e Salazar fez com ele o que fazia a todos os que se

    tornavam incmodos, afastou-o, afirma Fernando Rosas.

    Nomeado ministro plenipotencirio em Berna, Antnio Ferro ainda foi transferido

    para Roma, onde se dedicou escrita. Morrer em 1956, com 61 anos.

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    IMPORTANTE:

    O artigo apresentado da autoria de Isabel Braga e foi publicado no livro 1933 AConstituio do Estado Novo da coleco Os Anos em que Salazar governou. Assim,no dispensvel a leitura e anlise do artigo no livro citado.