Stan Neoventa Manual

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CLD 300 201/351 R1C Meditor AB, Gteborg

Vigilncia fetalAnna-Karin Sundstrm David Rosn K G Rosn

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PrefcioO material educacional intitulado "Vigilncia fetal" foi desenvolvido no sentido de facultar a enfermeiras obsttricas e mdicos conhecimentos actualizados relacionados com a capacidade do feto utilizar as suas defesas contra a ameaa da deficincia em oxignio. Espera-se uma melhoria na capacidade do utilizador no sentido de interpretar as reaces fisiolgicas do feto, em conjugao com o novo registador STAN. O formato do sistema de ensino e de treino baseado na experincia adquirida ao longo de anos de trabalho de desenvolvimento clnico da STAN.Goteburgo, Maio de 2000 Anna Karin Sundstrm David Rosn K. G. Rosn

Este material encontra-se protegido de acordo com as leis de direitos de autor no podendo ser, em todo ou em parte, por qualquer forma copiado sem o consentimento escrito da Neoventa Medical AB. Copyright Neoventa Medical AB 2000

ContentsFisiologia bsica

Introduo ......................................................................................................................................6 Fluxo sanguneo placentrio .............................................................................................................6 Circulao fetal ................................................................................................................................6 Membranas fetais e lquido amnitico .............................................................................................7 O cordo umbilical ..........................................................................................................................7 Troca de gases na placenta ................................................................................................................7 Metabolismo celular ........................................................................................................................8 Definies bsicas ............................................................................................................................9 Resposta do feto hipoxmia ..........................................................................................................9 Resposta do feto hipxia ...............................................................................................................9 Resposta do feto asfixia ...............................................................................................................10 Mecanismos de defesa do feto ........................................................................................................11

Fisiologia da cardiotocografia (CTG)

Introduo .....................................................................................................................................12 O que estamos a registar? ...............................................................................................................12 Sistema nervoso autnomo ............................................................................................................13 Alteraes no ritmo cardaco fetal ..................................................................................................13

Interpretao da CTG

Durao e qualidade do registo ......................................................................................................17 Ritmo cardaco basal ......................................................................................................................17 Variabilidade ..................................................................................................................................17 Aceleraes .....................................................................................................................................19 Desaceleraes ................................................................................................................................19 Classificao da CTG ....................................................................................................................21

Fisiologia do ECG fetal

Introduo ....................................................................................................................................22 Complexo do ECG .......................................................................................................................22 Equilbrio energtico do miocrdio ................................................................................................23 Formas da onda ST .......................................................................................................................24

Interpretao do ECG fetal

O que estamos a registar? ........................................................................................................... ...25 Alteraes ST ................................................................................................................................25 Directrizes clnicas simplificadas STAN .......................................................................................27 Defesa fetal ....................................................................................................................................28 Amostra de sangue Fetal (FBS) e pH do escalpe ........................................................................... 29 Vigilncia ......................................................................................................................................30

Avaliao da criana

O que queremos saber? ..................................................................................................................31 Mtodos de avaliao .....................................................................................................................31 Classificao Apgar ........................................................................................................................31 cido-base .....................................................................................................................................31 O que a asfixia? ...........................................................................................................................35 Resumo .........................................................................................................................................36

Referncias ....................................................................................................................................37

Fisiologia bsicavado um risco aumentado de sequelas a longo prazo. Quaisquer melhorias na vigilncia fetal devem ser baseadas num conhecimento mais profundo dos mecanismos fisiolgicos envolvidos e das reaces fetais ao stress e s tenses do parto. Fluxo sanguneo placentrio A funo principal da placenta permitir as trocas entre o feto e a me. O rgo apresenta simultaneamente uma componente fetal e materna. A rede vascular fetal composta pelos ramos principais da artria umbilical que se dividem nas finas artrias que penetram as vilosidades corinicas e tm o seu fim na rede capilar, a qual se encontra situada superfcie das vilosidades que se estendem como dedos para o reservatrio materno de sangue placentrio, o espao intervilositrio. Finas veias transportam o sangue de volta veia umbilical e ao feto. O sangue materno tem a sua origem na aorta materna, por intermdio das artrias ilacas at s artrias uterinas. As artrias espirais transportam o sangue at ao espao intervilositrio situado entre as vilosidades corinicas. Uma fina membrana capilar que permite uma troca eficiente de gases e de substratos separa o sangue materno e o fetal. O fluxo sanguneo placentrio materno normalmente elevado, aproximadamente 500 ml por minuto. Este fluxo fortemente afectado pelo tnus do msculo uterino. Com uma contraco que exceda 30 mmHg, o fluxo maternal interrompido, tendo ento o feto que confiar nas provises disponveis no espao intervilositrio. A circulao placentria crtica para o feto apesar de ser pouco relevante para a me. Por vezes, a me tem que estabelecer prioridades para a sua prpria proviso de sangue se estiver, por qualquer forma, em perigo. Como resultado o feto pode sofrer, pois dependente de um suprimento contnuo de oxignio e de nutrientes a partir do sangue materno, para alm do dixido de carbono transportado dos tecidos fetais para os pulmes da me. Circulao fetal A circulao sangunea fetal caracterizada por um fluxo rpido de sangue, facilitado pela baixa presso sangunea fetal. A concentrao de hemoglobina encontra-se aumentada e a hemoglobina fetal mais eficiente na ligao ao oxignio. Apesar da presso de oxignio (PaO2) se encontrar reduzida em 70% em comparao com a da me, a saturao de oxignio (SaO2) apenas se encontra diminuda em cerca de 35%. A conjugao de uma saturao de oxignio moderadamente baixa, uma capacidade de transporte elevada (concentrao elevada de hemoglobina) e uma circulao sangunea rpida torna o fornecimento de oxignio mais do que adequado para o tecido fetal em crescimento. O mesmo se aplica tambm para a maioria dos nutrientes. O sangue oxigenado transportado a partir da placenta pela veia umbilical at ao feto. No feto, o sangue entra na veia porta sendo transportado pelo ducto venoso at veia cava inferior. Neste ponto, ocorre a sua miscigenao com o sangue desoxigenado proveniente da parte inferior do corpo fetal. Para uma taxa de fluxo sanguneo normal, a maioria deste sangue bem oxigenado proveniente da placenta passar directamente pelo foramen oval at aurcula esquerda. Esta separao do sangue oxigenado essencial pois o sangue rico em oxignio pode assim ser transportado a partir do ventrculo esquerdo para o miocrdio e a parte superior do corpo fetal, ou seja, o crebro. O sangue com uma baixa concentrao de oxignio transportado atravs da aurcula direita at ao ventrculo direi-

Os nossos conhecimentos sobre o modo como o feto reage so, em larga medida, baseados em estudos de experimentao animal que utilizaram como modelo o cordeiro fetal. Este trabalho foi necessrio para nos permitir interpretar as complexas reaces que tm lugar durante o parto.

Introduo Nascer o maior desafio na vida de um indivduo. No s deve o beb adaptar-se a um ambiente completamente novo, como esta transio se encontra tambm associada a hipxia e acidmia. O objectivo do nascimento , para a criana, estabelecer-se como um indivduo de respirao aerbia com o seu prprio fornecimento nutricional e padro de reaces. Estes padres de reaco tm um significado pois o beb encontra-se dependente da me no sentido de obter o seu continuado apoio. Para enfrentar o parto, o feto encontra-se equipado com mecanismos de defesa, os quais lhe permitem enfrentar at mesmo uma deficincia pronunciada de oxignio. A experincia adquirida durante os ltimos 30 anos demonstrou que um feto saudvel, exposto a uma hipxia pronunciada durante o parto, mas que gere de forma adequada o seu tempo de recm-nascido apresentar um desenvolvimento normal. Isto torna a vigilncia intra-parto numa tarefa primordial para a obstetrcia tendo resultado num conhecimento mais profundo acerca da forma como cada beb individualmente reage ao stress do parto. Tal deveria permitir intervir da forma mais adequada aps as defesas fetais terem sido activadas mas antes de ser obser-

Fluxo sanguneo placentrioartria espiral espao intervilositrio vilosidades corinicas veia umbilical artrias umbilicais

6

Fluxo sanguneo fetalto e artria pulmonar pelo ducto arterial at aorta. A partir da aorta abdominal, o sangue transportado pelas artrias umbilicais at placenta para ser reoxigenado. Membranas fetais e lquido amnitico Uma fina camada com duas membranas, o crio e mnio, envolve o feto. Estas membranas protegem o feto dos microorganismos e providenciam um invlucro para o feto e o lquido amnitico. O lquido amnitico constantemente produzido e circulado ao longo da gravidez. produzido principalmente nos pulmes do feto, assimilado pelo feto por ingesto e reabsorvido pelo tracto gastrointestinal. Simultaneamente, os rins do feto produzem urina que se torna parte do lquido amnitico. No incio da gravidez, apresenta uma cor lmpida, mas com o avanar da gestao aumenta o seu contedo em produtos resultantes da degradao da pele do feto. O seu volume pode variar entre 500-2 000 ml. Este volume permite ao feto mover-se sendo os movimentos importantes quando este inicia o desenvolvimento dos msculos e das estruturas esquelticas. Adicionalmente, o lquido amnitico protege o feto das foras mecnicas exteriores. Desde que as membranas fetais estejam intactas, o lquido amnitico impede o cordo umbilical de ser comprimido durante as contraces. O cordo umbilical O cordo umbilical interliga o feto com a placenta. As duas finas artrias umbilicais transportam o sangue desoxigenado desde o feto at placenta. A espessa veia umbilical transporta o sangue oxigenado desde a placenta at ao feto. Uma substncia gelatinosa, denominada gelia de Wharton, envolve estes vasos. As membranas amniticas e uma espessa camada de tecido conjuntivo revestem os vasos do cordo umbilical. Este tecido conjuntivo importante, pois iguala a presso externa exercida sobre o cordo umbilical durante uma contraco. Tal significa que contraces moderadas durante a primeira fase do parto no devem normalmente afectar a circulao no cordo umbilical, enquanto que durante os esforos de expulso, as foras so frequentemente de tal modo que bloqueiam particularmente o fluxo sanguneo da veia umbilical. Troca de gases na placenta O oxignio tem que ser transportado para os tecidos e as clulas com o objectivo de produzir energia. A energia utilizada para diferentes actividades e para o crescimento. Ao mesmo tempo, uma grande quantidade de dixido de carbono produzida e tem que ser removida de modo a manter as actividades dos tecidos. O sangue proveniente do feto transportado pelas artrias umbilicais at placenta. Aproximadamente metade do sangue que deixa o corao do feto transportado at placenta sendo este fluxo sanguneo regulado pela presso sangunea fetal. O feto tenta aumentar sua presso sangunea em resposta a uma deficincia em oxignio de modo a maximizar o fluxo sanguneo placentrio e consequentemente a troca de gases e a absoro de nutrientes. O sangue da artria umbilical tem uma baixa concentrao de oxignio e uma elevada concentrao de dixido de carbono. O oxignio transportado, ligado hemoglobina. possvel determinar quantos, dos quatro locais de ligao da molcula de hemoglobina, se encontram ocupados pelo oxignio. Este valor denominado por saturao em oxignio do sangue. A saturao em oxignioducto arterial ducto venoso placenta veia umbilical

artria pulmonar

foramen oval aorta

veia cava inferior

artrias umbilicais

Membranas fetaisplacenta

mnio crion

O cordo umbilical

veia artrias gelia de Wharton tecidos conjuntivos mnio

do sangue da artria umbilical de aproximadamente 25%. Quando os glbulos vermelhos alcanam a placenta, o oxignio fixado sendo, ao mesmo tempo, o dixido de carbono removido do sangue do feto ao longo dos finos capilares da placenta fetal. A difuso dos gases regulada pela diferena nas presses parciais dos gases entre o feto e a me. Normalmente, o feto apresenta uma presso parcial muito mais baixa para o oxignio e uma presso parcial mais elevada para o dixido de carbono. Tal significa que o fluxo sanguneo que regula a quantidade de oxignio e de dixido de carbono que podem ser transportados entre o feto e a placenta. A funo mais importante da placenta servir como o pulmo do feto sendo tal normalmente realizado da maneira mais eficiente. No

7

Glbulo vermelho na artria do cordo umbilicalCO2O2

Glbulo vermelho na veia do cordo umbilicalO2

CO2 CO2 CO2O2

+

CO2 CO2 CO2

CO2

CO2

CO2 CO2O2

CO2

+

+O2

O2

Glbulo vermelho na placentaO2

O2

+O2

O2 O2 O2

CO2

CO2 CO2 CO2O2

O2

+

O2

CO2

+

hemoglobina

O2

+O2 O2

+

O2

O2

+O2

O2

placenta sangue materno artrias umbilicais

veia umbilical

entanto, medida que o feto cresce, a maior parte desta capacidade utilizada no restando qualquer capacidade de reserva, por exemplo, durante o parto. Aps a troca de gases na placenta, o sangue transportado de volta ao feto por intermdio da veia do cordo umbilical. O sangue tem agora um contedo elevado em oxignio e um contedo baixo em dixido de carbono. A saturao em oxignio de aproximadamente 75%. Esta saturao em oxignio relativamente elevada devida capacidade aumentada da hemoglobina fetal, quando comparada com a hemoglobina de um adulto, em ligar oxignio. Em conjunto com um fluxo sanguneo para os tecidos elevado e a extraordinariamente elevada capacidade dos tecidos fetais em extrair oxignio, tal assegura um suprimento adequado e at mesmo uma reserva de oxignio. O sangue oxigenado passa atravs do corao do feto, por intermdio do ventrculo cardaco esquerdo. O sangue mais oxigenado enviado para o msculo cardaco e para o crebro.

Metabolismo celular O metabolismo celular normal utiliza predominantemente glicose e oxignio. Este o denominado metabolismo aerbio, dependente de oxignio. Alguma da glicose absorvida pelas clulas pode ser armazenada sob a forma de glicognio. Estas reservas so produzidas durante o ltimo trimestre e um feto antes do termo da gravidez no apresenta as mesmas quantidades de glicognio armazenado como um feto no fim do termo. Durante o metabolismo aerbio, a energia que produzida utilizada durante a actividade e o crescimento. importante notar que o dixido de carbono e a gua so os produtos residuais que necessitam de ser removidos da clula pelo fluxo sanguneo. Durante a hipxia, o feto capaz de suportar o metabolismo aerbio utilizando o metabolismo anaerbio, no dependente de oxignio. A glicose sangunea e o glicognio armazenado so ento utilizados sendo produzida a energia necessria para prover a actividade basal. O produto residu-

Metabolismo aerbio

CLULA glicognio metabolismo aerbioCRESCIMENTO

glicose

energiadixido de carbono

ACTIVIDADE

oxignio

gua

Metabolismo anaerbio

CLULA glicognio energia metabolismo anaerbioACTIVIDADE BASAL

glicose

cido lctico

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Definies bsicas

hipoxmia - afecta o sangue arterial

hipxia - afecta os tecidos perifricos

asfixia - afecta os rgos centrais

al durante este processo o cido lctico. A quantidade de energia produzida a partir da glicose durante o metabolismo anaerbio corresponde a 1/20 da energia produzida durante o metabolismo normal dependente de oxignio. Definies bsicas Quando discutirmos a deficincia em oxignio do feto durante o parto, necessrio distinguir trs termos. Hipoxmia que significa uma diminuio no contedo em oxignio apenas do sangue arterial. Hipxia que significa uma diminuio no contedo em oxignio que afecta os tecidos perifricos. Asfixia que significa uma deficincia geral em oxignio que afecta tambm os rgos principais

absoro mais eficaz de oxignio actividade reduzidaSaturao em oxignio

diminuio na taxa de crescimento equilbrio energtico sustentado

Resposta do feto hipoxmia Hipoxmia a fase inicial da deficincia em oxignio e da asfixia. Durante a hipoxmia, a saturao em oxignio diminui afectando o sangue arterial, permanecendo no entanto intactas as funes celulares e orgnicas. O que se verifica uma diminuio na saturao em oxignio, mantendo intactas as funes dos rgos. A resposta fetal depende da activao dos denominados quimio-receptores, localizados nos vasos sanguneos principais. Estes receptores so activados por uma diminuio na saturao em oxignio do sangue arterial dependendo a resposta do nvel de oxigenao. Em adultos, possvel observar uma situao semelhante quando estes se encontram expostos a altitudes elevadas. O organismo reage com um aumento da frequncia respiratria, um aumento do fluxo sanguneo atravs dos pulmes e um aumento no nmero de glbulos vermelhos. Numa primeira fase, a defesa fetal contra a hipoxmia uma absoro mais eficaz de oxignio. Uma reduo na actividade, por outras palavras, uma diminuio nos movimentos e na respirao fetal, podem constituir outro mecanismo de defesa. Eventualmente, a defesa a longo prazo contra a hipoxmia, pode incluir uma diminuio na taxa de crescimento. Todas estas reaces reduzem as necessidades em oxignio medida que as exigncias energticas diminuem verificando-se, como resultado, um equilbrio energtico sustentado. O feto pode suportar uma situao de hipoxmia controlada durante dias e semanas. No entanto, como consequncia, o desenvolvimento de sistemas de rgos especficos pode ser afectado sendo de esperar que um feto exposto a um stress prolongado apresente uma capacidade menor de controlar a hipxia aguda durante o parto. Resposta do feto hipxia Se a saturao em oxignio diminuir adicionalmente, a defesa utilizada pelo feto durante a fase inicial de hipoxmia pode no ser suficiente para a manuteno de um equilbrio energtico podendo o feto nesta altura entrar na fase de hipxia. Tal significa que a deficincia em oxignio comea agora a afectar os tecidos perifricos em particular. O feto tem que utilizar mecanismos de defesa enrgicos para controlar a situao. A principal reaco hipxia uma reaco fetal de alarme acompanhada de uma onda de hormonas de stress e uma redu9

Hipoxmia Hipxia AsfixiaDias e semanas Horas Minutos Tempo

Resposta do feto hipoxmia

o no fluxo sanguneo perifrico. Isto provoca uma redistribuio do fluxo sanguneo a favor dos rgos centrais, o corao e o crebro. Verifica-se a ocorrncia de metabolismo anaerbio nos tecidos perifricos. Estas alteraes asseguram e mantm o equilbrio energtico nos rgos centrais podendo o feto controlar esta situao durante vrias horas. Pode ser estabelecida uma comparao com o corpo de um adulto durante um trabalho fsico pesado em que as clulas musculares trabalham de forma to intensa que o fluxo sanguneo j no consegue fornecer oxignio suficiente. A capacidade das clulas para produzir trabalho encontra-se directamente relacionada com a capacidade de criar energia adicional atravs do metabolismo no dependente de oxignio. A hipxia fetal provoca uma reaco enrgica de alarme com uma onda marcada de hormonas de stress adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina) provenientes das glndulas supra-renais e do sistema nervoso simptico. O fluxo sanguneo para os tecidos perifricos reduzido sendo o sangue redireccionado para os rgos centrais, o corao, o crebro e as glndulas supra-renais. O fluxo sanguneo pode aumentar de duas a cinco vezes, assegurando um fornecimento de oxignio adequado e uma manuteno da actividade. A onda de adrenalina activa receptores beta localizados na superfcie da clula, provocando um aumento nas actividades celulares por intermdio da activao do AMP cclico, incluindo a activao da enzima fosforilase. Esta enzima converte o acar armazenado (glicognio) em glicose livre (glicogenlise). Como resultado inicia-se o metabolismo anaerbio. Obviamente, este fenmeno ocorre inicialmente nos tecidos perifricos, devido reduo no fluxo sanguneo e a concomitante hipxia. Se a hipxia se limitar apenas aos tecidos perifricos, no ocorrem quaisquer danos fetais. Nesta situao, os rgos centrais, prioritrios asseguram o seu fornecimento de sangue, glicose e oxignio sendo, como resultado, quando o feto nascer, o beb capaz de enfrentar a situao. Contanto que o equilbrio energtico dos rgos centrais seja mantido, o feto capaz de lidar com a situao. O feto pode suportar este grau de hipxia durante diversas horas. Resposta do feto asfixia Existe um risco acrescido de falha no funcionamento de rgos relacionado com a asfixia. A produo de energia celular j no suficiente para suprir as necessidades. A saturao em oxig-

Saturao em oxignio

vaga de hormonas do stress redistribuio do fluxo sanguneo metabolismo anaerbio dos tecidos perifricos

Hipoxmia Hipxia

equilbrio energtico sustentado

AsfixiaDias e semanas Horas Minutos Tempo

Resposta do feto hipxia

Saturao em oxignio

Hipoxmia Hipxia

reaco de alarme metabolismo anaerbio nos rgos centrais o corao deixa de funcionar

AsfixiaDias e semanas Horas Minutos Tempo

Resposta do feto asfixia

A relao entre as reservas de glicognio miocrdico e a capacidade dos fetos de diferentes espcies para resistir asfixia medida como o tempo at "ltima respirao".Concentrao de glicognio miocrdico por mg/g tecido rato20

10

humano cobaia10 20 30 40 50 min

Tempo at "ltima respirao"

nio agora muito baixa existindo um risco de falha no funcionamento dos rgos centrais. O feto reage agora com uma reaco de alarme muito marcada com a activao mxima do sistema nervoso simptico e a libertao de hormonas de stress. Ocorre metabolismo anaerbio nos rgos centrais de elevada prioridade tendo o feto que utilizar as suas reservas de glicognio presentes no fgado e no msculo cardaco. O crebro apresenta muito pouco glicognio armazenado sendo portanto dependente do fornecimento de glicose a partir do fgado. O feto tenta manter o sistema cardiovascular activo pelo mximo de tempo possvel tornando-se a redistribuio de sangue ainda mais pronunciada. Obviamente, esta adaptao pronunciada requer um sistema regulador compreendendo diferentes reflexos e hormonas que asseguram uma funo optimizada dos rgos. Quando as defesas do feto atingem o seu estado final, o sistema na sua totalidade colapsa muito rapidamente com a falncia do crebro e do corao. Se for detectada asfixia em paralelo com a bradicardia final, o parto tem que acontecer nos prximos minutos. Qual a defesa mais importante do feto contra a hipxia? H quase 50 anos, o Professor Geoffrey Dawes e colaboradores estudaram a capacidade de fetos de diferentes espcies para tolerar uma ausncia total de oxignio tendo relacionado esta capacidade com a concentrao de glicognio no miocrdio. O10

Mecanismos de defesa do feto Extraco de oxignio pelos tecidos aumentada Actividade no essencial diminuda Actividade simptica aumentada Redistribuio do fluxo sanguneo Metabolismo anaerbio

Intacto Feto saudvel a responder hipxia aguda durante o parto

Reduzido Feto previamente saudvel exposto a episdios repetidos de hipoxmia com as reservas progressivamente diminudas. Feto pstermo.

Em Falta Problemas pr-natais com desconforto crnico. Defesas potenciais esgotadas ou no disponveis. Feto com atraso de crescimento.

Reaco ptima para hipxia Compensao completa

Reaco incompleta hipxia Compensao reduzida

Reaco mnima ou inexistente hipxia Descompensao

Sinais caractersticos de desconforto fetal Baixo risco de danos por asfixia

Sinais variveis de desconforto fetal Risco de danos por asfixia

Sinais de desconforto pouco caractersticos Risco elevado de danos por asfixia

feto de cobaia, o mais maduro do ponto de vista neurolgico, apresentou a menor capacidade para controlar a asfixia. O feto de rato, apresentou a maior capacidade, directamente relacionada com a concentrao de glicognio no miocrdio. Mecanismos de defesa do feto Foi anteriormente discutido o modo como diferentes mecanismos de defesa podem apoiar a capacidade do feto para suportar a deficincia em oxignio. Estes mecanismos podem ser resumidos da seguinte forma: extraco de oxignio pelos tecidos aumentada actividade no essencial diminuda actividade simptica aumentada redistribuio do fluxo sanguneo metabolismo anaerbio, com o metabolismo do acar do sangue gliclise, e do glicognio glicogenlise. Defesas intactas Se estes mecanismos de defesa esto intactos, observa-se uma reaco ptima hipxia com uma compensao completa. Este o caso de um feto saudvel que enfrenta a hipxia aguda durante o parto com um baixo risco de danos por asfixia. So de esperar sinais CTG e ECG caractersticos de desconforto fetal, indicando que todos os mecanismos esto activos e o feto capaz de apresentar uma resposta completa. Defesas reduzidas A situao piora quando os mecanismos de defesa se encontram reduzidos, causando uma reaco incompleta hipxia com uma compensao reduzida. Um exemplo de uma situao deste tipo o de um feto inicialmente saudvel exposto a episdios repetidos de hipxia com uma capacidade de reserva progressivamente diminuda. Um exemplo clnico desta situao o do feto nascido aps o termo. A reaco incompleta acarreta um risco acrescido de danos sendo tambm de esperar sinais variveis de desconforto fetal. Defesas ausentes Quando a defesa fetal se encontra ausente, ocorre uma reaco mnima hipxia, pois a maioria dos mecanismos de defesa foram j utilizados ou no tiveram oportunidade de se desenvolver. Clinicamente, de esperar uma situao desta natureza11

quando ocorrem problemas pr-natais com dificuldades crnicas, como em fetos com o crescimento seriamente retardado. Existe um risco elevado de danos por asfixia sendo de esperar sinais pouco usuais de desconforto fetal. A defesa mais caracterstica do feto contra a hipxia a activao pronunciada do sistema simpato-adrenrgico. Se esta for bloqueada administrando, me, agentes bloqueadores beta, a defesa do feto limitada sendo reduzida a sua capacidade para controlar a hipxia. Uma activao pronunciada dos beta-adrenorecetores provoca uma reaco exagerada fazendo desaparecer rapidamente o glicognio e a glicose disponveis. Os episdios de hipxia provocados pelas contraces uterinas apresentam uma natureza repetitiva. importante para o feto redistribuir rapidamente o oxignio, o qual retorna aps o alvio da contraco. Se a capacidade para reagir se encontra comprometida, como no caso de os beta-adrenoreceptores se encontrarem bloqueados, o crebro do feto atingido, podendo no entanto o corao ser protegido.

Receptores beta-adrenrgicos e hipxiaO grfico indica a relao entre o grau de deficincia em oxignio, a activao dos sistemas de defesa fetais e o impacto da activao e bloqueio beta-adrenrgicos. A sensibilidade destes receptores aumentar com a hipxia e a administrao externa de frmacos betamimticos, como a terbutalina, pode provocar uma exacerbao metablica com uma rpida utilizao das reservas de glicognio com uma reduo na capacidade para controlar a hipxia.100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

Nvel de hipxia %

falncia de rgos defesas metablicas defesas cardiovasculares Receptores beta-adrenrgicos intactos bloqueados estimulados

Fisiologia da cardiotocografia (CTG)Introduo Os sons cardacos do feto tm sido utilizados desde h mais de 100 anos para distinguir entre um feto vivo e um feto morto. O estetoscpio de Pinard ainda um instrumento til para este objectivo. Pareceu assim natural continuar e desenvolver ainda mais estas observaes aquando da introduo da nova tcnica electrnica de monitorizao fetal durante os anos 60. A capacidade de monitorizar reaces fetais de um modo contnuo, utilizando uma anlise de frequncia cardaca mais detalhada, parecia fornecer uma oportunidade nica de identificar situaes de hipxia e de prevenir leses cerebrais. O interesse foi inicialmente dirigido para episdios de bradicardia, no entanto, medida que os monitores de CTG se aperfeioavam, a variabilidade no ritmo cardaco, ou seja, a variao entre batimentos, assumiu um papel de parmetro mais importante. A tecnologia de CTG tornou-se bastante robusta e tecnicamente fcil de utilizar. No entanto, surgiu muito pouca informao nova acerca da fisiologia subjacente s variaes do ritmo cardaco fetal. O problema principal tem sido a identificao de padres especficos relacionados com a hipxia, tendo, como resultado, numerosos partos sido alvo de uma interveno desnecessria numa tentativa de prevenir uma hipxia intra-parto. Hoje em dia, temos que aceitar que a CTG no pode fornecer toda a informao necessria tendo os cientistas trabalhado durante os ltimos 25 anos no sentido de desenvolver novas tecnologias para uma monitorizao contnua intra-parto do feto. Neste processo, importante construir em reas que apresentam solidez. Indubitavelmente, a CTG contm informao importante existindo duas situaes nas quais a CTG fornece uma viso preciosa sobre a condio do feto; um CTG normal, reactivo identifica um feto sem problemas em enfrentar os episdios do parto enquanto que um CTG pre-terminal com perda completa de reactividade e variabilidade identifica um feto incapaz de fornecer uma resposta. Deste modo, num futuro previsvel, a anlise do ritmo cardaco do feto continuar a manter o seu papel de funo bsica de monitorizao fetal. Hoje em dia, a CTG deve ser considerada apenas como uma ferramenta de rastreio. A capacidade

Sistema nervoso autnomoACTIVAO SIMPTICA hormonas de stress taquicardia adaptao mais lenta ACTIVAO PARASIMPTICA nervo vago bradicardia adaptao rpida

computacional deve contribuir para melhorar a apresentao da informao relativa ao ritmo cardaco fornecendo tambm novos meios para ensino e o treino. O que estamos a registar? Antes da ruptura de membranas, a monitorizao do feto a partir do exterior pode ser efectuada por intermdio de mtodos externos Um transdutor externo denominado toco regista as contraces uterinas. O ritmo cardaco do feto detectado atravs de um sensor de ultrasons que inclui um transmissor e um receptor localizados no abdmen da me. Este registador externo do ritmo cardaco do feto tem certas limitaes e, para obter registos exactos da variabilidade do ritmo cardaco fetal e para permitir registos exactos do ritmo cardaco durante bradicardia pronunciada, necessria a monitorizao interna. Tal permite a deteco exacta de cada batimento cardaco atravs de utilizao do intervalo R-R do ECG do feto atravs de um elctrodo de escalpe. As alteraes de presso intra-uterinas podem ser registadas atravs de um transdutor intra-uterino de presso (IUP).

Registo do ritmo cardaco fetal e actividade uterinaMONITORIZAO EXTERNAR

MONITORIZAO INTERNA Intervalo RRR

transdutor externo "toco" contraces uterinas

sensor de ultra-sons contraces uterinas

elctrodo de escalpe

transdutor de presso intra-uterina (IUP)

ritmo cardaco fetal

12

Sistema nervoso autnomo O ritmo cardaco do feto regulado alteraatravs de alteraes no sistema neres normais na voso autnomo. Este uma parte actividaindependente do sistema nervoso de fetal central que comanda as reaces basais e que domina durante a vida alteraes fetal. As suas componentes principais no fluxo sanguneo so os ramos parasimpticos e simptida placenta cos. A activao parasimptica actua principalmente atravs do nervo vago. O objectivo prinhipxia cipal da activao parasimptica a adaptao rpida do sistema cardiovascular a um ambiente interno e externo varivel. Um exemplo desta ltima a resposta pronunciada observada quando aplicado um aumento de presso no globo ocular. A activao parasimptica provoca uma reduo no ritmo cardaco do feto, tambm conhecida como bradicardia. A activao simptica provoca a libertao de hormonas de stress a partir das glndulas supra-renais e a activao do sistema nervoso simptico. Como resultado, o ritmo cardaco do feto pode aumentar podendo-se observar taquicardia. As respostas simpticas resultam numa adaptao mais lenta do que a observada aquando da activao do ramo parasimptico. O factor mais importante a capacidade das catecolaminas para contrariar o efeito depressivo da hipxia, por si s, sobre as funes cardacas e cerebrais do feto. Mesmo um parto vaginal normal provoca uma activao muito pronunciada do sistema simptico no sentido de apoiar a funo pulmonar e o metabolismo neonatal, bem como uma estimulao geral e um estado de alerta. Em caso de asfixia, o feto depende da activao simptica para manter a actividade cardiovascular por intermdio da redistribuio do fluxo sanguneo e da utilizao das reservas de glicognio armazenadas no fgado e no miocrdio. Alteraes no ritmo cardaco fetal Existem muitas razes diferentes para alteraes no ritmo cardaco fetal. A maioria no tem nada a ver com a deficincia em oxignio mas resultam da adaptao normal do feto a alteraes no seu ambiente. O feto regula o seu dbito cardaco alterando o ritmo cardaco existindo numerosas razes para uma alterao no dbito cardaco. Um exemplo so as alteraes que ocorrem devido a alteraes normais na actividade do feto. Outras razes para alteraes no ritmo cardaco fetal incluem alteraes no fluxo sanguneo placentrio, hipxia, estmulos externos, aumento na temperatura e medicao. Alteraes normais da actividade do feto Durante o sono calmo, mais repousante, o feto exibe poucos movimentos e o sistema nervoso evidencia uma reduzida sensibilidade a estmulos. So impostas menos exigncias aos mecanismos reguladores da circulao sendo reduzida a variabilidade do ritmo cardaco fetal. Nestes momentos pode ser muito difcil obter uma resposta do feto s tentativas de o despertar. Quando o feto entra no sono activo, conhecido tambm por sono REM, observa-se a respirao fetal e um aumento nos movimentos espordicos. Durante o sono REM, ocorrem alteraes rpidas na actividade do sistema nervoso autnomo13

Motivos para alteraes no ritmo cardaco fetal

medicamentos aumentos de temperatura

estmulos externos

observando-se um ritmo cardaco fetal com aceleraes e um aumento na variabilidade do ritmo cardaco fetal. Um feto acordado evidencia reaces de estimulao quando o sistema nervoso simptico activado. Este feto apresenta reaces mximas aos estmulos administrados. Um exemplo uma reaco provocada pelos pontaps fetais com aceleraes rpidas e uma reactividade aumentada do ritmo cardaco fetal. Um feto saudvel alterna entre diferentes estados de sono. s vezes o feto dorme durante longos perodos de tempo no apresentando ento sinais de um CTG reactivo. Pode ser difcil interpretar a situao destes fetos com base apenas na CTG. Alteraes no fluxo sanguneo da placenta O parto pode ser considerado como um teste de stress no qual o desempenho do sistema cardiovascular continuamente testado. O factor principal obviamente a tenso e o stress provocados pelas contraces uterinas. A compresso do cordo reduz o fluxo sanguneo para o feto e diferentes receptores

Alteraes normais da actividade do feto

sono inactivo

sono activo

feto est acordado

Sono inactivo e activo num feto de cordeiroSEPA B

50 ms Presso traqueal 20 mmHg 20 EEG 120 v

40 v

EOG

10 min

Um registo obtido a partir de um feto de cordeiro maduro que ilustra as diferenas na actividade fetal em relao a sono inactivo (A) e activo REM (B). O sono activo caracterizado pela respirao fetal (episdios de presso traqueal negativa) e movimentos rpidos dos olhos (EOG). Os potenciais evocados somatosensoriais (SEP) foram registados sob a forma de potenciais elctricos obtidos a partir da superfcie do crtex fetal em resposta a um estmulo tctil na narina. de notar a diminuio nos SEP com o sono REM como um sinal de alteraes no comportamento do sistema nervoso central.

sensveis a presso no corao e nos vasos principais respondem, permitindo a adaptao imediata do feto a estas alteraes. Adicionalmente, a placenta contm aproximadamente 250 ml de sangue algum do qual pode ser transferido rapidamente para o feto durante a fase inicial de uma contraco. Tudo isso transforma o parto num verdadeiro teste de stress, debruando-nos agora sobre os mecanismos envolvidos na alterao do ritmo cardaco fetal durante as contraces. No incio de uma contraco a compresso do cordo umbilical pode provocar uma transferncia de sangue para o feto atravs da grande veia umbilical. Tal provoca um aumento no ritmo cardaco, pois o corao necessita de bombear este volume extra. O aumento do volume sanguneo provoca um aumento na presso sangunea, activando deste modo os baroreceptores sensveis presso e provocando uma queda no ritmo cardaco fetal. Assim, nestas circunstncias, observa-se uma transferncia do sangue da placenta para o feto que provoca uma desacelerao retardada do ritmo cardaco. Devido natureza bpede dos seres humanos, estamos equi-

pados com um longo e estreito canal de nascimento. Como resultado, ocorrem redues episdicas no fluxo sanguneo atravs do cordo umbilical medida que o beb e o cordo so comprimidos durante o parto. Alteraes relacionadas com uma situao deste tipo podem ser ilustradas da seguinte forma. Quando uma contraco comea, o sangue empurrado desde a placenta at ao feto. O ritmo cardaco aumenta pois o corao precisa de bombear mais sangue. medida que a presso uterina aumenta ainda mais, ocorre a compresso da veia umbilical. Tal detm o fluxo sanguneo da placenta para o feto, provocando uma reduo do volume sanguneo que regressa ao corao. Com menos sangue a ser bombeado, o corao precisa de se adaptar rapidamente com uma quebra rpida do ritmo cardaco. Nesta situao, parte do sangue fetal aprisionado na placenta pois o fluxo da artria umbilical ir ainda continuar durante um curto perodo de tempo. Quando a presso uterina cai, o fluxo no cordo rapidamente restabelecido ocorrendo uma acelerao cardaca, pois algum sangue pode uma vez mais ser transferido da placenta para o feto.

Desvio de sangue da placenta para o feto

Alteraes no fluxo sanguneo placentrio

Compresso do cordo umbilical

Compresso prolongada do cordo umbilical

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Diminuio no fluxo sanguneo placentrio durante uma contraco

Asfixia graveQuando a hipxia tem uma durao prolongada e se torna grave, o sistema nervoso central pode j no poder regular e ajustar finamente o sistema cardiovascular. A CTG exibir ento um padro pre-terminal com perda de reactividade e variabilidade do ritmo cardaco. Esta uma concluso muito anormal e deve desencadear uma interveno clnica imediata.

Verifica-se uma extenso deste processo quando a contraco uterina prolongada. Tal como anteriormente, o aumento na presso uterina provoca a compresso inicial da veia umbilical. A diminuio correspondente no fluxo sanguneo para o feto provoca uma rpida queda no ritmo cardaco. Em breve, a placenta no conseguir conter todo o sangue que sai do feto sendo interrompido o fluxo da artria umbilical. A presso sangunea fetal aumenta com a activao dos chamados baroreceptores. A sua tarefa manter a presso sangunea constante de acordo com as alteraes do ritmo cardaco e os ajustamentos no bombeamento cardaco. A activao dos baro-receptores provoca um ampla e varivel desacelerao mediada pelo nervo vago. Com a diminuio da actividade uterina, o fluxo sanguneo e o ritmo cardaco voltam rapidamente ao normal. Adaptao hipxia Quando um feto se encontra a sofrer de hipxia aguda, os receptores sensveis diminuio na presso parcial do oxignio so activados. Estes receptores so denominados de quimio-

receptores. A activao dos quimio-receptores estimula tanto a actividade simptica como a parasimptica o que resulta numa reduo inicial do ritmo cardaco fetal. No entanto, a alterao do ritmo cardaco varia tambm com o tipo de hipxia. A hipxia aguda provoca bradicardia, enquanto que uma hipxia com um desenvolvimento gradual ou uniformemente mantida provoca um aumento no ritmo cardaco fetal. importante saber que o padro de ritmo cardaco fetal pode diferir com a progresso da hipxia medida que o feto se adapta. Uma reduo no fluxo sanguneo placentrio durante uma contraco pode provocar uma reduo no suprimento de oxignio com a activao dos quimio-receptores podendo ser observadas desaceleraes repetidas que se iniciam depois de a contraco ter alcanado o seu pico. O aumento da presso sangunea pode tambm induzir um padro deste tipo como parte da adaptao cardiovascular hipxia. Estas desaceleraes denominam-se desaceleraes tardias. Com o retorno do fluxo sanguneo e da oxigenao, a activao simptica mantida, provocando taquicardia.

Estmulos externos

Contraco uterina e aumento na presso craniana

Compresso da veia cava

Aumento na presso do globo ocular

A bradicardia devida ao efeito depressor directo da hipxia sobre a funo miocrdica muito rara. Os dados experimentais indicam que demora aproximadamente 90 segundos aps uma paragem completa na oxigenao placentria materna antes de a hipxia comear a afectar o desempenho miocrdico. Estmulos externos O feto possui a capacidade de sentir e reagir a alteraes no seu ambiente externo e interno. Durante uma contraco, o feto empurrado para baixo no canal de nascimento sendo observado um aumento espordico na presso intracraniana. A CTG apresenta agora desaceleraes precoces em que a queda no ritmo cardaco coincide com a curva de actividade uterina. Outro exemplo a reaco de estimulao provocada pelos apertos e compresses do parto que provocam taquicardia. Com a me deitada de costas, existe o risco de que o tero possa comprimir as veias abdominais. Tal reduz o fluxo sanguneo na placenta materna e pode causar hipxia fetal. Este factor resulta numa desacelerao prolongada. A soluo virar a me de lado para melhorar o fluxo sanguneo uterino materno. Durante a ltima fase do parto, no invulgar ocorrer um aumento pronunciado na presso intra-ocular provocando uma bradicardia vagal pronunciada. Aumentos da temperatura O parto uma tenso fsica para a me. Tal como em todo o exerccio fsico, pode ocorrer perdas de gua o que conduz a um dfice de fluidos. Este factor provoca uma diminuio na circulao perifrica da me devido reduo no volume sanguneo. Como resultado, ela reduz a sua capacidade de se livrar do calor extra gerado pelo exerccio podendo ocorrer febre. A elevao da temperatura provoca um aumento no ritmo metablico do feto e um aumento no consumo de oxignio e do fluxo sanguneo atravs dos tecidos. Isto pode resultar em taquicardia fetal. As margens de variao ficam reduzidas e a capacidade fetal para controlar a deficincia em oxignio diminui. O tratamento adequado da febre materna atravs do aumento da ingesto de fluidos e de paracetamol devem provocar o desaparecimento da taquicardia. Na eventualidade de uma infeco em curso, a capacidade do feto para controlar a asfixia significativamente reduzida. O efeito dos medicamentos Tal como anteriormente discutido, diferentes medicamentos podem no s afectar a capacidade do feto para controlar a hipxia como podem tambm tornar a interpretao da CTG mais difcil. Existem numerosas maneiras pelas quais os medicamentos podem afectar o ritmo cardaco e a capacidade do feto para controlar a deficincia em oxignio. A hiper-estimulao com oxitocina, por exemplo, pode provocar hipxia devido a uma intensa actividade uterina. Os bloqueadores dos receptores beta e os sedativos podem provocar uma resposta fetal embutida e uma reduo na variabilidade. Os frmacos activadores dos receptores beta tais como a terbutalina podem provocar taquicardia. Os anestticos locais podem ser transferidos para o feto e provocar bradicar-

Aumentos da temperatura

O efeito dos medicamentos

hiperestimulao

bloqueamento dos receptores beta, sedativos variabilidade reduzida

terbutalina

taquicardia

actividade uterina intensa

dia fetal indicando um efeito directo sobre o miocrdio. Uma epidural pode provocar um abaixamento na presso sangunea materna com uma reduo no fluxo sanguneo materno e hipxia fetal. Se forem administrados sedativos me, estes frmacos sero transferidos para o feto reduzindo a sua actividade e a reactividade CTG. Adicionalmente, os medicamentos podem-se acumular no feto devendo ser considerado o efeito potencial de qualquer medicamento quando adminis trado em conjuno com o parto.

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Interpretao da CTGPara permitir uma anlise exacta da CTG, a terminologia deve ser conhecida e adequadamente utilizada.

durao e qualidade da gravao

sempre que se observa uma alterao. Se est a ser utilizado um registo interno indicado FECG e quando utilizado um registo externo por intermdio de ultrasons impresso US. Se utilizado um sensor uterino externo indicado TOCO e se utilizado um transdutor de presso interno, este indicado como um IUP. Este processo efectuado de acordo com os padro CTG aplicveis na Europa. A qualidade do sinal absolutamente essencial para uma interpretao correcta. Se a qualidade do sinal for fraca prefervel tirar algum tempo para melhorar o sinal atravs da substituio do elctrodo de escalpe ou do sensor Toco em vez de tentar interpretar dados errneos. Ritmo cardaco basal O ritmo cardaco basal fetal definido como um ritmo cardaco fetal registado entre contraces ao longo de um perodo de pelo menos 10 minutos. Isto muito importante no caso da ocorrncia de desaceleraes cardacas. O ritmo cardaco basal reflecte o que se chama de equilbrio do sistema nervoso autnomo. Com a maturao do feto, o sistema nervoso parasimptico domina devido a um aumento na presso sangunea, e observa-se uma diminuio no ritmo cardaca basal. Um ritmo cardaco basal fetal normal para um feto no final do termo definido como sendo de 110 a 150 batimentos por minuto. A taquicardia definida como uma frequncia cardaca basal superior a 150 batimentos por minuto e a bradicardia definida como sendo um ritmo cardaco basal com menos de 110 batimentos por minuto. Variabilidade O ritmo cardaco fetal normalmente exibe variaes entre batimentos que no so aceleraes nem desaceleraes. A denominada largura de banda destas variaes entre batimentos pode ser utilizada como uma medida da variabilidade do ritmo cardaco. Este aspecto do registo de CTG fornece informao sobre a capacidade do sistema nervoso central em monitorizar e ajustar o sistema cardiovascular. Esta denominada variabilidade a curto prazo pode variar com o tempo, dependendo das variaes no sono e na actividade. Este mesmo tipo de padro,

registo das contraces

ritmo cardaco basal variabilidade

desaceleraes aceleraes

Durao e qualidade do registo requerida uma durao mnima de 20 minutos para um registo de CTG por forma a ser interpretado correctamente devido a alteraes no estado do sono e na actividade uterina. A velocidade de registo normalmente de 1 cm por minuto decorrendo 10 minutos entre cada uma das marcas da escala. Podem ser registados ritmos cardacos fetais entre 50 e 210 bpm. A actividade uterina descrita numa gama de 0 a 100 unidades relativas quando utilizado um tocometro e 0 a 100 mm de mercrio quando utilizado um sensor de presso intra-uterina O tempo indicado cada 10 minutos e a data impressa cada 30 minutos A informao relativa aos transdutores que esto a ser utilizados indicada cada 30 minutos e

Ritmo cardaco basal

Variabilidade

normal 525 bpm

padro saltatrio >25 bpm

normal 110150 bpm

taquicardia >150 bpm

bradicardia 0.15

>0.10

Parto imediato Aumento T/QRS basal >0.10 >0.05

ST bifsico

>5 min contnuo ou 3 episdios

>2 min contnuo ou 2 episdios

Se houver um CTG anormal e um ST normal durante o segundo periodo do parto, pode-se esperar 90 minutos antes de intervir. Ao iniciar a aquisiao e quando existe uma diminuio da qualidade do sinal com razes T/QRS descontnuas, necessrio realizar a anlise manual dos dados.

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Defesa fetalSe o feto exposto a hipxia persistente, as alteraes ST sero mais marcadas inicialmente sendo de esperar alguma diminuio medida que a capacidade fetal para manter as suas respostas se reduz com o tempo.

Alteraes nos substractos miocrdicos ricos em energia durante a hipxia no feto de cordeiro no fim do termoduas horas mais tarde

A figura representa as observaes efectuadas quando bipsias consecutivas de coraes de fetos de ovelha a funcionar foram analisadas para o seu contedo em substratos ricos em energia. Os ECG fetais foram classificados utilizando a razo T/QRS e um sistema de classificao em que os graus I-III identificavam alteraes ST bifsicas / negativas, graus IV-V; um aumento progressivo na amplitude da onda T e grau VI; uma diminuio na amplitude da onda T. Nesta ltima situao, as reservas de glicognio miocrdico e de fosfatos ricos em energia encontram-se esgotadas. favor notar que o lactato miocrdico se acumula mais rapidamente que o lactato plasmtico.

PaO2 kPa pH Lactato sanguneo mmol/l lactato mmol/g msculo cardaco

3 2 1 7.40 7.20 16 10 4 16 10 4 90

nas alteraes ST bifsicas sendo at um ligeiro aumento do T/QRS com anormalidades da CTG contnuas e progressivas um sinal de hipxia significativa. Se um feto exposto a hipxia e reage com alteraes do intervalo ST, a reaco normalmente mais pronunciada no seu inicio podendo a reaco ser menos marcada mais tarde se a hipxia progredir e o feto ficar progressivamente afectado. O aparecimento de alteraes ST menos pronunciadas ou mesmo o desaparecimento de alteraes ST no deve ser interpretado como um sinal de recuperao do feto. O objectivo do registo STAN e de estas directrizes o de facilitar a identificao de um feto que no est a responder normalmente ao stress do parto. Pode tambm ocorrer uma situao na qual um feto exposto a um stress a longo prazo decide "desistir" e hibernar. A reduo no suprimento de oxignio e de nutrientes leva o feto a reduzir as suas necessidades metablicas at onde for possvel, o que significa que at mesmo o corao fetal reduz a sua actividade. Numa situao deste tipo, no seguro que possam emergir alteraes ST, mas a variabilidade do ritmo cardaco fetal e a reactividade felizmente desaparecem sendo observado um ritmo cardaco fetal pre-terminal. Amostra de sangue Fetal (FBS) e pH do escalpe O pH do escalpe fetal considerado como uma ferramenta valiosa na avaliao do estado da criana durante o parto em paralelo com a CTG. A tcnica de obteno da FBS requer a ruptura de membranas fetais e uma dilatao cirrgica de pelo menos dois centmetros. introduzido um amnioscpio, permitindo o acesso sem perturbaes parte do feto que se lhe apresenta, sendo efectuada uma pequena inciso na pele que permite a uma gota de sangue encher um tubo capilar. Mquinas modernas de medio de gases sanguneos permitem determinaes cido-base completas de uma amostra capilar. Quais so as vantagens e as desvantagens da FBS? Existe sempre um risco de a amostra ser contaminada com lquido amnitico ou sangue materno e o contacto entre a gota de sangue e o ar provoca imediatamente um abaixamento do dixido de carbono impedindo o clculo da acidose metablica. No entanto, o pH do escalpe um parmetro mais robusto que recomendado quando existirem dvidas acerca do estado do feto e dificuldades na interpretao da CTG. O desenvolvi29

70 glicognio glicoses/g 50 mmol 30 3 2 1 8 6 4 2 +0.6 +0.2 -0.2 -0.6Classificao ECG

ATP mmol/g CrP mmol/g

Razo T/QRS

N

O

I-III

IV

V

VI

mento do STAN fornece-nos informaes novas e contnuas acerca do estado do beb parecendo valer a pena reavaliar o potencial da FBS. Para alm de apenas fornecer informaes instantneas existem outras limitaes informao obtida com uma FBS. A amostra obtida a partir de sangue que tem a sua origem em tecidos perifricos. Isto torna a amostra mais difcil de interpretar por causa da acumulao rpida de dixido de carbono que ocorre com uma reduo no s no fluxo sanguneo placentrio fetal mas tambm como resultado de um fluxo sanguneo perifrico reduzido. Uma reduo deste tipo encontra-se associada com todas as desaceleraes mediadas pelo nervo vago ocorrendo uma acumulao local de dixido de carbono e originando acidmia respiratria. Apenas mais tarde seria de esperar uma acidmia respiratria afectando o sangue fetal na sua generalidade. A vantagem do pH de escalpe que esta uma informao objectiva susceptvel de ser utilizada clinicamente. No entanto, ao utilizar esta informao, deve-se ter em ateno que o pH

de escalpe fornece apenas informao instantnea proveniente de um tecido de baixa prioridade. Adicionalmente, observa-se um risco que, no caso de um pH normal, a situao fetal possa ser considerada como estando sob controlo apesar de alteraes CTG e ST. O pH sanguneo, por si s, sempre dominado pela componente respiratria. A acidose metablica desenvolve-se nos tecidos sendo requerido tempo para que os ies de hidrognio livres sejam transportados desde os tecidos at ao compartimento sanguneo. Nas fases iniciais da acidose metablica, devemos esperar um pH de escalpe dentro da gama normal. Se as directrizes STAN indicarem a necessidade de uma interveno, no obtida qualquer informao adicional com a FBS. Nestas circunstncias, a FBS pode atrasar uma aco clnica sendo, em particular durante a segunda fase, requerida uma aco urgente.

Alteraes ST durante a hipxia no feto de cobaia normal e com o crescimento retardadoCrescimento normal controlo hipxia Anormalidades de crescimento controlo hipxia

Padres de ECG registados em fetos de cobaia normais e com o crescimento retardado antes e durante hipxia (dados obtidos de C.Widmark).

Vigilncia Regras bsicas para a vigilncia fetal As regras bsicas para a vigilncia fetal reagir quando a com STAN so a seguintes informao As directrizes clnicas devem apenas ser suficiente semanas utilizadas para monitorizar um feto no termo da gravidez; ou seja, uma graviboa qualidade directrizes dez que dura h mais de 36 semanas do sinal clnicas completas. A diferena encontra-se na um feto sua capacidade para reagir. Por exemplo, histria no fim do o feto imaturo tem menos capacidade clnica termo de utilizar as suas reservas de glicognio devido falta de uma enzima miocrdica. necessria uma boa qualidade do progresso sinal para efectuar uma avaliao precisa factor do parto da condio do feto e uma fraca quali- tempo dade do sinal requer medidas apropriadas. importante reconhecer que a interveno dever acontecer quando a informao proveniente do feto seja suficiente. intensidade Uma CTG pr-terminal com uma falta padro das contraces CTG total de variabilidade e reactividade bastante anormal e nenhuma informao adicioanlise ST nal necessria para a interveno clnica. Se o CTG + ST indicam que o beb est a ser exposto a uma hipxia significativa, o parto deve ser realizado no prazo de A questo de quando monitorizar um feto durante o parto 20 minutos por forma a evitar uma acidose metablica. Quando encontra-se presentemente em debate. O registo contnuo ao tomada a deciso de realizar uma parto cirrgico, recomendase longo do parto apenas necessrio para um pequeno nmero a reteno do elctrodo de escalpe de modo a manter o controlo. de bebs. Em caso de anormalidades tais como o mecnio ou As monitorizaes fetais no devem ser efectuadas isoladauma progresso lenta, necessrio obter informaes adicionais mente. Os dados obtidos devem ser relacionados com outros sendo recomendado um elctrodo de escalpe. Se forem admifactores tais como: nistrados medicamentos, existe tambm a necessidade de obter histria clnica informaes adicionais. O maior risco surge, sem dvida, desenvolvimento do trabalho de parto durante a fase activa de expulso na segunda fase do parto. O intensidade das contraces feto exposto a foras intensas medida que as contraces Padro CTG aumentam em intensidade e frequncia. A segunda fase do o aparecimento ou a ausncia de alteraes ST obtidas por parto deve ser sempre considerada como uma situao de alto anlise ST risco que requer vigilncia contnua. O registo STAN deve ser o factor tempo iniciado antes do fim da primeira fase devendo ser continuado Todos estes parmetros devem ser observados para a ao longo da segunda fase do parto. avaliao da situao fetal.

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mne

30

Avaliao da crianaMtodos para avaliar a condio do RN (recm-nascido)O que queremos saber? A monitorizao fetal durante o parto utilizada para identificar a hipxia fetal. Quando a criana nasce, necessitamos saber at que ponto o beb sofreu. Ao mesmo tempo, necessitamos saber se ser necessria uma interveno adicional durante o perodo neonatal, como por exemplo uma vigilncia adicional ou um tratamento especfico. As principais questes relativas hipxia so as seguintes. Qual era a sua profundidade? Quanto tempo durou? Existem razes para acreditar que o beb requer ajuda adicional para suportar a adaptao neonatal? Mtodos de avaliao Os mtodos utilizados para avaliar a condio da criana so a classificao Apgar, a anlise cido-base do cordo umbilical e a ocorrncia de complicaes neonatais. A combinao destes parmetros permite-nos avaliar a condio da criana e tomar a aco apropriada. Classificao Apgar Virgnia Apgar criou o sistema de classificao Apgar em 1953. O objectivo inicial era o de avaliar de que forma diferentes anestsicos administrados me afectavam a condio da criana no momento do nascimento. O objectivo no era utilizar as classificaes para avaliar o grau de asfixia. O sistema de classificao baseia-se em cinco parmetros: ritmo cardaco, respirao, cor da pele, tnus muscular e excitabilidade. A cada parmetro pode ser dado uma classificao de 0 a 2 sendo a classificao mxima de 10. A criana deve ser avaliada com a idade de 1, 5 e 10 minutos. Existe uma associao entre a asfixia e uma classificao Apgar baixa, mas a maioria dos bebs nascidos com baixas classificaes Apgar no sofrem de asfixia. Existem muitas razes diferentes para a obteno de baixas classificaes Apgar para alm da asfixia, tais como imaturidade, trauma de parto, medicamentos, infeces, a activao de reflexos por manipulao das vias areas superiores, aspirao de mecnio ou narcose por dixido de carbono. cido-base Fisiologia cido-base O aparecimento de acidose metablica ou de acidmia respiratria o resultado de uma diminuio no fluxo sanguneo placentrio acompanhada de uma reduo nas trocas gasosas. A acidmia respiratria provocada por uma diminuio no transporte de dixido de carbono do feto at a me. O dixido de carbono produzido em grandes quantidades nos processos metablicos celulares que geram energia sendo requerido um fluxo sanguneo placentrio contnuo para evitar a acumulao do dixido de carbono. Se tal ocorrer, o dixido de carbono produz ies hidrognio, alguns dos quais se tornam livres e provocam acidmia respiratria acompanhada por uma rpida diminuio no pH. Uma reduo na saturao em oxignio, o que constitui o outro resultado de uma diminuio na troca de gases na placenta, apresenta consequncias completamente diferentes das da acumulao de dixido de carbono. Uma reduo na oxigenao fetal em conjunto com hipxia significa que o feto se encontra a reagir com metabolismo anaerbio. Tal ocorre nos tecidos sendo produzido cido lctico. Este degradado em lactato e ies hidrognio, alguns dos quais se tornam livres provocando acidose metablica com uma diminuio no pH. A acidmia respiratria e a acidose metablica tm origens31 classificao Apgar cido-base complicaes neonatais

O2

Motivos para uma baixa classificao Apgar asfixia imaturidade trauma de parto medicamentos infeces activao de reflexos aspirao de mecnio narcose por dixido de carbono

Apgar Min: Ritmo cardac o Respira oCor da pele Tnus Excitab ilidade Total

1

5

10

diferentes e apresentam significados diferentes para o feto. A acidmia respiratria faz parte de um parto normal; emerge rapidamente e desaparece rapidamente com a primeira inspirao de ar. Concentraes de dixido de carbono muito elevadas podem atrasar a primeira inspirao de ar. O choro da criana tudo o que necessrio com uma rpida diminuio do nvel de dixido de carbono quando ele sa durante a primeira respirao da criana. A acidose metablica acarreta o risco de que os tecidos possam ser afectados. A acidose metablica necessita de tempo para se desenvolver e permanece durante perodos mais longos de tempo. Observa-se um efeito aditivo o que significa que episdios repetidos podem-se acrescentar uns aos outros, causando deste modo uma reduo nas margens de segurana com uma diminuio na capacidade de proteco. Vamos agora analisar o desenvolvimento da acidmia respiratria. A causa comum uma diminuio no fluxo sanguneo placentrio fetal. Isto normalmente provocado pela compresso da veia umbilical. Isto normalmente provocado pela compresso da veia umbilical. Inicialmente existe sempre oxignio e glicose suficientes para serem utilizados no metabolis-

Desenvolvimento de uma acidmia respiratria e acidose metablicadiminuio no fluxo sanguneo placentrioACIDMIA RESPIRATRIA faz parte de um parto normal emerge rapidamente desaparece rapidamente possa atrasar a primeira respirao ACIDOSE METABLICA risco de os tecidos serem afectados requer tempo para se desenvolver permanece efeito aditivo

reduo na troca de gases

acumulao de dixido de carbono

reduo na saturao em oxignio

hipxia

metabolismo anaerbio

acidmia respiratria

acidose metablica

diminuio no pH

Mecanismos subjacentes acidmia respiratria e acidose metablica ACIDMIA RESPIRATRIA tecido glbulo vermelho artria hemoglobina glicose vaso sanguneo bicarbonato

H+ +

H+veia queda no pH

O2

CO2++ H 2 O

metabolismo aerbio

energia bicarbonato

ACIDOSE METABLICA glbulo vermelho artria tecido queda no pH hemoglobina glicose metabolismo anaerbio glicogniocido lctico

vaso sanguneo

veia

H+ H+ H+energia tamponado

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mo normal, isto no metabolismo aerbio. Devido reduo do fluxo sanguneo, estes produtos residuais acumulam-se no sangue. O dixido de carbono e a gua so muito rapidamente transformados em ies hidrognio e bicarbonato. Os ies hidrognio esto ligados atravs de hemoglobina. Normalmente, existe uma capacidade de ligao suficiente, mas, devido ao fluxo sanguneo lento, existe uma falta de capacidade tampo da hemoglobina e os ies de hidrognio livres entram no plasma, causando uma diminuio no pH. Os ies de bicarbonato so produzidos ao mesmo tempo. Eles movimentam-se do sangue at ao tecido onde servem como um tampo adicional e protegem o feto de acidoses metablicas. A acidose metablica ocorre quando no h oxignio suficiente disponvel para os tecidos. Nesta altura as clulas reagem com o metabolismo anaerbio atravs da utilizao de glicose e de glicognio. Ao mesmo tempo, produzida energia sendo produzido cido lctico como produto residual. O cido lctico dissocia-se em ies hidrognio e lactato. A maioria dos ies hidrognio so tamponados nos tecidos, mas alguns passam para o fluxo sanguneo e podem causar uma queda do pH. Obviamente, a acidose metablica gerada nos tecidos e a maioria dos ies de hidrognio livre existem fora do fluxo sanguneo nos tecidos onde so produzidos. A acidose metablica significa que o feto tem estado a utilizar alguns dos seus recursos existindo um risco potencial que os processos fornecedores de energia dentro da clula possam ser perturbados. A acidose metablica constitui assim uma ameaa mais importante que a acidmia respiratria. requerido muito mais da criana para controlar a acidose metablica sendo reconhecido que o processo de adaptao neonatal pode ser afectado. Acidoses metablicas perifricas e centrais A hipxia provoca uma redistribuio do fluxo sanguneo desde os rgos perifricos at aos rgos centrais. Como resultado da reduo marcada do fluxo sanguneo nos rgos perifricos de baixa prioridade, estes tecidos tm que utilizar o metabolismo anaerbio ocorre ento uma acidose metablica perifrica inicial. Uma resposta deste tipo comum durante o parto normal sendo observado um aumento moderado no dfice de base. Se a hipxia se tornar mais grave e prolongada, os rgos prioritrios centrais, como o corao, o crebro e as glndulas supra-renais podem ser afectados. apenas nestas circunstncias de acidose metablica central que o feto se encontra em risco de danos por hipxia. Amostras de sangue do cordo umbilical A anlise dos gases do sangue do cordo umbilical requer tcnicas de amostragem precisas. A laqueao imediata do cordo umbilical muito importante. Quando a criana efectuar a sua primeira respirao, os pulmes assumem rapidamente a funo placentria e a concentrao de dixido de carbono no sangue do beb diminui rapidamente. Se tal acontecer, no possvel calcular o grau de acidose metablica. At que ponto uma laqueao imediata afecta o estado de um recm-nascido no termo da gravidez? Basicamente, o sangue do beb pertence ao beb e o sangue placentrio pertence placenta. Pode no ser uma vantagem para o beb ter um suprimento adicional de sangue, antes pelo contrrio. bem conhecido que um volume sanguneo adicional afecta a adaptao neonatal de um modo negativo, sendo os sintomas fundamentais relacionados com uma laqueao tardia os seguintes. Respirao ruidosa durante as primeiras duas horas Um risco de o sistema nervoso central ser afectado com um

Amostras de sangue do cordo umbilical

artria

veia

laqueao imediata

atraso na adaptao pulmonar e um risco de insuficincia cardaca quando o hematocrito venoso excede >65% Hiperbilirrubinmia Atraso na oxigenao e reteno de dixido de carbono na criana hipxica no momento do nascimento. Adicionalmente, o beb recm-nascido encontra-se j a sofrer de uma sobrecarga de volume, reflectida na rpida perda de peso que ocorre durante os primeiros dias aps o nascimento. Assim, no existe qualquer razo mdica para no laquear o cordo umbilical no momento do parto, no beb no termo a gravidez. Aps a realizao da laqueao, pelo menos 10 centmetros do cordo umbilical devem ser selados e guardados

1.6 1.4Concentrao de H+ em mmol/l x 10-7

1.2 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 6.7 6.8 6.9 7.0 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7

pHO pH indica a concentrao de ies de hidrognio livres no sangue. Este grfico demonstra a relao entre o pH e a concentrao de ies de hidrognio livres. Esta relao logartmica o que significa que, quando se observa uma queda no pH numa gama baixa, por exemplo, entre 7,0 e 6,9, h duas vezes mais ies de hidrognio livres produzidos em comparao com uma queda de pH entre 7,30 a 7,20.

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parte para amostragem subsequente e gasimetria. O cordo umbilical pode ser mantido temperatura ambiente por um curto perodo de tempo mas recomendada a sua amostragem e anlise imediatas. As amostras devem ser retiradas da artria e da veia devendo a agulha ser introduzida de forma oblqua para permitir a retirada de sangue dos vasos.

Quando que existe um risco de danos?100% 80%

BDecf (dfice de base) 60% O grau de acidose metablica, tal como calculado pelo BDecf, fornece uma estimativa de at que ponto o RN 40% (recm-nascido) foi exposto hipxia intra-parto. Os ies de hidrognio livres so potencialmente prejudici20% ais clula e o feto tenta reduzir o mais possvel o nmero pH da artria de ies de hidrognio livres. Os tampes mais eficientes so a umbilical