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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Start-Ups de Base Tecnológica na UPTEC Desafios e Tendências das Start-Ups Projeto FEUP 2014/2015 Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação e Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão (Armando Sousa & Manuel Firmino) ( Rosaldo Rosseti e Pedro Amorim ) Supervisor: Vera Miguéis Monitor: Joana Queirós Autores: Frederico Silva Pinto [email protected] Miguel Dias [email protected] Inês Gomes [email protected] José João Fernandes [email protected] Miguel Cruz [email protected]

Start-Ups de Base Tecnológica na UPTECprojfeup/submit_14_15/uploads/relat_GI37.pdf · Crescimento e Desenvolvimento ... uma pessoa com grande auto-estima e fé pode criar o seu negócio,

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Start-Ups de Base Tecnológica na UPTEC

Desafios e Tendências das Start-Ups

Projeto FEUP 2014/2015 – Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação e

Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão

(Armando Sousa & Manuel Firmino) ( Rosaldo Rosseti e Pedro Amorim )

Supervisor: Vera Miguéis Monitor: Joana Queirós

Autores:

Frederico Silva Pinto [email protected] Miguel Dias [email protected]

Inês Gomes [email protected] José João Fernandes [email protected]

Miguel Cruz [email protected]

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Agradecimentos

Este espaço é dedicado àqueles que deram a sua contribuição para que este relatório

se realizasse. À supervisora Vera Miguéis bem como à monitora Joana Queirós pela ajuda e

orientação dada ao longo da realização do relatório. Ao Felipe Ávida Costa pela

disponibilidade em responder às questões necessárias e à atenção com que foram

respondidas.

ii

Resumo

O presente relatório foi desenvolvido tendo por base os conceitos de

empreendedorismo, start-up e UPTEC.

Recorrendo à literatura e à análise de algumas entrevistas, desenvolveu-se este

relatório no qual é possível aprofundar os conhecimentos acerca das start-ups e em

particular das start-ups de base tecnológica sediadas na UPTEC.

Ao longo do trabalho, além de explicitar o conceito de start-up, identificou-se o perfil, a

motivação dos empreendedores e as dificuldades por eles enfrentadas aquando da criação

da sua empresa. Além disso, procurou-se fazer uma abordagem à UPTEC, explicando de

que modo as empresas que lá se encontram integradas obtêm o apoio necessário para a

sua incubação e de que forma o programa de aceleração de start-ups garante o

desenvolvimento destas ideias de negócio até que estas se transformem em empresas

consolidadas.

iii

Palavras-Chave

Start-up

Empreendedorismo

Perfil e Motivação

Dificuldades e Obstáculos

Financiamento

Entrada no Mercado

Crescimento e Desenvolvimento

UPTEC

Centros de Inovação

iv

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................... i

Resumo ...........................................................................................................................ii

Palavras-Chave .............................................................................................................. iii

Lista de figuras ............................................................................................................... v

Lista de Tabelas ............................................................................................................. v

1. Introdução ............................................................................................................... 1

2. Start-up ....................................................................................................................... 1

2.1 Conceito ................................................................................................................... 1

2.2 Motivação ................................................................................................................. 2

2.3 Perfil dos empreendedores ....................................................................................... 3

2.4 Desafios e obstáculos ............................................................................................... 5

3. UPTEC ....................................................................................................................... 8

3.1 Recursos .................................................................................................................. 9

3.2 Perfil dos promotores das start-ups na UPTEC ....................................................... 10

3.3 Tendências na UPTEC ........................................................................................... 12

4. Conclusões ............................................................................................................... 13

Referências bibliográficas ............................................................................................. 14

Anexo A ........................................................................................................................ 15

Anexo B ........................................................................................................................ 17

v

Lista de figuras e ilustrações

Fig. 1- Financiamento de uma empresa ao longo do tempo .......................................... 6

Fig. 2- Nº de pessoas com nível superior académico na UPTEC ................................. 11

Ilustração1-Polo do mar e polo de biotecnologia .......................................................... 15

Ilustração 2- polo tecnológico e polo das indústrias criativas ........................................ 16

Lista de Tabelas

Tabela 2 - Tipo de proprietários/gerentes das Start-ups ................................................. 4

1

1. Introdução

No âmbito da unidade curricular ―Projeto FEUP‖ do 1ºano de Engenharia Industrial e

Gestão e Engenharia Informática e Computação foi desenvolvido o presente relatório com o

tema ―Start-ups de Base Tecnológica da UPTEC‖.

Atualmente, fruto das terríveis condições económicas, os empregos para toda a vida

deixaram de existir e são cada vez mais aqueles que tendo uma ideia de negócio, procuram

criar a sua própria empresa.

Os objetivos do relatório são, definir o conceito de start-up, identificando o perfil e a

motivação dos seus promotores e explicitando também as dificuldades por eles encontradas

aquando da criação das suas empresas. De seguida, é feita uma abordagem à UPTEC e à

forma como esta se relaciona com as empresas, às quais presta apoio. Ao longo do relatório

procurou-se explicar de que modo a UPTEC ajuda e promove o desenvolvimento das start-

ups que nela se integram, procurando garantir o seu crescimento e uma sustentada entrada

no mercado criando condições para que a empresa ―embrionária‖ inicial se desenvolva e

origine uma empresa de sucesso.

2. Start-up

2.1 Conceito

Uma start-up define-se como uma empresa em fase inicial de desenvolvimento,

normalmente, no processo de organização e estruturação das suas operações. Começam

por ser pequenos projetos empresariais que procuram um modelo de negócio inovador que

permita uma gestão otimizada dos recursos e a projeção no mercado. Geralmente

concebidas a partir de uma ideia, as start-ups, diferenciam-se por serem empresas muito

dinâmicas e com um elevado potencial de crescimento. Porém o início do projeto ocorre em

ambiente de grande incerteza - é impossível prever com algum grau de segurança a

sustentabilidade e o sucesso no futuro. São empresas com recursos limitados,

nomeadamente ao nível financeiro e humano, contudo a ligação que frequentemente

instituem com as universidades permite a aplicação do conhecimento do mundo empresarial

e científico, no desenvolvimento de projetos inovadores.

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Em Portugal, as start-ups representam 6,5% do tecido empresarial e 18% do novo

emprego, segundo dados de um inquérito da consultora Informa D&B efetuados em 2013.

De acordo com o mesmo estudo, em média, 30.481 empresas são criadas todos os anos

em Portugal, sendo que 62% se enquadram no perfil de uma organização start-up, que se

traduz num espaço que engloba no total cerca de 46mil pessoas. Contudo, 26% das

empresas criadas não chegam a iniciar a comercialização dos produtos ou serviços e

menos de metade apresenta atividade ao fim do terceiro ano. Ao longo do tempo, verifica-se

que a taxa de sobrevivência tende a diminuir, situando nos 40% a percentagem de

empresas que apresenta atividade no final do quinto ano.

2.2 Motivação

A motivação dos empreendedores, ou seja, no fundo as razões que levam alguém a

criar o seu próprio posto de trabalho é algo que está bastante em discussão nos dias de

hoje. Muitas vezes associa-se esta motivação empreendedora somente a motivos

financeiros, muitas vezes tratando os empreendedores como ―mercenários‖ em busca

somente de maior recompensação económica. No entanto, o sucesso financeiro embora

seja uma das motivações que conduzem à criação de uma start-up, não é um dos principais

vectores que a impulsiona. Existem muitos outros motivos de cariz intrínseco que funcionam

esses sim como a ―locomotiva‖ para a promoção de uma start-up.

E quando se fala nestes motivos, a satisfação pessoal é uma das principais razões

que levam uma pessoa a tornar-se um empreendedor. Isto é explicado pelo desejo que

muitas pessoas têm em verem as suas ideias e/ou sonhos postos em prática e pelo facto de

quando o conseguem fazer se sentirem autorrealizadas. O desafio pessoal, o constante

desafio interno da própria pessoa, ou seja, o facto de muitas pessoas sentirem a

necessidade de provarem a elas mesmas e aos outros que são capazes de realizarem

aquilo que desejam é outro facto importante.

O futuro, ou melhor, a construção de um futuro ou a construção de um legado é

outro fator que motiva as pessoas a porem em prática aquilo que idealizaram. Muitas vezes

na meia idade sente-se a necessidade de termos algo feito seja para a sociedade, seja para

a família. A necessidade de deixar a sua marca no mundo é algo que o ser humano procura,

uns mais do que outros, todavia os empreendedores têm nesta vertente um sentimento de

missão maior, porque não querem que a sua vida tenha sido em vão e não desejam ser

facilmente esquecidos, sendo portanto a construção de um legado, um grande vetor

motivacional.

3

A hierarquia, ou muitas vezes o excesso de poder hierárquico, as ordens, os

comandos, e respetiva falta de liberdade para tomadas de decisão, assim como a

necessidade de seguir horários rígidos e realizar tarefas indesejadas é considerado, por

certas pessoas, como um pesadelo ou, pelo menos, sentem que têm potencial para liderar e

que de certa forma é exercido sobre elas uma força ―castradora‖. Elas preferem a autonomia

e flexibilidade proporcionada pelo facto de terem a sua própria empresa, as suas

responsabilidades e não terem que prestar contas a ninguém acerca das suas decisões,

sejam elas corretas ou erradas.

O desafio, seja ele técnico ou intelectual é outro grande elemento motivacional que

pode confluir numa ideia que leve ao surgimento de uma start-up. O mundo está em

constante evolução e vão surgindo novos problemas que precisam de resolução. Para

algumas pessoas a resolução destes desafios técnicos é um prazer e uma necessidade, o

que leva muitas vezes à criação start-ups com produtos inovadores, sejam elas empresas

de raiz, ou através de spin-offs.

Podemos ainda incluir como forma de entender a motivação de um promotor, a própria

fé ou a crença da pessoa, seja em si própria, seja em alguma entidade exterior a si mesma.

Não se pode dizer que apenas só uma pessoa com grande auto-estima e fé pode criar o seu

negócio, mas por certo é um fator de auto-motivação muito importante, quer na génese do

negócio, quer no decorrer do tempo, quando os problemas e dificuldades forem aparecendo.

2.3 Perfil dos empreendedores

Um empreendedor é aquele que trabalha, organiza e tem iniciativa para começar

novos projetos, estando sujeito a diversos desafios e perigos em função do seu objetivo.

Primeiramente, um empreendedor típico apresenta uma idade entre os 25 e os 45 anos,

apresenta taxas superiores de qualificação que a média de mão-de-obra nacional e

apresenta alguma experiência no setor (Macrometria Lda, 2013).

Em termos de carácter, um empreendedor é descrito de variadas maneiras, não

existindo assim uma norma a que todos obedeçam. No entanto, há traços mais evidentes

neste tipo de pessoas que outros, como por exemplo a criatividade ou a iniciativa.

O primeiro passo para um empreendedor ser bem sucedido na sua empresa é ter

uma ideia. Para isso é preciso criatividade e confiança no que se pretende fazer. De seguida

é necessário ter iniciativa para avançar com o projeto e começar a ser um verdadeiro

empreendedor. Visto que no início o sucesso não é garantido (mercado sobrecarregado,

concorrência megalómana, falta de experiência…), um empreendedor deve saber aceitar os

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erros, arriscar e recomeçar, sempre de forma flexível. Para além do mais, foi chegada à

conclusão que na Europa, as probabilidades de um empreendedor se envolver num projeto

são superiores quando as probabilidades de êxito são relativamente elevadas. Por outro

lado, confirma-se que as mesmas diminuem quando se sai de um projeto falhado.

Um ponto de vista interessante é o citado num artigo de negócios (Filion 1999) onde

se resume este quadro:

Tabela 1 - Tipo de proprietários/gerentes das Start-ups

Tipo de proprietário-gerente

Razão de ser da empresa Tipo de estratégia

Lenhador Sobrevivência-Sucesso Contínua

Sedutor Prazer Radical

Jogador Lazer Racional

Hobby Auto Realização Evolucionário

Introvertido Segurança Revolucionária

Missionário Conquista Progressiva

Um dos principais problemas dos empreendedores no início da sua carreira é a falta

de meios monetários e instituições que os apoiem, ―A dificuldade de acesso ao

financiamento por parte das start-up, quer na fase de arranque quer na fase de crescimento,

é identificada como uma das principais barreiras ao empreendedorismo em Portugal.― (Alves

2012). Através da figura 1 (youthyou 2012) podemos chegar à conclusão que uma empresa

modifica constantemente as suas fontes de financiamento, começando pelas de maior risco

mas mais fáceis de atingir (exemplo: fundadores e familiares), até que na sua fase de maior

expansão e maturidade a sua fonte de financiamento passa a ser de diminuto risco mas

claro, de mais difícil acesso (exemplo: bancos e investidores).

Deste modo podemos concluir que, embora estes dados não se apresentem como

regra geral e existam diversas interpretações dos mesmos, um empreendedor apresenta um

perfil mais ou menos distinto que se pode estudar e tirar diversas conclusões.

5

2.4 Desafios e obstáculos

Aquando da criação de uma start-up, o seu promotor terá de fazer face a inúmeras

barreiras e dificuldades que surgem durante este processo e que, muitas vezes podem ser

inibidoras do empreendorismo e capazes de fazer com que, algumas ideias absolutamente

inovadoras e com grande potencial de sucesso nunca passem disso mesmo, de ideias. De

acordo com Alves (2012) os principais fatores apontados como obstáculos no momento da

conceção de uma start-up serão:

1. Apoio Financeiro

2. Políticas Governamentais

3. Programas Governamentais

4. Educação e Formação

5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D)

6. Infraestrutura Comercial e Profissional

7. Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada

8. Acesso a Infraestruturas Físicas

9. Normas Sociais e Culturais

10. Proteção de Direitos de Propriedade Intelectual

Atendendo a estas informações, podemos constatar que, tendo em vista o

desenvolvimento de uma ideia de negócio e a criação de uma empresa, fatores como a

dificuldade de acesso ao apoio financeiro e a falta de disponibilidade de subsídios

governamentais para empresas em crescimento são identificados como algumas das

principais barreiras da atividade empreendedora e consequentemente da criação de start-

ups.

Apesar destas dificuldades alguns especialistas afirmam que atualmente existe uma

crescente dinamização de empresas que prestam apoio necessário ao lançamento das

start-ups e da comunidade dos Business Angels. Estes, de acordo com, (Expresso Online

2012), são pessoas com conhecimentos na área e experiência ao nível da gestão de

empresas, que tentarão impulsionar a start-up através da entrada de capital e fornecendo o

seu ―know-how‖, dando ao empreendedor a ajuda necessária para definir o plano

estratégico e para criar a sua primeira rede de contactos e parcerias. Geralmente são os

6

primeiros investidores com quem o empreendedor contacta e o seu papel é crucial nas

primeiras etapas da criação da empresa.

No entanto, apesar de importante, o apoio deste tipo de associações revela-se

limitado e como facilmente se compreende não pode chegar a todas as pessoas, nem cobrir

todas as ideias de negócio, por isso, atualmente, aqueles que pretendem desenvolver uma

start-up possuem muito poucas opções relativamente ao acesso ao financiamento da

mesma. As mais comuns são, a entrada no mercado de financiamento utilizando capital de

risco, a utilização de capitais próprios e o recurso ao crédito bancário, (algo que, tendo em

conta a terrível situação económica em que Portugal e o Mundo se encontram é cada vez

mais difícil de encontrar, especialmente para empresas numa fase embrionária).

O acesso ao financiamento bancário é identificado por Alves (2012) como, ― uma das

principais barreiras ao empreendedorismo em Portugal‖ , já que sem capital revela-se quase

impossível o desenvolvimento de uma ideia de negócio e a consequente criação de uma

start-up. Através da análise da Figura 1 (youthyou 2012) conclui-se que a origem do

financiamento de uma empresa varia bastante de acordo com o seu estado de evolução,

pelo que é também possível afirmar que os fundos de origem bancária só começam a

revelar-se singnificativos quanto a empresa já atingiu um estado de desenvolvimento

considerável.

Fig. 1- Financiamento de uma empresa ao longo do tempo

7

Outro dos grandes obstáculos aquando da criação de uma start-up é a entrada no

mercado e a necessidade imediata de clientes que permitam rentabilizar os produtos e

serviços da empresa, especialmente numa fase inicial do processo. Para tal, especialistas

afirmam que, antes de pensar no desenvolvimento da empresa ou no lançamento de uma

ideia de negócio é indispensável a realização de um estudo de mercado que permita

analisar as tendências e perceber quais as necessidades dos consumidores, para assim

determinar as reais possibilidades de sucesso do projeto. A investigação ajudará ainda o

empreendedor a definir o ―target" (público-alvo) da sua empresa e a detetar nelas

características que lhe permitam aumentar os resultados comerciais no futuro.

Todas estas barreiras e dificuldades que vão surgindo, especialmente na fase inicial

do processo geram naturalmente no empreendedor um certo estado de ansiedade e receio

relativamente ao lançamento e criação daquela que é a ―sua‖ empresa. Este medo de

fracassar é ainda alimentado pelo pensamento acerca daquilo que poderá ocorrer se a

empresa não obtiver o sucesso esperado, como por exemplo a perda do capital nela

investido ou até mesmo danos ao nível da reputação do próprio.

Podemos então concluir que são diversas e muito variadas as dificuldades e os

obstáculos que estão subjacentes à criação de uma start-up, no entanto, com dedicação,

esforço e paixão por aquilo que estamos a desenvolver tudo é passível de ser ultrapassado,

cabe ao empreendedor utilizar o medo acima referido de forma positiva e construtiva,

aumentando a sua motivação e empenho de modo a atingir o desejado sucesso da sua

empresa (Portal Gestão 2014).

Ultrapassada a fase de lançamento da empresa no mercado, parte significativa dos

problemas do seu promotor foram já ultrapassados no entanto, trata-se ainda de uma start-

up e não de uma empresa consolidada, daí que muitos outros problemas se coloquem na

fase seguinte à criação da empresa, como por exemplo:

As rápidas mudanças do mercado - o mercado, em particular o tecnológico, está

em permanente alteração, devido ao constante aparecimento de novos produtos e técnicas,

dessa forma, o promotor da start-up deverá estar permanente atualizado e tentar encontrar

soluções para que os seus produtos possam dar resposta às exigentes necessidades dos

consumidores.

"Se uma empresa não é flexível o suficiente ou não consegue executar rapidamente uma

ideia de negócio, as janelas de oportunidade para os seus produtos, poderão muito bem

perder-se antes da ideia estar pronta para ser lançada no mercado.(Andrew Van Noy.)

8

A incapacidade de cumprir o objetivo inicial - como foi já referido a criação de

uma empresa envolve uma série de fases que naturalmente podem demorar algum tempo,

fazendo com que, aquando da sua implementação no mercado a ideia de negócio inicial

possa já estar desatualizada, como consequência das rápidas alterações tecnológicas. Em

certas situações deste tipo é aconselhável que os empreendedores analisem bem a

situação em que a empresa se encontra e ponderem se faz ou não sentido continuar o

processo.

As Parcerias - o desenvolvimento de parcerias, especialmente para empresas na

sua fase inicial é extremamente aliciante e pode resultar num enorme crescimento e

desenvolvimento para as mesmas. No entanto todas as parcerias devem ser

cuidadosamente analisadas, já que uma só má decisão ou um mau parceiro podem por em

risco todo o projeto.

Contratação de Pessoal - a contratação pode revelar-se um enorme desafio para

uma start-up, já que, estas são empresas inovadoras normalmente associadas a novas

tecnologias, exigindo como tal mão-de-obra altamente qualificada. No entanto, nem sempre

é fácil pois é necessário atrair talentos para uma empresa pouquíssimo desenvolvida, o que

do ponto de vista dos empregados pode não se revelar muito atrativo.

(Small Business Center 2014)

3. UPTEC

O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto é um espaço que tem

como objetivo ―promover a criação de empresas de base tecnológica e criativa bem como

atrair centros de inovação de empresas nacionais e internacionais consolidadas, apoiando a

efetiva transferência de conhecimento e tecnologia entre a Universidade e o Mercado‖.

Deste modo, estimula o empreendedorismo e, consequentemente, a formação de novas

empresas com visões inovadoras e uma posição ativa no mercado, através da valorização

do conhecimento formado nas universidades e a transformação de um projeto pouco firme

num modelo de negócio consistente e com maior grau de fiabilidade de sucesso. Para isso,

a UPTEC encontra-se repartida em 4 polos e oferece dois tipos de estruturas de apoio: as

incubadoras e os centros de inovação empresarial.

A UPTEC divide-se em 4 polos: polo tecnológico, polo das indústrias criativas, polo

de biotecnologia e polo do mar. A conjugação que instituem entre si e a universidade do

Porto firma-se numa estratégia de cluster, isto é, qualquer empresa associada à UPTEC

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pode usufruir dos recursos e serviços disponibilizados por todo o domínio desta instituição.

(UPTEC 2014)

Nos centros de inovação, empresas já implementadas e em funcionamento que

objetivam reestruturar o plano ou modelo de negócios de modo a otimizar a estratégia

traçada, poderão usufruir de infraestruturas e recursos distribuídos nos centros de

conhecimento da universidade do Porto. O perfil das start-ups enquadra-se no modelo das

empresas que são admitidas na incubadora, logo será este o tipo de estrutura de apoio que

iremos destacar neste relatório.

Atualmente, a UPTEC incorpora 167 projetos, sendo 135 deles organizações start-up e

spin-offs – projetos criados dentro de uma empresa que se projetam no mercado de forma

independente; 32 empresas incorporam-se no centro de inovação, sendo 6 delas empresas

maduras, como, por exemplo, a Microsoft ou a Sonae Industria.

3.1 Recursos

Segundo Felipe Ávida Costa, as start-ups que se associam à UPTEC gozam de meios

que respondem às necessidades dos colaboradores aquando a fundação e instalação de

uma empresa no ambiente económico e burocrático. Assim, o parque tecnológico oferece,

para além de infraestrutura, acompanhamento empresarial e mentoring – cada empresa

beneficia de um mentor da Business School da Universidade do Porto com o fim de ajustar

a plano de negócio. Os empresários ainda beneficiam de formação, eventos networking,

acesso a informação de interesse e a uma rede de parcerias, do qual fazem parte cerca de

200 empresas e a ligação com a Universidade do Porto, facilitando assim a transferência do

conhecimento e o recrutamento de colaboradores especializados.

Os recursos que a UPTEC disponibiliza diretamente geram, além das vantagens já

referidas, os benefícios indiretos que fomentam a sustentabilidade da empresa num meio

competitivo. A associação à UPTEC junta um estigma de credibilidade à organização start-

up que favorece, não só na proliferação no mercado, como a sua continuidade no meio. O

apoio na visibilidade é também um benefício externo, já que, segundo Felipe Ávida Costa,

encontram-se aliados ao parque tecnológico canais de comunicação, investidores e cerca

de 700 elementos da imprensa. Além do mais, a presença num meio empreendedor e

dinâmico estimula a motivação dos colaboradores e a partilha de experiências entre

empresários é uma mais-valia para aqueles que iniciam o seu cargo como dirigentes da sua

própria organização. A internacionalização é também um benefício latente para os que se

10

juntam à UPTEC. Conforme Felipe Ávida Costa, a exportação dos produtos e serviços das

empresas reúne países como Espanha, Brasil, Chile, EUA, África do Sul, China e o espaço

do parque tecnológico conta com colaboradores de 18 nacionalidades.

A UPTEC é uma organização sem fins lucrativos, deste modo todos os fundos

adquiridos são distribuídos de modo a preencher integralmente as necessidades dos

colaboradores. Assim as infraestruturas são financiadas totalmente por fundos da União

Europeia, enquanto os restantes recursos disponibilizados pela UPTEC, provêm de capital

obtido somente através da renda que as empresas pagam.

3.2 Perfil dos promotores das start-ups na UPTEC

Os promotores das start-ups de base tecnológica UPTEC têm o seu perfil encaixado no

perfil geral dos empreendedores que foi desenvolvido na subsecção 2.3 perfil dos

empreendedores, deste mesmo relatório. No entanto existem algumas diferenças, ou pelo

menos, dados mais específicos dos mesmos.

Como já foi refletido anteriormente, a UPTEC está dividida em 4 polos e cada um está

especializado numa área diferente de atuação com as start-ups. O polo com o maior número

de start-ups é o polo Tecnológico que também está encarregue dos 21 centros de inovação

da UPTEC (Fig. 2).

Estes centros de inovação têm a vantagem de estarem inseridos no contexto

universitário pelo que podem usar inúmeros meios à sua disposição como laboratórios das

universidades (exemplo FEUP) sem saírem do seu meio. Aqui são trabalhadas áreas mais

ligadas às engenharias e medicina, dado a sua localização próxima da FEUP e FMUP. A

inovação neste polo tem como exemplos a robótica, sensores, novos materiais e tecnologias

para hospitais. Por outro lado, o polo das indústrias criativas é ligado à área das letras pelo

que os seus projetos vistam áreas como a rádio, design e canais televisivos. O polo de

biotecnologia está ligado a áreas como a cosmética, veterinária e farmacêutica, e por fim o

polo do mar à gestão turística e a tecnologias do mar. Este último polo está associado à

empresa Oceano XXI e é de maior interesse à universidade do Porto que à UPTEC em si.

11

Fig. 2- Análise do nº de start-ups e CI por polo na UPTEC

Fazendo uma análise mais minuciosa aos profissionais que trabalham na UPTEC, sabe-

se que por exemplo, a maior parte dos empresários não têm qualquer tipo de orientação

para a área de gestão de empresas ou economia, daí a importância da UPTEC como

unidade orientadora. Além do mais, cerca de 95% das pessoas envolvidas nestes projetos

têm nível superior académico e apresentam menos de 30 anos. Estes dados são facilmente

explicados pela ligação da UPTEC à universidade do Porto e também pela dimensão dos

projetos. Estes dados podem ser estudados de forma mais aprofundada através do gráfico

2.

Fig. 3- Nº de pessoas com nível superior académico na UPTEC

0102030405060708090

PoloTecnológico

Polodasindústriascriativas

PoloBiotecnologia

Polo do mar

centros de inovação

start-ups

817

187

91

92

33 4 26

Nº de pessoas com nível superior académico na UPTEC

Licenciados

Mestres

Doutorados

A frequentar licenciatura

Bacherelato

Ensino pós secundário nãosuperiorOutros

12

Em termos económicos a UPTEC tem apresentado dados muito significativos. Embora

se destaque como uma empresa sem fins lucrativos, a UPTEC conseguiu que as suas start-

ups obtivessem um impacto na economia de Portugal de cerca de 31 milhões de euros em

2012. Tudo se deve à dinâmica da UPTEC e a vários fatores como a internacionalização

das start-ups e o seu lançamento de sucesso para o mercado que permitiu, por exemplo,

que 4 empresas da UPTEC fossem adquiridas por empresas maiores, e 3 empresas da

UPTEC adquirissem empresas no estrangeiro.

3.3 Tendências na UPTEC

A start-ups de base tecnológica da UPTEC revelam tendências ao longo dos anos, quer

a nível de áreas de atuação quer a nível económico.

Primeiramente, a área de atuação das start-ups varia ciclicamente. Enquanto nos

últimos anos as start-ups têm investido na área mobile, do último ano para cá existe um

gradiente de start-ups com ideias inovadores acerca de drones e sensores.

A nível económico as tendências das start-ups da UPTEC está mais relacionada com a

taxa de sobrevivência das mesmas. Como já foi exposto anteriormente no relatório, em

Portugal, a probabilidade de uma empresa apresentar atividade ao fim de um dado tempo,

isto é a taxa de sobrevivência, é reduzida. Contudo, os mesmos níveis não se verificam para

as organizações que se associam à UPTEC. Segundo Felipe Ávida Costa, a percentagem

de empresas que se apresentam ativas após 7 anos a sua fundação é 70% na UPTEC,

contrastando com os diminutos 10% relativos à quota nacional.

A disparidade dos dados obtidos é fundamentada pela existência de critérios de

seleção, na medida em que apenas as empresas com maior potencial podem juntar-se à

UPTEC. Do mesmo modo, as start-ups que pretendam associar-se ao parque tecnológico

devem encaixar-se na rede de empresas já instituídas. Na admissão, ainda é avaliada a

qualidade do produto ou serviço, assim como a adequação aos mercados, a possibilidade

de financiamento externo e o perfil dos colaboradores. O uso de critérios com o objetivo de

selecionar as empresas que melhor se adequam ao regime abordado na UPTEC justifica,

em parte, a discrepância do grau de sustentabilidade das start-ups, contudo o fundamento

primordial é a apropriação de uma diversidade de recursos, resultado da firmação numa

estratégia de cluster.

Nos últimos anos, a UPTEC tem revelado grandes avanços e um crescimento

13

exponencial de start-ups. Este crescimento tem preocupado as entidades responsáveis pela

UPTEC, e segundo Felipe Ávida Costa um dos principais objetivos nos próximos 5 anos

para a UPTEC será a estabilização do número de start-ups, igualando assim o número de

start-ups que entra e sai desta instituição a cada ano que passa, podendo assim concentrar-

se na qualidade deste parque tecnológico.

Focando-se na qualidade, os objetivos para 2020 da UPTEC têm 2 grandes vertentes.

Por um lado, a UPTEC pretende desenvolver as suas start-ups, aumentando o seu impacto

económico e chegando assim aos 5000 empregos. Por outro lado a UPTEC quer chegar ao

reconhecimento mundial deste parque, aumentando o rigor e a qualidade.

4. Conclusões

Na fase inicial da criação de uma empresa, um empreendedor enfrenta diversos

desafios que dificultam tanto a entrada no mercado como a sua instalação num ambiente

propício ao desenvolvimento da sua ideia. Assim, a motivação é, nesta fase inicial, um

motor necessário à projeção de uma organização start-up num meio económico adverso,

onde a possibilidade de criar uma empresa capaz de cumprir o modelo de negócio

estabelecido e manter-se ativa no mercado é muito limitada. Deste modo, é fulcral a

associação a uma instituição capaz de preencher as necessidades que ocorrem aquando a

etapa de instalação de uma start-up e, posteriormente, na fase da comercialização do

serviço ou produto. Nestas condições, a UPTEC demonstrou ser uma organização sublime,

que impulsiona a transformação de um conceito num modelo de negócio inovador. Para

isso, o parque tecnológico faculta às empresas uma diversidade de recursos como

financeiros, tecnológicos e humanos, que somente é possível devido à ligação que

estabelecem com a universidade do Porto.

14

Referências bibliográficas

http://portodefuturo.blogs.sapo.pt/872.html

Alves, Rui Manuel Pereira. ―As Start-Up e o Financiamento Bancário.‖ Relatório da

Dissertação, Porto, 2012.

Expresso Online. 18 de Abril de 2012. http://expresso.sapo.pt/15-verdades-sobre-

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(acedido em Outubro de 2014).

15

Anexo A

Neste anexo estão colocados 2 mapas com as localizações dos polos da UPTEC.

Na ilustração 1 encontra-se o polo do mar em Matosinhos e o polo de Biotecnologia

situado perto do IBMC/INEB e da faculdade de Ciência da UP. Na ilustração 2 é possível

identificar o polo das indústrias criativas perto da faculdade de letras e o polo tecnológico no

centro do polo universitário da asprela, juntamento com o centro de inovação no campus da

FEUP. (UPTEC 2014)

Ilustração1-Polo do mar e polo de biotecnologia

16

Ilustração 2- polo tecnológico e polo das indústrias criativas

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Anexo B

Breve introdução da história da UPTEC. (UPTEC 2014)