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Superior Tribunal de Justiça EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP 122.114 - SP (2003/0172250-9) RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI EMBARGANTE : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : PAULA NELLY DIONIGI E OUTROS EMBARGADO : VICTOR JOÃO STEOLA ADVOGADO : RIAD GATTAS CURY E OUTRO EMENTA ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA DECORRENTE DE LIMITAÇÃO AO DOMÍNIO DO IMÓVEL. PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR. JUROS COMPENSATÓRIOS. IMÓVEL RECONHECIDAMENTE INSUSCETÍVEL DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA. DESCABIMENTO. 1. Segundo orientação assentada na Seção do STJ, os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo, justificando-se a imposição pela frustração da "expectativa de renda ", considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista " (Eresp 108.896, relator para o acórdão Min. Castro Meira, DJ de 17.05.2004). 2. Todavia, no caso, o acórdão embargado deixou assentado que o imóvel, além de nunca ter sido explorado economicamente, é insuscetível de exploração no futuro, seja em razão de anteriores limitações impostas por lei, seja em decorrência de suas características geográficas e topográficas. Segundo o acórdão, "Ainda que não existissem limitações ao direito de propriedade impostas anteriormente pelo Poder Público, uma vez que a topografia da região é montanhosa e a acessibilidade é nula, o aproveitamento econômico da gleba com a extração de madeira é absolutamente inviável, porque seria impossível escoar uma produção cujos custos seriam elevadíssimos " (Resp 122.114, relator para o acórdão Min. Franciulli Neto). Sendo assim, não como justificar a incidência de juros compensatórios. Admitir o contrário seria permitir a ocorrência de locupletamento ilícito pelo desapropriado, que, com a expropriação, além de ser indenizado pela limitação administrativa, também receberia pela atividade produtiva que jamais poderia ser exercida. 2. Embargos de divergência a que se provimento. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer dos embargos e dar-lhes provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. A Srª Ministra Documento: 1542204 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ: 17/12/2004 Página 1 de 2

STJ, Eresp. 122.114 - Desapropriação - Juros Compensatórios - Improdutivo

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Desapropriação e juros compensatórios

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Superior Tribunal de Justiça

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº 122.114 - SP (2003/0172250-9) RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKIEMBARGANTE : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : PAULA NELLY DIONIGI E OUTROSEMBARGADO : VICTOR JOÃO STEOLA ADVOGADO : RIAD GATTAS CURY E OUTRO

EMENTA

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA DECORRENTE DE LIMITAÇÃO AO DOMÍNIO DO IMÓVEL. PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR. JUROS COMPENSATÓRIOS. IMÓVEL RECONHECIDAMENTE INSUSCETÍVEL DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA. DESCABIMENTO. 1. Segundo orientação assentada na 1ª Seção do STJ, os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo, justificando-se a imposição pela frustração da "expectativa de renda ", considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista" (Eresp 108.896, relator para o acórdão Min. Castro Meira, DJ de 17.05.2004).2. Todavia, no caso, o acórdão embargado deixou assentado que o imóvel, além de nunca ter sido explorado economicamente, é insuscetível de exploração no futuro, seja em razão de anteriores limitações impostas por lei, seja em decorrência de suas características geográficas e topográficas. Segundo o acórdão, "Ainda que não existissem limitações ao

direito de propriedade impostas anteriormente pelo Poder Público, uma

vez que a topografia da região é montanhosa e a acessibilidade é nula, o

aproveitamento econômico da gleba com a extração de madeira é

absolutamente inviável, porque seria impossível escoar uma produção

cujos custos já seriam elevadíssimos " (Resp 122.114, relator para o acórdão

Min. Franciulli Neto). Sendo assim, não há como justificar a incidência de juros compensatórios. Admitir o contrário seria permitir a ocorrência de locupletamento ilícito pelo desapropriado, que, com a expropriação, além de ser indenizado pela limitação administrativa, também receberia pela atividade produtiva que jamais poderia ser exercida.2. Embargos de divergência a que se dá provimento.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer dos embargos e dar-lhes provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. A Srª Ministra

Documento: 1542204 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJ: 17/12/2004 Página 1 de 2

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Superior Tribunal de Justiça

Denise Arruda e os Srs. Ministros Franciulli Netto, Luiz Fux e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 24 de novembro de 2004.

MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI Relator

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