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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 2

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o sentido do texto, permitindo que o leitor interaja com ele. No texto anterior, o anunciante deseja que o interlocutor denuncie casos de exploração do trabalho infantil. Para tanto, utiliza-se de signos visuais e verbais com o fim de con-vencer o interlocutor e informar-lhe de que esta é uma prática ilegal. Divulga também o número do telefone dos direitos humanos. Estudaremos mais anúncios publicitários nos exercícios a seguir.

EXERCÍCIOS

Observe este anúncio também veiculado pela prefeitura de Alagoinhas. Em seguida, responda aos exercícios propostos.

Disponível em: vitrinepublicitaria.net/Eddie%20Kalleone/impressa.asp. Acesso em: 18 jan. 2016.

1. Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral, pretendem transmitir um ensinamento. O anúncio tem seu poder de persuasão ancorado em um provérbio. Que provérbio é esse? Transcreva-o.

REPR

OD

ÃO

Em boca fechada não entra mosca.

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2. Todo provérbio procura veicular um ensinamento. Qual é ele e como é aproveitado pelo anúncio?

3. Todo texto publicitário apresenta argumentos para convencer o leitor. Nesse anúncio, aparece o argu-mento “boca fechada não entra mosquito”, consi-derado um fato. Localize outro argumento presente no anúncio e diga se é baseado em fato ou em hi-pótese.

4. Sabe-se que todo texto publicitário tem uma fi-nalidade: convencer o leitor de alguma coisa. Ele também costuma fazer um apelo ao leitor, ora de caráter emocional, ora de caráter racional. O apelo que esse anúncio faz é de caráter emocional ou ra-cional? Justifique.

Estratégias persuasivas nos anúncios publicitários

Como visto anteriormente, uma das características do texto publicitário é o uso de estratégias persuasivas como os recursos visuais, da linguagem apelativa, centrada na 2a ou 3a pessoa, e de verbos no imperativo. A linguagem apelativa tem a função de agir sobre o interlocutor, leitor

ou ouvinte, como ocorre no trecho de Machado de Assis, estudado anteriormente. Além desses recursos, há tam-bém fatos, argumentos e hipóteses utilizados com o fim de convencer o interlocutor. No anúncio visto, utiliza-se o perigo da contaminação pelo mosquito da dengue como um fato. É, portanto, um recurso argumentativo de base factual e racional. Há outros de mesma natureza como “em boca fechada não entra mosquito” e “junto com as delícias do verão vem o perigo da dengue”. Há, ainda, argumentos de comprovação científica apoiados em signos visuais (como as imagens dos vasos de plantas, pneus e bocas de garrafas). São argumentos de base científica porque a ciência já comprovou que vasos de plantas, pneus e bocas de garrafas podem agir como criadouros das larvas dos mosquitos da dengue. Todo esse conjunto de signos trabalha para persuadir o leitor a fazer o que o anúncio pretende que ele faça: evitar os focos do mosquito. E como esses anúncios sabem que o leitor pode fazer o que eles querem que ele faça? Porque existe uma relação de confiança mútua entre esse tipo de anunciante e o leitor, como veremos a seguir.

O dever-fazer dos anúncios publicitários

O texto publicitário consegue mobilizar o leitor por-que envolve uma relação de interdependência entre os interlocutores. Ambos, destinador e destinatário, participam de um universo discursivo no qual o primeiro é conhecedor da competência do segundo e, por isso, reconhecedor do saber, do poder-fazer e do dever-fazer deste. A relação, portanto, é de “parceria”, de sujeitos que detêm valores partilhados no universo discursivo. A prescrição ao destinatário-alvo não é, desse modo, dada como conflituosa, já que é transmitida e interpretada de forma consensual. A linguagem é desprovida de ironia e tecida com seriedade e tom firme, certeiro. Temos, com esse destinatário-alvo, um sujeito receptivo e “parceiro” na troca comunicativa. O dever-fazer, prescrito pelo destinador, é, desse modo, tomado pelo destinatário de forma estimulante e confiante. E essa é uma das ca-racterísticas que diferenciam o anúncio institucional do comercial: o primeiro vê o destinatário como um cidadão participante de uma comunidade que pode atuar para melhorar os problemas sociais. O segundo o vê como um consumidor, como veremos no anúncio do McDonald’s, na próxima aula.

O ensinamento que o provérbio pretende veicular é de que devemos manter cautela quando formos falar algo, ou seja, em certas ocasiões é mais prudente manter o silêncio para evitar consequências desagradáveis. No anúncio, ele procura ensinar que, se manti-vermos fechadas as bocas das garrafas, os pratos dos vasos de plantas, os pneus e outros recipientes, evitaremos a presença do mosquito transmissor da dengue.

Outro argumento baseado em fato é: “junto com as delícias do verão vem o perigo da dengue”. Um argumento baseado em hipótese é: “mas se todos trabalharmos juntos é possível evitar os focos do mosquito”.

O apelo é de caráter racional: a dengue é uma realidade que pode levar o indivíduo à morte. Portanto, evitar os focos do mosquito pode salvar muitas vidas.

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EXERCÍCIOS

1. (Enem)

Disponível em: behance.net. Acesso em: 21 fev. 2013. Adaptado.

A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego:

a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo.b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão.c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência.d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade.e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação.

2. (Enem)

Scientific American Brasil, ano 11, n. 134, jul. 2013. Adaptado.

REPR

OD

ÃO

REPR

OD

ÃO

Veja que no texto publicitário a frase “vai ser bom, não foi?” apresenta o verbo “vai” no presente do indicativo, com valor de futuro que, associado ao pretérito perfeito “foi”, revela que a ação de copiar, anunciada pela empresa, é rápida e eficiente.

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Para atingir o objetivo de recrutar talentos, esse texto publicitário:

a) afirma, com a frase “Queremos seu talento exata-mente como ele é”, que qualquer pessoa com talento pode fazer parte da equipe.

b) apresenta como estratégia a formação de um perfil por meio de perguntas direcionadas, o que dinamiza a interação texto-leitor.

c) utiliza a descrição da empresa como argumento principal, pois atinge diretamente os interessados em informática.

d) usa estereótipo negativo de uma figura conhecida, o nerd, pessoa introspectiva e que gosta de informática.

e) recorre a imagens tecnológicas ligadas em rede, para simbolizar como a tecnologia é interligada.

Texto para as próximas 2 questões.

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a pa-lavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acre-ditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma de a propaganda ter o má-ximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Co-nar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.

Anúncio veiculado na revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, n. 27, 8 jul. 2009.

REPR

OD

ÃO

3. (Enem) O recurso gráfico utilizado no anúncio publi-citário – de disfarçar a potencial supressão de trecho do texto – reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de:

a) ressaltar a informação no título, em detrimento do restante do conteúdo associado.

b) incluir o leitor por meio do uso da 1a pessoa do plural no discurso.

c) contar a história da criação do órgão como argumen-to de autoridade.

d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua me-talinguagem.

e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.

4. (Enem) Considerando a autoria e a seleção lexical desse texto, bem como os argumentos nele mobili-zados, constata-se que o objetivo do autor é:

a) informar os consumidores em geral sobre a atuação do Conar.

b) conscientizar publicitários do compromisso ético ao elaborar suas peças publicitárias.

c) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia.

d) chamar a atenção de empresários e anunciantes em geral para suas responsabilidades ao contratarem publicitários sem ética.

e) chamar a atenção de empresas para os efeitos no-civos que elas podem causar à sociedade, se com-pactuarem com propagandas enganosas.

5. (Enem-PPL)

Morumbi próxima ao Col. Pio XII

Linda residência rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo espaço gourmet. 1.000 m2 cons-truídos em 2.000 m2 de terreno, 6 suítes. R$ 3.200.000. Rua tranquila: David Pimentel. Cód. 480067 Morumbi Palácio Tel.: 3740-5000

Folha de S. Paulo. Classificados, 27 fev. 2012. Adaptado.

Os gêneros textuais nascem emparelhados a ne-cessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma função social especí-fica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que

As perguntas presentes no texto-propaganda destacam as características necessárias para um candidato ao emprego, inclusive enaltecendo quem as tem. Ao responder mentalmente às perguntas surge uma interação com o leitor, o que dinamiza a interação texto-leitor.

Ao suprimir o trecho do texto com um traço, permitindo a leitura do que havia sido escrito antes (“E ele é 100% eficiente nesta missão”), a propaganda subverte o fazer publicitário pelo uso da metalinguagem.

O texto que acompanha o anúncio publicitário tem como objetivo informar os consumido-res sobre a atuação do Conar, visando a uma reação por parte do receptor da mensagem.

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lhes conferem determinado formato. Esse classifi-cado procura convencer o leitor a comprar um imó-vel e, para isso, utiliza-se:

a) da predominância das formas imperativas dos verbos e de abundância de substantivos.

b) de uma riqueza de adjetivos que modificam os subs-tantivos, revelando as qualidades do produto.

c) de uma enumeração de vocábulos, que visam con-ferir ao texto um efeito de certeza.

d) do emprego de numerais, quantificando as caracte-rísticas e aspectos positivos do produto.

e) da exposição de opiniões de corretores de imóveis no que se refere à qualidade do produto.

6. (Enem-PPL)

Adaptado de: Veja São Paulo. 29 set. 2009.

O texto apresentado emprega uma estratégia de argumentação baseada em recursos verbais e não verbais, com a intenção de:

a) desaconselhar a ingestão de biscoitos, tachados de “vilões”, inimigos de uma alimentação saudável.

b) associar a imagem da guloseima a um traço negativo, que se concretiza na utilização do termo “desafio”.

c) alertar para um problema mundial, como se prevê em “globesidade”, relacionando o açúcar, representado pelo doce, a um vilão.

REPR

OD

ÃO

d) ironizar a importância do problema, por meio do tom dramático da linguagem empregada, como se vê no uso de “culpado” e “vilão”.

e) atestar a redução do consumo de alimentos calóri-cos, como o biscoito, desencadeada pelas recentes divulgações de pesquisas comprobatórias do male-fício que eles fazem à saúde.

7. (Enem)

Adaptado de: ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010.

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expres-sivos, verbais e não verbais, com vistas a:

a) ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas.

b) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal postura.

c) criticar o consumo excessivo de produtos industria-lizados por parte da população, propondo a redução desse consumo.

d) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante.

e) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve atividades físicas, in-centivando a prática esportiva.

REPR

OD

ÃO

É correta a alternativa b, pois os termos “linda”, “maravilhoso”, “amplo” e “tranquila” para designar as características da residência, do jardim, do espaço gourmet e da rua onde está situada a casa à venda permitem deduzir que esse classificado utiliza uma profusão de adjetivos para revelar as qualidades do produto.

A associação da imagem do corpo fora de forma ao vocábulo “açúcar” tem como objetivo induzir o leitor à substituição daquele produto pelo adoçante, como se afirma em d.

O texto não verbal reforça o verbal: o doce é a representação visual do açúcar, considerado “vilão” pelas informações do texto verbal; a expressão do boneco de açúcar reforça a ideia de ele ser o culpado, conforme o texto, pela “globesidade”.

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EXERCÍCIO

Disponível em: acervo.folha.uol.com.br/fsp/2014/07/16/21. Acesso em: 6 jan. 2016.

A tirinha publicada no jornal Folha de S.Paulo mostra uma pessoa em vestes romanas tirando uma selfie ao lado de Jesus, na cruz. Ela recorre a um procedimento intertextual para fazer uma crítica a(o):

a) exploração de motivos religiosos para fins comerciais.b) vulgarização de crenças religiosas.c) uso exagerado de smartphones.d) culto digital excessivo de autorretratos.e) acesso indiscriminado de qualquer fiel ao cristianismo.

ESTUDO ORIENTADO

Caro(a) aluno(a),

A seguir, você vai encontrar uma seleção criteriosa de exercícios sobre intertextualidade. Este ainda é um dos temas mais candentes em vestibulares. Mas ele não é importante apenas em função disso. Ele se faz necessário porque é com ele que vamos tecendo redes de relações entre os textos e ampliando o nosso repertório de leitura. E isso engrandece o espírito. Depois de fazer os exercícios, leia o texto da roda de leitura, que exemplifica um tipo de intertextualidade que ocorre no interior do discurso científico. Esse tipo também tem muito a ver com o universo do vestibular. Por exemplo: quando você é chamado a fazer uma dissertação, geralmente utiliza argumento de autoridade para embasar sua tese. Esses argumentos são ideias de outros autores aos quais você faz referência. E isso também é intertextualidade.

Bons estudos!

AD

ÃO

O quadrinho estabelece relação intertextual com a figura de Jesus na cruz para criticar o culto excessivo de autorretratos.

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Funções da linguagem

Funções da linguagem são as formas como cada indivíduo organiza sua fala dependendo da mensagem que quer transmitir. A linguagem pode ser usada para expressar sentimentos, para informar, para influenciar outras pessoas etc. A transmissão dessa mensagem pressupõe um emissor, um receptor, um contexto, uma mensagem, um código e um canal entre o emissor e o receptor. Foi o linguista russo Roman Jakobson quem elaborou os estudos acerca das funções da linguagem. De modo geral, esse estudo resume-se no seguinte: no momento em que se estabelece a comunicação, um dos seis elementos (emissor, receptor, mensagem, código, referente, canal) prevalece e determina uma das funções. São seis as funções da linguagem:

Emotiva: centrada no emissor. Apelativa (ou conativa): centrada no receptor, como estudado nos textos publicitários, anteriormente.Fática (ou de contato): centrada no canal.Poética: centrada na mensagem.Metalinguística: centrada no código.Referencial: centrada no assunto ou referente.

De acordo com a professora Beth Brait, no entanto, esse esquema é uma simplificação grosseira do que ocorre, de fato, nas interações. Assim, diz ela:

Nesse esquema, a mensagem é transmitida por um canal e o ouvinte a decodifica, podendo, então, retroalimentar a comunicação, passando ao lugar de falante.

Esse "esquema da comunicação" é simplificado e mecânico. Na verdade, não é preciso esperar a decodificação e a vez de falar para responder ativamente, ainda que em pensamento, ao interlocutor ou a um texto. Além disso, o ouvinte, ou a audiência, é mais que mero decodificador e há mais participantes na interação que essa dupla. Trata-se, pelo menos, de uma relação a três: o locutor (falante ou autor), seu interlocutor (ouvinte, audiência ou leitor) e o terceiro de quem se fala, que pode ser uma pessoa, um conceito ou um fato – o tema. Ao falarmos ou escrevermos, sempre temos uma imagem, opiniões, valores construídos, seja sobre nossos ouvintes ou destinatários, seja sobre o tema sobre o qual estamos falando. Essas imagens e opiniões são determinadas por nossos conhecimentos, valores, preconceitos; por nossa proximidade ou distância das pessoas; por nossa simpatia ou antipatia pelo interlocutor ou pelo tema. E tudo isso depende do lugar social que ocupamos. Falando ou escrevendo, retomamos falas e palavras dos outros, suas vozes. Em uma fala como "A fofoqueira da Marina me disse que a Lara está querendo ficar com o Peo. Roubada", temos pelo menos quatro participantes e duas opiniões ou valorações: quem fala (o locutor), quem ouve (o interlocutor ou destinatário), o tema (que, nesse caso, envolve dois outros participantes – Lara querer ficar com Peo) e a voz de Marina. Marina é vista como "fofoqueira" e o desejo de Lara, como uma "roubada". Portanto, o esquema que conhecemos é uma simplificação grosseira do que ocorre, de fato, nas interações.

BRAIT, Beth; ROJO, Roxane. Gêneros: artimanhas do texto e do discurso.

São Paulo: Escolas Associadas. S/D.

EXERCÍCIOS

Texto para as questões 1 e 2.

Seria ingenuidade procurar nos provérbios de qualquer povo uma filosofia coerente, uma arte de viver. É coisa sabida que a cada provérbio, por assim dizer, responde outro, de sentido oposto. A quem preconiza o sábio limite das despesas, porque “vintém poupado, vintém ganhado”, replicará o vizinho farrista, com razão igual: “Da vida nada se leva”. [...] Mais aconselhável procurarmos nos anexins não a sabedoria de um povo, mas sim o espelho de seus costumes peculiares, os sinais de seu ambiente físico e de sua história. As diferenças na expressão de uma sentença observáveis de uma terra para outra podem divertir o curioso e, às vezes, até instruir o etnógrafo. Povo marítimo, o português assinala semelhança grande entre pai e filho, lembrando que “filho de peixe, peixinho é”. Já os húngaros, ao formularem a mesma verdade, não pensavam nem em peixe, nem em mar; ao olhar para o seu quintal, notaram que a “maçã não cai longe da árvore”.

RÓNAI, Paulo. Como aprendi o português e outras aventuras.

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1. (Fuvest) No texto, a função argumentativa do provérbio “Da vida nada se leva” é expressar uma filosofia de vida contrária à que está presente em “vintém poupado, vintém ganhado”. Também é contrário a esse último provérbio o ensinamento expresso em:

a) Mais vale pão hoje do que galinha amanhã. b) A boa vida é mãe de todos os vícios. c) De grão em grão a galinha enche o papo. d) Devagar se vai ao longe. e) É melhor prevenir do que remediar.

2. (Fuvest) Considere as seguintes afirmações sobre os dois provérbios citados texto.I. A origem do primeiro, de acordo com o autor, está ligada à história do povo que o usa.II. Em seu sentido literal, o segundo expressa costumes peculiares dos húngaros. III. A observação das diferenças de expressão entre esses provérbios pode, segundo o pensamento do autor, ter inte-

resse etnográfico. Está correto apenas o que se afirma em:a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III.

ESTUDO ORIENTADO

Caro(a) aluno(a),

A seguir, você encontrará exercícios selecionados que o ajudarão a sistematizar o conhecimento aprendido em aula. Lembre-se de que é importante realizá-los todos, pois são eles que vão contribuir para que você consiga o sonho tão almejado de entrar em uma boa universidade. Dê bastante importância para os exercícios da Fuvest, tanto os testes quanto os dissertativos. Denotação e conotação são temas recorrentes nesse vestibular. Quando finalizar, não deixe de fazer as atividades do estudo orientado, em especial a vivência proposta com o Dicionário de expressões idiomáticas.

Bons estudos!

EXERCÍCIOS

Texto para as questões 1 e 2.

Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da fina-lidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

CANDIDO, Antonio. “Dez livros para entender o Brasil”. Teoria e debate. Ed. 45, 1o jul. 2000.

Em I, o provérbio “filho de peixe, peixinho é” relaciona-se à profunda relação que o povo português tem com o mar. Em II, sobre o provérbio “a maçã não cai longe da árvore”: ao contrário de expressar costumes peculiares dos húngaros apenas constata o fato de que o filho (“maçã”) não costuma afastar-se dos pais (“árvores”). Em III, os costumes, o ambiente físico e a história de cada povo poderiam ser objeto de estudo da etnografia.

O ensinamento que contraria o provérbio “vintém poupado, vintém ganhado” é “Mais vale pão hoje do que galinha amanhã”, já que, enquanto o primeiro defende a prática de poupar para garantir o amanhã, o segundo exalta a fruição do presente (“pão hoje”).