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CURSO EM PDF – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/AFRFB Prof. Wagner Rabello Jr. www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf 1 AULA 00 MODELOS TEÓRICOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PATRIMONIALISTA, BUROCRÁTICO E GERENCIAL SUMÁRIO PÁGINA 1. DO MODELO RACIONAL LEGAL AO PARADIGMA PÓS BUROCRÁTICO 4 2. PATRIMONIALISMO 4 3. BUROCRACIA 6 4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL 13 5. QUESTÕES COMENTADAS 26 6. LISTA DAS QUESTÕES 51 7. GABARITOS 63 APRESENTAÇÃO Currículo resumido: Wagner Rabello Jr. é Pós-graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), bacharel em Direito pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Servidor público há 17 anos e professor das disciplinas nas áreas de Administração e Políticas Públicas em cursos preparatórios para concursos no Rio de Janeiro e São Paulo. Já foi aprovado em concursos para Oficial da Aeronáutica, Analista do Departamento Nacional de Produção Mineral, Ministério do Meio Ambiente e outros. Atualmente ocupa o cargo de Téc. Judiciário do TRE-RJ, onde também é Membro Efetivo da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos do TRE-RJ. Salve, salve, concurseiros, Meu nome é Wagner Rabello Jr., vamos trabalhar a disciplina ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA nesta turma preparatória para o concurso da Receita Federal do Brasil. Nosso curso consistirá em uma abordagem teórica e na resolução de questões, todas comentadas, de modo que ao final vocês tenham condições de realizar uma excelente prova. Claro que realizar uma

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AULA 00

MODELOS TEÓRICOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PATRIMONIALISTA, BUROCRÁTICO E GERENCIAL

SUMÁRIO PÁGINA

1. DO MODELO RACIONAL LEGAL AO PARADIGMA PÓS BUROCRÁTICO

4

2. PATRIMONIALISMO 4

3. BUROCRACIA 6

4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL 13

5. QUESTÕES COMENTADAS 26

6. LISTA DAS QUESTÕES 51

7. GABARITOS 63

APRESENTAÇÃO

Currículo resumido: Wagner Rabello Jr. é Pós-graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), bacharel em Direito pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Servidor público há 17 anos e professor das disciplinas nas áreas de Administração e Políticas Públicas em cursos preparatórios para concursos no Rio de Janeiro e São Paulo. Já foi aprovado em concursos para Oficial da Aeronáutica, Analista do Departamento Nacional de Produção Mineral, Ministério do Meio Ambiente e outros. Atualmente ocupa o cargo de Téc. Judiciário do TRE-RJ, onde também é Membro Efetivo da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos do TRE-RJ.

Salve, salve, concurseiros,

Meu nome é Wagner Rabello Jr., vamos trabalhar a disciplina ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA nesta turma preparatória para o concurso da Receita Federal do Brasil.

Nosso curso consistirá em uma abordagem teórica e na resolução de questões, todas comentadas, de modo que ao final vocês tenham condições de realizar uma excelente prova. Claro que realizar uma

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excelente prova não é algo trivial, entretanto, em um esforço conjunto entre você e eu, certamente esse caminho será abreviado.

Nosso curso consistirá em uma abordagem teórica e na resolução de questões de diversas bancas, incluindo, é claro, questões ESAF. O ponto alto do curso, no que tange às questões ESAF, ocorrerá na aula extra, que terá, no mínimo, 30 questões amplamente comentadas, incluindo a recentíssima prova da Controladoria Geral da União.

Quaisquer esclarecimentos sobre o curso

[email protected]

A HISTÓRIA DO BAMBU CHINÊS

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.

Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas... uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.

Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Um escritor de nome Covey escreveu:

"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava..."

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos... Em nosso trabalho especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização,devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos..!!!

"É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão."

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“É pela perspectiva weberiana que podemos ver que o Estado brasileiro tem como característica histórica predominante sua dimensão neopatrimonial, que é uma forma de dominação política gerada no processo de transição para a modernidade com o passivo de uma burocracia administrativa pesada e uma sociedade civil (classes sociais, grupos religiosos, étnicos, lingüísticos, nobreza etc.) fraca e pouco autoritária.” (Simon Schwartzman. Bases do autoritarismo brasileiro.)

PROGRAMAÇÃO DAS AULAS

Aula Demonstrativa (12/07/2012) Modelos teóricos de Administração Pública: patrimonialista, burocrático e gerencial. Aula 01 (19/07/2012) Experiências de reformas administrativas. Aula 02 (26/07/2012) O processo de modernização da Administração Pública. 5. Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova gestão pública. Aula 03 (04/08/2012) Qualidade na Administração Pública. Aula 04 (12/08/2012) Governabilidade, governança e accountability. Governo eletrônico e transparência. Aula 05 (19/08/2012) Novas tecnologias gerenciais e organizacionais e sua aplicação na Administração Pública. Gestão Pública empreendedora. Aula 06 (26/08/2012) Organização do Estado e da Administração Pública. Ciclo de Gestão do Governo Federal. Aula 07 (30/08/2012) Controle da Administração Pública. Ética no exercício da função pública. Aula EXTRA (05/09/2012) 30 questões ESAF, amplamente comentadas.

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1. DO MODELO RACIONAL AO PARADIGMA PÓS-BUROCRÁTICO

Do modelo racional legal ao paradigma pós burocrático? Falando assim, de forma descontextualizada, fica difícil conseguir compreender do que se trata o tópico. Pois bem, vamos começar a desvendar esse mistério e esse assunto que, para mim, é um dos mais fascinantes na área de administração pública.

Trata-se da historiografia administrativa, política, econômica e social do Brasil, desde que as caravelas aqui aportaram, em 1.500. Nosso estudo não é tão distante, posto que o modelo racional legal chegou ao Brasil na década de 30 do século passado, mesmo assim já são quase 100 anos.

Bem, o estudo do modelo racional legal ao paradigma pós burocrático compreende a análise dos chamados modelos teóricos de administração pública. Ao longo do tempo a doutrina classificou as formas predominantes de administração pública em três correntes: patrimonialista, burocrática e gerencial (esta última também chamada de pós burocrática). Desse modo, o que teremos de compreender nessa aula é o contexto do surgimento e as características dos modelos burocrático e pós burocrático (gerencial). Para tanto, vamos iniciar com uma brevíssima síntese do modelo anterior ao burocrático – o patrimonialismo – para que possamos compreender a passagem de um modelo ao outro. Gostaria de ressaltar desde logo

2. PATRIMONIALISMO

As origens da administração pública brasileira (Por Fernando Abrúcio)

A administração pública genuinamente brasileira só pôde nascer com a independência do país. Porém, não é possível entender suas bases iniciais sem analisar os efeitos que o período colonial tinha deixado. Afinal, foram mais de 300 anos de colonização, além de os primeiros governantes do Brasil independente terem forte relação com a metrópole portuguesa.

A mistura de centralismo excessivamente regulamentador, e geralmente pouco afetico, com o patrimonialismo local resume bem o modelo de administração colonial. Essa situação começou a mudar em meados do século XVIII, com as reformas pombalinas, em Portugal , que geraram maior intervenção sobre os assuntos da Colônia, particularmente nas áreas de mineração. Novo impulso ao poder público foi dado pela chegada da Família Real portuguesa, em 1808, que colocou o Brasil como centro

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do Império português criando instituições, principalmente no Rio (a Corte), que podem ser vistas como a base do Estado nacional que será proclamado em 1822 (Costa,2008:836).

A alta burocracia era, no geral, selecionada segundo certo tipo de mérito, baseado num saber generalista. Contudo, não era recrutada de acordo com os princípios universalistas como o concurso público, nem era profissionalizada em termos de carreira. Na verdade, mesmo na melhor parte da elite burocrática, meritocracia e relacionamentos pessoais de apadrinhamento conviviam na seleção e promoção dos funcionários.

Só que a burocracia também tinha outro papel. Ela servia para a distribuição de empregos públicos para garantir apoio político e social. Trata-se do fenômeno da patronagem, tão bem descrito por Graham (1997). Os beneficiários desse modelo eram cabos eleitorais eficazes na conquista do voto no interior - inclusive familiares da elite agrária decadente que não conseguiam melhores postos -, parcelas pobres não escravizadas e até minorias urbanas educadas que não obtinham acesso a cargos burocráticos mais nobres (Carvalho, 2003:165). No mundo escravocrata, o Estado tinha como uma das tarefas oferecer empregos numa economia pouco dinâmica - o que no dizer de Joaquim Nabuco significava que o "serviço público era a vocação de todos".

Uma lei de 1831 instituiu, pela primeira vez no Brasil, o mecanismo do concurso público, no caso para o ingresso de funcionários no Ministério da Fazenda. Porém, como mostra Carvalho (2003:168), essa legislação foi diversas vezes modificada, um provável indício da dificuldade de cumprí-la.

O fato é que a burocracia imperial tinha essas duas características. Ela foi essencial para construir a nação brasileira, evitando o fracionamento que marcou o restante da América Latina e mitigando o localismo oligárquico presente no país. Mas o fez também reduzindo a esfera pública ao comando patrimonial dos agentes estatais. Em outras palavras, havia uma alta burocracia selecionada pelo mérito, mas que não era pública e tampouco controlada publicamente, nem no sentido liberal nem em termos democráticos. A alta burocracia respondia, basicamente, ao imperador, o mesmo que concentrava em si todos os quatro poderes definidos pela Constituição de 1824.

A Primeira República foi marcada por um paradoxo no que se refere à modernização do aparato burocrático: ao mesmo tempo que ela enfraqueceu o Estado e reforçou o modelo patrimonial, tambem foi nesse

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período que se formaram as duas burocracias profissionais cujas características mais se aproximavam do projeto de modernização administrativa preconizado pelo Estado varguista.

Patrimonialismo significa, na conceituação de Max Weber, a organização do Estado sob a forma patrimonial - típica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado.

Na sociologia weberiana, corresponde a um tipo de dominação tradicional caracterizada “pelo fato de o soberano organizar o poder político de forma análoga a seu poder doméstico”.

São características do patrimonialismo, além da tradição, o privilégio, os costumes e precedentes judiciais: riqueza, bens sociais, cargos e direitos são distribuídos para o quadro administrativo, formando um estamento sócio-econômico.

Assim, “No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados prebendas. A res publica não é diferenciada das res principis. Em conseqüência, a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração”. (trecho do PDRAE).

Devemos acrescentar que esse modelo predominou no Brasil até a década de 30, quando tivemos a chamada reforma burocrática ou reforma daspiana. Essa última referência diz respeito à criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) que foi o órgão central da reforma. O modelo burocrático nunca foi plenamente instalado no Brasil, tendo em vista que o patrimonialismo continuou – e continua – permeando a nossa administração pública.

3. BUROCRACIA

Administração Pública Burocrática - Surge na Europa, segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista. Constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional-legal. Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori (controle processual de meios). Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem

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demandas. Por isso são sempre necessários controles rígidos dos processos, como por exemplo na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a demandas.

Por outro lado, o controle - a garantia do poder do Estado - transforma-se na própria razão de ser do funcionário. Em conseqüência, o Estado volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. A qualidade fundamental da administração pública burocrática é a efetividade no controle dos abusos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como clientes. (trecho do PDRAE).

O modelo daspiano: criação, características, resultados e dilemas (por Fernando Abrúcio)

O modelo de administração pública criado por Vargas inaugura uma nova era por três razões. A primeira é que a sua construção obedecerá ao objetivo de expandir, num movimento sem precedentes, o papel do Estado que, aumentará sua intervenção nos domínios econômico e social em nome de um projeto de modernização nacional-desenvolvimentista (Martins, 1976; Bresser-Pereira, 2008). Tratava-se de completar o processo de construção nacional por intermédio de um novo tipo estatal voltado para a industrialização, a urbanização e o desenvolvimento econômico do país.

Para levar adiante este projeto de state-building, seria fundamental construir uma administração pública competente, capaz de implementar e conduzir as diretrizes de modernização econômica de desenvolvimento almejados. Como bem percebeu Rezende (2004:48).

Só que essa nova burocracia não seria constituída apenas pela seleção de bons quadros. Como mostrado na seção anterior, as Forças Armadas e a diplomacia já tinham se transformado, antes de 1930, em burocracias profissionais com características tanto meritocráticas como universalistas.

Em resumo, criou-se uma burocracia, a um só tempo, voltada ao desenvolvimento, institucionalmente ligada ao mérito e ao universalismo, sendo a primeira capaz de produzir políticas públicas em maior escala.

A obrigatoriedade da realização de concurso público para os funcionários

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públicos permaneceu na Carta Constitucional de 1937, que também incluiu em seu texto o dispositivo que cria um departamento administrativo vinculado à Presidência da República (art. 67). É por meio da efetivação desse dispositivo que em 1938 cria-se o Dasp.

O Dasp, portanto, seria o órgão central do sistema de controle da administração pública brasileira e a peça-chave para a constituição de uma burocracia profissional institucionalizada, aos moldes weberianos.

A reforma administrativa conduzida pelo Dasp também foi responsável pela criação de unidades administrativas descentralizadas da burocracia federal, as chamadas autarquias. Discorrendo sobre o aumento da descentralização administrativa no governo Vargas, Lima Júnior (1998:8) relata que seu primeiro governo foi responsável por uma significativa expansão da administração pública brasileira: "até 1939, haviam sido criadas 35 agências estatais; entre 1940 e 1945 surgiram 21 agências englobando empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundações". Essa expansão estava inserida dentro do projeto nacional-desenvolvimentista de Vargas, uma vez que os novos órgãos criados tinham a função, principalmente, de controlar e intervir nas atividades econômicas.

Assim, além de assumir o papel central de formulação e implementação das políticas administrativas, a Dasp trazia para si também a responsabilidade do controlepolítico exercido pelo Executivo federal perante os estados, por meio da atuação dos departamentos administrativos estaduais, os chamados "daspinhos", peças fundamentais na engrenagem autoritária e centralizadora do Estado Novo.

Vejamos as características da burocracia:

Caráter legal das normas e regulamentos

A organização é ligada por normas e regulamentos previamente estabelecidos por escrito.

Caráter formal das comunicações

A burocracia é uma organização ligada por comunicação escrita.

Caráter racional e divisão do trabalho

A Burocracia é uma organização que se caracteriza por uma sistemática divisão do trabalho.

Impessoalidade nas relações

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Essa distribuição de atividade é feita impessoalmente, ou seja, é feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas

Hierarquia da autoridade

A burocracia estabelece os cargos segundo o princípio de hierarquia:

Rotinas e procedimentos

A burocracia fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo:

Competência técnica e Meritocracia

Na burocracia a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica:

Profissionalização dos participantes

A burocracia é uma organização que se caracteriza pela profissionalização dos seus participantes. Cada funcionário é um profissional pelas seguintes razões:

Completa previsibilidade do funcionamento

O modelo burocrático de Weber parte da pressuposição de que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente previsível:

VANTAGENS DA BUROCRACIA

Max Weber (considerado o pai da burocracia) viu inúmeras razões para explicar o avanço da burocracia sobre as outras formas de associação.

Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização;

Precisão na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres;

Rapidez nas decisões, pois, cada um conhece o que deve ser feito, por quem e as ordens e papéis tramitam através de canais preestabelecidos;

Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. A informação é discreta, já que é passada apenas a quem deve recebê-la;

Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito;

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Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado;

Redução no nível de atrito, entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidade e as do outro;

Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias;

Subordinação dos mais novos aos mais antigos dentro de uma forma estrita e bem conhecida, de modo que o supervisor possa tomar decisões que afetam o nível mais baixo;

Confiabilidade, pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas. As decisões são previsíveis e o processo decisório elimina a discriminação pessoal;

Benefícios sob o prisma das pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas em seus campos.

A racionalidade é um conceito muito ligado à Burocracia para Weber e implica na adequação dos meios aos fins. No contexto burocrático, isto significa eficiência.

A Burocracia é baseada em

caráter legal das normas

caráter formal das comunicações

a impessoalidade no relacionamento

a divisão do trabalho

hierarquização de autoridade

rotinas e procedimentos.

competência técnica e mérito

especialização da administração

profissionalização

previsibilidade do funcionamento

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Conseqüências previstas

previsibilidade do comportamento humano.

padronização do desempenho dos participantes.

Objetivos

Máxima eficiência da organização:

uma organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para a implementação das metas,

a racionalidade funcional é atingida pela elaboração – baseada no conhecimento cientifico – de regras que servem para dirigir, partindo de cima, todo comportamento de encontro à eficiência.

Weber usa o termo burocratização em um sentido mais amplo, referindo-se também às formas de agir e de pensar que existem não somente no contexto organizacional, mas que permeiam toda a vida social antiga.

DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA

Em que pese a modernização que conseguiu levar à administração pública, passadas algumas décadas de sua implantação, a burocracia começou a revelar alguns problemas, os quais são chamados de disfunções da burocracia.

Internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos

As normas e regulamentos se transformam de meios, em objetivos. Passam a ser absolutos e prioritários. O funcionário adquire "viseiras" e esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer atividade racional. Os regulamentos passam a ser os principais objetivos do burocrata, que passa a trabalhar em função deles.

Excesso de formalismo e de papelório

É a mais gritante disfunção da burocracia. A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações pode conduzir a tendência ao excesso de formalismo, de documentação e, conseqüentemente de papelório.

Resistência às mudanças

O funcionário acostumado com a repetição daquilo que faz, torna-se simplesmente um executor das rotinas e procedimentos. Qualquer

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novidade torna-se uma ameaça à sua segurança. Com isto a mudança passa a ser indesejável.

Despersonalização do relacionamento

A burocracia tem como uma de suas características a impessoalidade no relacionamento entre os funcionários, já que enfatiza os cargos e não as pessoas levando a uma diminuição das relações personalizadas entre os membros da organização.

Categorização como base do processo decisório

A burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, portanto quem toma decisões será aquele mais alto na hierarquia.

Superconformidade às rotinas e procedimentos

A burocracia se baseia em rotinas e procedimentos, como meio de garantir que as pessoas façam exatamente aquilo que delas se espera: as normas se tornam absolutas, as regras e a rotina se tornam sagradas para o funcionário, que passa a trabalhar em função dos regulamentos e das rotinas e não em função dos objetivos organizacionais que foram realmente estabelecidos.

Exibição de sinais de autoridade

Como a burocracia enfatiza a hierarquia de autoridade, torna-se necessário um sistema que indique a todos, com quem está o poder.

Daí a tendência à utilização intensiva de símbolos ou sinais de status para demonstrar a posição hierárquica, como o uniforme, localização da sala, do banheiro, do estacionamento, do refeitório, tipo de mesa etc.

Dificuldade no atendimento aos clientes e conflitos com o público

O funcionário está completamente voltado para dentro da organização, para as suas normas e regulamentos internos, para as suas rotinas e procedimentos.

As causas das disfunções da burocracia residem basicamente no fato dela não levar em conta a chamada organização informal que existe fatalmente em qualquer tipo de organização, nem se preocupar com a variabilidade humana (diferenças individuais entre as pessoas) que, necessariamente, introduz variações no desempenho das atividades organizacionais.

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4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL

A administração pública gerencial ou nova gestão pública (new public management) é o modelo pós-burocrático para a reestruturação da gestão da administração pública baseado em valores de eficiência, eficácia e competitividade. A administração pública gerencial pode ser visualizada a partir das seguintes características:

Competição entre organizações públicas e entre organizações públicas e privadas. (ex: bancos);

Uso de práticas de gestão provenientes da administração privada (ex: reengenharia e programas de qualidade);

Disciplina e parcimônia no uso dos recursos públicos;

Administradores empreendedores com autonomia para decidir;

Avaliação de desempenho;

Avaliação focada nos resultados.

Considerando o exposto acima, muitos candidatos entendem que nós tivemos uma administração pública patrimonial, depois veio o modelo burocrático na década de 30 e posteriormente a administração pública gerencial, na década de 90. Não é bem assim, devemos relativizar. Explico: a realidade nos mostra que tipos puros não existem. Na verdade, esses modelos de administração são construções teóricas para explicarmos a predominância, num dado período de tempo, de algumas características predominantes na administração pública. Desse modo, nunca logramos ter uma burocracia implantada e em sua plenitude. Indo mais além, podemos afirmar categoricamente que até a presente data os três tipos de administração pública coexistem. O que ocorre é a prevalência de um modelo sobre o outro. Isso é pegadinha constante em provas. Vou sintetizar para você não esquecer mais:

Gerencialismo (Managerialismo) Puro: “O ponto central do modelo gerencial puro é a busca da eficiência (...) mais direcionado à redução de custos e ao aumento da eficiência e produtividade da organização” (Fernando Abrúcio)

Consumerism: “o programa do governo inglês mais importante no sentido de priorizar o consumidor é, sem dúvida, o Citizen’s Charter. Baseado no princípio de que os serviços públicos devem estar mais direcionados às necessidades definidas pelo público diretamente afetado (BUTLER, 1993: 402), o Citizen’s Charter consiste na implantação de

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programas de avaliação de desempenho organizacional de acordo com dados recolhidos juntos aos consumidores”. (Fernando Abrúcio)

Public Service Orientation (PSO): “Toda a reflexão realizada pelos teóricos do PSO leva aos temas do republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como accountability, transparência, participação política eqüidade e justiça, questões praticamente ausentes do debate sobre o modelo gerencial. É interessante notar, contudo, que o “objeto” que gerou a corrente do PSO foi “criado” pelo modelo gerencial. É a partir do conceito de esfera pública (public domain) que é estruturado o conjunto de idéias do Public Service Orientation (PSO).

O ponto que aqui distingue o PSO das outras correntes é o conceito de cidadão. Pois, enquanto o cidadão é um conceito com conotação coletiva — pensar na cidadania como um conjunto de cidadãos com direitos e deveres —, o termo consumidor (ou cliente) tem um referencial individual, vinculado à tradição liberal, a mesma que dá, na maioria das vezes, maior importância à proteção dos direitos do indivíduo do que à participação política, ou então maior valor ao mercado do que à esfera pública (POLLITT, 1990: 129).

CARACTERÍSTICAS DA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL

• Orientada para o cidadão.

• Orientada para obtenção de resultados.

• Pressupõe que políticos e funcionários públicos sejam merecedores de grau limitado de confiança.

• Como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação.

• Utiliza o contrato de gestão como instrumento de controle dos gestores públicos.

O conceito de governo empreendedor ganhou ênfase a partir da obra “Reinventando o governo: como o espírito empreendedor está modificando o serviço público”, dos norte-americanos David Osborne e Ted Gaebler.

Lançado em 1992, o livro - um dos maiores best-sellers da história da Administração Pública - se transformou em uma coqueluche mundial a tal ponto que suas ideias foram as bases do programa de governo do presidente Bill Clinton, nos EUA, no início da década de 90.

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O governo dito empreendedor deve buscar formas bem próximas daquelas utilizadas pelas empresas privada para que possa alcançar a excelência nos serviços públicos, ou seja: maximização dos lucros (receitas) e minimização das despesas. Para tanto, os autores citam vários exemplos de como um governo pode transformar despesa em receita. Em um dos casos, os autores citam que o governo gastava uma determinada quantia para manter o time de softball da cidade, após algum tempo, surge um governo empreendedor que consegue um patrocínio e o que era despesa, em troca de propaganda, se torna receita. A obra é mais detalhada em seus exemplos.

O governo empreendedor prescreve valores de produtividade, orientação ao serviço, descentralização, eficiência na prestação de serviços e accountability. Para tanto, os governos devem esforçar-se a aumentar seus ganhos por meio de aplicações financeiras e ampliação da prestação de serviços.

Leonardo Secchi relata a lista das idéias empreendedoras de Osborne e Gaebler:

Fazendo uso de uma linguagem prescritiva, Osborne e Gaebler (1992) sintetizaram em uma lista de 10 mandamentos a receita para transformar uma organização pública burocrática em uma organização pública racional e eficaz. Os dez mandamentos do Governo Empreendedor são apresentados de forma resumida a seguir:

Governo catalisador - os governos não devem assumir o papel de implementador de políticas públicas sozinhos, mas sim harmonizar a ação de diferentes agentes sociais na solução de problemas coletivos;

Governo que pertence à comunidade - os governos devem abrir-se à participação dos cidadãos no momento de tomada de decisão;

Governo competitivo - os governos devem criar mecanismos de competição dentro das organizações públicas e entre organizações públicas e privadas, buscando fomentar a melhora da qualidade dos serviços prestados. Essa prescrição vai contra os monopólios governamentais na prestação de certos serviços públicos;

Governo orientado por missões - os governos devem deixar de lado a obsessão pelo seguimento de normativas formais e migrar a atenção na direção da sua verdadeira missão;

Governo de resultados - os governos devem substituir o foco no controle de inputs para o controle de outputs e impactos de suas ações, e para isso adotar a administração por objetivos;

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Governo orientado ao cliente - os governos devem substituir a autorreferencialidade pela lógica de atenção às necessidades dos clientes/cidadãos;

Governo empreendedor - os governos devem esforçar-se a aumentar seus ganhos por meio de aplicações financeiras e ampliação da prestação de serviços;

Governo preventivo - os governos devem abandonar comportamentos reativos na solução de problemas pela ação proativa, elaborando planejamento estratégico de modo a antever problemas potenciais;

Governo descentralizado - os governos devem envolver os funcionários nos processos deliberativos, aproveitando o seu conhecimento e capacidade inovadora. Além de melhorar a capacidade de inovação e resolução de problemas, a descentralização também é apresentada como forma de aumentar a motivação e autoestima dos funcionários públicos;

Governo orientado para o mercado - os governos devem promover e adentrar na lógica competitiva de mercado, investindo dinheiro em aplicações de risco, agindo como intermediário na prestação de certos serviços, criando agências regulatórias e institutos para prestação de informação relevante e, assim, abatendo custos transacionais.

Gestão por resultados é uma abordagem que também ganhou ênfase a partir das idéias de Osborne e Gaebler. Segundo essa proposta, os governos de resultados devem substituir o foco no controle de inputs para o controle de outputs e impactos de suas ações, e para isso adotar a administração por objetivos.

A administração Pública do tipo burocrática tem por características, dentre outras, o foco no controle dos meios, dos processos, do formalismo. O governo de resultados, que surge junto ao movimento da Administração Pública Gerencial, busca o foco nas missões e nos resultados das organizações.

A reforma da administração pública e a consequente implantação do gerencialismo chegou ao Brasil em meados da década de 1990, durante o governo FHC, através do extinto Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), capitaneado pelo então ministro Luis Carlos Bresser Pereira. As idéias de reforma do Estado foram colocadas em um plano, chamado Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).

De acordo com o PDRAE, em 1995: “É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma administração pública que chamaria de

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"gerencial", baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o controle dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade democrática, é quem dá legitimidade às instituições e que, portanto, se torna "cliente privilegiado" dos serviços prestados pelo Estado (...) A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental. Na administração pública gerencial a estratégia volta-se:

(1) para a definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade;

(2) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e

(3) para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).

O conceito de governo empreendedor é recente e sua abrangência parte das entidades voltadas para a gestão de atividades econômicas como energia, telecomunicações etc., nas quais é mais fácil identificar benefícios econômicos, ampliando-se progressivamente.

Um dos instrumentos da gestão pública empreendedora são os Contratos de Gestão, que expressam uma nova forma de relacionamento entre o Governo e suas organizações e entidades, visando o melhor interesse da sociedade. Juridicamente, o Contrato de Gestão é um acordo firmado entre o governo e uma organização estatal com o fim de alcançar determinados objetivos num determinado período.

Ex: No âmbito da União, as autarquias e fundações públicas que firmarem contrato de gestão com seu respectivo ministério supervisor serão rotuladas como Agências Executivas. Tal rótulo gera direitos e obrigações para a entidade. Um exemplo de direito é o aumento da limite para a dispensa de licitação, com isso há um ganho em agilidade. Um

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exemplo de obrigação é a elaboração de um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional.

Assim, Agência Executiva é uma qualificação a ser concedida, por decreto presidencial específico, a autarquias e fundações públicas, responsáveis por atividades e serviços exclusivos do Estado. O Projeto Agências Executivas, portanto, não institui uma nova figura jurídica na administração pública, nem promove qualquer alteração nas relações de trabalho dos servidores das instituições que venham a ser qualificadas.

Também existe a possibilidade de o Estado firmar um Contrato de Gestão com uma Organização Social - OS (Muito cuidado: As Organizações Sociais não pertencem à administração pública, nem a direta e nem a indireta). Uma OS é uma entidade privada sem fins lucrativos que firmar um contrato de gestão com um determinado ministério para que possa prestar serviços de interesse público, como os da área de cultura e ciência e tecnologia.

A eminente professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, assim leciona sobre o tema da gestão social:

Fora do âmbito da Administração Indireta, os contratos de gestão vêm sendo mencionados pelo Governo Federal como modalidade de ajuste a ser celebrado com todas as instituições governamentais de transformação em Organizações Sociais, excetuando-se as abrangidas pelo Decreto n. 137/91, que instituiu o Programa de Gestão das Empresas Estatais. Conforme mencionado no item anterior, o mesmo tipo de contrato já foi celebrado com o Serviço Social Autônomo Associação das Pioneiras Sociais.

As organizações sociais constituem novo tipo de entidade, que o Governo chama de "pública não estatal". Ela é pública, não porque pertença ao Estado, mas porque exerce serviço público e administra o patrimônio público, sob o controle por parte do poder público. Só que esse controle se flexibiliza, deixando de ser essencialmente formal, como ocorre hoje em relação às entidades da Administração Indireta, e passa a ser um controle de resultados. Para esse, a relação que se estabelece entre o ente político titular do serviço e a entidade pública não estatal (Organização Social) passa a ser em grande parte contratual, porque se dá por meio dos contratos de gestão.

E a entidade é dita "não estatal" porque a idéia é que ela não pertença ao Estado, nem se enquadre entre as entidades da Administração Indireta.

É curioso observar que o Governo Federal vem anunciando a instituição de organizações sociais desde que lançado o Plano Diretor da Reforma do

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Aparelho do Estado, elaborado pelo MARE - Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado e aprovado pela Câmara da Reforma do Estado em reunião de 21.9.95. No entanto, até agora não as instituiu, ao contrário de alguns Estados que, baseando-se na idéia do Governo Federal, amplamente divulgada, já disciplinaram a matéria por meio de lei e já instituíram algumas organizações sociais, que constituem realidade no direito brasileiro.

A respeito do assunto das organizações sociais, consta do Plano Diretor o seguinte:

"O Projeto das Organizações Sociais tem como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não-exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder do Estado, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem realizados pelo setor público não-estatal.

Entende-se por "organizações sociais" as entidades de direito privado que, por iniciativa do Poder executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária.

As organizações sociais terão autonomia financeira e administrativa, respeitadas as condições descritas em lei específica como, por exemplo, a forma de composição de seus conselhos de administração, prevenindo-se, desse modo, a privatização ou a feudalização dessas entidades. Elas receberão recursos orçamentários, podendo obter outros ingressos através da prestação de serviços, doações, legados, financiamentos etc.

As entidades que obtenham a qualidade de organizações sociais gozarão de maior autonomia administrativa e, em compensação, seus dirigentes terão maior responsabilidade pelo seu destino. Por outro lado, busca-se através das organizações sociais uma maior participação social, na medida em que elas são objeto de um controle direto da sociedade através de seus conselhos de administração recrutado no nível da comunidade à qual a organização serve. Adicionalmente, se busca uma maior parceria com a sociedade, que deverá financiar uma parte menor mais significativa dos custos dos serviços prestados.

A transformação dos serviços não-exclusivos estatais em organizações sociais se dará de forma voluntária, a partir da iniciativa dos respectivos ministros, através de um Programa Nacional de Publicização. Terão prioridade os hospitais, as universidades e escolas técnicas, os centros de pesquisa, as bibliotecas e os museus. A operacionalização do Programa

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será feita por um Conselho Nacional de Publicização, de caráter interministerial".

Ao referir-se a essas entidades como "públicas não estatais", fica muito clara a intenção de tentar excluí-las da abrangência da Administração Indireta e, em conseqüência, excluí-las também da incidência das normas e princípios constitucionais que a ela se aplicam.

Quanto aos contratos de gestão, a intenção é a mesma que já se concretizou no direito francês e em outros países que seguiram o mesmo modelo. Só que, ali, manteve-se a natureza das empresas estatais como entidades da Administração descentralizada. E aqui pretende-se excluí-las desse conceito, talvez sem alcançar inteiramente esse objetivo. Isto porque, se a instituição das organizações sociais é iniciativa do próprio Estado; se elas são instituídas especialmente para exercerem serviço público delegado pelo Estado; se vão administrar patrimônio público; se vão receber dotações orçamentárias; se vão ficar sob controle do Estado; na realidade elas dificilmente vão escapar das normas constitucionais impostas à Administração Indireta. Até porque a Constituição, quase que prevendo uma situação como essa, a cada vez que se referiu à Administração Pública, direta ou indireta, fez referência a "outras entidades" sob controle do Estado ou a "fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público" ou expressões semelhantes; vejam-se, por exemplo, os artigos 22, inciso XXVII, 70, II e III, 165, § 5º, I e III, 169, parágrafo único.

Segundo tudo indica, o que serviu de inspiração para o projeto das organizações sociais foram os chamados Serviços Sociais Autônomos (SESI, SESC, SENAI e outros) e, mais proximamente, o Serviço Social Autônomo "Associação das Pioneiras Sociais".

Com relação a essa categoria de entidade — serviço social autônomo — escreveu Hely Lopes Meirelles (Direito administrativo brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p. 338) que "são todos aqueles instituídos por lei, com personalidade de Direito Privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais. São entes paraestatais, de cooperação com o Poder Público, com administração e patrimônio próprios, revestindo a forma de instituições particulares convencionais (fundações, sociedades civis ou associações) ou peculiares ao desempenho de suas incumbências estatutárias." Como exemplo, ele cita o SENAI, SENAC, SESC, SESI, "com estrutura e organização especiais, genuinamente brasileiras".

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Acrescenta o autor que tais entidades, "embora oficializadas pelo Estado, não integram a Administração direta nem a indireta, mas trabalham ao lado do Estado, sob seu amparo, cooperando nos setores, atividades e serviços que lhes são atribuídos, por considerados de interesse específico de determinados beneficiários. Recebem, por isso, oficialização do Poder Público e autorização legal para arrecadarem e utilizarem na sua manutenção contribuições parafiscais, quando não são subsidiadas diretamente por recursos orçamentários da entidade que as criou."

Não há dúvida de que tais entidades foram criadas com personalidade jurídica de direito privado, o que afasta a natureza autárquica.

Conforme por nós demonstrado na segunda edição do livro Parcerias na Administração Pública (São Paulo: Atlas, 1997), a dificuldade na fixação da sua natureza jurídica e do seu enquadramento ou não dentre as entidades da Administração indireta decorre do fato de que foram criadas na vigência da Constituição de 1946, quando não havia, no direito brasileiro, normas específicas sobre a administração indireta, nem na Constituição nem na legislação ordinária.

Os Contratos de Gestão visam, principalmente, a definição precisa de objetivos que o administrador público deve obter em sua unidade, assegurar a autonomia e a flexibilidade do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros para obter os fins contratados e, finalmente, o controle e a prestação de contas dos resultados obtidos e com isso caminhar firme para a adoção de um governo empreendedor. Em perspectiva paralela à que adotamos acima, Paulo de Tarso Pinheiro afirma que:

Um “governo empreendedor”, como observa o conceito busca empregar os recursos de novas formas, para maximizar a produtividade e a eficiência. No contexto da ineficiência e do crescimento excessivo do Estado Fiscal burocrático, Peter Drucker alertava, em 1989, “que quase todos os países desenvolvidos, voltados para uma distribuição de renda via política tributária, já haviam chegado ao limite de carga fiscal proibitivo”, além do qual, pelos efeitos da chamada “rebelião fiscal silenciosa” (informalidade, sonegação, etc.), há uma redução geral da própria receita fiscal e não um aumento.

Seguindo a linha de pensamento adota por Paulo de Tarso, no que tange às idéias de Drucker e também às de Osborne e Gaebler, a teoria do governo empreendedor sustenta que não é o aumento da carga fiscal que

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distribui a renda e melhora as condições econômicas, políticas e administrativas de um país, mas sim o aumento da produtividade. Vilfredo Pareto estudioso da distribuição da renda, autor do que hoje é conhecido como Lei de Pareto concluiu que o governo é incapaz de efetivamente modificar a distribuição de renda.

Tarso arremata seu pensamento afirmando que ”a gestão empreendedora preconiza, assim, a volta à finalidade dos impostos de criar receitas com o mínimo de efeitos sócio-econômicos colaterais para aplicá-las na promoção da produtividade como único meio de gerar riqueza, distribuir renda e corrigir as desigualdades sociais. Ao contrário da Administração Burocrática, fixada nos controles formais, que se concentra excessivamente sobre as entradas, os recursos, a gestão empreendedora enfatiza o controle sobre a aplicação dos recursos e os respectivos resultados”.

Finalmente, a gestão pública empreendedora propõe um mecanismo alternativo que é a associação do setor público com o setor privado como resposta a solução das inflexibilidades do setor público. As parcerias público-privadas, também, constituem mecanismos modernos de gestão compartilhada onde o público preserva a sua funcionalidade no atendimento das demandas sociais e o privado aloca recursos rentabilizáveis com gestão eficiente e eficaz regulados por mecanismos contratuais de deveres e direitos entre as partes buscando fazer mais e gastar menos.

Traços do governo empreendedor

Agora vamos fazer uma síntese dos traços comuns de um governo considerado hoje empreendedor, segundo Geraldo Pinho et al.

Primeiro traço: ele tem ação ampla, ele catalisa o setor público, o privado, o voluntário, e isso significa que esse governo amplia sua ação. Não se trata de ser um governo menor ou maior, o que interessa é que seja melhor.

Segundo traço: promover a competição. Há um dado interessante no trabalho de do Osborne e Gaebler revelando que, segundo pesquisa feita nos Estados Unidos, os serviços realizados diretamente pelo setor público são de 30 a 95% mais caros do que os terceirizados, incluída a taxa de administração. Isso não acontece por que o governo seja pior do que a iniciativa privada, acontece porque a iniciativa privada trabalha sob o regime da competição. Para Osborne, a questão não é ser público ou

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privado e sim a competição versus monopólio. Onde há competição é estimulada a eficiência, e com isso obtém-se mais por menos, promove-se a inovação e tem-se um corpo de funcionários certamente mais motivado. Então, a competição é sempre vantajosa. No âmbito da competição no setor público há formas interessantes observadas por Osborne. A primeira: estimular a competição do serviço público com o setor privado. É interessante comparar o serviço que é feito hoje no sistema do monopólio com o que é explorado por uma concessão ou permissão na mesma área. O exemplo mais óbvio revelado por Osborne e Gaebler é o da coleta de lixo em uma das prefeituras estudadas. Há a empresa estatal, mas a coleta é aberta a uma área de concessão a um concorrente. Com isso, são comparados padrões de desempenho, custos da tonelada de lixo etc., sem falar na competição interna que é disparada e nas medidas administrativas que são tomadas. Esse é um exemplo de competição entre um serviço público e um serviço terceirizado. Mas pode-se também estimular a competição abrindo uma área de concorrência entre diversos setores privados. Por que não terceirizar a instituição que presta serviços médicos ao servidor, trazendo uma rede de conveniados que possa competir entre si, com menores custos e melhor qualidade de serviços?

O terceiro tipo, e que deve servir muito ao Brasil, é a competição dentro do próprio setor público. Exemplo: uma escola competir com outra por indicadores de desempenho, taxas de evasão, repetência, etc.. Um posto de saúde competir com outro por eficiência. Por que não estimular essa competição interna se só se tem a ganhar com isso?

Terceiro traço: Orientar-se pela missão em vez de regulamentos. Há um autor que diz que a hora da verdade de uma empresa ou de uma organização é ali no balcão. Uma empresa de aviação, por exemplo, é ali no check-in, é na hora em que há relações de âmbito interpessoal, as transações individuais, como ele diz. É aí que se dá a hora da verdade da empresa, em que vende o seu produto, garante sua imagem. Para pegar-se 5% de funcionários desonestos frustram-se 95% de honestos com os regulamentos que são feitos em gabinetes distantes dos locais efetivos de trabalho o que em geral dificulta esse trabalho.

Observa-se que no serviço público, principalmente nas prefeituras e nos municípios, há situações absolutamente imprevistas e que requerem improviso. Seus regulamentos também são feitos de forma distante em gabinetes de órgãos de planejamento e dificilmente se prestam a ajudar na hora do contato pessoal nessas situações individuais. É preciso, portanto, conceder poder às pessoas que estão na ponta o direito de ter

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idéias, de decidir e principalmente de agir. É a esse funcionário lá na base da pirâmide que deve ser dada certa autonomia.

Quarto traço: Investir nos resultados: mais polícia quando a taxa de criminalidade atinge níveis altíssimos, mais médicos e vacinas quando as epidemias grassam etc.. Os investimentos são sempre em fracassos e não em prevenção ou resultados.

Servidores mais bem pagos por antigüidade ou por maior nível hierárquico, maior orçamento para aumento de quadros — isso é resultado? Evidente que não. A empresa privada que não tiver resultados desaparece do mercado, seus administradores são obrigados a dar satisfações aos seus acionistas, mas a quem os administradores públicos dão satisfação de seus fracassos? Talvez ao Legislativo, que é quem aprova lhes dá os recursos, talvez ao grupo de interesses ou ao grupo político que os colocaram no cargo.

A relação com o cliente, no caso, é muito frouxa, e por isso a cobrança não é tão incisiva e forte como nas empresas privadas.

Entretanto, estamos vendo que isso está mudando, a sociedade vem passando a cobrar; vemos no resultado das campanhas políticas que a população começa a cobrar mais resultados do que ideologias, o que importa é o que vai impactar de forma positiva nas reais mudanças. Mas, por enquanto, investe-se no input e não no output, nas entradas e não nas saídas, nos resultados.

Quinto traço: O governo empreendedor descentraliza a autoridade, abdica da hierarquia em nome da participação e do trabalho em equipe (novas lideranças no setor público). Os serviços públicos e empresas já foram centralizados, os meios de divulgação ou de disseminação da informação eram primitivos, as pessoas na ponta eram pouco instruídas, entre a solicitação do cidadão, a chegada desta lá em cima e o seu retorno havia um tempo imenso que o cidadão era obrigado a aceitar complacentemente. Hoje a situação mudou: tem-se informação em tempo real, servidores instruídos na ponta, o tempo de retorno das solicitações é bem menor. A descentralização é necessária a qualquer custo. Está provado que as empresas que se descentralizaram são mais eficientes, resolvem melhor os problemas, são mais inovadoras, dão mais poder às pessoas que estão na ponta, que, com certeza, ficam com o moral mais elevado sentindo-se mais capazes e com mais responsabilidade.

Sexto traço: O governo empreendedor prefere os mecanismos de mercado às práticas burocráticas. A demanda sobre o Estado é muito grande, principalmente depois da globalização, e enganam-se os que

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pensam ao contrário. Como não é mais possível resolver os problemas com mais aumentos de impostos e mais programas administrativos, o governo prefere, então, as práticas de mercado. Um exemplo clássico disso é extinto Banco Nacional de Habital (BNH). O governo tinha um déficit muito grande no setor da casa própria popular, e como não podia prover essa população carente sem moradia criou um mercado com juros e prazos de financiamento que não existiam no país, conseguindo assim recursos para movimentar um mercado financeiro de habitação que financiasse as casas populares. Foi, parece, uma grande solução. Foi um projeto copiado por muitos países e festejado internacionalmente. Uma situação típica de quem não pode fazer com programa administrativo e recursos próprios e usa soluções de mercado. A reforma na Inglaterra, que é a grande matriz, pelo que se sabe, só está fazendo isso.

Diz-se que falar em lucro no serviço público dá arrepio, fere o que há de mais sacralizado no setor público, entretanto, falar em desperdício não dá arrepio nem fere.

Sétimo traço: O governo empreendedor precisa gerar receita para atender despesas. O país está numa crise fiscal e isso decorre do fato de a receita tributária vir caindo e os gastos públicos virem aumentando, o que gera o déficit público. Como não se admite mais aumentar impostos e o governo é cobrado a prestar mais e mais serviços é necessária a busca de outras soluções.

Oitavo traço: Transferência de poder do cidadão, na visão de Osborne. Tem-se por hábito atribuir como responsabilidade do governo burocrata todos os serviços públicos e todos os problemas da sociedade. Seria bom se a própria sociedade resolvesse parte desses problemas, se as próprias comunidades se organizassem ajudando a resolver o problema da violência e da droga. Osborne diz isso de forma clara: que é inimaginável a força e a capacidade que têm os cidadãos de resolverem seus problemas. Ele tem uma frase que eu acho lapidar: “Os bons clientes são maus cidadãos.” Vamos fazer a leitura aqui, do que Osborne diz a respeito disso: “Os clientes dependem de quem os ajudem e liderem e ao mesmo tempo sendo controlados são pessoas que enxergam a si mesmas em termos de suas deficiências e esperam que outros ajam em seu lugar. Já, em contraste, os cidadãos são pessoas que compreendem os seus problemas em termos que lhe são próprios, percebem os seus relacionamentos uns com os outros e acreditam na sua capacidade de ação. Bons clientes são maus cidadãos e os bons cidadãos constroem comunidades fortes.

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5. QUESTÕES COMENTADAS

1. (ESAF/RECEITA FEDERAL/Auditor Fiscal/2009)

Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:

a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.

b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política.

c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada.

d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.

e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle.

Comentário:

A única errada é a opção A.

O gerencialismo não tinha como objetivo agregar valores de eficiência, eficácia e efetividade à burocracia. Tais valores são intrínsecos ao próprio modelo gerencial. O fato é que o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado declara que o modelo burocrático tem algumas vantagens e que por conta disso não deve ser completamente extirpado da Administração Pública, porém, repiso, os valores citados na questão são inerentes ao gerencialismo. Vale citar o PDRAE:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA e a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL. A primeira, embora sofrendo do excesso de formalismo e da ênfase no controle dos processos, tem como vantagens a segurança e a efetividade das decisões. Já a administração pública gerencial caracteriza-se fundamentalmente pela eficiência dos serviços prestados a milhares senão milhões de cidadãos. Nesses termos, no núcleo estratégico, em que o essencial é a correção das decisões tomadas e o princípio administrativo fundamental é o da efetividade, entendido como a capacidade de ver obedecidas e implementadas com segurança as decisões tomadas, é mais adequado que haja um misto de administração pública burocrática e gerencial.

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Gabarito: A

2. (ESAF/RECEITA FEDERAL/Auditor Fiscal/2009)

Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.

b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e orçamentário até então existentes.

c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.

d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando serviços públicos essenciais.

e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de gestão.

Comentário:

a) Errada. A implantação da nova gestão pública no Brasil foi decorrente da Emenda Constitucional 19 de 1998, também chamada de a Emenda da Reforma Administrativa.

b) Errada.

Toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, (CORRETO)

Ra zã o p e la q u a l fo r a m d e s co n t in u a d o s a lg u n s m e ca n is m o s d e controle financeiro e orçamentário até então existentes (ERRADO).

c) Errada. ―A idéia contida na palavra accountability traz implicitamente a responsabilização pessoal pelos atos praticados e explicitamente a exigente prontidão para a prestação de contas, seja no âmbito público ou no privado (José Antônio Gomes Pinho). Assim, a descentralização gerou maior controle por parte dos órgãos reguladores, e não a redução, como propõe a questão.

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d) Errada. Não existem milhares de Organizações Sociais no Brasil.

Segundo o site GESPUBLICA (coordenado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG): O Brasil conta atualmente com cerca de 5,2 mil entidades da sociedade civil sem fins lucrativos qualificadas como organizações sociais; organizações da sociedade civil de interesse público ou serviço social autônomo.

O objetivo da pesquisa, financiada pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), foi o de identificar o universo dessas entidades do Terceiro Setor que cooperam com o Governo em projetos sociais.

Segundo a pesquisa:

As Org a n iza çõ e s d a S o cie d a d e Civ il d e In t e r e s s e Púb lico ( Os c ip )

totalizam 5.050, sendo 4.856 federais, 167 estaduais e 27 municipais.

Ex is t e m 1 9 2 Org a n iza çõ e s S o cia is ( OS ) a t u a n t e s n o p a ís , s e n d o s e is

federais, 115 estaduais e 71 municipais. Já os entes que compõem o Serviço Social Autônomo (SSA) somam 19, sendo que 12 deles são federais, cinco estaduais e dois municipais.

e) Certa. No lugar de intervir diretamente na economia, o Estado deve regular (principalmente via Agências Reguladoras) e promover o crescimento econômico (O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC é uma forma de promover a economia.

GABARITO: E

3. (ESAF/MTE/Auditor Fiscal do Trabalho/2010)

As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto:

a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas nas administrações públicas de alguns países a partir da década de 1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos.

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c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da tecnologia de gestão empresarial ao Estado.

d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de transparência, dever social de prestação de contas, participação política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo gerencial puro.

e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma forte retomada do estado do bem-estar social e do desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recente crise do mercado financeiro internacional.

Comentário:

A questão cuida dos modelos surgidos no bojo da Administração Pública Gerencial: Gerencialismo Puro, Consumerism e Public Service Oriented.

a) Certa. As reformas de que falamos em aula deram origem à chamada

Nova Gestão Pública (NGP).

b) Certa. Como afirmou Abrúcio ―as críticas mais pertinentes feitas ao modelo gerencial puro na Grã-Bretanha buscavam não a volta ao modelo burocrático weberiano, mas sim a correção do managerialism no sentido de incorporar novos significados. Desse modo, os novos significados são a racionalização e, principalmente, satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos.

c) Certa. Final da década de 70, início da década de 80, nasce a Nova Gestão Pública (NGP). Seu ―pais‖ são: papai Ronald Reagan (EUA); mamãe Margareth Tatcher na Grã-Bretanha. As reformas minimalistas são aquelas que visavam reduzir o tamanho do Estado e do seu aparelho administrativo. A partir da implantação da NGP a administração pública passa a utilizar ferramentas até então exclusivas da administração privada, tais como: programas de qualidade, downsizing, planejamento estratégico etc.

d) Certa. Questão praticamente copiada do texto do Fernando Abrúcio, cujo trecho nós vimos acima:

Toda a reflexão realizada pelos teóricos do PSO leva aos temas do republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como accountability, transparência, participação política eqüidade e justiça, questões praticamente ausentes do debate sobre o modelo gerencial.

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e) Errada. Ocorreu justamente o contrário. A NGP no Brasil, e no mundo, levou o Estado a reduzir o seu tamanho, principalmente via privatização, e a implantar o modelo gerencial, que deve prevalecer sobre o burocrático.

GABARITO: E

4. (ESAF/SMF-RJ/Fiscal de Rendas/2010)

No Brasil, o modelo de administração burocrática:

a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalação do Ministério da Desburocratização.

b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação do DASP.

c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.

d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao, início do processo de industrialização.

e) foi completamente substituído pelo modelo gerencial implantado ao final do século XX.

Comentário:

a) Errada. O Ministério da Desburocratização visava justamente atuar em momento em que as disfunções da burocracia eram latentes: na década de 80.

b) Certa. O Dasp, portanto, seria o órgão central do sistema de controle da administração pública brasileira e a peça-chave para a constituição de uma burocracia profissional institucionalizada, aos moldes weberianos. (Fernando Abrúcio)

c) Errada. Não permanece arraigada e não houve falência do modelo gerencial. No entanto, é sempre bom ressaltar, o modelo burocrático é subjacente ao modelo gerencial.

d) Errada. Ao contrário, deve mais à industrialização. Recordando o que diz Abrúcio:

O modelo de administração pública criado por Vargas inaugura uma nova era por três razões. A primeira é que a sua construção obedecerá ao objetivo de expandir, num movimento sem precedentes, o papel do Estado que, aumentará sua intervenção nos domínios econômico e social em nome de um projeto de modernização nacional-desenvolvimentista (Martins, 1976; Bresser-Pereira, 2008). Tratava-se de completar o

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processo de construção nacional por intermédio de um novo tipo estatal voltado para a industrialização, a urbanização e o desenvolvimento econômico do país. Para levar adiante este projeto de state-building, seria fundamental construir uma administração pública competente, capaz de implementar e conduzir as diretrizes de modernização econômica de desenvolvimento almejados. Como bem percebeu Rezende (2004:48).

e) Errada. Essa é uma das pegadinhas mais recorrentes. Apesar de toda crítica o modelo gerencial não veio substituir completamente o modelo burocrático. Vejamos trecho do PDRAE. “é mais adequado que haja um misto de administração pública burocrática e gerencial”.

Gabarito: B

5. (ESAF/SUSEP/Analista Técnico - Adm. e Finanças/2010)

Uma adequada compreensão do processo evolutivo da administração pública brasileira nos revela que:

a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominação portuguesa, sendo o reinado de D. Pedro II o ponto de partida para a implantação do modelo burocrático.

b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaço para o modelo burocrático.

c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado, consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do Estado, notadamente na administração direta.

d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração contemporânea.

e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do momento em que a administração direta se robustece, nos anos 1950, em paralelo à crescente industrialização do país.

Comentário:

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a) Errada. O Patrimonialismo existe até hoje, sob outras formas, como o nepotismo. É bom ressaltar que atualmente os três tipos de administração pública coexistem.

b) Errada. A velha pegadinha. Vejamos trecho do PDRAE. “é mais adequado que haja um misto de administração pública burocrática e gerencial”.

c) Errada. Totalmente absurda. O modelo gerencial não veio, de forma alguma, consolidar o modelo burocrático-weberiano. Ao contrário, veio criticá-lo e substituí-lo em grande parte (mas não totalmente).

d) Certa. Perfeita!!!

e) Errada. A importância do modelo gerencial se expande a partir da percepção das limitações do modelo burocrático e da consequente necessidade de modernização da administração pública.

Gabarito: D

6. (ESAF/MPOG/Analista de Planejamento e Orçamento/2010)

Acerca dos modelos de gestão patrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro, é correto afirmar:

a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento administrativo autônomo, imune a injunções políticas, econômicas e culturais.

b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada, sendo finalmente extinto com a implantação do gerencialismo.

c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua falência.

d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana de governo, o patrimonialismo é um fenômeno administrativo sem paralelo em outros países.

e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura, porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu modo e com nova roupagem, continuam existindo.

Comentário:

a) Errada. Não houve essa autonomia. Burocracia e Política sempre estiveram interconectadas.

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b) Errada. A própria ESAF já deu como certo o fato de que “de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração contemporânea”.

c) Errada. O neoliberalismo está ligado ao modelo gerencial, ao passo que a burocracia está ligada ao estado desenvolvimentista.

d) Errada. Em praticamente todo mundo a praga do patrimonialismo existe.

e) Certa. Perfeita.

Gabarito: E

7. (ESAF/MPOG/Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/2009)

Em nosso país, o processo que permeia a formação do Estado nacional e da administração pública se revela pelas seguintes constatações, exceto:

a) a administração colonial se caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imenso território.

b) a partir da administração pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do despotismo esclarecido.

c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno.

d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a empreender um continuado processo de modernização das estruturas e processos do aparelho do Estado.

e) a República Velha, ao promover grandes alterações na estrutura do governo, lançou a economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à burocracia weberiana.

Comentário:

Questão retirada do artigo: “Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de Administração Pública; 200 anos de reformas”, do Prof. Frederico Lustosa da Costa.

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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/a03v42n5.pdf

a) Certa. A síntese histórica de Caio Prado Júnior, retomada por Arno e Maria José Wehling (1999), aponta como principais características da administração colonial — a centralização, a ausência de diferenciação (de funções), o mimetismo, a profusão e minudência das normas, o formalismo e a morosidade. Essas disfunções decorrem, em grande medida, da transplantação para a colônia das instituições existentes na metrópole e do vazio de autoridade (e de obediência) no imenso território, constituindo um organismo autoritário, complexo, frágil e ineficaz.

b) Certa. Isso não quer dizer que não tenha havido um processo de gradual racionalização do governo colonial ao longo de três séculos. A partir da administração pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do despotismo esclarecido. Essa mudança se expressava principalmente nos métodos e processos de trabalho que davam lugar à emergência de uma burocracia.

c) Certa. O fato é que a transferência da corte e mais tarde a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno. A elevação à condição de corte de um império transcontinental fez da nova administração brasileira, agora devidamente aparelhada, a expressão do poder de um Estado nacional que jamais poderia voltar a constituir-se em mera subsidiária de uma metrópole de além-mar

d) Certa. De fato, a partir desse marco e durante a maior parte do século XX, o Brasil empreendeu um continuado processo de modernização das estruturas e processos do aparelho de Estado. Como resposta a transformações econômicas e sociais de largo alcance, esse esforço se desenvolveu ora de forma assistemática, pelo surgimento de agências governamentais que se pretendia fossem ilhas de excelência com efeitos multiplicadores sobre as demais, ora de forma mais orgânica, por meio das reformas realizadas no governo federal, em 1938, 1967 e a partir de 1995.

A chamada “Revolução de 1930” representou muito mais do que a tomada do poder por novos grupos oligárquicos, com o enfraquecimento das elites agrárias. Significou, na verdade, a passagem do Brasil agrário para o Brasil industrial. Para compreender essa transformação e a emergência do modelo de crescimento que presidiu o desenvolvimento nacional no século

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XX, é preciso entender como se dava a inserção do país na economia internacional e como o Brasil viveu a Grande Depressão.

e) Errada. A República Velha (1889-1930) não teve o condão de promover grandes alterações na estrutura do governo. Tal falto só ocorreu a partir da segunda metade da década de 30, no governo Vargas (Estado Novo). Vejamos o que diz Lustosa:

Nesse período, não houve grandes alterações na conformação do Estado nem na estrutura do governo. Desde a proclamação da República, a principal mudança no Poder Executivo foi a criação dos ministérios da Instrução Pública, de brevíssima existência; da Viação e Obras Públicas; e da Agricultura, Indústria e Comércio, cujos nomes sofreram pequenas modificações. Do ponto de vista da federação, houve uma ligeira redução na capacidade legislativa dos estados, que perderam o poder de legislar sobre determinadas matérias.

Gabarito: E

8. (ESAF/MPOG/Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/2009)

Acerca do modelo de administração pública gerencial, é correto afirmar que:

a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de recursos humanos.

b) sua principal diferença em relação à administração burocrática reside na forma de controle, que deixa de se basear nos processos para se concentrar nos resultados.

c) nega todos os princípios da administração pública patrimonialista e da administração pública burocrática.

d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional-legal.

e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo.

Comentário:

a) Errada. O nepotismo é inadmissível em qualquer de suas formas.

b) Certa.

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c) Errada. Nega todos os princípios do patrimonialismo, mas não os da burocracia.

d) Errada. O modelo burocrático é que é, notadamente, racional legal.

e) Errada. São características da burocracia.

Gabarito: B

9. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública:

a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos.

Comentário:

Guardem isso: antes da década de 1930 tivemos uma administração pública predominantemente patrimonial. Com isso, só nos restam as opções C e E.

A letra C está perfeita, ao passo que a letra E revela características da Burocracia.

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Gabarito: C

10. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Como forma de organização baseada na racionalidade, a Burocracia acarreta algumas consequências não previstas. Nesse contexto, nos casos em que, devido à rígida hierarquização da autoridade, quem toma decisões é o indivíduo de cargo mais alto na hierarquia, temos a seguinte disfunção:

a) categorização como base do processo decisório.

b) despersonalização do relacionamento.

c) exibição de sinais de autoridade.

d) internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos.

e) superconformidade às rotinas e procedimentos.

Comentário:

Cuidado com esse tipo de questão. Todas as opções revelam disfunções da burocracia. Porém, segundo a doutrina, a tomada de decisão sempre cabível à autoridade de maior nível hierárquico gera “a categorização como base do processo decisório”.

Gabarito: A

11. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Sobre o tema ‘administração pública gerencial’, é correto afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões completamente antagônicas da administração pública gerencial.

b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa à efetiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo que nenhuma reforma administrativa logrou alcançar.

c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.

d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo, não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.

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e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus clientes, já que o conceito de ‘consumidor’ não equivale ao de ‘cidadão’.

Comentário:

a) Errada. Apesar de algumas diferenças, não são visões antagônicas e fazem parte da Administração Pública Gerencial

b) Errada. Totalmente absurda. O gerencialismo busca implantar a Administração Pública Gerencial.

c) Errada. O primeiro momento rumo à administração pública gerencial foi o decreto-lei 200/1967. No entanto, a efetiva implantação do modelo somente ocorreu na década de 90.

d) Errada. Tivemos a Emenda Constitucional 19/1998, chamada de Emenda da Reforma Administrativa.

e) Certa.

Gabarito: E

12. (ESAF/STN/Analista de Finanças e Controle/2008)

Para Max Weber, burocracia é a organização eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo possui características que lhe são próprias e inúmeras vantagens em relação a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com que o conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opções a seguir e marque a resposta correta.

i) A burocracia é baseada em características que têm como conseqüência a previsibilidade do comportamento humano e a padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final é a máxima eficiência da organização.

ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da burocracia sobre as demais formas de associação.

iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como conseqüência a previsibilidade do funcionamento da organização.

iv) Weber entendia que as características da burocracia contribuíam, em parte, para a segurança dos processos organizacionais.

a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.

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b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.

c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.

d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.

e) Todos os enunciados estão corretos.

Comentário:

I. Certa.

II. Certa.

III. Errada. Previsibilidade de funcionamento não é considerada uma disfunção, mas sim uma característica que, inclusive, era deliberadamente buscada.

IV. Errada. Entendia que contribuíam totalmente. Para Weber, o pai da burocracia, o modelo burocrático era um modelo por excelência.

Gabarito: D

13. (ESAF/STN/Analista de Finanças e Controle/2008)

O modelo atual de Administração Pública do Brasil enfrenta um grave problema: os servidores, quer sejam eles do nível gerencial ou não, têm a maior parte de seu tempo comprometida com atividades que são produtos do excesso de formalismo burocrático, o que faz com que percam de vista os objetivos das ações governamentais. A reversão deste quadro depende de uma mudança profunda na forma de administrar a coisa pública, cuja alternativa mais viável é a implantação de um novo modelo de gestão baseado nos conceitos da administração gerencial.

Todos os enunciados a seguir são características da administração gerencial, exceto:

a) suas decisões e ações são orientadas para os resultados.

b) tem como foco as demandas dos clientes-usuários dos serviços públicos.

c) pressupõe uma instituição orientada basicamente para processos e tarefas.

d) suas ações são baseadas no planejamento permanente e executadas de forma descentralizada e transparente.

e) pressupõe uma instituição com seus corpos diretivo e funcional comprometidos com a missão institucional.

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Comentário:

a) Certa. Administração pública gerencial

b) Certa. Administração pública gerencial

c) Errada. A administração pública gerencial é orientada para resultados. A opção C caracteriza a administração pública burocrática.

d) Certa. Administração pública gerencial

e) Certa. Administração pública gerencial

Gabarito: C

14. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2008)

O movimento que incorporou à gestão pública características como a competição na prestação de serviços, a perspectiva empreendedora, a descentralização, o foco em resultados e a orientação para o mercado é denominado:

a) Patrimonialista.

b) Governança Corporativa.

c) Reinventando o Governo.

d) Administração Pública Societal.

e) Pós-Burocrático.

Comentário:

c) Certa. Questão inspirada no artigo: “O impacto do modelo gerencial na Administração Pública: Um breve estudo sobre a experiência internacional recente”, de Fernando Abrúcio.

A obra de David Osborne e Ted Gaebler, Reinventando o governo (1994), é o marco na nova discussão da administração pública americana. Trata-se de discutir os fundamentos do governo no que se refere à administração pública. Para tanto, é estruturado um modelo híbrido e eclético de análise, incorporando conceitos que estiveram separados no desenvolvimento do modelo gerencial inglês, tais como a implantação de uma administração por objetivos — ou por missões —, a mensuração do desempenho das agências através dos resultados, a busca da qualidade total como método administrativo, a ênfase no cliente, a

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transferência do poder aos cidadãos e tentar garantir a eqüidade.

Gabarito: C

15. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2008)

Indique a opção que não apresenta uma característica da administração pública gerencial.

a) Uso de indicadores de desempenho transparentes.

b) Disciplina e parcimônia no uso dos recursos.

c) Descentralização administrativa.

d) Administração profissional, autônoma e organizada em carreiras.

e) Ênfase nas práticas de controle dos processos.

Comentário:

a) Certa. Administração Pública Gerencial

b) Certa. Administração Pública Gerencial

c) Certa. Administração Pública Gerencial

d) Certa. Administração Pública Gerencial

e) Errada. Administração Pública Burocrática

Gabarito: E

16. (ESAF/ENAP/Administrador/2006)

Assinale a opção incorreta.

a) No modelo patrimonialista de administração pública existe uma interpermeabilidade dos patrimônios público e privado.

b) Um dos princípios do modelo burocrático de administração pública é um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

c) Um dos princípios do modelo patrimonialista de administração pública é o acesso por concurso ao serviço público.

d) O modelo gerencial de administração pública tem como um dos seus objetivos garantir a propriedade e o contrato.

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e) O modelo burocrático de administração pública se baseia no serviço público profissional.

Comentário:

a) Certa.

b) Certa.

c) Errada. O nepotismo é inerente ao patrimonialismo.

d) Certa.

e) Certa.

Gabarito: C

17. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2004)

Weber estudou as organizações que surgiram após a revolução industrial e a formação do Estado, identificando características que eram comuns e tipos de autoridade. Indique a opção que apresenta corretamente características do tipo ideal de burocracia de Weber.

a) Excesso de regulamentos e valorização da hierarquia.

b) Competência técnica e dominação tradicional.

c) Dominação legal e carismática.

d) Impessoalidade e profissionalismo.

e) Mecanismo e racionalidade legal.

Comentário:

a) Errada. Não é característica, é disfunção

b) Errada. Dominação tradicional não é característica.

c) Errada. Dominação carismática não é característica.

d) Certa.

e) Errada. Mecanismo não é característica.

Gabarito: D

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18. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2004)

Ao longo de sua história, a administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial.

Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da administração pública feita no texto a seguir.

O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

a) Patrimonialista e gerencial

b) Patrimonialista e burocrático

c) Burocrático e gerencial

d) Patrimonialista, burocrático e gerencial

e) Burocrático

Comentário:

Patrimonialista Burocrático

O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo

A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional

Gabarito: B

19. (FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal de Tributos Municipais/2007)

O modelo de Administração Burocrática, que tem entre seus principais expoentes Max Weber, caracteriza-se

(A) pela criação de uma estrutura própria e estável, imune à alternância dos governantes, submetida a rígidos controles de resultado e de qualidade, sendo comumente criticada pelo excesso de formalismo e falta de flexibilidade.

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(B) pela consolidação do patrimonialismo, fazendo com que o Aparelho do Estado atue como extensão do poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo clientelismo, nepotismo e ausência de controles efetivos.

(C) pelo fortalecimento do Aparelho do Estado, que passa a atuar de forma paralela e imune ao poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo inchaço dos quadros de servidores públicos e ausência de eficiência na correspondente atuação.

(D) pela ênfase na idéia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, sendo comumente criticada pela rigidez do controle dos processos, de forma auto-referenciada e sem compromisso com os resultados para o cidadão.

(E) como reação à Administração Pública patrimonialista, buscando instituir mecanismos de controle da atuação dos governantes, com ênfase nos resultados, sendo comumente criticada pela ausência de controles eficazes dos processos.

Comentário:

Essa questão diz respeito ao tema que é, sem dúvida, o mais recorrente de administração pública em provas de concursos públicos, de todas as bancas, tratam-se dos modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrática e gerencial. Vamos analisá-las:

Até a década de 30

Administração Pública Patrimonial – Com alguns resquícios de profissionalização (Burocracia Patrimonial, que não é a mesma burocracia da década de 30)

Década de 30 até 90

Administração Pública Burocrática – Levada a cabo pelo DASP. Trata-se do modelo idealizado pelo sociólogo e economista alemão

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Max Weber (burocracia weberiana) com resquícios de patrimonialismo.

A partir da década de 90

Administração Pública Gerencial – Inspirada em princípios gerenciais e no uso de ferramentas como reengenharia e qualidade total. Possui, deliberadamente, alguns pontos de burocracia. Não consegui expurgar da administração pública a praga do patrimonialismo, que hoje é visto em práticas como o nepotismo.

Vamos ás questões:

a) Errada. A burocracia weberiana não é submetida a controle de resultado e de qualidade, esses controles são típicos da administração pública gerencial. Na burocracia predomina o controle a priori, controle de meios, controle de processos.

b) Errada. Erro: “pela consolidação do patrimonialismo”. Tanto as administrações públicas burocrática quanto a gerencial tentaram, sem muito sucesso, acabar com a praga do patrimonialismo. Portanto, isso não pode ser uma característica da burocracia.

c) Errada. Erro: “que passa a atuar de forma paralela e imune ao poder dos governantes”

d) Certa. A questão cita características e disfunções da burocracia. Segue um quadro para você analisar esses dois pontos:

Características da Burocracia Disfunções da Burocracia

1. Caráter legal das normas 2. Caráter formal das comunicações 3. Divisão do trabalho 4. Impessoalidade no relacionamento 5. Hierarquização da autoridade

1. Internalização das normas 2. Excesso de formalismo e papelório 3. Resistência a mudanças 4. Despersonalização do relacionamento 5. Categorização o

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6. Rotinas e procedimentos 7. Competência técnica e mérito 8. Especialização da administração 9. Profissionalização

relacionamento 6. Superconformidade 7. Exibição de sinais de autoridade 8. Dificuldades com clientes

Previsibilidade do funcionamento Imprevisibilidade do funcionamento

Fonte: Idalberto Chiavenato

e) Errada. Erro repetido. A questão tenta atribuir à burocracia o controle de resultados.

GABARITO: D

20. (FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal de Tributos Municipais/2007)

A partir da segunda metade do século XX, começa a verificar-se a erosão do modelo de Administração Púbica Burocrática, seja em função da expansão das funções econômicas e sociais do Estado, seja em face do desenvolvimento tecnológico e do fenômeno da globalização. Surge, então, o modelo da Administração Pública Gerencial, cujas características são:

(A) concentração dos processos decisórios, aumento dos controles de processos e ênfase no cidadão.

(B) descentralização dos processos decisórios, redução dos níveis hierárquicos, competição administrativa no interior das estruturas organizacionais e ênfase no cidadão.

(C) inversão do conceito clássico de hierarquia, com redução dos níveis inferiores e aumento dos intermediários, dando a estes mais poder decisório, com ênfase no controle dos processos internos.

(D) acentuação da verticalização das estruturas organizacionais, com aumento dos níveis hierárquicos superiores, onde se concentra o poder decisório, ênfase nos controles interno e externo da atuação dos escalões inferiores.

(E) descentralização dos processos decisórios, horizontalização das estruturas organizacionais, substituição dos mecanismos de controle de processos por mecanismos de controle de resultados, com foco no cidadão.

Comentário:

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a) Errada. Ocorre a descentralização do processo decisório e redução do controle dos processos em prol dos controles de resultados. A ênfase no cidadão está correta.

b) Certa. Todas são características do gerencialismo.

c) Errada. Não há inversão do conceito de hierarquia. Não há controle de processos, há controle de resultados.

d) Errada. Ocorre redução, e não aumento, dos níveis hierárquicos. A ênfase é no controle de resultados.

e) Errada. Essa questão deu briga! O único ponto que a banca poderia ter alegado como errado seria “horizontalização das estruturas organizacionais”. Embora essa não seja diretamente uma característica da administração pública burocrática, indiretamente podemos visualizar essa horizontalização como uma consequência da descentralização do processo decisório e da redução dos níveis hierárquicos. Enfim, coisas de concursos...

GABARITO: B

21. (FCC/TCM-CE/Analista de Controle Externo/2010)

Com relação às características próprias da administração pública gerencial, considere:

I. As decisões tomadas pelo governo devem ser submetidas à aprovação dos beneficiários, por meio do voto popular, antes de serem implementadas.

II. A gestão é orientada por critérios de mérito e impessoalidade.

III. Um dos objetivos principais da administração pública gerencial é a autonomia gerencial, sendo o contrato de gestão o instrumento de controle dos administradores públicos.

IV. A administração gerencial é orientada para a satisfação das demandas dos cidadãos.

V. A administração gerencial orienta-se principalmente para a obtenção de resultados.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) I e III.

(B) I, II, III, IV.

(C) II, III e V.

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(D) II, III, IV e V.

(E) IV e V.

Comentário:

I. Errada. Totalmente errada.

II. Certa. Essas duas características também estiveram presentes no modelo burocrático.

III. Certa. Uma das formas de se medir o desempenho e qualidade dos serviços públicos é através do contrato de gestão.

IV. Certa. Foco no cliente. Alguns autores chamam de cliente-cidadão.

V. Certa. Foco nos resultados.

GABARITO: D

22. (FCC/TRE-RN/Analista Judiciário-Adm./2011)

Com relação à passagem do modelo racional-legal ao paradigma pós-burocrático, considere as afirmativas abaixo.

I. Apesar da forte tendência de flexibilização, não houve ruptura com o modelo burocrático, tendo em vista que a lógica de ação predominante nas organizações continua sendo voltada para o cálculo utilitário de consequências, associado à racionalidade formal.

II. As organizações ditas pós-burocráticas ainda estão fortemente vinculadas à autoridade racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.

III. A organização pós-moderna teria como principais características a centralização e a estruturação em redes hierarquizadas conectadas pelas tecnologias de informação.

IV. A liderança nas organizações pós-burocráticas é facilitadora e solucionadora de conflitos e problemas, baseando-se na abertura, participação, confiança e comprometimento.

V. O tipo organizacional pós-burocrático é representado por organizações simbolicamente intensivas, produtoras de consenso por meio da institucionalização do diálogo.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) I, II e III.

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(B) II e IV.

(C) III, IV e V.

(D) I, II, IV e V.

(E) I, II, III e IV.

Comentário:

I. Certa. Inclusive, o próprio PDRAE sustenta que, no núcleo estratégico do Estado, devem coexistir os modelos gerencial e burocrático.

II. Certa. Na prática efetivamente estão.

III. Errada. Dois erros: “centralização” e “a estruturação em redes hierarquizadas”. As organizações são cada vez mais descentralizadas e as estruturas em redes são horizontais (com pouquíssima hierarquia)

IV. Certa.

V. Certa.

GABARITO: D

23. (CESPE/STJ/Analista Judiciário – Adm. 2008)

O paradigma pós-burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da burocracia tradicional, possui diversas características do modelo burocrático.

Comentário:

Conforme já falamos diversas vezes, o modelo gerencial não veio para substituir completamente o modelo burocrático. Os objetivos foram os expostos em aula (principalmente no trecho citado do PDRAE).

GABARITO: CERTA

24. (CESPE/STJ/Analista Judiciário – Adm. 2008)

A administração pública burocrática não possui vantagem fundamental, de modo que não é indicada a sua utilização em organização pública.

Comentário:

O modelo burocrático tem suas vantagens, conforme citado em aula, e é indicado tanto em organizações públicas quanto privadas. O que deve ser evitado é o modelo burocrático puro.

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GABARITO: ERRADA

25. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2008)

A abordagem da administração pública gerencial surgiu na segunda metade do século XX como uma resposta à insatisfação em diversos setores com relação à administração pública burocrática. Nesse sentido, a administração pública gerencial:

I. é principalmente orientada para os processos;

II. é principalmente orientada pelo princípio da descentralização administrativa;

III. é principalmente voltada para o controle de desempenho;

IV. é auto-referente.

Analise os itens acima e assinale:

(A) se apenas os itens II e III estiverem corretos.

(B) se apenas os itens I e IV estiverem corretos.

(C) se apenas os itens I e II estiverem corretos.

(D) se apenas os itens III e IV estiverem corretos.

(E) se todos os itens estiverem corretos.

Comentário:

Questão inspirada no artigo: Administração pública gerencial: estratégia e estrutura para um novo Estado, de Luiz Carlos Bresser Pereira, disponível em:

http://www.enap.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=259

Segundo o referido artigo: “No lugar da velha administração pública burocrática, emergiu uma nova forma de administração — a administração pública gerencial —, que tomou emprestado do setor privado os imensos avanços práticos e teóricos ocorridos no século XX na administração das empresas, sem contudo perder sua característica específica: a de ser uma administração que não está orientada para o lucro, mas para o atendimento do interesse público. À nova administração pública não basta ser efetiva em evitar o nepotismo e a corrupção: ela tem de ser eficiente em prover bens públicos e semipúblicos, que cabe ao Estado diretamente produzir ou, indiretamente, financiar”.

Vamos analisar cada uma das opções:

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I. Errada. É orientada para resultados.

II. Certa.

III. Certa.

IV. Errada. A burocracia se tornou auto-referente, ou seja, as pessoas internalizaram as regras e regulamentos de tal modo que o objetivo passou a ser cumpri-los, em detrimento do atendimento às necessidades do cidadão.

Gabarito: A

6. LISTA DAS QUESTÕES

1. (ESAF/RECEITA FEDERAL/Auditor Fiscal/2009)

Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:

a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.

b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política.

c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada.

d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.

e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle.

2. (ESAF/RECEITA FEDERAL/Auditor Fiscal/2009)

Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.

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b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e orçamentário até então existentes.

c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.

d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando serviços públicos essenciais.

e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de gestão.

3. (ESAF/MTE/Auditor Fiscal do Trabalho/2010)

As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto:

a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas nas administrações públicas de alguns países a partir da década de 1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos.

c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da tecnologia de gestão empresarial ao Estado.

d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de transparência, dever social de prestação de contas, participação política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo gerencial puro.

e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma forte retomada do estado do bem-estar social e do desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recente crise do mercado financeiro internacional.

4. (ESAF/SMF-RJ/Fiscal de Rendas/2010)

No Brasil, o modelo de administração burocrática:

a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalação do Ministério da Desburocratização.

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b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação do DASP.

c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.

d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao, início do processo de industrialização.

e) foi completamente substituído pelo modelo gerencial implantado ao final do século XX.

5. (ESAF/SUSEP/Analista Técnico - Adm. e Finanças/2010)

Uma adequada compreensão do processo evolutivo da administração pública brasileira nos revela que:

a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominação portuguesa, sendo o reinado de D. Pedro II o ponto de partida para a implantação do modelo burocrático.

b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaço para o modelo burocrático.

c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado, consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do Estado, notadamente na administração direta.

d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração contemporânea.

e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do momento em que a administração direta se robustece, nos anos 1950, em paralelo à crescente industrialização do país.

6. (ESAF/MPOG/Analista de Planejamento e Orçamento/2010)

Acerca dos modelos de gestão patrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro, é correto afirmar:

a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento administrativo autônomo, imune a injunções políticas, econômicas e culturais.

b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada, sendo finalmente extinto com a implantação do gerencialismo.

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c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua falência.

d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana de governo, o patrimonialismo é um fenômeno administrativo sem paralelo em outros países.

e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura, porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu modo e com nova roupagem, continuam existindo.

7. (ESAF/MPOG/Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/2009)

Em nosso país, o processo que permeia a formação do Estado nacional e da administração pública se revela pelas seguintes constatações, exceto:

a) a administração colonial se caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imenso território.

b) a partir da administração pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do despotismo esclarecido.

c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno.

d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a empreender um continuado processo de modernização das estruturas e processos do aparelho do Estado.

e) a República Velha, ao promover grandes alterações na estrutura do governo, lançou a economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à burocracia weberiana.

8. (ESAF/MPOG/Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/2009)

Acerca do modelo de administração pública gerencial, é correto afirmar que:

a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de recursos humanos.

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b) sua principal diferença em relação à administração burocrática reside na forma de controle, que deixa de se basear nos processos para se concentrar nos resultados.

c) nega todos os princípios da administração pública patrimonialista e da administração pública burocrática.

d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional-legal.

e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo.

9. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública:

a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos.

10. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Como forma de organização baseada na racionalidade, a Burocracia acarreta algumas consequências não previstas. Nesse contexto, nos casos em que, devido à rígida hierarquização da autoridade, quem toma

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decisões é o indivíduo de cargo mais alto na hierarquia, temos a seguinte disfunção:

a) categorização como base do processo decisório.

b) despersonalização do relacionamento.

c) exibição de sinais de autoridade.

d) internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos.

e) superconformidade às rotinas e procedimentos.

11. (ESAF/ANA/Analista Administrativo/2009)

Sobre o tema ‘administração pública gerencial’, é correto afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões completamente antagônicas da administração pública gerencial.

b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa à efetiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo que nenhuma reforma administrativa logrou alcançar.

c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.

d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo, não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.

e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus clientes, já que o conceito de ‘consumidor’ não equivale ao de ‘cidadão’.

12. (ESAF/STN/Analista de Finanças e Controle/2008)

Para Max Weber, burocracia é a organização eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo possui características que lhe são próprias e inúmeras vantagens em relação a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com que o conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opções a seguir e marque a resposta correta.

i) A burocracia é baseada em características que têm como conseqüência a previsibilidade do comportamento humano e a padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final é a máxima eficiência da organização.

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ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da burocracia sobre as demais formas de associação.

iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como conseqüência a previsibilidade do funcionamento da organização.

iv) Weber entendia que as características da burocracia contribuíam, em parte, para a segurança dos processos organizacionais.

a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.

b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.

c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.

d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.

e) Todos os enunciados estão corretos.

13. (ESAF/STN/Analista de Finanças e Controle/2008)

O modelo atual de Administração Pública do Brasil enfrenta um grave problema: os servidores, quer sejam eles do nível gerencial ou não, têm a maior parte de seu tempo comprometida com atividades que são produtos do excesso de formalismo burocrático, o que faz com que percam de vista os objetivos das ações governamentais. A reversão deste quadro depende de uma mudança profunda na forma de administrar a coisa pública, cuja alternativa mais viável é a implantação de um novo modelo de gestão baseado nos conceitos da administração gerencial.

Todos os enunciados a seguir são características da administração gerencial, exceto:

a) suas decisões e ações são orientadas para os resultados.

b) tem como foco as demandas dos clientes-usuários dos serviços públicos.

c) pressupõe uma instituição orientada basicamente para processos e tarefas.

d) suas ações são baseadas no planejamento permanente e executadas de forma descentralizada e transparente.

e) pressupõe uma instituição com seus corpos diretivo e funcional comprometidos com a missão institucional.

14. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2008)

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O movimento que incorporou à gestão pública características como a competição na prestação de serviços, a perspectiva empreendedora, a descentralização, o foco em resultados e a orientação para o mercado é denominado:

a) Patrimonialista.

b) Governança Corporativa.

c) Reinventando o Governo.

d) Administração Pública Societal.

e) Pós-Burocrático.

15. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2008)

Indique a opção que não apresenta uma característica da administração pública gerencial.

a) Uso de indicadores de desempenho transparentes.

b) Disciplina e parcimônia no uso dos recursos.

c) Descentralização administrativa.

d) Administração profissional, autônoma e organizada em carreiras.

e) Ênfase nas práticas de controle dos processos.

16. (ESAF/ENAP/Administrador/2006)

Assinale a opção incorreta.

a) No modelo patrimonialista de administração pública existe uma interpermeabilidade dos patrimônios público e privado.

b) Um dos princípios do modelo burocrático de administração pública é um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

c) Um dos princípios do modelo patrimonialista de administração pública é o acesso por concurso ao serviço público.

d) O modelo gerencial de administração pública tem como um dos seus objetivos garantir a propriedade e o contrato.

e) O modelo burocrático de administração pública se baseia no serviço público profissional.

17. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2004)

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Weber estudou as organizações que surgiram após a revolução industrial e a formação do Estado, identificando características que eram comuns e tipos de autoridade. Indique a opção que apresenta corretamente características do tipo ideal de burocracia de Weber.

a) Excesso de regulamentos e valorização da hierarquia.

b) Competência técnica e dominação tradicional.

c) Dominação legal e carismática.

d) Impessoalidade e profissionalismo.

e) Mecanismo e racionalidade legal.

18. (ESAF/CGU/Analista de Finanças e Controle/2004)

Ao longo de sua história, a administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial.

Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da administração pública feita no texto a seguir.

O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional.

a) Patrimonialista e gerencial

b) Patrimonialista e burocrático

c) Burocrático e gerencial

d) Patrimonialista, burocrático e gerencial

e) Burocrático

19. (FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal de Tributos Municipais/2007)

O modelo de Administração Burocrática, que tem entre seus principais expoentes Max Weber, caracteriza-se

(A) pela criação de uma estrutura própria e estável, imune à alternância dos governantes, submetida a rígidos controles de resultado e de qualidade, sendo comumente criticada pelo excesso de formalismo e falta de flexibilidade.

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(B) pela consolidação do patrimonialismo, fazendo com que o Aparelho do Estado atue como extensão do poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo clientelismo, nepotismo e ausência de controles efetivos.

(C) pelo fortalecimento do Aparelho do Estado, que passa a atuar de forma paralela e imune ao poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo inchaço dos quadros de servidores públicos e ausência de eficiência na correspondente atuação.

(D) pela ênfase na idéia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, sendo comumente criticada pela rigidez do controle dos processos, de forma auto-referenciada e sem compromisso com os resultados para o cidadão.

(E) como reação à Administração Pública patrimonialista, buscando instituir mecanismos de controle da atuação dos governantes, com ênfase nos resultados, sendo comumente criticada pela ausência de controles eficazes dos processos.

20. (FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal de Tributos Municipais/2007)

A partir da segunda metade do século XX, começa a verificar-se a erosão do modelo de Administração Púbica Burocrática, seja em função da expansão das funções econômicas e sociais do Estado, seja em face do desenvolvimento tecnológico e do fenômeno da globalização. Surge, então, o modelo da Administração Pública Gerencial, cujas características são:

(A) concentração dos processos decisórios, aumento dos controles de processos e ênfase no cidadão.

(B) descentralização dos processos decisórios, redução dos níveis hierárquicos, competição administrativa no interior das estruturas organizacionais e ênfase no cidadão.

(C) inversão do conceito clássico de hierarquia, com redução dos níveis inferiores e aumento dos intermediários, dando a estes mais poder decisório, com ênfase no controle dos processos internos.

(D) acentuação da verticalização das estruturas organizacionais, com aumento dos níveis hierárquicos superiores, onde se concentra o poder decisório, ênfase nos controles interno e externo da atuação dos escalões inferiores.

(E) descentralização dos processos decisórios, horizontalização das estruturas organizacionais, substituição dos mecanismos de controle de

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processos por mecanismos de controle de resultados, com foco no cidadão.

21. (FCC/TCM-CE/Analista de Controle Externo/2010)

Com relação às características próprias da administração pública gerencial, considere:

I. As decisões tomadas pelo governo devem ser submetidas à aprovação dos beneficiários, por meio do voto popular, antes de serem implementadas.

II. A gestão é orientada por critérios de mérito e impessoalidade.

III. Um dos objetivos principais da administração pública gerencial é a autonomia gerencial, sendo o contrato de gestão o instrumento de controle dos administradores públicos.

IV. A administração gerencial é orientada para a satisfação das demandas dos cidadãos.

V. A administração gerencial orienta-se principalmente para a obtenção de resultados.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) I e III.

(B) I, II, III, IV.

(C) II, III e V.

(D) II, III, IV e V.

(E) IV e V.

22. (FCC/TRE-RN/Analista Judiciário-Adm./2011)

Com relação à passagem do modelo racional-legal ao paradigma pós-burocrático, considere as afirmativas abaixo.

I. Apesar da forte tendência de flexibilização, não houve ruptura com o modelo burocrático, tendo em vista que a lógica de ação predominante nas organizações continua sendo voltada para o cálculo utilitário de consequências, associado à racionalidade formal.

II. As organizações ditas pós-burocráticas ainda estão fortemente vinculadas à autoridade racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.

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III. A organização pós-moderna teria como principais características a centralização e a estruturação em redes hierarquizadas conectadas pelas tecnologias de informação.

IV. A liderança nas organizações pós-burocráticas é facilitadora e solucionadora de conflitos e problemas, baseando-se na abertura, participação, confiança e comprometimento.

V. O tipo organizacional pós-burocrático é representado por organizações simbolicamente intensivas, produtoras de consenso por meio da institucionalização do diálogo.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) I, II e III.

(B) II e IV.

(C) III, IV e V.

(D) I, II, IV e V.

(E) I, II, III e IV.

23. (CESPE/STJ/Analista Judiciário – Adm. 2008)

O paradigma pós-burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da burocracia tradicional, possui diversas características do modelo burocrático.

24. (CESPE/STJ/Analista Judiciário – Adm. 2008)

A administração pública burocrática não possui vantagem fundamental, de modo que não é indicada a sua utilização em organização pública.

25. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2008)

A abordagem da administração pública gerencial surgiu na segunda metade do século XX como uma resposta à insatisfação em diversos setores com relação à administração pública burocrática. Nesse sentido, a administração pública gerencial:

I. é principalmente orientada para os processos;

II. é principalmente orientada pelo princípio da descentralização administrativa;

III. é principalmente voltada para o controle de desempenho;

IV. é auto-referente.

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CURSO EM PDF – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB Prof. Wagner Rabello Jr.

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Analise os itens acima e assinale:

(A) se apenas os itens II e III estiverem corretos.

(B) se apenas os itens I e IV estiverem corretos.

(C) se apenas os itens I e II estiverem corretos.

(D) se apenas os itens III e IV estiverem corretos.

(E) se todos os itens estiverem corretos.

7. GABARITOS

1. A 2. E 3. E 4. B 5. D

6. E 7. E 8. B 9. C 10. A

11. E 12. D 13. C 14. C 15. E

16. C 17. D 18. B 19. D 20. B

21. D 22. D 23. C 24. E 25. A