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1 Subsídios para o Professor de Língua Portuguesa 3ª série do Ensino Médio Sequências de atividades São Paulo 2018

Subsídios para o Professor de Língua Portuguesa 3ª série ... · Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma Até quando o corpo pede um pouco mais de alma Eu sei, a vida não

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Subsídios para o Professor de Língua Portuguesa

3ª série do Ensino Médio

Sequências de atividades

São Paulo – 2018

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Sequência de Atividades Didáticas

Língua Portuguesa

3ª série – Ensino Médio

Elaboração: Rozeli Frasca Bueno Alves

Leitura crítica: Clarícia Akemi Eguti

Objetivo: oferecer condições para que os alunos aprimorem habilidades de leitura,

esperadas para essa fase da escolaridade.

Sequência de Atividades: Letra de música, ritmo e poesia

Objetivos: ler e compreender para refletir, fruir e apreciar produtos culturais.

Expectativa: aprimoramento da competência leitora, com as seguintes habilidades:

Localizar informação explícita em um texto.

Inferir informações em um texto.

Reconhecer os usos da norma padrão ou de outras variações linguísticas

em um texto.

Reconhecer marcas linguísticas em um texto, do ponto de vista do léxico,

da morfologia ou da sintaxe.

Identificar recursos semânticos expressivos (figuras de linguagem) em um

texto.

Diferenciar as ideias centrais e secundárias de um texto.

Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto por meio de

elementos de referenciação.

Estabelecer relações entre textos verbais e/ou não verbais.

Reconhecer a presença de valores culturais, sociais e/ou humanos em

contextos.

Nº de aulas: 5.

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Letra de música:

Paciência

Composição: Lenine, Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora vou na valsa

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

E a loucura finge que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência

E o mundo vai girando cada vez mais veloz

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência

Será que é tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber

A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

Eu sei, a vida não para (a vida não para não)

Será que é tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber

A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

Eu sei, a vida é tão rara (a vida não para não)

(a vida é tão rara)

Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/lenine/paciencia.html>. Acesso em: 22 de janeiro de 2018.

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Aula 1

Para iniciar, o professor deve providenciar o vídeo com Lenine cantando

“Paciência”1. É uma forma agradável de começar o trabalho com um gênero textual que

foi, originalmente, escrito para ser cantado. Assim, ouvir e (quem quiser) cantar deve

compor o primeiro momento da aula. Em seguida, se possível, projetar a letra, ou afixá-

la na lousa, previamente escrita em papel pardo.

Em seguida, o professor deve deixar alguns minutos para que os alunos copiem

a letra em seus cadernos, caso não seja possível distribuir cópias para a classe. É

importante pedir que observem quem são os compositores e perguntar se conhecem:

Lenine e Dudu Falcão. Ambos nascidos em Recife, com longa história como músicos,

compositores, arranjadores, produtores musicais. Lenine também é cantor e faz shows

pelo Brasil todo. Figura mais dos bastidores, Dudu Falcão já compôs mais de 60

canções para trilhas sonoras das novelas da TV Globo.

Uma vez que todos estejam com a letra da música em seus cadernos, é hora de

pedir uma leitura silenciosa para buscar as ideias centrais da canção. Algumas

informações explícitas no texto podem ajudar, que tal localizá-las?

De acordo com o eu lírico, o que acontece quando tudo pede um pouco

mais de calma?

O que o eu lírico faz, enquanto o tempo pede pressa?

Enquanto todos esperam a cura do mal, o que acontece?

O mundo gira veloz e o que faz o eu lírico?

Como é a vida para o eu lírico?

Talvez seja necessário, que o professor retome os conceitos de “eu lírico” e

“poeta”, para que os alunos saibam distinguir um e outro.

Enquanto a turma busca as informações solicitadas e anota em seus cadernos

para conferir oralmente, logo a seguir, o professor pode colocar na lousa um quadro,

1 Em: <https://www.vagalume.com.br/lenine/paciencia.html>. Acesso em: 22 de janeiro de 2018.

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para depois destacar em diálogo com a classe, as ideias centrais e as secundárias que

permeiam a letra da canção. Isso deve ser feito, estrofe por estrofe, numeradas

antecipadamente. Observando que as estrofes 5, 6 e 7 retomam 1, 3 e 1,

respectivamente.

Essa tarefa vai estimular deduções ou inferências que levarão à compreensão

global do texto em estudo.

Ideias

Centrais Secundárias

1 A vida não dá trégua. Tudo pede calma, tranquilidade.

2 A vida é extraordinária. O tempo pede pressa – faço hora.

3 Todos esperam mais paciência. O mundo gira veloz.

4 A vida é extraordinária. Não há tempo para perceber.

Esse contato mais estreito com o texto permite que o leitor ative seus saberes e

experiências vividas sobre a temática da canção. Essa interação possibilita fazer

inferências, generalizações, estabelecer relações com outras leituras e integrar novos

conhecimentos ao seu repertório.

Após esse estudo, o professor deve pedir aos alunos que escrevam um

parágrafo que responda à seguinte pergunta:

Em que essa canção faz pensar?

Se possível, enquanto escrevem, a canção pode ficar como som ambiente.

Próximo ao final da aula, o professor faz uma síntese do que foi visto e pede que

tragam seus parágrafos para serem lidos na próxima aula.

Aula 2

No início da aula, o professor pode deixar cinco minutos para que os alunos

revisem ou finalizem seus parágrafos.

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Em seguida, pergunta quem gostaria de ler o que escreveu. Quatro ou cinco

voluntários são suficientes para que o professor verifique se houve compreensão da

questão proposta e do texto, e teça comentários, sempre remetendo à letra da canção

que deve estar exposta na lousa.

É importante deixar claro aos alunos, que toda participação considerada

adequada e producente será valorizada, pois demonstra interesse na aprendizagem,

durante o processo de ensino.

Em meio aos comentários, convém lembrar à turma, a importância do significado

de algumas palavras escolhidas pelos autores e destacadas abaixo, pedindo que

encontrem outras que possam substituí-las, sem que haja mudança de significado no

contexto da canção. Para esse exercício, deverão preencher o quadro, com as

sugestões dadas:

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

Um pouco mais de paciência

Sugestões de respostas

serenidade/ tranquilidade;

ânimo/ coragem

extraordinária/ incomum

o fim das desgraças/ o fim da infelicidade.

capacidade de tolerar contrariedades/ resignação;

A compreensão global do texto passa, necessariamente, pelo reconhecimento

de unidades mínimas de significação, que, certamente, deixam pistas ao leitor para que

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sua interação com o texto seja eficiente. Por essa razão, o dicionário deve sempre

estar à mão do professor, para que os alunos sejam estimulados ou solicitados a

buscar sinônimos, sempre que for preciso. Após preencher o quadro com auxílio dos

alunos, o professor pede que o copiem em seus cadernos.

Voltando à letra de “Paciência”, o próximo passo é pedir aos alunos que

reconheçam frases ou expressões que não podem ser interpretadas ao pé da letra.

Quais são? O que significam? Para facilitar, o professor pode ler em voz alta, verso a

verso e ir anotando na lousa, no quadro sugerido abaixo, com a participação da classe,

as expressões que estão empregadas em sentido figurado:

Expressão em sentido figurado Significado no contexto Figura de Linguagem

o corpo pede sente-se a necessidade de metáfora

um pouco mais de alma um pouco mais de ânimo metáfora

A vida não para Os fatos continuam

acontecendo; a vida não dá

trégua

metáfora

o tempo acelera e pede pressa tudo acontece muito

rapidamente

metáfora

faço hora /vou na valsa sou lento/ vou devagar Metáfora

A loucura finge A anormalidade parece

normal

metáfora

O mundo espera de nós As pessoas esperam de nós metonímia: o todo(mundo)

pela parte (pessoas)

O tempo acelera e pede

pressa/faço hora vou na valsa

Tudo acontece muito

rapidamente/sou lento vou

devagar

antítese

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Após preencher a coluna com o significado das expressões no contexto da

canção, o professor chama a atenção da turma para os efeitos de sentido desses

recursos selecionados pelo poeta. São as figuras de linguagem que marcam o estilo do

autor e provocam a imaginação do leitor pelas ideias que estão por trás das palavras.

Nesse exercício, o destaque vai para as figuras de linguagem (ou de estilo) de

natureza semântica, por meio das quais é possível atenuar, ampliar, disfarçar ou

simular as ideias. Eis algumas: enumeração; gradação; antítese; eufemismo; ironia;

paradoxo; personificação; comparação; metáfora; metonímia; catacrese; sinestesia;

entre outras.

O próximo passo é pedir aos alunos que identifiquem quais são as figuras de

linguagem encontradas na letra da canção. Para isso, apresentam-se, de forma

sucinta, os nomes e as características dessas figuras, para que os alunos preencham o

quadro com os nomes adequados.

Metáfora: ampliação de significado de uma palavra/expressão por comparação

subentendida com outra.

Metonímia: substituição de uma palavra/expressão por outra de significado diferente,

mas que representa o todo de uma parte; a parte de um todo, por exemplo.

Antítese: apresentação de uma série de pensamentos opostos e contraditórios.

O professor deve cronometrar cerca de dez minutos para essa atividade e, em

seguida, com a participação dos alunos e as devidas explicações, completar o quadro

na lousa.

Para a próxima aula, pedir aos alunos que pesquisem, no livro didático ou na

biblioteca, as características de outras figuras de linguagem, como: gradação;

eufemismo; ironia; paradoxo; personificação; comparação; e catacrese, com exemplos.

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Eles podem trazer o conteúdo das pesquisas anotado no caderno ou em fichas,

sempre com a fonte de pesquisa ou estudo.

O professor deve informar, também, que os alunos serão sorteados para

apresentarem suas pesquisas para a classe.

Aula 3

Nessa aula, os alunos escolhidos por sorteio apresentarão suas pesquisas. Uma

figura de linguagem será sorteada por aluno. Após a fala do aluno e dos comentários

do professor, outros exemplos podem ser apresentados e anotados pela classe, antes

da próxima figura de linguagem. O quadro abaixo, depois de preenchido, pode ser útil.

Figuras e características Exemplos

Gradação -

Eufemismo -

Ironia -

Paradoxo -

Personificação -

Comparação -

Catacrese -

As exposições orais são importantes para que os alunos desenvolvam o hábito

de falar em público, com desenvoltura. As orientações do professor são fundamentais,

por isso, antes que comecem as exposições, é importante passar algumas “dicas” para

a classe, sobre a postura corporal, o tom de voz, a fala pausada e clara, para que todos

possam ouvir e entender.

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No final de todas as apresentações, os comentários conclusivos do professor

devem ser sempre de caráter construtivo, não apenas valorizando os pontos positivos

de cada expositor e de sua pesquisa, mas também oferecendo indicações de como

melhorar o que precisa ser melhorado. Esse comportamento, certamente, reforçará

positivamente a realização de novas atividades.

Em seguida, com a letra da canção na lousa ou projetada para a classe, o

professor pode destacar outros aspectos do texto, solicitando aos alunos que

sublinhem as palavras ou expressões que sejam usadas principalmente nas conversas

do dia a dia, portanto, com características da linguagem informal.

Essa atividade deve ser desenvolvida com a participação dos alunos em leitura

compartilhada, verso a verso, com a mediação do professor, para chamar a atenção da

turma para as palavras ou expressões típicas do falar popular: “faço hora vou na valsa”;

“pra”. É conveniente, verificar com a classe:

O que se entende por “fazer hora” e “ir na valsa”? A que expressões

formais correspondem?

“Pra” é o mesmo que “para”. São variações para a mesma preposição;

“pra” é uma forma reduzida de “para”. Qual dessas variações é a mais

usada em uma notícia de jornal, por exemplo?

Nunca é demais frisar que em uma canção popular, a linguagem utilizada

geralmente representa a forma como o povo fala. São maneiras de dizer que não

seguem, obrigatoriamente, a formalidade ou as normas de prestígio social da língua

portuguesa.

Ainda na superfície do texto, o professor deve voltar à terceira estrofe e reler o

segundo verso: “E a loucura finge que isso tudo é normal”. Em seguida, perguntar:

A que se refere isso tudo? O que a loucura finge que é normal?

Espera-se que os alunos encontrem o referente dos pronomes “isso”

(demonstrativo) e “tudo” (indefinido), combinados na expressão “isso tudo”, voltando à

leitura da letra de “Paciência”. O conteúdo das duas primeiras estrofes e o primeiro

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verso da terceira correspondem ao que a loucura finge que é normal. É relevante que

os alunos percebam o efeito de sentido produzido pelo uso dessa combinação de

pronomes “isso tudo” (demonstrativo + indefinido) ao sintetizar as ideias e substituir

palavras e orações, evitando assim repetir palavras e expressões e, ao mesmo tempo,

garantir a coesão textual. Sempre que um termo, que faz referência a outro, aparecer

na trama textual, é importante chamar a atenção dos alunos para o uso desse recurso

linguístico.

Para manter a coerência e a coesão entre as unidades significativas do texto, o

autor lança mão de elementos, que não só funcionam como organizadores, no tecido

textual, mas também acrescentam aos períodos e às orações, noções sobre as

circunstâncias em que as ações ou afirmações são realizadas.

Após breve retomada da leitura das primeiras estrofes, o professor deve fazer

uma pausa para que, por meio de respostas às questões, os alunos participem:

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora vou na valsa

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

E a loucura finge que isso tudo é normal

Em que circunstâncias a vida não para?

A resposta é óbvia: “Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma”

Essas circunstâncias apontadas, de algum modo, contradizem o que se

afirma em: “a vida não para?”

A vida não para apesar de tudo pedir um pouco mais de calma?

A vida não para embora o corpo peça um pouco mais de alma?

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As questões acima, devem estimular os alunos a pensarem sobre as ideias que

estão subentendidas no período; esse conjunto de orações forma uma unidade

significativa importante para a compreensão de todo o texto.

As explicações do professor devem incluir a nomenclatura gramatical:

A oração principal “A vida não para” tem seu sentido completado pelas duas

orações subordinadas adverbiais, que agregam ao período a circunstância de

concessão, por meio dos articuladores textuais “mesmo quando” e “até quando”,

locuções conjuntivas adverbiais concessivas, que correspondem a apesar de tudo pedir

um pouco mais de calma ou embora tudo peça um pouco mais de calma; embora o

corpo peça um pouco mais de alma.

A ideia de concessão, em uma oração subordinada, está ligada à quebra de

expectativa, ao inesperado, trazendo uma circunstância que não impede que aconteça,

mas contradiz o que está expresso na oração principal. É o que se vê no texto da

canção em estudo.

Compreender a função desses recursos linguísticos, buscando desvendar as

ideias que eles trazem ao tecido textual, é uma das capacidades que o leitor

competente precisa aprimorar. Assim, sempre que houver oportunidade, o professor

deve destacar esses termos das orações e de maneira contextualizada, criar condições

para os alunos interajam com o texto e descubram o quanto essas unidades de sentido

são importantes para a compreensão de leitura.

Mais duas questões, para desvendar os segredos dos articuladores textuais:

Em que circunstâncias “eu me recuso faço hora vou na valsa”?

Em que circunstâncias “a loucura finge”?

Nas estrofes 2 e 3, as respostas: “Enquanto o tempo acelera” e “Enquanto todo

mundo espera a cura do mal”.

As duas orações subordinadas adverbiais articuladas às suas principais pela

conjunção subordinativa adverbial “enquanto”, agregam aos períodos uma

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circunstância de simultaneidade, portanto temporal. Uma forma de descobrir qual é a

circunstância, é fazer perguntas aos verbos das orações principais, para que os alunos

participem do raciocínio e tragam as respostas. Por exemplo:

Onde; como; quando; por que eu me recuso?

É sempre conveniente, lembrar à turma a que circunstâncias essas questões

podem levar: lugar; modo; tempo; causa. Facilmente, os alunos percebem que, nesse

caso, não há resposta que indique lugar, modo ou causa.

“Enquanto o tempo acelera” e “Enquanto todo mundo espera a cura do mal”

indicam “quando” as afirmações das orações principais acontecem, ou seja, ao mesmo

tempo em que o tempo acelera e pede pressa/ eu me recuso... Aí está a ideia de

simultaneidade. Portanto, há uma circunstância de tempo. São orações subordinadas

adverbiais temporais, que garantem coerência à continuidade do texto, graças ao

organizador textual escolhido pelo autor para esse papel: a conjunção subordinativa

adverbial “enquanto”.

Ao dialogar com a classe nessa atividade, o professor também deve fazer

anotações ou esquemas na lousa, para que os alunos registrem em seus cadernos. É

de suma relevância, que os alunos saibam que essas análises textuais são cobradas

em questões de vestibulares e do ENEM. Portanto, muito além das nomenclaturas

dadas pela gramática, é importante que fiquem habituados a desvendar as ideias que

se referem a relações e circunstâncias entre as orações e os períodos. Para

desenvolver ou aprimorar esse hábito, o professor é o mediador ideal.

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Aula 4

LAVADO, Joaquín Salvador (Quino). Toda Mafalda. Trad. Monica Stahel. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0B9DUx8WUTKKNQ2lUVnowYkJpYXM/view>. Acesso em: 25 de janeiro de 2018.

Começar a aula, com uma tirinha da Mafalda distribuída aos alunos e, se

possível projetá-la para a classe. Dar um tempo para uma leitura silenciosa e em

seguida, ler em voz alta e expressivamente para os alunos. Na sequência, alguns

questionamentos, para que os alunos participem localizando ou inferindo as

informações que conduzem ao entendimento desse gênero multimodal, em que

imagens e palavras combinadas permitem a construção de sentido:

Entre que personagens acontece o diálogo nessa tirinha?

Quem são?

Quem os criou?

Conversam sobre o quê?

Por que motivo os personagens estão desenhados sem a boca? (Mafalda

no 1º e último quadrinhos e Miguelito no 3º e no 4º)

Algumas informações sobre o famoso quadrinista argentino Quino podem ser

passadas à turma, a partir de sua biografia2:

Quino - biografia Por Dilva Frazão

2 Disponível em: <https://www.ebiografia.com/quino/>. Acesso em: 25 de janeiro de 2018.

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Quino (1932) é um cartunista e humorista argentino, autor das famosas tiras da

personagem Mafalda, uma menina inteligente e contestadora que ganhou grande

repercussão no cenário mundial. Quino, apelido que recebeu Joaquín Salvador Lavado, nasceu em Mendoza, na

Argentina, no dia 17 de julho de 1932. Desde pequeno recebeu o apelido de Quino para

diferenciar do tio Joaquín. Filho de imigrantes espanhóis ficou órfão de mãe e de pai.

Com grande vocação para o desenho ao terminar a escola primária foi matriculado na

Escola de Belas Artes de Mendoza. Em seguida, ingressou na Faculdade de Belas

Artes, mas em 1949 resolveu abandonar o curso e se dedicar ao desenho de quadrinhos

e de humor gráfico. Depois de várias tentativas frustradas, só em 1954 vendeu seu primeiro desenho para

um jornal argentino. A contribuição regular só aconteceu depois de três anos. Em 1963

lançou seu primeiro livro humorístico, intitulado “Mundo Quino”. Em 1964 criou sua

principal personagem, “Mafalda”, uma menina contestadora e inteligente, que foi criada

para uma campanha publicitária e logo ganhou vida e encantou os leitores. Editada em tiras nos jornais, Mafalda deixou as fronteiras da Argentina e chegou à

Espanha e a Portugal. Em 1973 entrou no Brasil, em plena época da ditadura militar,

através da Revista Patota, da Editora Arte Nova. Quino criou vários personagens, mas a

que mais se destacou foi a Mafalda. Em 1973, Quino optou por descontinuar suas

tirinhas da Mafalda, pois segundo ele, “a Mafalda virou um carimbo” e isso não lhe

agradava. Em 1976, Quino mudou-se para Milão, na Itália, e seu trabalho aos poucos foi

conquistando o mundo. Em 1977, a pedido da UNICEF, as tirinhas da Mafalda ilustraram

a Edição Internacional da Campanha Mundial de Declaração dos Direitos da Criança.

Em 1982, Quino foi eleito o “Desenhista do Ano”. Nesse mesmo ano, foram publicados

no Brasil os três primeiros livros da Mafalda. O trabalho de Quino recebeu vários

prêmios internacionais, entre eles, o “Prêmio das Astúrias de Comunicação e

Humanidades”, na Espanha, em 2014.

Após reveladas essas informações, perguntar à classe:

É possível estabelecer alguma relação entre o tema da canção

“Paciência” e o assunto tratado na tirinha da Mafalda?

O que ambas têm em comum?

Há diferenças? Quais são?

Elas se complementam? Por quê?

Essas questões podem ser respondidas em trios e o professor deve cronometrar

mais ou menos dez minutos para a tarefa. Depois, uma conversa com a classe para

conferir se compreenderam de que tratam a canção e a tirinha, com as possibilidades

de respostas para o questionário. As respostas são pessoais, mas precisam estar em

sintonia com questões da atualidade como: intolerância, impaciência, incompreensão e

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falta de solidariedade em todos os sentidos. São questões enfrentadas cotidianamente

e que além de dificultarem o convívio entre as pessoas, espalham a infelicidade.

Leitura dramatizada é a sugestão para que os alunos pratiquem apresentações

orais. Dos balõezinhos, as falas dos personagens devem ser transportadas para um

diálogo entre dois alunos. Clareza na dicção, pausas e entonação adequadas tornarão

o exercício, que é rápido, bastante interessante. Ensaio breve e logo em seguida, as

duplas sorteadas pelo professor fazem suas apresentações.

São muitas as possibilidades de expressão cultural e uma das maneiras de se

deixar de ser apenas consumidor de produtos culturais e passar a produzi-los é

aprender a apreciá-los, conhecendo-os e conversando sobre eles.

Para a próxima aula, uma experiência diferente com a letra da canção

“Paciência”: alguns alunos devem preparar, em duplas ou trios, uma apresentação de

rap aproveitando a letra da canção estudada. Outros grupos devem fazer e expor uma

pesquisa sobre o movimento Hip Hop e o que é rap.

Ressalta-se a relevância de oferecer condições para que os grupos escolham se

querem fazer e expor a pesquisa ou apresentar o rap. São experiências diversificadas

para contemplar as diferentes necessidades e desejos da turma.

Aula 5

Para começar, é interessante que a classe ouça a canção “Paciência” cantada

por Lenine, mais uma vez.

A aula deverá ser dividida em dois blocos. No primeiro bloco, grupos que

preferiram pesquisar sobre o movimento Hip Hop e o que é rap e fazer uma

comunicação à classe, explicando o que obtiveram na pesquisa. No segundo bloco,

apresentação dos grupos que escolheram apresentar “`Paciência” em forma de rap. O

professor determina e pede para um aluno cronometrar o tempo de cada apresentação.

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Os comentários do professor devem ser feitos no final da aula, com o intuito de

incentivar os alunos a participarem das atividades, valorizando o protagonismo e a

aprendizagem.

Todas as apresentações podem ser filmadas e depois disponibilizadas no blog

da classe ou da escola, se houver condições e colaboração dos alunos. Para este

miniprojeto, o professor deve contar com a colaboração da equipe gestora e do(a)

professor(a) da sala de leitura, sempre que possível.

Conclusão

Com as atividades propostas nesta sequência, buscou-se mobilizar as seguintes

capacidades de leitura:

Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição;

checagem de hipóteses.

Localização de informações; comparação de informações;

generalizações.

Produção de inferências locais; produção de inferências globais.

Recuperação do contexto de produção; definição de finalidades e metas

da atividade da leitura.

Percepção das relações de intertextualidade; percepção das relações de

interdiscursividade.

Ativação e ampliação de conhecimentos gramaticais em contexto.

Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações estéticas

e/ou afetivas; elaboração de apreciações relativas a valores éticos e/ou

políticos.

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Referências bibliográficas

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. ver. ampl. e atual.

Conforme o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. Também

disponível em: <https://www.scribd.com/document/358518189/evanildo-bechara-

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KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas-SP: Pontes Editora,

2002 Disponível em:

<https://kupdf.com/download/angela-kleiman-oficina-de-leitura-teoria-e-

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RAMOS, Feliciano. Breves noções de poética e estilística. Livraria Cruz. Braga:

1966.

ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura. Disponível em:

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